Revista Petrópolis

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Petrópolis Rio de Janeiro Abril 2011 Distribuição Gratuita

Nº 24 Confira a Programação Cultural

Palácio Itaboraí Abre suas portas à visitação turística

Tesouros da Arquitetura Pórtico Museu Imperial

Entrevista

Bisbilhoteca

Prof. Maurício Vicente Ferreira Jr.

Almanaques

[+]

Granja Brasil Resort



múltiplos atrativos

visitante

turista

desenvolvimento sustentável

ento do setor a concorrem para o increm , so dis m Alé a nç cial que a sutil difere mero de equipamentos Reza a nomenclatura ofi pansão prevista no nú ex no o, tud de tes exemplo, o anúncio nte está, an s integrados como, por entre o turista e o visita rai ltu cu : do ita vis lácio Itaboraí; cia no destino visitação, em abril, do Pa à ura tempo de permanên ert ab da e-o e vai ao local, conhec polis, em maio e, em “visitante” é aquele qu Museu de Cera de Petró do nto po u se ao do Centro Cultural no mesmo dia Casa Cláudio e Souza, da parcialmente e retorna , ve bre e qu le ue mia e da Casa e o “turista” é aq morial da Cerveja Bohe Me do de origem, ao passo qu , Bis 14 io , pelo menos, uma vez. tras pérolas do patrimôn pernoita no local visitado Paula Buarque, entre ou l de histórico. mar o máximo possíve Neste sentido, transfor r ue alq qu de a expansão da é o objetivo vidência fundamental é pro visitantes em turistas tra Ou ma for os ste segmento, uma pla oferta para todos cidade que tenha, ne rede hoteleira, com am to en im é olv a nv clim se de o u o de se ste sentido importante de promoçã gmentos. Também ne se , plo em ja ex r an po Gr mo Petrópolis, , entre outros, do sustentável. Cidades co positivo, com a abertura nal gio Re ma mo ris Tu do res uto Hotel, em Itaipava e co um dos 65 destinos ind Brasil Resort – Clarion tem e qu tel e , Ho mo do , ris 11 Tu tério do da em 20 reconhecidos pelo Minis ão de inauguração, ain vis pre ica ôm on ntr ec ão do Ce o de sua cadeia Grande Hotel, no coraç do e nada menos que 20% ão taç Es s ista a a pelos milhares de tur significativamente noss diretamente influenciad Histórico, ampliando os tod a, da nç tos se fru pre , a m com su preendimentos e visitantes que a honra oferta de leitos. Estes em da, da da iniciativa priva os anos. visão otimista e arroja al é “clima positivo” para o qu a ficar mais tempo não também emanam de um m ué alg r ce De en or. nv co tad s en Ma avalista e fom o forma gratuita. É precis o poder público atua como atingem em algo que se obtenha de as as dificuldades, que divulgação e tod de rte tas pa à rre o: co fat ias tég tra lis lançar mão de es alquer cidade, Petrópo e ndo os atrativos qu maior ou menor grau qu lica ltip mu o, s” çã nfo en “tru ret de de inúmeros contar com o benefício ão de que não basta pç de rce po pe a ista tur de ao propiciem município do país po tudo únicos que mais nenhum impossível desfrutar de ficar por um dia, pois foi idade. o recer. Neste sentido, sã ostentar, com tanta legitim o que a cidade tem a ofe do ços como o lançamento só acreditar, arregaçar as dignos de menção avan rtanto, para chegar lá, é Po ira rce pa o çã traçada. Mãos à uma realiza – e realizar. A rota está Portal Destino Petrópolis, as ng ma do io tér Petrópolis, o Minis entre a Prefeitura de obra! os ias, que promove os roteir Turismo e o Instituto Ide a. et, de uma forma inédit petropolitanos, na intern

expansão da rede hoteleira

Mãos à obra!

Museu de Cera de Petrópolis

s a t is r u t is a m r a z li e Atrair e fid

Turismo Regional acreditar

permanência

desafio

promoção

Centro Cultural 14 Bis Petrópolis

Portal Destino Petrópolis

Memorial da Cerveja A Revista da Cultura e do Turismo


ENCARTE COM A PROGRAMAÇÃO CULTURAL DO MÊS DE ABRIL

SUA AGENDA DE CULTURA E TURISMO

A R E V I S TA D A C U LT U R A E D O T U R I S M O

PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Charles Rossi JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP) TEXTOS: Isabela Lisboa e Eliane Maciel GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201 Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares Fale conosco: fctprevista@petropolis.rj.gov.br


Fotos: Museu Imperial

esgatando a beleza da entrada do Palácio que o abriga, o Museu Imperial restaurou seu pórtico de pedra, um dos poucos representantes no Brasil do estilo Paladiano. Este elemento de grande importância para o conjunto arquitetônico do Museu foi construído na primeira metade do século XIX, e faz parte de uma tradição em cantaria que encontra representantes em várias partes do país. Nas mais antigas e nobres edificações brasileiras, a pedra era aplicada nas alvenarias e na decoração das fachadas e interiores. Quanto maior a riqueza ornamental em pedra, mais importante e imponente era a edificação. A escolha do tipo de rocha a ser utilizada variava conforme o serviço a ser executado e a região. No caso do pórtico do Palácio Imperial, residência de verão de D. Pedro II e sua família, o material escolhido foi o granito. Constituído por uma estrutura em abóbada, o pórtico tem apoiado sobre ele um terraço (ou varanda) guarnecido por balaustradas, intercaladas com pedestais encimados por jarrões em mármore. Os arcos que compõem o conjunto são ladeados por pilastras de inspiração jônica, o que remete ao gosto neoclássico predominante naquela época.

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O restauro demandou de mão de obra especializada habilitada a trabalhar com granito. A empresa responsável foi a Atelier Histórica Arquitetura e Restauração, a mesma que trabalhou nos restauros do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, da Casa França-Brasil e da Casa Daros. A intervenção contou com aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A anuência desse órgão é importante para garantir que a conservação seja feita de forma correta e sem prejuízo para a estrutura. O restauro – primeiro a ser realizado desde a fundação do Museu há 68 anos - levou cinco meses. Durante este período, profissionais trabalharam em cada detalhe, resgatando a beleza original do Pórtico. A preservação deste bem histórico, bem como outros em andamento em Petrópolis, comprova o cuidado e a preocupação da cidade com a guarda do seu patrimônio. Afinal, estes tesouros tão importantes não só para a Cidade Imperial, mas para todo o país que encontra aqui, muito de sua própria história.

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Foto: Isabela Lisboa

A segunda edição do Prêmio Guerra-Peixe de Cultura ocorreu no dia 18 de março e levou mais de 500 pessoas ao Theatro D. Pedro, que prestigiaram os grandes destaques da cultura em 2010. Os indicados, que concorreram a estatueta em bronze artístico criada pelo escultor petropolitano Sérgio Cestari, foram divididos em 11 categorias. Confira o nome dos vencedores: Música: Dudu King; Teatro: En'Canta Noel; Dança: Lael Rocha; Artes Visuais: Roberto Franco Valente; Literatura: Fernando Py; Coral: Coral Municipal de Petrópolis; Comunicação: Caderno Lazer Tribuna de Petrópolis; Produção Cultural: Dell'Arte; Audiovisual: Geórgia Guerra Peixe e Categoria Especial: Banda 1º de setembro. Na categoria Notório Reconhecimento, o Prêmio homenageou o cartunista Lan, que contou com uma encenação bem humorada de uma de suas charges, com a participação do ator Nathan Cardoso, o cantor Robson Axé e as passistas Andresa Glicério e Jane Maria.

Fotos: Isabela Lisboa

Prêmio Maestro-Guerra Peixe

Busto Maestro Guerra-Peixe Maior expoente petropolitano na área da música, o Maestro GuerraPeixe recebeu mais uma justa homenagem. Além do grande prêmio da cultura que leva seu nome, o compositor ganhou um busto em bronze confeccionado pelo artista plástico Sérgio Cestari. O descerramento do busto aconteceu no dia 18 de março, data em que o maestro completaria 97 anos. A obra foi instalada em frente à Praça dos Expedicionários, bem próxima ao Theatro D. Pedro num local que, a partir de agora, também passa a se chamar Espaço Maestro Guerra-Peixe.

Foto: Isabela Lisboa

Petrópolis – Cidade dos Corais Em comemoração ao Dia Nacional da Cultura, a Cia. Teatral Língua de Trapo apresenta no dia 5 de novembro o seu mais novo espetáculo, Tukutuka nu Brasil, às 19 horas na Praça Dom Pedro. A peça conta de forma satírica fatos dos últimos cinquenta anos de história do nosso país, que contribuíram para a enorme “mistura cultural” na qual o Brasil se transformou. Na peça, os personagens desfiam suas memórias e nelas a plateia recorda a vida do brasileiro desde a década de 60. Com direção de Iara Rocha, e Raphael Teixeira e Paulo Marcos de Carvalho no elenco.

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Através de um projeto inédito – parceria do segmento de Canto Coral com a Secretaria de Educação – serão criados aproximadamente 40 corais nas escolas públicas do município. A iniciativa atenderá cerca de seis mil alunos e atenderá a lei federal, que delibera sobre o ensino de música obrigatório, no primeiro segmento do ensino fundamental. Com um aumento de quase 200% do número de corais, esta iniciativa aproximará ainda mais a cidade de Petrópolis do título oficial de "Cidade dos Corais". A coordenação geral do projeto é do maestro Leonardo Randolfo, representante do segmento de canto coral e vicepresidente do Conselho Municipal de Cultura.

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Fotos: Isabela Lisboa

Brilha Petrópolis

Petrópolis em Serenata comemora seu 10° Aniversário

Fotos: Divulgação

A pedido da Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis foi criado, em 2001, o projeto Petrópolis em Serenata, que leva a boa música brasileira aos bairros, distritos e comunidades de Petrópolis. Em 10 anos de existência o projeto contabilizou 181 serenatas onde foram apresentadas 3.490 melodias do nosso cancioneiro. Ao comemorar seu 10° aniversário, o projeto continua determinado a preservar e resgatar a boa música. Parabéns aos músicos, poetas e seresteiros a todos que contribuem para levar a boa musica a todos.

Foto: Divulgação

Petrópolis celebrou, no dia 16 de março, seus 168 anos em grande estilo. O evento Brilha Petrópolis levou mais de 10 mil pessoas ao Parque de Exposições de Itaipava. As apresentações da Orquestra Sinfônica, do Coro e do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e o show com a cantora Maria Rita, encantaram a todos. As mestres de cerimônia foram a bailarina Ana Botafogo e a atriz Fiorella Mattheis. Trechos das óperas Carmen, de Bizet e La Traviatta, de Verdi foram alguns dos sucessos relembrados pela orquestra e o coro comandados pelo maestro Silvio Viegas. O ballet apresentou o espetáculo “Nascimento Novo”, do coreógrafo David Parsons, interpretando canções de Milton Nascimento. E para finalizar o dia, a cantora Maria Rita embalou o público com seus maiores sucessos. O evento contou com o patrocínio do Governo do Estado e da AMBEV, com promoção da Globo Rio e da Intertv.

Petrópolis ganhará museu de Stefan Zweig Petrópolis tem o que comemorar. A Casa Stefan Zweig, nunca antes aberta ao público, será transformada em museu - um Memorial do Exílio - destinado a divulgar as obras do autor austríaco. A reforma da casa, localizada no bairro Valparaíso foi iniciada há cinco meses e as obras estão orçadas em R$ 600 mil. A previsão para conclusão está prevista para fevereiro de 2012, quando a morte de Zweig completa 70 anos. Para viabilizar o início das obras, o programa de conservação da cultura do governo alemão doou 62 mil euros, mais de R$ 140 mil à entidade cultural de direito privado, sem fins lucrativos, Casa Stefan Zweig. O escritor Stefan Zweig e sua segunda mulher, Lotte Altmann, escolheram o Brasil como refúgio às atrocidades do nazismo que eram cometidas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

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FIOCRUZ restaura Palácio do Itaboraí e abre suas portas à visitação

Texto: Eliane Maciel e Isabela Lisboa l Fotos: Isabela Lisboa e Arquivo Histórico

m 1892, o arquiteto e construtor italiano Antonio Januzzi, construía no bairro Valparaíso, sua residência de verão. Com inspiração palaciana e estilo eclético, a construção utilizou um sistema pouco comum no Brasil, com paredes autoportantes de alvenaria e madeira. O conjunto foi coberto por um telhado de quatro águas e telhas de cerâmica francesa. Foi assim que nasceu o Palácio Itaboraí, ainda hoje uma das mais imponentes pérolas da rica arquitetura petropolitana. A ornamentação e a disposição da planta mostram a clara inspiração na estética da Renascença italiana. O conjunto tem dois pavimentos: o superior, com o pé-direito bem alto - que, na época, era a garantia de tardes frescas, dentro de casa – e o inferior, como um porão elevado, que provavelmente abrigou as áreas de serviço da suntuosa residência. A planta baixa do bloco destinado aos salões e às varandas, com sua rigorosa simetria e os acessos axiais, remete às construções do arquiteto Andrea Palladio. A partir de 1894, o Palácio foi sede do Colégio Americano, que lá permaneceu até 1920. Mais tarde, abrigou a primeira Faculdade de Direito da cidade. Em 1938, o conjunto arquitetônico foi incorporado como patrimônio federal para se transformar em residência de verão dos governadores do Estado do Rio de Janeiro. A partir de então, o prédio e o entorno passam por intervenções, com a aquisição de terrenos laterais e a construção de imóveis auxiliares, num processo de modernização não planejado que se repetiu, em 1944 e na década de 1950. Neste período, diversos banheiros, paredes e decorações foram acrescentados, em especial no interior do Palácio, ferindo sua simetria original. Por fim, para evitar maiores descaracterizações, o prédio foi tombado em 1982 pelo IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

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Até 1998, o Palácio Itaboraí abrigou órgãos estaduais. Mas a ocupação logo se revelou inadequada para um prédio com clara vocação residencial e de recepção: e a necessidade de conservação se tornou imperiosa. Cedido à Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, o imóvel recebeu em 1999, uma equipe do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) que realizou a primeira visita técnica para levantamento das condições do prédio. Na época foram feitas diversas inspeções que detectaram graves problemas de infiltrações e deterioração. Desta forma, um cuidadoso projeto de restauro foi desenvolvido. Entretanto, apenas em 2002, a FIOCRUZ recebe a chancela da Lei Rouanet e a aprovação do projeto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Ministério da Cultura (MinC). A captação de recursos ocorreu a partir de 2006 e a Petrobras financiou R$ 2 milhões na primeira fase das obras de restauração e a FIOCRUZ, na segunda fase, investiu R$ 1,2 milhão. Com previsão de inauguração na segunda quinzena de abril, a ocupação do palacete, dos anexos e das áreas não edificadas terão uso múltiplo e flexível dos espaços. Uma pequena parte interna ficará destinada à divulgação de sua própria história – projeto, construção e utilização no tempo. No Itaboraí funcionará, ainda, um centro multimídia, com internet e recursos de áudio e vídeo. As salas maiores foram transformadas em galerias para exposições e auditório. Equipados com recursos de recepção de imagens e som acoplados ao centro multimídia, os salões poderão abrigar

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vídeoconferências, exposições científicas e culturais, recepções e outros eventos. Já as áreas externas passaram por um tratamento paisagístico para recuperar seu estado original e serão destinadas ao uso pela população em geral, inclusive, portadores de necessidades especiais, que terão acesso através de rampas e elevador panorâmico. Um café também funcionará no local, tornando o ambiente ainda mais acolhedor aos seus visitantes. Com a abertura, o palácio abrigará o projeto "Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde", que tem, entre seus principais objetivos: uma usina de reflexão (think tank) para a formulação de ideias que permitam resolver problemas e desafios críticos na área da saúde e da inserção social. O marco de fundo do Fórum será a discussão das desigualdades sociais e econômicas como principal determinante da saúde e doença da população. Para este objetivo, o Fórum pretende reunir por períodos de dois a três dias cientistas, gestores intelectuais e cidadãos brasileiros e estrangeiros para debater e produzir documentos relativos aos temas selecionados. A médio prazo, o projeto visa estabelecer uma mini-escola de formação de quadros técnicos para os gestores municipais de Petrópolis e da Região Serrana, no Anexo do Palácio. E receber o Conselho Deliberativo da FIOCRUZ e de outras unidades gestoras e cientificas da instituição para a realização de reuniões de gestão e de discussão cientifica. O Palácio Itaboraí também ficará aberto à visitação gratuita, tornando-se mais um importante atrativo turístico para Petrópolis.

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Residência de veraneio de muitos que buscam a tranquilidade e as belezas da Mata Atlântica, o distrito de Itaipava é, sem dúvida, um dos roteiros mais charmosos da Serra Carioca. Refúgio de celebridades e muito procurado pela alta sociedade, artistas e esportistas famosos, Itaipava é um dos destinos mais bonitos da região serrana, cercado de áreas de preservação ambiental, como a Serra dos Órgãos, além de ser um verdadeiro paraíso gastronômico para os amantes da boa mesa. Seu clima agradável e a grande oferta de restaurantes e bares requintados – que formam o Vale dos Gourmets – o distrito mais famoso de Petrópolis vem atraindo, nos últimos anos, turistas que contam com serviços e atendimento hoteleiro da mais alta qualidade. De olho neste mercado, o Granja Brasil Resort, um dos maiores complexos de lazer e gastronomia, localizado no centro de Itaipava, inaugurou em janeiro deste ano o Clarion Hotel, bandeira luxo da rede Atlantica Hotels International, maior administradora multimarcas de capital privado da América do Sul. Seguindo o conceito de hotel boutique, o Granja Brasil Resort – Clarion Hotel é o único hotel cinco estrelas localizado no coração de Itaipava (em uma área de mais de 420 mil metros quadrados), atendendo os mais exigentes

Texto: Isabela Lisboa Fotos: Bia Galvão e Isabela Lisboa

clientes que buscam, aqui, atendimento de alto nível. Com 37 amplos apartamentos, o hotel oferece toda a sofisticação e comodidade para quem deseja desfrutar de momentos inesquecíveis na serra ou mesmo promover encontros de negócios. O Hotel destaca-se, ainda, por seu atendimento personalizado. Todos os hóspedes são tratados pelo nome por todos os funcionários – do manobrista ao gerente. Considerado um dos melhores resorts da região serrana, oferece: TVs de LCD a cabo, Wi-Fi nos apartamentos e áreas sociais, elegante restaurante, piscina, sauna a vapor e seca, fitness center, business center (com salas para 14, 30 e 120 lugares), spa, quadras de futebol, tênis e poliesportiva, espaço para eventos e conta ainda com serviços de lavanderia e equipe de recreação para as crianças, além de segurança 24 horas.

Granja Brasil Resort - Clarion Hotel Estrada União e Indústria, nº 9.153, Centro - Itaipava Fone: (24) 2222-5155 Site: www.granjabrasil.com.br Reservas: reservascit@atlaticahotels.com.br

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Texto: Isabela Lisboa l Fotos: Reprodução

erço de grandes nomes da música, das artes e da literatura, como Maestro Guerra-Peixe, Ernani Aguiar, Raul de Leoni, entre outros, Petrópolis também tem entre seus filhos o único ganhador brasileiro do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, Peter Brian Medawar.

Apesar de seus estudos nas áreas de zoologia e anatomia, Medawar concentrou-se nos transplantes de tecidos vivos, que haviam dado um grande salto, em 1949, com a publicação de um trabalho imunológico de Frank Burnet, notável pesquisador australiano e parceiro de trabalho de Medawar.

Infelizmente, ainda hoje, muitos desconhecem a história deste ilustre professor e pesquisador que, ao ganhar o prêmio em 1960, o recebeu como cidadão britânico.

A consagração chegou através desta parceria. Os dois receberam o Prêmio Nobel pelas descobertas em “Tolerância Imunológica Adquirida”, pesquisas baseadas na cultura dos tecidos, na regeneração dos nervos periféricos e na análise matemática das mudanças dos organismos, que ocorriam durante o processo. Suas pesquisas foram muito importantes para o desenvolvimento dos transplantes de tecido.

O fato se explica: filho de mãe britânica e pai libanês, Medawar nasceu em 1915, no Hospital Santa Teresa. Viveu até sua juventude em Petrópolis, sempre se destacando nos estudos. Aos 14 anos, a família, ao reconhecer o talento do filho, o envia para estudar na Inglaterra. Sua genialidade o levou, alguns anos depois, a ingressar na Universidade de Oxford onde, em 1932, se bacharelou em zoologia pelo Magdalen College, renomado centro científico. Ele permaneceu trabalhando na instituição, onde se interessou por biologia relacionada à medicina. Desenvolveu ali trabalhos científicos tornando-se o mais jovem em sua área em Cambridge. Foi nessa época que Medawar teria que retornar ao Brasil para prestar o serviço militar obrigatório. Entretanto, decidido a não suspender suas pesquisas, pede ao pai que tente isentá-lo dessa obrigação sem perder a cidadania brasileira. Seu pai faz um apelo ao ministro da aeronáutica, Salgado Filho, que nega o pedido. Sem outra saída, o jovem pesquisador torna-se cidadão britânico.

Peter Brian Medawar faleceu em 1987 e levou consigo a mágoa de nunca ter recebido nenhuma homenagem de sua terra natal. Pois, durante toda sua vida, sentiuse mais brasileiro do que britânico. O reconhecimento veio, mais tarde, graças ao empenho de pessoas como a jornalista Daura Rezende, que após minucioso levantamento de documentos obteve, em 2003, o reconhecimento de Medawar como brasileiro e petropolitano pela direção do Prêmio Nobel, em Estocolmo. Outro grande reconhecimento veio através da Somerj (Sociedade Médica do Estado do Rio de Janeiro) que instituiu a Medalha Peter Brian Medawar – a mais alta condecoração da associação - para reconhecer profissionais e instituições da área médica.

Na Inglaterra teve destacada carreira acadêmica como pesquisador e professor, passando por renomadas universidades como Birmingham e London University.

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Concedida a: Eliane Maciel l Fotos: Museu Imperial e Arquivo Pessoal

Entrevista

Prof. Maurício Vicente Ferreira Jr. Muito mais, em um mesmo Museu. Foto: Alexandre Peixoto

Maurício Vicente Ferreira Jr., petropolitano, casado e pai de dois filhos, graduou-se em História pela UFRJ em 1983 e, atualmente, é professor desta cadeira na Universidade Católica de Petrópolis e de Cultura Brasileira, na Universidade Estácio de Sá. Mas, onde quer que vá, ele é conhecido, principalmente, como o “Professor Maurício, do Museu Imperial”. A dedicação à instituição na qual ingressou como estagiário – passando depois a funcionário do setor de pesquisa, chefe do setor de museologia e, desde 2008, a diretor – é a tônica desta entrevista que demonstra que a “paixão à primeira vista” pela história do século XIX e pelo próprio Museu não diminuiu nem um pouco, nestes quase 28 anos de trabalho intenso: ao contrário. Uma dedicação que explica porque, em pleno séc. XXI, o Museu Imperial continua mais vivo do que nunca: e cheio de novas histórias para contar.

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RP – O Museu Imperial é um dos mais visitados do Brasil e reconhecido pela vasta gama de atividades que oferece. A que se deve este poder de encantar os visitantes? MF – Nos últimos 20 anos, os museus têm ampliado suas funções e se transformado cada vez mais em Centros Culturais que buscam oferecer atividades e serviços diferenciados, sempre com o objetivo de divulgar seus acervos históricos e artísticos. Hoje, são muitas as formas de levar o público a entrar em contato com o que temos para mostrar, passando por teatralizações, sonorização, ou seja: estratégias diversas para atrair, inclusive, aqueles que não costumam vir a museus. Então, o que fizemos foi ampliar e profissionalizar estas oportunidades. O Sarau Imperial, por exemplo, depois de ter passado por uma licitação e contratação de equipe especializada, tornou-se uma atividade contínua para todo o público, que pode vir ao Museu, assisti-lo e, mais tarde, participar do Som & Luz. Isso leva o visitante a permanecer mais tempo, desfrutando de outras experiências que favorecem a inclusão. RP - Existe uma preocupação contínua em comunicar mais e melhor o que existe no Museu Imperial, não é mesmo? MF – Sem dúvida. São exemplos as atualizações diárias no Twitter e no Facebook; as visitas mediadas por monitores, serviços agendados oferecidos às escolas e que receberam em 2010, cerca de 70 mil estudantes. Esta última atividade, por exemplo, enriquece muito a experiência do estudante no Museu, porque vir aqui não é apenas um passeio: é uma experiência pedagógica que pode ampliar o senso de cidadania, na medida em que ninguém preserva ou valoriza aquilo que não conhece. Outro destaque é o Portal, que tem uma visitação extraordinária – chegando a 2.500 visitantes, simultaneamente – e que permite o acesso até mesmo daqueles que, por alguma razão, não podem vir ao Museu Imperial. Para tanto, são fundamentais as iniciativas como as exposições virtuais e o projeto DAME, de digitalização, que já está na segunda fase e pretende que as informações de todo o nosso acervo estejam disponíveis, na internet, dentro de 10 ou 12 anos. RP – Nos últimos meses, o Museu Imperial vem se destacando no cenário cultural, por diversas inserções

internacionais muito importantes. O senhor poderia falar um pouco sobre este momento especial vivido pela instituição? MF – Acho que o ícone deste momento é a premiação “Memória do Mundo”, da Unesco, que ganhamos em 2010, pelo trabalho de apreciação do conjunto de documentos, cadernetas, programas e anotações de viagem acumuladas pelo Imperador Pedro II, que ao longo da vida visitou dezenas de países. Este testemunho se torna ainda mais relevante e interessante porque o Imperador D. Pedro II tinha interlocutores em todo mundo – pessoas com as quais se correspondia e que visitava quando e s t a v a n o e x t e r i o r. E e s t e s correspondentes formavam a nata da intelectualidade no século XIX: nomes

É uma experiência pedagógica que pode ampliar o senso de cidadania, na medida em que ninguém preserva ou valoriza aquilo que não conhece. xxx

Prof. Maurício na Praça Vermelha - Rússia

Independência Latino Americana, promovido pela Academia de Ciências da Rússia e a grande assembleia do Conselho Internacional de Museus que se reuniu este ano em Xangai, na China. Para se ter uma ideia da relevância desta instituição, ele possui cerca de 22 mil associados em todo o mundo, e 171 comitês. Na China, éramos cerca de 8 mil delegados e tive a oportunidade de apresentar, em meu comitê - de Museus de Cidades – a relação umbilical que o Museu Imperial têm com Petrópolis, já que o projeto do palácio, aqui, é anterior à ideia de formação da cidade: e, por isso, a necessidade que temos de estar cada vez mais próximos e unidos à Petrópolis. RP – E os próximos passos?

como Vitor Hugo, Alexandre Herculano, Grandbell e Richard Wagner, por exemplo. No caso de Wagner, ele até mesmo contribuiu para a construção do teatro de Wagner, e esteve na sua inauguração em 1876. Assim, o que ele nos legou são relatos extremamente interessantes de uma pessoa com conhecimento e capacidade para fazer comentários pertinentes a respeito deste mundo do século XIX que ele vivenciou tão intensamente. Além deste momento tão significativo, aconteceram quatro congressos internacionais relevantes para a troca de experiências e divulgação do acervo do Museu Imperial: o Encontro Latino Americano e Caribenho de Patrimônio, em Cuba; o Encontro Sul Americano de Pedagogia da História, na Ve n e z u e l a ; u m c o n g r e s s o e m Comemoração ao Bicentenário de

Petrópolis

MF – Acabamos de lançar o Guia de Visitação, com o patrocínio da Família Imperial, que está sendo entregue a todos os visitantes e que terá, em breve, uma versão em inglês. Também concluímos a restauração do pórtico de entrada e estamos finalizando o restauro da Casa de Cláudio e Souza, na Praça da Liberdade. Pretendemos que este local continue a abrigar as instituições petropolitanas que tradicionalmente a ocuparam, mas também agregar um projeto de ocupação que contemple o resgate da figura histórica e da obra de Cláudio e Souza, que foi um dos principais dramaturgos do início do séc. XIX, além de doador de objetos de sua coleção ao Museu Imperial. Assim, nossa proposta é integrar a Casa à efervescência cultural que a cidade vive, hoje, dialogando ainda mais com a população e com a sociedade como um todo.

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O

Disseminando cultura há séculos Texto e fotos: Isabela Lisboa

riginalmente, os almanaques eram publicações anuais que reuniam calendário com datas dos principais acontecimentos astronômicos (como solstícios, eclipses e fases lunares), com previsões astrológicas e reportagens sobre assuntos como recreação, humor, ciência e literatura. Há controvérsias quanto à origem do termo, entretanto, acredita-se que ele surgiu do árabe, al manakh que significa: a conta. Inesgotável fonte de pesquisa e conhecimento, importantes e raros almanaques dos séculos XIX e XX estão disponíveis na seção de obras raras da Biblioteca Municipal Gabriela Mistral. São coleções cuidadosamente preservadas que registravam os costumes da época. Entre elas, destaca-se a coleção completa do Almanak Laemmert dos irmãos Eduard e Heinrich Laemmert, um dos mais antigos e representativos do Brasil. Foi um dos mais completos anuários comerciais do Rio de Janeiro e sua primeira edição foi publicada em 1844. O Almanaque Brasileiro Garnier, de Benjamin Franklin de Ramiz Galvão, também fez história. Publicado entre 1903 e 1906, era direcionado ao

público “urbano” do Rio de Janeiro e São Paulo. Entre seus leitores estavam funcionários públicos, profissionais liberais, estudantes, comerciantes e importantes nomes da literatura brasileira como Sílvio Romero, Araripe Júnior, Graça Aranha, João Ribeiro, José Veríssimo, entre outros. Já o Almanach D'o Pensamento Scientifico, Astrologico, Philosophico e Literário, rico em gravuras, foi editado em São Paulo pela Empresa Typographica Editora “O Pensamento”. Não poderia faltar ainda as coleções do Almanaque de Petrópolis e Almanaque Santo Antônio, da Editora Vozes. Entre as coleções europeias, o Almanaque do Porto, publicação ilustrada portuguesa, pode ser considerado um importante registro de usos, costumes e a vida social da época. Trazia curiosidades, anedotas,

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horóscopos, provérbios e pequenas biografias. Seus volumes são raros. A Biblioteca possui os anos de 1948 a 1958. Há ainda publicações curiosas como o Almanach Eu Sei Tudo, do início do séc. XX e o Almanaque de Gotha, da Alemanha (séc. XVII). O primeiro, uma revista “Super Interessante” da época, primava pelas ilustrações e fotografias, instaurando definitivamente o uso de imagens e dando à leitura, um ritmo mais descontraído. Já o de Gotha, publicado pela primeira vez em 1763 e editado na forma de

livro de bolso, se tornou referência para nobres que queriam saber qual a dinastia mais apropriada para um casamento, e só deixou de ser publicado em 1944, quando Gotha caiu nas mãos dos comunistas. Com o passar dos anos, os almanaques ganharam um novo formato, com informações mais específicas. Hoje encontramos títulos como, por exemplo, Almanaque do Fusca, Almanaque da Jovem Guarda... Todos disponíveis na Biblioteca Gabriela Mistral. E sempre se mantendo atualizada, a biblioteca adquiriu, recentemente, o Almanaque Brasil de Cultura Popular, um dos selecionados para o edital de Periódicos de Conteúdo Mais Cultura. Venha até a Biblioteca Gabriela Mistral e conheça estes e os mais de 340 almanaques existentes no acervo.

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