Petrópolis Rio de Janeiro Março 2012 Distribuição Gratuita
Nº 34 Confira a Programação Cultural
Petrópolis 169 anos festa será marcada por grandes inaugurações
Tesouros da Cidade Museu Imperial
Entrevista Prof. Paulo Machado
Gallery 275
[+] Vitral
185 matérias
Bauernfest
Natal de Luz Serra Serata calendário turístico da cidade
Petrópolis chega à Neste mês de março, a Revista licação nos quais suas 34ª edição. São 3 anos de pub res sa e ele trôn ica , pág ina s, em ver são imp lgaram centenas de publicaram 185 matérias e divu gramação Cultural. eventos, nos encartes da Pro rcaram momentos Nove edições especiais ma turístico da cidade, importantes para o calendário Luz e a Serra Serata. como a Bauernfest, o Natal de nter o conteúdo e o Com a preocupação de ma o como testemunhos tratamento gráfico diferenciad oferecer a você, leitor, da qualidade que pretendemos esta trajetória, desde que nos honra ao acompanhar nova e, a partir desta fevereiro o vitral ganhou “cara” ganha novo nome: edição, o Tesouros da Arquitetura seção abordará não Tesouros da Cidade. A nova ais como também os apenas nossos tesouros materi ant am tur ista s e ima ter iais que tan to enc petropolitanos. o nosso aniversário No entanto, mais importante que de de Petrópolis, que é o aniversário da própria cida anos de uma graça em 16 de março comemora 169 a cidade recebe um sempre renovada. De presente, ões : três del as, mê s rep leto de ina ugu raç , ao turismo – e ao especialmente caras à cultura que estes segmentos desenvolvimento econômico representam. ada abe rtur a da Com eça mo s com a agu ard erá um soft opening Cervejaria Bohemia, que oferec O retorno da primeira especial para petropolitanos. sformada em centro cervejaria do Brasil, agora tran é uma vitória para cultural aberto à visitação, iga reivindicação da Petrópolis e atende à ant
Mata Atlântica
acessibilidade
que recupera um comunidade, na medida em significado histórico e patrimônio que tem profundo emia é também uma afetivo. Porém, a volta da Boh a econômico. O revival notícia e tanto do ponto de vist ar, e muito, o número da cervejaria promete increment ximos anos, trazendo da visitação turística nos pró os os demais setores movimentação positiva para tod de nossa economia. ado tesouro natural Na mesma linha, um aguard população: o Parque finalmente será entregue à , na Av. Ipiranga. Os Natural Municipal de Petrópolis ão permitirão que, a recursos de mais de R$ 1,5 milh e visitantes tenham partir de agora, petropolitanos Atlântica, por meio de acesso a 16,7 hectares de Mata Isto dá à cidade um três quilômetros de trilhas. ida estamos falando charme a mais, porque sem dúv do país que ainda de um dos poucos municípios a fatia tão preciosa de podem oferecer o acesso a um da cidade, pronta a Mata Atlântica em pleno centro nia com a natureza. ser explorada, em perfeita harmo especial, o Centro E, para concluir este momento e as portas. Além de Cultural 14 Bis também abr a de Santos Dumont propiciar o acesso ao Museu Cas des de locomoção, o aos visitantes com dificulda como o primeiro espaço também se configurará lmente adequado às centro cultural do estado tota acessibilidade. Isso mais modernas concepções de eção, poderão saber significa que todos, sem exc Santos Dumont. Uma mais sobre a vida e a obra de Aviação certamente se inauguração da qual o Pai da ela se alinha com orgulharia – na medida em que anidade. seus ideais de integração da hum
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significado histórico e afetivo ideais de integração da humanidade
Bisbilhoteca
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Ministério da Ministério do Cultura Turismo
A R E V I S TA D A C U LT U R A E D O T U R I S M O
PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Gilson Domingos JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP) GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201 Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares
Tesouros da Cidade Texto: Marilízia de Azevedo Fotos: Alexandre Peixoto e Museu Imperial
rincipal ponto turístico da cidade e um dos patrimônios materiais mais importantes da história brasileira, o Museu Imperial é, sem dúvida, um de nossos maiores tesouros. Um dos museus mais visitados do país, atrai turistas de todas as partes do mundo que desejam conhecer o palácio do imperador, o charme e os costumes da realeza dos tempos do Brasil Imperial.
Com o advento da República, o palácio foi alugado pela Princesa Isabel ao Colégio Notre Dame de Sion e depois para o São Vicente de Paula, num total de mais de 40 anos. Mas Petrópolis continuava a atrair a aristocracia, então ocupada por presidentes e políticos, conservando a herança do Brasil Império, através da qual o charme e a elegância permanecem até nossos dias, alicerçados por um de seus símbolos, o Museu Imperial.
Neste mês de março em que Petrópolis aniversaria, o Museu Imperial também comemora, e duplamente. Há 72 anos a instituição foi criada em 29 de março de 1940 e há 69 anos ele foi inaugurado no dia 16 de março de 1943.
O sonho de outro brasileiro, Alcindo Sodré (veja matéria na página 14), transformou o palácio em museu através de decreto de Getúlio Vargas. O Museu Imperial chega ao século XXI majestoso, imponente, instituição atuante e capaz de contribuir com uma sociedade em crescimento. E porque não dizer, menina dos olhos de nossos tesouros históricos, o Museu Imperial possui rico acervo entre mobiliário, documentos, obras de arte e objetos pessoais de integrantes da família imperial. Na coleção de pinturas destacam-se a Fala do Trono, de Pedro Américo, representando D. Pedro II na abertura da Assembleia Geral, e o último retrato de D. Pedro I, de Simplício Rodrigues de Sá.
O Palácio Imperial encanta a todos que conhecem Petrópolis, a cidade que nasceu dos sonhos de D. Pedro I, herdados pelo filho que aqui reinou. D. Pedro II tomou as rédeas dos anseios do pai e construiu – com recursos pessoais - um palacete em estilo neoclássico, como parte de um grande projeto urbanístico da construção da própria Petrópolis e sua colonização. O projeto do major de engenheiros, Júlio Frederico Koeler foi iniciado e após, seu falecimento, modificado por Cristóforo Bonini. O magnífico palácio foi concluído 17 anos depois pelos renomados arquitetos ligados à Academia Imperial de Belas Artes, Joaquim Cândido Guillobel e José Maria Jacinto Rebelo. Foi uma das residências da família imperial brasileira, pois D. Pedro II adorava residir em Petrópolis no verão e a cidade foi surgindo ao redor do palácio. Junto com o Imperador vinha a aristocracia do Império.
Serviço: na de terça a domingo, O Museu Imperial funcio ressos a R$ 8,00 e das 11h às 18h, com ing 0. heteria aberta até as 17h3 R$ 4,00 meia-entrada. Bil , rço ma de nos dias 16 e 29 Visitação gratuita a todos, ição. titu ins uração e da criação da comemorações da inaug
Um dos orgulhos da cidade, o Museu Imperial, querido, admirado e respeitado por todos, é hoje um patrimônio que representa, não só a vivência e a trajetória da família imperial no país, mas, sobretudo, o amor dos imperadores e seus herdeiros para com Petrópolis e o Brasil.
Nas cores do Lan
Foto: Isabela Lisboa
Um grande sucesso, o Carnaval 2012 homenageou o caricaturista Lan, que há décadas nos presenteia com seu talento e bom humor. “Nas Cores do Lan” foi o tema da folia deste ano, que homenageou também Petronilha Araújo, batizando a passarela dos desfiles com o nome da saudosa sambista. Uma extensa programação iniciada em janeiro com o “Esquenta” sacudiu 14 bairros e distritos com grupos de pagode e escolas de samba cariocas. Na abertura oficial, o Rei Momo Mário César Souza e a Rainha Hanna Paula Amaral receberam a chave de Petrópolis, animado pelo show da Orquestra Sambalanço. No Baile da Cidade, o Bloco Sargento Pimenta agitou convidados nos salões do Petropolitano F.C.
Foto: Daniel Carvalho
Seminário Estrada Real
O Seminário “Estrada Real e as Oportunidades para o Estado do Rio de Janeiro” foi realizado em fevereiro no Museu Imperial, com o objetivo de situar os oito municípios do Estado que compõem o projeto, com vistas a estimular o setor de Turismo, para a criação de ações que venham a impulsionar esta indústria. Autoridades municipais, estaduais e empresários ligados ao Turismo em Petrópolis participaram da mesa redonda com o tema “Experiência da Estrada Real no Estado do Rio de Janeiro e Novas Perspectivas”. O projeto Estrada Real envolve 199 municípios dos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O Instituto Estrada Real foi criado em 1999, conta com o apoio do Ministério do Turismo e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais- FIEMG.
Workshop & Trade Show CVC Petrópolis participou do 18º Workshop & Trade Show CVC 2012, realizado em fevereiro, em São Paulo. O stand da cidade, uma parceria da Fundação de Cultura e Turismo e o Petrópolis Convention & Visitors Bureau, atendeu 120 agentes de viagem. Tradicionalmente este evento abre o calendário do setor turístico, reunindo hotéis, companhias aéreas, receptivos, fornecedores, locadoras de automóveis, parques temáticos e órgãos de turismo. Mais de 600 expositores do turismo nacional e internacional, de 20 países, marcaram presença, contando com a visitação de mais de 10 mil agentes de viagem de todo o Brasil.
Foto: divulgação
Fotos: Adriana Kochem
Prêmio rio sociocultural 2011 O Rio Solidário e o Instituto Cultural Cidade Viva, uma iniciativa do Sebrae-RJ, vão premiar neste mês, no Rio de Janeiro cinco projetos com o Prêmio Rio Sociocultural 2011. Em sua terceira edição, o prêmio foi criado com o objetivo de valorizar, divulgar e promover ações que contribuam para o crescimento social. Um dos 10 finalistas é o Projeto “Livro no Ponto” que teve início em Petrópolis em 2009 nas comunidades carentes e já se estende ao Rio de Janeiro. Os projetos finalistas serão contemplados com R$ 3 mil e os cinco vencedores ganharão mais R$ 5 mil cada. Serão distribuídos também Notebooks e certificados especiais SEBRAE para os cinco Pontos de Cultura de destaque e, entre eles está o “Formação em Gestão Cultural Compartilhada”, também representando Petrópolis.
Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura Chega à sua terceira edição o Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura, criado em 2009 pela Prefeitura de Petrópolis através da Fundação de Cultura e Turismo. Dia 18 de março os escolhidos nas 11 categorias serão premiados em cerimônia no Theatro D. Pedro. Este ano a categoria de música dividiu-se em duas, incluindo aí o Canto Coral. As categorias são: Música Popular e Música Erudita, Artes Visuais, Teatro, Literatura, Dança, Comunicação, Categoria Especial, Notório Reconhecimento, Audiovisual, e Produção Cultural. A professora Myriam Daulsberg vai receber o prêmio pela categoria Notório Reconhecimento pelo conjunto da obra.
Festival Sesi Cultural Sucesso em 2011, o SESI Cultural, uma realização do Sistema FIRJAN – SESI/RJ em parceria com a Prefeitura de Petrópolis, através da Fundação de Cultura e Turismo está de volta. Até dezembro serão 40 apresentações de grandes atrações da cena artística nacional, mescladas com talentos do universo musical petropolitano. E para abrir a programação em grande estilo, neste mês o projeto traz Mart'Nália, Zé Zuca, Gabriel Sater e Elohim Seabra em apresentações no Theatro D. Pedro, Teatro Afonso Arinos e Palácio de Cristal. Mais informações no encarte da Revista Petrópolis, no site da prefeitura: www.petropolis.rj.gov.br ou através do Disque-Turismo 0800 024 15 16.
Foto: divulgação
Fotos: Isabela Lisboa
Bohemia, Centro Cultural 14 Bis e Parque Natural de Petrópolis são inaugurados presenteando a cidade no mês de seu aniversário Petrópolis Imperial chega aos seus 169 anos com muitos motivos para comemorar. Durante todo o mês de março, importantes atrativos serão inaugurados, resgatando verdadeiros tesouros da nossa história e da beleza natural que nos rodeia. Aguardada com grande ansiedade, a Cervejaria Bohemia reabre suas portas este mês, inaugurando o mais completo centro de experiência cervejeira do mundo. Fundada em 1853, a primeira cerveja do Brasil volta às suas origens, resgatando a cultura cervejeira da Cidade Imperial, além de possibilitar à petropolitanos e turistas conhecerem a história, ritos e mitos da cerveja no país. Inédito no Brasil, o projeto que contou com a parceria do governo do estado do Rio de Janeiro e da Prefeitura de Petrópolis, levará o visitante a uma verdadeira viagem ao mundo da cerveja. Em suas instalações foi criado um memorial da cerveja com o maior acervo da América Latina onde o público terá a oportunidade de conhecer as curiosidades e segredos do mundo cervejeiro, por meio de atividades interativas. Além disto, o projeto possui um centro de experiência cervejeira único no Brasil, onde os frequentadores poderão conhecer as mais diversas faces da cerveja, uma bebida rica em histórias e sabores, versátil para diferentes ocasiões e gostos. Para os paladares mais exigentes, degustações e harmonizações de todas as variantes da Família Bohemia (Confraria, Escura, Weiss e Pilsen) com pratos elaborados,
selarão de forma indissolúvel, a união que a história sedimentou: Petrópolis e Bohemia; Bohemia e Petrópolis. As histórias e tradições petropolitanas também serão contadas no espaço e conduzirão os visitantes a uma viagem pela história da Cidade Imperial e da Bohemia. Nas instalações da cervejaria serão produzidos 100 mil hectolitros de Bohemia por ano, além de edições especiais da marca. Acessibilidade para todos. Com este objetivo será inaugurado o Centro Cultural 14 Bis. Anexado ao Museu Casa de Santos Dumont, será o primeiro do estado do Rio de Janeiro a utilizar diversos meios e tecnologias adequadas para recepção de deficientes físicos, auditivos e visuais. A “Encantada”, como é carinhosamente conhecida a Casa de Santos Dumont, foi projetada para atender às necessidades do Pai da Aviação possuindo pequenos espaços multiuso e escadas íngremes, essenciais para que os turistas passem pelos três andares da residência, como a principal, onde a pessoa é obrigada a subir com o pé direito – um traço marcante da personalidade supersticiosa do inventor. Tais peculariedades da construção impediam que portadores de necessidades especiais tivessem acesso a casa. Cadeirantes, por exemplo, não podiam conhecer um pouco mais sobre a personalidade e o modo de vida de Santos Dumont. Desta maneira, o Centro Cultural 14 Bis chega para preencher esta lacuna. O projeto aprovado pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN transformou a antiga casa de Dona Eulália (governanta de Santos Dumont) no mais novo Centro Cultural da cidade. Com acesso pela Rua do Encanto nº 158, o CC 14 Bis contará com maquete tátil interna e externa, DVD em libras, catálogo em braile, áudio guide, réplicas de dependências do museu como o banheiro de Santos Dumont, rampa e plataforma eletrônica enclausurada para que pessoas com algum tipo de deficiência seja ela física, visual ou auditiva, possam conhecer a história do Pai da Aviação. O espaço vai contar também com oficinas pedagógicas, café temático, salas multimídia e de exposições, além de sala de convivência e profissionais capacitados a receberem o público. Para que não houvesse quebra do testemunho histórico, alguns pontos, como o passadiço para o banheiro, não foram e nem puderam ser alterados, respeitando as limitações do ponto turístico. O acesso ao laboratório fotográfico, onde funciona a bilheteria, não foi possível porque a realização de obras nessa parte da casa descaracterizaria a arquitetura. A fachada também não foi modificada. Entretanto, foi construído um elevador de acesso ao segundo andar da Casa, seguindo sempre a lei de acessibilidade. Já para os amantes da natureza, a grande novidade está na abertura oficial do Parque Natural Municipal de
Petrópolis. Um sonho antigo dos petropolitanos que agora vira realidade. Com 16,7 hectares o Parque é a única área no Centro Histórico com estado avançado de Mata Atlântica. Dividido em três etapas até a sua conclusão total, prevista para o 2º semestre de 2013, o visitante poderá contar, a partir deste mês, com espaço de contemplação da natureza, descanso e lazer, além de uma trilha para caminhadas com baixa dificuldade com 800 metros de extensão (ida e volta). Para atender o público cuja expectativa está em cerca de 100 visitações por dia, foram contratados guias permanentes, garantindo a segurança e o conforto de turistas e visitantes. No total serão investidos R$ 1,3 milhões, verba oriunda da Câmara de Compensação Ambiental do Estado do Rio de Janeiro, proveniente da Petrobrás junto ao Inea – Instituto Estadual do Ambiente, com a contrapartida de R$ 250 mil do governo municipal. As obras consistem na demarcação de três quilômetros de trilhas, a reformulação do pórtico, a pavimentação da entrada até a parte superior do parque com bloquetes intertravados. Também será construída a sede administrativa com espaço para um café e o centro de visitantes, onde haverá aulas sobre meio ambiente e pesquisa. Outra atração será o jardim sensorial, onde pessoas portadoras de necessidades especiais terão a oportunidade de usufruir e conhecer a flora por meio do cheiro e do toque.
Texto e fotos: Isabela Lisboa
Em breve Petrópolis ganhará mais um atrativo que promete emocionar muito marmanjo. Faltando apenas alguns detalhes para abrir as suas portas à visitação, o Gallery 275 levará turistas e petropolitanos a uma verdadeira viagem no tempo em duas rodas. Apaixonado por motos desde garoto, o petropolitano Guaraci de Oliveira e Silva, adquiriu sua primeira em 1987: uma Honda CT 90, ano 1972. A partir daí não parou mais. Hoje, conta com mais de cem em sua coleção, dedicada a motos das décadas de 1970 e 1980, das marcas japonesas Honda, Yamaha, Suzuki e Kawasaki. Sem espaço para comportar tantas máquinas em sua casa, começou a buscar um novo local para guardar sua coleção. Foi assim que, em 2011, este morador do bairro Mosela, encontrou à venda, bem pertinho de sua residência, o local ideal: um antigo galpão onde funcionava uma gráfica. Com o novo espaço, surgia também a vontade de levar seu acervo para o público, abrindo suas portas à visitação. Nascia assim o “Museu de Motos” Gallery 275 na Rua Cândido Portinari, nº 275. O local é um verdadeiro playground para os aficionados em motos. Todos os modelos seguem a linha Street ou Trail e estão impecavelmente preservadas e, pasmem, funcionando como novas. “Bastaria colocar gasolina e sair rodando”; diz Guaraci.
O espaço oferecerá momentos nostálgicos para os cinquentões que viram rodar pela cidade, modelos como a raríssima Yamaha DT 250 de 1977. Já os mais jovens poderão conhecer um pouco da história e da evolução destas máquinas que são objeto de desejo de muitos garotos. Entre as raridades está uma Kawasaki 250 A1, 1970, provavelmente único modelo ainda existente no país. Já na área de motos fabricadas no Brasil, não poderia faltar a primeiríssima Yamaha RD 50 de 1975 e a primeira Honda CG 125, de 1976. Através de um trabalho de formiguinha a restauração de uma moto pode levar anos. Afinal, encontrar peças originais não é fácil. Um exemplo deste trabalho está em uma TT 125, de 1980. Para que se pudesse montar uma moto foi preciso adquirir três delas.
No Gallery 275, processos de restauro e manutenção das motos poderão ser acompanhados pelos visitantes na Oficina do museu. Um bar temático será o ponto de encontro para Clubes de Motociclistas e adoradores de motos antigas. Já na lojinha de souvenirs, irresistíveis lembranças de mais um atrativo imperdível de Petrópolis.
CONSELHO MUNICIPAL DE CULTURA Editais valorizam o artista petropolitano Texto: Marilízia de Azevedo
Petrópolis sempre foi berço da Cultura em múltiplas vertentes, o que acabou imprimindo na Cidade Imperial a pluralidade, trazendo como consequência o fomento espontâneo das várias áreas culturais. Celeiro musical exaltado por tantos, nossa cidade tem sido inspiração para artistas de todos os matizes e de todos os tempos, além de matéria para poetas e literatos. Sem falar da colonização, que para cá trouxe inúmeras influências como a cultura germânica, mas também a italiana e a portuguesa, e até mesmo a japonesa, hoje, com evento já integrante no calendário oficial da cidade. Por sua diversidade, seu encantamento, Petrópolis é pródiga em gerar talentos há 169 anos, para o resto do Brasil e para o exterior, na música, no teatro, na literatura, no cinema, nas artes em geral. Contada em verso e prosa, a Cultura é motivo de ações e discussões em todos os tempos. O primeiro Conselho Municipal de Cultura surgiu em 1972 e de lá pra cá teve inúmeros formatos e fases. Atualmente, Petrópolis conta, não só com um Conselho de Cultura (CMC) atuante, mas também com um Sistema Municipal de Cultura, alinhado ao Sistema Nacional e cujo modelo tem sido case para muitas cidades (ver box). Entre os maiores objetivos do CMC está o fomento da produção local, como forma de oferecer aos artistas, produtores e trabalhadores da cultura em geral, a abertura de espaços para o desenvolvimento de seus projetos e talentos. Assim, o CMC vem trabalhando na elaboração e aprovação de editais, com vistas à melhoria dos que já existem e à criação de novos projetos. A prova disto está na reformulação e ampliação de dois importantes projetos: Ciranda das Artes e Som & Cristal. Os editais aprovados para o exercício de 2012, oferecerão melhores oportunidades para os profissionais que se candidatarem a essas vagas. O Ciranda das Artes passa a ter acompanhamento pedagógico, que garantirá o
monitoramento e qualidade das oficinas oferecidas. Novos cursos foram criados, como por exemplo, a Oficina de Grafite com o objetivo de atender à demanda do segmento da Cultura de Rua. Num total de 16 cursos, o projeto irá atender a 743 alunos, entre crianças, jovens e idosos. Dentre os diversos segmentos serão oferecidos cursos de: Artes Visuais: artes plásticas, desenho e pintura para crianças, grafite e fotografia; Áudio; Artes Cênicas: Teatro para várias idades; Práticas Corporais: Yoga; Dança: Dança de Salão, Ballet, Dança do Ventre, Danças Urbanas e Jazz; Música: Flauta Doce, Violão e Cavaquinho e Artesanato. Já no Projeto Som & Cristal houve alterações no sentido de oferecer melhores condições aos músicos que compõem as atrações, através da ampliação dos cachês em mais de 90%. Com isso as apresentações acontecerão dois sábados por mês no Palácio de Cristal, às 20 horas, com entrada franca.
SISTEMA MUNICIPAL DE CULTURA Petrópolis é uma das cidades pioneiras na implantação do Sistema Municipal de Cultura, reconhecida nacionalmente como modelo para outras cidades. Desse sistema também faz parte o Fundo Municipal de Cultura, que corresponde à parte orçamentária, e ainda o Plano Municipal de Cultura -conjunto de projetos, ideias e metas para as políticas públicas de cultura para os próximos 10 anos. Ele garante a continuidade de ações de interesse do município. O atual Plano Municipal de Cultura foi elaborado com grande participação da sociedade petropolitana em fóruns setoriais. Desde a sua reformulação, já foram realizados mais de 20 projetos constantes no Plano. Quer saber mais? www.petropolis.rj.gov.br ou ligue (24) 2233-1220
Entrevista
Homem de múltiplas facetas, verdadeiro patrimônio imaterial de Petrópolis Concedida a: Marilízia de Azevedo l Fotos: Isabela Lisboa e arquivo pessoal
o mês em que Petrópolis completa 169 anos, destacamos um de nossos personagens mais ilustres, homem de inúmeras facetas, cujas atividades sempre contribuíram para o crescimento da cidade. Próximo de completar 95 anos de idade, o petropolitano Paulo Machado da Costa e Silva é uma personalidade ímpar, dono de uma trajetória plural e personagem de fatos históricos marcantes na história de Petrópolis. Professor, político, jurista, religioso e homem da cultura, é mestre na arte de conciliar tantas áreas e jamais negligenciar o cuidado com a família. Dedicado a todas as suas atividades, ele destaca o Magistério e a Ordem Terceira como suas paixões. Descansar não está entre seus planos, tanto que no momento pesquisa a elaboração de um livro.
Revista Petrópolis - Numa trajetória tão rica e diversificada como a sua, qual das facetas considera a mais importante? Paulo Machado da Costa e Silva Considero minha atividade como professor a mais profícua e foi como professor que me aposentei. Fui o primeiro aluno da Universidade Católica de Petrópolis a se tornar professor de Direito Romano e Filosofia do Direito. Com os alunos trocava ideias e ajudei a formar muita gente, como desembargadores, historiadores, entre outros. Vários me diziam que nas minhas aulas ganharam gosto pela literatura ou pela história. Junto aos colegas trabalhei também na criação da associação de professores que depois viria a transformar-se em sindicato. Também sou sócio-fundador da Academia Petropolitana de Educação.
PMCS- Em 1965 eu era presidente da Câmara de Vereadores e fui chamado pelo Governador do Estado do Rio, Paulo Torres. Dois coronéis do Exército me disseram: “hoje à noite o prefeito Flávio Castrioto vai ser cassado durante a hora do Brasil e você vai assumir a prefeitura”. Eu me recusei porque existia o vice-prefeito. Além disso, sou professor de Direito, não podia admitir fazer algo contra a Constituição. Eles disseram: “mas estamos na Revolução!”, e eu pensei: “vou ser preso!”. Me pressionaram durante horas, diziam que o vice também seria cassado, mas não cedi. Solicitei a presença do juiz na Câmara para garantir a posse do viceprefeito. Fui à casa do prefeito Castrioto prestar-lhe a minha solidariedade, coisa que foi sabida pelos militares, pois a casa já estava vigiada. Conseguimos dar posse ao vice e quando ele foi realmente cassado, foi enviado um prefeito interventor, o Fernando Ayres da Mota, ligado à Revolução.
RP - Suas múltiplas atividades lhe renderam incursões sobre tantas áreas: Política, Serviço Público, Direito, Cultura e Religião. Como conciliar tantas vertentes além da família? PMCS - Estudei no Seminário em Santa Catarina, mas percebi logo que minha vocação era o Magistério e não a vida eclesiástica. Retornei à cidade, dediqueime como professor e as outras atividades foram acontecendo paralelamente. Acompanhava o Instituto Histórico de Petrópolis antes de ser membro, pois sempre fui amigo da história, estudava mais do que o ensino oferecia e procurei passar isso aos alunos. Até que, em 1952, fui convidado pelo então presidente do IHP, Alcindo Sodré, e fui o último membro a ser recebido por ele antes do seu falecimento. Nessa época eu já fazia parte da Ordem Terceira, onde durante 10 anos participei da Comissão Internacional elaborando as novas regras e por mais 10 anos participei da elaboração das Constituições Gerais. Essas obrigações nunca atrapalharam a dedicação à minha cidade, e para a minha família só trouxe benefícios, apesar de eu trabalhar bastante. Na década de 60 acabei entrando na política sem nunca ter almejado a carreira e, como vereador, fui presidente da Câmara Municipal no período ditatorial. RP- No período da Ditadura Militar o senhor abriu mão de ser prefeito em defesa da Constituição. Conte-nos esta passagem.
professor e jurista do Poder Legislativo eu entendia que o trabalho me exigia determinada isenção. Sempre gostei de acompanhar o cenário político, não dava palpite na Câmara, mas nos meus diários expressava minhas indignações. Tr a b a l h e i e m q u a s e t o d o s o s documentos do Legislativo em conjunto com os colegas e procurei dar, à Câmara, legislação para que pudesse funcionar dentro dos preceitos legais, por isso sempre defendi a existência de concurso público. Fui responsável pela equipe da Câmara, junto com a do Museu Imperial, através de um convênio, pela restauração e publicação das atas das reuniões plenárias do período Imperial. RP- Fale sobre sua atuação no IHP, na área da Cultura em geral e quais as suas atividades atualmente?
RP - Como foi sua saída da política para ingressar no serviço público e por quanto tempo permaneceu? PMCS - Era vereador, até que em 1966 seria candidato a deputado, porém na última hora me impuseram a candidatura a prefeito pela Arena. Perdi para o Paulo Gratacós e fiquei sem mandato. Em 1971 o assessor Jurídico da Câmara Municipal, João Francisco, foi nomeado juiz e fui convidado a assumir a função, que acabei desempenhando por 37 anos até 2008. Paralelamente continuei a dedicar-me ao Magistério e nunca mais me filiei a qualquer partido, até porque, como
PMCS - Fui presidente do Instituto Histórico por três mandatos. Entre 1968 e 1974 fui vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura e, em 1972, instalei e presidi o primeiro Conselho Municipal de Cultura. Participei da Academia Petropolitana de Letras, da Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos e sou membro fundador da Academia Petropolitana de Letras Jurídicas. Continuo atuando na APL e no IHP, entidade que continua trabalhando em busca de prestar serviço à cidade, revelando o seu passado como forma de ajudar o presente. Em 2010 publiquei, na Tribuna de Petrópolis, as atas da Câmara Municipal. Na APEM (Associação de Professores Públicos do Ensino Médio do Rio de Janeiro) atuo há muitos anos e hoje sou secretário. Estou escrevendo a história da Ordem Terceira de acordo com minha atuação há mais de 60 anos, para disponibilizá-la ao Instituto Teológico Franciscano como fonte de consulta. Não me passa pela cabeça encerrar minhas atividades. Tenho que continuar ativo!
Texto: Marilízia de Azevedo l Fotos: Arquivo Histórico Biblioteca Gabriela Mistral e Museu Imperial
A
ssim ficou conhecido o grande historiador Alcindo de Azevedo Sodré: como o idealizador, organizador, fundador e primeiro diretor do Museu Imperial. Este notável gaúcho é dono de uma trajetória brilhante, marcada por sua forte ligação com Petrópolis, que mesmo não sendo sua cidade natal, a ela devotou toda a sua vida, trabalho e dedicação. Dia 16 de março deste ano completa 60 anos de seu falecimento e a Revista Petrópolis homenageia esta figura que foi uma das mais altas expressões da cidade.
Nascido em Porto Alegre em 1895, quando ainda criança sua família mudou-se para Petrópolis. Estudou no Colégio S. Vicente de Paula, viveu algum tempo no Rio de Janeiro, graduou-se em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do RJ e após em Medicina. De volta a Petrópolis, aqui constituiu família, estendendo sua atuação além de advogado e médico, como professor, político, jornalista e como historiador deixou marca inigualável no destino da história de Petrópolis e do Brasil. Alcindo Sodré foi diretor da Tribuna de Petrópolis e do Jornal de Petrópolis. Como vereador exerceu diversos cargos na mesa diretora da Câmara Municipal, inclusive a presidência. Foi secretário da prefeitura e prefeito interino. Membro e presidente da Academia Petropolitana de Letras e do Instituto Histórico de Petrópolis, foi nessa área que seu nome se perpetuou, já que o seu amor incondicional por Petrópolis seria sacramentado pelas duas grandes criações: o Museu Histórico e o Museu Imperial. Desde menino, quando estudava no S. Vicente, sonhou em ver instalado naquele palácio, construído por D. Pedro II, um museu que congregasse a História do Império. Como vereador e historiador, esse desejo se fortaleceu e na década de 20 ele iniciou o processo. Nos festejos do Centenário da Independência, Sodré já pensava em
sugerir a criação do Museu, mas o Palácio Imperial ainda estava ocupado e havia resistência em retirar o educandário do prédio. Onze anos depois, ele obteve do prefeito Yêdo Fiúza a criação do Museu Histórico de Petrópolis, que começou a ser concretizado pelo prefeito Cardoso Miranda e instalado no Palácio de Cristal. Estava aí o embrião para a criação do Museu Imperial. A dedicação de corpo e alma à história, a noção do dever e a paixão em manter sólida a memória, a continuidade histórica e, sobretudo, o sonho que acalentava desde os tempos de estudante, fizeram com que Alcindo Sodré conseguisse sensibilizar o presidente Vargas. Nascia assim o Museu Imperial. Três anos após as reformas, a inauguração coincidiu com os festejos do centenário da criação de Petrópolis. Nada mais justo, ele foi o seu primeiro diretor até 1945, quando, por alguns meses, assumiu a prefeitura, voltando ao museu no mesmo ano e lá permanecendo até o dia em que o infarto o levou. Alcindo de Azevedo Sodré não só imprimiu seu nome nas páginas da história, mas deixou para a cidade um marco de sua força idealista. E não foi por acaso que ele nos deixou no dia do aniversário de Petrópolis em 16 de março de 1952.
Presidente Getúlio Vargas inaugura Museu Imperial