MARIA SOGNA TUTTE LE NOTTI # 3
Feminino = relativo a ou próprio de mulher; relativo a ou próprio de fêmea; referente ao sexo caracterizado pelos ovários nos animais e nas plantas; o conjunto de mulheres; o conjunto de características físicas ou psicológicas que caracterizam as mulheres.
EDITORIAL
Puxa, o Maria Sogna Tutte le Notti chegou ao terceiro número! Depois de muito trabalho, consegui “parir” mais este número do zine! É uma felicidade, apesar de dar um trabalho danado.
Hoje não estou muito inspirada pra escrever... Mas não posso deixar de agradecer à Carol, mãe entrevistada na última edição do zine. Ela ajudou muuuuito na divulgação do zine (através do blog Mothern) e o Maria pôde chegar a mulheres que não tem nada a ver com música, punk e afins. Sua ajuda foi maravilhosa, Carol!
Eu não ganho nenhum dinheiro com esse zine. Pelo contrário, só gasto. Então por isso me concedo o direito de, a cada número, publicar um elogio para ele (risos). Neste número, quem tem a palavra é a Elisa, do Dominatrix:
Oi, Dani. Finalmente consegui ler todo o fanzine. Aí, meu, lindão, hein? Realmente você está na minha lista TOP 5 zineiras latinas. Parabéns, viu? O Maria é inspirador! Bitocas!
Elisa Gargiulo, em 23/2/06
PS: Neste número não vão sair as entrevistas com as mães, mas no próximo número elas voltam!
CONTATOS: doitherself@gmail.com
MEU TOP 10 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
zine Riot Not Diet (Bélgica, junho de 2004) zine Flappergathering # 5 (Bélgica) Fabulous Disaster Bonsai Kittens Don´t Be Afraid of Feminism – An introduction for men, women, boys, ladies, girls, studs and everyone in between (Meg Favreau) revista feminista The F-Word (Estados Unidos) / www.thef-wordzine.com Erik + Laura-Marie zine # 30 Zinetopia # 1 zine Clitoricore zine Haus Frau
NA INTERNET
NA INTERNET
NA INTERNET
NA INTERNET
Outro dia, numa lista chamada Templo da Deusa, pintou o seguinte e-mail: (...) tá aí um assunto que me incomoda, O Dia Internacional da Mulher... Gostaria de saber a opinião de vcs..... Pq Dia da Mulher? Todos os outros são dos homens??? Pq não existe o dia do Homem? Seria uma ironia, somos ou fomos tão subjulgadas que precisamos ter um dia para nós, estamos igualadas a tipo diferenciado pq??? Talvez eu esteja sendo feminista demais... ou radical demais... não sei, mas de coração não estou gostando muito desses "parabéns" que estão me dando nesse dia de hoje.... Bençãos da Terra a todos Marja Cy Gaya
E olhem a resposta que eu mandei: Marja, o dia 8 de março só é considerado o Dia da Mulher porque, em 1857, as operárias de uma fábrica de Nova York entraram em greve reivindicando a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Durante a ocupação da fábrica, mais ou menos 130 mulheres foram queimadas e este dia se tornou o símbolo da luta das mulheres por condições iguais. Sendo assim, esse dia é apenas simbólico. Para mim, todos os dias são dias tanto das mulheres quanto dos homens. Todos os dias devemos lutar por um mundo mais igual para homens e mulheres. Na verdade, não acho que vc esteja sendo feminista demais... Acredito, sim, que você está adquirindo consciência de que o dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, está, talvez, conforme a opinião de muita gente que conheço, se tornando uma data "comercial". Em vez de o 8 de março nos lembrar que ainda há muita coisa para se fazer pelas mulheres, as empresas só pensam que é preciso incentivar o comércio com mensagens do tipo "compre alguma coisa para a mulher que vc mais ama", assim como o Dia das Mães, o Dia dos Pais e assim por diante. Essa é apenas minha opinião! (E tb a primeira vez que escrevo aqui na lista.) Um abraço, Danielle.
ENTREVISTA
THE VALERIES 1. O nome da banda é inspirado em Valerie Solanas. Todas vocês leram o livro dela? O que acham do livro? E da Valerie Solanas?
Todas nós lemos “SCUM Manifesto”. Não concordamos com tudo o que Solanas disse, mas a admiramos e somos intrigadas pelo mistério que foi sua vida. Solanas foi uma personagem solitária, e quem sabe, se suas idéias fossem entendidas e ela tivesse algum apoio verdadeiro, sua vida não teria tomado um rumo diferente? Talvez ela fosse, hoje, mais uma heroína do que uma vilã. Acho que ela foi uma revolucionária incompreendida e confundida. 2. Vocês são três garotas, não é? Estou perguntando porque Vince me parece nome de homem (hahahahha). Sim. Valerie é um trio de garotas. Vix é a forma abreviada de Victoria, não Vince. 3. Como definem a música de vocês? Qual estilo? Nossa música é uma mistura de muitos gêneros e estilos! Começamos com lo fi punk, com um pouco de riot grrrl. Depois alguns disco beats com um pouco de hip hop. Depois lançamos o EP “Punk v Disco”. Acho que nos encaixamos melhor no lado punk da coisa, o disco é apenas pra dar um pouquinho de diversão. 4. Li algumas resenhas no site de vocês e creio que as pessoas gostam de The Valeries no palco. O que vocês sempre fazem no palco que as pessoas gostam tanto? Somos muito mais uma banda ao vivo. Acho que as pessoas gostam de nós no palco porque nunca fazemos shows iguais. O público nunca sabe o que vai acontecer. Em uma gig pode sair tudo perfeito. Na outra, posso esquecer todas as letras e gritar. É claro que nunca vamos mudar o mundo com a nossa música, então tentamos ser o mais divertidas possível no palco e tentamos envolver o público o máximo possível. Algumas pessoas sobem no palco para tocar, fazemos joguinhos e jogamos prêmios. Elvis coloca um monte de fantasias, máscaras… Também tocamos covers e dançamos. É muito divertido. 5. O que vocês ouvem? Quais são suas influências? Gostamos de um monte de bandas… The Smiths, Das Wanderlust, Blur, Bette Davis and the Balconettes, Gorillaz, Elastica, Yeah Yeah Yeahs, Gang of Four, Wedding Present, The Blue Minkies, Erase Errata, Numbers, Electrelane, Wet Dog, Smartypants, New Order, Bikini KIll, Sleater-kinney, Liars, Wire, Salt n Pepa, Hang on the Box, Beastie Boys, Graham Coxon, Le Tigre, Gossip,Buzzcocks, X Ray Spex, Gravy Train e muitas outras...
Se alguém quiser ouvir o som do The Valeries, me escreva e eu mando em mp3!!!
Eco-feminismo O termo eco-feminismo foi proposto pela francesa Françoise d’Eaubonne que assim chamou a atenção para a contribuição que o movimento feminista poderia trazer para as lutas ecologistas.
Tal como se podem encontrar vários feminismos, também assim será possível identificar outros tantos ecofeminismos.
Comum entre todos os eco-feminismo é a tese segundo a qual existe um paralelismo e uma mesma lógica entre a relação de dominação dos homens sobre a natureza e a relação de dominação masculina sobre a mulher no contexto das nossas sociedades patriarcais. Ou seja: a caracterização da natureza como objeto não é substancialmente diferente da consideração da mulher como objeto.
As causas para a dominação da mulher e da exploração da natureza são pois de caráter eminentemente históricosocial, das estruturas de poder e de dominação que se institucionalizam em modelos sociais de comportamento e padrões culturais dominantes.
Daí que o eco-feminismo adote uma perspectiva anti-hierárquica, contra a violência e o militarismo. A resistência feminista e ecologista são dois aspectos da mesma luta para as eco-feministas.
Podemos identificar , entre outras, quatro correntes no eco-feminismo:
a) o eco-feminismo de caráter cultural, próprio do feminismo radical dos anos 70 e 80, que valoriza os aspectos vivenciais e pessoais, sem negar no entanto a problemática sócio-político das questões ambientais. Esta corrente preconiza a procura de novas relações espirituais
b) o eco-feminismo social que se preocupa mais com as questões sociais e as transformações das estruturas sociais e políticas para a natureza e a mulher assumirem outro lugar que não de simples objeto de uso e exploração
c) o eco-feminismo pluralista e contextutalista que defende teses ligadas ao relativismo ético, ao pluralismo e diversidade cultural, e que rejeita as dualidades da cultura ocidental (homem-natureza, corpo-espírito, razão-emoção, civilizado-primitivo, mental-manual, macho-fêmea). Esta corrente crítica qualquer "masculinização" da mulher o que a levaria a tomar o papel de dominação protagonizado até agora pelo homem.
d) o anarco-feminismo que mobiliza as críticas feministas ao poder patriarcal como as ideias libertárias de crítica aos vários poderes ilegítimos e às estruturas de poder verticais, preconizando formas de organização social de caráter horizontal.
Fonte: não sei, mas gostaria de saber (rs).
Uma das bandas resenhadas no zine é a Triste Fim de Rosilene. Achei na Internet a resposta de uma entrevista que a Dani, vocalista da banda, deu e pedi autorização a ela pra publicar aqui no zine. Enjoy!
9- De uns tempos pra cá muitas mulheres foram eleitas em cargos políticos, e até uma candidata a presidente tivemos. Qual a sua postura com relação ao feminismo caduco e elitista, que literalmente só falta propor que a mulher brasileira tenha direito a "salão de beleza público" e como combatê-lo? – Infelizmente, é essa face do feminismo que a maioria das mulheres conhecem como feminismo. Um feminismo que só diz respeito às mulheres burguesas é igual a nada para mim. Como é que se fala de mulher liberta com essas mesmas explorando ainda mulheres pobres? Libertação para mulheres brancas/burguesas não é feminismo, é elitismo mesmo. Eu dou muito valor a tudo conquistado por nós, mas isso não significa que está tudo aí já. Eu acho que nós nos deixamos levar de uma perigosa maneira. Deixamos que fizessem dessas “realizações” o argumento usado sempre para fazermos ficar mais quietas. A maioria do que apontam como conquistas femininas só camuflam o machismo implícito na maioria das coisas que vemos dia-a-dia. Eu odeio ver, por exemplo, no dia 8 de março aquela horripilante cena das mulheres todas na rua com umas florzinhas nas mãos, voltando pra suas casas. Como é que elas ainda se convencem com isso? Será que dar valor à mulher é somente entregar uma florzinha vagabunda para ela com um “feliz dia blábláblá” e pronto? A maioria das que recebem esses “mimos” voltam para suas casas, para seguir numa jornada dupla de trabalhando cuidando dos filhos e do maridão e indo dormir esgotada para no outro dia repetir tudo de novo. Por que então as feministas não combatem isso? Eu sei, eu sei, tem muitas que o fazem, mas será que a maioria das mulheres brasileiras tem consciência do que está acontecendo. Uma vez ouvi numa música foda a frase “revolução sexual é só uma farsa voltada ao interesses dos homens” – concordo plenamente com ela. É ridículo se dizer ser liberada quando você vê que o que acontece com quem toma realmente posse de si e faz o que realmente quer é simplesmente ser tratada como lixo ou como um simples reservatório de esperma, sem mais nenhuma utilidade. Outra coisa que me enoja demais é a mídia voltada à mulher (leia-se revistas tipo Nova, Cláudia entre outras e programas diários como Mais Você, Note e Anote etc.) que é extremamente machista e continua a fazer o que sempre fez, desde sempre: tentar nos ensinar novas receitas para sermos boas cozinheiras (para não ficarmos frustradas e nem frustrar o maridão), a ficar gostosona e com o visual em dia com a moda (para você ser valorizada e não ficar frustrada se não conseguir sair no fim de semana com aquele gatoooo), a ficar a par de tudo que você DEVE fazer para ele se satisfazer na cama (mesmo que você fique deprimida depois) por que você precisa deles – por mais que eles sejam bobos e infantis. Pô, quer queria ou não essas porcarias são meios de comunicação e formadores de opinião. Mas aí você se pergunta “então porque tem tanta mulher que consome isso?” Eu acho muito foda ter mulheres ocupando cada vez mais e mais novos cargos antes negados, mas não é simplesmente isso que a caracteriza como uma mulher liberta. O lance todo para mim é rever conceitos e se questionar. Se as coisas estão assim do jeito que estão, uma boa parcela de culpa é nossa. Temos de tomar de volta nossas vidas. Quebrar essas barreiras bestas e sair dessa posição de meras expectadoras – mesmo que estejamos assistindo a vida passar sentada numa linda poltrona, dentro de uma casa confortável que compramos com o suor do nosso trabalho (o que muito difícil, devido às condições atuais; e levando também em conta que ainda hoje em dia vemos mulheres recebendo salários mais baixo que os dos homens em alguns lugares).
CARTAS
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A seguir, mensagem que escrevi para o Moésio, da ANA (Agência de Notícias Anarquistas), comentando uma monografia sobre anarcofeminismo que ele gentilmente me enviou.
Caro Moésio, Acabo de ler a monografia “Existência feminina e anarquismo: autencidade em xeque?”. Devo confessar que não prestei muita atenção ao título. Comecei a ler com ganas de encontrar material farto e novo em termos de anarcofeminismo. Espero que não se chateie com meus comentários, são os mais sinceros possíveis. Como você mesmo disse anteriormente, são minhas “inquietações”. Vê-se, primeiramente, que esta é apenas a monografia de uma pessoa, aparentemente muito nova, se formando em psicologia. Quem sabe, no futuro, no decorrer de sua vida acadêmica, sejam de sua lavra trabalhos mais elaborados sobre anarcofeministas? A primeira parte, “Mulher, História e Anarquismo” deixou um pouco a desejar, mas não podemos culpar a autora do texto, pois é escassa a literatura anarcofeminista no Brasil e no mundo. A segunda, “A fenomenologia como método para a compreensão das mulheres”, mais ainda, pois não entendo nada de psicologia. Talvez alguém que já tenha estudado um pouco a matéria tenha condições de entender esta parte melhor do que eu. Fenomenologia? Não é comigo... Por fim, o que me interessava mesmo eram as entrevistas com as anarcofeministas. Tentei reconhecer alguma delas, mas não pude, pois seus nomes foram transformados em fictícios para proteger a privacidade delas. Talvez isso seja praxe em trabalhos de psicologia, mas não vejo problema algum em se identificar, ao menos neste trabalho, já que nada de comprometedor é dito. Os nomes dos grupos ou coletivos também são omitidos, no entanto dá para entender que um deles é o CMI... A entrevistada mais velha (achei horrível o termo “velhice” se referindo a esta mulher no início do trabalho) também é facilmente identificável. É claro que se aprende algo com a monografia, ou ao menos refresca-se a memória de quem já estuda o anarquismo e/ou o feminismo há algum tempo. O tema de seu trabalho foi muito corajoso, mas não cheguei a muitas conclusões por meio dele, a não ser que nós, mulheres anarcofeministas, somos incoerentes o tempo todo, o que seria uma meia-verdade. Quase todas as entrevistadas eram muito novas (19 e 22 anos, e uma de 60 anos) e considero o corpus muito pequeno para um trabalho científico, de apenas 6 pessoas. Que conclusões se pode tirar de uma amostra deste tamanho? Os discursos das entrevistadas se repetem (principalmente em relação às piadas machistas feitas pelos companheiros anarquistas) e uma delas faz algo desagradável, autodepreciando as próprias companheiras (“... tem muita mulher anarquista que é assim louca, possessiva...”). Os depoimentos mais interessantes, a meu ver, foram o da jornalista, a da secretária de 19 anos e que tem um filho de 3 e o da professora universitária. Enfim, foi bom saber o que as companheiras andam pensando, mesmo sem saber quem elas são, como atuam e a que grupo estão vinculadas. A autora da monografia teve boa vontade, mas deveria ter escolhido mais mulheres e se arriscado mais, dando seus nomes e os grupos aos quais pertencem, pois, para mim, as entrevistadas tornaram-se mulheres anarcofeministas invisíveis em seu trabalho. Novamente insisto que gostaria de saber a conclusão a que chegou a autora do texto, visto que seu trabalho não apresenta uma.
RESENHAS zines RESENHAS zines RESENHAS zines RESENHAS
Bunnies on strike é um projeto de duas meninas, Tanja e Manuela, da Holanda. Um projeto ambicioso, que envolve um zine, “spoken word" e “radical cheerleading”. Neste primeiro número do zine, com um monte de páginas e que pode ser baixado da Internet (depois vc pode imprimir e só colar as páginas), vc encontra os textos delas, que também estão num CD. Os textos do zine mais parecem poesias, ou letras de música, mas tem assunto para todos os gostos: valores morais no punk (“So you want to be a punk?”), anti-tortura animal (“Test-bunnies on strike), amizade (“Making friends”), feminismo (“Female competitiveness game”), futebol, amor, arte e muito mais. No final, há um teste muito legal chamado “Are you the ultimate babe?”, um “questionário de beleza” que não tem nada a ver com esses que a gente encontra por aí nas revistas femininas. Eu adorei “Words like knives”, da Tanja, e “What´s your goal in life?”, Manuela. Contatos: Manuela@bunniesonstrike.cjb.net ou Tanja@bunniesonstrike.cjb.net / http://bunniesonstriketalking.tk / http://bunniesonstrike.cjb.net
Doris # 22 – Eu leio resenhas do zine Doris há muito tempo nos zines gringos... Daí um dia escrevi para a Cindy e pedi um. Ela me mandou o vigésimo segundo número do Doris (puxa, eu nunca vi um zine durar tantos números!) e parece que ele foi feito especialmente para mim (rs)! Tem textos muito pessoais da autora, mas eu gostei mesmo foi da entrevista feita com ela, que falava basicamente de feminismo e anarquismo. Muito sincera!!! Tem uma outra entrevista “fictícia”, mas bem pequena, piadinhas e um texto bem elucidativo e didático sobre contracepção de emergência, com uma lista tanto de remédios alopáticos quanto naturais. (PO Box 1734 – Asheville, NC 28802 – USA)
Homo Multi-Ação # 1 - Puxa, eu adorei esse zine, por 3 motivos básicos. O primeiro é que o zine estava sendo distribuído no show de 10 anos de Dominatrix. Segundo, era de graça. Terceiro, dá pra ver que é um zine de uma galera bem novinha mas que sabe o que quer. A única coisa que me incomodou foi ler que uma professora, dentro de uma escola, não queria encaixar a homossexualidade em um dos casos de preconceito. Pedidos – poppys.unloved@gmail.com (Poppys Riot) ou paula_arrobahotmailpontocom@hotmail.com
Barreira de língua é uma merda. Recebi um zine da Polônia, o Siostra Iolanta, e não consigo ler. É material anarcofeminista!!!! E em forma de quadrinhos. Bom, eu pelo menos percebi que é uma freira, mas radical (na última página, aparece a freirinha quebrando um crucifixo e dizendo “Fuck Off and Die!)”.
Pony Express Zine # 1 – Tente imaginar um zine feito só com cartões postais recebidos pelo editor. Criativo, não? Pois foi isso que a Rebekah fez no início desse ano. Tem gente de tudo quanto é lugar, com as mais diversas experiências, mandando mensagens e cartões postais para ela. Tem até um meu... (rs). Desenhos, cartinhas, bilhetinhos, poesia, selos, grafismos... Toda a correspondência recebida por Rebekah em junho de 2006. Tem até carteirinha de biblioteca! 56 páginas. Contatos com Rebekah Buchanan – P. O. Box 3482 – Philadelphia, PA – 19122 or rebekahb@temple.edu
Zine MútuoAção # 3 - Parabéns para a Luiza Uehara, que conseguiu chegar no terceiro número de seu zine MútuoAção. Gostei bastante desse zine que traz Frida Kahlo na capa e, dentro, textos sobre o 8 de março, Marcha Mundial de Mulheres, resistência na Alemanha e sobre o valor de ser feminista. Os textos são curtos e fáceis de ler. Formato pequeno, 8 páginas. Contatos: Luiza Uehara – Av. Benjamim H. Hunnicut, 2367, casa 14 – Guarulhos/SP – 07077-250 / zinemutuoacao@hotmail.com / hcreligion@hotmail.com
RESENHAS música RESENHAS música RESENHAS música RESENHAS
SILENTE / BRUTUS Hardcore politizado vindo de Brasília, o Silente faz um som rápido e espontâneo com vocais bem rasgados no estilo de bandas como Los Crudos, enquanto o Brutus, de Portugal, é mais puxado para o hardcore crust com vocais tipo Extreme Noise Terror. O conteúdo do Ep é bastante interessante com uma qualidade gráfica bem legal, traz um encarte livreto com as letras e muitas informações. A qualidade sonora tá bem legal também. Alice, que toca no Silente, também faz um zine muito legal que pode ser conferido no site http://www.lacarnissa.cjb.net/. Contatos: Caixa Postal 317 – Brasília/DF – 70359-970 (falecomsilente@yahoo.com.br) / http:/silente.cjb.net (parte da resenha: Marcelo “Rot”).
TRISTE FIM DE ROSILENE Bem, a banda que interessa ao zine neste CD-compilação é a Triste Fim de Rosilene, que tem 10 músicas aqui. Todas as letras são em português e o som da banda é forte, bom mesmo, assim como os vocais da Dani, que canta junto com o Ivo, que também toca guitarra e baixo. Muito boa essa banda de Sergipe, eu particularmente gosto de bandas com “vocais mistos”... A letra mais legal é a de “Erguendo-se sobre suas próprias pernas” (“Aprisionar a sua espontaneidade é banir a sua própria essência”), mas também tem um cover bem legal da lendária Karne Krua no final. O legal desse projeto é que o CD veio junto com um fanzine chamado “xpoisonfree”, supercaprichado, com capa colorida, boa diagramação e ótimo conteúdo para quem curte straight edge hardcore. O CD apresenta 3 bandas (Ofensa, Mais Treta e Triste Fim de Rosilene) com 30 sons. Para contatos com a banda, escreva para tristefimderosilene@bol.com.br. Para adquirir o CD compilação, escreva para Fabiano Azevedo Passos (Estopim) / Av. Joana Angélica, 1576 ap. 1102 – Salvador/BA – 40050-002 / www.estompimrecords.com.br / contato@estopimrecords.com.br
PUT SOME PUSSY IN YOUR PUNK!!! –VOL. 2 Essa coletânea maravilhosa é organizada pela não menos maravilhosa Renae Briant, colunista da MMR e band leader da All Or Nothing H.C. Com o mesmo tema sadomassô na capa, com a mulher maltrando o cara, é claro (rs), esse segundo volume traz 31 bandas, cada uma com uma música, só de mulheres ou lideradas por mulheres. Ela não precisa disso pra provar que é fodona, mas o cd traz vários sites de organizações que lutam por causas sociais. As bandas? All Or Nothing H.C., é claro, All Out Attak, Bang Yer Head, Bitchcat, The Booty Olympics, Bruise Violet, Daddy, Dead End Heist, Death Cookie, Female Chauvinist Pigs, The Front, Graveyard School, Hand Grenade Hart, Help me, Help me, Hymen Maneuver, IFG, Madame Morte, Magnetic Iv, Manhunt, Midnight Creeps, Naked Aggression (que também estava na coletânea anterior e eu simplesmente amo!), The Profits, The Sacred Cervix, Short Lived, Sister Mary Rotten Crotch, The Strap-Ons, Super Zeroes, Third Grade Teacher (essa deve ter sido inspirada na Renae, pois ela é professora primária!), 3 Kisses, Undergirl e White Trash Debutantes. Os estilos são os mais variados, mas tem muita banda de hardcore. Poucas saem do estilo. Diferentemente da primeira coletânea, que tinha a maioria das bandas da Califórnia, essa tem bandas de todos os EUA. Para adquirir escreva para webmistress@ontherag.net
LUCID NATION – PUBLIC DOMAIN: THE BEST OF LUCID NATION Lá estava eu mendigando material de bandas de mulheres gringas e eis que surge um CD... duplo! Percebi pela capinha do CD que a banda já teve várias formações (ao todo, passaram 14 mulheres pela banda!), inclusive com integrantes de bandas já conhecidas da cena riot grrrl, como Jody Bleyle do Team Dresch, Patty Scheme do Hole e Greta Brinkman do L7. Ao todo, são 36 músicas das meninas que já abriram shows para bandas como Team Dresch, Sleater Kinney, The Breeders, Tribe 8 e Bikini Kill, bem como já tocaram em eventos do Food Not Bombs e dos Panteras Negras, em sua segunda fase, mais política. O estilo? Vai do punk agressivo à canções mais melódicas... Foi com estas últimas que alcançaram o topo das paradas em “college rádios” dos Estados Unidos, inclusive. Keith Richards, do Rolling Stones, gosta de Lucid Nationk, acredite! Atualmente a formação conta com Justin Citron, Arianna Menonn, Ronnie Pontiac e LaFrae Sci, que já estão gravando material para um próximo CD. Para saber mais sobre a banda: www.lucidnation.com / www.myspace.com/lucidnation
GERTRUDE - FETCH THE PARROT BLANKET Gertrude está na cena londrina há 9 anos. Fetch The Parrot Blanket foi lançado no início de 2006. Não sei como definir esta banda, só sei que posso chamar o som de rock! (rs). É bem tocado, mas não é o meu estilo. A banda é composta por quatro mulheres, que tocam bem, mas o som não me agrada muito... Talvez o som seja muito certinho, sei lá. O terceiro som do CD é bem legal e se chama “Drowing in Plastic”. O quinto som começa engraçadinho e depois as garotas dão um certo peso à música que se chama “Suzanna”. As minas são tão fodas que elas tocaram, produziram, foram engenheiras de som e mixaram o CD. E tenho dito! (rs). Contatos: 68ª Farleigh Rd / London / N16 7TQ – UK / iona@gertruderock.com / www.gertruderock.com
The Gertrudes – Foto: Mark Bukumunhe
ZOMBINA AND THE SKELETONES Banda de pop punk de Liverpool apresenta seu novo EP (o terceiro), com três músicas (Staci Stasis, Astroboys e Red Planet). É engraçado ver um EP em forma de CD, ao menos para mim, que já sou “veia” (rs). Antes haviam gravado “Mondo Zombinal” em 2005 e o single “I was a human bomb for the FBI” em 2004. Em 2002 lançaram um LP chamado “Taste the Blood of Zombina and The Skeletones”. O visual da banda é bem maluco! São três caras e duas meninas, todos meio que travestidos de roupa espacial prateada (rs). Detalhe: os meninos de shortinho e as meninas de sainha e arminha que sai raio! Pelo que vi no site da banda, eles gostam de um visualzinho bizarro meeeeeesmo (rs). Lá estão eles com visual “monster”, com saguinho artificial e tudo. O som é gostosinho, nem parece aquele bando de malucos da capa do cd tocando (rs). Inclui um minizine com história em quadrinhos falando sobre o cd. A música que abre o cd e dá nome ao ep é a melhor! Contatos: skeletone5@hotmail.com / P. O. Box 123 – Liverpool, L17 2WX / www.zombina.com
HC SCENE 6 Poucos projetos duram tanto como o HC Scene do Cientista, do sul do Brasil. Neste trabalho ele se supera, trazendo junto com um o CD um vídeo do making-of do terceiro cd da banda Surface, em que ele toca. Uma ótima produção. Além das músicas, também há textos, resenhas de zines e biografia das bandas. Mas quem não é tão adepto de tecnologia assim também tem a chance de conferir os textos e tudo mais no fanzine que acompanha o material, nesta edição comemorativa de 10 anos. Se eu não me engano, esse era pra ser um número especial só com bandas de mulheres, mas não rolou. No CD, há 24 bandas, cada uma com um som. As melhores, pra mim, são The Rosettes, banda da Alemanha, Bisk8 com Refresco e Surface, do Brasil. Contato: Luis Eduardo – Caixa Postal 306 – Londrina/PR – 86001-970 / cientista1@hotmail.com / www.cenahardcore.com.br / (43) 9979-3930
THE GEEK GIRL O cd que eu recebi tem quatro sons desse trio de Manchester composto por Fi (responsável pelo vocal e pela guitarra), Ted e Joel. São bem profissionais, o material que acompanha o cd é de qualidade e eles inclusive são agenciados pela XIth Hour Artists Management London. A música que eu mais gostei foi a terceira, chamada. Bom, eu não vou falar nada dos marmanjos da banda, só da Fi (rs). Ela também sabe tocar o piano e toca desde os nove anos. Espantados com a precocidade da menina? Ela escreve música desde os 14 aninhos... Ainda por cima o nome dela é Sofia, o nome da minha futura filha. Ai, acho que estou apaixonada (rs) O CD que eu recebi tem 4 sons, mas descobri que eles me enviaram uma versão promo do CD May contain traces of boy, que tem, na verdade, nove músicas. Às vezes lembra um pouco P.J. Harvey, mas nem de longe tem a densidade de dona P. J. Não é gritado, mas tem atitude do mesmo jeito. Dá até para entender o que a menina canta (rs). O site da banda é o www.geekgirl.co.uk Contatos: geekgirl@rockchick.co.uk
BIG JOAN – INSECTS AND ENGINES 10 sons, mas não me pergunte o ritmo certo... No MySpace eles se autodefinem como “2step/industrial/bluegrass. Infelizmente não é muito meu tipo de música.... Não sei dizer o motivo, mas não consegui ouvir o cd por muito tempo, mesmo com o vocal feminino de Annette Berlin e tal. Mas pode te agradar... Ouça quatro músicas novas no MySpace (www.myspace.com/bigjoan) Até tem uns trechos pesados, mas não caiu no meu gosto... Pra não dizer que não há nada de bom, gostei de “Tiger”, em que aparece bastante o baixo. Aliás, o baixo aparece bem em um monte de músicas nessa banda. Ouça e tire suas conclusões. O cd, desta banda que está na estrada desde 1999, foi gravado em Bristol. Sei que já lançaram mais material desde que enviaram essa amostra pra mim. Tem capinha supercolorida, mas com poucas informações, tipo letras das músicas, contato etc. Site da banda: www.bigjoan.com
THE AMBER SLIPS – AND THEN THE AMBER SLIPS A banda é formada por Emma (que toca guitarra e violinos), Rachel (vocais), James (baixo) e Joy (bateria). Achei a música muito devagar, muito melodiosa. Não quer dizer que seja ruim. Apenas é o tipo de música que eu não curto muito. São apenas três faixas, mas o profissionalismo da banda fica claro quando vemos os créditos no CD. O som é trabalhado, o vocal da Emma é belíssimo. Talvez pra se ouvir quando se está apaixonada... Como a gravação é caseira, não dá para ver o nome dos sons. E eles nem para colocar na capinha, que é feita de xerox. Música bem produzida, parte gráfica zero (rs)... A página da banda (www.amberslips.co.uk) também não funciona mais...
THE CHERRY BOMBERS Quatro mulheres londrinas, de visual super indie, umas fofas, começaram a tocar juntas há uns três ou quatro anos, como “Tea Rosie and the Starletts”. Deve ser o máximo ver o punk rock meigo mas ao mesmo tempo enérgico dessas meninas ao vivo. Este cd traz apenas dois sons, “Turn Around” e “Backseat Lovers”. São uma gracinha!!!! Música que entusiasma, sem ser pesada, nem muito lenta, nem muito rápida. Ameeeeei! Você pode ouvir a música delas em http://www.myspace.com/thecherrybombers. Dê uma olhada também no site www.thecherrybombers.com. Contatos: park@globalnet.co.uk / Olívia Airey – 33 Clifton Road – London – N22 7XN – U.K.
ALL OR NOTHING H.C. – WHAT DOESN´T KILL YOU... Este é o terceiro registro (que agora é lançado pela Rodent Popsicle Records) desta maravilhosa banda californiana liderada pela Renae Bryant, que toca com mais três caras do sul da Califórnia. Os dois CDs anteriores foram gravados pelo selo da própria Renae, a On the Rag Records. Doze sons maravilhosos, fortes, que me lembrar um pouco Agnostic Front! Imagine, já tocaram com Naked Aggression e UK Subs! Na parte interna do CD estão listados vários sites de ongs. Contatos: webmistress@ontherag.net / www.ontherag.net
ER DAILY OBSESSION Um dia veio tocar uma banda emo no Brasil da qual eu nunca tinha ouvido falar. E sem querer topei com a banda da irmã de um dos caras dessa banda! Ah, nome da banda do irmão dela? Good Charlotte! E o nome da vocalista é Sarah Madden. O profissionalismo do material promocional dos caras é de dar medo! Veio uma pasta preta, sóbria, com uma foto tamanho A4, cartão da banda, release em papel de capa dura e um CD single! Bom, a banda é de Washington, e as pessoas acham o vocal dela parecido com Debbie Harry. O que eu achei da banda? Maravilhosa! É muito dançante, você percebe que as pessoas que tocam realmente entendem o que estão fazendo. Para terem uma idéia, recebi o single há quase um ano e não consegui esquecer o groove da música até hoje! Depois de ouvir essa banda, você não consegue ficar parado! Pena que a banda acabou, segundo o que li na página deles no MySpace (www.myspace.com/herdailyobsession). Lá dá para conferir 4 músicas da banda. Contato: herdailyobsession@yahoo.com /
THE MINGERS – PASSION NOT FASHION A arte deste CD é muito bonita, uma capinha de papel fosco, com fotos dos integrantes da banda em preto e branco... Não tem caixinha de plástico, é tudo em papel cartão. E dentro dessa caixinha, que tem todas as letras das músicas, tem uma capinha de papel com o cd dentro. Hard core bem tocado, a banda traz os vocais femininos de Talia em 11 sons. Banda do Reino Unido, mais especificamente de Leeds. Para ouvir, clique em http://www.myspace.com/themingers. O site da banda é o www.themingers.com. Para contatos, escreva para Peter Morley: peter.minger@ukonline.co.uk
Nova revista anarco-feminista em Dublin, Irlanda A RAG é uma revista produzida por um grupo diverso de mulheres anarco-feministas de Dublin. Nós somos todas feministas, unidas em nosso reconhecimento de que a subordinação da mulher existe. Nossa luta precisa ser travada ao lado da luta contra outras formas de opressão, e não tratadas como uma reflexão posterior ou como se fosse um passatempo. Nós todas somos anarquistas, unidas pela convicção da necessidade de criar alternativas à sociedade capitalista e patriarcal, em que todas/os são dominadas/os e exploradas/os. Embora o anarquismo seja, em teoria, inerentemente feminista, na realidade isto é, por muitas vezes, um pouco diferente. A RAG foi criada com o afã de trazer uma publicação feminista para dentro da esfera anarquista. Nós esperamos que a revista contribua para uma mudança na organização anarquista em todos os níveis. Nós desejamos um papel inteiramente participativo para as mulheres no anarquismo. O primeiro número da revista levou mais de um ano para ser produzida, e foi um processo importante e satisfatório. Nós levamos tempos para nos conhecermos umas às outras, para conversar em grupos e para discutir e desenvolver nossas idéias. Enquanto algumas mulheres na RAG já eram antigas organizadoras políticas, outras se aproximaram do grupo vindo de uma série de diversas formações. Permanecemos comprometidas a uma estrutura não-hierárquica dentro do coletivo, com rotatividade de organizadoras, compartilhamento de habilidades, edições em grupo, ajuda mútua e respeito, e, quando possível, realizando decisões por consenso. Com o decorrer do tempo membros vêm e vão, mas o espírito coletivo permanece constante e, esperamos que continue acolhedor, comprometido e autogerido. Durante o ano passado e mais a metade do outro nós mantivemos discussões dentro de uma variedade de temas, desde maternidade à indústria do sexo, assistimos filmes feministas, tivemos uma campanha pró-escolha com colagem de adesivos, organizamos uma jornada anarquista e oficinas, trocamos e compartilhamos livros e zines, construímos amizades e nos apoiamos umas às outras. Esperamos que esta revista forneça sustento para se pensar e provocar discussões. Confiamos que as leitoras fiquem inspiradas para montar seu próprio coletivo feminista, organizar oficinas, começar e continuar escrevendo, como também para trazerem os princípios anarco-feminista para as ruas que é onde eles vivem. Por favor, nos contate com suas críticas e idéias para nos falar do que achou da revista e do que você gostaria de ver postado nas futuras edições. Se você é uma mulher que vive em nossa região e está interessada em escrever ou se organizar para a revolução, por favor, venha se juntar a nós. Este é somente o começo! Amor e Solidariedade, RAG - Revolutionary Anarcho-Feminist Group POB 10785 – Dublin I – Ireland E-mail: ragdublin@riseup.net www.ragdublin.org O primeiro número da revista RAG tem 42 páginas e capa colorida. Veja o sumário: Guerilla girls; FW:fwd:... só repassar e dar risada?; ”Unschooling”: vamos liberar; Sindicalizando o trabalho sexual; Resenha de livro: mother shock!; O olho da mulher; Receita de chá contra cólica; Mulheres e anarquismo; Cultura do estupro; Violência sexual em nossas comunidades; Doulas como prática feminista; Raiva: renascida e transformada; Saúde feminista organizada; Imigrante perpétua; Lugares para nada em Dublin e adjacências; Ficando mal com a cistite; Diário de bordo de Khatarina; e RAG recomenda... Algumas fotos da festa de lançamento da revista: http://www.indymedia.ie/article/78482 Tradução: Marcelo Yokoi e Danielle Sales
RESENHAS
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Neste número não tem entrevistas com as mamães... Uma pena! Mas resolvi colocar aqui no zine trechinhos de um ótimo livro que acabei de ler, chamado “Como se ensina a ser menina”, de Montserrat Moreno. Apesar de o livro ter sido escrito no contexto espanhol, o que a autora escreve também se aplica a nós, brazucas. No livro, a autora revela a visão sexista – discriminação entre os sexos – na sociedade e, conseqüentemente, na escola. Queria fazer uma resenha, mas achei melhor colocar aqui trechos do livro para que vocês se inspirem! (rs)
O sexismo está presente na linguagem, nos conteúdos das diferentes disciplinas do currículo escolar e na forma de apresentação desses conteúdos no livro didático. A linguagem utilizada na apresentação do conhecimento científico está impregnada de sexismo e a escola, por seu caráter normativo e por seu papel de transmissora daquele conhecimento, também está contaminada pelo sexismo, que substitui o código secreto e silencioso que molda e discrimina o comportamento de meninos e meninas, homens e mulheres. O livro apresenta, de um lado, a presença do sexismo na escola e conseqüentemente no ensino e, de outro, a crença nas possibilidades de superação desse quadro, pois as grandes realizações da humanidade foram, em algum momento, utopias e para construí-las foi preciso sonhar. Os fundamentos científicos que discriminam a mulher devem ser recusados pela escola. A escola tem marcada uma dupla função: a formação intelectual e a formação social dos indivíduos, ou seja, seu adestramento nos próprios modelos culturais. Em lugar de ensinar o que os outros pensaram, pode ensinar a pensar; em lugar de ensinar a obedecer, pode ensinar a questionar, a buscar os porquês de cada coisa, a iniciar novos caminhos, novas formas de interpretar o mundo e de organizá-lo. A ciência, assim como a inteligência, não nos conduz à verdade (mesmo que esta seja sua presunção), mas simplesmente nos permite elaborar modelos e explicações dos fenômenos que ocorrem ao nosso redor e em nós mesmos. Todo pretenso fundamento científico em nome do qual se discrimina a mulher deve ser energicamente rechaçado e criticado pela escola, para que esta não se converta em cúmplice da manipulação ideológica da ciência e para que se rompa, assim, a cadeia de transmissão do androcentrismo. O androcentrismo, um dos preconceitos mais graves e castradores de que padece a humanidade, vem impregnando o pensamento científico, o filosófico, o religioso e o político há milênios. O androcentrismo consiste em considerar o ser humano do sexo masculino como o centro do universo, como a medida de todas as coisas, como o único observador válido de tudo o que ocorre em nosso mundo, como o único capaz de ditar as leis, de impor a justiça, de governar o mundo. Se a mulher os tolera, é porque ela mesma participa do pensamento androcêntrico e tem inconscientemente aceitado toda as suas idéias; e mais, em inúmeras ocasiões, é sua principal defensora e, na imensa maioria das vezes, sua mais fiel transmissora. O homem é o centro da espécie humana; está é uma idéia ridícula que não se conseguiu eliminar desde que, há milhares de anos, começou a se impor. (...) devemos introduzir o ponto de vista da mulher, e uma das muitas formas de fazê-lo é por meio da educação.
Tudo o que fazemos, como nos comportamos, a forma de pensar, falar, sentir, fantasiar e até sonhar, sofre influência da imagem que temos de nós mesmos. E é a sociedade e não a biologia ou os genes que determina como devemos ser e nos comportar, quais são nossas possibilidades e nossos limites. A mitologia ocidental considera a mulher uma propriedade do homem por ter sido ela criada a partir de uma de suas costelas (...) Os modelos de conduta são as diretrizes que guiam o comportamento dos indivíduos, suas atitudes e sua maneira de julgar os fatos e os acontecimentos que os rodeiam (...) constituem o sucedâneo do pensamento inteligente, porque implicam a submissão da razão às normas dos costumes estabelecidos. É necessária uma mudança mais profunda na mentalidade dos indivíduos, e o lugar privilegiado para introduzi-la é exatamente a escola. Para que isso seja possível, é necessário tomar consciência dos mecanismos inconscientes de transmissão do modelo que queremos modificar. As palavras que escondem idéias implícitas atuam como estimulantes ou repressoras de uma eficácia muito superior à dos discursos claramente formulados. A imagem da mulher e do homem que se passa aos alunos por meio dos conteúdos do ensino contribui intensamente para formar seu eu social. A balança da eqüidade lingüística desequilibra-se assombrosamente no momento em que, por razões de economia, é preciso utilizar uma forma comum para referir-se a indivíduos de ambos os sexos. As meninas devem aprender sua identidade sexolingüística para imediatamente renunciar a ela. (...) invariavelmente a forma masculina ocupa o primeiro lugar na frase. Mas não só a linguagem oral refletirá a discriminação sexista na escola. A palavra impressa, a qual tanta importância se concede desde as primeiras séries em que se aprende a ler, se encarregará de reforçar visualmente o modelo lingüístico androcêntrico. (...) ao iniciar-se na aprendizagem da leitura, as meninas pequenas – e também os meninos – interpretam o significado das palavras escritas a partir do desenho que costuma acompanhar nos livros de leitura, mudando e deformando a interpretação do texto para adequá-lo à imagem que o ilustra. Uma insignificante porcentagem das ilustrações representa indivíduos do sexo feminino. Vemos como os livros de linguagem não ensinam só a ler, assim como não é o domínio do idioma a única a única coisa que cultivam, mas sim todo um código de símbolos sociais que comportam uma ideologia sexista, não explícita, mas incrivelmente mais eficaz do que se fosse expressa em forma de decálogo. A linguagem e a forma como se ensina (...) estão impregnadas da ideologia androcêntrica e contribuem ativamente para a formação dos padrões inconsistentes de conduta nas meninas e nos meninos (...). (...) o mais freqüente é que os textos escritos por mulheres se expressem no masculino, uma vez que nos é mais fácil renunciar à nossa identidade sexolingüística. A mensagem subliminar que se transmite é a de que é melhor é o mais forte e o que importa é ganhar, seja à custa do que for, ainda que seja da própria vida. Sempre se supõe que o homem tenha sido o autor de qualquer invenção, a menos que o contrário esteja largamente comprovado. A história que nos contam os livros textos é, como temos visto, uma história tendenciosa, carregada de ideologia.
(...) a história androcêntrica, a História que se ensina nas classes de Ensino Fundamental e Médio, é uma história sem mulheres, é uma história exclusivamente masculina. Sob uma ótica androcêntrica, só serão consideradas importantes as façanhas femininas que, como as protagonizadas por Joana d´Arc ou pela brasileira Anita Garibaldi, se assemelham àquelas em que se exaltam os homens. Esta ambigüidade interpretativa da palavra “homem” facilita muito as coisas para os autores e autoras de livros de texto androcêntricos, já que assim eles podem difundir impunemente toda a sua ideologia nas páginas do livro (...) (...) a mulher está excluída da história que narram, que a mulher não tem história. (...) um dos mecanismos mais sutis de discriminação sexual, ao reforçar em nosso subconsciente a injusta e tradicional identificação entre os conceitos homem e pessoa. Fomenta-se, assim, em seu subconsciente o fenômeno de identificação da parte com o todo, do homem com a pessoa; como conseqüência, produz-se uma ocultação da mulher. (...) o autor do texto priva a mulher de história e imagina e escreve uma história sem mulheres. O descaso total em relação à mulher é, pois, a característica do texto, que se pretende educativo. A mulher é a grande ausente nos textos escolares de história. Sua ausência faz-se patente tanto nas descrições das façanhas bélicas como nos escassos momentos em que se fala da organização social. O rendimento intelectual que se espera das meninas é sempre inferior ao que se espera dos meninos, e isto tem sido assim há muitos séculos. (...) pretender uma inferioridade inata da mulher. (...) idéias que nos transmitem aquelas pessoas às quais concedemos uma autoridade (...) existe a idéia comum de que as mulheres são melhores em tudo o que se relaciona com a linguagem, enquanto os homens são melhores em tudo o que diz respeito a raciocínio lógico-matemático. É raro encontrar alguém que pense por si mesmo, com independência das opiniões alheias, porque ninguém nos ensinou a confiar em nossa própria razão, e sim na de sábios e profetas. As normas de conduta são adquiridas freqüentemente por vias subliminares e em etapas de nossa infância em que não temos desenvolvido ainda nenhum mecanismo de crítica que permita colocá-las sob suspeita. Uma vez instaladas, tornam-se de difícil modificação, porque ignoramos sua existência e porque esquecemos completamente a forma pela qual as adquirimos. A escola, por seu caráter de instituição normativa, contribui de maneira sistemática para o desenvolvimento desses padrões de organização de conduta (...) (...) uma atitude de negação de tudo aquilo que é especificamente feminino, considerado menos valioso do que o que é masculino. (...) as professoras e professores mais experientes, para evitar discriminações, apresentam um modelo único para alunos e alunas, que é o mais valorizado socialmente, ou seja, o masculino, eliminando radicalmente, ao fazer isto, o modelo feminino. Não tratam de criar um modelo novo que integre o positivo de cada um e recuse o negativo, mas tomam o masculino como o melhor e ignoram a existência do feminino. Não há co-educação, mas assimilação da menina à educação considerada modelo; a do menino. (...) ensinar a respeitar o diferente, e a desfrutar da riqueza que a variedade oferece.
A imagem da mulher como solitária dona de casa, sempre cuidado dos filhos, única consumidora de produtos de limpeza, começa a ser substituída (inclusive nos anúncios televisivos) pela do casal moderno que compartilha as tarefas domésticas e cuida dos filhos, pela da mulher independente que organiza o trabalho e decide o que tem a fazer (...) (...) tem sido as reivindicações das mulheres e os movimentos feministas que as têm feito aparecer. (...) os livros escolares continuam mostrando as mulheres em tarefas domésticas ou profissões secundárias e reservando as profissões liberais para os homens (...) (...) meninas e meninos chegam à escola marcados por uma série de elementos externos que os levam a criar para si mesmos uma imagem particular do mundo, influenciados pela sociedade androcêntrica que os rodeia. Não intervir equivale a apoiar o modelo existente. A escola pode contribuir (...), analisando conjuntamente com as alunas e os alunos os papéis que a sociedade atribui a cada sexo (estudando os modelos que a televisão e as histórias em quadrinhos apresentam, realizando pesquisas etc.). Esta análise levará a descobrir a existência de inúmeros esquemas de conduta atribuídos a cada sexo, que não têm relação com capacidades inatas nem formas espontâneas de comportamento, e sim com a reprodução de modelos existentes. (...) há muitas formas de ser mulher, assim como há muitas formas de ser homem. (...) não devem ser tolerados textos que discriminem implícita ou explicitamente a mulher, nem livros de história que a ignorem, já que este fato produz nas meninas um sentimento coletivo de inferioridade que as situa em considerável desvantagem diante do homem e as aproxima da idéia de que as ações das mulheres têm tão pouco valor, que não podem influenciar no desenvolvimento da história. (...) livros de Ciências (...) várias gravuras na quais apareciam unicamente corpos masculinos (...) Os livros de texto são o reflexo de uma escola pensada exclusivamente para meninos, à qual pouco a pouco foram se incorporando as meninas, sem que ela sofresse modificação. Conseguir uma educação não-sexista é um problema que ultrapassa os limites da escola, já que concerne também à família e a à sociedade inteira, mas, por meio da escola, pode-se realizar um importante trabalho de transformação. Também é necessário realizar um estudo crítico dos modelos feminino e masculino que proporcionam a televisão, as histórias em quadrinhos, as leituras infantis e juvenis e os próprios livros de texto. As guerras e as conquistas também devem, evidentemente, ser estudadas, mas incentivando as alunas e os alunos a imaginar outras formas possíveis e mais inteligentes de solucionar os conflitos históricos e levando-os a analisar as conseqüências e o custo humano que implicam. Todas as grande realizações da humanidade têm sido em algum momento utopias e, para construí-las, foi necessário sonhar. A escola é uma caricatura da sociedade. (...) não negar às meninas sua identidade sexolingüística, afirmar o feminino. Dar aos meninos o que a sociedade lhes nega: a possibilidade de serem eles mesmos, de não ter que esconder seus medos e fragilidades sob máscaras de fortaleza (...) unificar o que foi fragmentado arbitrariamente.