negócios
www.aecic.org.br | Edição 04 - Ano 02 | Junho 2013 | Bimestral
Acordo de livre comércio USA – EUROPA
08
Ganhos e Perdas para o Brasil
36
Custo Brasil Inibe o crescimento da indústria nacional
SENAI 70 ANOS
Educação & Serviços para indústria
10
BRAFER
Marino Garofani - Personalidade AECIC
18
1
ASSOCIAÇÃO DAS EMPRESAS DA CIDADE INDUSTRIAL DE CURITIBA
PRESIDENTE CELSO LUIZ GUSSO Campodoro Participações e Empreendimentos Ltda
Gestão 2011-2013 Rua Manoel Valdomiro Macedo, 2445 Cidade Industrial Curitiba (PR) 81170-150 Tel | Fax: (41) 3347-1011
VICE-PRESIDENTE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS NELSON ROBERTO HUBNER Hubner Indústria Mecânica Ltda
www.aecic.org.br aecic@aecic.org.br VICE-PRESIDENTE PATRIMÔNIO CARLOS ANTONIO GUSSO Risotolandia Ind. e Com. De Alimentos Ltda
Edição 04 – Ano 02 Maio 2013
Editor Executivo Moacir Moura
Jornalista Responsável Meri Rocha DRT 3735/PR
VICE-PRESIDENTE ADMINISTRATIVO MARINO GAROFANI Brafer Construções Metálicas S.A
VICE-PRESIDENTE FINANCEIRO MARCELLO LUPÁRIA Maclínea S/A Máquinas e Engenharia
Direção de Arte Juliana Deslandes
Diagramação Erlon Antunes
Impressão Editora Gráfica Expoente 2
VICE-PRESIDENTE JURÍDICO JOÃO CASILLO Casillo Advogados
EXPEDIENTE DIRETORES ADJUNTOS: DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL MARTINHO FAUST
Stockholm Adm. e Participação Ltda RECURSOS HUMANOS JOSÉ ANTÔNIO FARES SESI Paraná EXECUTIVO CARLOS VIVALDI RODRIGUES
CONSELHEIROS:
ALAIDES FRANCISCO DE OLIVEIRA Itaeté Construtora De Obras Ltda BALDOINO SENS Siemens Enterprise Communications CARLOS MORASSUTTI Volvo do Brasil Veículos Ltda DUILO DAMASO Robert Bosch Ltda
João Barreto Lopes SENAI – PR José Ribamar Brasil dos Reis CIEE - Centro Integração Empresa-Escola do PR Luiz Ben-Hur Loures Transtupi - Transp. Coletivo Ltda Luiz Olívio Bortolli Denso do Brasil Ltda
Franscesco Pallaro CNH Latin America Ltda
Osmar Antonio Migdaleski Cassol Pré Fabricados Ltda
Jackson Lenzi Pires Plásticos do Paraná Ltda
Wanclei Benedito Said Condor Super Center Ltda
Editorial
04 30 Infraestrutura
Indústria
06 32 Volvo do Brasil
Política Externa
08 36
Entrevista | José Luiz Pimenta
SENAI
10 38
Importação
Artigo | Ricardo Martins
16 40
Entrevista | Renata Bueno
Brafer
18 42
AECIC em Ação
Competitividade
20 44
Empresário
Comemoração
26 47
Artigo | Eloi Zanetti
ÍNDICE
3
Celso Luiz Gusso Presidente da AECIC
UM NOVO BRASIL O futuro é um ponto além do horizonte que não
Cruzávamos a nuvens alegremente, é verdade.
sabemos divisar com clareza, por mais esforços que
Mesmo nessa época, especialistas de peso alertavam
façamos. No entanto, por não haver feito a lição de casa
que, apesar de se sustentar nas alturas, a máquina
como outros países fizeram com grande determinação
era muito pesada, complicada, empregava tripulantes
e pelo fato de continuarmos a negligenciar o presente
demais e gastava muita energia, por isso produzia
em alguns aspectos, salvo mudança de rota com certa
menos do que outros países. Para continuar voando
urgência, podemos vislumbrar um futuro com cores e
com segurança e se sustentar dentro das leis da
ritmo iguais às que estamos experimentando hoje, ou
aerodinâmica, a embarcação precisava de profundas
seja:
reformas, sussurrava a voz do bom senso nacional nos ouvidos dos estrategistas econômicos.
Crescimento abaixo do nosso potencial e ainda de forma irregular.
Reformas,
ajustes,
adaptações
às
novas
realidades são comuns na história dos países. Entretanto, no caso brasileiro, estamos há décadas
Como uma aeronave, o Brasil fazia um voo de
patinando nos diagnósticos apenas. E quando fazemos,
cruzeiro sustentado em princípios sólidos chamados
optamos pelas meias reformas, talvez para não
de fundamentos econômicos pelo técnicos, cujos
prejudicar a perpetuação dos males que as antigas
mecanismos forneciam combustíveis para a embarcação
estruturas provocam. Talvez porque gostamos de viver
continuar subindo, ganhar velocidade e gerar cada
num mundo de faz de contas onde os mágicos de plantão
vez mais confiança na população, consumidores,
inventam uma saída aqui outra ali. Criativamente.
setor produtivo, investidores, aos setores públicos e à infraestrutura do país como um todo. 4
Porém, só criatividade não sustenta a economia de um país, dizem os especialistas em crescimento
EDITORIAL
sustentado. A imprensa não se cansa de estampar matérias em suas páginas impressas e em suas revistas eletrônicas alertando que o uso contínuo de medicamentos tópicos pode levar o paciente a um estado letárgico, que além de não melhorar, perde a capacidade de reagir. Claro que esse impasse não vai provocar a queda da nossa Aeronave, graças ao seu tamanho, sua estrutura sólida, bem como sua importância no cenário mundial. Podemos nos sustentar por muito tempo usando mecanismos artificiais. O problema é que não nos preparamos para nos livrar das amarras que impedem o crescimento. E não crescer significa retroagir, viver períodos perdidos, comprometendo nosso futuro. Sabemos produzir sim. Conhecemos a tecnologia de manufatura e temos vocação para fabricar aeronaves, equipamentos e produtos de toda a ordem. O que precisamos é recuperar a confiança para investir, colaborar na solução dos problemas crônicos nacionais e retomar um crescimento por igual em todos os setores. Corrigir alguns pontos. Fazer a lição de casa. Ganhar maior competitividade, como sugerimos nesta edição da AECIC NEGÓCIOS, através das matérias, entrevistas e dos nossos articulistas, sempre com o objetivo de contribuir e inspirar iniciativas inovadoras. Restabelecer o otimismo em toda a população.
Confiança. Quem confia, investe.
5
INDÚSTRIA
Como está
a produtividade? O doutor em economia Gustavo Loyola, presidente do Banco Central por duas vezes, analisa o cenário industrial brasileiro do ponto de vista da produtividade
Conforme Gustavo Loyola, que é também sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada,
Principais entraves
“em que pese o esforço das empresas para
a) excesso de burocracia; b) mercado
aumentar sua eficiência, a produtividade tem crescido pouco no Brasil”. Segundo ele, a culpa
de trabalho inflexível em razão de regras
não é das empresas, mas sim de fatores externos a
excessivas; c) barreiras alfandegárias no
elas, como alta e complexa carga tributária, excesso de burocracia, mercado de trabalho com pouca
Brasil; d) baixa produtividade da mão de
flexibilidade, mão de obra com baixa qualificação,
obra; e) incertezas sobre as regras do
barreiras comerciais à importação de bens de capital
jogo (risco legal). Podem ser mencionadas
e de insumos, entre outros entraves. “A indústria nacional não é o problema. O que se necessita é de
ainda a falta de uma política comercial
instituições que favoreçam a economia de mercado.
para abertura de mercados externos e as
Hoje, lamentavelmente, nossa indústria – não muito
barreiras que são colocadas por terceiros
diferente dos outros setores da economia – está amarrada por grilhões impostos por um governo que 6
países contra nossos produtos.
Gustavo Loyola: “hoje, nossa indústria está amarrada por grilhões impostos por um governo que tem a veleidade de tutelar o mercado”
tem a veleidade de tutelar o mercado”, enfatiza.
por causa de uma educação de melhor qualidade.
Loyola diz que nas resenhas que são realizadas
Além disso, o mercado de trabalho norte-americano
pelos organismos internacionais, o Brasil aparece
funciona mais livremente, o que favorece o aumento
como um dos países com maior potencial, mas
da produtividade. Não se deve esquecer também
ao mesmo tempo é apontado como um dos que
que a economia norte-americana é muito inovadora.
mais dificuldades impõem ao investimento, pelas
“Os desafios principais para revertermos o
razões já apontadas. “Numa comparação com os
quadro passam pela melhora do nível educacional no
emergentes, eu diria que o Brasil é um ´copo meio
Brasil, redução da burocracia estatal, simplificação
cheio e meio vazio´. Temos um parque industrial
e redução da carga tributária com diminuição da
diversificado e sofisticado, tempos empresários
participação do Estado na economia e estabilidade
competentes e criativos. Mas há obstáculos para
de regras para favorecer o investimento”, frisa.
que nossa indústria tenha mais força na competição
Em relação aos avanços dos últimos anos, Gustavo
internacional”.
Loyola diz que, após o plano Real, os principais
Analisando a produtividade do ponto de vista
são a eliminação da hiperinflação, a redução da
do desempenho dos trabalhadores, o economista diz
vulnerabilidade externa da economia brasileira e
que nos EUA a produtividade é maior, principalmente
abertura da economia ao comércio internacional. 7
POLÍTICA EXTERNA
Efeitos
colaterais O acordo de livre comércio entre Estados Unidos e União Européia atinge negativamente o Brasil em algumas questões importantes Em âmbito geral, na análise do professor José Pio
acordo aprofunda a competição. A única maneira de o
Martins os Estados Unidos têm uma ligação histórica
Brasil sair-se bem na concorrência com exportadores
com a Europa, sobretudo a Europa do oeste. Desde a
europeus é pelo aumento da produtividade, e isso exige
colonização dos EUA pela Inglaterra existem afinidades
apressar a incorporação do progresso tecnológico que
econômicas profundas entre as duas regiões. Além
vem ocorrendo no mundo”, analisa.
disso, os eventos de reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial aproximaram os setores
Desdobramentos
de infraestrutura e industrial dos países europeus
Segundo Pio Martins, o problema desses acordos
e dos EUA. Adicionalmente, há integração política e
comerciais é que nunca se sabe como eles serão
compartilhamento dos valores democráticos. Assim, os
desdobrados e quais setores realmente vão se expandir
acordos comerciais entre as duas regiões se sucederam
em face da cooperação estabelecida. O professor ainda
em profusão. “O acordo atual é normal e era esperado,
salienta que há o outro lado do problema: as exportações
sobretudo porque EUA e Europa estavam unidos nas
de produtos norte-americanos para a Europa devem
mesmas crises - a de 2007/2008 iniciada nos EUA e a
aumentar. “Embora o Brasil não tenha na Europa o seu
crise atual na zona do euro”, analisa.
maior mercado, os exportadores brasileiros terão de
Entretanto, ele ressalta que o Brasil sempre teve
competir com empresas norte-americanas na disputa
nos EUA um grande parceiro comercial, nas duas mãos do
desses mercados. Talvez, enquanto a Europa estiver
comércio exterior. “Caso os EUA ampliem suas compras de
na crise, nem haja elevação substancial dos valores de
produtos industrializados da Europa, o Brasil terá aí um grande competidor para enfrentar. No momento em que a economia brasileira precisa ampliar sua pauta de exportações de produtos com maior valor agregado o que exige expandir as exportações de produtos industrializados - esse 8
comércio exterior da região. Mas a
“O problema desses acordos comerciais é que nunca se sabe como eles serão desdobrados.”
crise europeia uma hora vai terminar e a tendência é que a demanda naquela região cresça bastante. Aí será a hora dos exportadores brasileiros estarem aptos a competir e ganhar”, ressalta. Outro questionamento inevitável é se esse acordo poderia levar o Brasil
a perder mercado com a comercialização de commodities,
De acordo com o professor, a China, caso mantenha
como soja, carne bovina, frango, suco de laranja e açúcar?
seu crescimento econômico, jogará um papel cada vez
Conforme José Pio Martins, a demanda das commodities
mais importante na composição da demanda mundial. Em
que o Brasil exporta tem uma peculiaridade: o que interessa
termos de quantidades compradas, a China será sempre
é a demanda mundial como um todo. Para o desempenho
um parceiro relevante, sobretudo pelo tamanho de sua
das vendas ao exterior é muito mais relevante o nível de
população. “Aliás, o país só não é muito mais decisivo
consumo na China do que em outras regiões do mundo.
no jogo do comércio exterior porque dois terços de sua
De acordo com ele, a razão é simples: a China tem perto
população são pessoas muito pobres. Com o crescimento
de 1,3 bilhão de habitantes, a população urbana já está em
chinês, veremos a uma mudança em termos de posição
500 milhões de pessoas, e qualquer variação no consumo
relativa. Mas o mundo ocidental continuará sendo um
chinês afeta diretamente as exportações brasileiras. Por
consumidor expressivo, pois, se sua população é menor,
outro lado, mesmo os países em crise têm limites para
a renda por habitante é muito maior”, aponta.
reduzir compras de alimentos como os exportados pelo
Pio Martins, o acordo não tem o poder de criar uma
Brasil. “O acordo entre EUA e Europa não deve prejudicar
revolução no comércio entre os signatários do documento.
o comércio exterior brasileiro de commodities. O que pode
O que talvez ocorra - e aí o Brasil tem que prestar muita
prejudicar é a queda na demanda mundial por alimentos”.
atenção - é que facilidades negociais, reduções tributárias e remoção de barreiras não tarifárias promovam o aumento do comércio entre as partes, obrigando o Brasil a desonerar ainda mais as exportações para poder competir. “Nesse cenário, o Brasil tem um elemento complicador: a taxa de câmbio. Não adianta o governo reduzir tributos e melhorar a infraestrutura portuária se o preço do dólar despencar, pois isso reduziria a receita dos exportadores e poderia, inclusive, causar sérios prejuízos nos balanços”, conclui. José Pio Martins: “Caso os EUA ampliem suas compras de produtos industrializados da Europa, o Brasil terá aí um grande competidor para enfrentar.”
9
SENAI
Um pouco da história do Senai A fundação da entidade foi um dos pilares para o crescimento e desenvolvimento da indústria no Brasil
A história tem início no dia 12 de março de
brasileira, a entidade se expandiu pelo território paranaense
1943, data em que o Senai - Serviço Nacional de
ao longo dos anos. Atualmente são 46 unidades, que
Aprendizagem Industrial - foi fundado no Paraná. No
atendem cerca de 300 municípios paranaenses.
Brasil, a entidade foi criada um ano antes, em 22 de janeiro de1942, por meio do Decreto-Lei nº 4048, do
Atuação
então presidente Getúlio Vargas. Nesta época, o mundo
A comunidade industrial conta com o Senai para
estava em meio à Segunda Guerra Mundial, com baixa
formar novos trabalhadores para a indústria por meio de
produção industrial. Os produtos industrializados, em
cursos de iniciação profissional, aprendizagem industrial,
sua maioria, ainda eram importados. Era preciso mudar.
qualificação e aperfeiçoamento profissional, cursos
Neste cenário, o Brasil se lançou em um grande esforço
técnicos, graduação tecnológica e pós-graduação, além
para alavancar a industrialização no território nacional
de capacitações à distância e in company. A entidade atua
e a fundação do Senai foi um dos pilares para o
também em serviços tecnológicos e inovação realizando
crescimento e desenvolvimento da indústria no Brasil.
consultorias, ensaios laboratoriais industriais, além de
Já passaram pela entidade nove gerentes regionais. O
prestar apoio tecnológico às indústrias. O Senai possui
primeiro deles foi o industrial Ivo Cauduro Piccoli, que
ainda a maior rede privada de laboratórios integrados
esteve à frente do Senai no Paraná entre 1943 e 1944.
do País e dá apoio para o desenvolvimento da inovação
Atualmente o diretor regional do Senai é o colaborador
em cooperação com a indústria.
Marco Antônio Areais Secco.
A primeira unidade do Senai no Paraná começou
Desde os dias de sua fundação até hoje, o
a ser construída em 1948, na Rua Chile nº 1678,
Senai e seus colaboradores trabalham em busca
vale destacar que a rua era de chão batido. Antes
do
e
deste período a entidade realizava cursos na capital
desenvolvimento da indústria do Estado. Com a missão
paranense em pavilhões alugados. Um deles era situado
de promover a educação profissional e tecnológica,
na Alameda Princesa Izabel n° 359, com curso de Solda,
a inovação e a transferência de tecnologias industriais,
Marcenaria e Eletricidade. Nessa época o Senai era
contribuindo para elevar a competitividade da indústria
muito distante do então centro de Curitiba. O local no
10
desenvolvimento
sustentável,
crescimento
Fachada do SENAI em Londrina. Foto: Luana Cardoso dos Santos
qual o Senai estava localizado era ainda uma zona rural.
Primeira logomarca utilizada pelo Senai no
A segunda cidade escolhida para a instalação do Senai
Paraná. A logo seguia os padrões do Senai
foi Londrina. A Escola de Aprendizagem de Londrina,
Nacional
hoje Senai em Londrina, começou a ser construída em 1947 e concluída em 1950.
Marcas A história do Senai tem muitas curiosidades, uma delas é uma canção, criada pelos alunos da entidade em 1953. Ela mostra que os jovens estavam
Construção da primeira sede oficial
engajados em mostrar a importância do Senai para
do Senai, na Rua Chile, em Curitiba
a nação e destacavam também a necessidade da qualificação para o desenvolvimento do Brasil. No ano de 1949, o Senai também contava com um jornal chamada O Escudo. Ele era uma publicação oficial dos alunos da então Escola de Aprendizagem do Senai em Curitiba. A primeira edição foi lançada em setembro
Primeira edição do jornal O Escudo, do Senai
daquele ano. Outro fato interessante é que Antônio Theolindo Trevizan, que foi diretor regional do Senai no período de 23 de abril de 1962 a 9 de novembro de 1972 escreveu, nos 50 anos do Senai, um livro com todo o histórico da entidade até aquele ano. A publicação está digitalizada e foi disponibilizada para os colaboradores, por meio do Centro de Memória do Sistema Fiep. 11
SENAI
Sete décadas
preparando
profissionais
Para 2013 estão previstas 370 mil matrículas nos mais de 1.200 cursos do Senai. Nestes 70 anos, 2 milhões e 701 mil alunos já foram matriculados
A área de educação e qualificação do Senai
com 460 alunos matriculados. Eram fornecidos apenas
cresceu significativamente nestes 70 anos de existência
cursos rápidos, sendo eles de mecânica, construção civil,
da entidade. Atualmente os trabalhadores da indústria
automobilística, eletroeletrônica, madeira e mobiliário.
e a sociedade contam com a oferta de 1.270 cursos por
Em 1953 outras duas unidades foram estabelecidas, em
modalidade, sendo estes de iniciação profissional: 45; a
Londrina e Monte Alegre (Telêmaco Borba), contando
Aprendizagem Industrial: 84; à qualificação profissional:
com 1.306 alunos matriculados e 28 cursos voltados
214; para habilitação técnica: 26; ao aperfeiçoamento
para varias áreas. Essas mesmas unidades em 1963, já
profissional: 874; à Graduação tecnológica: 9 e a Pós-
contavam com um total de 59 cursos. No ano de 1983
graduação: 18.
já passavam de 53 mil alunos inscritos nos cursos. De
As primeiras unidades do Senai foram criadas em
1943 a 2012 o aumento de alunos matriculados é de
Curitiba e Ponta Grossa, no ano de 1943. Com o intuito
656%. Nestes 70 anos, 2 milhões e 701 mil alunos já
de educar e qualificar os alunos no início contavam
foram matriculados. Os cursos são ofertados nas 46 unidades do Senai em todo o Estado. A
implantação
de
Cursos
de
Graduação
Tecnológica foi para atender a grande demanda da indústria e com ela a evolução da cultura de Educação Profissional do Senai no Paraná. Os cursos de graduação tiveram inicio no ano de 2009 com um total de 243 alunos matriculados já em 2013 o aumento foi significativo, chegou a de 470%. Foram implementadas as faculdades em Curitiba, na Cidade Industrial, Telêmaco Borba, Cascavel, Toledo e em Londrina. Fachada da unidade do sistema Fiep em Curitiba. Foto: Mauro Frasson 12
Depoimento de destaque
Fotos: Mauro Frasson
O empresário Nelson Hübner é parte ativa da história do Senai Paraná. Em 1969, ele ingressou na entidade como estudante do curso de mecânica geral, que englobava aulas de tornearia, retífica, fresa e ferramentaria. Foram dois anos e meio de teoria e prática. “Os melhores anos da minha vida como menor aprendiz. Na época tínhamos teoria e prática e eu gostava muito de poder praticar na indústria através de trabalhos assistidos aquilo que havia aprendido na sala de aula. Podendo assim consolidar o conhecimento”, enfatiza o empresário. Depois Nelson Hübner atuou no Senai como instrutor, ministrando as mesmas aulas que frequentara como aluno. “Disputei uma vaga no Senai, passei nos exames e trabalhei como instrutor da entidade durante cinco anos. Foi uma fase trabalhosa passar o conhecimento para os jovens aprendizes, mas também muito prazerosa”. Os anos se passaram, Nelson Hübner trabalhou como supervisor em importante indústria do segmento metal mecânico, também em vendas técnicas até a fundação da Hübner, atualmente um Grupo que atua através das empresas AutoLinea, RodoLinea, Hübner Fundição (matriz e filial), Hübner Fundição Alumínio, Hübner Siderurgia (unidade Minas Gerais), Hübner Indústria Mecânica e Bricarbrás. Hoje, ele atua no Senai como conselheiro há três anos. “Nessa fase tenho oportunidade de participar das decisões e também constatar mais de perto como essa instituição é fantástica, como a equipe de pessoas que trabalham são compromissadas e disciplinadas em tudo o que fazem. É uma instituição séria, altamente técnica. Se não fosse o Senai a indústria não teria o desenvolvimento que tem e que irá atingir ainda. É uma instituição fundamental para a indústria”, conclui. 13
SENAI
Destaques da
comemoração Personalidades ressaltam o importante papel do Senai durante festa de comemoração dos 70 anos da entidade, realizada no dia 12 de março
das
também no auxílio tecnológico e de inovação para as
Indústrias do Paraná (Fiep), Edson
indústrias do Estado. Secco ressaltou que o Senai
Campagnolo: “Em 1943, quando o
investirá R$ 277 milhões para a instalações de sete
Senai foi fundado, foram ofertadas
Institutos Senai de Tecnologia que atenderão setores
Presidente
da
Federação
seus
específicos, além de um Instituto Senai de Inovação,
cursos de qualificação. Para o ano que
em Curitiba, voltado para a área de Eletroquímica.
vem, queremos chegar à marca de 500 mil matrículas
Também serão construídos novos centros de formação
no Estado”, afirmou. “Essa é uma história de grande
profissional em todas as regiões do Paraná. “O Senai,
sucesso. Se hoje a indústria responde por um terço do
junto com instituições parceiras e com as empresas,
PIB do Paraná, o Senai com certeza tem participação
está pronto para fazer sua parte no desenvolvimento
fundamental, tendo formado dentro de suas instalações
do Paraná, com qualidade, efetividade e respeito às
a mão de obra para esse indústria”, acrescentou.
pessoas”.
apenas
500
vagas
em
Campagnolo ressaltou ainda a importância do trabalho dos mais de 4 mil colaboradores que atuam ou já
Vice-governador e Secretário de
atuaram no Senai nesses 70 anos. “Essa evolução só foi
Estado da Educação, Flávio Arns: “O
possível graças ao esforço dos colaboradores do Senai.
Senai tem uma ampla experiência
E o legado que o Senai deixa é ter formado e melhorado
sobre
as
necessidades
de
qualificação e de desenvolvimento
a vida das pessoas”.
do Paraná, em um trabalho reconhecido Diretor do Senai no Paraná, Marco
por toda a sociedade como de alta qualidade”. Para ele,
Secco destacou que o Senai, para
“o Senai sabe quais são as necessidades e envolve toda
os próximos anos, tem metas ainda
a força produtiva do nosso Estado, dando conta, junto
mais desafiadoras não apenas na
com o poder público, deste grande desafio que é formar
qualificação de mão de obra, mas 14
um cidadão qualificado para o mundo do trabalho”.
Prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet:
Diretor de operações do Senai
“Além de destacar a bela história
nacional, Gustavo Leal Sales Filho,
do Senai, queremos intensificar
afirmou que a comemoração dos
as parcerias em pelo menos três
70 anos da instituição no Paraná
áreas: inovação, capacitação e no
é um momento de reflexão não
fortalecimento de estruturas existentes
apenas sobre a história da entidade, mas
na prefeitura através de programas como o Pronatec”,
sobre os desafios do futuro. “Saímos daqui fortalecidos
afirmou Fruet, referindo-se ao Programa Nacional
para pensar o Senai dos próximos 70 anos, para que
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. O Senai é
possamos dar o apoio que a indústria brasileira precisa”.
uma das entidades que oferecem cursos gratuitos de Também
capacitação profissional através do Pronatec.
participaram
do
evento,
entre
outras
autoridades, o diretor geral da Itaipu Binacional, Jorge Assembleia
Samek, e o reitor da Universidade Federal do Paraná
Legislativa do Paraná, deputado
(UFPR), Zaki Akel Sobrinho, além de presidentes e
Valdir Rossoni destacou a grande
diretores de sindicatos industriais filiados à Fiep e
capilaridade da rede de escolas do
representantes de dezenas de grandes indústrias
Senai, que com suas 46 unidades
instaladas no Estado, como Klabin, Renault, Bosch,
Presidente
da
atende cerca de 300 município em todas
Volvo e Petrobras.
as regiões do Estado. “O Senai dá oportunidades aos jovens de todo o Estado, que não precisam sair de suas
Selo comemorativo
regiões para se capacitar”.
Durante a solenidade, os Correios lançaram um selo personalizado e um carimbo comemorativo
Presidente
da
Federação
Indústrias
de
Santa
(Fiesc),
Glauco
das
em homenagem aos 70 anos do Senai no Paraná. O
Catarina
lançamento foi feito pela coordenadora regional de
Côrte,
que
Recursos Humanos da empresa, Ana Lúcia Jacobs, junto
presidente
da
com o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, e o diretor
Confederação Nacional da Indústria
do Senai, Marco Secco. “A emissão deste selo e deste
representou
o
(CNI), Robson Braga de Andrade:
carimbo demonstra o reconhecimento
“O Senai é a mais importante instituição de ensino
dos Correios à importância do
profissionalizante do país, já tendo beneficiado milhões
Senai, que é o maior complexo de
de jovens e trabalhadores, propagando cidadania”,
educação profissional do país”,
declarou.
disse a coordenadora. 15
ARTIGO Ricardo Martins - Diretor
do Centro das IndúsEstado de São Paulo (CIESP) - Distrital Leste (www.ciespleste.com.br) e diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da FIESP. Também é vice-presidente do SICETEL - Sindicato Nacional das Indústrias de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos. E-mail: linkciespleste@gmail.com. trias do
O CUSTO BRASIL,
O REAL VALORIZADO E O “PIBINHO” Pesquisa do CIESP/FIESP mostra que um produto produzido no Brasil custa 34,2% a mais
na Competitividade da Indústria de Transformação Brasileira”.
do que um similar importado. Entre os fatores que
A pesquisa revela que os produtos brasileiros são
encarecem o produto brasileiro estão o “custo Brasil”,
34,2% mais caros do que os importados. Isto se deve
velho conhecido, originado pela alta carga tributária,
às deficiências do ambiente de negócios somados à
infraestrutura deficiente e uma legislação trabalhista
valorização do real frente ao dólar. Esta conta explica
obsoleta, associado a um real valorizado. A estagnação
também o boom das compras realizadas no exterior por
da indústria de transformação, provocada por estes
viajantes brasileiros. É muito mais vantajoso comprar
fatores, está entre as causas mais importantes do fraco
produtos em Miami, onde os preços são muito menores
desempenho do PIB brasileiro.
do que aqui, em que os mesmos produtos carregam a
O recém-divulgado crescimento do PIB, de apenas
alta carga dos tributos e do “custo Brasil”.
0,9% em 2012, tem entre suas causas mais evidentes a
Críticas como estas, muitas vezes tratadas como
retração do PIB da indústria de transformação, - 2,5%,
choradeira pelos economistas de plantão, são na verdade
que por sua vez, se explica pelo aumento da importação
um alerta às autoridades para que ajam com rapidez
de produtos estrangeiros, grandes favorecidos com o
na adoção de políticas públicas estruturantes, que
aumento de consumo das famílias brasileiras.
promovam condições isonômicas de competição entre
O famigerado ”custo Brasil”, somatória dos
a indústria nacional e seus concorrentes estrangeiros.
grandes problemas que tiram o sono dos produtores
É muito importante que os burocratas do governo
nacionais, acrescido de um real valorizado, põe em
entendam, de uma vez por todas, que a indústria brasileira
risco a sobrevivência da indústria nacional. Para
não suporta mais o caótico sistema tributário e nos deem
auxiliar a sociedade brasileira a compreender esse
uma trégua na edição de normas, portarias e outras
fenômeno que já não é novo, o CIESP e a FIESP acabam
maldades que nos atingem a cada instante e não nos
de divulgar o estudo “Custo Brasil e a Taxa de Câmbio
deixam trabalhar naquilo que sabemos fazer: produzir.
16
17
EMPRESA
Em constante expansão A paranaense Brafer tem obras em diversas partes do País e também fora do Brasil. Além das fábricas nos estados do PR e RJ, vai inaugurar unidade fabril em MG
Trabalho, dedicação e conhecimento do mercado
Há 37 anos no segmento de estruturas metálicas, a
são as principais atitudes apontadas pelo presidente
Brafer tem hoje uma produção mensal de 2,5 mil toneladas
da Brafer, Marino Garofani, como responsáveis pela
na sede em Araucária, e de mil toneladas na fábrica do Rio
trajetória de sucesso da empresa. “Começamos
de Janeiro. A previsão é de que em março de 2014 entre
atendendo Curitiba e região metropolitana. Depois
em operação a fábrica de Minas Gerais, na cidade de Juíz
fomos para os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul,
de Fora. “A empresa tem crescido com o País. E a minha
Santa Catarina e para o resto do País. Além da atuação
expectativa é muito boa, porque o nosso produto de
fora do Brasil. A nossa empresa iniciou suas atividades
estrutura metálica atende principalmente o setor industrial
em Curitiba, no bairro da Vila Hauer, depois compramos
e de infraestrutura, e o Brasil tem uma grande carência
o terreno em Araucária. Estamos aqui na sede há mais
particularmente nessa área. Tenho boas perspectivas para
de 30 anos”, relembra. O empresário conta ainda:
os próximos cinco anos. Além disso, contamos também
“já fizemos obras no Amazonas, Pará, em locais
com os investimentos por conta da Copa do mundo. Temos
completamente afastados, divisa com Colômbia, Acre,
obras, por exemplo, no estádio do Corinthians, do Atlético
Roraima. Lugares sem acesso rodoviário, com acesso
Paranaense e no ano passado fizemos toda a arquibancada
só por barco, balsa. Fizemos obras também na Angola”.
do Maracanã”, destaca o empresário.
Marino Garofani é a Personalidade AECIC 2013 • Personalidade AECIC é um evento que acontece desde 1978 para homenagear e valorizar o empresário paranaense. O prêmio é um reconhecimento às pessoas que, no exercício de suas atividades empresariais, contribuíram para o desenvolvimento do Estado e do País e para a elevação das condições de vida da população. • Este ano o homenageado será o empresário Marino Garofani, presidente do Grupo Brafer Construções Metálicas S/A. • Seu empreendedorismo e sua liderança empresarial foram
determinantes
para
receber
a
justa
homenagem, que a classe empresarial fará através da outorga do título Personalidade AECIC 2013. 18
Segundo ele, em termos de vendas os anos de 2007 e 2008 foram os de maior crescimento para a empresa. Em 2012 o porcentual atingiu a marca de 10% e para este ano prevê no mínimo a manutenção desse crescimento, talvez chegando aos 15%. Em relação às exportações, Garofani diz que no ano anterior a produção destinada a outros países girou em torno de 10% a 12%, mas que a perspectiva para este ano e o próximo é de aumento. “Estamos iniciando obras numa siderúrgica na Venezuela”, destaca. Conforme o empresário, de 2002 a 2006 a produção de estrutura metálica da empresa para exportação atingiu o porcentual de 30%.
Diferenciais Marino Garofani ressalta que sempre esteve atento
Brafer
ao avanço da tecnologia, preocupado em se manter atualizado em relação a softwares, equipamentos, maquinários. Ele conta que a Brafer foi praticamente a
• Produção mensal na sede Araucária (PR): 2,5 mil toneladas
primeira empresa do segmento no Brasil a utilizar desenho
• Produção mensal na fábrica do RJ: mil toneladas
no computador. “Há 15 anos eu contratava especialistas
• Atende também o segmento de torres metálicas para
para ministrar cursos de AutoCAD aos desenhistas. Era
eletrificação. Produção mensal de mil toneladas.
uma tecnologia que tinha acabado de aparecer. Lembro que na época fizemos um edifício metálico no Cefet, e foi
• Área da sede Araucária: • terreno de 150 mil m2 • 40 mil m2 de área construída
a primeira obra inteiramente desenhada no computador.
• Área da fábrica no RJ
Também conseguimos identificar no exterior importantes
• terreno 76 mil m2
softwares para treinamento de pessoal. Nós sempre
• 22 mil m2 de área construída
nos mantemos atualizados. Hoje, a Brafer compete no mesmo nível tecnológico do que qualquer empresa do segmento no mundo. Nós somos tão bons quanto os
• Área da fábrica em MG • Terreno de 100 mil m2 • 22 mil m2 de área construída • Funcionários: Mais de 2,2 mil
melhores e não tenho nenhum receio de afirmar isso. Conversamos em pé de igualdade com os técnicos dos outros países”, enfatiza. De acordo com Garofani, ao longo da trajetória da empresa foi desenvolvida uma equipe técnica atuante em projeto, na fábrica e nas obras realmente competentes, que conhecem o trabalho, profissionais preparados. “Em primeiro lugar o nosso maior ativo é o capital humano. Aliado aos melhores equipamentos em termos de produtividade e qualidade”, ressalta.
Obras no estádio do Corinthians 19
COMPETITIVIDADE
Estudo
Custo Brasil
Confira as conclusões da primeira parte da análise realizada pela Fiesp sobre o impacto do Custo Brasil na competitividade da industria de transformação brasileira
Em 2012 o PIB do Brasil cresceu somente 0,9%, muito
De fato, esse diferencial de preços deve ser o cerne
pouco em comparação com o PIB mundial (crescimento
de qualquer diagnóstico das causas do baixo nível
de 3,2%) e da América Latina (3,0%), e, principalmente,
de investimentos, pífio nível de atividade inovativa
ante as economias em desenvolvimento, que cresceram
e reduzido crescimento econômico do Brasil. Mais do
5,1%, diversos dos quais são analisados no presente
que isso, os resultados evidenciam que a retomada
estudo.
da competitividade brasileira pressupõe a adoção de políticas de Estado dirigidas a eliminação ou
Um dos determinantes do baixo crescimento econômico
redução expressiva do Custo Brasil e da valorização
brasileiro tem sido a estagnação da indústria de
do real.
transformação,
culminando
com
a
retração
de
2,5% do PIB do setor em 2012. Por outro lado, a
Parte das políticas requeridas para redução do Custo
expansão do consumo interno vem sendo atendida,
Brasil somente terão resultados no longo prazo. Portanto,
predominantemente, por aumento das importações.
há necessidade de políticas públicas emergenciais estruturantes e permanentes, que proporcionem um
O estudo comprova que um bem manufaturado nacional
ambiente de negócios com previsibilidade a longo
é, em média, 34,2% mais caro que similar importado
prazo, e com condições isonômicas de competição
dos principais parceiros comerciais, já contando com
para o setor produtivo doméstico ante a produção
as alíquotas de importação vigentes, unicamente em
estrangeira.
função do Custo Brasil, isto é, deficiências no ambiente de negócios do país, e devido a valorização do real em relação ao dólar. 20
Em 2012 o PIB do Brasil cresceu somente 0,9%
Sumário executivo A produção industrial brasileira não tem acompanhado
Resultado do estudo: o Custo Brasil associado à
o rápido crescimento do consumo interno. Em 2012,
Valorização do real encarece os produtos da indústria
enquanto o PIB da indústria de transformação recuou
brasileira, conforme demonstrado a seguir:
2,5%, o volume de vendas do varejo ampliado cresceu 8,4% (até nov/12). O fraco desempenho da indústria de transformação brasileira pode ser atribuído fundamentalmente ao Custo Brasil e à valorização do real.
34,2%em relação aos Parceiros 30,8%em relação aos Desenvolvidos 38,0%em relação aos Emergentes 34,7%em relação à China. Importante ressaltar que os resultados apontados refletem a média do Custo Brasil da indústria de transformação, podendo ter distinções entre produtos do setor. Obs.: Considerou-se os quinze países que respondem por 76% da pauta de importação brasileira de bens industrializados em 2012. 1. Alemanha; Argentina; Canadá; Chile; China; Coreia do Sul; Espanha; EUA; França; Índia; Itália; Japão; México; Reino Unido e Suíça. 2. Alemanha; Canadá; Coreia do Sul; Espanha; EUA; França; Itália; Japão; Reino Unido e Suíça. 3. Argentina; Chile; China; Índia e México. Obs.: Cálculo dos tributos indiretos no preço do produto nacional considerando a venda da mercadoria para uso e consumo do destinatário ou para integrar ao ativo e sistema não-cumulativo de PIS/Pasep e Cofins.
1. Custo Brasil Participação dos importados no crescimento do consumo de bens industriais:
2008 e 2010 = 40% 2011 = 100% Fonte: Banco Central do Brasil (Relatório de inflação: junho/2012)
O “Custo Brasil” tem sido recorrentemente apontado como a principal causa da perda de competitividade da economia, e sobretudo, da perda de competitividade da indústria de transformação. Refere-se a custos vigentes na economia brasileira decorrentes de deficiências em diversos fatores relevantes para a competitividade, que são menos
O objetivo do presente trabalho, com base em 2012,
expressivos quando se analisa o ambiente de negócios
é quantificar o diferencial de preços, no mercado
em outras economias.
brasileiro, de produtos da indústria de transformação
O Custo Brasil independe de estratégias das empresas,
nacional ante importados, decorrente de:
pois decorre de deficiências em fatores sistêmicos, as
Custo Brasil; Valorização do real.
quais somente podem ser dirimidas com políticas de Estado. 21
Contexto economia brasileira e indústria Nos últimos anos, o crescimento do coeficiente de importações tem sido rápido, afetando a grande maioria dos setores industriais.
Em que pese o rápido crescimento do consumo interno,
Diante
disso,
a
participação
da
Indústria
de
esse processo de aumento das importações tem sido
Transformação no PIB regrediu a 13,3% em 2012, o
responsável pela estagnação da produção industrial.
menor patamar dos últimos 50 anos. Nesse padrão, essa participação poderá se reduzir ainda mais, atingindo 9,3% sobre o PIB em 2029, conforme estimativa realizada.
Participação dos importados no crescimento do consumo de bens industriais:
2008 e 2010 = 40% 2011 = 100%
Fonte: Banco Central do Brasil (Relatório de inflação: junho/2012) 22
Ao comprometer o crescimento da indústria, o Brasil afeta o componente com maior efeito propulsor da expansão de sua economia
Premissas Metodológicas: Participação dos países na pauta de importação de industrializados brasileira Na última década o fenômeno mais relevante foi o
Do total da pauta de importação de industrializados
crescimento da China, em detrimento da participação
brasileira, os países analisados respondem cerca de
dos EUA.
76%. Esses países foram divididos em dois grupos: Desenvolvidos e Emergentes.
23
Diferencial de preços:
Na comparação com a média ponderada pela
Tributação (carga e burocracia)
participação dos parceiros na pauta, o juro real brasileiro
A carga tributária brasileira é muito elevada. Os
é quase oito vezes maior.
parceiros com carga semelhante têm PIB per capita mais de três vezes superior ao nosso.
Conforme representado a seguir, o Custo Brasil do capital de giro é elevado ante todos os grupos de países analisados. No caso dos desenvolvidos, representa, Custo Brasil: Tributação (carga e burocracia)
sozinho, uma desvantagem de 5,3% no preço dos
Com a consolidação dos elementos de carga e de
produtos industriais.
burocracia, o Custo Brasil da tributação corresponde, por exemplo, a um acréscimo de 15,5% nos preços industriais ante os parceiros, e de 16,1% ante os desenvolvidos.
Custo Brasil: energia e matérias primas O Brasil tem desvantagem nesse fator do ambiente de negócios Diferencial de preços: capital de giro
24
ante o grupo dos parceiros e emergentes, e, sobretudo, quando se compara com a China (Custo Brasil de 7,7%).
Diferencial de preços: infraestrutura logística
Consolidação do Custo Brasil ante demais países/blocos
O Brasil possui sérias deficiências na infraestrutura
O quadro consolidado com os seis grupos de fatores
de distribuição de bens e serviços. A densidade das
analisados indica que o Custo Brasil determina
malhas rodoviária e ferroviária está bem abaixo dos
acréscimo da ordem de 22,6% a 30,9% nos preços de
países parceiros, dos desenvolvidos e até mesmo dos
produtos da indústria de transformação, quando em
emergentes (vide quadro abaixo, colunas D e E).
comparação com os de produtos estrangeiros.
Em avaliações qualitativas, o país também apresenta os menores conceitos, comparando com os outros grupos, tanto em rodovias como em ferrovias e portos (colunas A, B, C).
Cada componente do Custo Brasil pode variar seu peso Custo Brasil:
conforme o país ou grupo de países que se compara. Por
Custos extras de serviços a funcionários
exemplo: o Custo Brasil da “Energia e Matérias Primas” é mais
Como indicado, o Custo Brasil com Custos extras de
significativo quando comparado com a China (7,7) do que
serviços a funcionários atinge, por exemplo, quase 1%,
quando comparado com os Desenvolvidos (0,1). No entanto,
na comparação com os Emergentes.
a “Tributação” é o principal componente do Custo Brasil, independente do país ou grupo de países em comparação.
Custo Brasil: serviços non tradables Embora o custo dos serviços non tradables represente vantagem para o Brasil, ante países desenvolvidos, da ordem de 1,1% dos preços, quando comparado ao conjunto dos países parceiros, há um Custo Brasil de 0,2%, sendo que essa desvantagem sobe para 2,4% em relação aos países emergentes e à China.
25
COMEMORAÇÃO
RISOTOLÂNDIA COMEMORA 60 ANOS
Presidida pelo empresário Carlos Antonio Gusso, Personalidade AECIC 2012, empresa é referência nacional no segmento de refeições coletivas Tudo começou em 1953 com a inauguração do
Segundo Inez Soares, Chefe de RH da Labra, a
Risoto do Xaxim, fundado por Carlito e Cenira Gusso, pais
parceria duradoura é reflexo do bom atendimento e
do empresário Carlos Antonio Gusso, atual presidente
do comprometimento do grupo em sempre fornecer
da Risotolândia. Em 1975 Gusso interrompeu uma
refeições saudáveis e de qualidade para o bom
promissora carreira como executivo do Citibank para
desempenho dos colaboradores.
investir no negócio da família. Sua visão empreendedora
momento agradecer e parabenizar os diretores e
transformou o restaurante em uma das maiores e mais
colaboradores da Risotolândia e da Risa pelo belo
conceituadas empresas de refeições coletivas do Brasil:
trabalho realizado, sempre focado em bons resultados.
a Risotolândia, que em agosto deste ano completa 60
Temos orgulho em fazer parte dos clientes dessa
anos.
empresa com o diferencial de sermos o primeiro
“Queremos neste
Para o empresário, a experiência na área
cliente da história. Esta data significa mais uma
de negócios e finanças foi primordial à gestão do
vitória da corporação, afinal de contas são 60 anos de
restaurante, que modernizou e diversificou seus serviços
comprometimento e parceria junto aos seus clientes com
de buffet para atender festas e eventos. Mais tarde,
foco total em alimentações saudáveis e de qualidade”,
Carlos Gusso também decidiu investir no segmento de
comenta.
refeições coletivas, que certamente cresceria devido à criação da Cidade Industrial de Curitiba. Depois de planejar a empresa, Gusso partiu para a conquista e fidelização dos clientes. Em
a
Risotolândia
Com sede própria na cidade de Araucária, a empresa passou de 16,5 mil refeições diárias e 400
seu
colaboradores em 1986 para 94,5 mil refeições e
primeiro contrato com a Labra, empresa especializada
1050 colaboradores em 1998, quando inaugurou a
na fabricação de lápis de grafite. Na época eram
unidade de São José dos Pinhais. Em 2000 atingiu
servidas 90 refeições por dia. Hoje são feitos mais
a marca de 174 mil atendimentos por dia com 1,7 mil
de 350 atendimentos através da Risa Restaurantes
colaboradores. Atualmente produz uma média de meio
Empresariais, uma nova marca do grupo criada em 2002
milhão de refeições diárias através do profissionalismo
para atender empresas privadas.
e dedicação de mais de 4,2 mil colaboradores. O
26
1978
Crescimento
comemorou
Carlos Gusso
crescimento contínuo da Risotolândia provou que a
“Tudo isso só aconteceu porque temos ao nosso
decisão do empresário Carlos Gusso de trocar uma
lado uma equipe competente e comprometida com a
instituição financeira de porte internacional pela
nossa visão, missão e valores. Nosso relacionamento
administração do pequeno restaurante foi assertiva.
com os clientes vai muito além dos negócios, somos
Além disso, Gusso revelou sua visão empreendedora
parceiros e mantemos uma relação baseada na
e aptidão para o negócio de alimentação em escala
confiança, na qualidade, na segurança e em resultados.
industrial. Com a dedicação dos seus colaboradores,
Por isso, dedico este aniversário a todos que fazem
a empresa não pára de crescer, figurando entre
parte da nossa história: minha família, meus amigos,
as maiores e mais modernas do País. As refeições
clientes, fornecedores, colaboradores e parceiros”, diz
produzidas, certificadas pela ABERC, ISO 9001:2000 e
o presidente Carlos Antonio Gusso.
HACCP, são transportadas diariamente por um eficiente
Para Mauro Ferreira Nascimento, gerente de RH
sistema de logística em centenas de pontos na Região
da Furukawa, a parceria de mais de 30 anos demonstra
Metropolitana de Curitiba e mercados de atuação.
a cumplicidade nas relações comerciais entre as duas
Para atender os clientes, distribuídos no Paraná,
marcas. “Começamos com Risotolândia e hoje somos
Santa Catarina e interior de São Paulo, a empresa criou
atendidos pela Risa. Nossos funcionários avaliam as
novas unidades e filiais, além de constituir uma Holding,
refeições e nos últimos anos registramos um índice
formada pela Risotolândia Serviços de Alimentação
acima de 90% de aprovação. Estamos muito felizes e
no setor de refeições à esfera pública, pela Risa
satisfeitos com os serviços e principalmente por estar ao
Restaurantes Empresariais ao mercado privado e pela
lado da empresa neste momento importante de celebrar
a CPDA – Central de Processamento e Distribuição de
os 60 anos de mercado. Desejamos à Risotolândia ainda
Alimentos, que dá suporte 24 horas às marcas do grupo.
mais sucesso e novas conquistas”, acrescenta. 27
Leandro Dalfovo, representante da Sabor Sul
para 575 unidades com uma média diária de 235.788
Alimentos, fornece arroz à empresa há mais de sete
atendimentos. Já em Santa Catarina, são 332 unidades
anos. Todos os meses, são mais de 140 toneladas do
e 140 mil atendimentos todos os dias.
produto. “A Risotolândia é uma empresa totalmente
Além de aperfeiçoar o serviço de alimentação,
profissional, muito focada em qualidade e segurança
a terceirização traz outras vantagens ao contratante,
para agregar ainda mais valor ao produto final, que são
entre elas a padronização do serviço em todas as
as refeições. A empresa é muito criteriosa na escolha
escolas em termos de qualidade e quantidade, favorece
do fornecedor, optando sempre pelos que apresentam
a desburocratização por eliminar diversos processos
certificações e garantias de qualidade. Construímos
de licitações, pregões e demais contratações, evita
uma relação de confiança e transparência e tenho muito
desperdícios e sobras, proporciona controle de
orgulho de trabalhar ao lado desta gigante do mercado,
distribuição, redução de custos, elimina a necessidade
que tem uma equipe 100% motivada e engajada para
de espaço físico para armazenamento e preparo
produzir as melhores refeições. Só tenho a agradecer
de
pela confiança em nossa marca e desejar parabéns por
maior agilidade no atendimento, oferece trabalho
este importante aniversário”.
diferenciado de educação nutricional às crianças, mão
insumos,
tem
efetivo
controle
operacional,
de obra capacitada e muito mais. “A terceirização é
Vantagens da Terceirização
uma prática consagrada de gestão e é definida como
A Risotolândia atua no segmento de refeições
modelo e instrumento de aperfeiçoamento dos métodos
transportadas para empresas e alimentação escolar
administrativos na empresa. Terceirizar não significa
para o setor público. Milhares de crianças recebem
apenas economizar, mas sim qualificar e sempre
todos os dias alimentação cuidadosamente preparada
aperfeiçoar a qualidade das atividades e processos”,
pela
comenta Gusso.
empresa
com
cardápios
elaborados
por
nutricionistas, que seguem rigorosamente os critérios
Segundo o prefeito de Araucária, Olizandro
nutricionais recomendados pelo Fundo Nacional de
Ferreira, a terceirização da alimentação escolar, além
Desenvolvimento da Educação (FNDE).
de aperfeiçoar e padronizar o serviço nas escolas do
No Paraná a Risotolândia fornece alimentação
município contribuiu diretamente na saúde e no bom desempenho escolar dos alunos araucarienses, que contam diariamente com um cardápio saudável, sempre supervisionado por nutricionistas. “A Risotolândia é uma grande parceira da nossa cidade. Ficamos felizes pelos resultados deste trabalho e, principalmente, por fazer parte dos 60 anos de história de uma empresa que também se compromete com o crescimento e a economia de Araucária”, acrescenta o prefeito. Na cidade, 41 unidades de educação recebem alimentação
Carlos Gusso e esposa, Aroni Gusso, em evento comemorativo aos colaboradores em 2012. 28
da Risotolândia. Ao todo, são 5.860 refeições diárias.
Projetos Além da qualidade e da segurança dos alimentos
que ficaram registradas nestes 60 anos e que devem
produzidos pela Risotolândia, a empresa é também
servir de exemplo para outros empreendedores. Ele é
nacionalmente reconhecida por seus projetos sociais
muito atualizado sobre o que está acontecendo e o que
e ambientais, como é o caso do Gralha Azul, criado em
vai acontecer. Por isso, sempre conseguiu inovar e sair
2005, e do Liberdade Construída, criado em 2008. O
na frente dos concorrentes. A Risotolândia passou por
Gralha Azul, que prevê o plantio de cerca de 15 milhões
oito alterações de moeda e por momentos turbulentos
de mudas de Pinheiro Araucária em um período de 10
da economia, isto porque seu gestor soube conduzir
anos, já venceu diversos prêmios importantes, o mais
os negócios de uma maneira muito peculiar. Não é fácil
recente deles foi o “Chico Mendes 2012”. O Liberdade
permanecer 60 anos no comando e se adaptar à realidade
Construída, por sua vez, busca através de uma parceria
do mercado. A história da empresa e do presidente se
com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado, a
completam e servem como inspiração para todas as
reinserção de detentos da Colônia Penal Agro Industrial
pessoas. No meu ponto de vista, uma empresa brilhante
do Paraná na sociedade por meio de trabalho. O projeto,
é feita de pessoas brilhantes, Gusso é um excelente
que também é um dos mais premiados na empresa,
gestor e sua biografia, bem como a história de sucesso da
já efetivou 19 ex-detentos para trabalhar na empresa.
Risotolândia, merecem ser apreciadas”, diz Casillo.
Merece destaque ainda o Caminho da Roça, uma iniciativa
“São 60 anos de história, resultados, grandes
que leva as crianças atendidas pela empresa à roça para
parcerias, qualidade e alegrias. Estou muito feliz
que conheçam de perto as mudas, formas de cultivo e
de construir esta trajetória e de saber que nossa
colheita de legumes, hortaliças e vegetais, estimulando
empresa participa diretamente da vida de muitas
assim hábitos saudáveis de alimentação, o Importância
pessoas, pois temos o compromisso com o bem-estar
da Vida, que reúne colaboradoras gestantes, esposas
delas e reponsabilidade com a sociedade. Queremos
gestantes de colaboradores e grávidas da comunidade de
sempre
Araucária para um encontro sobre a gestação e cuidados
exemplo de parceria
com o bebê e o Manipulador de Alimentos, que qualifica a
entre
comunidade para o mercado de trabalho.
sociedade”, finaliza
Segundo João Casillo, advogado empresarial e diretor jurídico da Associação das Empresas da
ser empresa
um e
o empresário Carlos Antonio Gusso.
Cidade Industrial de Curitiba (AECIC), a preocupação socioambiental da Risotolândia e do seu presidente Carlos Antonio Gusso, que idealizou todos estes projetos, demonstra a postura responsável da empresa no mercado. “Eu advogo há 45 anos no mercado corporativo e neste tempo percebi que são poucas as pessoas que conseguem comandar um empreendimento tão grande com firmeza, delicadeza e sabedoria. Ele tem marcas
Sede antiga da Risotolândia 29
INFRAESTRUTURA
DNIT e os novos rumos
para o Paraná
Confira obras e projetos de implantação, ampliação e recuperação da capacidade viária nas diferentes regiões do Estado e a segunda Ponte Internacional Brasil – Paraguai do
A implantação de rodovias pelo DNIT não para aí.
desenvolvimento em outras épocas se encaixa bem
Entre Campo Mourão e Palmital, na BR-158, deverá ser
– e literalmente – entre as ações da Superintendência
licitada a pavimentação e implantação entre Roncador
do DNIT no estado do Paraná. A centenária Estrada
e Palmital. Como toda rodovia cuja numeração inicia-
Boiadeira (BR-487) está sendo pavimentada, após
se pelo número “1”, a BR-158 por si só demonstra sua
anos de espera das comunidades e municípios, entre
importância na ligação longitudinal do país, estratégica
Cruzeiro do Oeste e Tuneiras do Oeste. Outro trecho,
e necessária ao fluxo do transporte rodoviário. A
entre Campo Mourão e Nova Brasília, já está concluído
ativação desta rota com as licitações previstas e obras
e o lote entre Tuneiras e Nova Brasília deverá ser
concluídas, multiplicará a relevância da rodovia e, por
pavimentado, bem como outros dois lotes até Porto
consequência, dos municípios ao longo da região, no
Camargo, na divisa com o estado de Mato Grosso do
Meio-Oeste do Paraná, abrindo novas oportunidades
Sul.
Serão 187 quilômetros após a conclusão das
e incrementando o desenvolvimento como um todo.
obras, com perspectivas de tornar-se a principal rota
A ligação entre Campo Mourão e a BR-277 via BR-158
na interligação das extensas áreas agrícolas do Centro-
terá mais de 150 quilômetros, encurtando distâncias e
Oeste e o Porto de Paranaguá.
criando nova rota na direção Norte-Sul.
“Abrir
30
estradas”
–
a
frase
sinônimo
A implantação e pavimentação rodoviária chegará também ao único trecho não totalmente implantado no país da BR-153, a Rodovia Transbrasiliana. Interligando as cidades de Marabá, no estado do Pará, e a cidade de Aceguá, no Rio Grande do Sul, a Transbrasiliana recebeu e vem recebendo investimentos do DNIT em diferentes trechos no Paraná. Exemplo disso é o trevo rodoviário completo construído na interseção com a BR376, quando foi preparada a continuidade da obra com vistas à implantação no trecho que ainda falta, entre Alto do Amparo e Imbituva. Outra obra de peso na BR153 é a restauração e adequação do trecho entre União da Vitória e a Divisa com o estado de Santa Catarina, no extremo Sul do Paraná. Os investimentos de R$ 120 milhões vem melhorando a trafegabilidade na rodovia, com ampliação de terceiras-faixas, mudanças na
Programa de recuperação vai começar
geometria da pista, construção de interseções, sendo
Ao mesmo tempo em que toca as obras e projetos,
que na região urbana de General Carneiro a rodovia será
o DNIT Paraná tem uma missão bastante específica:
duplicada.
dotar 1.355,2 quilômetros de rodovias federais sob sua
O recém inaugurado Contorno Oeste de Cascavel
jurisdição no estado de ótimas condições de rodagem
é outro trecho implantado pelo DNIT que já consta na
e segurança. Esta ação está chegando nos próximos
rota dos usuários. Permitindo a interligação da BR-
meses com as obras do Programa CREMA 2 às rodovias
163 Sul, da BR-277 e BR-467, possibilitou a passagem
BR-153, BR-158, BR-163, BR-272, BR-280, BR-373,
pela cidade distante do Centro, desafogando o tráfego
BR-467 e BR-476. No Paraná o CREMA 2 foi dividido
local e agilizando o deslocamento dos motoristas entre
em 7 lotes de rodovias. Trata-se de uma recuperação
as rodovias. O mesmo efeito positivo ocorrerá com a
estruturante do pavimento baseada em projeto de
finalização das obras do Contorno Norte de Maringá,
tecnologia rodoviária que definiu as necessidades das
atualmente em curso.
rodovias ponto a ponto, inclusive com instrumentos
Além
das
rodovias
sendo
recuperadas
e
implantadas, o DNIT vem conduzindo mais um
para detecção em profundidade, sob as camadas da pista de rodagem.
empreendimento de grande porte: a construção da
O Lote 7, cuja licitação foi concluída, é o primeiro
Segunda Ponte Internacional Brasil – Paraguai. A
a receber ordem de início dos serviços. Contempla as
estrutura estaiada com 760m de comprimento será
rodovias da região Oeste do Paraná, como BR-272, BR-
construída sobre o Rio Paraná, interligando Foz do
467 e BR-163. As licitações dos lotes do CREMA 2 estão
Iguaçu e Presidente Franco. O empreendimento em
sendo realizadas através do Regime Diferenciado
licitação pelo DNIT é mais um dos novos “rumos” que
de Contratações Públicas (RDC – Lei 12.462/11), que
estão sendo criados no Paraná, desafogando gargalos e
prevê tramitação mais rápida as realizações das obras
proporcionando o desenvolvimento com visão de futuro.
governamentais. 31
EMPRESA
Análises e
perspectivas A Volvo do Brasil analisa 2012 e anuncia investimentos para este ano no segmento de caminhões Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da
Volvo do Brasil
Conforme
Bernardo
Fedalto,
diretor
de
caminhões da Volvo do Brasil, o ano de 2012 foi um bom ano apesar das incertezas na economia e também da queda nas vendas em relação a 2011, ocorrida principalmente pela antecipação das compras provocada pela introdução da tecnologia Euro5 de emissões de gases no Brasil a partir de janeiro do ano passado. “Mesmo com a diminuição das vendas, 2012 foi o terceiro melhor ano da história em vendas, perdendo apenas para 2011, que foi recorde, e para 2010, o segundo melhor ano para a Volvo desde que a empresa se instalou aqui no final dos anos 70”, conta. Segundo ele, a Volvo é, atualmente, no acumulado até novembro, líder nacional em vendas de caminhões pesados, com mais de um quarto do total das vendas neste segmento. “Nossos caminhões são, hoje, objeto de desejo do transportador e do caminhoneiro brasileiros, justamente por causa dos atributos do veículo: alto grau de tecnologia embarcada, baixo consumo de combustível, grande segurança
e
disponibilidade.
Produzimos
em
Curitiba o mesmo caminhão que é fabricado na Europa para os mercados mundiais mais exigentes. Nosso compromisso é oferecer a melhor solução de transporte para os transportadores brasileiros e latinoamericanos”, enfatiza. 32
Volvo do Brasil • A Volvo do Brasil é, atualmente, uma das mais importantes empresas do setor de transporte do País. Fabricante de caminhões, chassis de ônibus e equipamentos de construção, situada em Curitiba (PR), a Volvo tem também papel importante na América do Sul, para onde vende todos os seus produtos, e ainda promove exportações de veículos e componentes para outros continentes onde a companhia está estabelecida. • A companhia é uma subsidiária do Grupo Volvo, com sede em Gotemburgo, na Suécia, um dos maiores grupos industriais do mundo. Em Curitiba produz caminhões pesados e semipesados comercializados no mercado brasileiro e exporta a grande maioria dos ônibus articulados e a totalidade dos biarticulados que rodam nos principais sistemas organizados de transporte coletivo urbano da América do Sul. • A Volvo do Brasil é hoje uma parte importante da indústria automotiva de veículos comerciais do País. Produz em Curitiba os mesmos modelos fabricados na Suécia, trazendo as últimas tecnologias para o
Para este ano, Fedalto diz que as principais
segmento do transporte brasileiro, exportando e
metas são continuar na liderança do mercado de
gerando divisas para o País. A empresa começou a
caminhões pesados e aumentar o market share na linha de caminhões semipesados, que hoje se situa na faixa
fabricar veículos comerciais em Curitiba em 1980. • Dentro da área da Volvo em Curitiba existem, na verdade, cinco fábricas: uma de cabines, outra de
dos 10%. “Estamos continuadamente trabalhando
motores, uma terceira de caminhões, uma quarta
para oferecer as melhores opções aos nossos clientes,
de chassis de ônibus e a última de caixas de câmbio
mas ainda não temos decisão sobre lançamentos para
eletrônicas. Também no mesmo local estão as sedes
este ano”. Ele prevê que 2013 será provavelmente melhor
da Volvo Construction Equipment Latin America, Volvo Financial Services Latin America e Volvo Penta Brasil.
que 2012 em termos de mercado brasileiro como um
• Além de fabricar em Curitiba os caminhões das linhas
todo. “O governo federal está agindo muito inteligente
F e VM e chassis de ônibus urbanos articulados e
e rapidamente, tomando medidas para reduzir o
biarticulados e rodoviários, a Volvo tem no Brasil uma
custo dos financiamentos de caminhões e fazendo
unidade fabril em Pederneiras, interior de São Paulo,
desoneração tributária. Esperamos que o governo continue com sua política de não aplicação do IPI para caminhões, uma vez que é um bem de produção e
onde produz carregadeiras, caminhões articulados, motoniveladoras, escavadeiras e compactadores de solos. Cerca de 6 mil pessoas trabalham na Volvo em Curitiba.
portanto forte aliado na melhoria do custo logístico do
• A empresa foi considerada em várias oportunidades
País. Em relação a investimentos, Fedalto informa que
uma das melhores empresas para se trabalhar no
serão investidos US$ 500 milhões nos próximos três anos.
Brasil, segundo pesquisa realizada pelas revistas Exame e Você S/A.
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ENTREVISTA
O Brasil e o
Mundo
Como o senhor vê as atuações de blocos internacionais?
José Luiz Pimenta - O modelo regional de regulamentação do comércio internacional apresenta caráter seletivo, ou seja, os interesses são acordados entre dois ou mais atores, em áreas estratégicas do comércio exterior de cada um. Isso é permitido pela OMC. O problema começa a aparecer quando a regulação bilateral avança em temas que deveriam ser tratados também na esfera multilateral do comércio, justamente por terem um efeito sistêmico, como por exemplo, a relação entre comércio e mudança do clima. Quais as repercussões do acordo de livre comércio dos EUA com a Europa?
José Luiz Pimenta - No que se refere à liberalização do
José Luiz Pimenta, coordenador de
Negociações Internacionais do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, analisa questões internacionais
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comércio de manufaturados haverá ganhos pontuais para ambos, umas vez que tanto União Europeia quanto os Estados Unidos aplicam tarifas baixas para tais produtos. Em termos de comércio agrícola, cada um tentará ao máximo proteger seu mercado, porém deverão atender à legislação da OMC, que exige liberalização total do intercâmbio entre países desenvolvidos. Os principais ganhos, todavia, ocorrerão nos aspectos normativos (regulamentação de barreiras técnicas, por ex.) e liberalização do comércio de serviços e investimentos.
Como isso reflete no Brasil?
O Brasil está sabendo se posicionar diante das consequências provocadas pelas crises?
José Luiz Pimenta - Tanto a União Europeia quanto os Estados Unidos são mercados de grande importância para o Brasil. Somados, eles foram destino de pouco mais de US$ 75 bilhões em exportações brasileiras no ano de 2012 (31% do total). Certamente, a facilitação do intercâmbio de bens, serviços e investimento entre estes dois gigantes do comércio mundial poderá trazer impactos para o Brasil. Não seria factível, no entanto, mensurar algum tipo de resultado sem antes conhecer o escopo geral do acordo e o cronograma das desgravações tarifárias entre as partes, os quais deverão ser definidos em um futuro próximo.
José Luiz Pimenta - Especificamente no que tange ao comércio, o Brasil precisa adotar uma estratégia de atuação mais ampla e com vistas ao longo prazo. A despeito dos desafios que a conjuntura internacional impõe ao nosso país, precisamos assinar acordos de comércio extra regionais equilibrados e que nos garantam acesso preferencial a mercados expressivos, tanto em termos de bens quanto no comércio de serviços. A mesma atitude deve ser tomada, com mais premência inclusive, no âmbito regional, com a ampliação do escopo dos acordos já existentes na América Latina e o fortalecimento comercial do MERCOSUL.
Qual a sua análise sobre as crises internacionais?
José Luiz Pimenta - Em termos comerciais, as crises geraram uma forte retração do intercâmbio de bens no curto prazo. Segundo a OMC, a queda no volume de comércio mundial foi de 12,2%, entre os anos de 2008 e 2009. De lá para cá houve, no entanto, um importante processo de recuperação, haja vista o crescimento da corrente de comércio mundial de 13,8% já em 2010, e de 5% em 2011. Se observarmos em termos de valor, o processo é de sensível recuperação, já que a soma da corrente de comércio mundial alcançou US$ 18,2 trilhões em 2011, contra um pico anterior de US$ 16,1 trilhões no ano de 2008, logo antes da crise. Diversos fatores, contudo, ainda interferem diretamente no maior crescimento do comércio entre os países como (i) os elevados índices de desemprego nos países desenvolvidos, que saltou de 5,7% em 2007 para quase 9% no final de 2009, permanecendo na casa dos 8% ainda no início de 2013, segundo a OCDE; (ii) a retração e estabilização da demanda mundial de alguns setores industriais no período pós crise; e (iii) a adoção crescente de medidas restritivas ao comércio nos grandes centros e em alguns países em desenvolvimento.
Como o senhor analisa a competitividade internacional da indústria brasileira?
José Luiz Pimenta - A balança comercial brasileira de manufaturados, que até meados da década passada era superavitária, passou a sofrer, a partir de 2007, déficits expressivos, passando de US$ - 38 bilhões em 2008 para US$ - 93 bilhões em 2012. O aumento das importações relacionase ao aquecimento da demanda interna da economia brasileira nos últimos anos, uma vez que a taxa de variação média do consumo das famílias brasileiras, entre 2009 e 2012 foi de 4,6%, enquanto a indústria permaneceu praticamente estagnada neste mesmo período. Aliado a isso, há outros fatores econômicos, internos e externos (elevados custos logísticos, desvalorização cambial de importantes players do comércio internacional, entre outros) que interferem diretamente na competitividade exportadora da indústria nacional.
”... o Brasil precisa adotar uma estratégia de atuação mais ampla e com vistas ao longo prazo.” 37
IMPORTAÇÃO
BRASIL IMPORTA MANUFATURADOS
IRREGULARES Campeões de irregularidades, os eletroeletrônicos e os bens de consumo encabeçam a lista das não conformidades, segundo diretrizes do Inmetro Guerra dos portos, inflação, alta carga tributária,
e regulamentos técnicos no mercado nacional. “Se
economia em marcha lenta, acrescidas de um real
fossem fabricados pelas nossas indústrias, teríamos
supervalorizado estão pondo em risco a sobrevivência
um incremento de R$ 15,3 bilhões e um aumento de
da indústria nacional, conforme indica o CIESP - Centro
180 mil postos de trabalho industriais. Defendemos que
das Indústrias do Estado de São Paulo. A concorrência
as mercadorias internacionais sejam rigorosamente
internacional, devido à crise mundial, é outro fator
certificadas conforme as normas do Inmetro, assim
de preocupação dos empresários. Com dificuldades
como já o fazem os fabricantes brasileiros”, propõe
para vender nos mercados locais, os fornecedores
Martins.
estrangeiros procuram desovar sua produção em países
De acordo com o estudo, 85% dos produtos
onde a fiscalização é menos intensa ou menos rigorosa
eletroeletrônicos e 84% dos materiais de usos doméstico
com os produtos vindos de fora.
são os que mais infringiram as conformidades. Para o
“Em vez de incentivar a exportação de matéria-
diretor do CIESP, a indústria nacional tem de arcar com
prima, o governo federal deveria melhorar as condições
os custos adicionais de certificação e cumprimento das
adversas
estimular
normas, enquanto os produtos fabricados lá fora estão
mesmo
isentos desse trabalho, aumentando ainda mais a falta
à
exportações
nossa de
competitividade
manufaturados.
e
Agora
enfrentamos essa competição desleal, com a importação
de competitividade.
de produtos que nem sequer atendem as exigências e os regulamentos técnicos do Brasil”, esbraveja Ricardo Martins, diretor do CIESP Distrital Leste.
Competitividade O Brasil está em 48º lugar no ranking mundial
Segundo informações do CIESP/FIESP, estima-
competitividade do Fórum Econômico Mundial, enquanto
se que, em 2012, o Brasil gastou R$ 4,4 bilhões em
a China ocupa a 29ª posição. “Isto acontece porque
importados que não estão de acordo com as normas
o governo chinês investe naquilo que é necessário
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capacidade de inovação das fábricas nacionais, que são, de fato, as grandes geradoras de oportunidade para a mão de obra. “É uma grande verdade, pois a economia está em franca desaceleração e a inflação em crescimento. A criação de emprego deve vir do aumento da competitividade da indústria e não de setores apadrinhados pelo governo como os da construção civil, automobilístico e dos serviços”, concorda Martins. “Enquanto tivermos um alto custo Brasil, problemas de infraestrutura, falta de mão de obra qualificada e concorrência internacional desleal dentro do mercado local, a competitividade da indústria nacional não deslancha”, sentencia Ricardo Martins.
Berço da indústria Com 7,5 mil indústrias, a região Leste da para aumentar a competitividade de seus produtos
cidade de São Paulo, foi o berço da implantação
manufaturados. Um rodoanel que em São Paulo está
do parque industrial na Capital. Segundo Martins,
a mais de vinte anos sendo construído, ainda não foi
atualmente, essas empresas, na sua grande maioria,
terminado e sabe-se lá quando será, na China, com
de porte pequeno ou médio, estão padecendo e já
certeza, seria entregue em dois anos desde o projeto
não conseguem dar continuidade às suas atividades.
até à conclusão. No continente americano, o México foi a
“Muitas produzem bens que têm sido importados por
economia que mais cresceu em 2012, graças ao estímulo
preços muito mais baratos do que é possível produzir
à competitividade”, analisa Ricardo Martins.
aqui. Está se tornando comum a substituição de linhas
Outro exemplo de estímulo à competitividade
de produção pela importação de produtos acabados ou
foi o governo de Margareth Thatcher, que tirou a Grã-
matérias-primas para poder conseguir um pouco mais
Bretanha do caos financeiro, combatendo a inflação com
de sobrevida”, revela o diretor do CIESP Leste.
mão de ferro, cortando os gastos públicos, aumentando
Ele conta que muitas fábricas também estão
os juros e, principalmente, estimulando a capacidade
fechando suas portas após dezenas de anos de atividade.
produtiva da indústria britânica. Ela não era afeita às
“Os profissionais dispensados são logo contratados por
políticas assistencialistas como se pratica no Brasil”,
empresas de comércio e serviços, com salários muito
lembra-se da estadista recém-falecida.
menores do que os recebidos na indústria”, informa.
Dilma ao contrário aumenta o crédito e os gastos
“Lamentavelmente, beneficiado pelos baixos índices de
do governo para fazer girar a economia nacional e gerar
desemprego, o governo brasileiro fecha os olhos a esta
empregos. Segundo especialistas, a atitude aumenta
nova realidade, não se preocupando com a redução dos
a popularidade da presidenta, mas por outro lado,
empregos industriais e muito menos com a sobrevivência
cria uma bolha, já que o consumo aumenta a inflação
da indústria”, reclama o diretor do CIESP Leste.
e a estagnação da produtividade industrial atrofia a
Fonte: Matéria Link Portal da Comunicação 39
POLÍTICA
UMA BRASILEIRA
NO PARLAMENTO ITALIANO Confira as metas de trabalho da primeira brasileira eleita deputada para o Parlamento da República Italiana, Renata Bueno
O que significa ser a primeira brasileira eleita deputada para o Parlamento da Republica Italiana?
Renata Bueno - É uma vitória histórica, uma conquista singular para as mulheres as quais represento, sem dúvida, mas também para os brasileiros e todos os cidadãos italianos que residem fora da Itália. Agora, com minha presença atuante no Parlamento, teremos a oportunidade de colocar em prática as ideias e as propostas discutidas ao longo da campanha, defendendo os interesses de todos ítalo-sul americanos. A todos que confiaram em meu nome e em minha candidatura, firmo o compromisso de ser uma representante e porta voz da comunidade italiana junto ao Parlamento Italiano. Quais são as suas propostas de trabalho e ações prioritárias?
Renata Bueno - A meu ver, até este momento a atuação parlamentar está bastante aquém do esperado, justamente pela desvalorização dessa representatividade junto ao Parlamento Italiano e pela falta de interesse dos parlamentares italianos que lá estão em fomentar uma verdadeira atenção e valorização. Acredito na importância de executar ações para fortalecer esse desempenho, usando essa oportunidade única de representação para incentivar e promover mais as atividades com foco no Brasil, colocando nosso País como um atual protagonista da economia mundial e que pode e deve contribuir com a Itália neste momento de crise econômica. Defendo a abertura de novas fronteiras para a juventude que quer estudar e também incentivar a experiência profissional, além de dar total atenção aos serviços prestados pelo 40
Governo italiano aos seus descendentes espalhados pelo mundo. Devemos começar obviamente pelo ponto da insuficiente estrutura diplomática, que faz com que a esfera consular não consiga atender a todas as demandas. A isso soma-se a burocracia consular, a questão das pensões e aposentadorias, a diminuição de investimentos na difusão da cultura italiana, no que diz respeito ao idioma, a arte e a música, entre outros; e a desvalorização da comunidade descendente que vive fora da Itália. Estes são problemas típicos, mas acredito que hoje é preciso abrir um olhar especial para a liberação das nossas fronteiras, focar em ideias novas que contemplem o cidadão jovem, fomentando o intercâmbio universitário, a experiência profissional. A Itália e o Brasil são países irmãos, temos que pensar e atuar fortemente com base nesses pilares que englobam a questão das universidades, da cultura, do turismo e da economia. Aos empresários descendentes de italianos do Paraná o que você tem a dizer?
Renata Bueno - Tenho a dizer que, como representante da comunidade ítalo-brasileira no Parlamento, trabalharei em defesa destes interesses sempre estabelecendo um canal aberto de comunicação, a fim de estar próxima e ciente das demandas da comunidade, e atendê-las sempre que dentro de meu alcance. Será possível trabalhar para estreitar o relacionamento, as parcerias entre esse segmento daqui com o de lá?
Renata Bueno - Sim. Meu ponto forte é que já possuo ampla experiência parlamentar, o que me concede bagagem política para chegar no Parlamento Italiano com conhecimento de articulação e de desenvoltura do mandato. Minha atuação como primeira deputada federal brasileira no Parlamento Italiano será focada exclusivamente em políticas públicas entre a Itália e o Brasil, visando os interesses da comunidade italiana e do cidadão, beneficiando toda a sociedade brasileira e da América do Sul.
Currículo Renata Bueno Ítalo-brasileira nascida em 1979 em Brasília, Renata Bueno é advogada especialista em Direitos Humanos pela Universidade de Padova e Mestre pela Universidade de Roma Tor Vergata, onde faz Doutorado. Militante política, filiada ao PPS, foi eleita, em 2009, a vereadora mais jovem de Curitiba, a maior cidade do sul do Brasil, marcando seu mandato com projetos de incentivo à cultura, educação e direitos humanos. É dirigente partidária na Itália há dez anos e diretora da Fundação Astrojildo Pereira de estudos políticos, além de membro da Comissão de Gestão Pública da OAB-PR.
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AECIC EM AÇÃO
Medida judicial
coletiva Através de medida judicial coletiva, proferida em
empresariais, de contabilidade e outras congêneres.
liminar pelo Juiz da Sétima Vara da Fazenda Pública de
O Presidente Celso Gusso fez questão de ressaltar
Curitiba, os associados da AECIC estão liberados de
que a AECIC estará sempre atenta aos direitos dos
elencar em suas notas fiscais os valores dos produtos
associados quando ofendidos coletivamente. O Diretor
importados para revenda ou que venham a integrar
Jurídico da AECIC, prof. João Casillo enfatizou que
seus produtos vendidos no mercado interno.
medidas como a tomada pela AECIC são importantes
Além da ampla divulgação entre os associados, a AECIC promoveu um encontro para que os Advogados
para registrar o inconformismo dos empresários com medidas inconstitucionais.
do Escritório Casillo Advogados fornecessem maiores
Na foto o Presidente da AECIC, Celso Gusso,
explicações sobre a liminar e esclarecessem dúvidas
acompanhado da direita para a esquerda por Carlos
eventualmente existentes.
Eduardo Gasperin, Guilherme Gomes Xavier de Oliveira,
A medida judicial repercutiu em todo o país, sendo veiculada em mais de cincoenta blogues de entidades
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Patricia Casillo e o Professor João Casillo, titular do Escritório Casillo Advogados.
aCOMPAnhamento Obras do Contorno Sul de Curitiba Projeto de Engenharia - Revitalização da malha rodoviária Por se tratar de obra de grande impacto para a região da Cidade Industrial de Curitiba, a AECIC vem
Abaixo as principais intervenções previstas no referido projeto:
acompanhando junto à Superintendência Regional do DNIT, o andamento do Projeto de Engenharia para Revitalização e Conclusão das Laterais da BR 376 no trecho compreendido como Contorno Sul de Curitiba.
a) Adequação de capacidade da via principal, passando a ter 03 faixas em cada sentido; b) Construção dos segmentos faltantes da Marginal
A previsão é de que o projeto de engenharia
Direita da Av. Juscelino Kubitscheck. As Vias
será concluído até final deste semestre, o qual servirá
Marginais passariam a funcionar apenas no sentido
de base para a licitação, para então iniciar a efetiva
da pista principal e também com 3 faixas de tráfego;
execução das obras.
c) Construção de mais 4 interseções em desnível:
A AECIC vem trabalhando junto ao DNIT, e
1) Rua Benedito Carollo km 588,4
articulando com políticos paranaenses no sentido de que
2) Rua Theodoro Locker km 591,1
a verba para execução da obra seja incluída no orçamento
3) Rua Alvares de Azevedo km 593,1
da união, para que não sofra descontinuidade.
4) Rua João Bettega km 596,9;
Em recente audiência com a Ministra da Casa Civil,
d) Construção de cinco passarelas, em locais de
Gleisi Hoffmann, o presidente da AECIC, Celso Gusso,
grande fluxo de pedestres conforme levantamento
ressaltou sobre a necessidade de agilizar o processo de
do IPPUC nos km 592,2, km 593,1, km 594,0, km
execução do empreendimento, destacando a importância
595,2 e km 598,9;
da realização da obra para a região de Curitiba.
e) Restauração e reforço da pista de rolamento.
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EMPRESÁRIO
Destaque em TI Quem lidera a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (ASSESPRO) é um empresário do Estado do Paraná Luís Mário Luchetta é formado em Ciências Contábeis pela FAE. Ele lidera a ASSESPRO nacional.
Natural da cidade de Marcelino Ramos (RS), adotou Curitiba e o Paraná, desde 1980. Luís Mário Luchetta tem formação em Ciências Contábeis. O que inicialmente pode causar estranheza já que o empresário optou por atuar na área de Tecnologia da Informação (TI), prova ser de grande valia. De forma orgulhosa, ele conta que o instinto empreendedor e as oportunidades do mercado o levaram em direção a TI. “Trabalho oficialmente desde os seis anos de idade, quando assumi a função de leiteiro (entregador de leite de porta em porta, a cavalo), na minha cidade natal. A contabilidade veio por influência de irmão mais velho, já falecido. Depois de formado na FAE (Faculdade Católica de Administração e Economia) do Paraná, a atividade profissional foi me abrindo portas, e fui fundando empresas, me associando a outras, sempre muito capaz na gestão, também, graças a contabilidade, que até hoje me acompanha nas
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atividades de Conselheiro Fiscal e de Administração, que
de estar presente nos projetos e ações importantes,
desempenho, devidamente certificado pelo IBGC, além
estimular, apoiar e conciliar. “É o estímulo pelo exemplo
dos negócios em TI.”, narra Luchetta.
do que é possível fazer. O que dá certo deve ser
O empresário chegou ao Paraná, ainda muito
compartilhado e multiplicado”, destaca o gestor.
jovem, com 19 anos, e entre as empresas que liderou,
Para um líder associativo é importante entender
destaca-se a Sofhar Gestão e Tecnologia S.A, da qual
que ninguém faz nada sozinho por muito tempo.
foi Diretor Presidente (1991/Julho 2006), e diz com
Algumas das mais importantes demandas não são
orgulho: “Entrei na sociedade e assumi a direção da
carências individuais, mas sentidas pelo setor em
empresa e coordenação de suas operações no período,
sua totalidade. Coletivas, tornam-se de mais simples,
que a tornaram uma das empresas privadas mais
rápida e econômica resolução, quando batalhadas por
especializadas em tecnologia da informação do Brasil,
empresas unidas. “Cateto fora do bando é comida de
premiada nacional e internacionalmente, e certificada
onça”, diz o empresário repetindo a brincadeira que
ISO 9000, já em 1998, cuja certificação foi renovada
utiliza com os colegas empresários, quando insistem em
anualmente e mantida até minha saída, em março de
ficar sozinhos.
2006”. Sua empresa agora é a Intelligence Business & Service Ltda (www.intelbus.com), e atua com
O papel das regionais
representação comercial em tecnologia da informação
A Assespro foi criada em 1976. Tempo em que o
e consultoria em gestão, aproveitando o potencial
setor de Tecnologia da Informação (TI) se resumia ao
acumulado em décadas de experiência no segmento
processamento de dados e as empresas começavam
e na administração de empresas, e conciliando com
a constituir “pools” de serviços. Hoje, com 36 anos de
a dedicação firme na atividade associativa, buscando
atuação está entre as entidades empresariais mais
principalmente um maior reconhecimento dos poderes
antigas do mundo no setor de TI,
constituídos, para o importante Setor da Tecnologia da
todas as esferas do poder público pela efetiva atuação
Informação.
durante todos esses anos em defesa do segmento de
reconhecida em
Através da sua experiência e relacionamento
TI. A Entidade deve oferecer representação junto aos
consegue trazer as principais soluções para atendimento
governos municipais, estaduais e Federal, a sociedade,
de demandas corporativas, nos segmentos empresarial
e, também perante as instituições de ensino, com o
e público.
objetivo de integrar a comunidade acadêmica com
Liderar a ASSESPRO NACIONAL, entidade que
a empresarial e contribuir para formação de pessoal
reúne 1,4 mil empresas de software e serviços de
capacitado para as demandas do mercado. “Temos
informática no Brasíl, em busca de avanços econômicos
atuado, desde janeiro de 2004, de maneira a integrar
e políticos é o desafio do presidente da Associação
as empresas e mostrar à sociedade a importância de
das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
valorizar o setor, como meio de fomentar a economia e o
(Assespro), Luís Mario Luchetta. Com 14 regionais –
crescimento da indústria da tecnologia da informação no
localizadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal,
Brasil”, defende Luchetta.
Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Cada uma das regionais representa determinado
Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Bahia, Sergipe,
número de empresas: RJ, PR, RS e MG são as líderes
Alagoas, Pernambuco (também Paraíba) e Ceará – a
em companhias associadas. Com número superior de
liderança Nacional da entidade tem o papel de, além
empresas, conseguem desenvolver mais projetos e 45
atividades, o que acaba agregando mais, mas essa não
parte ruim. Ser líder é tomar decisões que nem sempre
é uma regra absoluta. Luchetta afirma que há regionais
agradam a todos. “Temos que bater na hora que é
com menor número de associados que fazem trabalho
preciso, e às vezes isso é interpretado pelo lado pessoal,
exemplar. “A Assespro é das empresas. Existe para
mas a maioria entende quando se trabalha por um setor,
cumprir a vontade das empresas”, destaca o presidente.
é um trabalho pelo coletivo, e eu garanto que tem mais
Como principais ações das lideranças regionais ele
alegrias do que dificuldades. A liderança empresarial de
elenca: o núcleo de inteligência criado pela Regional
um setor jovem como o nosso, propicia muita inovação
MG, o cluster de óleo e gás criado pela Regional RJ,
e colaboração e isto tem superado todas as barreiras”,
os programas de capacitação da BA, o programa de
diz Luchetta.
excelência em gestão no PR, a interiorização da Regional
Luís Mário Luchetta estima o futuro da TI na
no RS, PR e BA, e a certificação de qualidade da Regional
economia mundial e no desenvolvimento econômico
no PR e no RS.
nacional, como o sonho de prosperidade de qualquer atividade econômica, pois a TI pode aumentar a
Paraná
produtividade de qualquer dos setores, estratégicos
A experiência adquirida frente à Regional do
ou não para a economia, sem aumentar o número de
Paraná, cargo que ocupou entre os anos de 2004 e 2008
horas trabalhadas, assim como, ampliar a eficácia
serviu de base e aprendizado para solidificar a futura
das estruturas de administração de todos os poderes
atuação nacional. Os desafios regionais não foram
constituídos.
poucos e exigiram motivação e trabalho em equipe. Na época, as lideranças estavam desacreditadas e a entidade desestruturada. O número de empresas associadas era baixo. “Enfim, prato cheio para quem quer trabalhar”, brinca Luchetta. Com o tempo a reestruturação foi feita, motivando os dirigentes sucessores a melhorarem cada vez mais a unidade. Assumir como liderança nacional trouxe novas dificuldades e vitórias a comemorar. Os méritos costumam ser divididos, mas o presidente arca com a 46
ARTIGO Eloi Zanetti –
especialista em marketing e
comunicação corporativa, escritor, palestrante
eloi@eloizanetti.com.br
O QUE NÃO
VAMOS FAZER MAIS Sócrates, desde criança, dizia conviver com um daimon - um demônio interno - que sempre lhe instruía sobre as ações que não deveria fazer. Uma espécie de consciência que jamais orientava sobre o que fazer e sim sobre os caminhos a não seguir. No final da vida, comentou que o hábito de ouvir seu orientador tinha-o livrado de eventos desagradáveis e de centenas de decisões erradas. Pode-se chamar a isto ouvir a intuição. Um pouco antes, outro filósofo, Tales, moldou a máxima: “Conhece-te a ti mesmo”, que muita gente confunde com “devemos conhecer nossos pontos fortes.” É exatamente ao contrário: devemos nos conhecer melhor para reconhecer os pontos fracos, para não aceitar trabalhos que não estamos aptos a realizar e não nos metermos em negócios além da nossa capacidade de assimilação. Quando não se está ciente nem à vontade com uma decisão a ser tomada, o melhor é esperar a convicção, e se ela não aparecer, cair fora. Com certeza se estará no caminho errado. Recentemente, estudando a obra de Nassin Nicholas Taleb, um economista-financista que trabalha com os fatores aleatórios da sorte, encontrei ensinamentos sobre o mesmo assunto. Empresas e pessoas deveriam prestar mais atenção nas coisas que não devem fazer. Porém, como o exercício do controle e do limite da ação humana não é para qualquer um, acabamos por exagerar nos gastos, querer fazer tudo e ao mesmo tempo, comer muito além do necessário, ultrapassar as velocidades permitidas, falar demais e soltar as rédeas da criatividade. Numa época em que a palavra “temperança” ficou relegada às atividades da gastronomia, o exagero tomou conta do mundo. É por isso que estamos no meio de uma crise, resultado do que fizemos e não do que não deveríamos ter feito. Houvesse
mais controle e rédea curta, não estaríamos angustiados e lamentando as oportunidades perdidas. Bismarck, ao tomar uma medida impopular para a elite alemã, rebateu as críticas dizendo: “Eu só estou protegendo vocês de si mesmos.” Para mim, que trabalho com comunicação e marketing e tenho que exagerar na criação de caminhos alternativos para ajudar meus clientes a vender mais, a tentação de colocar em prática as dezenas de idéias geradas nos exercícios de brainstorm é grande. Aprendi com o tempo que por melhor que seja a idéia o mais sensato é colocá-la no “estoque de idéias”, lugar onde ficam aguardando a vez para ser usadas. Empresas que começam a dar certo e a ter sobras de capital logo iniciam um frenesi de lançamentos de novos produtos, ações mercadológicas e associações esquisitas, aberturas de novas e suntuosas sedes e investidas em mercados de alto risco. Correm à solta porque ninguém tem coragem de chegar à diretoria e dizer: “Parem com isso! Vocês podem quebrar a empresa.” Depois do frenesi de ocupação de territórios, de dezenas de produtos lançados, a maior parte deles dispensável, alguém diz: “Precisamos nos desfazer de tal linha, vender tal unidade, começar a dar foco aos negócios, voltar ao nosso core-business.” Ora, não teria sido mais salutar se a aventura fosse brecada no início? Este pode ser um pensamento conservador, concordo, porque a inovação nasce dessas ousadias, mas em muitas ocasiões é necessário dar um limite à nossa criatividade e, às vezes, o mais criativo é não fazer nada. É da natureza humana não escutar os conselhos sobre o que não fazer. É por isso que os livros de auto-ajuda só tratam de conselhos do tipo faça isso, faça aquilo e pouco sobre o não fazer. Prevenção e profilaxia não são assuntos para nós - latinos. 47
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