Revista 150 anos União e Indústria

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, s o n a 0 5 1 á h : ia tr s ú d União e In nal io c a n to n e im lv o v n e s e marco do d

nossos , relacionamos, com os instituições que, abaixo sil a que Bra par do ão da uiç iza trib am grande con estrada macad agradecimentos, pela sua Há 150 anos, a primeira ita so bon cur a per est go er lon hec o con ndo Fora, reduzi pessoas possam is ma e is ma unia Petrópolis a Juiz de . gência para doze horas, em dili história. entre as duas cidades s, na paí do na der mo is ma rada em alfabética): Marco para a época, a est os tad Agradecimentos (em ord int eg rar do is es a a nh pu pro se , oc as ião AE) o Rio da Ana Lucia Gioseffi (SEBR nomia do Brasil Imperial: fundamentais para a eco as e ita pol ópolis) as e da cultura cosmo Ângela Magno (CES-Petr Corte, das decisões polític Ouro, se do lo Cic do nicipal de Turismoois dep da Silva (Conselho Mu Minas Gerais que, gno Ma a um mê Ay que do is da nação. Ma transformavam em celeiro er Petrópolis) chegava para estabelec e ria úst Ind e JF/Associação Cultural estrada, a União s paí do nto ime olv n Morandi de Oliveira (UF env rso des Ive o aria feg tra e uma via por ond nha) u todo o Recreativa Brasil-Alema sua existência influencio nos anos seguintes. E ) Lucia Navarro (SEBRAE nosso percurso futuro. m: era esc de Areal) a, sete cidades flor Marcio Lima (Prefeitura Ao longo da estrad ad or Le vy nd me Co s, Rio s (Prefeitura de Petrópolis) Pe tró po lis, Are al, Trê Marisa Guadalupe Plum z de Fora. Jui e sa rbo Ba a tias Ma a, ão Cultural e Recreativ Gasparian, Simão Pereir a estrada, um Sergio Franck (Associaç nov o Nil da , ram ebe rec s nte Mesmo as já existe ortância Brasil-Alemanha) crescimento local. A imp ncia e grande impulso para o de o ubr out (Museu Dinâmico de Ciê em , ção motivou a cria Paulo de Melo Noronha deste caminho histórico al cip Organizadora Intermuni Tecnologia-UFJF) 2010, de uma Comissão aa par itura de s tejo fes s plo am ão dos ndes de Oliveira (Prefe Ricardo Sartine Ferna voltada para a organizaç s. Matias Barbosa) comemoração dos 150 ano o Sartine ard Ric or iad tor his a (CES-Petrópolis) Vera Lucia Santos Pereir A iniciativa partiu do e Turismo do a ltur Cu de Fora – io tár cre Se l (Prefeitura de Juiz de Fernandes de Oliveira, Tatyana Hauck Herdy Hil tarde, presidente is ma , MG sarbo Ba município de Matias gração Núcleo de Turismo) na mesma proposta de inte a de Juiz de Fora – da comissão. Inspirada XIX, a comissão o Seyo Lopes (Prefeitur ulo bel Ra séc lle no nie s, Da ado est s que uniu os doi s por resentantes dos município Núcleo de Turismo) buscou reunir diversos rep uma ir stru con de o etiv obj -RJ) com o Patricia Mattos (SEBRAE onde passa a estrada, como a , que e ent Simão ang abr al ltur scimento (Prefeitura de programação histórico-cu e em Juiz Geraldo Francisco do Na ass min ter e is pol tró Pe Estrada, tivesse início em anos da Pereira) a Revista Especial 150 Cultural Alfredo de Fora. Desta forma, is ma é os, Siqueira Dutra (Fundação mã s rlos sua Ca às io ga tôn che An ra, ago , União e Indústria que ) icaram Ferreira Lage /FUNALFA todos aqueles que se ded um fruto do empenho de da, tra Es da ado leg orização do e contribuíram para a val as e nto his tór ico . Pe sso me mo te an ne ste imp ort



Texto: Roberto Dilly - Historiador l Fotos: Arquivo Roberto Dilly

A Estrada União e Indústria, construída pelo empresário Mariano Procópio Ferreira Lage, que também era fazendeiro e grande produtor de café, tem o privilégio de ser a primeira estrada pavimentada da América do Sul e objetivava resolver o problema do transporte e do escoamento da produção cafeeira abundante na Zona da Mata Mineira. Por meio do decreto imperial nº 1.301, de 07 de agosto de 1852, o empresário mineiro contratou com o governo imperial a construção da rodovia pioneira ligando Minas Gerais ao Rio de Janeiro (Juiz de Fora a Petrópolis). Este contrato previa a construção, as melhorias e a conservação, assim como o direito de cobrança de pedágios, por um prazo de 50 anos. Era um empreendimento considerado impossível de ser realizado, porque havia grandes cursos de água que entrecortavam seu trajeto, além de serras, escarpas graníticas e montanhas de pedras que precisavam ser vencidas. Apesar da incredulidade de muitos, Mariano Procópio topou o grande desafio, iniciando as obras em 12 de abril de 1856, contando sempre com o apoio e o incentivo de seu amigo particular, o Imperador D. Pedro II. Mariano Procópio Ferreira Lage merece todas as honras pelo seu dinamismo e pioneirismo. Homem de visão, muito à frente do seu tempo, teve a coragem de enfrentar todos os desafios para deixar o Brasil melhor. Além de seus incontáveis feitos, foi ele quem fundou a Colônia Agrícola Alemã D. Pedro II, trazendo para o município de Juiz de Fora os 1.193 imigrantes germânicos (alemães e austríacos) que foram os pioneiros na industrialização da cidade. Tem-se afirmado, de forma equivocada, que os alemães foram contratados para trabalharem na União e Indústria, quando na verdade o contrato previa que deveriam constituir a Colônia Agrícola Alemã D. Pedro II, dividida em “Colônia de Baixo” ou “Villagen” (atual Rua Bernardo Mascarenhas e adjacências) “Colônia de Cima” (atual bairro São Pedro) e “Colônia do Meio” (atual bairro Borboleta), em Juiz de Fora. Pelo menos dois fatores contribuíram para que esta Colônia não tivesse sucesso: os colonos contratados como agricultores eram profissionais de outras áreas e nunca antes tinham manejado uma ferramenta agrícola. Além disso, as terras escolhidas para implantação da colônia não eram apropriadas para o plantio, pois o solo era ácido. Rapidamente, com a sagacidade que lhe era peculiar, Mariano Procópio decidiu aproveitar os oficiais especializados que lhe “caiam nas mãos”, empregando nas oficinas e nas estações de mudas os colonos mais capacitados.

Colonos e descendentes católicos

Colonos e descendentes luteranos

Desta forma, a estrada União e Indústria passou a contar com técnicos europeus que, indubitavelmente, agregaram valor em sua construção, afinal, entre os imigrantes havia funileiros, fabricantes de carruagens, mecânicos, carpinteiros, marceneiros, seleiros e outros inúmeros profissionais, que foram amplamente aproveitados. A construção propriamente dita, o corte, a remoção de terras e entulhos, o trabalho braçal, enfim, a abertura da estrada, se deve ao grande contingente de escravos que nela trabalharam. Havia uma proibição contratual que impedia Mariano de utilizar os braços de seus escravos, o que ele resolveu pelo “sistema de arremate”, contratos onde proprietários de escravos eram incumbidos de determinados trechos da estrada sob a supervisão da Companhia União e Indústria. Seja como for, a estrada União e Indústria tem a marca da colonização alemã, presente na arquitetura de suas estações de mudas, construídas com tijolos aparentes e, sobretudo, nos jardins perfumados que tão boa impressão causaram no Imperador D. Pedro II, a ponto de serem citados em seu diário pessoal.


as da comitiva e a ci ên lig di s la pe a ad iliz A velocidade média ut ra, para trópolis até Juiz de Fo Pe de II, o dr Pe . D carruagem de s. de 1km a cada 3min e 37 i fo ria st dú In e ão ni U inaugurar a Estrada

As carruagens qu

e cruzavam a Uniã

é a oitava, a de A única estação de muda ainda existente Gasparian - RJ, e Monte Serrat, distrito de Comendador Levy am: a diligência que hoje é o Museu Rodoviário. Lá se encontr o e Indústria, Mazeppa, utilizada na inauguração da Uniã maquinário antigo da estrada e alguns dos que delimitavam as distâncias percorridas.

marcos de pedra

oe Indústria atingia m velocidade m édia entre 17km e 20km por hora.


se chamava A diligência nº 1 da Companhia União e Indústria cavalos, só Mazeppa e pesava 2.950 libras (1475 kg) sem os sageiros.

com o cocheiro, as almofadas e as malas dos pas

Mariano Procópio, o idealizado r da construção da Estrada União e Indústria, fazia 40 anos no dia da inauguração, em 23 de junho de 1861

O trajeto entre Petrópolis e Juiz de Fora era compo sto de 13 estações: uma estação inicial (Petrópolis ), onze de muda, local de troca de animais e onde os passageiros almoçavam e descansavam alguns m omentos, e uma estação final (Juiz de Fora).

O trajeto entre Petrópolis e Juiz de Fora durava, com paradas, 12h. A partida se dava às 6h da manhã e a chegada por volta das 18h. O livro “Doze horas em diligência: guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora”, editado em 1872, com textos e fotos do fotógrafo do Imperador, Revert Henrique Klumb, foi o primeiro guia de viagens do Brasil.

Fundado em 1915, por Alfredo Ferreira Lage, filho de Mariano Procópio,

o Museu que leva o nome do

construtor da Estrada União e Indústria, possui atualmente, cerca 50 mil objetos de grande valor histórico, artístico e científico. A Estrada União e Indústria possuía extensão de 144 km, sendo 96 km no Rio de Janeiro e 48km em Minas Gerais, com a largura média da pista de 8 metros, o necessário para que 2 diligências passassem uma pela outra e se cruzassem sem reduzirem a velocidade.


Texto: Texto: Ă‚ngela Zanei e Isabela Lisboa Fotos: Revert Henrique Klumb l Museu Imperial/IBRAM/MinC l Arquivo Roberto Dilly


E

m 1855, as Minas Gerais viviam um momento de grande desenvolvimento com o cultivo do café. Estimulado pelo Rei Dom João VI, na região do Vale do Paraíba, numerosas fazendas se estabeleceram na região, tornando as cidades mineiras importantes produtoras agropecuárias utilizando como principal mão de obra, os escravos africanos.

O crescente valor do café determinou a expansão da Zona da Mata Mineira, a partir das áreas fluminenses, em direção as Minas Gerais, através da Estrada Normal da Serra da Estrela. Até 1820, a Zona da Mata contava com pouco mais de 22 mil habitantes que se dedicavam, em sua maioria, à cultura do milho e da mandioca. Entretanto, no início de 1850, com o sucesso da colonização germânica em Petrópolis, o Império autoriza a entrada de novos imigrantes. O objetivo era habitar regiões ainda pouco povoadas e aumentar a produção agrícola. As famílias que chegavam de várias regiões da Germânia eram encaminhadas para Juiz de Fora e arredores. O crescimento acelerado desta região impactou diretamente Juiz de Fora (na época Vila de Santo Antônio de Paraibuna) que começou a ter dificuldades no escoamento da produção para a Corte. Foi assim que, após retornar de uma viagem à Europa e Estados Unidos, o fazendeiro e comerciante Mariano Procópio Ferreira Lage, resolve construir uma nova estrada, utilizando padrões mais modernos que diminuísse o caminho entre as Minas Gerais e a Corte. Em 7 de agosto de 1852, D. Pedro II emite o Decreto Imperial nº 1.301, aprovado pela Assembleia Geral Legislativa em 11 de setembro do mesmo ano, que dá a Mariano Procópio a concessão para a construção, custeio e exploração por 50 anos, de uma rodovia pioneira, ligando Minas Gerais ao Rio de Janeiro (Juiz de Fora a Petrópolis). O decreto proibia que fosse utilizada mão de obra escrava e previa a cobrança de pedágio, cujo valor variava conforme o tipo e o peso do veículo que ali trafegasse. Surgia assim, o primeiro pedágio do Brasil. O visionário Mariano Procópio, a fim de arrecadar fundos e permitir a posterior cobrança da taxa de veiculação, funda a Companhia União e Indústria, homenagem à união entre as províncias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, à indústria de café e a quaisquer outras que fossem estimuladas pelo novo caminho, dando origem também ao nome da estrada. No contrato firmado com o Governo Imperial, além da construção da estrada, a companhia d e v e r i a s e responsabilizar pelo estabelecimento de 3 mil colonos (cerca de 400 famílias) que deveriam se dedicar a agricultura. Entretanto,

a falta de mão de obra especializada fez com que fossem contratadas cerca de 150 pessoas na Alemanha, entre engenheiros, técnicos e operários que chegaram ao país em janeiro de 1856, ano do início da construção. Em 1857, a Companhia envia um engenheiro à Alemanha para a contratação dos colonos, através da casa Mathias Christian Schroder, de Hamburgo. O objetivo, além de prestarem serviços à União e Indústria, era principalmente, estabelecer uma colônia agrícola aumentando, assim, o abastecimento do mercado interno. O primeiro contrato trazia ao Brasil, 500 imigrantes e no decorrer de 1858, mais 1.085 divididos em cinco viagens, ou seja, o número previsto inicialmente nunca foi atingido. Mesmo assim, a vinda destes novos imigrantes a u m e n t o u a população de Juiz de Fora em 20%, em apenas quatro meses. Para o projeto da estrada, Mariano Procópio contratou o Capitão José Maria de Oliveira Bulhões, que foi assistido pelo alemão José Koeller e seu filho, além de dois engenheiros franceses. Os técnicos imigrantes europeus (funileiros, fabricantes de carruagens, mecânicos, carpinteiros, marceneiros, etc.), muito contribuíram para o sucesso do empreendimento, sendo amplamente aproveitados, enquanto a construção propriamente dita (abertura da estrada, corte, remoção de terras, trabalho braçal), acontecia através de mão de obra escrava. Vale dizer que, apesar da proibição contratual ao uso de escravos, o Comendador Mariano Procópio foi bastante hábil em resolver a questão através de um “sistema de arremate”: os proprietários de escravos eram responsáveis por trechos da estrada sob a supervisão da Companhia União e Indústria.

Nos quatro anos decorridos entre a emissão do decreto e o início das obras, o projeto original foi muito modificado. A estrada foi construída sob um traçado onde só passavam pedestres e animais, portanto, havia muitos trechos sinuosos e íngremes que precisaram ser retificados para que as carruagens pudessem passar a 20 km/h.


Pensando no trânsito durante o período das chuvas, o projeto da estrada contou com a pavimentação mais moderna da época: o “macadame hidráulico”. A técnica consistia, primeiramente, em tratar o solo, com a retirada de todo o tipo de matéria orgânica. A terra que restava era então compactada, de maneira que houvesse uma leve inclinação do centro para as bordas; depois, colocadas as pedras quebradas em pedaços de tamanhos diferentes e por fim, era aplicada uma camada impermeabilizante, usando um ligante à base de água. O primeiro trecho da estrada ligava a Vila Teresa a Pedro do Rio e foi inaugurado em 18 de abril de 1858. Deste ponto até o distrito da Posse foram mais dois anos de obras. A inauguração da “Estrada União e Indústria” aconteceu em 23 de junho de 1861. Na ocasião o Imperador D. Pedro II e convidados ilustres percorreram os 144 quilômetros da estrada (sendo 96 km no Rio de Janeiro e 48 km em Minas Gerais). O percurso que antes levava três dias foi realizado em “apenas” 12 horas, numa “incrível” velocidade de 17 quilômetros por hora. A grande inauguração recebeu cobertura de todos os jornais do país, que deram grande destaque ao acontecimento. Surgia assim, a união entre Petrópolis e Juiz de Fora, sendo esta última, transformada numa importante rota comercial entre os dois estados. A proximidade entre as duas cidades fez ainda com que se estreitassem as relações entre seus colonizadores, os quais construíram as bases de desenvolvimento de ambas, ligando seus destinos no tocante ao aspecto econômico, familiar e religioso. Com o passar dos anos, a estrada precisou ser alterada em alguns trechos, onde novas vias foram construídas. Em 1980, toda a estrada foi substituída pela BR 040 no trecho entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora, e hoje contamos com uma rodovia moderna, de pistas duplas, ficando a União e Indústria apenas para o tráfego local. A placa de início das obras da rodovia, datada de 1856 pode ser vista no início da Rua Barão do Rio Branco em Petrópolis e, a partir dali, seguimos pela estrada, que nos levará às localidades de Corrêas, Nogueira e Itaipava, com suas charmosas pousadas, comércio refinado, excelência em gastronomia e natureza ímpar. Às margens da Estrada União e Indústria, nasceram cidades como Areal, Três Rios, Comendador Levy Gasparian, Matias Barbosa e Simão Pereira, que festejam esta data comemorativa através de uma série de eventos que acontecem de 23 de junho a 16 de setembro (confira a programação completa nas páginas 13 e 14). As comemorações iniciam em Petrópolis finalizando em Juiz de Fora. Após 150 anos de sua inauguração, a Estrada União e Indústria continua sendo uma importante via para viajantes e transportadoras de carga. Em suas margens as cidades continuam se desenvolvendo, atraindo turistas e novos moradores para a região. Atualmente, está em andamento uma grande obra onde serão asfaltados 26,5 quilômetros da estrada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Com a conclusão das obras, que está prevista para outubro deste ano, a Estrada União e Indústria vai recuperar sua função e atender, com segurança, não só o tráfego intenso de veículos pesados que por ali passam com frequência, como também àqueles que a trilham estreitando laços que, há muito tempo, cuidou de tecer. Fotos: Revert Henrique Klumb l Museu Imperial/IBRAM/MinC De cima para baixo: Estação de Juiz de Fora, Colônia D Pedro II, Estação do Paraibuna, Estação Pedro do Rio e Estação da Posse.


MACADAME HIDRÁULICO UMA TÉCNICA RODOVIÁRIA USADA HÁ 150 ANOS Texto: Prof. Geraldo Luciano de Oliveira Marques - UFJF

Foto: Reprodução

A Estrada União e Indústria foi a primeira rodovia macadamizada, ou seja, pavimentada da América Latina. O macadame hidráulico é uma técnica antiga de pavimentação criada por um engenheiro escocês de nome John Loudon Mac Adam, no séc XIX. Da conjunção dos dois últimos nomes do inventor surgiu o termo em português “macadame”, que passou a designar este processo produtivo.

Mariano Procópio decidiu construir a rodovia com a melhor tecnologia da época e usou sua influência política para obter apoio do governo imperial.

De acordo com pesquisas históricas, o fato mais importante no setor de transportes rodoviários na época do 2º Reinado, foi a concessão feita ao Comendador Mariano Procópio Ferreira Lage para a organização da Companhia União e Indústria, por meio do Decreto Imperial nº 1031, de 7 de agosto de 1852. O resultado foi a construção de uma estrada de rodagem entre Petrópolis (RJ) e Juiz de Fora (MG), que passou a ser designada “Estrada União e Indústria”.

O processo de macadame original, utilizado na Europa e nos Estados Unidos desde 1815, era constituído por uma mistura de brita e alcatrão. Na execução da Estrada União e Indústria foi utilizada uma variação do processo original em que se substituía o alcatrão por água, daí o nome de “Macadame Hidráulico”. O processo de compactação era feito com enormes cilindros de pedra, de aproximadamente duas toneladas, puxados por cavalos.

Empenhado na construção da estrada que levaria o nome de sua Companhia, a União e Indústria, o Comendador Mariano Procópio tratou de fazer uma viagem de estudos à Europa e aos Estados Unidos. Assim iniciou seu grande empreendimento, cuja distância girava em torno de 140 km, a partir da contratação de engenheiros franceses e técnicos alemães. A obra foi inaugurada em 23 de junho de 1861. Naquela época esse percurso era feito em um dia, utilizando-se diligências com a capacidade para 14 passageiros com velocidade de 20 km por hora, ou em carros de carga com capacidade para 3.000 kg.

Construção da primeira estrada macadamizada nos Estados Unidos (1823)

Na construção da União e Indústria, segundo o historiador Atahualpa Schmitz da Silva Prego, houve a oportunidade de utilizar, pela primeira vez no Brasil, o macadame hidráulico. Para a época, as condições técnicas assim utilizadas eram simplesmente espetaculares, tanto que, ainda hoje, integram vários trechos da ligação PetrópolisJuiz de Fora. Os trabalhos tiveram início em 1856 com a presença do Imperador D. Pedro II e a Família Imperial, igualmente presentes em sua inauguração, ao lado de ilustres representantes da Corte.


Texto: Daiane Machado l Fotos: Isabela Lisboa e Arquivo PM Matias Barbosa

UNIÃO E INDÚSTRIA A TODO VAPOR Construída em meados do Segundo Reinado, a Estrada União e Indústria representou, na época, a consolidação da rota comercial que partia do Rio de Janeiro rumo a Minas Gerais. O trajeto, principal acesso aos distritos do município de Petrópolis, possui, em seu entorno, um rico comércio com shoppings, supermercados, farmácias, açougues, padarias, restaurantes para todos os gostos e bolsos, casas noturnas, igrejas, e charmosas pousadas e hotéis. Além disso, a região conta com diversas escolas das redes pública e privada, agências bancárias e inúmeras opções de entretenimento e descanso. Uma delas é o Parque Municipal, em Itaipava, com a maior área pública de lazer da cidade. Quem percorre a rodovia, em direção ao município de Comendador Levy Gasparian, desfruta de um belo cenário proporcionado pelo “paredão” da Pedra do Paraibuna, em meio a uma paisagem abraçada pela vegetação que oferece um ar puro e agradável. O local é indicado aos aventureiros em busca da prática de rapel, escalada, voos de asa delta e parapente. Trajeto de grande importância para petropolitanos e turistas, a estrada vem passando por melhorias. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) começou, em maio deste ano, uma grande obra no valor aproximado de 2.880 milhões de reais, somente para a primeira etapa, onde serão asfaltados 26,5 km de rodovia desde o bairro Retiro até o final do distrito de Pedro do Rio. Seis máquinas, cerca de cinco caminhões de asfalto e mão-de-obra especializada, totalizando 25 funcionários, vem ocupando os primeiros trechos de reformas na pista e os buracos começam a sumir, dando lugar à pavimentação nova. Essa fase inicial deverá ficar pronta ainda em outubro. O Dnit ficará responsável pela

manutenção periódica do local, após a execução do projeto, quando da sua aprovação pelas prefeituras dos municípios de Petrópolis e Três Rios – cidades que contemplam a rodovia. A restauração da estrada será feita em duas etapas: em um primeiro momento será realizada a recuperação emergencial da via com um projeto de ações de drenagem, captação de água, contenção de encostas, aplicação de pavimento asfáltico, limpeza da área, roçadas e capina. Em paralelo será feito o levantamento para o projeto completo de restauração que engloba contenção, drenagem, pintura das faixas, entre outras ações. Após a conclusão das obras, a antiga pista, responsável pelo transporte de cargas durante o segundo reinado no Brasil, voltará a atender a grande demanda de veículos pesados, consolidando-se como mais uma alternativa de tráfego seguro a seus usuários.






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