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ENTREVISTA

JALBAS AIRES MANDUCA: “TOCANTINS CAUSA MUITAS SURPRESAS AO MINISTÉRIO”

PAGS 8/9

Ano X 1º a 15 de julho de 2013 Número 47 R$ 2,00

O jornal de agronegócio do BAMAPITO

www.cerradoeditora.com

LOGÍSTICA

O TREM ESTÁ

ATRASADO As ferrovias Leste-Oeste, e a Norte-Sul; a ampliação de portos e a construção de hidrovias fazem parte de um conjunto de moldais que vão colocar os setores produtivos dos cerrados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil em melhores condições de competição com outros estados e países produtores. Entretanto, estão emperradas. Dinheiro o governo diz que tem para aplicar nas obras. Então, o que está acontecendo e o que falta para realizar estes anseios dos setores produtivos? PAGS 10 À 11

CADERNO FAMILIAR

ESPECIAL BALSAS

PLANO SAFRA 2013/2014 Mais dinheiro para a Agricultura familiar

TENDÊNCIA Balsas debate soja responsável na China

AFINANDO A ORQUESTRA Seagri-Palmas quer Trabalho conjunto

AGROBALSAS 2013 AgroBalsas: feira mostra que região se consolidou


DIVULGAÇÃO

REGIÃO DE BALSAS FAZ UMA AGRICULTURA MODERNA

CARTA DO EDITOR

Amigos do Brasil que produz... Tivemos e reproduzimos aqui um gostoso bate-papo sobre o atual momento da agropecuária e do agronegócio no Tocantins e as perspectivas deste no cenário nacional e internacional da produção de alimentos e fibras” ... E produz muito e com qualidade, não obstante aos grandes entraves que ainda persistem no caminho dos setores produtivos rurais do país. Aqui estamos, mais uma vez - e certos de que assim faremos por muitos e muitos anos -, com mais uma edição do jornal Cerrado Rural Agronegócios. E por falar em entrave, esta edição trás como matéria especial de capa os encontros e desencontros – por que não dizer também, as mazelas de alguns homens e órgãos públicos? – na construção de duas grandes obras brasileiras que, prontas, vão transformar os cerrados do BAMAPITO num dos maiores – se não o maior – eixos de desenvolvimento de todo o Brasil. Outro destaque desta edição, que nós trabalhamos com muito carinho, devido ao merecimento dos focos principais reportados, é o caderno ESPECIAL BALSAS. Nele, apresentamos, entre outros assuntos, a força do ideal e do trabalho de um homem que saiu da agricultura

familiar é, hoje, dirige um dos maiores complexos de agronegócio dos cerrados do BAMAPITO, com faturamento anual de R$ 350 milhões. Neste mesmo especial, você vai saber que mais uma vez a AgroBalsas superou todas as expectativas, se consolidou como evento anual e é a principal vitrine do agronegócio no Maranhão e que esta região esteve representada em importante evento mundial de soja na China. Ainda no primeiro caderno, que é voltado para agricultura empresarial, a seção de entrevista é com o superintendente do Ministério da Agricultura no Tocantins, Jalbas Aires Manduca. Tivemos e reproduzimos aqui um gostoso batepapo sobre o atual momento da agropecuária e do agronegócio no Tocantins e as perspectivas deste no cenário nacional e internacional da produção de alimentos e fibras. Na seção “Plantão Agroveterinário” uma proposta da Embrapa para conter os avanços da, hoje, pior inimiga da agricultura

ANTÔNIO OLIVEIRA

brasileira, a aparentemente frágil Helicoverpa. Já no segundo caderno, que é da agricultura familiar, uma entrevista muito polêmica com a versão agrofamiliar da presidente da CNA, Kátia Abreu. É a coordenadora (cargo equivalente a presidente) da FETRAF-BRASIL (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar, Elisângela dos Santos. Ela endureceu, mas não perdeu a ternura neste ping-pong, não. Outra informação importante neste caderno é a ação da Secretaria de Agricultura de Palmas. Seus gestores reuniram-se com todos os presidentes de associações de produtores rurais familiares para propor um trabalho conjunto, seguro e transparente, para que o Município alavanque a sua produção com foco no mercado local e regional. É isto ai, amigos. Boa leitura para todos e até a próxima. Antônio Oliveira

EXPEDIENTE EDITOR-GERAL Antônio Oliveira (RP: 474/70) Cerrado Rural Agronegócios tem foco jornalístico e circulação voltados para os cerrados da Bahia (região oeste), Maranhão (região de Balsas) e Tocantins. Nos demais estados circula por meio de assinatura e dirigida. Publicado por Cerrado Editora, Comunicação e Markentig Ltda. CNPJ: 10.683.730/0001-98

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OPINIÃO

A utopia de uma sociedade consciente

“Nesse ínterim, o Brasil está diminuindo cada vez mais suas relações comerciais com os EUA, e aumentando com os esses “sub-países” emergentes e consumidores”

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alar que o agronegócio é uma realidade é o mesmo que chover no molhado. Segundo estatísticas, 1,4 bilhões de chineses precisam comer; 1,3 de bilhões de indianos precisam comer. Os amores plantam ainda que os impostores com suas vis distancias encantam. Neste senso, sem muito senso, imaginamos que não é preciso ser nenhum Einstein pra entender que a produção de commodities agrícolas (grãos) precisa aumentar demasiadamente para atender a demanda do mercado. Nesse interim, o Brasil está diminuindo cada vez mais suas relações comerciais com os EUA, e aumentando com os esses “sub-países” emergentes e consumidores. Nem Descartes precisaria pensar muito pra imaginar uma fórmula que entremeasse o futuro breve. Olhando de soslaio, parece que a democracia socrática em fim terá vez e voz. Que os oprimidos oriundos da Grécia Helênica (antes da invasão Persa),

poderão realmente interferir no dinamismo sóciopolítico como prometia a antiga Àgora. O instituto De Masi, do célebre sociólogo Domenico De Masi, tem números que não contribuem muito com essa visão alentadora. A democracia que prometia ascensão da burguesia em plena hipocrisia do século XIX, agrura as vitoriosas conquistas de1/40 doláres para 1/300 em menos de 100 anos. Os proeminentes comerciantes protestantes (vide Weber e O Espírito do Capitalismo e a Ética Protestante) vingaram seus dissabores nos terrenos improfícuos e na realidade ínfima da eternidade que corroía seus pés condoídos e envergonhados. Os jovens, seus mais puros seguidores, os servos dos servos e da servidão moderna não estão tão certos quanto aos seus objetivos; quanto aos seus abjetos alvos subjetivos. Respondem como pombos claudicantes em meio a esses objetivos não declarados. “São meninos” – diria o Nelson de sobrenome

Rodrigues. São meninos com cheiro de leite materno, do leito tingido pelo cinza do unguento inferno do dia a dia, e não podem ver senão o cenário da falta de luz e da falta de esperança que soçobra junto aos nossos mais vis sonhos (como também os pueris). “Existe uma luz no fim do túnel para iluminar nossas mini-certezas” – disse-me no último domingo (16/06) um grande empresário de nossa cidade. “40% dos eleitores transladam entre os 16 e 28 anos, e estes anseiam por mudança” – completou. É impressionante olhar como os homens constroem verdadeiros edifícios no meio do pântano para “validar” suas necessidades e conveniências. Em verdade, e sem medo de errar nas prerrogativas, os jovens, assim como uma boa parcela da sociedade, estão mais “apáticos”, e nunca, menos apolíticos como sugeriu o amigo empresário. “Dançam, dançam os paladinos / Os magros paladinos do diabo / Os esqueletos dos Saladinos”. (Rimbaud)

MÁRCIO NOAL *Diretor de Juventude do Município de Balsas - MA, escritor, músico, compositor, Licenciando em Letras pela UEMA - MA, Bacharelando em Direito pela UNIBALSAS - MA, Bacharelando em Filosofia pela UNISUL - SC.

Defesa da soja na China O presidente do Sindicato Rural de Luis Eduardo Magalhães, Vanir Kölln, representou o Cerrado baiano durante importante evento de soja em Beijing, China, oportunidade em que fez brilhante defesa do sojicultor brasileiro, quando este foi atacado por um representante norte-americano. Veja matéria completa nas páginas 4 e 5 do caderno BALSAS ESPECIAL nesta edição. Na foto, ladeando dois outros congressistas (não identificados por nossa redação), Köll e Gisela Introvini, superintendente da Fundação de Apoio a Pesquisa no Corredor Norte de Exportação (Fapcen), de Balsas, no Maranhão, que representou o Cerrado maranhense. Na verdade, os dois representaram os cerrados do BAMAPITO.

APOIO

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AGROTECNOLOGIA

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Tecnologia a serviço do agro

ada vez mais a tecnologia da informação vai se integrando à produção rural como forma de melhorar a qualidade, a produtividade, a adequação de culturas aos diferentes tipos de clima e solo, etc. A Embrapa e o Canal Rural acabam de fazer uma parceria com o intuito de implantar o sistema WebAgritec que foi desenvolvido para ajudar os profissionais do setor agropecuário na tomada de decisão, reduzindo os riscos na produção agrícola. Desenvolvida pela Embrapa Informática e Agropecuária, o sistema conta com sete módulos que permitem uma visão geral do sistema produtivo e orientam o usuário no planejamento e acompanhamento da cultura. Ainda com sua precisão, o WebAgritec apresenta informações sobre épocas mais favoráveis ao plantio, evitando os riscos climáticos associados e indicando as cultivares mais apropriadas para determina-

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WebAgritec é a evolução da agricultura de precisão

das condições; indicações de calagem e adubação para cada cultura a partir de análises do solo; previsões e tendências das condições climáticas antes, durante e depois da safra; doenças e distúrbios nutricionais que possam surgir no decorrer da safra; monitoramento desta com estimava de produtividade; acompanhamento por meio da agenda da propriedade, entre

outros. De acordo com as duas empresas, esse acordo de cooperação técnica e financeira para o licenciamento do WebAgritec tem como objetivo a atuação conjunta entre a Embrapa e as empresas privadas para a promoção do uso comercial desse recurso tecnológico. Mais informações: http://www. cnptia.embrapa.br

Especial para a culinária EMBRAPA/LIA BARBIERI

A Embrapa Clima Temperado lançou, no final da quinzena passada, durante a 21ª Fenadoce, em Pelotas (RS), uma nova cultivar de abóbora: a BRS Tortéi. Como sua própria denominação, ela é apropriada para o preparo de tortéi – um tipo de massa recheada como creme de abóbora, muito usada na culinária italiana, no Sul do Brasil – e, ainda, para o preparo de vários pratos salgados. De acordo com a pesquisadora Lia Barbieri, cada abobreira pode produzir até 50 abóboras pequenas, com polpa alaranjada, de consistência firme e rica em carotenóides. Ela explica ainda que o tamanho do fruto – com 10 a 15 cm de diâmetro – é uma excelente opção para os consumidores que moram sozinhos e que têm famílias pequenas. “A BRS Tórtei também é ideal para o consumo do fruto inteiro, recheado, em porção individual”, frisou a Pesquisadora. A fruta, pelo seu tamanho e beleza, pode inclusive ser usado como decoração em mesas de solenidades, conforme ressaltou Lia Barbieri. A fruta tem

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EPAGRI

Essa variedade de cor vermelha pode chegar a 7 ton/hec

Mais cores na culinária Tem novas variedades de arroz no mercado: Ônix, Marques e Rubi, lançadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). O detalhe fica por conta das cultivares SCS120 Ônix, que tem a cor preta e a SCS 119, vermelha. Ambas estão voltadas para nichos especiais de mercado, principalmente o orgânico, por seu potencial produtivo e qualidades nutricionais. Já a SCS 118 é indicada para o mercado tradicional de arroz branca. De acordo com a Epagri, esta cultivar possui elevada produtividade, chegando até a 9

toneladas por hectare.Conforme o gerente da Estação Experimental de Itajaí – onde as cultivares foram desenvolvidas - , José Alberto Noldin, as Rubi e Ônix são consideradas especiais devido ao seu aspecto, adequado a pratos mais elaborados, além da sua composição química diferenciada, destacada por conteúdos mais elevados de compostos fenólicos, importantes na alimentação pois são antioxidantes. Os materiais estarão disponíveis para plantio apenas na próxima safra. Informe-se mais: http://www. epagri.sc.gov.br/

Nova cultivar é direcionada à culinárias especiais

duração de um ano, após a colheita. Suas sementes vão estão a disposição do mercado por meio da Rede de Se-

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mentes Agroecológicas Bionatur/Conaterra. Obtenha mais informações: email encpl.snt@embrapa.br.

SCS120 Ônix: alto valor nutricional e sabor difereciado


PLANTÃO AGROVETERINÁRIO

Estratégias contra a Helicoverpa Embrapa recomenda criação de consórcio para o controle e combate da praga DIRCEU GASSEN

Antônio Oliveira

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oltamos a falar sobre a Helivoverpa armigera, praga que vem causando enormes prejuízos à agricultura, principalmente, nos cerrados da Bahia. Aqui, algumas ações emergenciais recomendadas pela Embrapa Cerrados. Este material será dividido em três edições antes do plantio da próxima safra. De início, a estatal recomenda o estabelecimento de um consórcio para o manejo da praga. De acordo com a Empresa, levando-se em conta a importância e a extensão dos danos causados pela lagarta para a agricultura brasileira, “é extremamente necessário o estabelecimento de um sistema de alerta para ocorrência dessa praga”, informa, advertindo ainda que o mesmo sistema poderá também ser utilizado para o alerta de outras pragas de igual ou pior importância para os sistemas agrícolas brasileiros. Esse consórcio, de acordo com a Embrapa Cerrados, deverá ser formado por profissionais de múltiplas disciplinas, de instituições públicas e privadas, empresas de

pesquisa, universidades, indústrias de produtos químicos e biológicos, maquinas e implementos agrícolas, cooperativas agrícolas e fundações de pesquisa. A Empresa defende ainda que esse consórcio deverá ser coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que, além de fazer alertas, terá como outro objetivo disponibilizar informações sobre o complexo de pragas, principalmente da Helicoverpa, bem como capacitar profissionais sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e Manejo de Resistência de Planas Transgênicas que expressam toxinas Bt. Esse Consórcio terá ainda a responsabilidade pelo fomento e monitoramente de redes de pesquisa para avaliação de produtos químicos e biológicos, além da indicação de boas práticas agrícolas para a retroalimentação anual das recomendações técnicas a serem adotadas. “A identificar pragas de grande impacto, essa informação deverá alimentar o sistema de alerta em um hitsite na Internet que poderá ser criado e gerenciado pela Embrapa”, diz a Empresa.

Praga tem um poder muito grande de destruição

Planejamento de área de cultivo A Embrapa Cerrados orienta que a época de semeadura é uma das principais táticas de controle cultural que compõe o Manejo Integrado de Pragas (MIP). “Por isso, recomendase efetuar a semeadura das culturas de milho, soja e algodão no menos espaço de tempo possível, procurando obter uma janela de semeadura menor”, ensina. Ainda conforme ela, esse curto período de semeadura é importante para reduzir o período de disponibilidade de alimento às pragas polífigas e, assim, maximizar a eficiência da prática de destruição dos restos de cultura quando esta se tratar do algodoeiro. Esse consórcio envolverá também as empresas detentoras de

tecnologia Bt. Estas ficariam na responsabilidade de divulgar os dados relativos ao monitoramente da suscetibilidade das espécies alvo às proteínas Bt. Para a Empresa, esses dados serão fundamentais para subsidiar a escola, por parte dos produtores, de variedades Bt (milho, algodão e soja) mais adequadas aos seus sistemas de cultivo. “A escolha das variedades Bt deve se basear nas opções disponíveis no mercado que possam eficiência de controle contra as pragas-chave e também na indicação das empresas para o sistema relacionado”, indica a Embrapa Cerrados. Ela acredita que, desta forma, o produtor poderá, por exemplo, elencar a principal praga

no seu sistema de produção e verificar nos prospectos das empresas detentoras da tecnologia, qual a mais adequada para sua propriedade. “Após selecionar a planta Bt, verificar a eficiência para as pragas não alvo presentes no sistema e adotar estratégias de MIP para esse grupo”. A Empresa lembra que as plantas Bt disponíveis no mercado até a safra agrícola de 2012/2013 possuem as toxinas: Milho: Cry2Ab, Cry1Ab, Cry1A.105 (Cry1Ab, Cry 1Ac, Cry 1F),Cry3Bb, Cry 1F,VIP3Aa Algodão: Cry2Ab, Cry1Ab, Cry 2Ae, Cry1Ac, Cry1F Soja: Cry1Ac

Recomenda-se, dessa forma, evitar eventos que expressem as mesmas toxinas nas diferentes culturas simultaneamente e sucessivamente utilizando preferencialmente a rotação dessas toxinas. “Dessa forma, se promoverá o estabelecimento de um mosaico de toxinas na paisagem agrícola, reduzindo o potencial de adaptação das pragas (resistência)”, alerta. ADOÇÃO DE ÁRE AS DE REFÚGIO Ainda de acordo com a Empresa, é fundamental que sejam adotadas as áreas de refúgio preconiza-

das pelas empresas detentoras da tecnologia Bt, utilizando a mesma espécie ou isolinha da cultivar relacionada. “Dessa forma, promovese a sincronia de emergência de adultos favorecendo o cruzamento entre as populações de pragas expostas e não expostas à toxina Bt.”, diz a Empresa, ressaltando que para favorecer e facilitar o acasalamento entre os insetos, o refúgio não deve ser localizar a mais de 800 metros de distância da área cultivada com plantas Bt. “Utilizar o MIP na área de refúgio priorizando utilização de controle biológco, inimigos naturais e bioinsenticas à base de baculovírus”, aconselha. Continua na próxima edição

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BAMAPITO NEWS

Helicoverpa come até plástico rígido

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lagarta de nome Helicoverpa que já gerou prejuízos de quase R$ 3 bilhões às lavouras brasileiras tem apetite até para o plástico. É o que constatou recentes pesquisas realizadas pelo laboratório da Cooperativa Agrícola dos Produtores Rurais da Região Sul de Mato Grosso (Cooaleste), com sede em Primavera do Leste. Apontada no oeste da Bahia, onde já causou prejuízos de quase R$ 1,5 bilhão, como ato de bioterrorismo, a praga está tirando também o sono dos produtores de Mato Grosso devido ao seu alto poder de destruição. A constatação de que a Helicoverpa tem força para comer até plástico ocorreu quando pesquisadores da Cooaleste guardaram uma lagarta em um copo de plástico no laboratório da Cooperativa. No dia seguinte, a mesma havia desaparecido, deixando um buraco no copo. Um dos pesquisadores, Márcio Caldeira, solicitou então uma avaliação mais criteriosa e, logo a seguir, constatou-se que a lagarta comeu uma parte do copo, dando-lhe passagem para a fuga. De acordo com ele, o fato da Hel-

Constatação aumenta a preocupação dos produtores rurais icoverpa atacar e perfurar a maçã do algodão – que é bem rígida – já preocupavam os produtores e agora com

a constatação da força delas para perfurar plásticos rígidos, o estado de alerta deve ser maior, uma vez

que esta praga transita com facilidade do algodão para a soja e outras culturas com proteínas Bt.

Há relatos de ataques da Helicoverpa em outras culturas como o tomate, pimentão, café e citros.

Pólos de milho subsidiado quase prontos

A superintendente regional da Conab na Bahia, Rose Ponde, informou, no início da última quinzena de junho, que durante este período, “num grande esforço dos governos federal, estadual e municipais”, todos os 23 pólos de comercialização do milho subsidiado para criadores afetados pela seca estarão funcionando plenamente. Ainda de acordo com ela, a demanda tem sido grande e, para fazer parte do processo, foram trazidos funcionários de outros estados para dar o devido suporte. A Superintendente disse ainda que, não obstante a todos os esforços desses parceiros, ainda existem trâmites que fazem com que o processo seja um pouco demorado. Contudo, ela explica, houve aumento do número de cadastros realizados, que antes eram 174 e com o início da operação, esse número

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subiu para 50 mil “e ainda temos a previsão de que cheguem a 70 mil cadastros”, disse ela. No início da operação houve uma demora para que o milho fosse liberado nos pólos, em função de pessoas que compravam e revendiam por um preço mais alto, prática que ocasionou investigação por parte da Polícia Federal. Além disso, o secretário da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles explica que o governo teve que montar estrutura nos pólos. “Tivemos que comprar balanças, computadores, estruturar os pólos e direcionar funcionários da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e da Agência Estadual de Defesa Agropecuária (ADAB) para fazer o cadastro dos novos compradores de milho”, explicou. (Com informações da Seagri-BA)

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Grão subsidiado atenderá produtores nordestinos

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Abelhas

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BAMAPITO NEWS

em busca de novos “pastos”

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erca de 5 mil colméias com abelhas estão migrando do Piauí para o Maranhão, num percurso de 900 quilômetros. Elas retornarão ao seu Estado de origem em dezembro deste ano, quando as floradas, que são seu alimento natural estiveram normalizadas. A operação envolve aproximadamente 200 apicultores e seis caminhões doados pelo Governo do Piauí e tem o apoio do SEBRAE, Banco do Brasil, Fundação do Banco do Brasil e Secretaria do Desenvolvimento Rural do Estado (SDR). Três mil colméias sairão da Casa Apis, em Picos e duas mil da Comapi. De acordo com o Governo piauiense, “um verdadeiro esquema foi montado para que as abelhas nada sofressem como o transporte que é equipado com 900 telas apropriadas para a realização de transporte, seis véus de proteção e 50 cintas de amarração”. Os apiários serão instalados no município de Governador Nunes

Freire, no Maranhão, onde permanecem até novembro/dezembro. O custeio total da migração ficou em torno de R$250.000,00, que serão gastos com alimentação dos apicultores durante a migração, combustível e manutenção dos veículos, vestimenta de proteção (indumentária) e utensílios apícolas, locação de áreas para instalação de 80 apiários, locação de imóvel para hospedagem da equipe de apoio, locação de 1 trator para realizar vias de acesso aos apiários e locação de duas unidades de beneficiamento do mel. Fazem parte da equipe, consultores em apicultura migratória. De acordo com Antonio Leopoldino Dantas Filho, “o Sitonho”, presidente da Casa Apis, a estimativa de produção com essa migração é de 125.000 kg de mel e geração de uma receita estimada em R$650.000,00 (Com informações do Governo do Piauí) A operação visa livrar as colméias dos efeitos da seca

Sul do Piauí é o que mais cresce no BAMAPITO

Produtores vivem na expectativa da pavimentação da rodovia

O sul do Maranhão é o que mais cresce em área aberta e produção na região do BAMAPITO. De acordo com o IBGE, somente entre 2002 e 2008, a riqueza gerada pelos cerrados piauienses cresceu 386%, contra 321% do Maranhão, 245% do Tocantins e 83% da Bahia.De 2002 a 2012, mostra ainda este levantamento, o salto é superior a 700%. O prefeito de Bom Jesus, um dos municípios daquela fronteira agrícola, comemora estes números, Marcos Elvas. De acordo com ele, no que depender do seu apoio, enquanto governante do Município, “esse ritmo será ainda mais forte”. O Prefeito

destaca ainda a importância de Bom Jesus como um centro fundamental não apenas para o Piauí, mas para toda a região do BAMAPITO. “Somos um dos maiores produtores de grãos, mas também somos um pólo que se firma como fornecedor de maquinário, insumos e implementos, bem como de pessoal qualificado, formado em nosso pólo técnico e universitário”, aponta. Já para o secretário de Desenvolvimento Rural do Piauí, Rubens Martins, o Estado é o que mais cresce na produção de grãos. De acordo com ele, no ano passado foram mais de 2,4 milhões de toneladas, recorde que

só não será quebrado este ano por conta da seca. A expectativa de ultrapassar estes números está na safra 2013/2014, quando a produção deve chegar a 3 milhões de toneladas. Rubens Martins informa que o governador Wilson Martins está fazendo investimentos “fundamentais” para o desenvolvimento da região não só em Bom Jesus, mas também em Uruçuí e Santa Filomena. São investimentos, segundo ele, em infraestrutura de transporte, com a construção de estradas como a Transcerrados. (Com informação do IBGE e do Portal AZ)

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ENTREVISTA

JALBAS AIRES MANDUCA

“Tocantins causa muitas surpresas para o Ministério” Superintendente do MAPA no Tocantins fala sobre a atuação do órgão no Estado

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om uma larga folha de serviços prestados ao Tocantins, nas funções de secretario de Agricultura do Estado, entre 1999 e 2001 – quando criou a Feira de Agrotecnologia do Tocantins (Agrotins); secretário da Indústria e Comércio, entre 2000 e 2002, e superintendente da Superintendência da Agricultura no Tocantins (SFA), durante o governo do presidente Lula e agora no da presidente Dilma, o portuense, mestre em Economia, pela FGV-RJ, é um dos entusiastas do potencial agropecuário e do Agronegócio do Tocantins.

CR – O fator Estado novo e o desenvolvimento agrícola pelo qual passa o Tocantins não causam surpresas? Jalbas Manduca – Sim, causa surpresas, porque o Estado era pouco conhecido e, hoje, já com este entendimento de que o Estado tem uma perspectiva muito grande sobre o ponto de vista logístico, onde se tem condições de trabalhar com modais de transporte, tanto com o ferroviário, que já está implantado, quanto com o hidroviário e o rodoviário - alternativas que até então não se imaginava que fossem viáveis aqui no Tocantins -, como também a cana-de-açúcar. Então, as diversas alternativas do setor agropecuário do Tocantins causam uma surpresa muito grande para o Ministério da Agricultura, no sentido de que aqui se podem produzir grãos, sementes de alta qualidade, fruticultura com alto potencial, pecuária de corte e de leite. O Ministro e todos os fiscais que trabalham na área se sentem muito motivados em relação a isto. Cerrado Rural (CR)– Aliás, o fator cana-de-açúcar, em Pedro Afonso, nos remete a um passado

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Mesmo que não tenha um tratamento diferenciado do Ministério da Agricultura, por ser, ainda, um estado jovem, ele, em entrevista ao Cerrado Rural Agronegócios, diz: “Diferencial de tratamento não existe, porque as ações do Ministério da Agricultura valem para todo o País. Mas, o que existe de diferente, no nosso ponto de vista, é que o Tocantins é um estado novo, que ainda tem 7 milhões de hectares para serem cultivados – é uma fronteira agrícola, com excelentes perspectivas. E como o Ministério da Agricultura tem progra-

de falta de pesquisas de cultivares da cana adequadas às condições edafoclimáticas Estado. Houve algumas experiências da iniciativa privada, quase sem êxito. Porém, a Bunge veio, ousou, experimentou e teve êxito, produzindo etanol das variedades que desenvolveu em solo tocantinense. Que impressão o senhor tem deste feito? Jalbas Manduca – É uma questão importante pelo fato de o Estado ser relativamente jovem e porque não tínhamos aqui um centro de pesquisa da Embrapa. Com isto, muita coisa foi feita de uma forma empírica, não por meio de pesquisas de instituições oficiais, mas por iniciativa dos produtores, dos pioneiros, que vieram para cá, que montaram projetos pilotos e foram experimentando com alguns Centros da Embrapa em outros estados. Mas, agora, a gente vê uma perspectiva ainda melhor, porque nós temos um Centro de Pesca e Aqüicultura que não trabalha apenas com a pesca e aqüicultura, mas também com sistemas agrícolas. E este Centro de Pesquisa que está aqui no Estado, está integrado com os demais centros de pesquisas do

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mas importantes, como o ABC (Agricultura de Baixo Carbono), de recuperação de pastagens, de plantio de florestas, entre outros, eixos que dão efetivamente condições de desenvolvimento agropecuário com sustentabilidade, nós entendemos que os programas do Ministério, aplicados aqui, vão, sim, gerar um diferencial muito grande para o Estado, porque nós vamos poder avançar na fronteira agrícola, aumentar a área plantada, com produtividade alta, mas com sustentabilidade. Isto é o que é importante”. Leia a íntegra deus entrevista.

O Ministro e todos os fiscais que trabalham na área se sentem muito motivados em relação a isto” País e conta com 90 pesquisadores morando e convivendo com a realidade do Estado. Então, diante deste novo fato, entendemos que há uma massa crítica muito maior, que há um número de pesquisadores, de intelectuais, de pessoas, ligadas a Agronomia, a Veterinária e ao agronegócio como um todo, que vão contribuir de forma significativa e vão identificar novas oportunidades para o Tocantins. CR – A propósito deste seu argumento, lembro que a cotonicultura no Estado começou a se deslanchar há uns sete anos, depois caiu, justamente por falta de variedades validadas para o Estado. Outro obstáculo é a lei que proíbe o plantio de algodão genetica-

mente modificado no Estado. Há intenção do Ministério em reverter estas duas situações? Jalbas Manduca – Uma coisa que nós vimos de importante no algodão é que ele é viável, tanto numa altitude maior, a exemplo da Chapada na fronteira com a Bahia (região da Garganta, no platô da Serra Geral, entre Tocantins, Bahia e Piauí), quanto aqui mesmo em Paraíso (região central do Estado, de terras baixas) onde tem plantio de algodão numa produtividade bastante elevada - por sinal, foi surpresa para a gente. Mas, de fato, existe este problema porque, principalmente, na região da fronteira com a Bahia e com o Piauí, do lado de lá, se pode plantar algodão transgênico, e do lá de cá, não, sendo que um mesmo microclima predomina de lá e de cá, o bioma é praticamente o mesmo. Então, há sim, necessidade dos agentes envolvidos, da Secretaria da Agricultura, da Agência de Defesa Agropecuária (do Tocantins), principalmente, no intuito de se montar um relatório técnico para defender isto em Brasília, ou seja, para que se mude o zoneamento do algodão ao menos naquela região. Isto foi feito com a semente de soja, em relação ao vazio sanitário. Não era


PLANO DE SAFRA Governo anuncia investimentos maiores para 2013/2014 na agricultura familiar e criação da agência de assistência técnica e extensão rural (ater) PG 3

AFINANDO A ORQUESTRA

Sagri-Palmas reúne produtores familiares e anuncia suas metas para os próximos anos. Proposta é trabalhar em conjunto. PG 6

A “KÁTIA” DOS

PEQUENOS A FETRAF-BRASIL tem na sua coordenação – cargo equivalente a presidência– uma ferrenha defensora dessa categoria. Elisângela dos Santos tem sido para a categoria o que Kátia Abreu é para o agronegócio. “A agricultura familiar não é uma empresa. Além de não ter relações de trabalho, uma vez que as pessoas que produzem em determinada propriedade são membros da mesma família, ela não recebe investimentos que possibilitem a produção de alimentos nesse patamar. Embora tenha capacidade de produzir em larga escala e de alimentar o país, falta atenção necessária à agricultura familiar,

com investimentos de fomento à atividade produtiva, à constituição de organizações e associações cooperativistas, à pesquisa, ciência e tecnologias voltadas para a agricultura familiar para que possa estar em nível empresarial”, disse ela, ao responder uma pergunta sobre a mudança de mentalidade da agricultura familiar – mais empresarial. E completou, na sua entrevista exclusiva para Cerrado Rural Agronegócios : “ A discussão não é acerca de um agronegócio carrasco, mas de um modelo de produção voltado para a monocultura, degradação do solo e do meio ambiente, que é concentrador de terras, que visa apenas o lucro e para isso, muitas vezes utiliza o trabalho escravo como um meio para produzir”

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CADERNO DO PEQUENO PRODUTOR RURAL CADERNO INTEGRANTE DO JORNAL CERRADO RURAL AGRONEGÓCIOS


ACONTECE

Recursos para o Sertão pernambucano

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Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), por meio da linha de crédito Estiagem, liberou crédito no valor de R$ 11.820.000,00, beneficiando 1, 182 projetos de assentamentos no Sertão pernambucano, situados no Território da Cidadania do São Francisco, Itaparica e Araripe, decretados em situação de emergência devido a seca. Isso se deu após a Assessoria Técnica do INCRA, no Médio São Francisco, preparar e encaminhar ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB) essas demandas. Nos próximos dias, a Assessoria do INCRA aguarda as demais contratações. Caso esses sejam aprovados pelo BNB em sua totalidade, esses projetos, totalizando R$ 20, 7 milhões, serão aplicados na manutenção das criações de caprinos e ovinos, principal renda dos assentados da região e na segurança hídrica. O Pronaf Estiagem foi criado para atender, com até R$ 12 mil, em duas parcelas, trabalhadores rurais situados em municípios em situação de emergência e de calamidade pública, que estejam na área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).

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Pequenos animais são as principais fontes de renda no Sertão

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Bahia recebe recursos para cisternas

Recursos visam garantir água de qualidade para a população

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Já para o Sertão baiano, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), investe neste ano recursos da ordem de R$ 220 milhões. O objetivo é garantir a segurança hídrica aos agricultores familiares nessa região baiana, por meio de ações estruturantes para levar água de qualidade à população Com o objetivo de acelerar a construção de 40 mil cisternas de placas de água para consumo humano e de 15.655 tecnologias sociais que contribuam para a dinamização e eficiência da produção familiar, representantes da área de

acesso à água de consumo humano e de produção do MDS e da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza da Bahia estiveram reunidos no Estado na primeira quinzena deste mês. “Vamos acompanhar e dar orientação aos gestores e municípios envolvidos na ação para acelerar a execução do programa”, diz o coordenador-geral de Acesso à Água do MDS, Igor Arsky. Os 220 milhões previstos em convênios entre o estado e o MDS estão subdivididos em R$ 88 milhões para captação de água da chuva para consumo hu-

mano e R$ 132 milhões para água de produção. Os recursos atenderão a demanda de 216 municípios. Na última sexta-feira (7) foi liberada uma parcela de R$ 22 milhões para garantir a execução dessas ações estruturantes no sertão baiano. Neste ano, o MDS já se reuniu com os governos do Piauí, Maranhão, da Paraíba e do Rio Grande do Norte para monitorar a implementação do Programa de Cisternas, que faz parte do Água para Todos do Plano Brasil Sem Miséria, cuja meta é entregar 750 mil cisternas até 2014. (Com informação da Ascom/MDS)


Plano safra

Mais dinheiro para o Pronaf Governo anuncia Plano Safra 2013/2014 e a criação da Agência de Ater Da Redação

A agricultura familiar pode alavancar a emancipação do ponto de vista econômico e social de parcela fundamental da população, e servir como estímulo ao crescimento e desenvolvimento harmonioso de nosso país”, disse a presidente Dilma, ao anunciar, dia 6 do mês passado, em Brasília, o Plano Safra da Agricultura Familiar (PSAF) 2013/2014. Para este setor da agropecuária brasileira serão destinados recursos da ordem de R$ 39 bilhões do governo federal. Desses recursos, R$ 21 bilhões – 16, 6% maior que os do ano passado - estarão disponíveis para crédito. A Presidente da República afirmou ainda que um dos compromissos do plano é aumentar a produção de forma significativa. Ainda de acordo com ela, o limite para o enquadramento no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foi ampliado, o que permite que mais agricultores possam usufruir de financiamentos. Pelo atual plano, famílias que tiveram renda de até R$ 360 mil no último ano poderão contratar o crédito. A taxa de juros, cujo teto era 4%, agora será até 3,5%. O limite da linha de custeio subiu de R$ 80 mil para R$ 100 mil. O limite da linha de investimento é de R$ 150 mil por operação. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) também terá mais recursos. Houve a ampliação do limite de aquisição anual por família, de R$ 4,5 mil para R$ 5,5 mil. Para famílias ligadas às cooperativas, o limite subiu de R$ 4,8 mil para 6,5 mil. Quando os projetos de venda forem formados por, pelo menos, 50% dos cooperados com baixa renda e quando os produtos forem exclusivamente orgânicos, agroecológicos ou da sociobiodiversidade, o limite por família passa a ser R$ 8 mil. A cerimônia marcou o aniversário de dez anos do lançamen-

BULLDOG ESTÚDIOS

“Um dos compromissos do Plano é aumentar a produção de forma significativa. O limite para o enquadramento no Pronaf foi ampliado, o que permite que mais agricultores possam usufruir de financiamentos” to do Plano Safra para a Agricultura Familiar e contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas,que fez o anúncio oficial da versão 2013/2014 do PSAF

ANATER

No evento foi anunciada a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), que terá como objetivo difundir a tecnologia e conhecimento produzidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e garantir assistência técnica principalmente aos pequenos e médios produtores rurais. “Será a primeira vez que haverá integração da pesquisa com a assistência técnica, o que vai qualificar a produção”, disse Pepe Vargas. A Anater irá atuar credenciando e contratando entidades públicas e privadas que atuarão nos serviços de assistência técnica e difusão de tecnologia para às família produtoras. Segundo o ministro Pepe Vargas, a agência também terá função monitoradora dos serviços prestados, sendo que haverá processos de bonificação aos prestadores que apresentarem melhores resultados. (Com informações da Agência Brasil)

Cirino Machado: Guariroba para os filhos e queijo para vender

Pronaf ajudou Cirino Machado Aos 76 anos, o agricultor familiar Cirino Machado de Oliveira ainda tem sonhos. Casado há 50 anos, Cirino vive com a mulher em uma propriedade de 35 hectares no Assentamento Mariana, que fica a aproximadamente 15 quilômetros de Palmas, capital de Tocantins. Lá, ele cria 16 cabeças de gado que comprou com a ajuda do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). No assentamento, vivem outras 20 famílias, cada uma com uma função diferente. A de seu Cirino é administrar o gado leiteiro e a plantação do palmito, que, segundo ele, são para o consumo da família. “Planto guariroba porque

meus filhos gostam. O leite é para fazermos queijo, mas o que sobra a gente vende”, revela. O plantio da palmeira, assim como o de toda a produção do assentamento, é feito por meio do sistema agroflorestal, o que permite melhor aproveitamento dos recursos naturais e das características da região. Esses sistemas são formas de uso da terra em que há um consórcio de espécies arbóreas, cultivos agrícolas e/ ou criação de animais numa mesma área, de maneira simultânea ou ao longo do tempo. Cirino chegou a vender durante um tempo o palmito para empresas que cortavam e enlatavam o produto, mas queria aumentar, também, a criação de gado leiteiro. Foi aí que, de acordo com

ele, decidiu procurar o Pronaf, para comprar mais quatro vacas. “Acessei o Programa há mais ou menos quatro anos e só comecei a pagar no ano passado (2012). Isso me ajudou muito, os juros são muito baixos”, comenta. O agricultor ainda conta uma história interessante, que o deixou muito feliz com o Pronaf. “No ano passado, quando fui pagar a primeira prestação de R$ 500, perguntei à moça do banco o quanto ainda devia. Peguei um empréstimo de R$ 8 mil. Para a minha surpresa, o saldo devedor estava em R$ 3,5 mil. Pensei que alguma coisa estava errada, mas ela me explicou tudo e fiquei muito feliz, acho que vou conseguir pagar tudo antes de 2018.” (MDA)

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“A agricultura familiar não é uma empresa” FETRAF-BRASIL é a versão agrofamiliar da CNA. Tal como esta, tem uma mulher em seu comando

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oordenadora da FETRAF-BRASIL fala, nesta entrevista, das linhas de atuação do órgão, criado em 2005, com diretrizes voltadas para “a liberdade e autonomia sindical e o compromisso com o desenvolvimento com um Estado democrático com condições de disputa de um modelo de desenvolvimento sustentável”. De acordo

Cerrado Rural Agronegócios (CRA) – Quando e com quais objetivos foi criada a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil? Elisângela dos Santos Araújo - A FETRAF-BRASIL nasceu da necessidade dos trabalhadores e trabalhadoras na agricultura familiar de terem instrumentos de representação na luta por melhores condições de vida. Sua fundação ocorreu em julho de 2005, como fruto do I Encontro Nacional da Agricultura Familiar, realizado em Brasília, e contou com a presença do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. A FETRAF tem como princípios a liberdade e autonomia sindical e o compromisso com o desenvolvimento de um Estado democrático com condições de disputa de um modelo de desenvolvimento sustentável. CRA - Sob o ponto de vista corporativo, qual é a diferença entre “trabalhadores na agricultura” e “trabalhadores na agricultura familiar”? A FETRAF tem como foco principal o trabalhador na agricultura familiar e empresarial ou na família que tem a propriedade rural e nela trabalha? Elisângela dos Santos - Trabalhadores na agricultura se referem a empregados rurais, assalariados. Esse é outro público que possui reivindicações específicas, como, por exemplo, melhores condições de trabalho, combate à informalidade,

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com ela, o foco da entidade é organizar os agricultores familiares, aqueles que trabalham em suas propriedades e contam com mão de obra familiar para o processo produtivo e de geração de renda. “E o nosso objetivo enquanto entidade representativa dos trabalhadores na agricultura familiar é lutar, não apenas pela ampliação dos in-

requalificação profissional, etc. Eles trabalham em grandes empresas rurais ou grandes propriedades. O nosso foco é organizar os agricultores familiares, aqueles que trabalham em suas propriedades e contam com mão de obra familiar para o processo produtivo e de geração de renda. E o nosso objetivo enquanto entidade representativa dos trabalhadores na agricultura familiar é lutar, não apenas pela ampliação dos interesses econômicos da categoria, mas pela criação e acesso às políticas públicas e ampliação de direitos que garantam a vivência e a dignidade dos agricultores familiares.

O nosso foco é organizar os agricultores familiares, aqueles que trabalham em suas propriedades e contam com mão de obra familiar para o processo produtivo e de geração de renda". CRA - Houve um tempo na história da agricultura familiar em que o agronegócio era tido como um vilão altamente nocivo ao processo produtivo, ao meio ambiente e aos conceitos de esquerda. Hoje, a agricultura famil-

|1º A 15 DE JUNHO DE 2013

teresses econômicos da categoria, mas pela criação e acesso às políticas públicas e ampliação de direitos que garantam a vivência e a dignidade dos agricultores familiares”, diz a coordenadora – denominação que, na entidade que dirige, substitui o titulo de “presidente”-, nesta entrevista exclusiva para estas páginas.

iar está se modernizando, tornando-se empresa, por menor que seja, e até unindo-se a agricultura empresarial. Como a senhora vê essa mudança de conceito? Elisângela dos Santos - Não houve um tempo em que o agronegócio era tido como nocivo ou vilão. A discussão não é acerca de um agronegócio carrasco, mas de um modelo de produção voltado para a monocultura, degradação do solo e do meio ambiente, que é concentrador de terras, que visa apenas o lucro e para isso, muitas vezes utiliza o trabalho escravo como um meio para produzir. A agricultura familiar não é uma empresa. Além de não ter relações de trabalho, uma vez que as pessoas que produzem em determinada propriedade são membros da mesma família, ela não recebe investimentos que possibilitem a produção de alimentos nesse patamar. Embora tenha capacidade de produzir em larga escala e de alimentar o país, falta atenção necessária à agricultura familiar, com investimentos de fomento à atividade produtiva, à constituição de organizações e associações cooperativistas, à pesquisa, ciência e tecnologias voltadas para a agricultura familiar para que possa estar em nível empresarial. E isso não significaria a adoção das mesmas práticas no processo produtivo. CRA – Eu disse empresa, quando a agricultura familiar se organ-

A agricultura familiar não é uma empresa. Além de não ter relações de trabalho, uma vez que as pessoas que produzem em determinada propriedade são membros da mesma família" iza e se mobiliza para vender sua produção, operar com bancos e adquirir máquinas, implementos e insumos, que é o que está acontecendo agora. Ela está sim, se tornando em empresa. Elisângela dos Santos – A organização dos trabalhadores em associações e cooperativas não se caracteriza como empresa. Elas são entidades sem fins lucrativos. A relação com instituições financeiras, por exemplo, se faz necessária e é intrínseca ao funcionamento do sistema burocrático, o qual essas entidades levam um tempo para se adaptar devido a realidade no campo e a falta de habilidade e conhecimento em atender a essas exigências quando operam políticas públicas como PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] . Essa organização e mobilização dos trabalhadores é alicerçada na promoção do estado social, tem a intenção de

FETRAF-BRASIL

ENTREVISTA


AGROBALSAS Feira supera todas as expectativas de público e vendas www.cerradoeditora.com Parte integrante da edição de 1a a 15/07 de 2013 do jornal Cerrado Rural Agronegócios

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ESPECIAL BALSAS-MA

QUEM PLANTA TRABALHO,COLHE PROSPERIDADE

Apostando no potencial da região e no incansável trabalho de desbravamento, José Antônio Gorgen, o popular “Zezão”, saiu da condição de pequeno produtor para se tornar num dos maiores agroempresários do Nordeste do Brasil. Não só isso, contribui para a projeção do sul do Maranhão no cenário nacional e internacional do agronegócio. O empresário abre a série de entrevistas especiais que Cerrado Rural fará com os grandes líderes do agronegócio no BAMAPITO.

PAGS 8/9 SOJA RESPONSÁVEL: Balsas é representada em conferência internacional na China

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ESPECIAL BALSAS-MA

CARTA AO LEITOR

Testemunha do desenvolvimento Q

uase toda a fronteira agrícola, tem um misto de heroísmo e bravura de seus pioneiros. As dificuldades enfrentadas em terras consideradas antes como pobres e improdutivas, a ausência completa de governos, a falta de infraestrutura, sugere que o produtor brasileiro seja valorizado e integrado na história do Brasil. Quando comparamos o Nordeste do Brasil com a região Sul, as grandes cooperativas desta última fazem diferença. Médios e pequenos agricultores vivem por um objetivo de cooperação mutua, fazendo com que a diversidade e opções se mantenham na rentabilidade. No entanto, essas médias propriedades rurais, no Sul do Brasil, não ultrapassam a 5 mil hectares. Começa aí outra grande diferença entre Sul Nordeste. Neste, predominam as propriedades acima de 10 mil hectares, geralmente exploradas por grandes grupos, que se viverem de forma isolada, apesar da imensidade de terras a desbravar e cultivar, e não se unirem em forma de associação, não conseguirão sobreviver a expensas do meio. Este foi o grande motivo da criação da Fundação de Apoio a Pesquisa no Corredor Norte de Exportação (FAPCEN), pelos empresários rurais. Esta visão de futuro persiste até os dias de hoje. Se a Embrapa abriu os cerrados nordestinos e mercado na Linha do Equador, sem duvida alguma o apoio da FAPCEN foi de muita relevância. Esta Fundação atua em treze estados da Federação, mantém seus campos de pesquisa na área de melhoramento e fitotecnia em três outros estados - MA-TO-PI. É, ainda, o elo entre produtores rurais e instituições governamentais e agora mantém, como principal missão, liderar uma nova consciência, buscando cada

vez mais evidenciar a sustentabilidade na produção de alimentos através de projetos e parcerias firmadas. Governo do Estado, Ministério da Agricultura, Embrapa, universidades, IDH/Solidared (instituição holandesa de defesa da produção rural sustentável), dentre outros são, nossos principais parceiros. O maior evento do agronegócio no Maranhão, a AgroBalsas, também é promovido por esta Fundação de Pesquisa. Este evento vai muito além de feira do agronegócio. È o caminho que vem despertar uma nova consciência tecnológica à região, que cresce cada vez mais em produtividade devido ao uso de novas e modernas tecnologias. Cada evento, um tema de importância mundial é discutido e aplicado na prática, fazendo com que o MATOPI, aliado a Bahia, seja destaque em nível mundial.

A transferência de tecnologias e informação, que vai da agricultura familiar aos estudantes de escolas publicas do Município e do Estado, até o empresário rural que participa de palestras, debates dos maiores conferencista brasileiros; cursos, treinamentos, vitrines de maquinas e equipamentos; principais cultivos e animais. A FAPCEN, junto com Sindicato dos Produtores Rurais de Balsas (SINDIBALSAS), Associação dos Produtores da Serra dos Penitentes (APSP), Associação dos Produtores dos Gerais de Balsas (APGB) e Associação dos Produtores dos Produtores da Ilha de Balsas (APIB), traduzem a força na reivindicação junto ao Governo do Estado. Primeiro foi o complexo TEGRAM (Terminal de Grãos do Maranhão) junto a Empresa Maranhense de Administração Portuária/Porto do Itaqui.

Agora é o Anel da Soja. A ultima edição da Agrobalsas registrou um público em torno de 70 mil pessoas, um volume de negócios de quase R$ 270 milhões e mais de trezentos expositores. Nosso reconhecimento a equipe da FAPCEN, pela valentia de estar à frente de grandes trabalhos, sempre com uma visão antecipada dos principais assuntos, alertando e direcionando o agricultor à um novo tempo que marque sua historia no Nordeste brasileiro, pela grande contribuição na produção de alimentos. Parabéns FAPCEN, que esses 20 anos em que vem contribuindo com o progresso de uma grande região, venham a se estender por muito mais anos. O Brasil precisa de Instituições como esta. É justamente isto que o jornalista Antônio Oliveira está resumindo neste “Caderno Especial Balsas-MA”. Digo resumindo porque, se ele fosse escrever tudo sobre essa epopéia, como ele gosta de se referir à saga dos agricultores nos cerrados do Norte e Nordeste do Brasil, teria que fazer em muitos fascículos para montagem de um livro. “É um trabalho modesto, feito de acordo com as nossas possibilidades e paixão pela região. Mas é um documento que qualquer defensor dos cerrados do sul do Maranhão pode colocar debaixo do braço ou na mala e levar para mostrar neste Brasil e ou Mundo a fora”, disse ele, ao me pedir que fizesse, no lugar dele, a esta a “Carta do Editor”. Esta aí a minha “Carta, no lugar do Editor”. Boa leitura. Gisela Introvini – Superintendente da FAPCEN

EXPEDIENTE

Produto editorial da Cerrado Editora Comunicação e Marketing Ltda/Jornal Cerrado Rural Agronegócios. Parte integrante da edição de 15 a 30 de junho de 2013.

TEXTOS E EDIÇÃO

DIAGRAMAÇÃO:

Antônio Oliveira

Dóda Design - www.dodadiagramador.br

ENDEREÇO 303 Norte, alameda 24, lote 13 – Palmas-TO. Fone: (63) 3224-3298 e-mail: contato@cerradoeditora.com.br e editorgeral@cerradoeditora.com.br


ESPECIAL BALSAS-MA

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SOJA

Futuro está na sustentabilidade Da Europa, “soja responsável” pode chegar à China, maior comprador do Brasil DIVULGAÇÃO/TERRA

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ompartilhar conhecimentos e debater sobre a produção responsável de soja em todos os países produtores e processadores deste grão (“Construindo Pontes Globais para Soja Responsável). Este foi o tema-chave da 8ª Conferência Anual da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS, em sua sigla em inglês), a chamada RT8, realizada entre os dias 28 e 29 do mês passado em Beijing, na China, com a presença de mais de 200 delegados de todo o mundo. Os cerrados da região do BAMAPITO (Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins), estiveram representados pela superintendente da Fundação de Apoio a Pesquisa no Corredor Norte de Exportação (Fapcen), com sede em Balsas (MA), agrônoma Gisela Introvini, e pelo presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luis Eduardo Magalhães (BA), Vanir Kölln. Introvini fez palestra sobre “Agricultura Inteligente em Áreas de Expansão no Brasil.

“Finalmente, a soja responsável deve se transformar em padrão para todo o mercado europeu” Essa edição da Conferência Anual da RTRS foi a primeira que a entidade realizou na região Ásia-Pacífico e de acordo com Gisela Introvini, “os temas abordados evidenciaram a preocupação comum em relação à produção de soja, principalmente em países da América do Sul”. Ainda de acordo com ela, dentro desse contexto, o Brasil, por diversas vezes e por vários líderes, foi citado como o

Para alimentar uma população de mais de 1,3 bilhão de pessoas, China investe na produção de soja em outros países

responsável de “uma série de inconvenientes” na sua produção de soja. Entre essas, foram mencionados a degradação do meio ambiente, a desigualdade social e a exploração, de forma inadequada, de trabalhadores rurais. Acrescentaram a essas críticas, ainda conforme Introvini, “a falta de qualidade dos grãos exportados e os altos preços dos frentes da soja para a China”. O ponto alto dessas críticas que, inclusive, causaram a interferência dos brasileiros Introvini e Vanir Kölln, em defesa do Brasil, foi quando Bob Tensey, Sênior Advisor, representante de um grupo dos Estados Unidos na china, mostrou um vídeo com cultura de soja na Floresta Amazônica e a intervenção do Greenpeace nessa lavoura, fato ocorrido há mais de 15 anos. A impressão que ficou, narra Gisela Introvini, foi a de que a irresponsabilidade com o meio ambiente e a falta de um zoneamento agroecológico são fatos generalizados no Brasil. Nesse momento, o presidente do Sindicato

Rural de Luis Eduardo Magalhães saiu em defesa dos sojicultores brasileiros, esclarecendo que fatos isolados não podem ser atribuídos a todo um conjunto. A indignação de Kölln foi corroborada pelo conteúdo da palestra de Introvini – “Agricultura Inteligente em Áreas de Expansão no Brasil”. Por agricultura inteligente – inclusive foi este o tema da AgroBalsas (Feira de Agrotecnologia de

Balsas) do ano passado -, entende-se a produção sustentável, ou seja, com respeito ao meio ambiente e ao ser humano. Esta palestra despertou o interesse dos presentes por questões como o Porto de Itaqui, em São Luís do Maranhão, ponto mais curto entre a soja brasileira e o mercado chinês, e os modais rodovias e ferrovias que completam essa logística brasileira que demanda para Itaqui.

INTERESSE PELA SOJA RESPONSÁVEL A iniciativa de incentivar a produção sustentável e responsável de soja em mercados que fornecem a oleaginosa para os mercados asiáticos e europeus é da cadeia produtiva da soja na Holanda, sob responsabilidade da RTRS, fundada na Suíça em 2006. A concepção dessa organização é que “a soja responsável oferece benefícios para os trabalhadores rurais, ao meio ambiente, à sociedade, e para toda a cadeia produtiva do grão, “fazendo com que as empresas envolvidas no processo garantam o fornecimento sustentável de soja responsável em longo prazo e visando a conciliação da produção de alimentos de forma harmônica com os elos produtivos”. A Associação foi criada para abordar esses temas e transformar a indústria da soja numa cadeia sustentável e responsável e por ser uma iniciativa de múltiplas partes interessadas, ela permite que seus integrantes ofereçam uma ampla variedade de funções nas cadeias globais de abastecimento de soja, unindo-se também num diálogo global, estabelecendo acordos que possam garantir a melhor forma possível de uma produção de soja economicamente viável, socialmente equitativa e ecologicamente correta.


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ara o vice-presidente da Associação da Indústria da Soja da China, Liu Denggao, no painel “Avanços na Produção de Soja na China, Importações e Investimentos no Exterior” seu país desempenha um papel essencial na indústria internacional da soja “e é o mais importante em termos de produção e consumo”. Ele apresentou números que comprovam ter a China o maior destaque entre os países que cultivam soja. Os chineses produziram na sua última safra aproximadamente 14 milhões de toneladas de soja; importaram do Brasil, na safra passada, 22 milhões de toneladas (algo entre 66% e 68% da produção brasileira – a previsão é que nesta safra eles exportem 32 milhões toneladas. A exportação do grão produzido na china é pequena e foi de pouco mais que 6 milhões de toneladas de soja convencional, em 2012, para o Canadá. Seu consumo é de 30 milhões de toneladas, sendo que 41% deste total são direcionados a produção de óleo comestível. Gisela Introvini informa que durante a Conferência, os chineses estavam sempre associando o termo “sustentabilidade” à produção convencional. Isto se justifica, ainda conforme a Superintendente da Fapcen, porque a China usa muito a soja na alimentação humana e na ração de animais para o abate e consumo, razão pela qual a China só planta soja convencional, inclusive para atender mercados exigentes como o do Canadá que importa o grão convencional plantados pelos chineses. Essa importação cresceu de 2,2 milhões de toneladas, em 2001, para 6.2 milhões em 2012. Esse consumo terá um crescimento muito grande nos próximos anos, levando-se em

Holanda quer que 100% toda soja importada pelo país até 2015 seja responsável

DIVULGAÇÃO/FAPCEN

ESPECIAL BALSAS-MA

Gisela Introvini fala para os delegados de mais de 200 países reunidos em Beijing para debater a soja responsável

Consumo crescerá mais de 100% nos próximos anos

conta que até 2015, a atual população chinesa chegará à casa dos 1,45 bilhão de habitantes, puxando o consumo de soja para 70 milhões de toneladas. Com essas perspectivas, a

China vislumbra outras oleaginosas alternativas, como o dendê e a palma e investe na produção em países europeus, africanos e americanos, minimizando, inclusive os custos de

importação. “O consumo de óleo vegetal crescerá durante este período de maiores receitas e a nossa política continuará aberta e solidária para o mercado de óleo vegetal”, disse o se-

cretário-geral e pesquisador sênior do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento do Conselho de Estado da China, Mercado da Soja e Política da China, Cheng Guoqiang.

A EUROPA ESTÁ DE OLHO NA SUSTENTABILIDADE Entre os países participantes do Fórum RT8, estava a Holanda, um dos principais importadores de soja brasileira, mas com uma preocupação: produção responsável de soja. O país recomenda que as empresas holandesas da cadeia do grão observem a necessidade de se chegar a 100% de aquisição de soja responsável em pouco tempo - até 2015. Hoje, conforme explica Gisela Introvini, 16% da soja importada pelos holandeses

são certificadas pelo RTRS. (Veja, na páginas 6 e 7, matéria sobre certificação de soja). Henk Flipsen, presidente da Foudation for Responsiblel Soy Chain Transitione mostrou-se satisfeito durante o Evento. De acordo com ele, “com a compra de soja responsável demonstramos que as empresas holandesas se comprometem a trabalhar com matérias primas sustentáveis. Este é um claro sinal para os produtores de

soja da América do Sul de que existe demanda de soja cultivada de forma responsável”, disse. Ele ressaltou ainda que a Holanda trabalha juntamente com parceiros europeus na sustentabilidade do principal fluxo comercial de soja. “Finalmente, a soja responsável deve se transformar em padrão para todo o mercado europeu”, concluiu. *Com informações de Gisela Introvini da Fapcen


06 CERTIFICAÇÃO

O futuro está na certificação

DIVULGAÇÃO/GRUPO ANDRÉ MAGGI

ESPECIAL BALSAS-MA

Países europeus exigem cada vez mais a produção e industrialização responsáveis

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população do Planeta deve crescer, nas próximas décadas, para 9 bilhões de pessoas, o que exigirá que a produção de alimentos dobre sua produção até 2050. Claro que, para alimentar toda essa massa humana, não há outra saída que não seja a abertura de novas fronteiras agrícolas, principalmente em países com terra em abundância, como o Brasil e a África. Mas plantar simplesmente para atender a demanda, sem se observar qualquer critério de sustentabilidade, é correr o risco de um colapso total nos ecossistemas e, consequentemente, nos sistemas de produção agropecuários. O que fazer, então? A organização e conscientização da sociedade global e das cadeias produtivas de alimentos para a produção responsável, eis a resposta. Dentro desse contexto, a soja – uma das principais bases alimentares do ser humano – é a que mais recebe críticas e preocupações, mas que também tem sido alvo de políticas internacionais de responsabilidade na produção. Odiada por uns e amada por outros, verdade é que o mundo teria um colapso sem a sua produção em grande escala, como teria se todas as reservas de petróleo fossem reduzidas drasticamente. Compreendida ou incompreendida, ela vai motivando a sociedade global a se organizar em torno de sua produção de forma responsável, ou sustentável. Em 2006, por exemplo, foi criada, na Suíça, a Associação Internacional de Soja Responsável

(RTRS, por sua sigla em inglês). De acordo com o representante da entidade no Brasil, Daniel Meyer, a entidade acredita que existem vários caminhos para melhorar o desempenho da produção de soja, da segurança alimentar e da sustentabilidade, que não devem ser travados em uma única abordagem. “A RTRS oferece assim às partes interessadas a oportunidade de desenvolver em forma conjunta e com direitos equivalentes, soluções globais para uma produção responsável de soja”, explica. Os objetivos da RTRS, ainda conforme Daniel Meyer, apresentam grandes desafios, principalmente para o Brasil, “hoje um dos principais produtores e exportadores de soja do mundo”, diz. O Executivo explica ainda que a RTRS está integrada por membros participantes e membros observadores. “Todos os atores da cadeia de valor da soja ou da sociedade civil que trabalham em temas relacionados devem solicitar a admissão como membros participantes em alguns dos seguintes grupos aos quais estão ligados: Produtores, Indústria, Comércio e Finanças, Organizações da Sociedade Civil”, aponta ele. Ele explica ainda que apenas pessoas físicas ou as organizações como autoridades reguladoras, agências governamentais doadoras que não pertencem a nenhum dos três grupos, podem solicitar a admissão como membros observadores. “Essa aplicação multissetorial e global diferencia a RTRS de outros

No Brasil, o Grupo André Maggi é um dos poucos que certificam sua soja. Na foto representante do Grupo, João Shimada, na RT7 do ano passado

esquemas de certificação, tendo legitimidade e aceitação em mercados exigentes como a União Européia”, esclarece. Sem fins lucrativos e fundamentada no cooperativismo global, a RTRS é sustentado hoje por mais de 150 membros que desenvolveram, em 2010, o “Padrão RTRS de Produção – versão 1.0, com 98 indicadores baseados em cinco princípios: cumprimento legal e boas práticas empresariais; condições de trabalho responsáveis; relação comunitárias responsáveis; responsabilidade ambiental e práticas agrícolas adequadas. Conforme Daniel Meyer, esses princípios e seus indicadores se aplicam ao sojicultor que queira realizar a certificação RTRS, verificando e ratificando sua conformidade com o determinado padrão, que deve ser constado por meio de auditorias independentes, à conformidade dos processos, produtos ou serviços da propriedade rural. Qualquer derivado da soja também pode ser certificado dentro desses critérios. O Representante da Associa-

ção no Brasil explica também que a RTRS não audita as propriedades rurais ou empresas, no que diz respeito ao cumprimento do padrão RTRS. Ela reconhece auditores terceiros independentes ou Organismos de Certificação (OC) que realizam as auditorias “in situ”. Esses OCs devem estar também acreditados por Organismos de Acreditação (OA) nacionais e internacionais para salvaguardar sua qualidade. No Brasil a AO é o INMETRO, autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Daniel Meyer informa também que a certificação RTRS está crescendo de importância no Brasil. Em dois anos, diz ele, foram certificados mais de 700 mil toneladas. “Além disso, vários países europeus, como a Holanda, Bélgica, Suécia, Suíça e Inglaterra, já se comprometeram comprar e comercializar 100% de soja RTRS nos próximos anos, e se espera que a demanda total chegue a aproximadamente a 4 milhões de toneladas de soja certificada entre 2015 e 2020”, diz Meyer.

“A RTRS oferece às partes interessadas a oportunidade de desenvolver em forma conjunta e com direitos equivalentes, soluções globais para uma produção responsável de soja”,


Ainda há resistência no MAPITO

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os cerrados do Maranhão, Piauí e Tocantins os trabalhos de difusão e preparação para a auditoria e certificação de soja estão a cargo da Fundação de Apoio a Pesquisa no Corredor Norte de Exportação (Fapcen). De acordo com o coordenador desses trabalhos, o agrônomo Diego Pereto, a Fundação leva aos produtores o aporte inicial, levantando lacunas a serem preenchidas para que a propriedade possa integrar a RTRS. “Estamos trabalhando muito com a idéia da gestão dentro da propriedade”. Mas, ainda conforme Pereto, ainda há obstáculos a serem vencidos, muitos produtores ainda estão relutantes em aderir à certificação e alegam, entre outros motivos, o preço pago a soja certificada é o mesmo da soja não certificada;

medo de expor sua propriedade e mudanças de metodologias na sua produção. Contudo, o coordenador acredita que na medida em que os primeiros produtores abracem a idéia da certificação, o caminho vai sendo aberto para os demais. Ainda conforme ele, as primeiras propriedades brasileiras a obterem a certificação foram as de grandes grupos como o André Maggi e o SLC. “São grandes produtores e exportadores de soja que estão contribuindo para que até 2015 a RTRS atinja seus objetivos”, disse. Na região do BAMAPITO, ainda de acordo com informações de Pereto apenas o Cerrado da Bahia tem algumas pequenas propriedades – entre 400 e 1000 hectares – certificadas.

Diego Pereto acredita que adesão a Soja Certificada é uma questão de conscientização e tempo

FOTO: ANTÔNIO OLIVEIRA

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ESPECIAL BALSAS-MA


08 PERSONALIDADE

A força do trabalho

A saga é os ideais de um líder que saiu da agricultura familiar para o agronegócio "Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis". Este pensamento do dramaturgo, poeta e encenador alemão, Bertolt Brecht, define bem o perfil dos grandes desbravadores do Cerrado do Maranhão, região que cobre a maior parte do território sul do Estado, tendo Balsas, como seu principal pólo de desenvolvimento. Sem eles, aliados a empreendedores nativos na cidade, essa região não teria o desenvolvimento que tem hoje e com perspectiva de crescer ainda mais, tornando-se uma das mais ricas - se não a mais rica do Estado. Foram dias, meses e anos de muito sacrifício, suor, lágrimas e “nariz torcido” das lideranças políticas da Capital do Estado e dos agentes fomentadores do desenvolvimento. Mas eles não desistiram. Insistiram e projetaram a região no cenário nacional e internacional do agronegócio e tiveram êxito em suas atividades agrícolas, estendendo-as às outras atividades econômicas, principalmente dentro da cadeia do agronegócio. Entre esses grandes desbravadores do Cerrado do sul do Maranhão, está o gaúcho de Não-Me-Toque, José Antônio Görgen, mais conhecido – e assim ele prefere – como Zezão. De origem humilde, inclusive de uma família de pequenos agricultores, ele chegou a região, acompanhado dos pais, ainda muito novo, aos 19 anos, quando compraram uma propriedade rural em Loreto, na região de Balsas. “Amansaram” a terra plantando arroz, como é praxe em regiões pioneiras de Cerrado naquela época. Depois veio a soja, por meio de suas duas únicas variedades adaptadas às condições de clima e solo do Cerrado do Norte e Nordeste do Brasil – Sambaíba e Doko. O crescimento

das atividades agrícolas da família – e por que não dizer de aprendizado, também? – foi vertical e nunca mais parou. Zezão assumiu a liderança dos negócios rurais e os diversificou, agregando a eles várias outras atividades dentro da cadeia da agricultura e do agronegócio. Em 1991, Zezão adquiriu a Companhia Agrícola do Ribeirão, que foi rebatizada com o nome de Risa S/A Hoje, são mais de 50 mil hectares em cinco fazendas dispersas entre o sul do Maranhão e o sul do Piauí. Nestas, a produção atual é de aproximadamente 120 mil toneladas de soja e entre 40 e 43 mil toneladas de milho. Há o plantio também, em pequena escala, de feijão e milheto.

“Meu sonho é comprar um navio para levar soja para o exterior e trazer fertilizantes na volta” A Risa S/A tem, hoje, entre filiais e matrizes de empresas, 10 empreendimentos produzindo grãos, sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas e vendendo máquinas e equipamentos agrícolas – é revendedor da Case IH no sul do Maranhão e, partir deste mês, no sul do Piauí. Fatura em torno de R$ 350 milhões/ano. Zezão enxerga longe e a Risa S/A não pára de crescer. Sua misturadora de fertilizantes, por exemplo, com uma unidade em Balsas e outra em Uruçui, no sul do Maranhão, está se expandindo para São Luis, com a construção de uma terceira unidade, e ele tem projeto para

uma quarta unidade no Tocantins. Estrategista e prático, ele montou sua própria empresa de logística. Trata-se de uma transportadora, a Risa Transportes com uma frota de 94 caminhões, entre médios e grandes. Esta sua visão dinâmica e objetiva o fez ir mais além nesse segmento: desenvolveu um projeto de um caminhão com três carretas – o chamado “tritrem”- para transporte de grãos. O projeto foi baseado em modelo australiano e é inédito no Brasil e foi desenvolvido numa parceria com a Librelato, fabricante de equipamentos rodoviários de Santa Catarina e com a Volvo, que fornecerá os motores. Já estão rodando 50 unidades desse modelo que é composto com três containers-basculantes para as laterais. Ainda na área de logística, o agroempresário projeta a construção de um terminal próprio no Porto de Itaqui, em São Luís do Maranhão, com investimentos da ordem de R$ 40 milhões. O complexo, de acordo com o que ele revelou ao “Valor ESTADOS”, especial do jornal “Valor Econômico”, de São Paulo, veiculado no _ nal do ano passado, terá dois armazéns graneleiros para 36 mil toneladas cada um, dois silos pulmão, com capacidade de mil toneladas cada e um armazém para 50 mil toneladas de fertilizantes. De acordo com Zezão, uma misturadora completa o projeto e terá capacidade para 100 mil toneladas anuais de fórmulas prontas de fertilizantes. O objetivo dessa unidade é atender a região de Chapadinha, na baixada maranhense, e o centro-norte do Pará. Outro projeto ousado da Risa S/A, ainda de acordo com o seu Presidente, é a aquisição de um cargueiro marítimo, conforme anunciou também à “Valor ESTADOS”. Confessa ele: “Meu sonho e comprar um navio para comprar soja para o exterior e trazer fertilizantes de volta”.

Antônio Oliveira

ESPECIAL B


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Um defensor do desenvolvimento O Agroempresário, que já tem os filhos dividindo com ele a administração dos negócios da família – o que ele, em conversa com Cerrado Rural Agronegócios, revelou ser uma conquista do agronegócio, os filhos irem para a cidade estudar e voltar para administrar empresas da família ou a própria fazenda na condição de empresa - , não é daqueles que pensam apenas em si. Ele é um multiplicador de conhecimentos, empregos e rendas, promoção social e articulação para o pleno desenvolvimento da região, como forma de melhorar as condições de trabalho e de vida de todo o contexto social e econômico da região e do Estado que ele ama, hoje, da mesma forma em que dedica esse sentimento ao seu torrão natal. Ao jornal Cerrado Rural Agronegócios, ele defendeu que a iniciativa privada e governos do Estado e da União já deram, depois de muito tempo de região explorada para a produção agrícola, o primeiro passo para o pleno desenvolvimento da região, que foi a pavimentação da BR-230 e da MA-006. “Agora o segundo passo – disse ele – consiste na implantação do Tegram (Terminal de Grãos do Maranhão, no Porto de Itaqui) e a pavimentação do Anel da Soja”. Este anel consiste na ligação de Balsas a Ribeiro Gonçalves; Balsas a Batavo e Pisa-No-Freio a Carolina. “É também continuar a pavimentação da BR-010, entre Carolina, no Maranhão, a Goiatins, no Tocantins”. De acordo com Zezão, a pavimentação dessas rodovias estaduais e federal e, ainda, a conclusão do Tegram, vão ser o segundo passo para a plena consolidação da região produtora do sul do Maranhão, permitindo que se fique mais recursos na região, por meio da agregação de valores ao que é produzido nela, por meio de sua agroindustrialização, “aqui mesmo”. Ele defende, por exemplo, que como uma agroindústria de esmagamento demanda muitos custos, não é viável a implantação de uma pequena unidade, mas sim de uma grande unidade que pode exportar o excedente de sua pro-

Divulgação

É para melhorar as condições de infraestrutura na região que Zezão tem unido seus esforços aos dos demais líderes da iniciativa privada e dos governos dução. “É por isso que precisamos de um porto para exportar esse excedente. Somente o mercado interno não consome a quantidade de farelo produzido por uma esmagadora de grande porte. Com o Tegram pronto, aí, sim, teremos grandes indústrias aqui na região”. Zezão chama a atenção também para a produção do milho. Ele acredita que essa cultura vai se intensificar na região e ela deixa mais recursos que a soja. “Porém, só podemos plantar determinada quantidade do cereal tendo, não só mercado interno, mas o externo também para absorver o nosso excedente e o Tegram terá papel fundamental nesse processo”, falou. Atualmente, o agroempresário está envolvido na articulação da implantação de um aeroporto na região produtora do sul do Maranhão. Ele acredita que um aeroporto é imprescindível para a consolidação da região como pólo de desenvolvimento social e econômico. Dessa forma, foi criado um projeto de implantação de um aeroporto regional integrando 27 municípios – 22 do sul do Maranhão, 4 do Piauí e 1 do Tocantins – à capital São Luís e a Brasília (DF).Estão envolvidos nesse projeto várias empresas e entidades públicas e privadas. Zezão lembra que o governo do Maranhão anunciou que Balsas terá um aeroporto regional. É esta a razão pela qual as

lideranças políticas e empresariais devem se mobilizar para que o governo do Estado defina o local e que as obras iniciem o quanto antes. Essas lideranças, ainda de acordo com Zezão, em entrevista a revista “O Cerradão” – publicação regional de 30 de abril deste ano – já definiram o local. “A gente estudou e chegou a conclusão de que o melhor local para o aeroporto é no entroncamento da BR-230 com a MA-006. Fica mais democrático”, disse. Ainda de acordo com ele, nesse local, o aeroporto teria condições de ter passageiros suficientes para alimentar linhas aéreas comerciais para Brasília e São Luís. “Para ter linhas dessa magnitude, é necessário uma média de 40 passageiros/dia. É um aeroporto para a região e não um aeroporto isolado, beneficiando um e outro município. Mas sim, esses 27 municípios”, acredita. O projeto do aeroporto resume da seguinte forma a necessidade desse terminal aeroportuário: “o sul do Maranhão e demais municípios vizinhos no Piauí e Tocantins, são conhecidos nacionalmente como uma região agrícola de grande potencial que produz grãos e os exporta para várias regiões do mundo. Necessitamos atrair novos investimentos para fomentar a agroindústria, gerando mais empregos e renda e, consequentemente, desenvolvimento”. Wilton Ribeiro

EMPRESA CIDADÃ

Zezão é do tipo de líder que não luta apenas em defesa de seus interesses, mas da coletividade

A Risa S/A também tem seu lado social e didático. Social, destinando recursos e apoiando projetos como os da APAE em Balsas e Uruçui (MA). Didático, por meio da realização de Dia de Campo, oportunidade em que seus empreendimentos, principalmente as de agricultura, máquinas e insumos, passam seus conhecimentos, adquiridos durante longos anos de pesquisas e vivência nessas áreas. Já foram onze grandes onze Dia de Campo, no sul do Piauí e na região de Balsas.

Por meio de Dia de Campo, o empresário repasse seus conhecimentos e defende melhorias estruturais e sociais para os meios em que vive


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ESPECIAL BALSAS-MA

AGROBALSAS

Muito além das expectativas Movimentação financeira e público apontam para a consolidação do pólo agrícola

DIVULGAÇÃO/SAGRIMA

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m público de mais de 70 mil pessoas e um faturamento de R$ 277 milhões, segundo informações dos organizadores. Este foi mais um balanço recorde da 11ª AgroBalsas – Feira de Agrotecnologia de Balsas -, no sul do Maranhão, que ocorreu entre os dias 13 e 17 de maio, em nova promoção da Fundação de Apoio a Pesquisa no Corredor Norte de Exportação (Fapcen). Os resultados, de acordo com a superintendente da instituição, agrônoma Gisela Introvini, surpreendeu em todos os sentidos e por vários motivos. Entre os quais, o veranico que atingiu a safra 2012/2013 na região e que, de acordo com Introvini, poderia prejudicar a movimentação financeira da Mostra, o que não ocorreu. O número expressivo de público, principalmente de empresários e produtores rurais de outras regiões do país, que esgotaram as vagas na rede hoteleira da cidade três meses antes da realização da Feira, é uma prova evidente de que o sul do Maranhão é alvo das atenções de investidores da cadeia do agronegócio, realidade que ficou refletida no aumento do número de expositores neste ano: 300, ante o pouco mais que 200 do ano passado, que somou um faturamento de R$ 156 milhões. Como vem ocorrendo já há duas mostras, a AgroBalsas deste ano não se concentrou apenas na agricultura empresarial. Na familiar também, tanto em termos de exposição e comercialização de máquinas, quanto em palestras e visitas técnicas voltadas para os pequenos produtores e diversos segmentos da sociedade, como estudantes, desde as primeiras séries aos cursos superiores. Entidades educacionais, públicas e privadas, da região de Balsas e do norte do Tocantins, se fizeram presentes com seus alunos, participando de palestras, oficinas e Dia de Campo. Os resultados desse entrelaçamento deixaram os organizadores muito satisfeitos. “Momentos que vão ficar marcados

Na parte didática, secretário Claudio Azevedo ministra palestra sobre o “ABC” no Maranhão

na história da AgroBalsas, pois é a oportunidade onde se vê a mudança de conceitos”, afirma Gisela Introvini. Aliás, ela lembra que a Feira Agrotecnológica sempre exerceu esse papel, desde sua primeira edição, quando foram criadas as associações dos agrônomos e dos produtores rurais da região. A organização da Feira também comemora o que se pode ter como vitória no campo da política governamental. É que mais uma vez, o governo do Estado veio à região e, entre produtores rurais que a desenvolvem, anunciou a construção do Anel da Soja. Nova promessa, mas com um indicativo mais seguro: a assinatura, pela governadora Roseana Sarney, do edital de licitação para a construção desse anel rodoviário que muito vai facilitar o escoamento da produção e entrada

“Momentos que vão ficar marcados na história da AgroBalsas, pois é a oportunidade onde se vê a mudança de conceitos” de insumos nas propriedades rurais. “A diferença é que desta vez a promessa foi assinada, na presença do público e da imprensa”, observa a

Superintendente. Ela confia ainda que “os tempos são outros”, tendo como base às freqüentes visitas do secretariado do Governo do Estado à região, principalmente do secretário de Agricultura, Claudio Azevedo. “Nunca na história do Maranhão, um secretário esteve tão presente nos eventos da AgroBalsas. Em me lembro que lá no Tocantins, o Roberto Sahium (ex-secretário de Estado da Agricultura por três mandatos e atual secretário de Agricultura do município de Palmas), era constante na Agrotins (Feira Agrotecnológica do Tocantins), da montagem da Feira até o último dia. Eu ficava assim com um pouco de inveja e com vontade de ter também o nosso Secretário presente. Mas neste ano, o Claudio esteve o tempo todo ao nosso lado, participando de todos

os eventos da Feira”, comemora. Gisela Introvini vê esse fato como altamente positivo para a região. Ela explica: “Muitas vezes, por estar mal assessorado, o governo não tem ciência das demandas de certas regiões. Mas com um secretariado presente, os problemas são levados à mesa do Executivo”, acredita. Uma das regiões de Cerrado alvo do capital nacional e internacional voltado para o agronegócio, o sul do Maranhão, ainda conforme a Superintendente da Fapcen terá, com os resultados dessa última edição da AgroBalsas, uma visibilidade muito grande que se reverterá em mais investimentos. Porém, ela considera que os organizadores do evento, os setores produtivos e a sociedade de uma forma geral, não podem olhar apenas o aspecto econômico nesses resultados.


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Tripé da sustentabilidade na produção “Mais uma vez nós saímos na frente, mostrando sistemas, metodologias, avanços na agricultura, buscando conscientizar ainda mais não só os produtores rurais, mas também a sociedade leiga aos processos produtivos rurais”, comenta a Superintendente da Fapcen. Ainda conforme ela, quando os organizadores da AgroBalsas propuseram falar de sustentabilidade, pesquisa e inovação é porque, na prática, os produtores da região já estão praticando tudo isso. “A palavra sustentabilidade exige do produtor rural outro comportamento frente ao cenário mundial. Não basta apenas produzir alimentos, tem que se observar a forma como este alimento está sendo produzido”, explica. Isso continua, “envolve logicamente questões de embalagem de agroquímicos, questões trabalhistas, e também as questões de tratos culturais. Em consequência dessas práticas, nós observamos em todos esses estados do BAMAPITO um incremento muito grande da produção e da produtividade quase na mesma área aonde se vem plantando há tempos”, aponta. Para Gisela Introvini, isso mostra que as tecnologias empregadas nessas regiões, que são, por exemplo, conforme ela, o plantio direto consolidado, integração lavoura-pecuária com florestas e outros mecanismos que envolvem o manejo do solo estão dando bons resultados. “Agora, outro fator que é considerado peça principal é a relação da propriedade rural com o

CORREIO DOS MUNICÍPIOS

ESPECIAL BALSAS-MA

Gisela Introvini com equipe e parceiros: integração produção-sociedade

seu entorno (a sociedade da zona urbana). Muitas já fazem trabalhos sociais. Só que esses não são mensurados e agora, com esse novo modelo isso passa a ser percebido e revertido em vantagens para essas propriedades, chegando até ao nível de certificação de sua soja”, defende. Pesquisa, continua Introvini, “porque a Fapcen completou agora, em 2013, vinte anos. São vinte anos de auxilio financeiro à parte de me-

lhoramento para a Embrapa Soja, que, tendo como base o sul do Maranhão, irradiou variedades de sementes para 13 outros estados do Brasil” A Superintendente diz acreditar que isto é um ponto marcante, que deve ficar registrado, é que o apoio da Fapcen possibilitou a extensão desses avanços tecnológicos a partir das cultivares de soja BRS Simbaíba e BRS Tracajás. Outro fato importante apontada por ela, é que

a Fapcen cumpre o papel que lhe foi designado, que é o de promover o desenvolvimento sustentado da região de Balsas, que compõem 18 municípios. “Para isso a AgroBalsas foi criada. Ela ajudou, de fato, nesse incremento tecnológico ocorrido nos últimos anos”, explica. “E, por último, inovação. Inovação porque nós temos que ver atitudes comportamentais que também são exigidas na produção de ali-

mentos. Temos ai o ataque severo de uma lagarta (Helicoverpa). Temos o controle biológico que pode ser a salvação de uma lavoura. Então, nós pretendemos também sair por essa linha (pesquisa de combate a praga) nos próximos meses e quem sabe trazer alguma outra fonte de recurso para a Fapcen e uma viabilidade econômica maior, garantindo a rentabilidade do agricultor”, conclui.


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ANTÔNIO OLIVEIRA

ESPECIAL BALSAS-MA

JUVENTUDE

Conhecendo o agronegócio U

ma das pétalas da flor de integração produção rural/ sociedade leiga ao agronegócio do Sistema Fapcen/AgroBalsas é o estudante juvenil. Caravanas dessa categoria social de toda a região de Balsas e do norte do Tocantins visitaram a Feira, participando de palestras, oficinas, trilhas ecológicas e Dia de Campo. Para o Diretor de Juventude da Prefeitura Municipal de Balsas, Márcio Noal, essa iniciativa é louvável, pois permite que os jovens estudantes conheçam as várias nuances do agronegócio brasileiro. Ainda de acordo com ele, um dos temas mais em voga na agricultura empresarial é a sustentabilidade, tema-chave da Fapcen/ AgroBalsas. “E quando a gente trouxe a juventude para dentro dessa realidade, tivemos como ob-

jetivo fazer com que ela tomasse consciência desse mote. Aliás, um dos motes da atual administração municipal”, diz. Ainda conforme Márcio Noal, as várias palestras das quais os jovens participaram e que abordaram desde a segurança pública ao uso do agrotóxico, somaram para que anfitriões e convidados atingissem seus objetivos, “ou seja, unimos a teoria à prática”, frisa. O diretor de Juventude da Prefeitura de Balsas disse também acreditar que, numa região que tem sua vocação econômica fincada na agricultura e no agronegócio, iniciativas como essa inserem o jovem na realidade que o cerca e contribuem com sua formação intelectual. Partindo do quesito Educação, ele diz que “não se pode falar em educação sem falar em meio ambiente”.

Márcio Noal: “Iniciativa é louvável”

AGRICULTURA DE BAIXO CARBONO Criada para ser um braço auxiliar da Embrapa na criação e melhoria de variedades de soja adequadas às condições edafoclimáticas dos cerrados do Maranhão, a Fapcen, hoje, tem outras atividades em seu leque de atuação. Entre as quais, se destacam as pesquisas de melhoramento de culturas animais e vegetais para a agricultura familiar e a agricultura sustentável. Dentro desta linha do ecologicamente correto, está a “Agricultura de Baixo Carbono” (ABC), programa criado pelo Governo Federal e que consiste na prática de uma agropecuária com o menor dano possível ao meio ambiente, com foco principal na redução de emissão de gás carbônico. E uma dessas práticas mais recomendadas e trabalhadas pelos órgãos de pesquisas e melhoramento

dos sistemas produtivos rurais é o sistema de Plantio Direto – semear em palhadas, principalmente, de colheitas anteriores, evitando o revolvimento e compactação do solo. Na Fapcen, a difusão do “ABC” está a cargo da agrônoma Marielle Ronko. Conforme ela, o programa é desenvolvido numa parceria com a Universidade Federal de Ponta Grossa (PR) e no momento a meta é encontrar qual é o melhor tipo de “ABC” para a região do MAPITO (cerrados do Maranhão, Piauí e Tocantins). “A princípio, o programa está em desenvolvimento dentro dos campos de pesquisas da Fapcen e não é projeto que aconteça da noite para o dia. São cinco anos de pesquisas para aí, sim, fazer a sua difusão e multiplicação”, prega. O “ABC” por meio do Plantio

Direto, explica Ronko, oferece várias vantagens ao meio ambiente. “Isto porque não há o revolvimento do solo e conseqüente erosão; melhora a umidade do solo; protege microorganismos e proporciona uma estrutura muito boa para as plantas. No final, o resultado é produtividade”, ensina. Marielle Ronko esclarece ainda que no MAPITO ainda não há a prática de rotação de cultura. “O que existe é a sucessão de cultura. Ou seja, colhe a soja, planta o milho; colhe este e planta o mileto. Rotação é mudar de cultura todos os anos numa mesma área”, acentua. “Nosso objetivo é introduzir no Nordeste o Plantio Direto que, na região, proporciona alta decomposição da palha, devido ao seu clima”, conclui.


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ESPECIAL BALSAS-MA

Roseana Sarney assina edital de licitação para a construção do Anel da Soja

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m dos maiores entraves, se não o principal, no desenvolvimento do agronegócio no sul do Maranhão tem sido a falta de estrutura de estradas para o escoamento da produção e a entrada de insumos na propriedade rural. Problema que, também, dificulta a contratação de mão-de-obra, não só na região, como em outros estados. E o pior que isto são as constantes promessas não cumpridas, levando os setores produtivos à descrença no governo. “Quer saber o que eu acho dessas vindas e promessas do Governo do Maranhão à Balsas e a essa Feira? Não acho nada, não acredito. Estou há mais

LOGÍSTICA

Anel da Soja tem edital assinado de trinta anos na região e a história é a mesma”, disse ao Cerrado Rural Agronegócios, durante a AgroBalsas do ano passado, o produtor rural e empresário nos ramos de

concessionária de máquinas agrícolas e ensino superior, Francisco Honaiser, por ocasião da visita da governadora Roseana Sarney a Feira, oportunidade em que, mais uma

vez, anunciou a construção desse elo rodoviário. Já outros, como José Antônio Görgen – Zezão- preferem dar um voto de confiança ao Governo. “To-

mara Deus que sim. Eu acredito muito que o Governo vai fazer os investimentos, dando o segundo passo para o nosso desenvolvimento, que é o tecnológico e o de infraestrutura”, disse ele, também, naquela mesma ocasião. Um ano se passou e nada de obras iniciadas. Eis que mais uma vez, a Governadora vai a AgroBalsas e anuncia, novamente, a construção do Anel da Soja. Ao menos desta vez, lembra a superintendente da Fapcen, Gisela Introvini, ela assinou o Edital de Licitação das obras. Foi no dia 15 de maio, durante a realização da 11ª AgroBalsa. A obra do Anel da Soja, de acordo com produtores locais, vai ajudar a reduzir o gasto com frete para transporte de grãos e também facilitar o escoamento da produção agrícola da cidade de Balsas, região que é a maior produtora de soja do Maranhão. Este anel consiste na ligação de Balsas a Ribeiro Gonçalves; Balsas a Batavo; e Pisa-no-Freio a Carolina. Além desse anel, Zezão denfende que o governo deve continuar a pavimentação da BR-010, entre Carolina, no Maranhão, a Goiatins, no Tocantins. De acordo com Zezão, a pavimentação dessas rodovias estaduais e federal e, ainda, a conclusão do Tegram, vão ser o segundo passo para a plena consolidação da região produtora do sul do Maranhão, permitindo que se fique mais recursos na região, por meio da agregação de valores ao que é produzido nela, por meio de sua agroindustrialização, “aqui mesmo”, defende. EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO – A produção de soja no sul do Maranhão cresceu de 240 mil hectares e 550 mil toneladas, em 2001/2002, para 581,4 mil hectares e 1 milhão e 650 mil toneladas, em 2012/2013.


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ESPECIAL BALSAS-MA

SEMENTES

Garantindo a produtividade Fundador da Sementes Cajueiro, Idone Grolli é um dos entusiastas da região de Balsas

A

té 1999, o empresário rural Idone Grolli era diretor da filial da Ceval Alimentos, em Barreiras, no oeste da Bahia, empresa adquirida, em 1997, pela Bunge. Deixou o também profícuo cerrado baiano para empreender no cerrado do sul do Maranhão, tornando-se o maior produtor de sementes da região e um dos produtores rurais que mais contribuíram com o desenvolvimento do sul do Maranhão. De acordo com ele, sua experiência de mais de 20 anos na Ceval foi um aprendizado comercial, o que lhe fez montar uma empresa agrícola nos moldes de uma indústria, com receita anual. “A terra vale o que posso tirar dela”, disse, certa vez ao “Valor ESTADOS MARANHÃO” – suplemento do jornal “Valor Econômico”. O agroempresário desenvolve um sistema que consiste em aplicar técnicas industriais, eliminando a sazonalidade tradicional da agricultura por meio da irrigação. Além de produzir sementes de soja, milho e feijão, por meio da Sementes Cajueiro – fazenda-empresa montada por ele, Grolli produz também esses mesmos produtos para grãos. E, para não ficar apenas na produção destes e sementes e para agregar valor a sua propriedade de 3,5 mil hectares, nos últimos anos ele resolveu produzir melancia e abóbora irrigadas. Para Cerrado Rural Agronegócios, ele justificou essa sua iniciativa: “Minha principal atividade como agricultor é a irrigação. Esse processo em uma região de baixa altitude, próxima a Linha do Equador, conta com condições bem definidas, sendo seis meses com chuva e seis meses sem chuva; não temos problemas com fotoperiodismo. Então, o que eu fiz? Justamente trabalhar com culturas que pudessem ser feiras de forma mecanizada e com ciclos os menores possíveis”, explica. No caso da melancia, continua, a fruta “casou” bem com o uso da água via pivô central e com 70 dias de ci-

FOTOS: ANTÔNIO OLIVEIRA

Para agregar valor a propriedade e aproveitar mais o recurso da irrigação, Grolli cultiva melancia

clo. Eis a matemática de Idone Grolli: “Dos 360 dias do ano, me sobraram 290 dias para outras culturas. Isto me deu a segurança absoluta para fazer três safras por ano: uma de semente de soja, uma de milho e outra de frutas (melancia e/ou abóbora)” Essa metodologia agrícola, fez com que o empresário obtivesse de um hectare irrigado uma receita de R$ 20 mil reais, ante os R$ 2.500 obtidos em 1 ha de sequeiro. “Então foi uma grande vantagem, foi uma grande estratégia, principalmente porque estou dentro do Nordeste e aproveitando essa questão das temperaturas e luminosidade constantes”, comemora. Idone Grolli abraçou um segmento agrícola – a multiplicação de sementes – em meio a grandes empresas, principalmente megas multinacionais. Uma ousadia que ele justifica como uma necessidade que teve em fazer escolhas: “Talvez um pequeno ou médio produtor de grãos sofra mais com a competição com os megas grupos – tipo SLC e fundos- , do que ser sementeiro . O sementeiro já agrega valores e eu estou aqui com um ganho de logística, porque vendo para os meus vizinhos, enquanto que meus concorrentes de sementes es-

tão a dois mil quilômetros de distância - ou 1.500 km de distância no caso da Bahia”, diz. Ainda conforme ele, esta vantagem logística lhe dá sobrevivência. “Por outro lado, eu também apostei em vários bancos genéticos, tipo Embrapa, Monsanto e FT para que, no mínimo, em um desses bancos genéticos eu tivesse uma variedade líder. Isto porque, quando você

Resfriamento de sementes garante qualidade e segurança de germinação, diz o sementeiro, no interior da câmara fria com o agrônomo e especialista em Plantio Direto, Dirceu Garsen

aposta num banco genético só, a competição virá entre bancos genéticos e o sementeiro é prejudicado por ser multiplicador. Quando se tem vários bancos genéticos, eu tenho sempre a probabilidade de ter uma variedade competitiva e buscar nichos de mercado. Concorrer com grandes volumes para vender para grandes empresas é complicado. Mas vender para fronteiras agrícolas, tipo Chapadinha (MA), Paragominas (PA) e Santarém (PA), que precisam de pequenas quantidades desses produtos específicos, eu levo vantagens. Então, nesse ponto é que eu consigo sobreviver perante aos grandes grupos”, aponta. Inovando sempre, a Sementes Cajueiro investiu em novas tecnologias como, por exemplo, o resfriamento e armazenamento de sementes em câmaras frias. Idone justifica essas inovações no seu sistema de produção e comercialização: “A vantagem que eu ofereço primeiro é para mim mesmo, que é a segurança. As vendas, hoje em dia, acontecem antes da colheita, ou seja, de uma safra você já está vendendo para a safra seguinte”. Ainda conforme ele, com as sementes, acontecem a mesma coisa. “Muitas vezes você vende uma semente que, naquele momento, está boa, mas, por fatores climáticos, por exemplo, ela, lá no final, seis meses, oito meses depois, pode perder sua germinação. Ai você tem que, ou devolver os recursos e ai perder o cliente, ou ter que comprar outra semente para substituir”, explica. No caso do resfriamento, ainda conforme o agroempresário, o processo garantiu a estabilidade e a garantia de que, embora ele vendendo oito meses antes, no dia da entrega ela continue com qualidade. “Isso fez com que eu fidelizasse clientes e não tivesse nenhum prejuízo nem de imagem, nem prejuízo de substituição; deu-me a segurança do negócio. Então, hoje o resfriamento gera segurança tanto para o multiplicador, como para o consumidor”, conclui.

EMPRESA TEM NOVA CULTIVAR NO MERCADO Em fevereiro deste ano, a Sementes Cajueiro lançou, em dia de campo, mais uma variedade de soja: a FTS Paragominas RR. O evento foi uma parceria entre a sementeira de Grolli e a Produtécnica Nordeste, distribuidor Syngenta para a região. A nova variedade foi desenvolvida e validada graças ao trabalho conjunto entre a Cajueiro e a FT Sementes. Ela tem como principal característica a tolerância à seca e a alta produtividade de grãos. Essa resistência a veranicos se dá pelo tamanho e estrutura da raiz, “muito mais forte e agressiva, se comparada às demais cultivares de soja”, diz a empresa. De acordo com a Sementes Cajueiro, o melhoramento genético de soja na região de Balsas, feito por meio dessa parceria, tem aumentado a média da produtividade obtida na região. Há produtores, por exemplo, que na atual safra colheu uma média de 66 sacas/ha de soja, utilizando a cultivar FTS Uruçui RR. “São dez sacas a mais se comparada à produtividade de outras variedades comuns”. Lançada em 2012 e batizada com o mesmo nome da cidade pólo de grãos do Piauí, já está sendo plantada em mais de 20 mil hectares no MAPITO (cerrados do Maranhão, Piauí e Tocantins. Para o engenheiro agrônomo Denílson Rodrigues, responsável pelos campos de pesquisa da Cajueiro/FT, o sucesso das novas cultivares com o nome das cidades onde suas produtividades mais se destacam, é devido à seleção de variedades acontecer próximo ao local onde serão plantadas em larga escala. Ele informa que a Paragominas RR foi pesquisada para atender a demanda de regiões com altitudes entre 200 e 400 metros, como Paragominas (PA) e Chapadinha (MA) e micro regiões próximas a Balsas. Novas cultivares estão sendo desenvolvidas para atender às condições de regiões com altitude acima de 500 metros, caso, como exemplo, da Serra Penitente e Gerais de Balsas”.


ESPECIAL BALSAS-MA

NOTA DE REPUDIO O Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães – BA, através de seu Presidente Vanir Antônio Kölln e demais Diretores e Produtores, vêm a público apresentar NOTA DE REPUDIO à apresentação do Sr. Bob Robert Tansey, representante da The Nature Conservancy, no 8º Congresso Mundial da Soja Responsável (RTRS) realizado na cidade de Beijing na China, nos dias 28 e 29 de maio de 2013. Em sua apresentação, o referido Sr. BOB, apresentou um vídeo, que com certeza foi feito há muitos anos atrás, mostrando um produtor brasileiro, como se fosse um “JECA” (personagem do grande ator brasileiro Mazzaropi), insinuando que o produtor brasileiro apenas destrói o meio ambiente e, que a soja produzida no Brasil é de modo irresponsável. Na oportunidade, o Presidente do Sindicato dos Produtores, Sr. Vanir Antônio Kölln interviu, saindo em defesa dos Produtores Brasileiros, mostrando que o Brasil é um dos maiores produtores de soja do mundo, e que a produção é responsável e que o Produtor Brasileiro é o mais preocupado e um dos que mais cuida do meio ambiente no planeta. Aproveitou a oportunidade de perguntar-lhe o que ele e a The Nature Conservancy têm feito pelo meio ambiente em seu País (USA), não obtendo resposta alguma. Diante das inverdades ditas pelo Sr. BOB, durante o 8º Encontro da Soja Responsável em sua apresentação diga-se, irresponsável, os Produtores Rurais do Oeste Baiano, e em nome também de todos os Produtores Brasileiros, vêm a público apresentar essa Nota de Repúdio às atitudes do representante da The Nature Conservancy, e deixar claro que: 1º Os produtores brasileiros são os que mais preservam o meio ambiente no globo terrestre; 2º Os Produtores brasileiros estão entre os maiores produtores de soja do mundo, utilizando uma das mais altas tecnologias de produção existentes atualmente, com índices de produtividade equiparados às melhores e maiores do mundo; 3º Que os Produtores brasileiros não são “JECAS” como querem fazer crer alguns, mundo a fora, induzindo vários Países em erro sobre o Brasil, denegrindo a imagem da classe produtora brasileira, e isso, os Produtores Rurais do Oeste Baiano e do Brasil jamais poderão aceitar. SINDICATO DOS PRODUTORES RURAIS SISTEMA CNA – FAEB – SENAR Rua Sergipe, 985, APM R4, Mimoso do Oeste I - Caixa Postal: 1323 – Fone/Fax: (77) 3628 – 2777 - e-mail: sindprod@uol.com.br CEP: 47.850-000 LUÍS EDUARDO MAGALHÃES - BAHIA Base territorial: Angical – Baianópolis – Correntina – Cristópolis – Jaborandi – Luis Eduardo Magalhaes – Riachão das Neves e São Desidério - BA.

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ESPECIAL BALSAS-MA


ENTREVISTA Elisângela dos Santos: “A organização dos trabalhadores em associações e cooperativas não se caracteriza como empresa”

transformar a realidade do Brasil no campo, tornando um ambiente com qualidade de vida, com infraestrutura básica para sobreviver, como água, luz, escolas, possibilitando o acesso à terra e à casa própria aos trabalhadores. CRA - E essa mudança se deu justamente com a ascensão da esquerda ao poder, no caso os governos do PT, uma das facções políticas que mais endemoninhou a agricultura empresarial. Qual sua visão sobre isto, concorda? Elisângela dos Santos - Com o PT no poder, o que houve foi uma atenção maior aos movimentos sociais de maneira geral, inclusive da agricultura familiar, devido ao comprometimento do então presidente Lula com a classe trabalhadora, o que até então não tinha ocorrido. Como já disse, o agronegócio não é visto como um “demônio”, como colocado na questão, mas como um modelo de produção que vai na contramão do desenvolvimento sustentável que defendemos e lutamos para implantar.

Como já disse, o agronegócio não é visto como um “demônio”, como colocado na questão, mas como um modelo de produção que vai na contramão do desenvolvimento sustentável que defendemos e lutamos para implantar" CRA - A FETRAF se coloca como um agente de transformação social e política da agricultura familiar ou foca mais o seu desenvolvimento econômico e tecnológico, em busca da competitividade no mercado? Elisângela dos Santos - A FETRAF defende o desenvolvimento econômico, ambiental e social, a partir do fortalecimento da agricultura familiar que se dá em todos os sentidos. No acesso à pesquisa ciência e tecnologia, a políticas

A agricultura familiar precisa ter acesso à tecnologia e assistência técnica, procedimentos atuais e avançados para agroindustrialização de produtos para agregar valor à sua produção e adquirir capacidade de gestão" públicas voltadas para organização da produção, desenvolvimento de práticas agroecológicas, preservação do meio ambiente e na garantia de direitos aos trabalhadores na agricultura familiar, que no ambiente urbano são comuns, mas que no ambiente rural são mais escassos como educação, saúde. A nossa defesa é no sentido de conquistar aquilo que garantirá uma melhora ampla e consistente na vida dos trabalhadores. A agricultura familiar precisa ter acesso à tecnologia e assistência técnica, procedimentos atuais e avançados para agroindustrialização de produtos para agregar valor à sua produção e adquirir capacidade de gestão. Não é porque ela utiliza os membros da família para conduzir o processo produtivo que não precisa ter acesso às tecnologias e pesquisas que, voltadas especificamente para a realidade da agricultura familiar, otimizem os recursos naturais disponíveis e possibilitem empreender alternativas cada vez mais sustentáveis. Isso se faz com estudos, com profissionais capacitados a identificar e ensinar a colocar em práticas essas novas possibilidades. CRA - O modelo de assentamento rural, hoje, no Brasil, na sua concepção, está correto? O assentado produz em condições de igualdade com o pequeno produtor rural em propriedades independentes? Elisângela dos Santos - A lógica para criação de assentamentos deve ser pautada também em princípios agroecológicos. Quando falamos em assentamentos da Reforma Agrária, significa não apenas a instalação das famílias em propriedades, mas garantir o direito ao acesso à terra com apoio às iniciativas de criação das organizações produtivas, crédito, infra-estrutura necessárias. Os assentamentos precisam cada vez mais ter condições para melhorar a organização da produção e comercialização e consequentemente, o trabalho com o PAA [Programa de

Aquisição de Alimentos] e o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar]. O acesso às políticas públicas de comercialização e produção são acessíveis também à assentados da reforma agrária porque são agricultores que utilizam de mão de obra familiar para gerir a propriedade, a diferença, é que embora alguns agricultores familiares tradicionais muitas vezes tenham longo caminho até adquirir a terra, as famílias ficam acampadas muito tempo antes de serem assentadas. CRA -O que deve ser mudado na política de desapropriação de áreas improdutivas, assentamento e condições de trabalho e bem estar geral do assentado e sua família? Elisângela dos Santos - A FETRAF tem cerca de 20 mil famílias acampadas nas margens das rodovias esperando por terra. Nossa luta é para que haja celeridade na desapropriação das áreas improdutivas, das áreas ocupadas e indicadas pela FETRAF; atualização imediata dos índices de produtividade, como forma decisiva de ampliação das áreas para desapropriação e implantação de projetos de assentamento; identificação das áreas públicas ociosas e devolutas em qualquer instância, e arrecadá-las para fins de reforma agrária, sob responsabilidade de execução e gestão exclusiva do INCRA; expropriação imediata para fins de Reforma Agrária de todas as propriedades que ainda utilizam o trabalho escravo, bem como as áreas com produção de plantas psicotrópicas. Como já disse, para viver bem, o agricultor familiar, o assentado da Reforma Agrária, precisa ter acesso às políticas públicas para ter condições para produzir e gerar renda. Deve ter assistência técnica qualificada, acesso à pesquisa e tecnologia para poder desenvolver cada vez mais práticas agroecológicas de produção, deve ter saúde, educação, acesso à cultura e lazer como todo cidadão precisa e tem direito. CRA - A política agrícola do

governo federal para agricultura e agroindústria familiares corresponde com a realidade da classe? O que a FETRAF sugere para melhorar ainda mais? Elisângela dos Santos - Não corresponde à necessidade dos agricultores familiares. Aos poucos a FETRAF tem conquistado junto ao governo federal políticas que fortaleçam a agricultura familiar e possibilitem a agregação de renda aos produtos, mas ainda há muito que fazer. É preciso incentivar e ampliar as agroindústrias familiares; implementar o SUASA [Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária], sob a coordenação do MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário] e em articulação com os órgãos estaduais responsáveis, em todos os municípios onde está presente a agricultura familiar, com critérios mais simplificados; criar um CNPJ [Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica] específico para as agroindústrias familiares, com tributação especial e adequação da legislação previdenciária para garantir que todos os agricultores e agricultoras familiares que possuem ou participam de agroindústria familiar, independente do formato jurídico, permaneçam como segurados especiais. Além da isenção de ICMS e IPI para todos os produtos produzidos por agroindústrias familiares e acesso a recursos desburocratizados para o capital de giro das agroindústrias familiares para a estruturação e compra de embalagens.

Como já disse, para viver bem, o agricultor familiar, o assentado da Reforma Agrária, precisa ter acesso às políticas públicas para ter condições para produzir e gerar renda"

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Presidentes de associações debatem demandas com gestores da Seagri-Palmas

Azeitando a máquina Secretaria de Agricultura de Palmas e produtores se reúnem para discutir ações Eliene Campelo (Especial para CRA)

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erca de 30 presidentes de associações de produtores rurais de todas as regiões de Palmas, capital do Tocantins, participaram de uma reunião com o secretário municipal de Agricultura, Agrônomo Roberto Sahium. Na oportunidade, foi apresentado o calendário de ações para o ano agrícola 2013/2014. O encontro aconteceu na manhã do dia 5 de junho na sede da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural. Foi apresentado ainda aos produtores o corpo técnico da Secretaria e programas como a Patrulha Mecanizada, Cadastro Ambiental Rural e Programa Melhor Caminho. “Temos que trabalhar em sintonia, afinados, para que o resultado seja o melhor possível. Esta é a primeira de uma série de reuniões que faremos em todas as regiões rurais de Palmas.” afirmou Roberto Jorge Sahium, gestor da Pasta, ao abrir a reunião. Ainda de acordo com Sahium, todas as decisões operacionais a

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“Temos que trabalhar em sintonia, afinados, para que o resultado seja o melhor possível. Esta é a primeira de uma série de reuniões que faremos em todas as regiões rurais de Palmas.” serem tomadas serão apresentadas aos produtores para aprovação em grupo. “Nós trabalhamos pelo grupo, por um todo, não estamos aqui para impor nada, vamos construir uma nova forma de trabalhar e de levar desenvolvimento ao campo”, frisou. O Secretário falou sobre temas importantes para o setor como a viabilização de um mercado municipal e a participação da Secretaria no processo de Cadastro Ambiental Rural. “É muito importante que cada

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produtor informe a situação de sua propriedade. São informações ambientais que nortearão todas as políticas públicas para o setor, e ele está em andamento em todo o país” frisou Sahium. Por sua vez, o secretário-executivo da pasta, Roberto Campos Pinto, falou dos programas previstos para o ano agrícola 2103/2014 e de como será planejado o atendimento a cada associação. “Nossa idéia é levar a ações no tempo certo, com qualidade e atendendo o maior número possível de produtores. Esta é nossa meta” frisou Campos. Dentre os programas apresentados por Campos, destaca-se o Programa Melhor Caminho que visa a recuperação de estradas rurais e a implementação de práticas conservacionistas de solo como as curvas de nível. “Esta ação tem dois lados positivos, o primeiro é a melhoria das estradas, o segundo, o controle da erosão evitando que terra, areia e outros sedimentos sejam levados pelas chuvas para os leitos dos córregos e ribeirões”, explicou o secretário-executivo.

Demandas de acordo com a vocação Outros programas e serviços expostos na reunião foram o Programa do Calcário, Patrulha Mecanizada e Cadastro Ambiental Rural (CAR). Também queremos implantar, em 2014, o Programa de Microbacias para cuidar de nossas nascentes e córregos que abastecem 70 % das moradias de Palmas, como o Ribeirão Taquaruçú Grande”, afirmou Roberto Campos. Outro tema abordado na reunião foi o nível de mecanização rural das propriedades de Palmas. Fator determinante para o aumento da área plantada e do volume de produção, os serviços de Patrulha Mecanizada são ofertados aos produtores de Palmas por um conjunto de cinco máquinas com implementos como grade aradora e distribuidor de calcário. “Estamos trabalhando para adquirir novas máquinas e assim melhorar ainda mais o atendimento neste setor. Nosso projeto é comprar uma plaina agrícola, um encanteirador e novos distribuidores de calcários” afirmou Campos. Para o pequeno produtor rural Adelino Barbosa, presidente da As-

sociação de Produtores do Jaú - VI Etapa, a reunião foi muito positiva. “Estamos aqui para contribuir e levar respostas positivas para nossos associados” destacou. O diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural, Eurijan Martins, falou aos produtores sobre o agendamento das visitas técnicas. “Vamos dar início ao atendimento de cada associação e dividir as demandas de acordo com a vocação produtiva de cada grupo. Todos serão atendidos, horticultura, fruticultura, piscicultura, enfim, todos os segmentos produtivos” afirmou Martins. Na reunião foram abordados também temas como comercialização de produtos oriundos da zona rural, Banco de Alimentos , Crédito Rural e Programa Compra Direta Local. Estavam presentes no evento o corpo técnico da Unidade do Ruraltins/Palmas, representantes da Central de Abastecimento de Hortifrutigranjeiros - Ceasa de Palmas -, representantes da Colônia de Pescadores Z-10 e representantes dos produtores de todas as regiões rurais de Palmas. SEAGRI-TO

ELIENE CAMPELO

Política Agrícola

A construção de micros bacias é uma das metas da Pasta, com vistas a proteger


FAÇA VOCÊ MESMO SAIBA MAIS Vidros de até 500 g Vidros de 500 g a 1 kg Vidros acima de 1 kg e até 2 kg

Compota de frutas, um bom negócio

20 minutos 30 minutos 60 minutos

Agora vamos resfriar os vidros. Este processo colabora com a conservação e evita o cozimento excessivo da conserva. Observe que a água para o resfriamento dos vidros deve ser de boa qualidade e clorada. Próximos passos: retire a panela do fogo; coloque a panela com os vidros de doce perto de uma torneira; retire a água quente aos poucos com auxílio de uma concha ou outro recipiente; substitua a água quente pela água fria, mas cuidado para que a água fria não atingir diretamente os vidros e causar sua quebra. Repita este processo até obter o total resfriamento dos vidros. Sendo a água de boa qualidade e clorada, pode-se fazer o resfriamento dos vidros colocando a panela em baixo da torneira de água fria. Mais uma vez, atenção: a água da torneira não deve cair diretamente nos vidros, pois isso pode acarretar a sua quebra. Estamos concluindo. Agora, retire os vidros da panela, seque-os com um pano limpo. É bom observar que a fruta pode boiar na conserva em decorrência de grande intervalo de tempo entre a colheita e o processamento do doce, ou da pouca penetração de açúcar na frua ou do cozimento em calda grossa.

Nesta edição, concluindo as dicas de fabricação de compota de abacaxi vamos ensinar, seguindo a cartilha “Coleção Senar” número 49 -, o processo de envasamento do produto Da Redação

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amos fazer a exaustão, que consiste na retirada do ar pela fervura em banho-maria dos vidros com o doce destampados. Este processo provoca a diminuição do oxigênio, reduzindo a possibilidade de corrosão nas tampas e oxidação de gorduras e vitaminas que alteram a cor da conserva. Quando mais eficiente for a retirada de ar, maior será a con-

servação do produto. De início, coloque os vidros em uma panela com fundo forrado, que pode ser a mesma panela para a fervura dos vidros, caso as tampas tenham sido fervidas em recipiente separado. A quantidade de água deve atingir o vidro até 4 cm abaixo da borda, para evitar que a água penetre na compota. Em seguida, leve a panela com os vidros de doce para o fogo; ferva os vidros durante cinco minutos. Este tempo deve

ser suficiente para a retirada do ar dos vidros. Agora retire o ar com o auxílio de uma faca de mesa fervida. Mas, atenção: esta operação deve ser realizada sem danificar o doce e deve ser repetida até tirar todo o ar. Isto é observado quando, introduzindo a faca no vidro, não saem mais bolhas de ar. Seguindo, retire a tampa dos vidros da panela com auxílio da pinça fervida. Coloque duas a três gotas de álcool dentro da tampa utilizando uma seringa ou

um conta-gotas, colocando fogo depois – cuidado com essa operação, não deixe o vidro de álcool próximo ao fogão e de onde você vai por fogo no álcool da tampa. Após essa operação, tampe o vidro imediatamente. Mais uma vez, atenção: ao fechar o vidro, devese ter cuidado para não tocar as bordas com as mãos ou pano, para evitar contaminação. Ferva os vidros tampados durante 25 minutos. Este tempo é variável de acordo com o tamanho do vidro.

PRIMEIROS PASSOS PARA A COMERCIALIZAÇÃO Agora vamos iniciar o processo de comercialização. Primeiro temos que passar pelo processo de rotulação das embalagens, que tem o objetivo de informar ao consumidor sobre o conteúdo e a qualidade do produto. O rótulo de informar sobre a data de fabricação, data de validade, peso líquido, ingredientes e como armazenar. Na sua propriedade, as compotas embaladas em local seco, arejado e sem a presença de luz. Agora é só comercializar o produto. Boas vendas. 1º A 15 DE JULHO DE 2013 |

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ALMANAQUE

CURIOSIDADE

FILOSOFIA “Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?” Fernando Pessoa

A CURA PELA PLANTAS Depressão, o grande mal da humanidade, não só agora, sempre foi. Porém, antigamente, as pessoas achavam que os depressivos eram loucos, ou pessoas mais fracas, sem vontade de viver. Os medicamentos anti-depressivos têm muitos efeitos colaterais e por um presente da natureza vê se a "Erva de São João" , a planta do bom humor”, um anti depressivo natural. Este antidepressivo natural é conhecido como o Prozac das plantas, O

Anafranil natural, ou o mais antigo remédio que vinha da natureza que ninguém levava em conta que tem fortes efeitos contra a depressão. Princípios atívos: Saponina, taninos, flavonóides e hipericina. O Hipérico é um inibidor de serotonina e da norepinefrina e inibe também o cortisol que ativa o stress. Na Europa, a erva de São João é muito usada como antidepressivos e na Alemanha 30% dos depressivos utilizam deste medicamento da natureza.

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Erva de São João, chá para depressão, hipérico

MODO DE FAZER O CHÁ 1 colher de chá de folhas secas de Erva de São João e meio litro de água filtrada. Preparo do chá antidepressivo: Leve ao fogo até começar a ferver. Desligue o fogo antes de ferver.

Espere esfriar com a tampa fechada para abafar e beba morno ou frio conforme sua preferência. Posologia: 3 a 5 xícaras de chá de ervas por dia Resultado: Os efeitos antidepres-

sivos começam a ser sentidos após duas semanas de tratamento assim como os antidepressivos alopáticos. Continue o tratamento sem pausa até verificar que a depressão está curada.

Simpatia para dormir bem Coloque dentro de seu travesseiro um punhado de erva cidreira seca ou de erva doce, o suficiente para conseguir sentir o cheiro à noite. Antes de dormir tome um banho morno e passe óleo de amêndoas pelo corpo, principalmente nas partes mais ressecadas, mentalizando coisas boas para a noite. Ao deitar, desligue todos os aparelhos eletrônicos e faça uma oração para seu anjo da guarda.

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Mentalize você num lugar bem calmo, como na praia, no campo ou num parque, caminhando e vendo a natureza. Ao acordar pela manhã, antes de sair da cama, mentalize sete anjos e agradeça a cada um deles. Acenda uma vela para seu anjo da guarda e agradeça a noite de sono. Depois de sete dias, troque as ervas do travesseiro. Repita isso todas as noites.

Quando e como surgiu a camisinha? ervas. Mais adiante, estes Durante séculos, o ser preservativos passaram a humano tem procurado ser embebidos em soluções métodos contraceptivos. químicas e depois secados. Vários foram testados, Foi só no século XVII, mas a maioria se mostrou que a camisinha ganhou apenas dolorosa e inefium "toque de classe". O Dr. caz. Na tentativa de evitar Quondam, alarmado com o da uma gravidez indeseja número de filhos ilegítimos ou doenças sexualmente do rei Carlos II, da Inglattransmissíveis a humanierra (1630-1685), criou um dade inventou fórmulas tão protetor feito com tripa de e ibre estranhas quanto geng animais. O ajuste da extremisuco do fumo ou excremendade aberta era feito com um tos de crocodilo, que possui laço, o que, obviamente, não pH alcalino, assim como os era muito cômodo, mas o diss. espermicidas moderno positivo fez tanto sucesso que O nascimento da camishá quem diga que o nome inha não foi muito mais em inglês (condom) seria nobre do que isto. Na Ásia, uma homenagem ao médico. usava-se um envoltório A "camisinha-tripa" de papel de seda untado seguiu sendo usada, até 1839, com óleo. No Antigo Egito, quando Charles Goodyear já usavam ancestrais de descobriu o processo de camisinhas, não como anvulcanização da borracha, ticoncepcionais, mas como fazendo-a flexível a temproteção contra picadas de peratura ambiente. Mas insetos, durante as caçadas.. não se anime que a higiene Elas eram feitas de tecido absoluta ainda não nasceu. ou outros materiais poNesta época, os preservativos rosos pouco eficazes como de borracha eram grossos métodos anticoncepcionais. e caros e por isto lavados e Mas, durante a Idade reutilizados diversas vezes. Média, com a disseminação As camisinhas de látex de doenças venéreas na iram em 1880 e daí surg só Europa, se fazia necessário a m à medida que uíra evol s invenção de um método mai eriais foram mat s novo oeficaz. Em 1564, o anat s, adicionando vido desenvol mista e cirurgião Gabrielle melhorando as, form s nova Fallopio confeccionou um e e durabiliidad abil fi con a forro de linho do tamanho al Terra) Port te: (Fon e. dad em do pênis e embebido DIVULGAÇÃO


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ENTREVISTA permitido o plantio de sementes de soja nas várzeas do Tocantins em entressafras, mas com um trabalho muito bem feito pela Agência de Defesa Agropecuária, que mostrou que o vazio sanitário só trazia benefícios para a produção de sementes e não trazia nenhum risco e que o plantio não influenciava na continuidade do ciclo da ferrugem asiática, o Ministério liberou o plantio de sementes. E, hoje, o Tocantins se transformou num pólo importante de produção de sementes com uma área de aproximadamente 37 mil hectares. No caso do algodão, deveria se fazer a mesma coisa e nós já até conversarmos um pouco sobre este assunto com a Agência de Defesa Agropecuária sugerindo que se faça um relatório, mostrando que não há diferença nem de solo, nem de clima entre aquela região e o lado do Tocantins naquelas terras alta e que se o algodão transgênico pode ser plantado do lado da Bahia e do Piauí poderia tranquilamente ser plantado do lado do Tocantins. Agora, para essas altitudes menores e já num clima mais de transição de Cerrado para a Amazônia, também precisa ser feito outro estudo, que já seria um trabalho diferente do citado anteriormente para que se faça uma defesa ou uma pesquisa de novas variedades adaptadas, que haja um envolvimento muito forte com a Embrapa, ou mesmo se há possibilidade e até que altura se haveria possibilidade de plantio de algodão transgênico nesta região. Cerrado Rural (CR)– Qual é a posição do Ministério em relação à possibilidade de providências para reverter esta situação? Jalbas Manduca – A posição é esta. O Ministério trabalha cientificamente. Da mesma maneira que aconteceu com a semente de soja, deveria acontecer no caso do algodão. É preciso um relatório técnico científico que mostre para o Ministério estas condições. E aí, sim, eu tenho certeza de que não vai ter problema nenhum, nós vamos certamente aprovar o transgênico na região da fronteira e nesta outra região (central, de terras baixas) seria um estudo diferenciado para

Se Bahia e Piauí, na nossa fronteira, podem plantar algodão transgênico, por que o Tocantins, não? Ambos têm o mesmo microclima” ver se há viabilidade ou não do plantio do transgênico aqui nesta região. CR – Nos últimos dois anos, entrou no cenário da agricultura brasileira, principalmente aqui no oeste da Bahia, um novo ator, fazendo o papel de vilão, que é a lagarta Helicoverpa que já causou mais de R$ 2 bilhões de prejuízos em todo o Brasil. Tocantins ainda não registrou nenhum ataque dessa praga em suas lavouras. Há alguma estratégia, em nível de SFA-TO, para fazer uma barreira de proteção em torno dos campos de produção do Estado? Jalbas Manduca – Após a identificação do avanço dessa praga, o Ministério montou uma comissão em Brasília - em regime de guerra mesmo, de prontidão -, acompanhando todos os passos; autorizou a importação de defensivos que até então não eram produzidos no Brasil.... Cerrado Rural (CR)– Mas ainda não autorizou o seu registro emergencial. Deu no mesmo... Jalbas Manduca – ...mas aqui no Tocantins, felizmente, nós não temos um avanço muito grande. Porém, há um monitoramente por parte do Ministério da Agricultura e da Agência de Defesa Agropecuária. E isto é o que interessa. Vem a próxima safra. Você esteve também na área de sementes e você viu que o processo todo é monitorado e

também a incidência de pragas [e baixa ou nenhuma. E vem o plantio da nova safra. Acredito que com este trabalho nós não vamos ter maiores dificuldades. Cerrado Rural (CR)– O Tocantins comemora muito safras recordes em produção e produtividade, quando poderia comemorar, também, a agregação de valor à sua produção por meio da agroindustrialização. Tudo o que se produz aqui é exportado. Qual a sua opinião sobre isto? Jalbas Manduca – Nós entendemos que, realmente, agora há um momento muito bom para o setor do agropecuário do Tocantins, na consolidação da produção, no avanço da produção de sementes; de avanço nas áreas com florestas; de avanço, ainda que lento, na produção de milho; avanço na produção de cana-de-açúcar. E tudo indica que, com o funcionamento agora, a partir de 2014, da ampliação do Tegram (Terminal de Grãos do Maranhão, no Porto de Itaqui, em São Luís), e o início de funcionamento da plataforma Palmas/Porto Nacional (da Ferrovia Norte-Sul) de embarque para soja e, possivelmente, a de Gurupi, porque há uma idéia de que a Vale teria um acordo com a Valec, porque este trecho ainda não foi concedido. Com estes pontos que eu assinalei, provavelmente, vai trazer uma competitividade maior para o produtor em termos de redução de frete. Isto vai fazer com que o setor agropecuário cresça mais rapidamente daqui para a frente. Agora as atenções precisam ser voltadas, agora, para a industrialização. Não faz sentindo o Tocantins produzir soja, milho, carnes, enfim, produtos primários, e exportá-los sem industrializá-los aqui, sem agregar valor a esta produção, aqui, gerando mais empregos e renda, gerar empregos e renda. CR – Superintendente, nos próximos dias o Ministério da Agricultura vai conceder aos

estados do Nordeste, alguns dos quais na fronteira com o Tocantins, o status de livre de aftosa com vacinação. O que isto pode significar para o Tocantins que, já conta com este status há muito tempo? Jalbas Manduca – Para o país é muito bom; para o Tocantins é ótimo porque nós temos ainda dois estados de fronteira que não são livres de aftosa, que são o Piauí e o Maranhão, e, partir do momento em que eles tiverem o status de livre de aftosa com vacinação, se estabelece o trânsito livre de animais entre estes estados. Isto é muito importante para o Tocantins, até porque a nossa capacidade frigorífica é bastante significativa. Nós temos oito frigoríficos, seis dos quais habilitados para exportação e dois habilitados especificamente para exportação ao Chile e à Rússia – este, o nosso principal comprador - e já houve uma supervisão feita pela União Européia (EU) sobre o sistema de defesa agropecuária do Tocantins. O resultado foi positivo, alguns acertos foram feitos e nós aguardamos, com otimismo, a aprovação da EU, para que possamos exportar para ela. Cerrado Rural (CR)– O Tocantins teve, nos últimos dias, duas verdadeiras vitrines de seus sistemas produtivos rurais, que foram a Agrotins e o Encontro das Comissões de Sementes das Regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil. O que essas duas vitrines puderem mostrar para o país? Jalbas Manduca – A Agrotins é uma feira fundamental para o Estado e a cada ano ela agrega tecnologias e mostra a viabilidade de culturas, além da questão de capacitação de produtores. Para os produtores, investidores e empresários nacionais e estrangeiros, ela é uma vitrine da viabilidade de diversas culturas. Já o Encontro de Sementes e Mudas, até por uma declaração do presidente da própria Associação Brasileira de Sementes e Mudas, Dr. Barison Neto, que não conhecia o Estado, ficou muito impressionado ao ver o potencial do Estado.

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AGECOM/BA

CAPA Antônio Oliveira

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Brasil é mesmo um país de contradições, de inversão de valores e prioridades. Veja, por exemplo, que o setor da economia brasileira que mais rende divisas e, consequentemente, permanente equilíbrio na balança comercial, o agronegócio, está sempre em segundo plano nas ações de governos estaduais e federal. É verdade que os recursos destinados aos setores produtivos rurais, dentro do Plano Safra, têm melhorado a cada ano, em volume de investimentos, nas taxas de juros e nas linhas de crédito. Mas isto não é tudo. O setor precisa de investimentos pesados para se desenvolver e ter melhor competitividade, trabalhar em condições de igualdade com os outros países produtores. Há muitos anos os produtores rurais individuais, empresariais, associados e cooperados reclamam e clamam por melhor logística para o escoamento interno e externo de sua produção e tráfego de insumos – há muitos casos em que uma propriedade tem até dificuldade em contratar mão de obra, qualificada ou não, por causa do isolamento da propriedade rural. Esta demanda é por rodovias e estradas vicinais pavimentadas; reestruturação e implantação de hidrovias e ferrovias; ampliação de portos, aeroportos de cargas e portos secos. Muito dessas obras estão em projetos e/ou iniciadas, porém paralisadas por falta de recursos, vontade e visão política e por desencontros entre órgãos ambientais estaduais e federal. Duas dessas obras iniciadas e travadas por todos estes problemas supracitados são as ferrovias NorteSul e Leste-Oeste. A primeira, na verdade em obras, mas à toque-de-caixa e com sistema de trilhos já ultrapassado em relação a rede ferroviária de outros países, liga o Brasil de Norte a Sul, num percurso de 1.600 km, por meio de sua “espinha dorsal”, proporcionando o escoamento da produção das regiões Norte, Nordeste e CentroOeste tanto para os portos do Litoral Sul, quanto para os do Litoral Norte, principalmente para o Porto de Itaqui, o caminho mais curto entre os campos de produção destas três regiões e os continentes asiático e europeu, nossos maiores importadores de soja. Este traçado ferroviário parte

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Detonações nas obras e na lisura do projeto em Brasília

O trem está atrasado Esperança de agilidade e redução de custos no escoamento é barrada por uma política equivocada

de Açailândia, no Maranhão, onde se junta com a Ferrovia Estrada dos Carajás, acessando o Porto de Itaqui; atravessa parte do Maranhão (região sul); todo o Tocantins do norte até o a região central de Goiás – Anápolis. Desta, segue para Rio Verde, no sudeste de Goiás, seguindo para Estrela do Oeste, São Paulo. Com este projeto pronto, a regiões abrangidas pela Norte-Sul serão dois dos maiores eixos de desenvolvimento do Brasil. Já a Ferrovia Leste- Oeste começa no Litoral Sul da Bahia – Ilhéus -, e segue ao encontro da Ferrovia Norte-Sul, em Figueirópolis, no sul do Tocantins, num percurso de 1.527 km de extensão. Ela vai contemplar as regiões produtoras de minério de ferro de Caetité, no sudoeste da Bahia e os produtores de grãos do oeste deste Estado.

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Convenhamos que transportar grãos em rodas de caminhão é um negócio inaceitável. Os nossos custos de produção e escoamento estão elevados e existe uma preocupação com o futuro” Julio Busato.

A Leste-Oeste será outro grande eixo que dinamizará o escoamento da produção da Bahia e servirá de elo para interligar aquela região aos outros pólos do país, por meio da conexão que terá com a Norte-Sul e, também, proporcionará múltiplas opções de escoamento da produção. Em síntese, depois que estes dois projetos estiverem prontos e em operação, os cerrados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste terão um desenvolvimento social e econômico incomensurável, se consolidarão como os maiores produtores de culturas de base alimentícias, segurança alimentar, fibras e biomassa. Será o maior celeiro do mundo. Não há dúvidas em relação a isto. Aliás, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos já constatou isto –

apenas pelo potencial das terras dos cerrados do Norte e Nordeste para a produção de grãos -, por meio de estudos realizados há anos. Nem toda esta realidade fez o Governo Federal voltar, de fato, suas atenções e investimentos para a aceleração destes dois projetos. Prefere fazer altos investimentos em projetos mirabolantes nas grandes cidades, como o “Trem Bala” e sediando, sem condições concretas, dois eventos de peso para os quais não está preparado: a Copa do Mundo e as Olimpíadas. É o mesmo que querer construir uma casa tendo como ponto de partida o acabamento, não os alicerces. Quantos quilômetros de rodovias o governo teria construído ou reformado com sua parte aplicada na construção e reforma de estádios?


CAPA

Pouco diferencial entre o rodoviário e o ferroviário Mas por que esses dois modais estão travados? É o questionamento geral da sociedade brasileira, sobretudo dos setores produtivos rurais. Cerrado Rural Agronegócios tenta esclarecer. No que diz respeito a Norte-Sul, o trecho entre Estreito (MA), na divisa com o Tocantins e Porto Nacional/Palmas, na região central do Tocantins até que andou rápido, no Governo do Presidente Lula, apesar de todas as irregularidades na estrutura da obra e dos desvios de recursos e superfaturamento, conforme denúncias do Ministério Público Federal (MPF) e embargos do Tribunal de Contas da União (TCU). Porém, além de estar emperrado de Porto Nacional/Palmas para Goiás, o Governo Lula terceirizou o trecho da região central do Tocantins até Açailândia para a Companhia Vale do Rio Doce (Vale). O que foi concebido para atender, principalmente, a demanda da produção rural, priorizou uma grande companhia em detrimento da produção rural. Produtores de grãos de Tocantins e sul do Maranhão reclamam que a Vale não tem o transporte de grãos como prioridade, mas sim o seu foco industrial e comercial: o ferro gusa que é exportado principalmente para a Ásia. O preço do frete que a Companhia cobra dos exportadores de grãos não tem muita diferença do preço pago pelo transporte rodoviário, reclamam aqueles produtores rurais. Até o momento foram gastos em torno de R$ 5 bilhões na construção do traçado entre Maranhão e Goiás e serão necessários mais R$ 400 milhões para concluir o projeto até Anápolis. Isto sem contar que o Governo teria que gastar muito mais se for obrigado a corrigir os erros de projeto e construção como curvas bem fechadas, que obrigam o trem a reduzir velocidade para não descarrilar, taludes que se desmancham, trilhos que não foram soldados, entre outros. A revolta é geral nos setores produtivos rurais do Tocantins. O

empresário do ramo de farelo de soja, com empresa fixada na região de influência da Norte-Sul, Osmar Albertine, lembra que a promessa da Ferrovia na sua região – sul do Tocantins – era para 2008, “mas continua só no leito, nem mesmo os trilhos estão ai”, reclamou ele para a reportagem do Fantástico, da Rede Globo. Ele lembra ainda que com a Ferrovia, haveria uma economia de 4 mil quilômetros de transporte marítimo para exportamos para a Europa”. Respondendo a esta reportagem da Rede Globo e a outros veículos que a repercutiram, o ministro dos Transportes, Cesar Borges, emitiu nota alegando que a imprensa não tem visto os benefícios já gerados pelos trechos em operação da NorteSul e “omite parte de sua história”. Diz a nota: “Os 10% restante de obras, do trecho entre Palmas e Anápolis, serão realizados até o final de 2013 e o segmento entrará em operação em 2014. A conclusão das obras do trecho Anápolis/Estrela d´Oeste será em julho de 2014”. TOCANTINS – No Tocantins, esta estrada de ferro é contemplada com seis plataformas multimodais. São as de Aguiarnópolis, Araguaína, Colinas, Guaraí e Porto Nacional/Palmas. Esses pátios serão explorados pela iniciativa privada, em lotes licitados, e o que está mais adiantando em termos de implantação e investimentos é o de Porto/Palmas. Neles grandes obras estão em construção ou em fase final, como um centro de distribuição da BR Distribuidora, o maior de toda a região Norte; outras distribuidoras também estão em construção ou em fase de projeto. Tais como a Total Distribuidora de Combustíveis, Raiz (francesa) e a Cosan (ex-Esso). Também há outras plantas com foco no agronegócio em construção ou em projeto para aquela plataforma, como é o caso do Grupo Losgrobo (Ceagro), que está investindo num terminal de grãos, e do grupo NovaAgri que investe no mesmo ramo.

Ferrovia de integração da Bahia praticamente na estaca zero Com edital de licitação lançado em março de 2010, previsão de conclusão para o final de 20012, iniciada no dia 28 de abril de 2011, e praticamente parada em seu ponto de partida, Ilhéus, a Ferrovia Leste-Oeste (FIOL) teve seu primeiro trecho – Ilhéus-Caetité – embargado por problemas ambientais. Este trecho terá extensão de 537 km. De acordo com a Valec, estatal federal que constrói as duas ferrovias, alguns trechos no sentido Ilhéus a Caetité se encontram mais adiantados que outros. Em relação ao trecho CaetitéBarreiras, com 486 quilômetros de extensão, ainda de acordo com a estatal, teve que ser refeito por passar por reservas ecológicas, como as de cavernas. Foi feita uma reavaliação e a previsão era de que no mês de maio deste ano, a empresa teria a licença para a construção da ferrovia nessas áreas. “Esperamos que as obras sejam liberadas em julho. Nos trechos onde passam próximos a cavernas foram feitos desvios, contornando essas áreas. Nossa prioridade, contudo, é o trecho de Barreiras para facilitar o escoamento do agronegócio. Esperamos que a construção de Barreiras a Ilhéus esteja concluída no final de 2015", informou a assessoria da Valec. A obra, que tem previsão de gerar 15 mil empregos diretos e 50 mil indiretos, está estimada em R$ 7,37 bilhões. Mas se tivesse sido entregue em 2012, conforme o cronograma original do projeto, ela teria custado R$ 5, 4 bilhões. As obras da Leste-Oeste não estão emperradas apenas por problemas ambientais, não. Há muitas

denúncias de irregularidades como superfaturamento. Em fevereiro deste ano, por exemplo, a Valec teve que suspender a licitação para a compra de 147 mil toneladas de trilhos que seriam aplicados no trecho entre Ilhes e Barreiras. O ato foi em acato ao Tribunal de Contas da União que havia suspendido edital de aquisição de trilhos para a Norte-Sul. De Caetité em direção ao mar, a Leste-Oeste atenderá mais a demanda da mineração da região deste município que tem potencial e estrutura já pronta para a exploração de 470 milhões de toneladas de minério de ferro. Já do oeste da Bahia, de onde ele parte rumo ao Tocantins e, ao leste, para Ilhéus, o principal o objetivo é atender a demanda do agronegócio – escoamento da produção pelo Porto de Itaqui, em São Luis, ou por Ilhéus, na Bahia e o transporte de fertilizantes. Para o presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), Júlio Cezar Busato, em entrevista recente ao Cerrado Rural Agronegócios, a região oeste da Bahia tem localização e condições de produção privilegiadas, pois trabalha com tecnologias que permitem altas produtividades, até melhores que em muitos países produtores mais tradicionais na agricultura. Contudo, ele lamentou que os produtores rurais da região enfrentem um problema muito sério de logística e falta de portos. “Convenhamos que transportar grãos em rodas de caminhão é um negócio inaceitável. Os nossos custos de produção e escoamento estão elevados e existe uma preocupação com o futuro”. Parte desse futuro, ainda de

acordo com ele, passa, primeiro, pela construção e ampliação de portos e depois pelas ferrovias. Busato disse ainda a este Jornal que a AIBA está atenta e confiante nos governos estadual e federal, mas nem por isso deixa de estar articulando, cobrando as devidas providências. Foi, por exemplo, o que aconteceu no I Seminário FIOL – a Bahia quer, o Brasil precisa”, onde ela se fez presente. O evento foi realizado no final de abril deste ano e reuniu, em Barreiras, mais de 2 mil pessoas, incluindo autoridades municipais, estaduais e federais, entre os quais os ministros César Borges, dos Transportes; José Leônidas Cristino, dos Portos, e o governador Jaques Wagner. Cesar Borges garantiu que está empenhado em superar os entraves no TCU e no IBAMA e afirmou que há R$ 700 milhões garantidos em 2013 pela Presidência da República para o primeiro trecho da obra (IlhesCaetité), que deverá ficar pronto em dezembro de 2014. De Caetité para Barreiras, a previsão é que o trecho seja iniciado até agosto deste ano. De acordo com fontes do Governo da Bahia, outra peça do conjunto destas obras, de fundamental importância para todo o projeto, o Porto Sul, a ser construído em Ilhéus, deverá ser iniciado brevemente. Os caminhos para o pleno desenvolvimento das mais novas e mais pujantes regiões produtoras do país estão traçados. Faltam empenho, vontade política, visão e seriedade para que eles sejam um constante ir e vir de prosperidade, não a representação do fictício filme “A volta dos que não foram”.

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AGROVITRINE

Novas tecnologias para a aquicultura

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DIVULGAÇÃO

radicional indústria de transformação de plástico em produtos para os diversos setores de produção, a Sansuy, nos últimos anos, tem focado sua atuação num ramo do agronegócio e da agricultura familiar que tem crescido muito no Brasil: a aqüicultura. A empresa tem, dois destaques em seu portfólio voltado para a piscicultura. São eles o Vinitanq e o Vinitank. O primeiro é conhecido também como tanque-rede, fabricado com o legítimo Sannet, uma tela de poliéster de alta tenacidade recoberta com PVC flexível resistente a intempérie. De acordo com a empresa, a trama é oferecida com abertura de 1x1mm até 20x20 entre nós adjacentes, facilitando o manejo da produção de organismos aquáticos.

A peça é disponibilizada nos formatos quadrado e retangular par viveiros pequeno,médio e grande volume, e circulares para médio e grande volume. Para a criação de peixes em reservatórios sobre o solo, a Sansuy tem o Vinitank com capacidades maiores – de 5 mil a 100 mil litros,razão pela qual é fabricado com estrutura de aço carbono ou termoplástico. Segundo a Empresa, entre as aplicações do Vinitank estão a manutenção de reprodutores, desova, produção de alevinos e juvenis, engorda de peixes de água doce e de água do mar, berçário para camarões, treinamento alimentar de peixes carnívoros, depuração de peixes, mexilhões e ostras antes do abate e quarentena.

O Vinitank é aplicado na criação sobre o solo

Sudeste do Tocantins ganha novo armazém MÁRCIO VIEIRA/ATN

Inauguração recebe a visitas de produtores e autoridades do TO

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“O Tocantins se diferencia de outros estados, por apresentar qualidades extremamente fortes para o impulso do agronegócio”. É baseado nesta visão, que a empresa Fiagril está investindo pesado neste Estado e inaugurou no final da quinzena de junho a sua mais nova unidade de armazenamento de soja e outros grãos no município de Silvanópolis, município integrante da mais nova fronteira agrícola do Tocantins, o sudeste do Estado. O silo tem capacidade para armazenar 60 mil toneladas. Com investimento da ordem de R$ 16 milhões, o armazém foi construído com as mais altas tecnologias empregadas em unidades armazenadoras. “Estamos neste ramo há 25 anos e, pensando em expandir, acreditamos que o Tocantins representa perfil logístico e climático em todos os sentidos. Por isso estamos aqui”, disse o presidente da Empresa, Jaime Binsfield. Já o fundador da Fiagril, Marino Franz justificou que sua Empresa aposta na vocação agropecuária do Estado. “O Tocantins e um Estado encantador, pois proporciona as oportunidades de crescimento no agronegócio”.

Durante a inauguração, setor de agropecuária e agronegócio do Governo do Tocantins, esteve presente por meio da Secretaria de Agricultura. O secretário executivo da Pasta, Ruiter Pádua informou, em seu discurso, que o armazém da Fiagril traz para o Tocantins grandes oportunidades de comercialização no agronegócio da soja e do milho. “É uma porta aberto para os agricultores venderem seus produtos, facilitando ainda mais a comercialização”. Ainda conforme ele, “o empreendimento abrangerá um raio de 280 mil hectares na região de Silvanópolis, com capacidade de um milhão de sacas dos dois grãos”. Empresa - Sediada em Lucas do Rio Verde – (MT), a Fiagril movimenta anualmente cerca de R$ 2,5 milhões em seus negócios. É uma emrpresa líder no fornecimento de fertilizantes, defensivos, sementes e serviços para o setor agrícola, voltada também para o comércio de grãos e a fabricação de biodiesel. No Tocantins já possui investimentos em empresas de defensivos agrícolas nos municípios de Porto Nacional e Gurupi. (Com informações da Seagro/TO)


RECREIO

AGROHUMOR O capiau, muito do pão-duro, recebe a visita de um amigo. A certa altura da conversa o amigo pergunta: - Se você tivesse seis fazendas, você me daria uma? - Claro, uai. - respondeu o caipira. - Se você tivesse seis automóveis, você me daria um? - Claro que sim.- E se você tivesse seis camisas, você me daria uma? - Não. - Por que não, se você me daria uma fazenda, um carro, e uma camisa não me daria? - É Porque as seis camisas eu tenho!

CAUSO Lá pelas bandas de Balsas, no sul do Maranhão. E quem conta, no seu livro “Histórias e casos do Sul do Maranhão”, é o agrônomo e um dos pioneiros daquela região, Wellington Cunha de Souza. Conta ele que: “Havia um hotel em Balsas, que mais parecia um pensionato, onde sua proprietária gostava de tratar os seus hóspedes como se fosse todos velhos amigos ou familiares em visita. Para proporcionar um melhor conforto para todos ela começou a instalar aparelhos de ar condicionado em todos os seus apartamentos. Mas, como um dos seus apartamentos não possuía paredes voltadas para a parte externa do prédio, ela não teve duvi-

das: instalou o aparelho do ar condicionado na parede que dividia o quarto de dormir do banheiro. Resultado: como não havia um bom sistema de esgotos no prédio,

nem de renovação de ar, o condicionador retirava o ar viciado do banheiro, resfriava-o e o distribuía no dormitório que passava a te um cheiro de ‘cocô’ gelado.

RECEITA

Como deixar suculento o filé de peixe grelhado minutos (no caso de um filé Muitas vezes você de tamanho médio). Vire e está em um restaurante e deixe por mais 1 minuto. pretende pedir um prato Transfira o filé para leve e saudável, como assadeira (pode, sim, uma bom por exemplo - um esperar o outro ficar pronto). filé de salmão grelhado. Coloque no forno já bem Daí você pensa: “filé de aquecido. Para peixes mais salmão grelhado é muito tenros, como o próprio seco!” e acaba desistindo. salmão, o atum, badejo, A exemplo do que eu bastam 5 míseros minumostrei com o filé de peito tos no forno. Para outros ível de frango,também é poss mais firmes, como o pideixar o filé de peixe sucurarucu e o bacalhau, serão lento na frigideira. É simples: necessários entre 15 e 20 Acenda o seu forno em minutos, dependendo do ois temperatura máxima. Dep tamanho e da espessura. de temperar a gosto, coloque Não deixe passar um pouco de azeite (ou ais. Caso contrário, dem manteiga) na frigideira em te seu peixe ficará men fatal e, peix fogo alto. Sele (frite) o seco. (Do site www. salaprimeiramente, pelo lado da dadereceitas.com.br) escama durante cerca de 3

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ENTRETENIMENTO PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Atitude de quem despreza as pessoas simples e aprecia a elite social Intuição

© Revistas COQUETEL 2013

Seres como Quíron (Mit.)

Líquido volátil de uso hospitalar

Causa de transtornos nas vias públicas

Estrutura passível de fraturas (Anat.)

Artefato de tortura para o rosto do escravo

Nicolau Copérnico, astrônomo polonês

Sem forma determinada Interjeição da música de abertura de “AveMililitro nida Bra(símbolo) sil” (TV)

Disputa; querela “Força”, em FEB

Caóticas Crime combatido pelo TSE no período das eleições

Ingrediente da caipiríssima O maior do mundo é o canastra (Zool.)

Ilha onde se localiza Taiwan Pedir

Arroubo Letra súbito e que prepassagei- cede o ro (fr.) apóstrofo

Período básico de cálculo dos juros Semelhante Cor violetaclaro

Membro de voo Fruto energético

Opositor do Eixo na 2ª Guerra Mundial

“Antes (?) do que nunca” (dito) Barragem Salada, em inglês (?) da Igreja, o lugar mais frio do Brasil, na cidade de Bom Jardim da Serra (SC)

O Rei do Carnaval Espírito empreendedor (fig.) (?) vitro: em tubo de ensaio (Biol.)

Terceira Orlando pessoa do Teixeira, discurso poeta (Gram.) brasileiro

Extinta ave neozelandesa Medida que é o dobro do raio (Geom.) Condutores de barcos em Veneza

3/moa. 4/élan. 5/açude — morro — salad. 9/centauros — esnobismo.

Solução

L M F RI

E

C O M P R A D E V O T O

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O C S M O S N O R F R U A S I T A A S A T Ç U D A I S M O E T R

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CRÔNICA

Lesmaria e o Ipê Amarelo “A lenda diz que a resina do caule dos ipês é o choro de Lesmaria” *Célio Pedreira

Q

uando Lesmaria resolveu deixar a beira do brejo para alcançar um jardim de ipê amarelo lá perto da Grota do Boi Morto, foi como um desabar de mundo. O pai cessou sua paciência: - Lesmaria, pela última vez eu lhe peço: Chega! Você já esqueceu que outro dia, perto do caminho da fonte, foi o homem da cidade que confundiu você com uma pedra redonda? Só não lhe atirou ao longe por descobrir que a tal pedra mexia e soltou você de uma altura quase fatal. Minha filha, lesma serve para o ofício do silêncio e do andar por perto. Que necessidade você tem de apreciar ipê? Lesmaria avistou o amarelo do ipê num grito tão bonito que ficou impossível não responder: - Ô paizim, deixa eu ir só uma veizinha! Ipê bonito assim é só uma vez ao ano! Minhas colegas todas vão! A gente vai só dar uma deslizadinha naquele amarelinho e volta rapidão! O pai sabia que conter uma lesma na adolescência era tarefa larga e já sentindo o peso do tempo na cacunda, deuse em calar. A travessia do brejo até a grota carecia astúcia no

caminho das lesmas. Pequenos caminhos cruzados necessitavam de uma passar pronto. No mais, andar na sombra em horas de sol a pino não tinha recomendação boa. Lesmaria não tinha companhia para a jornada, estava indo mesmo só, apesar das colegas ditas como espelho para o suposto convencimento do pai. Resolveu que o partir seria no meio da tarde posto que o ipê ficava ao nascente e alguma sombra no sentido contra o sol era uma boa ajuda. Lesmaria enchia de sonhos sua jornada até o ipê em flor! Seria sua primeira grande caminhada no rumo do novo. Por assim pensar, iniciou arrumar sua pequena mochila e a tomar difíceis decisões sobre o que levar. Enquanto tentava decifrar o necessário para a sobrevivência da jornada, sua mãe aparece e como toda mãe, resume a ópera: - Água, Lesmaria! É só isso que você vai precisar. Estamos em pleno verão, você vai precisar sombra e água fresca. O tempo está seco e seus pés devem estar molhados para romper a intenção de atravessar da beira do brejo até a Grota do Boi Morto. Aliás, você sabe que não pode aproximar da grota, pois ela tem o nome de boi morto pela sua fundura e estreiteza, se cair um boi lá ele não consegue sair. - Imagine uma lesma! E o ipê lá, revolucionário e amarelinho no meio

do mato de verão, chamando aos sonhos a Lesmaria. Noite e Lesmaria já sonha o dia seguinte. O dia de atender aos reclames da alma e alcançar seu ipê. Sai e olha o tempo, seco e parado, mas tem a certeza de que lá no ipê uma aragem acaricia as flores amarelas, em um bando singelo e único de beleza. Lesmaria aprecia a noite de estrelas poucas e banhadas por uma fumacinha em réstia de queimada. Mas sabe que amanhã já vai sendo bordado com esmero por essa noite que antecede seu encontro. Dorme para um ímpar acordar. Ao longe, no rumo da Grota do Boi Morto, o ipê tem seu rico amarelo misturado por labaredas de fogo, num sinuoso ruidoso que Lesmaria não consegue acreditar. Está tonta! Inconsolável! Olha firme no rumo do ipê, enquanto o fogo vai rompendo a manhã seca. Alcança um arbusto insignificante em seu perto, sobe nele para certificar-se do fogo comendo o ipê. Lesmaria chora copiosamente. O arbusto não consegue conter-se e chora também. O choro de Lesmaria mistura-se com o da pequena árvore, as duas mágoas formam uma resina espessa e brilhante que escorre. A lenda diz que a resina do caule dos ipês é o choro de Lesmaria.

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A Cerrado Editora/Jornal Cerrado Rural está precisando de contatos publicitários e entregadores de jornais nas regiões oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul do Piauí. Interessados enviar CV para o seguinte e-mail: contato@cerradoeditora.com.br 1º A 15 DE JULHO DE 2013 |

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Os dois estados têm um dos maiores potenciais para a pesca e a aqüicultura do Brasil. Eles vão trocar e mostrar suas experiências nas culturas que mais crescem no país.

BAHIA PESCA E SEAGRO-TO

A BAHIA E O TOCANTINS ESTÃO PARA PEIXE

VEM AÍ, O 1º PISCISHOW BAHIA/TOCANTINS AGUARDE! MALA DIRETA POSTAL Cerrado Editora

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