DISCUSSÃO OBJECTIVA DO FUTEBOL PORTUGUÊS
02 ABRIL 2014
ponta pé de saí da Bem vindos ao número #02, o primeiro deste ano! Estamos de volta com uma nova série de artigos para quem quer viver e discutir mais por dentro o futebol, em português. Após um bom arranque de época (número piloto Julho 2013 ± 14mil leituras, número um Dezembro 2013 ± 25mil leituras), a Dividida entra agora numa nova fase... Analisámos os vossos feedbacks, o principal sobre a periodicidade alargada, mexemo-nos no mercado de inverno, e vamos já neste número testar um novo modelo de lançamento faseado: em cada semana apresentamos novos artigos exclusivos, de forma a haver sempre algo para ler ao longo do mês. Dos números anteriores, mantemo-nos fiéis à ideia de que o Futebol de Formação (e educação) será o pilar da sustentabilidade do nosso futebol (e país) para os próximos anos. Assim, continuamos a reflectir sobre ele e a procurar melhorá-lo com a vossa ajuda. O ano de 2014 iniciou-se num tom agridoce, Eusébio deixou-nos com saudades, e Ronaldo encheu-nos novamente de orgulhoso ao receber a Bola de Ouro para melhor jogador do ano. Arriscamos um outro olhar às “relações” entre estes dois jogadores, agora à distância dos acontecimentos, num novo formato de artigo de opinião, em exclusivo para quem nos segue no Facebook. Na continuação desta novidade, é com entusiasmo que introduzimos ainda dois novos temas nesta publicação - arbitragem e guarda-redes - e analisamos
de forma objectiva quem melhor defende na 1ª Liga. Terá isso relação directa com a classificação? Aproximando-nos mais das áreas da gestão e direcção, olhamos para os mercados de inverno dos últimos 5 anos, para os tão frequentemente discutidos salários dos jogadores, e não esquecemos a versão actualizada da Liga nas redes sociais. Passemos então à acção! Agora que teremos mais artigos e mais “jogos”, precisamos também de mais público e mais leitores. Queremos manter esta dinâmica positiva nas ideias e discussões, e como este jogo também é partilha, ninguém vai “à bola” sozinho: convidem um amigo para nos acompanhar aqui, aquele que não perde uma notícia sobre futebol, o outro que é mais curioso ou até aquele que é especialista. Boas leituras, e melhores discussões!
Pedro Marques
@pmarques82 pedro.marques@dividida.pt www.dividida.pt facebook.com/dividida.pt
10/
19/
ENTREVISTA COM Prof. Rui Pacheco - treinador
Entrevista COM Pedro Henriques - Ex Árbitro
ABR
FORMATOS DO JOGO
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ABR
Eficácia Defensiva
Entrevista COM Carlos Carvalhal - treinador
Eusébio e Ronaldo
ABR
Arbitragem no Futebol de 7
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Guarda-Redes Portugueses
Entrevista COM Ricardo Peres - treinador
ARTIGO DE OPINIÃO Exclusivo facebook
08/
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Impacto do Mercado de Inverno Entrevista COM Acácio Santos
16/
MAI
salários dos jogadores A LIGA NAS REDES SOCIAIS
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os for matos de jogo no futebol de formaç ão Estaremos nós no caminho certo? Ângelo Brito e Ricardo Duarte
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No âmbito dos campeonatos de futebol infanto-juvenis, a distribuição dos jovens jogadores pelos diferentes escalões é realizada em função da idade, sendo os jogos disputados em formatos que variam de acordo com o respetivo escalão. Em Portugal, os campeonatos de futebol infanto-juvenis são disputados nos formatos de Futebol de Onze (Fut-11) e Futebol de Sete (Fut-7), sendo que a partir do escalão de Sub-14 todos os jogos são disputados no formato de Futebol de Onze (Fut-11). Contudo, muitas dúvidas persistem acerca da adequação destes formatos de jogo numa perspetiva de formação progressiva dos jogadores de futebol, especialmente nas idades mais jovens. Afinal, quais serão os formatos de jogo mais adequados ao desenvolvimento dos nossos jogadores em cada escalão etário? Neste artigo analisámos os formatos de jogo utilizados nos principais países Europeus. * A amostra para este trabalho consistiu em 33 países dos mais representativos no panorama Europeu. Fonte de recolha: http://pt.uefa.com
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Formatos de Jogo número de países que utilizam cada formato
33
Nº PAÍSES
35
30
23
25
18
18
20
15
9 6
10
7
5
5
0 FUT 3
FUT 4
FUT 5
Fut-5, Fut-7, Fut-9 e Fut-11 são os formatos de jogo mais utilizados nos 33 países estudados.
FUT 6
FUT 7
FUT 8
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é o número de países onde é utilizado o Fut-7. Este é o segundo formato mais utilizado, após o dominante Fut- 11, que é utilizado no total dos 33 países.
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é o número de países onde são utilizados os formatos Fut-5 e Fut-9.
FUT 9
A
FUT 11
pesar da divergência verificada em alguns países, emerge uma tendência global para que a utilização dos diferentes formatos de jogo seja progressiva e proporcional aos escalões etários. Ao aumento da idade dos jogadores corresponde uma tendência para a utilização de um formato de jogo com maior número de jogadores.
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Formatos de Jogo Taxa de utilização nos países por Escalão etário
PERCENTAGEM DE UTILIZAÇÃO
Nº DE PAÍSES UTILIZADORES
33
100%
80% 24
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60% 14
3
3
40%
3
15
16
9 7
6
7
7 5
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1 1
2
8 6
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20%
6
3
2
2
16
14
2
1
2
2
1
8
3
4
3 2
2
3
1
4
2 1
0% SUB 5
6 é o número de escalões
SUB 6
que utilizam o Fut-5. Embora a predominância seja entre os Sub-7 e os Sub-8.
8
é o número de escalões que utilizam o Fut-7 e Fut-9. Estes são 2 formatos amplamente utilizados, embora o Fut-7 tenha a sua maior expressão no escalão de Sub-10, enquanto o Fut-9 predomina nos Sub-12.
SUB 7
SUB 8
SUB 9
SUB 10
SUB 11
5 é o número de escalões que Fut-8 é um formato
utilizam o Fut-11. Este é utilizado essencialmente nos escalões mais velhos, assumindo particular importância apenas a partir dos Sub-13.
Sub-14
é o escalão onde todos os países analisados utilizam o formato Fut-11. Contudo, já a partir dos sub-13, este é o formato de jogo predominate.
que aparece em 7 escalões, curiosamente, embora sem nunca se assumir como um formato de jogo predominante em nenhum deles. O mesmo acontece com o Fut-6, que tem pouca expressão global apesar de constar em 5 escalões. Será por serem formatos com número par de jogadores? A análise mostra um claro predomínio de formatos que implicam um número de jogadores ímpar, à semelhança do que acontece no Fut-11.
SUB 12
SUB 13
SUB 14
FUT 3
FUT 6
FUT 5
FUT 7
FUT 8
FUT 11
FUT 9
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Hoje em dia, verifica-se que nos principais países Europeus não existe uma matriz comum acerca dos formatos de jogo utilizados nos campeonatos infanto-juvenis. Contudo, emerge uma tendência para a maioria dos países utilizar 4 formatos de jogo durante as etapas de formação. Dos formatos utilizados, destacam-se o Fut-11 que é utilizado em todos os países, seguindo-se o Fut-7, Fut-9 e o Fut-5 também com elevada percentagem de utilização. Os restantes formatos apresentam menores frequências de utilização, mas é interessante constatar a preocupação de alguns países Europeus na sua adoção, em idades muito precisas, o que denota a preocupação no ajustamento dos formatos de jogo mais adequados a cada idade ou etapa de desenvolvimento. Estes resultados sugerem uma preocupação pedagógica no ensino do futebol nos diferentes países Europeus, durante as etapas de formação, até se chegar ao jogo de 11 Vs 11. Contudo, em Portugal, os campeonatos de futebol infanto-juvenis são disputados apenas nos formatos de Fut-11 e Fut-7. Será que uma transição mais progressiva entre diferentes formatos de jogo no nosso país, contribuiria para uma aprendizagem mais consistente do futebol, revertendo consequentemente em mais e melhores jogadores?
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prof. rui pacheco entrevista com
Coordenador e Treinador da Escola de Futebol Hernâni Gonçalves, Autor de várias publicações na área do futebol jovem
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“entendo que os jovens até aos 13 anos de idade, na maioria dos clubes, não estão ainda preparados para jogar no formato de Fut-11” Tendo em conta a sua vasta experiência no futebol infanto-juvenil, que comentários lhe merecem os resultados apresentados? Os resultados apresentados, demonstram a existência de uma preocupação pedagógica no ensino do futebol nos diferentes países Europeus durante as etapas de formação até se chegar ao jogo de 11 Vs 11. Também me parece que não existe uma ideia comum em todos os países, originado desta forma, que cada país trilhe o caminho que ache mais adequado à sua realidade. Já em relação ao nosso país, e pela experiência que eu tenho, entendo que os jovens até aos 13 anos de idade, na maioria dos clubes, não estão ainda preparados para jogar no formato de Fut-11. Com exceção do Porto, Benfica e Sporting que habitualmente tem jogadores de outra dimensão, parece-me que este formato de jogo (Fut-11) é bastante complexo para o nível de jogadores que temos atualmente na maioria dos clubes.
Em Portugal, os jogos dos campeonatos infanto-juvenis são disputados nos formatos de Fut-11 e Fut-7. Na sua opinião, qual o motivo pelo qual em Portugal apenas existe competição oficial nos formatos de Fut-11 e Fut-7? Apesar da evolução que se tem verificado no nosso país, a introdução do Fut-7 é muito recente. Eu, provavelmente fui um dos pioneiros na implementação do Fut-7 no nosso país. No entanto, entendo que não existe ainda uma verdadeira aposta no futebol de formação, ou seja, as pessoas ainda não perceberam que é necessário investir na investigação e pensar naquilo que realmente importa para no futuro termos melhores futebolistas.
A evolução dos jovens jogadores faz-se também através da reformulação dos quadros competitivos. Pensamos na formação dos jovens fundamentalmente com base na competição formal e muitas vezes com base na competição dos adultos e isto não está correto. Basicamente, julgo que existe uma preocupação demasiado grande com a formalidade do jogo e dos campos de forma que isto contribui para a falta de mais formatos de jogo. Dou este exemplo. Há equipas que têm um campo de Fut-11 que podia ser dividido em dois campos de Fut-7 de forma a possibilitar a realização de dois jogos. Contudo, isto não é permitido porque os responsáveis alegam que o apito do lado pode interferir. O Importante seria existirem mais campos para aumentar as possibilidades de prática e desta forma rentabilizar as instalações.
Na Europa, a taxa de utilização dos formatos de Fut-5 e Fut-9 apresenta uma percentagem significativa. Que lhe sugerem estes dados e formatos de jogo? Eu acho importante por ser um dos aspetos que contribui para uma melhor aprendizagem do futebol. Do meu ponto de vista, quanto menor for o espaço de jogo e o número de jogadores mais facilmente os jovens aprendem a lógica interna do jogo e à medida que os jovens evoluem então sim, deveria pensar-se na progressão para espaços de jogo com maiores dimensões e onde o jogo fosse disputado com maior número de jogadores. Assim, seria importante refletir acerca daquilo que acontece na Europa e perceber os motivos pelos quais em Portugal não se utilizam outros formatos de jogo.
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“Seria importante adaptar-se e criar-se outros formatos de jogo antes de eventualmente se jogar o Fut-7 e também, não termos pressa em chegar ao Fut-11” Daquilo que tem vivido no seu dia-a-dia como treinador, qual a sua opinião sobre a organização estrutural dos campeonatos infanto-juvenis de Portugal? O que eu acho é que não obedecem a uma verdadeira progressão pedagógica. Entendo que jogar-se Fut-7 até aos 13 anos e depois transitar-se para o Fut-13 origina que as etapas de formação não sejam cumpridas de uma forma mais sedimentada e portanto, impede-se que os jogadores possam progredir de forma mais segura até chegar ao formato de Fut-11. Seria importante adaptar-se e criar-se outros formatos de jogo antes de eventualmente se jogar o Fut-7 e também, não termos pressa em chegar ao Fut-11. Por outro lado, entendo que não se promove o equilíbrio nas competições infanto-juvenis e a evolução dos jovens só acontece caso existam níveis de oposição semelhante.
Vamos supor que lhe era atribuída a responsabilidade de estruturar os quadros competitivos infanto-juvenis em Portugal.
Que sugestões apresentaria no sentido de estes promoverem um melhor desenvolvimento dos jogadores? Caso queira, pode avançar com uma sugestão de estrutura que em sua opinião se ajuste à nossa realidade (e. qual o formato de jogo que utilizaria para cada escalão). Uma das primeiras situações a definir-se seria utilizar como critério o ano de nascimento. Com isto, em todas as idades existiria um escalão, ou seja, em vez de existir, por exemplo, apenas o escalão de Sub-10 passaria a existir o escalão de Sub-9 e Sub10. O mesmo aconteceria nos outros escalões e desta forma, julgo que se aumentaria a competitividade dos campeonatos. Também defendo que até ao escalão de Sub-10 não devia existir competição formal. Nesta fase, acho que os jovens devem essencialmente divertir-se sem aquela preocupação de ganhar para subir de divisão ou evitar uma descida. Assim, a minha proposta passa pelo seguinte: Até aos Sub-7 definia o Fut-3 com o guarda-redes avançado para promover a superioridade de ataque relativamente à defesa; Nos Sub-9 promovia o Fut-5; Nos Sub-11 promovia o Fut-7 sem utilizar a lei do fora de jogo; Nos Sub-12 utilizaria também o Fut-7 mas neste caso implementaria a lei do fora de jogo; Nos Sub-13 utilizaria o Fut-9; a partir dos Sub-14 optaria pelo jogo a onze.
“Também defendo que até ao escalão de Sub-10 não devia existir competição formal”
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futebol de forma ç ão e arbitra gem Opiniões dos mais novos Pedro Sampaio
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O papel pedagógico dos intervenientes, adultos, no fenómeno do futebol de formação é fundamental, não se está a educar apenas futebolistas ou atletas, mas sim homens e mulheres que se pretende sejam o mais competentes e adaptados às realidades com que se vão deparar ao longo das suas vidas. Palavras como fairplay são ouvidas, ou lidas, amiúde no contexto futebolístico, mas é importante que treinadores, pais, árbitros, dirigentes, entre outros, passem aos atos e assumam o seu papel fundamental neste processo de crescimento. A arbitragem, especificamente, deverá ter um papel fundamental, o arbitro é a máxima figura da autoridade dentro do campo, quem impõe as regras do jogo, mas o seu papel no futebol de formação pode ir muito além destas competências. Numa altura em que o futebol de formação é cada vez mais debatido na nossa sociedade, bem como o seu papel “formador” no sentido mais global e cívico da palavra, a primeira palavra é das crianças. As suas perspetivas sobre a arbitragem são dadas de forma livre e espontânea: Que pensam as crianças de arbitragem? Quais as suas perspetivas sobre este papel fundamental no normal decorrer do jogo?
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conversa com os mais novos O árbitro é importante no jogo? Porquê? MO - É, porque tem que apitar as faltas, porque é o principal no jogo de futebol. DC - Sim, sem dúvida, se não houvesse árbitro os jogadores desentendiam-se todos e se calhar até andavam à luta dentro de campo, e o árbitro é o juiz certo? E decide as coisas. Como se fosse um polícia numa cidade, só que dentro de campo. GP - Sim, Se não houver árbitro não há faltas, não há foras de jogo e não há regras FC - É, se não fosse o árbitro não havia regras, era injusto o jogo. Ia haver sempre confusão.
Porque é que o árbitro está no jogo?
MO
miguel ouro
EAS Cova da Piedade, Escalão Benjamins A
DC
duarte cunha
Atlético Clube de Portugal, Infantis B
GP
gonçalo pereira
Desportivo de Ronfe, Benjamins A
FC
francisco caleira
Vitória Futebol Clube (Setúbal), Infantis A
Achas que é igual arbitrar um jogo teu e arbitrar um jogo da primeira liga? Quais as diferenças? MO - Não. As diferenças é que num jogo da primeira liga, os jogadores jogam melhor e também que há mais árbitros. O jogo leva mais pessoas, é mais importante. DC - Não, porque na primeira liga acho que há muito mais pressão sobre os árbitros, porque há mais público e se o árbitro faz alguma coisa mal, por exemplo contra o Benfica, começa logo o estádio todo a refilar e a gritar contra o árbitro, aqui pouco acontece, mas também refilam às vezes. Há mais árbitros, no meu escalão há menos, na primeira liga há 4, no meu escalão só há um. GP - Não. O jogo da primeira liga dura mais, o campo é maior. É mais difícil arbitrar um jogo da primeira liga porque há mais confusão.
MO - Porque vê as faltas, tem de dar ordens aos jogadores, dá cartões amarelos e vermelhos, vê o tempo do jogo, vê os minutos de compensação. Depois também há fiscais de linha que vêm os foras de jogo e que também apitam algumas faltas.
FC - Não. As regras são diferentes, o fora de jogo no futebol 11 é a partir do meio campo, nos nossos jogos é na linha da grande área. As atitudes são diferentes, o arbitro pondera mais connosco.
DC - Para arbitrar e para corrigir as coisas que estão bem e as que estão mal, marcar as faltas se for preciso, cartões, amarelos ou vermelhos e não deixar que eles se desentendam, os jogadores, e para que um evento desportivo seja uma festa.
É fácil ser árbitro? Porquê?
GP - Para apitar. Para impor regras e determinar o inicio e o fim do jogo. Também esta para avisar os jogadores do que não devem fazer. FC - Para comandar, para impor regras e não haver confusão.
MO - Não. Porque primeiro tem que se estar sempre ao pé da bola, e depois temos que estar com muita atenção às faltas e aos comportamentos dos jogadores. Tem que ser uma pessoa que vê muito bem e que também tenha uma forma física boa, para poder estar a correr pelo campo todo. DC - Não, porque é muito pressionado e leva com muitas críticas de vários clubes, dos adeptos principalmente. De vez em quando aparece-lhes um diretor de um clube
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“(O Árbitro) tem que ser uma pessoa que vê muito bem e que também tenha uma forma física boa, para poder estar a correr pelo campo todo.” Miguel Ouro
a dizer “vá eu pago-te isto e tu vais arbitrar bem”, se for um bom arbitro não obedece, mas se for corrupto diz “dá cá o dinheiro” e vai arbitrar mal o jogo, vai beneficiar a equipa.
DC - Não, acho que não porque o árbitro faz o que entende e o que vê, ele é que é o polícia da cidade, neste caso do campo, por isso ele é que manda.
GP - Não, porque se tem que tomar decisões difíceis. Se se toma más decisões os adeptos e os jogadores podem não gostar.
GP - Não, o árbitro está a fazer o trabalho dele.
FC - Não, porque há sempre uma equipa e adeptos que ficam insatisfeitos.
FC - Não.
De que forma os adeptos podem ajudar o trabalho do árbitro?
Achas que as pessoas que acompanham os jogos do teu escalão/meninos da tua idade comentam a arbitragem com os atletas depois do jogo acabar? O que achas que eles dizem?
MO - Podem corrigir alguns erros que o árbitro fez.
MO - Não.
GP - Aceitando as decisões dos árbitros, não assobiando e apenas vendo o jogo, apoiando a sua equipa.
DC - Não, não muito porque não costumam haver muitas falhas, às vezes há. Um árbitro não consegue ver tudo perfeitamente, mas mais ou menos. GP - Sim. Quando acham que o árbitro fez mal alguma coisa comentam. Quando acham que fez bem também comentam. FC - Conforme o resultado. Se perdem criticam a arbitragem. Depende também da importância do jogo.
Achas que quem te acompanha aos jogos deve interferir com a arbitragem no decorrer dos jogos? MO - Acho que não porque assim o árbitro fica chateado e depois perturba a arbitragem dele.
DC - Não refilar com ele, não gritando e não fazendo muita pressão, chamar nomes e essas coisas, atirar telemóveis, pedras, bolas de golfe. Não lhe fazendo mal.
FC - Não chamando nomes, não reclamando com o trabalho do árbitro e só comentando no fim. Os adeptos ajudam se estiverem calados.
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Como podemos verificar as respostas das crianças são variadas. Em alguns casos acabam por focar mais o carácter autoritário do papel do árbitro, noutras a questão técnica e até a pedagógica. É interessante de constatar, no entanto, que alguns pontos são comuns. O reconhecimento da importância do árbitro no jogo é algo de unânime em todas as entrevistas, neste caso com grande foco na questão de fazer valer as várias regras no terreno. Também (quase) unânime parece ser o facto de reconhecerem que não deverá haver interferência do publico na arbitragem no decorrer do jogo, sendo que a melhor forma de ajudar a uma boa arbitragem é aceitando as decisões do arbitro sem contestar. Referido pela quase totalidade das crianças é o facto de um jogo de formação, nestes casos futebol 7, ser diferente para um arbitro em relação a um jogo de primeira liga sendo que as principais diferenças encontradas se prendem com a diferença das regras, com a quantidade de publico e com a pressão sobre o arbitro nos jogos profissionais. Não deixando de ser curioso observar que há uma referência à atitude diferente que o árbitro tem com os atletas mais jovens, “é mais ponderado”, o que nos transporta para o papel pedagógico que o árbitro poderá, e deverá, ter nos jogos de escalões mais jovens.
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pedro hen riques
entrevista com
Ex-รกrbitro internacional e atualmente comentador desportivo
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“uma cultura de deporto e de educação física nas escolas que neste momento quase que não existe”
Era muito importante que todas as pessoas o fizessem, independentemente de seguirem a via do desporto ou não, sobretudo no contexto escolar. Isso implicava uma cultura de deporto e de educação física nas escolas que neste momento quase que não existe. Passarem exatamente por esse papel, entre outros naturalmente, para além da convivência com os desportos traria a hipótese de eles próprio dirigirem um jogo, seja de futebol, seja basquete ou de andebol. Sentirem na pele as dificuldades de arbitrar um jogo e de perceberem, sobretudo, as reações dos que estão nesse momento no papel de jogadores, e que são semelhantes às deles quando estão nesse papel. Também poderão perceber exatamente o empenho necessário à pessoa que está a fazer de arbitro e ao mesmo tempo o grau de dificuldade que existe em descortinar uma falta ou até um simples lançamento. Portanto isso é extremamente importante pois mudava o paradigma da cultura desportiva porque muitas das criticas que eu vejo hoje em dia da maior parte das pessoas é por ignorância, e digo isto no sentido positivo, ignorância não porque as pessoas são ignorantes mas ignorância por as pessoas não terem esta vivência motora. No outro dia, numa entrevista ao Vítor Pereira, o jornalista da RTP quando estava a entrevistar disse-lhe que ele como jornalista à três anos tinha estado num curso em Tomar em que os jornalistas foram convidados a desempenhar esse
papel, foram arbitrar jogos e os árbitros é que estavam a jogar à bola e ele percebeu, neste caso referia-se ao papel de fiscal de linha, de árbitros assistentes, que, para ele, era difícil perceber aquela dinâmica. Ele mudou completamente o paradigma e isso é fundamental. Mais um exemplo, eu nos cursos de educação física que lecciono, em Mafra no Centro de Educação Física e Desportos, a cadeira que dou que é o Futebol. Uma das vivências que os meus alunos, que vão ser oficiais de educação física que se estão a preparar para ser instrutores, têm é exatamente essa. No final fazemos um campeonato interno, de Futsal neste caso, e são eles que vão dirigir os jogos e portanto muitas das criticas e das duvidas que eles às vezes colocam nas aulas, por vezes sobre coisas que vão vendo na televisão e nos jogos, dissipam-se completamente quando passam pelo papel de arbitrar jogos e percebem como é difícil, até uma coisa tão básica como um lançamento de linha lateral. Este tipo de experiencia é algo fundamental, melhorava e de que maneira a cultura desportiva, de todos, independentemente de depois seguirem a carreira de jogadores ou não.
Acha benéfico que se passe a ideia de que o árbitro “É como se fosse um polícia numa cidade, só que dentro de campo”, como nos disse o Duarte? Quais as vantagens de olharmos para o árbitro desta forma? Naturalmente ao papel do arbitro está sempre associado o papel de autoridade, mas é bom também desmistificar. Claro que isso é uma criança a falar, é a imagem que passa para ele, seria importante clarificar, tal como no caso do policia, que uma coisa é autoridade e outra coisa é autoritarismo. O árbitro cada vez mais tem este papel mediático, de muita observação, das câmaras de televisão e até das pessoas.
Foto cedida por Pedro Henriques
“Porque primeiro tem que se estar sempre ao pé da bola, e depois temos que estar com muita atenção às faltas e aos comportamentos dos jogadores”. Na frase o Miguel colocou-se no papel de árbitro. Acha benéfico que os jovens atletas passem pela experiência de arbitrar um jogo? Em que moldes será isso benéfico e possível?
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“seria importante clarificar que uma coisa é autoridade e outra coisa é autoritarismo” Aquele papel que os árbitros mais antigos tinham de excesso de autoridade e excesso de autoritarismo já não faz sentido e todos têm que ser vistos como parceiros do jogo: jogadores, treinadores e o árbitro. Portanto autoridade: sim; impor as regras: sim, mas também com respeito para com as outras pessoas e é isso que faz um pouquinho a diferença entre a autoridade e o autoritarismo. Mas é um pouco a ideia que passa muitas vezes ao chama-se ao árbitro o juiz, há um bocado essa ideia de alguém que está ali para decidir, que tem de impor respeito, mas mais importante do que impor respeito é conquistá-lo, e essa é a diferença entre aqueles que são os melhores árbitros dos outros. Muitos são reativos e impõem o respeito, porque têm os cartões na mão, porque têm a lei com eles. São reativos na perspectiva de que há um lance e reagem em função do lance, os melhores são aqueles que conquistam o respeito dos intervenientes e que sobretudo são proactivos, muitas das vezes antes de acontecer a situação, veem que há dois jogadores que chocaram, que bateram um no outro, que se vão levantar e que vão provavelmente “picar-se”. O árbitro em vez de ficar à espera que isso aconteça para mostrar, por exemplo, o cartão vermelho, aparece lá na situação, acalma-os, separa, esta é uma ação proactiva. Para se ser proactivo é preciso conhecer o jogo, por isso defendo que uma coisa muito importante é que os árbitros, ao nível do futebol profissional, deviam ser obrigados, e com a profissionalização penso que esse é um caminho, terem o curso de treinadores de nível I, para perceber o que é um cross-over, um over-lap, uma tabelinha, o que são os princípios do jogo, progressão, contenção, pois isso ajudava não só a compreender o jogo e até a colocarem-se melhor no terreno, como a compreenderem o papel dos outros intervenientes, jogadores e neste caso treinadores também.
”Aceitando as decisões dos árbitros, não assobiando e apenas vendo o jogo, apoiando a sua equipa”. Esta é a opinião do Gonçalo em relação à forma como os espetadores devem interagir com a arbitragem e parece ser compartilhada por todos eles. Está de acordo com esta ideia ou haverá algo mais que o público pode fazer para ajudar os árbitros na sua tarefa em campo? Eu acho que essa ideia, é uma ideia que foge completamente do paradigma normal porque, e ainda antes de falar dos árbitros, normalmente os adeptos não estão com a sua equipa, muitas vezes estão contra a outra equipa. Eu estou farto de dizer, às vezes em conversas que temos no final do jogo, que no futebol não há inimigos, há adversários e os jogadores neste momento não têm este problema, porque eles compreendem isso, excepto numa ou outra situação, se os treinadores também estão nesse paradigma, ao nível do nosso dirigismo é a desgraça completa, é o termo que me ocorre para melhor descrever. Eles sistematicamente
“o público deve estar com a sua equipa, apoiá-la e não estar contra os outros” acham, e continuam a achar que há inimigos, ainda agora tivemos entrevistas na televisão de altos dirigentes que passam a ideia de que não pode haver uma estratégia comum. Falando dos três grandes, do Benfica, Porto e Sporting, claro que tem que haver uma estratégia comum para o Futebol, uma coisa é depois a rivalidade dentro de campo, o querer ser campeão, o chegar em primeiro lugar, são coisas distintas. Portanto essa ideia que o jovem está a passar é a ideia que eu também defendo, que é no fundo a do público estar com a sua equipa, apoiá-la e não estar contra os outros, dizer não à violência, apoiar pela positiva, não assobiar e sobretudo aplaudir. Em relação ao árbitro, este não tem naturalmente publico, não tem adeptos. Será muito difícil em qualquer
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“alguma pedagogia no futebol profissional também é importante” parte do mundo que o árbitro tenha efetivamente aplausos em vez de assobios. Mas isso é normal, não acredito que esse paradigma alguma vez vá mudar, aquilo que se pede é que, pelo menos, se as pessoas tiverem uma cultura desportiva diferente, entroncando um bocadinho naquela primeira pergunta, percebendo melhor o papel do arbitro, talvez assobiem um pouco menos. Não digo que aplaudam mas pelo menos que compreendam melhor, mesmo que depois possam criar um clima de maior hostilidade, mas isso também faz parte da questão principal do futebol que é a paixão, e a paixão é muito irracional. Mas é importante tentar colocar algum raciocínio numa coisa que é e que vive de paixões. É quase como o Amor, é muito complicado, há coisas que não se explicam. Mas essa ideia do jovem é uma ideia muito boa, ou porque tem uns pais diferentes ou por jogar à bola, felizmente hoje nos clubes, mesmo naqueles ditos clubes pequenos, já temos muito bons formadores, muito bons treinadores que podem e que sistematicamente já estão preocupados com a formação dos jovens fazem com que essa seja a mensagem que tem passado e que está a valer.
Segundo o Francisco, “As atitudes são diferentes, o arbitro pondera mais connosco”. Quais deverão ser as responsabilidades dos árbitros do ponto de vista pedagógico? Porque será que esta questão não foi mais referida e aprofundada pelas crianças? Naturalmente que há diferenças, o futebol é diferente em vários tempos e circunstâncias e quando um árbitro chega à 1ª divisão e ao futebol profissional percebe claramente, se é que não sabe já, mas vai ter essa vivência, que o futebol profissional é completamente diferente do resto, não tem nada a ver. Numa fase de formação, quer para o arbitro quer para os atletas, sobretudo no futebol 7 e nas camadas jovens, é muito importante esse papel pedagógico do arbitro relativamente aos jovens, mais condescendência, se calhar fugindo um pouco à aplicação das regras e da lei, embora isso seja muito discutível, se é bom ou não mostrar um cartão amarelo aos jovens, porque o jovem também está a aprender e se calhar o facto de levar um cartão amarelo
também pode ser uma aprendizagem, há esse ponto de vista que também é possível. Mas o papel pedagógico sim, de explicação do porquê de marcar um fora de jogo ou numa determinada situação em que o jovem faz mal o lançamento lateral. A explicação de uma determinada regra ou de uma infracção que o jovem comete. Naturalmente que no futebol sénior as coisas são diferentes porque aí ao arbitro é exigido muito mais a aplicação do que propriamente a parte mais pedagógica mas, até por experiências próprias e também pelo que se vê em muitos árbitros de hoje em dia, mesmo no futebol internacional, muitas das vezes, em vez de estarem com aquela postura mais distante, explicam aos jogador de uma forma rápida, “olha foi assim foi assado, eu vi assim”, e isso pode ser também importante, ou seja, alguma pedagogia no futebol profissional também é importante. Porque também os jogadores no futebol profissional em Portugal, como na restante parte do Mundo, muitas das vezes desconhecem algumas das regras ou alguma das leis e portanto se for um arbitro extremamente frio com a aplicação só das leis e das regras e muito distante em relação aos jogadores, pode ter sucesso em 2 ou 3 jogos mas vai criar uma imagem negativa, sobretudo no seu campeonato interno no seu campeonato nacional, pois nos jogos internacionais é diferente. Por isso, dentro dessa perspectiva alguma pedagogia também é importante mas é interessante também, uma vez mais, esta perspectiva do jovem que vê no arbitro esse papel pedagógico, porque os árbitros também são muito industriados nesse sentido: atenção quando vão arbitrar camadas jovens ter um bocadinho esse papel formativo.
Que medidas poderão ser implementadas no fenómeno desportivo para que todos os que nele intervêm aprendam a tolerar os erros de arbitragem e a ter maior respeito pelos árbitros e pela sua função? Volto outra vez ao mesmo. Acho que as duas coisas mais importantes numa sociedade são a saúde e a educação e quando falo em educação falo também na escola. Acho que hoje em dia, em Portugal, estas novas gerações já vão à escola, independentemente de depois abandonarem mais cedo ou mais tarde e penso que se a educação física
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“se há coisa que Portugal tem de valor, de qualidade e de positivo é o futebol e temos que o defender mais e melhor” e o desporto, de uma maneira geral, fossem visto de outra maneira, não como aquela disciplina da brincadeira, que serve para passar o tempo e que muitas vezes, quando é preciso é nelas que se corta, potenciar-se-ia o papel tão importante formativo em termos morais, psicológicos, comportamentais e de atitude que o desporto pode ter. Eu acho que essa seria a melhor medida, se as pessoas em vez de verem sentados no sofá o jogo, experimentassem rematar à baliza, falando de todos os desportos, experimentassem dar uma corrida, experimentassem fazer um abdominal, experimentassem, no fundo, tudo aquilo que é exigido a um jogador, se tivessem a experiencia também, eventualmente, de arbitrar um jogo, dirigir um jogo e perceber o grau de dificuldade experienciado pelos seus intervenientes, se calhar as pessoas não iam dizer “aquela bola também defendia”, ou “aquele golo também marcava”, ou “aquela falta, como é que ele não vê, não quis ver”. Acho que isso ajudava, e de que maneira, a compreender melhor a perspetiva de todos os intervenientes. Como costumo dizer, um problema, concretamente em Portugal, é a questão da cultura desportiva, da falta de cultura desportiva, não se percebe, muitas vezes, o próprio fenómeno e portanto é fácil fazer uma análise critica. Todos nós, em Portugal, percebemos de futebol, todos nós sabemos qual a melhor receita e o medicamento, todos nós sabemos qual a melhor política para por o país a funcionar. Portanto, todos nós opinamos. Depois o difícil é estar à frente de determinadas situações e em certas circunstâncias. Penso que grande parte da questão passa por aí. Depois, há a questão de não existir, no futebol a política, a estratégia de se aproximar o futebol da própria escola, dos jovens, com ações de formação e algo que é importante, os árbitros irem às escolas, falarem com os jovens, mesmo sabendo que vão ser analisados e criticados pelo penálti não marcado, mas as pessoas depois de conhecerem o arbitro mudam completamente de opinião. Um bom exemplo, nesta altura, foi a entrevista que o Pedro Proença deu recentemente e que obteve 90% de feedback positivo. As pessoas não sabiam que o arbitro fazia aquilo ou que era
assim ou que tinha tanto trabalho. Mudam completamente a opinião só por terem conhecido um bocadinho melhor uma realidade. Resumindo, muitas das vezes dá-se feedback por ignorância, ignorância no sentido da pessoa não conhecer a realidade. Mas também é preciso que se dê a conhecer, é preciso que apareçam mais momentos e que os próprios árbitros, que também são cúmplices nisto e às vezes fecham-se num casulo e não se querem mostrar, o que é negativo.
Acha que a aproximação do trabalho do arbitro à comunicação social e ao publico em geral poderá melhorar a imagem dos mesmos junto do publico? Entrevistas, conferencias de imprensa, etc. Sim, mas um dos grandes problemas são as restrições impostas pela Fifa e pela Uefa a que as federações não podem desobedecer. Nós se agora quisermos introduzir uma tecnologia não podemos. A Fifa e a Uefa dizem “Nós é que mandamos, se vocês não obedecerem as vossas seleções deixam de poder jogar os torneios organizados por nós, os vossos clubes não vêm à Champions”, e a Fifa e a Uefa são muito renitentes em relação às novas tecnologias, mas também à exposição dos árbitros, como no caso das tais conferencias de imprensa que podem eventualmente ser produzidas. Eu não tenho duvidas que o caminho terá de ser esse, o caminho de dar a conhecer e da aproximação. Da mesma maneira, acho que o conselho de arbitragem, apesar do Vítor Pereira já ter dado entrevistas à televisão e aos jornais, em vez de ser reativo a um problema existente, devia ter a política de de x em x tempo vir, como já fizeram à uns anos, explicar os principais lances que ocorreram, vir explicar porque é que agora de repente se mudam as nomeações, porque antes eram com 48 horas. Se houver uma explicação, se forem proactivos, antecipam-se às criticas, que irão sempre existir, explicam e as pessoas podem não concordar mas ficam esclarecidas sobre o ponto de vista dos árbitros. Da mesma maneira este tipo de entrevistas que o Pedro Proença deu são importantes e fundamentais.
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Nesse momento o Pedro Proença não está a marcar nenhuma grade penalidade ou um fora de jogo e a ser alvo de critica, ele nesse momento esta a mostrar o seu lado mais humano, “mais normal”, como cidadão e como pessoa. Isto normalmente trás efeitos benéficos, não só para a própria pessoa mas para a projeção da própria classe. Eu acho que é muito importante não ter medo da comunicação social, não ter medo de se expor, não ter medo de falar. Isto com a devida preparação, o Pedro Proença é um arbitro preparado para isso, tal como quase todos os árbitros da primeira divisão. Esta questão trás outra, a da profissionalização e os árbitros serem preparados para saber falar e comunicar, é um ponto fundamental desta questão. Mas não tenho duvidas nenhumas que, como tudo na vida, as pessoas depois de conhecerem determinada pessoa ficam com uma ideia totalmente diferente e normalmente para melhor, a não ser que essa pessoa não tenha valores nem qualidades. Este é um caminho até para os próprios jovens conhecerem melhor a perspetiva do árbitro, as dificuldades que tem, o estilo de vida. A comunicação social também pode ter um papel importante, pois da mesma forma que analisa e critica também está disponível para ouvir e transmitir os pontos positivos, portanto essas entrevistas são fundamentais.
Por ultimo, gostaria de acrescentar mais alguma nota? Gostava de reforçar uma ideia que já transmiti, acho que muitas das vezes as imagens negativas, ou menos positivas, que os jovens e as pessoas têm estão muito relacionadas, por um lado, com o excesso de protagonismo dos nossos dirigentes, que de todos os elementos que estão no futebol são aqueles que menos evoluíram, toda a gente faz cursos, toda a gente faz formação, toda a gente se profissionaliza e os dirigentes são os que menos evoluem e as palavras deles têm muita força. E a política de comunicação que esses agentes têm promove a imagem negativa que as pessoas têm dos árbitros e quando se critica a arbitragem está-se a criticar todo o futebol e há tanta gente que depende
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do futebol, neste caso uma dependência positiva, porque trabalham em função dele, que independentemente das rivalidades e da competição a estrutura do futebol em si tem que ser ajudada e defendida. Por isso é que não consigo compreender esta guerra das televisões, que está a acontecer. Nós vamos aos países aqui próximos e os pacotes das televisões são negociados todos em conjunto, naturalmente o Real Madrid ou o Barcelona têm que ganhar mais dinheiro que o Ossassuna, mas há uma negociação conjunta. E quem fala das televisões fala de todas as politicas e estratégias que têm que existir para que o futebol se torne num produto rentável. Depois há as guerras internas e a imagem que se passa para o exterior e aí os ingleses dão-nos muitas lições, por exemplo na arbitragem. Os árbitros ingleses, como todo o respeito, até são muito piores que os nossos, são árbitros que erram muito, mas a estrutura deles protege-os tanto e penaliza tanto quem os critica, que a imagem que passa para o exterior é de que “aquilo já passou, já foi”. O Mourinho no outro dia disse isso, quando acabou um jogo da Liga dos Campeões, em que foi expulso, “isto se fosse em Portugal tínhamos aqui pano para mangas, mas aqui já passou, temos novo jogo na quarta-feira” porque a própria estrutura penaliza quem critica e é essa estratégia que acho que era importante assumir e que vinha, e de que maneira, defender o futebol português. Não é falta de modéstia, nós temos alguns dos melhores do mundo, o melhor treinador, ou dos melhores, o Cristiano Ronaldo, o Pedro Proença que já foi considerado o melhor, o melhor agente, grandes equipas e jogadores espalhados por todo o mundo. Ainda no ultimo campeonato da europa de Futsal o preparador físico dos árbitros escolhido para lá estar foi o João Dias, que é português. A minha ex mulher que trabalhou na Fifa é sistematicamente chamada aos campeonatos da Europa femininos. Temos tanta gente a trabalhar nos bastidores com competência que se há coisa que Portugal tem de valor, de qualidade e de positivo é o futebol e temos que o defender mais e melhor.
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efic ácia defensiva Que relações com o sucesso? José Barbosa
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Já todos ouvimos dizer que “um bom ataque ganha jogos mas uma boa defesa ganha campeonatos”. Mas o que caracteriza uma boa defesa? E como medir a sua eficácia? É comum vermos discussões e opiniões usando o número de golos sofridos ou o número de jogos que uma equipa passa sem ver a bola entrar na sua baliza. Mas não serão estes dados, usados de forma isolada, redutores daquilo que é a eficácia defensiva? Bem sabemos que defender com qualidade, e analisar a melhor forma de o fazer, envolve debruçarmo-nos sobre um processo complexo de coordenação entre jogadores e equipas, ocupação de espaços, duelos, etc... Neste artigo, apenas procuramos melhorar o uso das variáveis referidas, tornando a discussão sobre qual a equipa mais eficaz, mais específica e consequentemente mais “real”. Assim, cruzámos alguns indicadores de performance simples e facilmente obtidos com o objectivo de criar métricas “mais poderosas” mas igualmente fáceis de utilizar para a avaliação da eficácia defensiva. Será que há alguma relação entre as equipas mais eficazes defensivamente e a sua posição na tabela classificativa? Nota: As equipas estudadas foram todas as que participaram na 1ª Liga Portuguesa nas épocas 2012/13 e 2013/14 (até à jornada 19).
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eficácia defensiva 2012/2013 REMATES NECESSÁRIOS PARA SOFRER GOLO VALOR MÉDIO DA LIGA
16
FC Porto
15
1
+
CLASSIFICAÇÃO
14
Benfica 2
13 12 P.Ferreira
11
3
Marítimo
10
7
Sporting
Moreirense
10
15
Estoril
5
Vitória SC Nacional
9
9
8 11
8
Rio Ave
Académica
14
Olhanense
Braga
Vitória FC 12
G Vicente
4
7
6
13
-
6 6
16
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Beira-Mar
16
17
18
19
REMATES QUE SOFREM POR JOGO
O
s gráficos cruzam o número de remates que uma equipa sofre, com o número de remates necessários para que essa equipa sofra um golo. São apresentados para cada equipa os valores médios por jogo. Os eixos do gráfico mostram os valores médios da Liga. As equipas mais eficazes defensivamente, sofrem poucos remates por jogo e paralelamente necessitam de muitos remates para sofrer um golo (quadrante superior esquerdo). Em sentido contrário as equipas que têm mais dificuldades em defender a sua baliza, sofrem muitos remates por jogo e com poucos concedem golos (quadrante inferior direito).
Nota: valores médios ajustados à unidade.
Porto
foi a equipa mais eficaz em 2012/13 sofrendo em média 7 remates por jogo, e vendo a bola entrar na sua baliza apenas após 15 remates.
4
é o número de equipas entre as 5 primeiras da classificação 2012/13, que se situaram no quadrante de maior “eficácia defensiva”. Apenas o Braga se apresentou fora deste - embora tenha sido a 3ª equipa com menos remates sofridos por jogo (11), apenas necessitou (em média) de 7 remates para sofrer um golo, comparando com Paços de Ferreira (11) e Estoril (10).
12:10
- valores para o número de remates sofridos por jogo : remates sofridos por golo referentes ao Sporting. Esta é a única equipa do meio da tabela 2012/13 (6º ao 10º classificado), que se situou abaixo da média da Liga para “remates sofridos por jogo” e conseguiu entrar no quadrante das mais eficazes defensivamente.
dividida
29
eficácia defensiva 2013/2014 REMATES NECESSÁRIOS PARA SOFRER GOLO
VALOR MÉDIO DA LIGA
24
+
CLASSIFICAÇÃO
22
5
Nacional
20 Sporting
18
3
16 Belenenses
14
14
Benfica
12
Vitória SC
1 4
6
9
2
G Vicente
Braga
Estoril
10
Académica 12
7
Olhanense
FC Porto 10
Marítimo
Rio Ave
8
11
16
Vitória FC
8
-
P. Ferreira
6 7
8
9
10
11
12
13
15
13
14
Arouca
15
16
17
18
19
REMATES QUE SOFREM POR JOGO
Benfica
foi a equipa mais eficaz em 2013/14 (até à 19ª jornada) sofrendo em média 8 remates por jogo, e vendo a bola entrar na sua baliza apenas após 12 remates. O Porto neste período, embora conceda menos remates (7), tem demonstrado ligeiramente mais dificuldades em não sofrer golos (1 golo a cada 11 remates).
7:22
– valores para o número de remates sofridos por jogo : remates sofridos por golo referentes ao Nacional (5º classificado). É de notar o elevado número de remates sofridos, mas simultaneamente é a equipa a quem é preciso rematar mais para fazer golo (22 remates).
5
é o número de equipas entre as 6 últimas da classificação 2013/14 (até à 19ª jornada), que se situaram no quadrante de menor “eficácia defensiva”. Apenas o Belenenses se apresentou fora deste, principalmente pelo menor número de golos sofridos face aos remates contra (1 golo a cada 14 remates).
Estatísticas de jogo cedidas por:
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dividida
“regra geral, quanto mais as equipas se posicionam ou aproximam do quadrante de maior eficácia defensiva, melhores classificações obtêm” Para as duas épocas analisadas, regra geral, quanto mais as equipas se posicionam ou aproximam do “quadrante de maior eficácia defensiva”, melhores classificações obtêm. Em sentido oposto, as equipas perto dos lugares do fundo da tabela pontuam menos na relação de variáveis utilizadas, aproximando-se do quadrante inferior-direito. Quanto às equipas “do meio da tabela” nota-se uma evolução de 2012/13 para 2013/14: nesta época (até à 19ª jornada) sofreram menos remates contra, mas simultaneamente passaram para baixo da média da Liga no que diz respeito a evitar o golo (menos remates necessários por golo sofrido). Será que a Liga no seu conjunto está a ficar menos eficaz defensivamente? Estarão as equipas a defender mais por “aglomeração” do que por “organização”? Esta forma de avaliação mostra-nos uma correlação mais ou menos directa entre “eficácia defensiva” e “classificação”, reforçando a importância do treino e preparação desta fase durante a semana.
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carlos carva lhal entrevista com
Treinador de Futebol
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“se estamos a trabalhar a organização defensiva, estaremos a contemplar ao mesmo tempo o momento de transição ofensiva e organização ofensiva” Vários treinadores referem dar mais ênfase a uma fase do jogo no início do seu trabalho num clube. O que para si constitui a base da organização de uma equipa (ex. processos defensivos ou ofensivos)? Pode explicar como organiza a sua preparação e como esta evolui ao longo da época? Nós entendemos a organização da equipa pelo Todo. No nosso processo de modelação contemplamos exercícios com dois ou mais momentos do jogo. Tendo isto em conta, torna-se difícil dizer se abordamos ou enfatizamos mais um momento do que outro. Se estamos a trabalhar a organização defensiva, estaremos a contemplar ao mesmo tempo o momento de transição ofensiva e organização ofensiva. Se estamos a trabalhar a organização ofensiva estamos a organizar a equipa para o potencial momento que podemos perder a bola (transição defensiva) e assim também a organização defensiva. A evolução é em função do Jogo que aspiramos para a nossa equipa e a forma como esta vai correspondendo nos jogos. O jogo serve de avaliação e determina a preparação do morfociclo (n.d. “semana” de treino) seguinte. Seguindo esta lógica: fazer evoluir o nosso jogo; “reparar” ou incrementar alguma particularidade de um momento do jogo que não está a funcionar bem; exprimir uma estratégia para o jogo seguinte tendo em conta as características do adversário, sem comprometer a nossa Ideia de Jogo. Semana a semana... Jogo a jogo, treino a treino... “o caminho faz-se ao caminhar...” Mas tendo em vista objectivo que perseguimos... A Ideia de Jogo utópica que aspiramos.
Quais são para si os principais factores que influenciam a capacidade para uma equipa defender bem? Colocado de outra forma, o que procura ver e desenvolver em termos defensivos, no trabalho com as suas equipas? Uma equipa defende bem quando impede através da sua organização defensiva colectiva o adversário de criar situações de golo, procurando recuperar a bola em zonas identificadas como de pressão intensa. Para o conseguir, primeiro definir claramente um jogo zonal colectivo de coberturas constantes. Fechar o eixo central do campo; encurtar a distância entre todas as linhas; manter equidistância entre jogadores de forma a que o adversário não jogue por “dentro” da nossa equipa; definir claramente zonas de pressão intensa sobre o adversário; e muito importante, pressão forte sobre o portador da bola. Depois disto existem imensos sub-princípios de jogo que são importantíssimos para que os princípios tenham eficácia. Poderíamos, por exemplo, começar pelo posicionamento dos apoios...
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“no futuro, vai-se diluira ideia que uma defesa com jogadores lentos não possa pressionar “alto”, mas há que ter jogadores mais avançados bem posicionados e a condicionar o adversário” Vê o trabalho defensivo no futebol ajustarse no sentido do que já acontece em outras modalidades - um treinador mais focado nesta fase do jogo ou trabalho específico individualizado (complementar) para os jogadores? Nas minhas equipas técnicas já tenho um treinador mais focado na organização defensiva da equipa há vários anos...
Nos países latinos, por vários factores, a base de análise do jogo é qualitativa. Os gráficos apresentados mostram de uma forma simples como várias equipas se comparam em termos de “eficácia defensiva”. Como é que o suporte quantitativo (vulgo dados estatísticos) pode suportar o seu trabalho como treinador? Eu acredito na estatística quando ela está dentro de padrões qualitativos. Se ela me proporcionar matéria qualitativa eu aproveito-a para o meu trabalho, se isso não acontecer, não é uma informação fundamental mas sim acessória. Mas não deixa de ser informação...
Do conhecimento que tem do jogo actual, o que pensa serem as tendências em termos defensivos para o futuro? Acho que cada vez se vai defender com mais qualidade. Os treinadores estão cada vez mais informados e atualizados. O defender bem e com qualidade começa com o posicionamento defensivo dos nossos avançados. Vai-se diluir a ideia que uma defesa com jogadores lentos não possa pressionar “alto”, mas esta ideia será fortalecida pelo imperativo de ter jogadores mais avançados bem posicionados e a condicionar o adversário... Outro aspecto que vai tender a melhorar no jogo de alto nível é a capacidade de transição defensiva a contemplar a rápida recuperação, seja pela capacidade de reacção como também pelo bom posicionamento dos jogadores em equilíbrio. Uma equipa comprometida com o seu jogo em termos defensivos, temos como exemplo as equipas de José Mourinho. Com a ideia de defender alto, sem ter jogadores muito rápidos em função do comprometimento e posicionamento dos jogadores mais avançados, podemos apontar o Bayern Munique de Guardiola.
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eusĂŠbio e ronaldo opiniĂŁo
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guarda redes portu gueses talento vs oportunidades
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Vítor Damas, Manuel Bento, Vítor Baía... Estes são os nomes de algumas das maiores referências das “balizas” da história do futebol português. Actualmente, é vulgar dizer-se que há uma ausência de referências nesta posição específica, o que tem provocado uma escassez de talentos. Será que é mesmo esta a realidade? Ou será que são as oportunidades reduzidas para que esses talentos cresçam? Para lançar a discussão sobre estas perguntas, fomos analisar quais os guarda-redes (GR) mais utilizados por clube na 1ª volta da época 2013/2014 da Liga Zon Sagres (1ª Liga). Quais as nacionalidades e idades predominantes? Como isto se compara com a realidade nas restantes 7 Ligas mais competitivas da Europa (Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália, França, Holanda e Rússia)? Não satisfeitos, aprofundámos a questão e englobámos ainda os 2ºs GR mais utilizados da 1ª Liga e os GR mais utilizados da Liga Cabovisão (2ª Liga). Por fim, realizámos um estudo comparativo das últimas 5 épocas da nossa 1ª Liga (desde 2008/2009), relativamente à nacionalidade dos GR mais utilizados. Nota: fonte dos dados - www.zerozero.pt
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média de idades dos guarda-redes nas principais 1ªs ligas europeias
MÉDIAS DE IDADES DOS GUARDA-REDES
30
29,3
29,2
29
28,9
28,9
28,9
28,6
28
27
26,6 26,1
26
25
24 Itália
1ª LIGA
Rússia 1ª LIGA
Espanha 1ª LIGA
França
Portugal apresenta uma média de idades para os seus GR principais em linha com o resto dos países analisados. No entanto, é ainda assim o terceiro país com média mais baixa para os seus GR.
1ª LIGA
Inglaterra 1ª LIGA
Portugal 1ª LIGA
28,6
– é a média de idades dos Guarda-Redes mais utilizados por clube, em Portugal, na Liga Zon Sagres.
Alemanha 1ª LIGA
26,1
Holanda 1ª LIGA
– é a média de idades dos GR na Eredivisie (Holanda), a mais baixa entre as ligas analisadas.
29,3
– é a média de idades dos GR na Série A (Itália), a mais elevada entre as ligas analisadas.
Nota: amostra 120 guarda-redes mais utilizados
dividida
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Nacionalidades dos guarda-redes mais utilizados em oito 1ªs ligas Mundiais
Rep. Checa
3,3% Inglaterra
Argentina
3,3%
4,3%
Bélgica
Espanha
4,3%
15,1%
Polónia
4,3%
Portugal
7,6%
Itália
15,1%
Brasil
11,9% Holanda
14,1%
Rússia
12,1%
França
14,1%
Alemanha
14,1%
15
- é o número de Guarda-Redes espanhóis e italianos (separadamente) entre os mais utilizados nas 8 ligas analisadas. Holanda, França e Alemanha seguem-se nesta lista com 14.
60%
dos Guarda-Redes das 8 Ligas pertencem a 5 países: Espanha, Itália, Holanda, França e Alemanha.
12
– todos os Guarda-Redes russos desta amostra jogam na Liga Russa (16 equipas).
7
– é o número de Guarda-Redes Portugueses entre os mais utilizados nas 8 ligas analisadas. Este valor corresponde a 6% do total.
3
- Inglaterra apenas contribui com 3 guarda-redes para a lista dos 148 GR mais utilizados...
dividida
guarda-redes nacionais percentagem por país
90% 80%
77,8%
75%
70%
65%
65%
61,1%
60%
60% 50% 40%
31,3%
30% 20%
10% 10% 0% Alemanha 1ª LIGA
33,3%
- representa os 5 portugueses entre os Guarda-Redes mais utilizados na 1ª Liga Portuguesa (1ª volta).
77,8%
– Na Alemanha, apenas 4 Guarda-Redes entre os mais utilizados são estrangeiros. Existem 14 Guarda-Redes alemães entre os mais utilizados na 1ª volta da Bundesliga.
Rússia 1ª LIGA
Espanha 1ª LIGA
10%
- Em Inglaterra, apenas 2 Guarda-Redes ingleses estão entre os mais utilizados. Há 18 GR estrangeiros a competir na Premier League. * Existem 2 GR escoceses e 1 galês no grupo dos mais utilizados na Premier League, mas foram contabilizados como estrangeiros (não selecccionáveis).
Itália
1ª LIGA
Holanda 1ª LIGA
França 1ª LIGA
Portugal 1ª LIGA
Inglaterra 1ª LIGA
Portugal é o 2º país com menos Guarda-Redes nacionais entre os mais utilizados na sua 1ª Liga. Todas as ligas excepto Inglaterra apresentam valores próximos do dobro em termos percentuais.
43
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guarda-redes da 1ª e 2ª Ligas Portuguesas
média de idades
média de guarda-redes portugueses
28
100%
80%
26 25
86,36%
90%
27
28,6
28,36 26,2
24
70% 60% 50% 40%
23
31,25%
31,25%
30% 22
20%
21
10%
0
0% 1ª LIGA
Titulares
28,36
- A média de idades dos Guarda-Redes mais utilizados na 2ª Liga é praticamente igual à da 1ª Liga. No entanto, a tendência é para uma média mais baixa entre os jogadores que ficam no banco na 1ª Liga.
1ª LIGA
Suplentes
2ª LIGA
86,36%
– é a percentagem de Guarda-Redes portugueses como 1ª opção na 2ª Liga. Quase 3 vezes mais que na 1ª Liga.
1ª LIGA
Titulares
1ª LIGA
Suplentes
2ª LIGA
dividida
Suíça Austrália Inglaterra Polónia
1
nacionalidades
Paraguai
1
1
1
Sérvia
1
Argentina
1
1
Angola
2
Eslovénia
2
França
2
Portugal
29 Brasil
12
12 - O Brasil surge
destacado como o país estrangeiro que mais contribui com Guarda-Redes para as Ligas portuguesas.
Nota: O Sporting de Braga é a única equipa da 1ª Liga Portuguesa com 2 Guarda-Redes portugueses como mais utilizados.
45
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guarda-redes portugueses evolução da percentagem na 1ª liga
70% 60% 50%
43,75%
40%
31,25% 25%
30%
31,25%
25%
20% 10% 0% 2009/2010
43,75
- Representa a percentagem mais elevada de Guarda-Redes portugueses a jogar na nossa liga (2009/2010 com 7 GR).
2010/2011
25
2011/2012
– Nas épocas de 2010/2011 e 2011/2012 verificaram-se as percentagens mais baixas de Guarda-Redes portugueses como mais utilizados na nossa liga (4).
2012/2013
2013/2014
dividida
Como se enquadra então o guarda-redes português no panorama das ligas mais representativas? A média de idades dos GR mais utilizados na Liga Zon Sagres (28.6 anos) é próxima da maioria das restantes ligas, apesar de ser a 3ª mais baixa. Os principais países a contribuírem com GR para estas ligas são a Espanha e a Itália, seguidos da Holanda e da França. Olhando mais de perto para a utilização dos GR nas suas 1ª Ligas, Portugal é o 2º país menos representado nas 8 ligas analisadas - apenas cerca de 1/3 dos GR na 1ª Liga são portugueses. No topo deste ranking encontram-se a Alemanha e a Rússia (ambas acima dos 75%) – países que preferem claramente GR nacionais. Inglaterra pouco contribui no que diz respeito a esta posição, enquanto que o Brasil se continua a afirmar também aqui como um grande exportador... Olhando mais de perto para Portugal, há muito mais GR portugueses (em percentagem) a serem utilizados na 2ª Liga, comparativamente com a 1ª Liga. A média de idades dos GR mais utilizados da Liga Zon Sagres e da Liga Cabovisão é muito semelhante (±28), mas a média de idades dos segundos GR mais utilizados
47
da Liga Zon Sagres é substancialmente mais baixa (±26). Isto indica-nos que há vários GR jovens pouco utilizados na 1ª Liga. Dos 54 GR analisados nas duas ligas profissionais portuguesas (1ª e 2ª opções na 1ª Liga + 1ª opção na 2ª Liga), temos 29 portugueses e 25 estrangeiros, com destaque para 12 brasileiros (metade dos estrangeiros). Nas últimas 5 épocas da Liga Zon Sagres, a percentagem mais elevada de GR nacionais foi de 43,75%. Esta é a realidade. Quais os desafios que se avizinham para o futuro dos guarda-redes portugueses?
48 dividida
ricardo peres entrevista com
Treinador de GR FPF – Selecção Nacional AA
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“a falta de formação para treinadores de Guarda-Redes portugueses, tem como principal consequência, a ausência de quantidade de Guarda-Redes nacionais” Pode falar-se de uma ausência de “escola” de Guarda-Redes portuguesa? Com as carências em termos de formação que existe no contexto dos GR em Portugal, pode afirmar-se que não existe uma linha orientadora comum na concepção dos princípios do GR português. Esta é, na nossa opinião, o núcleo da questão. Para conseguirmos bons atletas, temos que ter bons treinadores. Para termos bons treinadores, temos que ter formação para tal. Verificamos que alguns treinadores de GR portugueses são convidados para dar aulas nos cursos de treinadores desta posição posição especifica no estrangeiro (caso de Espanha, Itália, etc.), enquanto que em Portugal somos obrigados a frequentar colóquios ou ações de formação de empresas privadas (às quais devemos estar agradecidos), para podermos partilhar conhecimento de uma forma sistematizada e regular. Tudo isto tem como consequência, um trabalho individualizado e não colectivo dos treinadores de GR portugueses. Desta forma, iremos crescer em muito menor velocidade que outros países, tendo como principal resultado, uma ausência da “escola do GR português”.
Acha que a ausência de referências nacionais nas “balizas” é determinante para o gosto dos nossos jovens praticantes pela posição de Guarda-Redes? É uma preocupação bastante pertinente. Temos a sensibilidade que as referências são determinantes. Como tal, tivemos a iniciativa de criar uma articulação com o Desporto Escolar (o “Dia do GR”), no intuito de aproximar os GR nacionais aos jovens estudantes entre os 4º e 9º anos.
Neste tipo de evento, convidamos os GR de referência em Portugal no sentido de estes conviverem em contexto social, de prática de treino e competitiva, com os alunos. Podemos afirmar, que o projeto foi um sucesso, sendo que o que está em “cima da mesa” atualmente, é aumentarmos o número de participantes e o a visibilidade mediática do evento. As referencias são fundamentais, mas as mesmas só irão “crescer” aquando do seu bom desempenho. Desta forma, voltamos a falar do temas da resposta da pergunta anterior. Para bons desempenhos, bons treinadores, boa formação...
Por que motivos não existe uma aposta dos treinadores da 1ª Liga no Guarda-Redes português? Penso que é uma pergunta que deve ser dirigida aos treinadores da 1ª liga. No entanto, o foco deve estar na formação de bons GR sejam portugueses ou estrangeiros. Qualquer GR, de qualquer nacionalidade, com boa formação de base e de competição, está mais apto para atingir a superação e desta forma uma performance de excelência.
Quais pensa serem as medidas a implementar na formação de jovens Guarda-Redes, que permitam o aparecimento de Guarda-Redes cada vez mais competitivos no alto rendimento? Relativamente a este assunto, já enumeramos 2 medidas importantes nas respostas anteriores. Uma formação adequada ao contexto nacional, com uma visão do “GR em Jogo” e não somente do GR na sua especificidade (n.d. como elemento isolado). O equilíbrio entre as 2 vertentes, pensamos ser o mais adequado. A ausência
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de uma “escola do GR português” terá que ser aproveitada para criarmos uma dinâmica de intervenção do GR o mais “moderno” possível. Vermos como está e para onde caminha o jogo, é base da formação de qualquer posição. A promoção da sensibilidade dos jovens para a posição, juntamente com a prática informal em ligação com as referências portuguesas, está dinamizada através do já referido “Dia do GR”. Como 3ª medida, temos em vista a partilha e cooperação com algumas Universidades Portuguesas, no intuito de concebermos em conjunto uma pós-graduação em Treino de GR. Neste contexto, poderíamos vir a contribuir para a formação de treinadores a partir do ensino superior, de onde têm recentemente saído vários profissionais reconhecidos noutras áreas da modalidade. É ainda neste registo de ligação académica que se encontram muitos treinadores de escalões mais jovens. Temos ainda a possibilidade de através dos trabalhos de investigação pertencentes às pós-graduações, fomentar a sincronização entre o conhecimento científico e prático da modalidade, nomeadamente para a posição de GR. Gostaríamos que a Federação Portuguesa de Futebol se tornasse numa referência para o desenvolvimento daquilo que as pessoas apelidam de “escola do GR português”.
“Um Guarda-Redes oriundo da formação irá sempre ser menos oneroso que um comprado a outro clube.”
O que leva os clubes da 1ª Liga a apostarem em Guarda-Redes “suplentes” de outra nacionalidade que não a portuguesa? Acima de tudo, pensamos que a falta de mais e melhor formação para treinadores de GR nacional, tem como principal consequência, a ausência de maior quantidade de GR portugueses. É fácil relacionarmos a falta de aposta nos GR portugueses com factores abstractos, tais como a lei do mercado, etc. Temos que nos concentrar no que podemos vir a fazer para mudar alguns aspectos do futebol nacional e não andar à procura de culpados... O nosso foco deve ser investir na formação, pois tudo o resto virá por arrasto. Um GR oriundo da formação irá sempre ser menos oneroso do que um GR comprado a outro clube.
É mais vantajoso para os jovens Guarda-Redes portugueses jogarem regularmente na 2ª Liga ou tentarem afirmar-se em clubes da 1ª Liga? Temos que formar mais e ainda melhores GR. Não estamos satisfeitos com o número de GR nos mais altos escalões nacionais. Temos que assumir a nossa parte de responsabilidade. Se formarmos os melhores, os mesmos irão competir em qualquer Liga. Se me perguntar se prefiro ter um jovem sem jogar na 1ª liga ou a jogar na 2ª, tenho que lhe responder que tudo depende do contexto onde ele poderá estar inserido.
Pode dizer-se que ao nível dos Guarda-Redes, temos os mesmos problemas que a Inglaterra? É o que mostram os resultados. No entanto, quero ressalvar que aos nossos olhos, é positivo ter um GR Português a jogar numa das principais ligas europeias. Se assim é, temos que ter o mesmo critério quando olhamos para o nosso país. Em base, queremos é formar GR de qualidade para jogar ao mais alto nível competitivo. Não podemos olhar para as fronteiras, como se fazia antigamente. Somos cidadãos do mundo tendo como objectivo elevar a qualidade dos clubes e seleções, alimentado-os com a melhor formação possível de jogadores, sejam ou não GR.
O que faz da Alemanha, Holanda, Itália, Espanha e Brasil modelos de sucesso? Na minha opinião, o modelo de sucesso deve ser avaliado pela qualidade da formação de treinadores e dos jogadores e não pelo número de GR nacionais que jogam nas suas ligas. Se assim fosse, teríamos ligas em que este critério
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“se me perguntar se prefiro ter um jovem sem jogar na 1ª liga ou a jogar na 2ª, tenho que lhe responder que tudo depende do contexto onde ele poderá estar inserido”
de sucesso chegaria aos 100%. Temos que nos debruçar na quantidade e qualidade dos GR portugueses a jogar ao mais alto nível, ou seja, nas principais ligas europeias e não somente na Portuguesa. Não devemos entrar pelo sentido de patriotismo cego, em que a nacionalidade é um critério de escolha. Queremos formar mais e melhor, para o mais alto nível competitivo, sabendo que os GR formados em Portugal poderão aparecer onde for mais adequado, mediante a qualidade que apresentem.
Este problema da escassa utilização de Guarda-Redes portugueses em que medida pode prejudicar a selecção nacional? Os GR portugueses bem formados, irão competir em qualquer parte do mundo. A seleção nacional tem que estar preparada para os observar em qualquer lugar. Temos o caso do Beto. Um momento decisivo na sua carreira foi quando decidiu ir jogar para o CFR Cluj da Roménia. Hoje temos um Beto com um desempenho bastante positivo numa das principais ligas mundiais.
Por fim, qual pensa poder ser o papel dos treinadores de Guarda-Redes, no que diz respeito à utilização de Guarda-Redes portugueses no nosso maior escalão competitivo? O treinador de GR tem que ter sempre, em primeiro lugar, o perfil de um treinador de futebol. Só sendo especialista em futebol, poderá ser especialista em qualquer outra posição do campo, seja ela GR ou não. Depois, como qualquer elemento da equipa técnica, poderá ter a(s) sua(s) especificidade(s), neste caso a do treino de GR. Só trabalhando em equipa, os treinadores poderão desenvolver a articulação fluída que tem que existir entre as várias posições do jogo. O treinador de GR de hoje, tem que potenciar ao máximo (juntamente com a restante equipa técnica), um elemento do jogo, neste caso o GR. Quanto melhor for o seu trabalho, melhor poderá ser o desempenho do jogador e da equipa. O GR não é mais nem menos importante que qualquer jogador de outra posição.
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mercados de inverno Qual o seu impacto entre 2008 e 2013? Tiago Sousa e Jorge Belga
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Todos os anos a expectativa e especulação em torno das janelas de transferências gera um ruído em torno do jogo que já faz parte e alimenta o imaginário dos adeptos de futebol. Quem deixará a sua equipa, quem acrescentará qualidade, quem será o próximo a surpreender-nos ou a até a despontar numa nova realidade... Durante a abertura do mercado, que em Portugal ocorre no Verão e em Janeiro (mercado de inverno), há claramente uma oportunidade para ajustar e dotar o plantel de melhores condições competitivas (e potencial económico). As perspectivas são sempre de melhorias, não só do espectáculo mas também da posição na tabela classificativa. Mas serão estas melhorias reais? Será que as equipas
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que mais se têm reforçado no mercado de inverno são também aquelas que revelam um melhor balanço pontual e classificativo (após a chegada destes reforços)? Em termos económicos, será que as equipas que mais dinheiro gastam em transferências nos mercados de inverno (MI) melhoram efectivamente os seus resultados desportivos? Analisámos as transferências realizadas pelos clubes que estiveram na 1ª Liga nas últimas 5 épocas (2008/09 a 2012/13). Nota: como dia de referência para “antes” e “depois” do mercado de inverno utilizámos a data de 1 Janeiro, dia a partir do qual os clubes já podem utilizar os jogadores recém incorporados. Nota: fonte dos dados - www.zerozero.pt e e www.transfermarkt.co.uk
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RESUMO DAS TRANSFERÊNCIAS
16
34 33,7%
MONETÁRIAS
CUSTO ZERO
40 39,6%
4 4,0%
REGRESSO EMPRÉSTIMO
FORMAÇÃO
15,8%
7
6,9% SEM INFORMAÇÃO
TOTAL
101 100%
BALANÇOS CLASSIFICATIVOS
BALANÇOS PONTUAL
Comparação entre classificação registada antes e depois do mercado de inverno
Comparação entre pontos obtidos antes e depois do mercado de inverno
69,1%
67,3%
30,9%
32,7%
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26.040.000 €
5.208.000 €
62,9min
Total de capital Investido em transferências de jogadores no MI
Média do Capital Investido em transferências de jogadores por época
Média de minutos/jogo de jogadores por transferência monetária no MI
No total das 5 épocas analisadas houve uma clara melhoria da posição classificativa e pontual.
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40 – foi o número
de jogadores regressados de empréstimo. Esta foi o tipo de transferência mais utilizado pelos clubes nas últimas 5 épocas. Jogadores entrando directamente do futebol formação são apenas 4%.
DESTAQUES POR ÉPOCA Época com menores gastos em transferências. Esta coincide com o ano de início da crise mundial
2008/09
Época em que houve maior investimento (em média) de capital no MI Época com maior número de transferências monetárias, coincidindo com a época de maiores gastos
2009/10
Época em que mais clubes beneficiaram com as contratações do MI, subindo na classificação
2010/11
Época onde maior rendibilidade tiveram os investimentos do MI
2011/12
Época em que menos jogadores foram transferidos no MI
2012/13
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Número de transferências por clube
Nº DE TRANSFERÊNCIAS
12
10
8
6
4
2
0 Benfica
Sporting
MONETÁRIAS CUSTO ZERO REGRESSO EMPRÉSTIMO VIA FORMAÇÃO SEM INFORMAÇÃO
Porto
Braga
Vitória SC Vitória FC Académica Nacional
Sporting
- clube com maior valor médio de capital investido nos mercados de inverno no conjunto das últimas 5 épocas.
Rio Ave
– clube que mais se tem reforçado com jogadores emprestados de outros clubes (10).
Marítimo
Rio Ave
Benfica
P.Ferreira
– clube que se tem reforçado com menos jogadores no mercado de inverno, mas também é dos que mais tem investido.
dividida
investimento em transferências valores médios em 5 épocas
VALOR TRANSFERÊNCIAS EM MILHÕES DE EUROS
3 €2 440 000 2,5
2 €1 460 000 1,5
€1 045 000
1
€180 000
0,5
€75 000
3
– Marítimo, Vitória SC (Guimarães) e Paços de Ferreira são os clubes que mais têm feito progredir jogadores directamente da formação para a sua equipa profissional no mercado de inverno.
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“a equipa que mais gastou em transferências nos mercados de inverno das últimas 5 épocas (Sporting CP), não foi a que obteve melhores balanços positivos na classificação”
Quando olhamos para a equipa que mais jogadores incorporou nas suas equipas nos mercados de inverno das últimas 5 épocas - Vitória FC (Setúbal) – apesar de apresentar um balanço positivo de pontos na 2ª parte do campeonato, não foi a que teve melhores incrementos em termos de classificação ou pontuação. Em relação a investimento monetário, a equipa que mais gastou em transferências nos mercados de inverno das últimas 5 épocas (Sporting CP), não foi a que obteve melhores balanços positivos na classificação (nem na pontuação). Em contraponto, uma das que melhor rendimento conseguiu, perante estes indicadores, foi uma das que menos tem gasto, o Paços de Ferreira - único clube
que no total das últimas 5 épocas, apresentou sempre balanços classificativos /pontuais positivos após o mercado de inverno, não tendo investido qualquer capital em transferências. Não parece assim haver uma relação directa entre o reforço/investimento no plantel durante o mercado de inverno e o sucesso desportivo. Esta análise vem reforçar a ideia de que o mercado de inverno, mais do que o de verão não é um mercado tão “decisivo”. Regra geral, os clubes utilizaram (média de ±63min/jogo) os reforços que chegaram no mercado de inverno. Isto leva-nos a questionar o epiteto de “mercado mais limitado e de oportunidades”. No entanto,
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acreditamos que como os outros períodos de transferências e o rigor orçamental a que os clubes estão hoje sujeitos, apenas se deve actuar em caso de necessidade e com objectivos muito bem definidos. Estas transferências muitas vezes têm carácter de urgência (ex. colmatar o espaço de um jogador com uma lesão de longa duração), ou um carácter mais estratégico (ex. um jogador com potencial desportivo /económico futuro). Por último, levantamos a ideia de que há outros factores, como por exemplo o treino, liderança, mais tempo de trabalho, etc., que estão na base do rendimento das equipas na 2ª parte do campeonato, mais do que o simples incorporação de jogadores.
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ac รกcio santos entrevista com
Comentador Desportivo e Treinador
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“o Mercado de Inverno é um momento de reequilíbrio, reajuste (...), e com a intenção de melhorar um aspecto em particular, que foi identificado e tem de ser resolvido/melhorado”
Como vê o mercado de inverno em comparação com o mercado de verão? Apesar da postura e atitude serem idênticas, os dois momentos acabam por ter características diferentes. As transferências têm como finalidade, acima de tudo, dotar o clube de ativos que possam ser integrados dentro de um ecossistema, equipa, e que sirvam para a concretização dos objectivos propostos. No verão, a construção dessa equipa é muito mais complexa e vem acompanhada de uma expectativa, dimensão emocional e financeira superior ao mercado de Inverno. O Verão é o momento único de criação do referido ecossistema, das suas dinâmicas e interações. O Mercado de Inverno é um momento de reequilíbrio, reajuste dessas referidas interações, em ponto muito mais pequeno e com a intenção de melhorar um aspecto em particular, que foi identificado e tem de ser resolvido/melhorado. Têm a mesma génese, mas o Mercado de Inverno é muito mais especifico e particular que o Mercado de Verão. Em termos de impacto, o Mercado de Inverno, por ser tão especifico e controlado, pode vir a ter um impacto superior
ao Mercado de Verão. Mas claro, se o Mercado de Verão for realizado de forma coerente, respeitando a época anterior e segundo uma base de planeamento orçamental e desportivo realista, pode até nem ser necessário usufruir da abertura do Mercado de Inverno.
Quais são os critérios que segue em termos da incorporação de novos jogadores nas suas equipas? Há algo que diferencia a abordagem ao mercado nos vários países em quais trabalhou? O critério fundamental deriva da necessidade de melhorar algo na nossa equipa. Se temos realmente que melhorar algo e a solução não existe dentro do nosso grupo de trabalho ou até na formação, então há que procurar uma opção que consideramos ser a mais indicada para reequilibrar as suas interações. Pode advir da lesão de um jogador, ou da dificuldade de construção do plantel durante o período de Verão, como até da contratação dum ativo desportivo e financeiro para o clube, projetando já a próxima época. Em termos concretos, deveremos ser muito realistas quanto ao impacto do novo jogador na homeostasia da equipa, ou
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“A crise financeira obriga os clubes a serem muito mais seletivos nos seus investimentos e a perceberem que a formação é uma fonte de possível encaixe financeiro a curto prazo” seja, se o novo jogador irá criar reequilíbrios ou irá ser um provocador de novos conflitos. Estes podem ter a ver com a nossa forma de jogar, com o relacionamento com os jogadores do plantel fora do jogo, por exemplo. Sabemos que um jogador, para poder desempenhar um papel de rendimento na equipa, necessita de estar adaptado às suas características, mas como o campeonato continua e a necessidade de reequilíbrio é grande, não convém que seja um elemento estranho ao grupo de trabalho, ao corpo técnico, ou ao clube. Ideal até acaba por ser algum jogador emprestado que recebe a boa noticia de regressar ao seu clube de origem. Por onde passei, as características dos momentos são exatamente iguais: a necessidade! Tivemos em consideração a nossa nacionalidade e a possibilidade de contratar alguém que pudesse ser diretamente influenciado pela nossa comunicação, sem depender de outros.
De acordo com os resultados do estudo, a Formação não tem sido uma solução muito utilizada para reforçar as equipas no mercado de inverno. Face ao contexto actual e às necessidades sociais e desportivas de sustentabilidade, considera que este panorama irá mudar? Sim, claramente, mas depende da qualidade de formação do clube e do nível competitivo onde estão inseridas as suas
equipas. O ideal é identificar as possíveis necessidades após o mercado de verão e solicitar a integração dos jogadores da formação no trabalho diário da equipa principal. As equipas B são um ótimo ponto de recrutamento, principalmente se jogarem na divisão imediatamente abaixo à da equipa principal. A crise financeira obriga os clubes a serem muito mais seletivos nos seus investimentos e a perceberem que a formação é uma fonte de possível encaixe financeiro a curto prazo.
Acredita que a Formação de jogadores em Portugal poderá ser uma solução válida e exequível para o nível requerido pelos plantéis principais nacionais? Primeiro, acredito que se trabalha muito bem em Portugal, com profissionais dedicados, com uma grande vontade e ambição de virem a ser treinadores de alto rendimento. Logo, esta característica permite aos clubes considerarem que na formação há trabalho de qualidade e que deve ser aproveitado. O nível competitivo depende da experiência acessível ao jogador da formação e, como tal, deve haver sempre a preocupação de proporcionar aos jovens jogadores contextos competitivos que, gradualmente, se aproximem do nível competitivo das equipas principais, exemplo das equipas B.
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No geral, concluímos que todos os clubes estudados apresentaram balanços positivos superiores após o mercado de inverno, tanto ao nível classificativo como pontual. Será uma mera estatística ou concorda que o período pós-mercado de inverno se costuma traduzir numa melhoria efectiva tanto na performance como nos resultados das equipas? O que na sua opinião justifica isto? Cada caso é um caso, e não sei se será justo referir que é só pela inclusão de novos jogadores que as equipas evoluem. Contudo, só o facto de ser um momento de reflexão obriga as estruturas a analisar o seu momento e dinâmica, e a tomar decisões para a sua evolução. A entrada de um elemento novo obriga a que toda a dinâmica coletiva se adapte e isso redunda, por vezes, no aumento do nível de competitividade do grupo de trabalho e consequente melhoria.
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A média de minutos por jogo para jogadores provenientes de transferências monetárias é bastante significativa (±63 min/jogo), demonstrando que o capital investido no mercado de inverno foi utilizado pela maioria dos clubes e na maioria das épocas. Desta forma, podemos considerar o mercado de inverno como um mercado de necessidade? Sim, um mercado de necessidade é o termo certo. Todos sabemos identificar a forma como o nosso grupo de trabalho se relaciona. Logo, torna-se fácil perceber o que poderá fazer evoluir a dinâmica coletiva da equipa. Assim, a necessidade define a procura no mercado de inverno. Tem de ser a aposta certa, não há espaço para erros de seleção.
Que mais gostaria de destacar sobre este trabalho? A profundidade da pesquisa. São dados interessantes que servem como base nos para a reflecção sobre um momento importante que influencia as nossas equipas e clubes.
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Salários dos Jogadores Evolução nas Ligas Profissionais entre 2002 e 2010 António Sérgio Ribeiro
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Muitos jovens praticantes de futebol ambicionam ser um dia jogadores profissionais. Há várias razões que podem levar um jovem a ambicionar tal carreira. Muitos aspiram ser como os seus ídolos de infância, outros são impulsionados pelo entusiasmo dos pais, que sempre sonharam ver um filho ser estrela na modalidade, e há ainda quem deseje apenas ter uma carreira profissional que lhe proporcione um bom nível de vida, com estabilidade e conforto no campo financeiro. Os valores auferidos pelos jogadores profissionais de futebol ao longo de toda a sua carreira tendem a não ser conhecidos pelo público, porquanto nem os jogadores nem os clubes, na grande maioria dos casos, fornecem dados concretos e fidedignos sobre esse assunto à generalidade do público e à comunicação social. Tal facto motiva enorme curiosidade e discussão por parte do público e da comunicação social sobre os salários reais desses jogadores. Mesmo actualmente, com a maior facilidade de acesso à informação pública prestada pelos clubes, designadamente com a existência de relatórios e contas das Sociedades Anónimas Desportivas,
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ainda existe um elevado grau de desconhecimento em relação aos valores pagos aos atletas. Pretendemos, por isso, demonstrar os montantes efectivamente recebidos em média pelos jogadores profissionais de futebol em Portugal, divulgando dados reais oficialmente transmitidos pelos clubes . Os dados apresentados dizem respeito ao salário mensal fixo e exclui outros benefícios compensatórios, como por exemplo prémios de jogo; prémios no final da época; renda de casa e automóveis. As quantias pagas pelos clubes aos seus profissionais constituem, na verdade, a maior fatia das suas despesas na maioria dos casos. Ao longo das últimas décadas, e há medida que os valores envolvidos na indústria do futebol foram subindo de forma galopante, impulsionados pelo aumento das receitas televisivas, prémios de jogo e patrocínios, também os valores das transferências de jogadores e os seus salários cresceram na mesma ordem de grandeza, colocando, dessa forma e muitas vezes, em risco a sustentabilidade dos clubes.
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Número de jogadores observados por época
600 J 520 E 15
500 J 403 E 14
J 302 E 11
200
J 430 E 13
J 315 E 12
400
300
J 400 E 12
J 486 E 14
J 266 E 11
J 234 E8
J 172 E8
J 165 E8
J 285 E 11
J 304 E 12
J 242 E 11 J 189 E8
J 196 E9
100
0 2002 2003
2003 2004
2004 2005
2005 2006
2006 2007
2007 2008
2008 2009
Nº JOGADORES Nº EQUIPAS
2009 2010
J 285 E 11 2ª LIGA 1ª LIGA
4909
– número de jogadores observados entre as épocas 2002/2003 e 2009/2010.
177
– número de equipas observadas entre as ápocas 2002/2003 e 2009/2010.
75%
- percentagem mínima de equipas da 1ª Liga que foram observadas após 2005.
94%
das equipas da 1ª Liga foram observadas na época 2008/2009. A tendência de crescimento, ao longo das épocas analisadas, no número de cubes época, indica uma maior eficiência no envio e recolha dos dados.
Notas: Os dados dizem respeito a informação oficial comunicada pelos clubes de futebol da Primeira e Segunda ligas profissionais em Portugal. Estes dados fazem parte de um conjunto de informações prestadas pela generalidade das empresas portuguesas à administração pública e que estão disponíveis, sob certas condições, para trabalhos de investigação académica. Por motivos que nos são alheios, não existe informação relativa a todos os clubes entre 2002 e 2010, nem sobre as últimas épocas. De destacar, ainda assim, que estão representados no período analisado os chamados “grandes” clubes - Sporting, Benfica e Porto. Para mais informações sobre este tema pode consultar a seguinte referência: Ribeiro, A. S., & Lima, F. (2012) Portuguese Football League Efficiency and Players Wages. Applied Economics Letters, 19(6), 599-602..
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Salários médios
€13 164
€14 000
€12 644
1ª Liga €12 000 €11 170 €10 000
€8 000 €6 414
€6 200
€6 000
1ªa Liga €5 396
€5 196
€3 540
sem o Benfica, Porto e Sporting
€4 000 €2 189
2ª Liga
€2 000 €1 720
€1 312
0 2002 2003
€12 157
- Valor médio dos salários da 1ª Liga ao longo das épocas 2002/2003 e 2009/2010.
€5 728
- Valor médio dos salários da 1ª Liga, sem contar com os jogadores dos “3 grandes”, entre 2002/2003 e 2009/2010.
2003 2004
2004 2005
2005 2006
€25 000
- Valor médio dos salários dos “3 grandes”, entre 2002/2003 e 2009/2010.
€2 111
- Valor médio dos salários da 2ª Liga ao longo das épocas 2002/2003 e 2009/2010.
2006 2007
2007 2008
2008 2009
2009 2010
€6.428 é a diferença do valor médio dos salários entre os clubes da 1ª Liga e os clubes da 1ª Liga descontado os jogadores dos “3 grandes”.
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Coeficiente de variação dos salários
250% 205% 200%
1ª Liga
150%
124% 114%
1ªa Liga
sem o Benfica, Porto e Sporting 100%
2ª Liga 50%
0 2002 2003
2003 2004
2004 2005
Sem os “3 grandes” os valores do coeficiente de variação dos salários é semelhante aos da 2ª liga ao longo das épocas. Nota: Os dados apresentados indicam os valores médios dos salários reais dos jogadores ao longo de 8 épocas, entre 2002 e 2010. Todos os salários foram ajustados à inflação, tendo como base o ano de 2010.
2005 2006
2006 2007
2007 2008
2008 2009
2009 2010
65%
- Valor mais baixo do coeficiente de variação dos salários da 2ª Liga, época 2009/2010.
205%
- Valor mais elevado do coeficiente de variação dos salários da 1ª Liga, época 2005/2006.
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Rácio 10% com maiores salários e 10% com menores salários
60 53 50
40
1ª Liga 30
20
16 11,9
1ªa Liga
sem o Benfica, Porto e Sporting
10
2ª Liga
0 2002 2003
2003 2004
53
- Valor mais elevado entre os 10% com maiores salários e os 10% com menores salários da 1ª Liga, época 2007/2008.
4,6
- Valor mais baixo entre os 10% com maiores salários e os 10% com menores salários da 2ª Liga, época 2002/2003.
2004 2005
2005 2006
2006 2007
2007 2008
2008 2009
2009 2010
É evidente o efeito dos “3 grandes” na dispersão de salários da 1ª liga. Sem os “3 grandes” a dispersão de salários é semelhante entre a 1ª liga e a 2ª liga ao longo das épocas.
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“na ĂŠpoca 2007/2008 verificamos que os jogadores mais bem pagos recebiam sensivelmente 53 vezes mais que os menos bem pagos na Primeira Ligaâ€?
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Se excluirmos os jogadores dos apelidados “três grandes”, observa-se que o valor médio dos seus salários, bem como do coeficiente de variação, diminui sensivelmente para metade e mantém-se praticamente constante ao longo do tempo. A influência dos “três grandes” na dispersão de salários é grande, mostrando que existe uma grande diferença de salários entre esse conjunto de clubes e os restantes, bem como entre os jogadores dentro O valor dos salários da Primeira liga, bem como o coeficiente de variação dos mesmos do mesmo clube. (uma medida de dispersão dada pelo quociente entre o desvio padrão e a média), A influência dos salários dos jogadores das três equipas já destacadas é também manteve-se quase constante ao longo das decisivo quando se comparam os salários oito épocas abrangidas. No que concerne dos jogadores mais bem pagos (os 10% aos jogadores profissionais a actuar na Segunda liga observa-se que o valor médio com maiores salários, definidos como p90) com os jogadores menos bem pagos dos seus salários teve tendência para (os 10% com menores salários, definidos diminuir ao longo dos anos, bem como como p10). Mais uma vez a dispersão do desvio padrão. de salários é notória. Olhando na época 2007/2008 verificamos que os jogadores mais bem pagos recebiam sensivelmente 53 vezes mais que os menos bem pagos na Primeira Liga. O número total de jogadores observados é crescente ao longo dos anos, assim como o número de equipas presentes em cada ano por liga. Na Primeira liga, após 2005, o número de equipas observadas é de pelo menos 75% do total. Observa-se que ao longo dos anos há um ligeiro crescimento no número de jogadores em cada clube, tanto na Primeira como na Segunda liga.
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nuno patrão entrevista com
Agente FIFA / Footis
Está a chegar o Fair Play financeiro da UEFA… Comparando com outros campeonatos Europeus o problema da sustentabilidade dos clubes Portugueses está nos salários ou na geração de receitas? Haverá espaço para uma redução de salários ou deverão os clubes reduzir outros gastos? Existe ainda algum espaço para reduzir salários, no entanto os clubes têm obrigatoriamente de encontrar solução para aumentar receitas. Na conjuntura atual creio que a grande maioria dos clubes já não consegue “emagrecer” os gastos gerais do clube.
De acordo com os dados apresentados, em média, um jogador profissional de futebol não aufere a remuneração principesca que o cidadão comum julga. Que mecanismos de sensibilização e formação podem ser adotados para integrar os ex-profissionais no mercado de trabalho fora do futebol? Penso que a formação académica é uma das saídas
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“hoje o jogador já entende melhor que existe um depois e naturalmente vai preparando o fim de carreira”
que os profissionais têm ao longo da sua carreira desportiva, já não são poucos os que conciliam as duas coisas. Não é fácil introduzir mecanismos no meio dos jogadores porque é uma área sensível e cada um traça os seus planos de vida e objectivos pessoais. Devemos sim sensibilizar, mas muito mais que isso é complicado. Hoje o jogador já entende melhor que existe um “depois” e naturalmente vai preparando o fim de carreira.
ser reduzido? Ou que mesmo passasse a ser uma liga semi-profissional?
Em 2006 o número de equipas profissionais desceu e o valor dos salários dos jogadores manteve-se praticamente inalterado. Considera que se verá o mesmo efeito na próxima época com o aumento do número de clubes na Primeira Liga?
Num número anterior da revista Dividida é indicada uma taxa superior a 50% de jogadores estrangeiros a actuar em Portugal. Os jogadores Portugueses são caros ou os estrangeiros são mais baratos?
Não. Acredito sim, que as equipas diminuirão os salários na próxima época mas nunca em função do aumento de equipas, mas sim porque as receitas são cada vez menores.
Tendo em conta os valores médios pagos na Segunda Liga, considera que o número de equipas a actuar nesse campeonato devia
Considero um exagero de equipas. Acho que a semi-profissionalização não leva a nada na 2ªliga. No meu ponto de vista a redução de equipas e consequente criação de maiores receitas seria o melhor para o nosso futebol. Permitindo melhores condições aos profissionais que nessa liga jogam.
Penso que é um dado estatístico que no meu ponto de vista nada tem a ver com dinheiro mas sim com qualidade. Existem portugueses caros e baratos tal como os estrangeiros. É uma questão de política desportiva de cada clube.
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a liga nas redes
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Numa sociedade em que a informação viaja a alta velocidade as redes sociais têm vindo a ter um papel cada vez mais importante no meio institucional. Facebook, o Youtube ou o Twitter são apenas alguns dos exemplos paradigmáticos desta (já não tão) nova realidade e não há empresa ou instituição, de pequena, média ou grande dimensão, que se preze que não utilize estes meios como formas de se promover e alcançar os seus clientes, sócios, colaboradores ou parceiros. As instituições desportivas em geral, e os clubes de futebol em particular, não são exceção.
75
76
dividida
Benfica
185000
Porto
183000
Sporting
91200
Braga P. Ferreira
6085 2371
AcadĂŠmica
2279
Belenenses
1273
Nacional
1084
Rio Ave
1046
MarĂtimo
836
Olhanense
834
G.Vicente
752
Estoril
169
youtube
Benfica
Porto
Sporting
43246
32357
20181
dividida
Benfica
77
2059168
Porto
1757361
Sporting
1310299
Braga
110966 99374
Vitória SC
61449
Belenenses
45356
Paços Ferreira
40536
Vitória FC
34466
Marítimo
28647
Rio Ave
10300
G.Vicente
9666
Estoril
8823
Nacional
7903
Arouca
7648
Olhanense
5291
facebook QUEM MAIS CRESCEU DESDE 12/03/2014
1º BENFICA 2º PORTO 3º SPORTING
+ 392412 + 296657 + 288695
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Benfica
Porto
249613
119818
Sporting
109720
Dados retirados das páginas oficiais e SocialNumbers.com a 18.05.2014
Académica
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