Revista Dividida #00

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DISCUSSÃO OBJECTIVA DO FUTEBOL PORTUGUÊS

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Em Portugal, como um pouco por todo o Mundo, o Futebol toca o dia-a-dia de milhões de adeptos (e não só). Como fenómeno social, junta pessoas de diferentes países, raças e credos, todos ligados na paixão por aquilo que envolve o jogo - a partilha de alegrias e tristezas, a competição, a incerteza do resultado, os golos... Ao mesmo tempo, não raras vezes, durante os 90 minutos dividem-se famílias, amizades e opiniões. Cada um defende a sua cor e veste a sua camisola. No final do jogo, as análises prolongam-se: do lado dos adeptos com emoção, do lado dos clubes necessariamente com mais razão. Actualmente acompanho o Futebol Português a partir de Inglaterra, onde estou para iniciar a quarta época numa das mais apaixonantes ligas do Mundo. Desde o primeiro ano no estrangeiro que desejava trazer de volta algumas ideias e boas práticas, que pudessem contribuir para o desenvolvimento do jogo no nosso país gerou-se agora a oportunidade! A dividida quer preencher um espaço vazio no campo da reflexão sobre o Futebol em Portugal. Além de promover apenas a discussão com base em opiniões, acredita e procura a junção da teoria com a prática - conhecimentos académicos com suporte objectivo, aliados à experiência de profissionais, especialistas, que vivem o Futebol no terreno. A dividida é uma publicação independente, de leitura simples e directa, inovadora e fresca em termos de informação mas também na comunicação. Um agradecimento especial a todos os que se disponibilizaram para formar nesta edição uma equipa rigorosa, equilibrada e dinâmica, com capacidade para actuar em áreas tão diversas como as tendências do jogo, o futebol de formação ou a gestão desportiva.

Como em qualquer boa equipa, também nós temos neste número 0 (zero), o último jogo de treino - a apresentação aos sócios - antes do arranque da época 2013/14. Sabemos que há ainda vários aspectos para melhorar, e para isso contamos com a vossa participação e feedback. Juntem-se a outros adeptos, treinadores, jogadores, directores, jornalistas e várias instituições ligadas à modalidade em Portugal. É com enorme prazer que dou este pontapé de saída simbólico para uma discussão saudável e construtiva em torno do nosso Futebol. Bom jogo!

Pedro Marques

geral@dividida.pt www.dividida.pt facebook.com/dividida.pt


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4.

ORIGEM DOS JOGADORES

12 ENTREVISTA COM PROF. JÚLIO GARGANTA

14.

IMPACTO EQUIPAS B

20 ENTREVISTA COM RUI JORGE

22. ESTATURA E BOLAS PARADAS 28 ENTREVISTA COM SÉRGIO COSTA

30. TROCA DE TREINADORES

EDITORIAL Com cinco temas, cinco artigos e cinco conversas apresentamos neste número a Dividida. Cada um deles foca-se numa área específica do futebol jogado no campo ou vivido fora dele. Nestes tempos em que se apregoa tanto a importância da sustentabilidade económica e desportiva dos clubes, passamos por questões que directa ou indirectamente, nos levam a reflectir sobre o que é a nossa realidade, mas não deixando de olhar no sentido do tal equilíbrio que nos permitirá ser mais competitivos amanhã. De onde provêm efectivamente os jogadores que vemos jogar e quanto talento promoveram as equipas B? Têm sido eficazes as mudanças de treinadores? E qual tem sido a real tendência no aproveitamento das capacidades dos nossos estádios? São estas e outras questões que queremos partilhar e discutir...

35 ENTREVISTA COM PROF. MANUEL SÉRGIO

36. ESPECTADORES 44 ENTREVISTA COM JOSÉ COUCEIRO

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FICHA TÉCNICA Edição: Pedro Marques Consultoria técnico-cientifica: Ricardo Duarte e Rui Biscaia Coordenação operacional: Áurea Pereira e Tiago Maia Branding, Design Editorial e Infografia : Bubka Associates Designers: Bárbara Alves, Joana Carvalho, Nuno Torres e Rui Quinta. Web: Active Media


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origem dos jogadores da 1 liga Portuguesa a

Tiago Filipe


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O Futebol é um fenómeno mundial. Portugal não escapa a esta regra, embora sejam frequentes as discussões em torno da percepção de que muitos jogadores a actuar na nossa 1ª Liga, são provenientes de outros países. São vários os argumentos contra e a favor da importação de jogadores, no entanto poucas vezes nos confrontamos com dados concretos sobre a nossa realidade. Interessou-nos olhar para os jogadores mais utilizados na 1ª Liga e perceber um pouco das suas origens e percurso formativo. Nota: A amostra deste estudo contempla os 300 jogadores com mais minutos de jogo na edição de 2012-2013 da 1ª Liga Portuguesa, até à 14ª jornada do campeonato (momento da realização deste estudo).


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NATURALIDADE DOS 300 JOGADORES MAIS UTILIZADOS NA 1ª LIGA PORTUGUESA

número de jogadores estrangeiros vs portugueses. País de origem dos jogadores.

61%

dos 300 jogadores mais utilizados na Liga nasceram no estrangeiro (183).


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ORIGEM DOS JOGADORES ESTRANGEIROS EM PORTUGAL EUROPA

35 Jogadores

AMÉRICA DO NORTE 3 Jogadores • Can 1 • Usa 2

2%

• Fra 11 • Esp 3 • Jug 4 • Bel 3 • Ale 2 • Sui 1 • Rus 1

• Ese 1 • Ing 2 • Hol 4 • Cro 1 • Esa 1 • Pol 1 • Gco 1

ÁSIA

1 Jogador • Ars 1

19% 1% 17%

61%

AMÉRICA DO SUL

112 Jogadores

• Bra 88 • Per 2 • Par 3 • Col 2 • Uru 3 • Ven 3

ÁFRICA

32 Jogadores • Mal 1 • Nig 2 • Cab 6 • Lib 1 • Gbi 6 • Sen 4 • Gan 3

• Moç 1 • Ang 2 • Som 1 • Cam 2 • Mar 1 • Arg 1

112 foi o número

de jogadores recrutados na América do Sul, tornandose na principal zona de recrutamento. Daí vieram mais de metade dos jogadores nascidos no estrangeiro a jogar na 1ª Liga Portuguesa (61%).

88 é o número

de jogadores, que dentro dos mais utilizados a jogar na 1ª Liga, provieram do Brasil. Apesar de claramente destacado, este país foi seguido por Argentina e França (11 jogadores).


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ORIGEM DOS JOGADORES PORTUGUESES ILHAS

4%

5 Jogadores

SUL

10%

12 Jogadores

CENTRO

25%

29 Jogadores

71 dos 117 jogadores

NORTE

portugueses mais utilizados a jogar na 1ª Liga são oriundos da zona norte do país (61%).

61%

71 Jogadores

JOGADORES PORTUGUESES NASCIDOS POR DISTRITO VIANA C. BRAGA

21% 24 Jogadores AVEIRO

6%

1%

VILA REAL

PORTO

1% 1 Jogadores

26%

31 Jogadores

7 Jogadores

COIMBRA

LEIRIA

5 Jogadores

2% 2 Jogadores

BRAGANÇA

1 Jogadores

4%

C. BRANCO

16%

ÉVORA

1% 1 Jogadores BEJA

4%

GUARDA 4% 5 Jogadores

1% 1 Jogadores

SANTARÉM 19 Jogadores

5 Jogadores

VISEU

1% 1 Jogadores

LISBOA

MADEIRA

1% 1 Jogadores

FARO

3% 3 Jogadores

2% 2 Jogadores

2% 2 Jogadores

SETÚBAL

5% 6 Jogadores

63% dos jogadores mais utilizados nascidos em Portugal provêm de apenas 3 distritos (Porto, Braga e Lisboa).


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JOGADORES PORTUGUESES UTILIZADOS POR CLUBE

10-18% dos

jogadores mais utilizados pelos clubes (até à 14ª jornada), Sporting, Benfica e Porto foram os que apresentaram a menor taxa de jogadores nascidos em Portugal. 69% - O Paços de Ferreira foi a equipa com maior representação lusitana.

INFLUÊNCIA DOS 3 CLUBES “GRANDES” NA FORMAÇÃO DE JOGADORES PORTUGUESSES

Nota: dados recolhidos apenas até à 14ª jornada da Liga 2012/13.

GRANDES

36%

42 Jogadores FCP SCP SLB

19 16 7

OUTROS

portugueses mais utilizados no nosso campeonato, 36% vestiram a camisola de Benfica, Porto ou Sporting, durante pelo menos uma época do seu percurso de formação.

19 dos 117 jogadores

64%

75 Jogadores VITÓRIA SC LEIXÕES

42 dos 117 jogadores

10 6

portugueses mais utilizados, passaram pela formação do Porto. Nesta lista seguemse Sporting e Vitória SC pelos quais passaram respectivamente, 16 e 10 jogadores.


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Os números (até à 14ª jornada) confirmaram a percepção pública generalizada de que há uma maior quantidade de jogadores estrangeiros a ser utilizada na 1ª Liga em Portugal. Paralelamente, reconheceu-se que a América do Sul (nomeadamente o Brasil) tem sido a principal zona de recrutamento para os clubes nacionais. Notamos que os clubes ditos “mais pequenos”, foram os que utilizaram mais talento nacional, enquanto que os “3 grandes” apresentaram uma tendência para se socorrerem mais de jogadores estrangeiros. Relativamente aos jogadores portugueses mais utilizados, a zona norte é a que mais contribui para o seu número. Talvez este facto esteja associado à maior concentração de clubes nesta área? Apesar de mais de 1/3 dos jogadores nascidos em Portugal terem passado pela formação dos “3 grandes”, número considerável, sai também reforçada a importância de outros clubes na formação dos jogadores. O actual detentor da Taça de Portugal, Vitória SC, foi inclusivé um dos clubes que se intrometeu no pódio dos “mais formadores”.

Notas: A origem dos jogadores refere-se à naturalidade - país ou distrito de nascimento. Dados: site oficial da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (www.lpfp.pt) e www.Zerozero.pt.


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ENTREVISTA COM

FADEUP e Selecção Nacional “AA” Fotografia: Francisco Paraíso

Quais as consequências/implicações que a elevada taxa de jogadores estrangeiros pode ter para o contínuo desenvolvimento do Futebol Português? A entrada e fixação, em larga escala, de jogadores estrangeiros no Futebol Português acarreta, entre outras coisas, a diminuição drástica de possibilidades de evolução dos jogadores portugueses que ambicionam ascender aos mais elevados patamares desportivos. Obviamente, a presença de estrangeiros de muito bom nível pode ajudar o futebol e os jogadores portugueses a evoluírem, até porque admitimos que o talento é altamente contagioso. Todavia, a sua inclusão deveria ser pontual e criteriosa, em vez de constituir o pano-de-fundo.

Na sua opinião, por que é que a maioria dos jogadores que passam pelos escalões de formação dos maiores clubes portugueses não conseguem alcançar o patamar mais elevado do futebol profissional em Portugal (1ª Liga)? Sabemos que, em qualquer sistema de formação e selecção, uma grande parte dos praticantes de Futebol não dispõe da possibilidade de ascender às primeiras equipas, visto que essa via é muito selectiva. Ou seja, é de esperar que a maioria não consiga acumular talento suficiente para integrar equipas de alto rendimento. Embora estejamos cientes desta inevitabilidade, o que está a acontecer em Portugal, de há uns anos a esta parte,


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configura um panorama deveras preocupante. De facto, as equipas portuguesas de primeira liga estão cada vez mais “carregadas” de jogadores estrangeiros, alguns dos quais de qualidade muito questionável, o que implica que um número importante de jogadores portugueses, mesmo os reconhecidamente mais capazes, não tenha ensejo de treinar nem jogar a nível elevado.

Mas ao nível da formação, temos assistido a várias gerações de diversos jogadores portugueses de muito bom nível... porque é que muitos deles regridem e outros chegam mesmo a desaparecer do panorama desportivo? Neste ponto é legítimo avançar com duas possibilidades: ou a formação que lhes é dada nos escalões mais jovens é insuficiente para conseguir projectá-los enquanto jogadores de excelência; ou não lhes são oferecidas oportunidades suficientes, em quantidade e qualidade, para que se afirmem como jogadores em equipas de alto nível. São abundantes os casos em que a formação ministrada é de elevada qualidade e os jogadores revelam competências excepcionais, não apenas nos clubes por onde vão passando, mas também nas selecções nacionais. Contudo, à medida que se aproxima o momento crítico da decisão, quanto a incluí-los, ou não, em equipas seniores de primeira liga, os “candidatos a jogador confirmado” deparam-se com filtros demasiado apertados que, não raramente, obedecem mais a preceitos empresariais do que a critérios de natureza desportiva. E assim, a escolha pende maioritariamente para o jogador estrangeiro, ainda que a qualidade deste seja muitas vezes similar ou inferior à do futebolista português.

O que é que, no seu entender, se pode fazer para aumentar a integração de jogadores portugueses nos patamares de rendimento mais elevados em Portugal? Precisamos de alterar a mentalidade vigente e associá-la a práticas consequentes. Justifica-se que os modelos de jogo, de treino e de gestão de recursos sejam consentâneos com os imperativos de desenvolvimento e afirmação de futuros jogadores. Não basta dizer que a formação é muito importante se não se for coerente com isso, atropelando princípios e valores essenciais a troco de resultados imediatos. Paralelamente, urge conceber legislação que proteja os jogadores portugueses, salvaguarde os clubes que os acolhem e a formação que lhes é ministrada. Justifica-se, obviamente, uma determinação superior que leve os clubes a limitarem o número de jogadores estrangeiros ao serviço das suas equipas. E os que usam como argumento o rendimento e os títulos desportivos, bem poderiam reparar no FC Barcelona, um clube que nos parece modelar no que à formação diz respeito, com resultados expressivos a todos os níveis. Ora, o exemplo do Barça é a recusa de lugares comuns,

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entre os quais o do inatismo do talento (o bom jogador nasce?). É a aposta clara e inequívoca no poder transformador das ideias, da cultura desportiva, do treino e dos métodos de trabalho (no Barça os bons jogadores e as boas equipas fazem-se, dia a dia, treino a treino, jogo a jogo!). É, ademais, um empreendimento desportivo que contraria, de modo muito claro, o ditado popular: “Santos da casa não fazem milagres.”. Terá sido por acaso que nos últimos anos, o Barcelona conseguiu formar oito jogadores campeões da europa e sete do mundo? Terá sido por golpe de sorte que três jogadores da mesma geração, formados nas escolas do Barcelona, conquistaram a “Bola de Ouro”? Haverá em La Masia genes especiais, ou trata-se de uma forma qualificante e ajustada de operar, com base em ideias diferentes, para melhor, no que à formação de jogadores diz respeito? Talvez nestes exemplos haja ilações importantes a retirar, no que respeita à arte de compatibilizar ideias construtivas e boas práticas. Quanto mais não seja, para que se evite cometer erros primários e recorrentes que implicam prejuízos de vária ordem para o nosso futebol e para um número significativo de jogadores portugueses.

Para finalizar, que lhe sugerem os resultados apresentados no estudo anterior? Constatando-se que nos diferentes escalões de formação, um pouco por todo o país, há muitos jovens com reconhecido e comprovado talento, o que pode ser comprovado não apenas nos clubes, mas também na seleção nacional, os resultados apresentados deixam perceber um quadro que constitui um atestado de menoridade ao jogador português, a quem o forma e ao próprio Futebol Português. Não é saudável que os responsáveis pela formação de jogadores e, sobretudo, os que tomam decisões acerca da inclusão de jogadores nas equipas seniores, se deixem iludir pelo imediatismo e, pior, pelo mercantilismo. O dado objetivo com que nos confrontamos é que os jogadores portugueses não dispõem de oportunidades suficientes para atualizarem e exteriorizarem o seu talento em ambientes de alto rendimento. E sem o fazerem não podem estar preparados para jogar na alta-roda do Futebol. Diz-se que o investimento no aperfeiçoamento e na afirmação dos valores mais jovens, quando chega o momento de serem instados a jogar na primeira equipa, requer maturidade e competência por parte dos jogadores. Não obstante, convenhamos que há que considerar que a possibilidade de proporcionar opções de carreira aos jogadores portugueses constitui também um forte indicador do grau de cultura desportiva e da justeza de perspectiva dos treinadores e dirigentes a quem compete tomar tais decisões. Junho de 2013.


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A RE-INTRODUÇÃO DAS EQUIPAS B EM PORTUGAL Tiago Sousa e Ricardo Sousa


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A época 2012/13 marcou o retomar das Equipas B por parte de vários clubes em Portugal. Pretendia-se com estas, entre outros objectivos, acrescentar um espaço de desenvolvimento do jogador português, competindo estas equipas num contexto competitivo (2ª Liga), que permitisse uma melhor integração no futebol profissional. Perto do final do 1º ano desta aposta, olhámos mais atentamente para os “3 grandes” - Futebol Clube do Porto (FCP), Sport Lisboa Benfica (SLB) e Sporting Clube de Portugal (SCP).

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DE ONDE PROVÊM OS JOGADORES DAS EQUIPAS B JOGADORES

JOGADORES

FCP FORMAÇÃO NO CLUBE

SLB %

6

JOGADORES

%

30%

SCP

11

%

34,4% 11

FORMAÇÃO FORA DO CLUBE

14

70%

21

Comparação do número de jogadores que frequentaram os Juniores 2010-12 vs número de jogadores que durante as mesmas épocas jogaram noutro clube. 55%

65,6% 9

45%

11

foi o número de jogadores que o SLB e o SCP aproveitaram dos seus Juniores para a Equipa B.

55%

Foi a maior % de jogadores formados no Clube integrados na Equipa B, pelo SCP

JOGADORES DA EQUIPA B INTEGRADOS NA EQUIPA PRINCIPAL 2011/12

JOGADORES

FCP

JOGADORES

SLB

JOGADORES

SCP

Comparação do número de jogadores que passaram dos Juniores para a Equipa A, (2010/11 para 2011/12 – sem equipas B), com o número de jogadores que passaram dos Juniores para a Equipa A ou B (2011/12 para 2012/13 com equipas B).

40% 20%

6,3%

40%

dos jogadores do SCP jogavam na equipa principal no ano anterior à introdução das Equipas B


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JUNIORES 2010/11 INTEGRADOS NA EQUIPA A 2011/12 sem equipas B

JOGADORES

JOGADORES

JOGADORES

FCP

SCP

SLB

10 foi o número de

Juniores que o SCP promoveu à equipa A no ano anterior à re-introdução das equipas B.

25%

6,3%

50%

JUNIORES 2011/12 INTEGRADOS NA EQUIPA A 2012/13 com equipas B JOGADORES

FCP

JOGADORES

JOGADORES

SCP

SLB

0 foi o número de

Juniores que o FCP promoveu à equipa A no ano da re-introdução das equipas B

3,1%

15%

JUNIORES 2011/12 INTEGRADOS NA EQUIPA B 2012/13 JOGADORES

FCP

JOGADORES

SLB

JOGADORES

SCP

28 foi o número de

Juniores que os três clubes promoveram às equipas B no ano da sua re-introdução. Antes disso, apenas 17 permaneciam no clube transitando directamente para a equipa A. 40%

28,1%

55%


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PRINCIPAIS DESTINOS DOS JOGADORES BELENENSES E RIO AVE BARCELONA B

(5)

MOURA ATLÉTICO CLUBE E SERTANENSE

BELENENSES

PAEC (BRASIL) E BELENENSES

(2)

1ª DIVISÃO

1ª DIVISÃO

28%

4%

(4)

59%

19%

GRUPO DESPORTIVO RIBEIRÃO

1ª DIVISÃO

30%

1ª DIVISÃO 2ª DIVISÃO

1ª DIVISÃO

(4)

(2)

15%

(2)

1ª DIVISÃO

2ª DIVISÃO

2ª DIVISÃO

24%

54%

51%

2ª DIVISÃO

+ 50% dos Juniores

2ª DIVISÃO

30%

30%

2ª DIVISÃO

passaram a competir na 2ª divisão com a re-introdução das equipas B.

17% SEM EQUIPA B

COM EQUIPA B

SEM EQUIPA B

FCP

Número de Juniores que transitaram para outros clubes (e respectivas divisões), antes (2011/12) e depois da introdução das equipas B (2012/13).

COM EQUIPA B

SEM EQUIPA B

SLB

COM EQUIPA B

SCP

PERMITIRAM AS EQUIPAS B UMA MAIOR RETENÇÃO DE TALENTO EM PORTUGAL?

PAÍSES ESTRANGEIROS

FCP

SLB

SCP

SEM EQUIPA B

SEM EQUIPA B

SEM EQUIPA B

PAÍSES ESTRANGEIROS

PAÍSES ESTRANGEIROS

32% 68%

Comparação da percentagem de juniores de último ano, que na época seguinte jogaram em Portugal vs Estrangeiro, antes (2011/12) e depois (2012/13) da introdução das equipas B.

31% 69%

PORTUGAL

22% PORTUGAL

78%

PORTUGAL

32% e 31% foi COM EQUIPA B

PAÍSES ESTRANGEIROS

COM EQUIPA B PAÍSES ESTRANGEIROS

15%

COM EQUIPA B PAÍSES ESTRANGEIROS

PORTUGAL

+ 80% dos jogadores

19%

11% 85%

a percentagem de jogadores (1º ano sénior) que FCP e SLB exportaram antes da reintrodução das equipas B.

89%

PORTUGAL

81%

PORTUGAL

(1º ano sénior) mativeram-se em Portugal após a reintrodução das equipas B.


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Os 3 clubes aumentaram a retenção de jogadores em Portugal após a re-introdução das equipas B. Após a re-introdução das Equipas B na 2ª Liga, os 3 “grandes” parecem querer apostar na utilização destas como um novo patamar de formação – mais jogadores a integrarem as Equipas B do que a passarem directamente para as Equipas A. Paralelamente assistiu-se ao decréscimo de jogadores a rumar ao estrangeiro no 1º ano de sénior, permitindo a sua integração no futebol profissional em Portugal. Dados: site oficial da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (www.lpfp.pt), Clubes e www.Zerozero.pt.


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ENTREVISTA COM

Selecionador Nacional Sub-21


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Sabendo que foi uma das pessoas que defendeu o reforçar da aposta nas Equipas B em Portugal, pode explicar-nos um pouco quais eram as suas convicções? No período critico que é a transição do futebol de formação para o futebol profissional, o simples facto dos jovens passarem a treinar e jogar com colegas e adversários mais velhos é, creio eu, um forte impulsionador de desenvolvimento (pois passam a ser colocados perante diferentes problemas, bem como novos estímulos). Acontece que muitas vezes esse momento é acompanhado por outros factores que podem complicar a sua evolução, como o facto de se depararem com ideias e concepções de jogo bem diferentes, condições de treino/jogo deficitárias, treinadores que não os conhecem profundamente, realidades de balneário complicadas, etc. No fundo, acredito que estes últimos factores podem ser atenuados ou evitados nas equipas B. No entanto, parece-me necessário ter muito cuidado para que a equipa B não seja encarada como uma continuação de zona de conforto para os atletas. Outro aspecto que poderá ser negativo é o facto de alguns jovens ao serem integrados na equipa B, continuarem o seu percurso numa realidade competitiva inferior aquela em que poderiam estar.

Este novo patamar de formação, com equipas a competirem numa 2a Liga alargada promove mais jogos e um estimulo competitivo superior. De que forma isto facilitará ou não a integração de mais jogadores no Futebol Profissional? O facto de haver mais jogos abre uma maior possibilidade de acumular minutos de competição a um nível superior ao vivido anteriormente. Como o jogo é um local de excelência para a evolução do jovem jogador penso que o número elevado de jogos ajudará a superar uma das lacunas com que se chega ao final da formação (falta de intensidade competitiva).

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As equipas B foram competitivas dentro do escalão e há de facto números muito superiores em termos de minutos de utilização competitiva de jovens jogadores. Vê como positiva a maior retenção de jogadores jovens no nosso país, não só para os clubes mas também para o trabalho das selecções? Tendo em conta que a observação (directa) de jogadores seleccionáveis é a que privilegiámos, o facto de estarem perto ajuda-nos (em termos de federação) a um melhor acompanhamento dos mesmos. No entanto convém referir que os interesses dos clubes não têm necessariamente que coincidir com os da federação - o número de jovens jogadores por nós seleccionável com utilização efectiva nessas mesmas equipas B, num futuro próximo, é uma incógnita que me deixa preocupado (na perspectiva federativa).

Do que acompanhou esta época em termos da competitividade destas equipas, e face aos resultados apresentados, o que pode concluir deste 1o ano de re-introdução das Equipas B? As equipas foram competitivas dentro do escalão e há de facto números muito superiores em termos de minutos de utilização competitiva de jovens jogadores seleccionáveis (essencialmente sub-19/20/21) comparativamente aos que tínhamos no mesmo período em relação à geração passada, o que a nível individual é claramente uma mais-valia.

Maio de 2013


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estatura e bolas paradas RELAÇÃO COM EFICÁCIA OFENSIVA Tiago Maia, José Barbosa e Miguel Baracho


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Actualmente, há uma tendência para cerca de 1/3 dos golos, em diferentes campeonatos, serem marcados através de esquemas tácticos (bolas paradas). Face ao volume e importância deste tipo de golos, é comum vermos as equipas a apostarem os melhores recursos neste tipo de situações. Há uma convicção generalizada de que os jogadores mais altos serão mais eficazes na finalização nestes contextos, a maior parte deles resultando em duelos aéreos e cabeceamentos. Posto isto, tentámos perceber se as equipas de maior estatura tendem a ser mais eficazes (mais golos) na marcação de “bolas paradas” ofensivas. Analisámos as 10 equipas melhor classificadas na 1ª Liga entre 2010/11 a 2012/13 (até à 25ª jornada).

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ESTATURA MÉDIA VS GOLOS MARCADOS ATRAVÉS DE ESQUEMAS TÁTICOS EQUIPA

Estatura média jogadores em metros

1,86 1,85 1,84 1,83 1,82

x%

% Golos através de esquemas táticos cantos, livres directos, livres indirectos, penaltis e lançamentos laterais

% de Golos por jogo através de esquemas táticos cantos, livres directos e lançamentos laterais

x

2010/11 BENFICA PORTO

1,87

1,86

1,86

1,85 1,84

1,85

29%

SPORTING

BRAGA

1,84

1,84

1,83 1,82

1,83 1,82

33%

40%

1,85 1,84

1,85 1,84 1,83

34%

51%

NACIONAL

VITÓRIA SC

37%

24%

P.FERREIRA

RIO AVE

1,87

1,87

1,86

1,86

1,85

1,85

40%

11%

U.LEIRIA

MARÍTIMO

1,85 1,84

1,84 1,83 1,82

1,83

46%

45%

31%

32% foi a percentagem

mínima de golos marcados pelas equipas de estatura média mais baixa. Nas 3 épocas estudadas, estas nunca são as que têm menor percentagem de golos marcados através de “bolas paradas”.

30-40% dos golos

foram marcados através de esquemas tácticos pelas equipas melhor classificadas.

25%

2 foi o número de jogos

1,83

57%

0%

necessários para as equipas mais eficazes, marcarem um golo através da marcação de bolas paradas (indirectas).

26%

40%

27%

50%

8%


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2011/12 BENFICA BRAGA

1,89

PORTO

1,88 1,87

1,87 1,86

1,88

SPORTING

1,87 1,86

1,85

1,86

MARÍTIMO

1,85 1,84

1,85 1,84 1,83

30%

40%

43%

40%

63%

50%

56%

42%

50%

45%

OLHANENSE VITÓRIA SC

1,89

1,88 1,87

1,88 1,87

NACIONAL

1,86

1,86

G.VICENTE

P.FERREIRA

1,85 1,84

1,85 1,84

1,85 1,84

1,83

1,83

25%

44%

41%

13%

57%

57%

33%

31%

50%

43%

2012/13 BENFICA 1,89 1,88 1,87

PORTO 1,86

P.FERREIRA

1,85 1,84

1,84 1,83 1,82

32%

ESTORIL

1,85 1,84

1,85 1,84

1,83

1,83

31%

34%

48%

BRAGA

60%

23%

27%

61%

36%

50%

a cada 5 jogos marcam 3 golo RIO AVE

VITÓRIA SC

MARÍTIMO

1,88 1,87

1,88 1,87

1,86

1,86

1,86

NACIONAL

SPORTING

1,85 1,84

1,87

1,88 1,87

1,86

1,86

1,85

44%

49%

20%

71%

10%

31%

28%

24%

27%

29%


26 dividida

APROVEITAMENTO DOS PONTAPÉS DE CANTO Número de cantos necessários para marcar golo 2010/11

10 cantos necessários para golo BENFICA PORTO

1,87

1,86

1,86

1,85 1,84

1,85

SPORTING

52 27

69

VITÓRIA SC

BRAGA

1,84

1,84

1,83 1,82

1,83 1,82

1,85 1,84

37

1,83

0

NACIONAL 1,85 1,84 1,83

P.FERREIRA

RIO AVE

1,87

1,87

1,86

1,86

1,85

1,85

U.LEIRIA

MARÍTIMO

1,85 1,84

1,84

27

1,83 1,82

32

37,5

1,83

0

0

Percentagem de aproveitamento da situaç ão 2011/12 BENFICA BRAGA

1,89

PORTO

1,88 1,87

1,87 1,86

1,88

SPORTING

1,87 1,86

1,85

1,86

MARÍTIMO

1,85 1,84

1,85 1,84 1,83

4,5% 2,7%

4,6%

4%

2,1%

OLHANENSE VITÓRIA SC

1,89

1,88 1,87

1,88 1,87

NACIONAL

1,86

1,86

G.VICENTE

P.FERREIRA

1,85 1,84

1,85 1,84

1,85 1,84

1,83

1,83

5,1%

3,5% 2,4% 0%

3,3%


dividida

27

Percentagem de aproveitamento da situaç ão 2012/13 BENFICA 1,89 1,88 1,87

PORTO 1,86

P.FERREIRA

1,85 1,84

1,84

5,2% 2,5%

1,83 1,82

BRAGA

ESTORIL

1,85 1,84

1,85 1,84

1,83

1,83

RIO AVE

VITÓRIA SC

MARÍTIMO

1,88 1,87

1,88 1,87

1,86

1,86

1,86

NACIONAL

SPORTING

1,85 1,84

5,2%

2,8%

2,3%

1,87

1,88 1,87

1,86

1,86

1,85

2,4%

2,7% 0%

Não há evidências de que a altura média das equipas tenha uma relação directa com o número de golos marcados através de situações de bola parada. Não sendo a estatura determinante para o sucesso na marcação de golos através de situações de “bola parada”, haverá outros factores mais preponderantes? A estatura é um fator que pode ser controlado através dos critérios de recrutamento. Por outro lado, a qualidade das execuções e movimentações estão mais associadas ao treino – esta informação é interessante principalmente para os treinadores, que com a devida análise e preparação poderão tirar vantagem deste tipo de situações.

2,5%

0,8%

20 foi o número de cantos, em média, necessários para as equipas com melhor aproveitamento marcarem 1 golo.

Dados: alturas e minutos de jogo retirados do site da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP). Complementarmente estes foram cruzados com dados do site www.zerozero.pt. Estatísticas de jogo cedidos pela . Nota: alturas das equipas calculadas através da média dos 7 jogadores mais altos, tendo por base os 13 com mais minutos no campeonato. Não tendo acesso à estatística de todos os jogos para todas as equipas, estes dados foram devidamente ponderados por jogo.


28 dividida

ENTREVISTA COM

ANÁLISE DE JOGO – SELECÇÃO NACIONAL “AA” Fotografia: Francisco Paraíso


dividida

Existirá uma tendência ao nível do recrutamento para as equipas tentarem aumentar a estatura média? Se sim, com que objetivo e com que preocupações principais ao nível do jogo? Na minha opinião, essa tendência ao nível do recrutamento para as mais variadas posições é uma realidade e prende-se essencialmente com a procura de aumentar a capacidade de conquista nos duelos aéreos não só nos esquemas tácticos ofensivos mas também em situações de cruzamentos e de jogo directo em ambas as fases do jogo. Parece-me no entanto que cada vez mais os critérios físicos “agilidade e velocidade” acompanham o critério “estatura” no recrutamento e escolha dos jogadores.

Muitas vezes refere-se que os esquemas táticos são cada vez mais importantes na forma como as equipas obtêm golo. Concorda com esta afirmação? Porquê? Concordo parcialmente. A afirmação “são cada vez mais importantes” faz sentido quando a comparação é feita com os resultados e a eficácia de um passado recente onde me parecia não existir um investimento significativo ao nível do treino neste momento do jogo. A justificação para tal residia no argumento de o treino das bolas paradas ser considerado pouco motivador para os jogadores. Com o crescente equilibrio que caracteriza o futebol atual, todos os momentos do jogo e não só as “bolas paradas” devem ser alvo de um treino específico, estratégico e pormenorizado.

Qual pensa ser o aspecto mais importante para a eficácia das equipas nos esquemas táticos? Penso que a “aliança” entre a execução e a agressividade no ataque à bola é a que melhor traduz a capacidade de conquista do espaço aéreo.

29

(...) isolada de factores treináveis como as execuções, movimentações e indíces de agressividade no ataque à bola após cruzamentos, a estatura não é por si só, sinónimo de desequilíbrio neste momento do jogo. Considera a altura dos jogadores um aspecto importante para a eficácia das equipas nos esquemas táticos? É na minha opinião um aspecto importante. No entanto, isolado de factores treináveis como as execuções, movimentações e indíces de agressividade no ataque à bola após cruzamentos, a estatura não é por si só, sinónimo de desequilíbrio neste momento do jogo.

Que comentários lhe merecem os resultados do artigo? Confesso que achei os resultados algo surpreendentes na medida em que, independentemente de saber que os factores treináveis são decisivos na eficácia deste momento do jogo, pensava que quando acompanhados pelo factor “estatura”, a capacidade de finalizar e de realizar golo seria tanto maior. Seria importante num futuro estudo, verificar se a relação entre a estatura média e a eficácia nas “bolas paradas” defensivas se traduz nos mesmos resultados. Maio de 2013.


30 dividida

E OS SEUS EFEITOS NA LIGA PORTUGUESA Joรฃo Silva e Pedro Graรงa


dividida

31

Num mercado tão competitivo como o Futebol, todas as épocas são vários os Clubes que decidem trocar o seu treinador principal, muitas vezes ainda no decorrer das competições. O termo “chicotada psicológica” surge frequentemente associado a esta mudança de liderança, subentendendo-se que causa uma reacção positiva, com impacto também nos resultados desportivos da equipa. Mas será mesmo assim? Analisámos mais pormenorizadamente o efeito das mudanças de treinador nos Clubes da 1ª e 2ª Ligas Profissionais entre as épocas 2004/05 e 2011/12.


32

dividida

TENDÊNCIA DE DESPEDIMENTOS AO LONGO DAS ÚLTIMAS ÉPOCAS

vs

1ª LIGA 11

2004/2005

11

2005/2006

6

de trocas de treinador numa época (2ª Liga 2011/12 - 16 equipas - época mais recente em estudo).

5

2007/2008

6

5

2009/2010

10

2010/2011

5 foi o numero mínimo

7

de treinadores que foram substituídos numa época/liga.

6

2008/2009

10

Nas últimas cinco épocas (2007/2008 a 2011/12) o número de despedimentos duplicou nas Ligas Profissionais.

10

8

2011/2012

12

14 foi o número máximo

12

2006/2007

13

comparação do número de trocas de treinador, por época, entre a 1ª e 2ª Liga.

14

MÉDIA POR ÉPOCA QUE UM TREINADOR ESTÁ NO COMANDO DE UMA EQUIPA 2004/2005

10 é o número mínimo

de jogos (média por época) que um treinador está no comando de uma equipa (1ª Liga).

2005/2006 2006/2007

A 1ª Liga manteve os seus treinadores no activo durante mais tempo, apenas em 3 das 8 épocas.

2007/2008

Nota: nas duas primeiras épocas em estudo, o campeonato era composto por 34 jornadas (18 equipas – mais 2 que nas épocas seguintes), podendo justificar o facto de a troca de treinador, ocorrer em média, após o maior número de jornadas.

2008/2009

2009/2010

2010/2011

1ª LIGA

2011/2012

2ª LIGA

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

JORNADAS


dividida

33

EFEITO A CURTO PRAZO DA TROCA DOS TREINADORES ULTIMAS 4 JORNADAS DO TREINADOR DESPEDIDO PRIMEIRAS 4 JORNADAS DO TREINADOR RECÉM-CONTRATADO

Média de pontos obtidos nos últimos 4 jogos do treinador despedido vs média de pontos obtidos nos 4 primeiros jogos do treinador recémcontratado, na 1ª e 2ª Ligas.

3.82 foi a média mais

baixa de pontos conseguida, nos 4 jogos após a mudança de treinador (1ª Liga).

6

5

4

3

1

2

0

MÉDIA

0

1

2

3

4

5

6

Não houve nenhum treinador despedido que tenha antingido uma media de 4 pontos nos últimos 4 jogos.

12 foi o número de vezes

DIFERENÇA DA MÉDIA DE PONTOS ANTES E DEPOIS DA TROCA DE TREINADOR

em que a pontuação média das equipas foi superior a 4 pontos no conjunto dos 4 jogos após a mudança.

Apenas numa época a média de pontos obtida nos 4 jogos após a troca de treinador foi inferior ao mesmo período antes da troca de treinadores. Nota: 16 épocas analisadas, 8 da 1ª Liga e 8 da 2ª Liga.

Comparação das médias pontuais antes e após a troca de treinador, na 1ª e 2ª Ligas.

ANTES DA TROCA DE TREINADOR DEPOIS DA TROCA DE TREINADOR

1,5

1

0,5

0

MÉDIA PONTUAL

0

0,5

1

1,5

14 foi o número de vezes

em que a pontuação média das equipas aumentou após a mudança de treinador. Nota: 16 épocas analisadas, 8 da 1ª Liga e 8 da 2ª Liga.


34 dividida

O número de trocas de treinadores nas Ligas Profissionais em Portugal, tem apresentado uma tendência para aumentar nos últimos anos. Parece haver mais estabilidade na 2ª Liga, com treinadores a permanecerem mais tempo no comando das equipas. Tanto a curto como a médio prazo, as mudanças levaram à obtenção de uma média superior de pontos. Nota: treinadores que tenham efectuado menos de 4 jogos no comando de uma equipa foram considerados “interinos” não sendo contabilizados na média de despedimentos Dados: site oficial da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (www.lpfp.pt), www.soccerway.com e www.Zerozero.pt.


dividida

35

ENTREVISTA COM

Filósofo do Desporto. Tem acompanhado vários treinadores.

Quais são, na sua opinião, os fatores que poderão conduzir a uma ‘chicotada psicológica’? A chicotada psicológica depende em primeiro lugar da política do clube. Diria até que grande parte das chicotadas psicológicas resultam de políticas imediatistas ou de uma ausência completa de política desportiva dos clubes. Por exemplo, o Arsenal de Londres é um excelente exemplo de como um treinador pode resistir durante muito tempo sem ganhar títulos. Mas obviamente este é um clube com uma política desportiva e uma visão muito bem definida, que não passa exclusivamente por títulos. Se me perguntar quais são as causas imediatas, obviamente que são os insucessos derivados dos resultados desportivos. Mas absolutamente importante é pensar-se porque acontecem os insucessos desportivos. O treinador pode ser o menos culpado, a causa menos influente do insucesso. A estrutura e organização de um departamento de futebol profissional, consentânea com a visão e política desportiva do clube, são extremamente determinantes. E hoje, ocupar funções a este nível requer que se disponha de uma preparação profunda sobre relações humanas, e um investimento claro no Conhecimento.

PROF . MANUEL SÉRGIO

Como comenta os resultados deste pequeno estudo que indicam uma tendência para o aumento do número de despedimentos nas últimas épocas? Esta tendência só significa que nos clubes não há organização. Se aumentam os despedimentos, isso só significa que os Clubes estão errados. Quando os treinadores são escolhidos, as suas caraterísticas já deverão ser conhecidas e avaliadas de acordo com a estrutura e organização do clube. Quando um clube tem organização, o treinador que lá entra pode muito mais focarse no seu trabalho técnico no campo. Para mim, a primeira causa do despedimento de um treinador é a própria falta de organização dos clubes. Junho de 2013


36 dividida

EVOLUÇÃO DAS ASSISTÊNCIAS NOS ESTÁDIOS PORTUGUESES Jorge Belga


dividida

Os adeptos são a alma do Futebol. A sua vibração e emoção no suporte às equipas que acompanham transmitemse numa onda de energia que chega tanto aos jogadores no campo, como a quem assiste no estádio ou pela televisão. Associada a isto, a capacidade dos clubes para cativarem os seus seguidores a verem os jogos ao vivo, tem um impacto também em termos financeiros. Num período em que a sustentabilidade no nosso país é reconhecida como mais importante do que nunca, os clubes têm de planear cada vez mais detalhadamente as suas formas de gerar receitas que equilibrem as despesas. Procurámos perceber a evolução e potencial de uma das principais fontes de receita dos clubes de Futebol – a assistência nos estádios – entre 2007/08 e 2011/12.

37


38 dividida

EVOLUÇ ÃO DO NÚMERO DE ESPECTADORES NOS ESTÁDIOS EM PORTUGAL NÚMERO TOTAL DE ESPECTADORES

2,800,00

2,700,00

2,600,00

2,500,00

2,400,00

2,300,00

2,200,00 2007/2008 1ª Liga

2008/2009 Liga Sagres

2009/2010 Liga Sagres

2010/2011 Liga ZON Sagres

2011/2012 Liga ZON Sagres

Apesar de algo irregular, nota-se uma tendência para a diminuição do número total de espectadores nos estádios portugueses.


dividida

39

EVOLUÇ ÃO DA MÉDIA DE ESPECTADORES POR JOGO NÚMERO MÉDIO DE ESPECTADORES

50000 45000 40000 35000

média de espectadores por jogo, organizados por época e clube.

30000 25000

BENFICA PORTO SPORTING

20000

VITÓRIA SC BRAGA

15000

ACADÉMICA MARÍTIMO

10000

VITÓRIA FC

5000

P.FERREIRA NACIONAL

0 2007/2008

2008/2009

Os clubes “grandes” são os que naturalmente apresentam maior número de espectadores nos estádios, liderados nas últimas três épocas pelo Benfica. Estes são os clubes que também apresentam o maior número de associados. Nota: uma referência para a aproximação do Sporting na época 2011/12 com um aumento de cerca de quase 10000pax/jogo face ao ano anterior.

50.033 foi o número

médio de espectadores por jogo alcançado pelo Benfica na época 2009/10. Valor máximo para as épocas analisadas.

2009/2010

2010/2011

2010/11

Braga e Guimarães, os “rivais do Minho”, competem de forma consistente num 2º nível de popularidade também ao nível das assistências. Esta época marcou um ponto de viragem, a favor do Braga, em termos de espectadores nos estádios.

5571 foi a média

de espectadores por jogo conseguida pela Académica de Coimbra entre 2007-2012; é o 6º clube que mais adeptos leva ao seu estádio.

2011/2012


40 dividida

OCUPAÇÃO DOS ESTÁDIOS Porto LUGAR NO CAMPEONATO

100%

Benfica

Sporting

Braga

Vi

50946

50400

50398

50397

50396

65001

65001

65004

64997

64999

50095

50079

50083

50046

50042

30283

30287

30387

30283

30284

30000

8

30

90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

Vitória F.C. LUGAR NO CAMPEONATO

100%

14º

14º 12º

18697

18693

15459

15497

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

Leiria

Rio Ave

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

Naval

07/08 08

Belenenses

Le

11º

16º

10º

16º

12º

12º

14º

11º

13º

16º

15º

15º

14º

15498

23862

18693 23504

23168

5201

10661

18693 10572

10814

10817

9117

18693 9740

9471

9301

19973

18693 19981

19983

11210

90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

07/08 09/10 10/11 11/12

08/09 09/10 10/11 11/12

07/08 08/09 09/10 10/11

07/08 08/09 09/10

07/08


dividida

itória S.C.

0002

Marítimo 6º

Nacional

41

P. Ferreira

Académica

10º

12º

11º

14º

13º

15º

10º 10º

2750

5132

5132

5142

5141

30076

29873

29878

29619

29619

5172

5172

10º

4320

5135

*bancada em obras 29998

29863

29866

8/09 09/10 10/11 11/12

Leixões

8921

8921

5000

4433

4433

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

Olhanense

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

Amadora Beira-Mar

G.Vicente

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

5172

07/08 08/09 09/10 10/11 11/12

Feirense Trofense Portimonense

º

16º

13º

11º

13º

11º

13º

12º

15º

16º

15º

0

18693 9765

9765

12196

18693 11624

5660

18693 9286

9288

18693 31111

31100

12037

10093

5074

11858

10/11 11/12

11/12

11/12

08/09

10/11

08 08/09 09/10

09/10 10/11 11/12

07/08 08/09

70% foi a percentagem

média mínima de ocupação do Estádio do Dragão. O Porto é o clube que mais utilizou os lugares disponíveis do seu estádio, durante o período analisado.

6 foi o número máximo

de clubes, que numa época atingiu os 50% de taxa de ocupação. Após 2008/09 jamais tantos clubes chegaram a esta marca.


42 dividida


dividida

43

Analisados os dados, verifica-se a tendência para uma descida gradual no volume total de adeptos nos estádios portugueses ao longo dos anos. Percebemos também que os clubes “maiores” apresentam mais oscilações em termos de assistências nos seus estádios, algo que pode estar associado às expectativas e resultados desportivos ao longo das épocas. Por último, confirma-se também que a lotação dos estádios está longe de ser atingida, deixando um potencial de apoio e receitas que pode ser mais explorado. Dados: website da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (www.lpfp.pt). Notas: apenas tivemos acesso a dados das últimas 5 épocas. Apenas foram estudadas as equipas que disputaram a 1ª Liga em todas as épocas. À data do estudo, a época 2012/13 não estava ainda concluída pelo que não foi incluída - numa análise retrospectiva, confirmam-se as mesmas tendências


44 dividida

ENTREVISTA COM


dividida

45

O futebol é um espectáculo e como tal só faz sentido se tiver espectadores. Acha importante que os clubes tenham muitos espectadores a assistir aos jogos? Porquê? Ter os estádios cheios é fundamental para os clubes por várias razões: Primeiro, o futebol profissional é um espectáculo para pessoas e como tal só faz sentido se tiver espectadores. Segundo, ter muitos espectadores é fundamental para motivar a equipa e pode influenciar positivamente a performance em campo. Terceiro, é também fundamental para gerar receitas diretas para o clube (bilhetes, merchandising, etc) e indirectas (patrocínios e negociação dos direitos televisivos). Além disso, os espectadores ajudam a criar o espectáculo, o que beneficia também as transmissões televisivas.

O que fazer para aumentar o número de espectadores no estádio? Este é um trabalho que deve ser coordenado pela Liga e com a colaboração dos clubes. É importante repensar o modelo competitivo da Liga para garantir que existe maior equilíbrio entre todas as equipas. É uma questão de competitividade. Uma Liga competitiva é benéfica para todos os clubes. Por sua vez, uma Liga com 1 ou 2 potenciais vencedores antecipados e com grande diferença de qualidade entre as equipas, gera menor interesse para os adeptos e público em geral, e limita também o potencial interesse dos

patrocinadores. Numa liga desportiva nenhum clube pode ter o monopólio desportivo e financeiro. A liga deveria ser estruturada numa lógica de cartel. Quanto mais forte a concorrência melhor é a liga e a possibilidade de atrair público e gerar receitas. Evidente que a política de preços deve ser repensada, inclusivamente o IVA a 23% é excessivo. Mais vale um estádio cheio do que conseguir uma receita idêntica com menos público.

Qual o comentário que faz aos resultados obtidos neste estudo. Os resultados parecem estar em linha com a perspectiva apresentada anteriormente. Por exemplo, a época 2010/2011 registou o menor número total de espectadores das últimas 5 épocas, muito provavelmente pelo campeonato ter sido decidido tão cedo (vitória do FC Porto e melhor época de sempre de uma equipa no campeonato português), o que pode ter gerado desinteresse aos espectadores em geral. Na época seguinte, apesar da crise económica que o país atravessa, houve um aumento substancial do número de espectadores, muito provavelmente devido ao campeonato ter sido decidido muito mais perto do seu final.

Maio de 2013


46 dividida

autores Tiago Filipe

Miguel Baracho

O Tiago está no final da Licenciatura em Ciências do Desporto, na FMH. Jogou futebol durante mais de 10 anos num nível competitivo modesto. Começou como treinador adjunto no SG Sacavenense em 2009, passando por vários escalões etários no Futebol Formação.

O Miguel encontra-se a terminar a licenciatura de Ciências do Desporto - Futebol na FMH. Desde 2010 trabalha como treinador adjunto na equipa de juniores do Sporting Clube Linda-a-Velha. As suas principais áreas de interesse são a psicologia, pedagogia, controlo motor e aprendizagem.

Tiago Sousa

João Silva

O Tiago está a concluir a licenciatura de Ciências do Desporto na FMH - Futebol (após terminar a de Reabilitação Psicomotora). Estagiário no Casa Pia A.C., experiência profissional na prospecção do S.L.Benfica, tendo passado também pela Escola Academia do Sporting C.P e Atlético C.P. como treinador.

O João é licenciado em Ciências do Desporto (Treino Desportivo) pela FMH, ex-jogador de futebol, treinador com o 1ºNível em actividade desde 2007 nos escalões de formação.

Pedro Graça Ricardo Sousa O Ricardo está praticamente no fim da licenciatura de Ciências do Desporto na FMH - Futebol. Responsável pelo treino de guarda-redes (Benjamins A e Infantis B) do C.F. “Os Belenenses”. Tem interesse também na área da análise de jogo/recrutamento.

Tiago Maia O Tiago licenciou-se em Ciências do Desporto na FMH Futebol com seminário em análise de jogo. Foi treinador no Sporting C.P. (iniciados) onde integrou também o Departamento de Scouting (5 épocas). Em 2011-12 foi treinador adjunto no FC Lokomotiv Moscovo da Rússia.

José Barbosa O José é licenciado em Ciências do Desporto - Educação Física e Desporto Escolar. Mestre em Treino Desportivo pela FMH. Estudou em Granada (Espanha) durante 6 meses. Desde 2006 que é treinador de futebol, tendo já passado por todos os escalões (escolas a seniores), e funções de coordenação e prospecção de jovens talentos (Sporting C.P.).

O Pedro Graça é licenciado em Ciências do Desporto pela FMH - Futebol. Foi estagiário na escola de futebol Geração Benfica e Escola Academia Sporting. Seguiram-se as experiências como treinador adjunto nos Iniciados do Atlético Clube do Cacém e do Real Sport Clube. É actualmente técnico principal dos sub-9 do Real Sport Clube.

Jorge Belga O Jorge é aluno da licenciatura de Ciências do Desporto da Faculdade de Motricidade Humana, na qual integra o Núcleo de Futebol. Nas últimas duas épocas integrou o Departamento de Prospeção do S.L.Benfica. Foi treinador adjunto no Casa Pia AC e na EAS Algés.


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