OC A. Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC / Campus Universitário de Florianópolis / B a c h a r e l a d o e m A rqu i tet u r a e Urbanismo / Disciplina de Projeto Arquitetônico IV / Professores: Thêmis da Cruz Fagundes e José Ripper Kós / Graduandos: Ana Júlia Meyer Kleba, Diogo Alessandro Setter, Giovana Meneghin, Nathalia Marcello de Oliveira e Priscila Stoeberl Accordi
A Vila Aparecida. Nas décadas de 1950 a 1960, a cidade de Florianópolis apresentava um cenário de intensa urbanização. Geração de empregos e investimentos em infraestrutura impulsionavam a vinda de um número grande de migrantes de todo Brasil. A especulação imobiliária “empurrou” famílias que não possuíam condições financeiras para regiões marginais geralmente localizadas na parte continental, conformando a que é chamada hoje Grande Florianópolis. Foi durante essa época que a região da Vila Aparecida iniciou sua conformação. Situada em uma boa localização – próxima ao centro da cidade – o local atraiu um grande número de famílias. “As famílias começaram a chegar através da compra, invasão ou divisão de terras com familiares e parentes mais distantes, provenientes, principalmente do oeste catarinense e planalto serrano.” (MIKOLAICZYK, 2010) [...] Os homens que fizeram a ponte foram muitos, vieram de São Paulo, Rio de Janeiro, e até da Bahia. A construtora fez uns barracos para eles morarem ali na Vila, depois que acabou a construção, muita gente acabou ficando por ali. (Dona Mello in WAGNER, 2004, p. 77) Hoje dividida entre Vila Aparecida I (ocupada por volta de 1954), Vila Aparecida II (ocupada no final de 1960), Morro do Aranha Céu (ocupado por volta de 1965), Nova Jerusalém (ocupada em 1980) e Maclarem (ocupada a partir dos anos 1990); a comunidade é caracterizada por uma população abrigada por residências humildes, terrenos impróprios e que carece de infraestrutura pública. A região também enfrenta diversos problemas com segurança, sendo um local de intenso tráfico de drogas e crimes decorrentes. Por estar localizada e um terreno de alta declividade, muitas áreas são classificadas como de risco às edificações. Além disso, a maioria das casas possuem estrutura precária, sendo construídas muitas vezes com materiais improvisados ou de madeira, e crescendo de forma desordenada juntamente com o aumento de cada família. A comunidade não conta com muitas instituições de apoio às crianças e adolescentes, que se tornam cada vez mais propensos ao contato com atividades ilícitas. Como demanda dessa sociedade observa-se a instalação de residências que não ofereçam riscos, além de espaços e equipamentos públicos adequados. Acredita-se que esses espaços apropriados de lazer e esportes possuem a capacidade de educar e unificar a população, trazendo-a oportunidades para uma vida saudável. Assim, tanto a qualidade de vida quanto as perspectivas de evolução social e econômica são elevadas. Atividades de lazer e esporte já são praticadas no extenso terreno baldio localizado no centro da Vila, à margem da BR 282, que pertence à empresa Cassol. A população apropria-se do terreno utilizando-o para estender varais, soltar pipas, jogar futebol e cultivar algumas hortas. O presente projeto consiste em uma Habitação de Interesse Social, proposta para o terreno mensionado, que tem por objetivo realocar cerca de 192 famílias residentes em áreas de risco e qualificar a região como um todo. Composta por 11 blocos, agrupados de 2 a 4, foi instalada junto à um parque urbano. Os edifícios contam com espaços comerciais e equipamentos de apoio à sociedade.
Conceito.
?
COMO FORMULAR UM NOVO MORAR DE QUALIDADE e ao mesmo tempo unificar as diferentes comunidades Formulando essa pergunta em uma atividade relâmpago e tendo como resposta "por todos em uma oca", nasceu nossa ideia de conceito.
A problematização da Vila Aparecida vai muito além de tirar as famílias em risco e coloca-las em outro lugar. Não
se trata de realocar, mas reviver. A configuração das casas, todas pequenas, apertadas, dispostas no terreno todo, sem
espaço para quintal, sem espaço para varanda, mas cada uma contendo seu quarto, sua sala, sua cozinha, seu banheiro nos fez refletir de que se ao invés de uma pequena casa para uma família tivesse uma grande casa para várias famílias, daria a elas mais espaço, qualidade de vida e promoveria um novo modo de morar. Viver em coletivo promove
um maior ganho de espaço, é mais sustentável por poupar recursos, e um dos pontos mais importantes: faz crescer pessoalmente o indivíduo. Não seria somente uma alternativa de realocar pessoas, mas sim de transformar (ou tentar ao menos) as relações da sociedade em si, que conforme o tempo passa torna-se mais individualista e egocentrista.
Pensando em todas as ações do dia-a-dia e de um lar como um acontecimento, desvendando essas atividades, podemos tratá-las de uma maneira a torná-las coletivas, e fazer as pessoas se respeitarem e respeitarem o meio ambiente. Porém, isso é muito crucial quando contextualizado na sociedade que temos hoje: isso pode acontecer de uma maneira a não ser um impacto ruim para as pessoas?
Nesse contexto, desvendando e desmembrando as ações e os ambientes de um lar, através de uma longa discussão encontramos barreiras que nos impediam de estabelecer espaços tão coletivos e tão abertos, em relação à violência, barulho, privacidade.
Em vez de radicalizar, começar com mudanças mais abrangentes e aos poucos - não tratar o modo de morar atual como o vilão, mas como a vítima. Esse problema é uma via de mão dupla - um projeto pode mudar o modo de morar, mas o modo de morar não vai mudar enquanto as pessoas não se reciclarem e serem altruístas e o egocentrismo não ser mais cultural. Como fazer pessoas (de qualquer classe social) que não têm essa mentalidade viverem e quererem viver no espaço que estamos criando? Precisamos ser otimistas mas também realistas - justificar essa habitação hoje e também no futuro. Mas até onde isso é uma utopia?
O terreno está localizado no município de Florianópolis, em sua parte continental, à beira da rodovia BR-282. Espaço de especulação imobiliária, às suas margens surgiu e cresceu a comunidade da Vila Aparecida e as diversas comunidades posteriores. Basicamente, ela condiciona três lados do terreno por pequenas habitações de classe média baixa, com tipologias de até três pavimentos, skyline irregular e quase nenhum afastamento entre uma residência e outra. Está dividido em duas regiões, com objetivos diferentes, conforme o zoneamento do Plano Diretor de Florianópolis. A porção onde os prédios foram implantados está definida como ZEIS (Zona Especial de Interesse Social), e significa cerca de um terço dos 60 mil metros quadrados totais, na porção sul do terreno. A via expressa conforma significativo obstáculo de ruptura entre suas duas margens e é grande fonte de ruído.
Situação. 0
50
Escala gráfica (em metros)
Implantação.
LOJAS: os dois térreos desses prédios foram destinados para lojas; favoráveis pela sua proximidade com a rua e relação direta com o parque. Não apenas servem ao parque e à comunidade redor com a venda de produtos ou prestação de serviços, como também pode ser útil como fonte de renda para manutenção do espaço público ou financiamento de atividades e eventos.
CLAREIRA: espaço aberto com quiosques e árvores que o margeiam, para atividades e confraternizações ao ar livre.
A a
B B HORTA: de caráter comunitário, aproveita a topografia em aclive.
C
RESTAURANTE: junto ao lago, oferece serviços de alimentação ao parque e também apoia o conjunto habitacional nesse aspecto.
C
CRECHE: a insuficiência de vagas nas escolas infantis da região foi motivadora para a criação de uma creche no conjunto, à margem da rua, de fácil acesso.
K K
D DECK: espaço de contemplação sobre o lago, serve de área para mesas do restaurante ou para leitura, da biblioteca.
PLAYGROUND: junto à creche e parte dela, está contido entre três muros de arrumo, que além de conformarem o espaço auxiliam na segurança e controle das crianças.
D
J
J
E BIBLIOTECA: ao lado do restaurante, junto ao lago, a biblioteca serve tanto a quem é estrangeiro ao conjunto e está passeando pelo parque, quanto às pessoas do complexo habitacional e da comunidade próxima. A ideia é que seja um ponto de referência de cultura e lazer, através de exposições, contações de histórias e apoio nas atividades literárias e artísticas da comunidade - que seu leiaute comporte essa dinâmica de eventos para que não o tornem um espaço morte em seu conceito.
I
E
ANFITEATRO: além de ser uma via de acesso ao parque comporta apresentações, eventos, teatros, danças, etc. No topo do anfiteatro há um deck de madeira que dá a vista total do parque e um bar e café com uso diurno e noturno. Tornam o terreno em aclive num espaço de estar e contemplação.
I
F F
H
H
G
G
TANQUES PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS CINZAS: ver detalhe na prancha <Técnicas Sustentáveis>.
CENTRO COMUNITÁRIO: funciona como centro administrativo da comunidade. Desenvolve atividades e eventos, organiza e zela pelo espaço público, cria alternativas e soluções diversas para a integração dos habitantes do conjunto entre si, com a comunidade da Vila Aparecida e os visitantes.
CAFÉ E RESTAURANTE: o café, localizado no pavimento do deck, traz a proximidade entre o transeunte da calçada e a estadia no mirante, sendo uma porta de entrada também para o pavimento inferior no qual tem localizado um restaurante de funcionamento tanto durante o dia quanto no período noturno.
ESPAÇO ROOTS: térreo aberto, espaço em contato para o exterior, propício para o desenvolvimento de oficinas e atividades corporais para a comunidade.
BALANÇÁRIO: espaço de estar, com árvores e balanços que pendem delas - detalhes na prancha de <Referências>.
Implantação esquemática.
Fluxos e eixos. A Habitação foi inserida no centro de um parque urbano público, portanto proporciona interação tanto entre seus habitantes e a Vila, quanto dessa com a cidade. O parque possui três percelas, uma à frente, uma junto aos edi cios e outra nos fundos - parte mais elevada. A parcela frontal - mais próxima da BR-282 - possui diversos equipamentos de esporte, como quadras, pista de skate e parque infan l; a parcela central possui bastante vegetação, hortas elevadas, um pomar, quiosques para eventos e confraternizações, um espelho d'água e um parque infan l; aos fundos, existe um anfiteatro com pavimentação para a realização de a vidades culturais, um bar e acessos pela rua de cima. Os edi cios foram dispostos de acordo com as melhores insolações. Nas extremidades, eles foram alinhados com os eixos da rua, criando uma relação direta importante, principalmente, para os prédios cujo térreo abrigam serviços para toda a população redor (como a creche, as lojas e o centro comunitário) e no interior, eles foram alocados de forma a cons tuir um espaço organizado, aberto e dinâmico. Estando no centro do conjunto de habitações, observa-se edi cios em pra camente todas as direções, valorizando assim os olhos da rua e o senso de vizinhança. Esse “meio” possui a vidades de integração que reforçam o conceito da Oca e a retomada dos conceitos de implantação das an gas comunidades indígenas. Ele foi qualificado para o exercício e a vidades cole vas, que influenciam a convivência harmônica entre os habitantes do conjunto e de seu entorno. O conjunto habitacional é cortado por dois eixos de visuais e de locomoção: um transversal e um longitudinal. O eixo longitudinal permite uma visão do fim do terreno desde a entrada do Parque, junto à via expressa; assim, ainda que se incen ve o espaço da vizinhança, com equipamentos de uso dos condôminos, o conjunto não se isola nem expulsa o contato direto e indireto com o parque. Assim, as a vidades realizadas nos térreos relacionam-se com os elementos presentes no parque, formando espaços de estar, de contemplação e de interações. Ao lado estão representados o eixo longitudinal (em amarelo); os acessos diretos para o centro do conjunto habitacional (em rosa), dois deles através das ruas laterais, um através do caminho principal do parque à frente e o úl mo pela escada, rampa ou anfiteatro ao fundo, os acessos de estacionamento aos condôminos (em azul) e os acessos indiretos que desembocam no parque, tanto os em relação direta com a rua (em verde claro), quanto através das passarelas (em verde escuro), uma interligando ao outro lado da via expressa, a outra interligando a parte alta da vizinhança, separada do parque através do muro de arrimo.
Público
As escalas de coletivos. Com o lema de associação do indivíduo com a sociedade e com o meio, busca-se forçar as pessoas ao altruísmo e à coletividade, que deveriam ser características naturais dos seres humanos mas que foram desconstruídas com o individualismo e o modo de viver do mundo moderno. O ponto chave dessa integração se deu a partir de uma nova perspectiva sobre as atividades que são realizadas dentro de uma habitação (unifamiliar ou não) e suas essências. Como elas poderiam ser desconstruídas para que não somente nós possamos imaginálas de uma maneira diferente e mais positiva, mas que todos possam também. Assim, por que não um apartamento (estrutura de habitação comum hoje em dia) abrangir uma escala diferente do que estamos acostumados? Um andar de um prédio com quatro apartamentos, e então quatro famílias, pode agora ser um único apartamento com quatro quartos, e então quatro famílias. Esses apartamentos se comunicam entre si através de estruturas verticais (varandas e circulação) e de espaços de uso comum do prédio, como a lavanderia e o terraço. E um conjunto de prédios, por sua vez, é integrado a partir de espaços públicos, de serviços úteis prestados pela e para a comunidade e da natureza em si. Todo esse compartilhamento de espaços, serviços, estruturas, ambiências e materiais gera uma economia de estresse e de um dia-a-dia conturbado, uma economia financeira e também de recursos naturais.
O quarto: espaço privado da família. O parque: uso público e aberto, para toda a vizinhança, cidade e além.
O coletivo: espaços de uso coletivo por todas as famílias do prédio.
Privado
O apartamento: espaços de uso compartilhado entre duas ou quatro famílias.
O centro: espaço de acesso público mas, principalmente, de uso e concentração das pessoas do condomínio e da comunidade próxima.
O térreo: espaço que oferece assistência e serviços ao condomínio, à comunidade e ao público.
A’
B
B’ A
Implantação técnica.
Corte AA’ | Escala: 1:250
Corte BB’ | Escala: 1:250 .Cortes da implantação.
BANHEIRO PRIVATIVO: com 3m², permite espaço para um vaso sanitário e um chuveiro com box. A pia foi alocada fora do banheiro, no pequeno espaço da entrada para que dê apoio também às outras funções do quarto que requeiram água.
Pavimento tipo. Resolvendo a problematização do condicionamento em casas pequenas e apertadas, suturada à todas as discussões de conceito e referências, foi proposta uma grande casa para várias famílias, destacando-se os ambiente coletivos de uso compartilhado por seus moradores. Numa comparação com o modelo atual de apartamento familiar, podemos falar num aumento de escala, onde o quarto passa a ser o novo apartamento, entendido como espaço privativo e personalizado por cada família, e o andar passa a ser o novo apartamento; os espaços de uso comum da família passam a ser espaços de uso comum de várias famílias. Muito foi discutido de quanto seria o suficiente coletivo, a ponto de não se tornar difícil para as pessoas se adaptarem, mas de forma que elas não tivessem alternativa a não ser se relacionar fora do seu círculo familiar.
VARANDA COLETIVA: liga os dois apartamentos do andar através desse espaço comum. O acesso a ele se dá apenas através dos apartamentos, não havendo ligação com o externo de circulação do elevador e das escadas.
Um dos pontos mais importantes, debatido por horas à fio, foi a questão do banheiro. Tornar um banheiro coletivo seria viável? Como compatibilizar banheiros femininos, masculinos e para os mais diversos modelos de família, como pais solteiros e seus filhos? Como lidar com as ações cotidianas que precisam ser realizadas no banheiro, e as possíveis situações constrangedoras? E a limpeza, como se esquematiza e como ela pode ser o início fácil de equívocos e desentendimentos? Como dispor o leiaute do ambiente? Separar pias de vasos e chuveiros? Qual a viabilidade da proposta coletiva e quais as vantagens que representa em questões de viabilidade técnica e coerência da discussão conceitual? Um dos primeiros pontos contrários esbarrados na proposta, foi a falta de referências de habitações com banheiros totalmente coletivos. Todas estavam inseridas em ambientes de permanência temporária, como hostels e moradias estudantis. Forçar as pessoas a viverem coletivamente num ambiente básico indispensável à necessidade fisiológica e presumir que se respeitem e sejam tolerantes talvez não seja o ponto. Chegou-se, então, à primeira conclusão: existiriam "quartos" denominados espaços privados, de 5x3m, onde a família que o habitasse seria livre para conforma-lo conforme desejasse e achasse necessário: para dormir, criar um escritório, ter sua própria sala de estar. Anexo a ele, um banheiro e uma varanda privativos. O quarto possui pé direito duplo, dando a possibilidade de criar um mezanino ou segundo pavimento para se obter mais espaço, expandindo verticalmente. Isso conformaria a área privada de cada família. A parte coletiva se compõe, por sua vez, a cozinha, um espaço para refeições e uma sala de estar, dimensionada para a utilização de 4 famílias. Toda a planta do apartamento é espelhada, dando a chance de dividi-lo em dois espaços, com dois quartos, uma cozinha e uma sala de estar e jantar; caso a convivência de algum grupo de quatro famílias se torne inviável.
VARANDA PRIVATIVA: uma pequena varanda junto ao quarto da família ajuda na ventilação do espaço, principalmente do banheiro, e dá uma pequena área privada ao ar livre, útil para estender roupas, por exemplo.
ESCADA: a escada confere identidade ao prédio. Com a fachada aberta, sua cor se destaca em meio aos materiais em tons pastéis do restante da fachada.
ACESSO
ELEVADOR: cada elevador serve de circulação vertical, assim como o conjunto de escadas, a cada dois prédios.
SALA DE ESTAR
QUARTO: o quarto, com 15 m² é o espaço privativo e personalizável de cada família. O pé direito duplo permite a expansão vertical através da construção de um segundo piso, de um mezanino ou outras formas à imaginação do morador. COZINHA: a cozinha é espelhada, possibilitando a divisão de todo o apartamento num eixo central; em dois apartamentos isolados.
Contornando toda a fachada da parte coletiva existe uma varanda que se liga a uma varanda maior, que seria um coletivo em outra escala unindo dois apartamentos de blocos diferentes.
SALA DE REFEIÇÕES
Planta baixa esquemática. 0
5
Escala gráfica (em metros)
Perspectiva do apartamento
Fachada do pavimento tipo.
As fachada dos quartos estão voltadas para orientações dentro que apresentam uma insolação favorável: no quadrante Norte-Sudeste. Cada apartamento tem sua fachada composta de três módulos de dois andares (resultado do pé direito duplo). Conforme a opção do habitante, cada módulo, pode variar entre janelões de vidro e placas de fechamento opaco. Na imagem estão expostas quatro fachadas de diferentes apartamentos. Nota-se a variabilidade de resultados que a combinação de materiais propicia de acordo com a necessidade do usuário. Além disso, um outro elemento importante para o controle de entrada de luz e calor são os brises, que também podem variar em número para cada apartamento.
1
2
3
O habitante tem a opção de escolher entre dois tipos de material para compor a fachada de seu apartamento. Sendo eles "Vidro"(2) e "Placa cimentícia"(1). Quando a escolha do vidro é feita existe a opção de ser fixo ou em formato de janela. Isso nas parcelas mediana e superior, uma vez que a inferior deve ser sempre fixa devido ao parapeito. Acima, três, dentre diversos exemplos, de como pode ser feita essa composição.
Os brises são um outro elemento de composição dos módulos da fachada. Feitos em PVC, seus elementos verticais podem ter sua inclinação ajustável através de um mecanismo semelhante ao de uma persiana. Também pode retrair-se ou expandir-se horizontalmente. Deste modo possibilita a entrada de diferentes níveis de insolação para dentro do apartamento de acordo com a necessidade do usuário e sua relação com a posição do sol. Há a possibilidade de ter até três destes elementos em um único apartamento, caso a fachada seja toda em vidro.
46.50
0.20
6.20
0.10
6.10
0.10
6.2
0.20
8.30
6.20
0.20
0.10
6.10
0.10
6.20
0.20
3.00
VARANDA COMPARTILHADA
1.70
1.70
0.20
0.20 3.90
COZINHA A
0.83
2.55
2.88
SALA A2
COZINHA B
SALA B1
SALA B2
5.90
SALA A1
2.05
ELEVADOR
13.10
2.00
QUART.6
QUART.8
QUART.7
WC. 3
WC. 4
WC. 5
WC. 6
WC. 7
WC. 8
VAR. 3
VAR. 4
VAR. 5
VAR. 6
VAR. 7
VAR. 8
5.00
VAR. 2
0.10
VAR. 1
QUART.5
QUART.4
0.10
WC. 2
2.00
WC. 1
QUART.3
0.10 1.30 0.10
QUART. 2
QUART. 1
1.70
0.20
0.20
3.00
0.10 1.48
0.15
1.48 0.10
3.00
0.10
19.10
3.00
0.10 1.48
0.15
1.48 0.10
3.00
0.20
8.30
8.30
0.20
3.00
0.10 1.48
0.15
1.48 0.10
3.00
0.10
3.00
0.10 1.48
0.15
1.48 0.10
3.00
0.20
19.10
46.50
LADO A
LADO B
Planta baixa técnica.
Leiaute do pavimento tipo.
A
A
A proposta de leiaute à direita divide o apartamento ao meio, transformando-o em dois apartamentos com coletivos para duas famílias. O leiaute dos quartos fica a cargo do morador, mas acima ficam sugeridas diversas maneiras de disposição. Corte A, acima.
Dentro do parque e próximo ao bloco DE estão localizados dois equipamentos de uso relacionado à creche: Um playground e um espelho d’água com patamares que podem servir como um caminho divertido.
Em seu espaço central existe uma ampla sala com mesas tanto para a hora do lanche como para a hora de pintar. As laterais dessa sala possuem pé-direito rebaixado e servem como transição ao exterior, com vedação em vidro. Em anexo uma cozinha e uma sala para os professores.
A creche foi posicionada no térreo do conjunto DE, que está mais próximo da rua - portanto seu acesso é fácil e o prédio é identificável. A entrada da creche se dá por um recorte no volume do térreo e essa parte, em vidro, possui brises coloridos como parte da identificação do uso daquele espaço.
PISO CERÂMICO (1cm)
CONTRAPISO (3cm)
LAJE NERVURADA DE CONCRETO (30cm)
ACESSO RUA
FORRO DE GESSO (2cm) ESQUADRIA DE ALUMÍNIO
VIDRO SIMPLES (1,5cm)
REBAIXO DE GESSO (90cm)
0.00
ENTRADA0.00 CRECHE 0.00
ENTRADA CRECHE 0.00
ESPELHO D’ÁGUA ESQUADRIA DE ALUMÍNIO
0.00
PISO CERÂMICO (1cm)
LAJE NERVURADA DE CONCRETO (30cm)
CONTRAPISO (3cm)
1.91
ENTRADA HABITAÇÃO
CORTE DE PELE (ENTRADA EM VIDRO E PÉ-DIREITO REBAIXADO)
PLAYGROUND
Existe uma outra sala, com brinquedos, estantes de livros e armários. Na transição entre as duas salas não existe uma porta, mas sim uma parede com rasgos angulares, que está, portanto, sempre aberta. Isso intensifica tanto a interação dos dois ambientes quanto a interação das crianças, por ser um elemento diferente.
27.60
8.50
19.10
4
2 8.30
0.20
6.10
0.20
2.80
0.10
3.40
3.10
0.20
3.00
0.00 0.00
SALA PROFESSORES
3.30
0.20
0.20
1
1
8.20
0.00
3.20
SALA AULA
0.10 0.10 0.90
13.10
ELEVADOR
DISPEN.
SALA/ REFEITÃ&#x201C;RIO
2.10
COZINHA
3
4.50
0.10
3
1.91
0.20
3.30
WC.
2
4 0.20
5.08
3.22
0.20
2.43
0.10
3.57
0.20
2.90
6.50
0.20
3.00
27.60
Planta baixa - Creche. Conjunto DE.
2
4
0.05
1
1 6.40
4.00 2.43
ELEVADOR
0.19
0.20
13.10
1.76 1.91
3
4.00
6.40
3
4.64
ENTRADA CARROS 0.05 0.05
3.25
3.10
12.60
0.10
8.30
0.10
18.90
0.10
46.50
4
2
Planta baixa - Garagem. Conjunto DE.
4
2
46.50
0.05
15.95
0.05
15.95
14.50
0.10
5.88
0.81
0.93
0.81
5.88
0.10
15.95
0.05
15.95
0.05
1
1 2.43
LAVANDERIA COMPARTILHADA 29.00 ELEVADOR 4.23
29.00
ÁREA COM PLACAS FOTOTÉRMICAS
ÁREA PARA VARAIS
29.00
29.00
3 4.64
26.32
0.05
15.95
0.10
3.00
2.05
4.20
2.05
0.05
2.95
0.10
15.95
14.50
16.00
3
0.05
16.00
46.50
4
2
Planta baixa - Lavanderia. Para os conjuntos DE, FG, HI e JK.
Planta baixa - Caixa d’água.
Planta baixa - Cobertura. Para os conjuntos DE, FG, HI e JK.
0.10
6.00
2.90 0.10 2.90 0.30 5.20 0.30 5.20
25.10
0.30 5.20 0.30 5.20 0.30 2.70
4.00
4.00
PILARES EM VISTA PAREDES E LAJES EM CORTE
Corte 1 - Longitudinal. Conjunto DE.
Corte 2 - Transversal.
Conjunto DE. 0.30
3.70
7.10
0.30
3.70
2.70
2.70
0.30
0.30
2.75
0.05
5.20
2.40
0.30
0.30
2.75
29.10
0.05
5.20
2.40
22.00
0.30
0.30
2.75
0.05
5.20
2.40
0.30
0.30
2.75
0.05
5.20
2.40
0.30
0.30
Detalhe da escada.
Fachadas.
Fachada sudoeste do conjunto DE.
Fachada noroeste do conjunto DE.
0
0
5
Escala gráfica (em metros)
5
Escala gráfica (em metros)
Fachadas.
Fachada nordeste do conjunto DE.
Fachada sudeste do conjunto DE.
0
0
5
Escala gráfica (em metros)
5
Escala gráfica (em metros)
A estrutura Os pilares foram dispostos em malha com recuo longitudinal de 1,7m na fachada coletiva e de 1,5m na fachada privada para criarem balanços que se compensam. São feitos em concreto armado, moldado in loco; além do custo mais baixo, apresenta vantagens em relação ao travamento da estrutura (que, com seus pés direitos duplos tende a ser mais instável) e na reutilização das formas para concretagem (visto que a estrutura dos prédios se replica). As lajes para todos os pavimentos são do tipo nervuradas, com 0,3m de espessura; essa laje, apesar de mais cara, apresenta vantagens em permitir cargas pontuais maiores por toda sua área (importante onde se conta com a liberdade de leiaute e a imprevisibilidade do peso) e a utilização extensiva das formas alugadas (com o grande número de lajes a serem concretadas). As paredes de vedação são de tijolos de cerâmica de 6 furos devido ao baixo custo. Os banheiros dos apartamentos possuem pé-direito de 2,75m, ou seja, são mais baixos que o pé-direito dos quartos. Portanto, possuem como cobertura um forro não estrutural de gesso acartonado. Os mezaninos dos quartos, quando optados por serem construídos pelos moradores, possuem uma estrutura independente da estrutura do edifício. Seu material e tamanho são de livre escolha do morador, desde que seja uma estrutura leve que descarregue na laje. Recomenda-se materiais como metal, madeira, gesso acartonado, dentre outros. A escada é de estrutura em concreto armado, também moldada in loco, e cada prédio possui uma de cor diferente para identificá-lo.
Peter Zumthor; Kolumba Museum, Köln, Alemanha.
Laje nervurada. [Fonte: panoramio.com]
* imagens acima apenas como referências, não representam a realidade fiel da proposta. Pilares moldados in loco. [Fonte: staticlickr.com]
Conjunto DE.
A estrutura
Conjunto DE. Conjunto DE.
Corte 3 - Estrutural longitudinal.
Conjunto DE. 3.70 0.30
2.70
0.30 5.20
0.30
29.10
5.20
0.30
5.20
0.30
5.20
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2.70
6.00
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LAJES PILARES E SAPATAS
2.90
0.10
Corte 4 - Estrutural transversal.
Detalhamento | Corte de Pele. Laje nervurada de concreto (30 cm) Reboco (3cm) Suporte trilho brise, em madeira (5cm)
Contrapiso Laje nervurada de concreto, sem forro,estrutura aparente.
A
0,10 m
Parede de alvenaria pintada na cor branca
A - Laje nervurada. Espessura: 30cm. B Forro em PVC. Distância da nervura: 7cm. C - Vidro simples. Espessura: 1,5cm. D - Esquadria fixa em alumínio. Cor: preta. E - Tijolo de 6 furos. Dimensões: 11,5 cm x 19cm x 29cm. F Reboco. Espessura: 2cm. G - Rodapé em madeira escura. Espessura: 2cm; altura: 7cm; canto superior arredondado. H - Piso cerâmico. I Contrapiso. Espessura: 3cm.
B
Trilho brise, em alumínio (1cm) Peças de encaixe do módulo, em alumínio Esquadrias, em alumínio
Esquadria de aço anodizado na cor preta
Vidro simples (1,5cm)
Janela máximo ar (0,8x1,25m) Vidro transparente (10mm)
Esquadria de aço anodizado na cor preta
2,00 m
0,30 m
Viga de encaixe do brise em concreto (h=20cm; esp.=7cm) Aste brise, em madeira (esp.=3,5cm)
C Janela de correr (0,8x1,65m) 1,60 m
E
D
F Vidro transparente (10mm) Parapeito de aço anodizado na cor preta
Placa cimentícia (esp.=10cm)
Alimentação de água (DN20)
G
1,20 m
H
Saída de água (DN30) Piso cerâmico sem brilho na cor areia (45x45cm)
Peça de encaixe do módulo, em alumínio Forro de gesso acartonado
I
Laje nervurada em concreto (30cm) Piso cerâmico (1cm) Contrapiso (3cm)
ACESSO
Técnicas sustentáveis.
Cada pessoa no Brasil consome, em média, 200L de água por dia [fonte: Agência Nacional de Águas]. Podendo aproximadamente metade deste valor ser reutilizado para irrigação ou reutilização em descargas. Com isso optou-se por um método de tratamento das águas cinzas (pias e chuveiro que não entram em contato com resíduos fecais) da habitação através de filtração natural com raízes. A água é captada através de canalização e desviada para um tanque inicial o qual contém pedras de diferentes tamanhos como mostra o esquema a seguir. Em seguida é direcionada ao outro tanque o qual contém plantas aquáticas ou semi-aquáticas na superfície que irão filtrar a água juntamente com outra mistura de diferentes agregados. A água resultante será desviada até seu destino final de reuso ou devolvida ao solo. Cada tanque deve ter 6,5 m³ de volume para cada bloco com 16 famílias.
Duas espécies foram escolhidas: a jacinto d’ água (Eichhornia), que apresenta floração e a papiro (Cyperus papyrus), de maior porte. Margeiam o lago, uma vez que é ideal para este fim além de apresentação uma floração azul, ideal para ornamentação do ambiente
Substrato (Terra) 20cm Filtro de Impurezas 5cm Papelão Camada de Drenagem 20cm
Argila Expandida Cano de PVC
Carpete usado Manta Asfáltica
Pingadeira
Laje de Concreto 15cm Vista 1cm Prego sem cabeça (diâmetro 3mm) Porta de Madeira Jatobá (5cm)
Os chuveiros e pias serão abastecidos de água aquecida através de placas fototérmicas localizadas nos terraços. Cada bloco terá uma área, que dividirá espaço com a lavanderia, na qual serão dispostas as placas. i = 1%
Piso Contrapiso 4cm Laje Nervurada 30cm
Corte de pele - Telhado jardim
Nome científico: Eichhornia crassipes Família: Pontederiaceae Nome popular: Jacinto d’água Tipo: herbácea; aquática Porte: 12 a 15 cm. Origem: América do Sul, bacia Amazônica Características: crescimento rápido, pode se duplicar em até 12 dias; flores azuis ou violetas de 5 a 8 centímetros de d i â m e t r o , e m e s p i g a s d e a t é 15 centímetros contendo de 8 a 12 flores cada; folhas verdes aéreas; possui baixa tolerância à salinidade; suporta níveis elevados de nutrientes nas massas de água e possui tolerância elevada à presença poluentes como metais pesados; resistente a variações bruscas no nível de água, inclusive pode sobreviver em terra se houver elevada disponibilidade hídrica.
Nome científico: Cyperus papyrus Família: Cyperaceae Nome popular: Papiro, papiro-do-egito Tipo: herbácea; aquática Porte: até 2 metros de altura, mas em seu local de origem chega atingir 4 metros Origem: África tropical, Egito, Palestina Características: folhas formadas na extremidade das hastes, são finas e pendentes; flores insignificantes, sem efeito ornamental, de cor marrom-clara formada entre as folhas; suporta sol pleno; ideal para ser usada como maciço e bordadura, de grande efeito ornamental quando plantada a beira de lagos, espelhos d’água e tanques; se multiplicam muito rápido, podendo ser considerada daninha, caso não haja um controle sobre seu crescimento. Fontes: charcoscomvida.org e plantas-ornamentais.blogspot.com
Os blocos possuem dois tipos de relação com o terreno. As duas fachadas principais - dos quartos e das varandas - revezam-se em suas disposições. Ora a fachada dos quartos é voltada para o centro, ora é voltada para a rua. Isso devido a escolha da melhor orientação da fachada dos quartos para receber insolação adequada. O acesso dos habitantes aos blocos se dá através do lado da habitação voltado para o centro do terreno, o que obriga o usuário a ter contato com a área de convivência externa que une os blocos. Os térreos foram pensados de modo a conectar todos os habitantes do conjunto e da comunidade do entorno. Voltados tanto para a rua quanto para o espaço central entre os blocos. Foram dados usos diversos, como: Biblioteca, Café, Restaurante, Galeria, Creche, Sala de Jogos, além de um Centro comunitário e um térreo aberto para o desenvolvimento de atividades diversas para toda a comunidade como aulas e oficinas corporais, etc. Os demais térreos foram atribuidos para estacionamento. Todas essas atividades trazem consigo áreas de estar externas, voltadas para o parque e propiciam a estadia de diversos tipos de usuários de toda a comunidade. Seu prolongamento para o centro das habitações cria um espaço de união entre todos os blocos e seus moradores.
Vista do deck do anfiteatro.
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AmbiĂŞncia do corredor de acesso aos apartamentos.
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Vista do bloco DE a partir do centro da implantação.
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Vista do eixo central do conjunto a partir do parque.
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Vista da fachada da creche, tĂŠrreo do conjunto DE.
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Vista ao centro do conjunto, a partir do prĂŠdio A.
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Vista da fachada da creche, tĂŠrreo do conjunto DE, playground ao fundo.
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Vista do eixo central, a partir do lago.
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Vista a partir da rampa de acesso do anďŹ teatro.
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Vista do bloco B, em direção aos blocos FG-HI. N A
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Vista da varanda do prédio K em em direção ao bloco DE. N A
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Vista do conjunto FG-HI a partir da clareira.
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Vista do prédio H, em direção ao bloco DE. N A
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Vista do prédio F, em direção ao lago. N A
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Vista do eixo transversal.
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