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Gonçalo Mousinho - Milionários! Milionários! Milionários
MILIONÁRIOS! MILIONÁRIOS! MILIONÁRIOS!
POR: Gonçalo Mousinho - International Executive Director FOTOS: DR
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Antes de mais, não, não sou um deles! Mas quem sabe se um dia... Sonhar continua a ser grátis!
Lembro-me de quando era adolescente ver um episódio de televisão intitulado Beavis and Butthead que retratava uma aula de educação sexual no Secundário. Tendo em conta o conteúdo da aula, cada vez que a professora dizia a palavra “pénis” ou “vagina”, todos se riam perdidamente (e eu também)! Perante tal facto, no final da aula a professora obrigou-os a dizerem repetidamente, “pénis! pénis! pénis! vagina! vagina! vagina!”, com o propósito de repetirem as palavras tantas vezes quantas as necessárias, até deixarem de as ver como uma piada e passarem a encará-las como algo natural.
No aeroporto, a caminho de uma das minhas viagens, deparei-me com a capa da revista Forbes, onde constava o Jorge Mendes e cujo título era “Milionários”.
Por despertar o meu interesse decidi ler essa edição especial
sobre os novos e “velhos” milionários portugueses. No final da leitura lancei-me numa reflexão para tentar encontrar a razão pela qual
somos tão cruéis e invejosos quando vemos compatriotas nossos milionários, quando, sem qualquer tipo de critério, admiramos tanto os estrangeiros milionários.
Acredito que tudo começa quando somos crianças, idade em que dificilmente algum de nós foi ensinado, ou preparado, a olhar para as fortunas dos outros de uma forma saudável.
Assim sendo, a uma forma de nos conseguirem explicar como é que hipoteticamente poderíamos alcançar uma fortuna passava, regra geral, por jogos de sorte/azar, casar com alguém extremamente rico ou encontrar um tesouro escondido algures.
Por isso, assim que víamos alguém com muito dinheiro, catalogávamo-la logo como traficante de droga, explorador da classe operária, futebolista ou outra coisa qualquer que nos ocorresse na altura mas, seguramente, não nos ocorria que fosse uma pessoa honesta ou trabalhadora.
Pessoas honestas e trabalhadoras não vão a lado nenhum (é o que se diz normalmente). Mas os santos também não, certo? Adicionalmente, a verdade é que na nossa história recente, nunca fomos um povo com grande autoestima, ou um país rico. Para complicar ainda mais as coisas, as únicas pessoas realmente ricas que conhecíamos era através da televisão, as tradicionais e poderosas famílias que geriam (e ainda gerem) a economia do nosso país.
Quanto mais refletia sobre isto, mais percebi que esta forma de pensar tem sempre o mesmo propósito: culpar os outros e ili-
barmo-nos a nós próprios!
O ser humano não gosta de ser responsabilizado por nada. Portanto, tornámo-nos especialistas a encontrar desculpas e mais desculpas.
Responsabilizarmo-nos pelas nossas escolhas de vida dá muito trabalho e coloca muita coisa em causa. Por isso, sempre que estamos perante uma situação adversa, procuramos uma desculpa fácil e rápida, que nos faça sentir melhor.
No que toca a respeitar o dinheiro dos outros, acredito que nós os europeus, temos ainda um longo caminho a aprender com os americanos.
Apesar dos Estados Unidos da América serem um país altamente capitalista (talvez demasiado), a verdade é que todos os seus cidadãos, nacionais ou imigrantes, acreditam que se forem muito bons nas suas áreas, podem alcançar o “American Dream”.
Quem tem muito dinheiro, é alvo de admiração e respeito. Por isso, os americanos inspiram-se uns nos outros e encorajam-se mutuamente.
Não conheço pessoalmente o Jorge Mendes da Gestifut, nem mesmo o José Neves da Farfetch mas uma coisa é certa: tenho
grande admiração por pessoas trabalhadoras, que lutam todos os dias para serem os melhores nas suas áreas e que, com o resultado desse trabalho, conseguem vingar na vida!
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Tenho uma admiração especial por eles, uma vez que estou plenamente consciente de que am-
bos tiveram de abdicar de muitas coisas boas da vida, que muitos de nós tomamos como garantidas, para conseguirem chegar onde chegaram.
Por outro lado, é estranhamente perverso, como é possível admirarmos (sem questionar) qualquer estrangeiro com fortuna e, quando estamos perante um português que foi considerado, consecutivamente, “apenas” o melhor Manager do mundo, o nosso primeiro reflexo é criticá-lo, para justificarmos porque é que ele conseguiu e nós não!
Lá vamos nós, talvez seja um traficante de influências altamente maquiavélico e poderoso que domina o submundo do futebol mundial e por isso é que ele conseguiu. facto de que considero que em Portugal vamos ter cada vez mais milionários portugueses self-made mans. Acho que os deveríamos conseguir respeitar, tal como respeitamos qualquer outra pessoa.
Nem os mais pobres gostam de ser tratados como coitadinhos, nem os mais ricos gostam de ser rotulados como traficantes sem mérito.
Pensem comigo, É FANTÁSTICO
VER CARAS NOVAS!!
Passámos demasiados anos a ver sempre os mesmos apelidos na lista dos mais ricos em Portugal e por isso, vamos aceitar e admirar
os novos!! Essas pessoas que, em pouco tempo conseguiram criar empresas do zero, hoje avaliadas em centenas de milhões ou milhares de milhões de euros são pessoas que dão emprego a milhares
de colaboradores. Colaboradores esses que são felizes nas suas Organizações, conseguindo também eles proporcionar uma vida melhor às suas famílias, beneficiando do sucesso dos seus líderes! É ver-
dade que os ricos ficam mais ricos, mas também é verdade que quem trabalha em Organizações que prosperam, também estão mais perto de prosperar com elas!
Assim sendo, fará sentido criticá-los a eles, ou a nós?
A única coisa que tenho a certeza é que: quanto mais fácil for para
nós aceitar a fortuna dos outros, mais perto estaremos de criar a nossa.
Até lá, vamos trabalhar duro e dizer repetidamente: MILIONÁRIOS! MILIONÁRIOS! MILIONÁRIOS!, até que essa palavra se torne natural para nós.