Petrópolis Rio de Janeiro Agosto 2012 Distribuição Gratuita
Nº 39 Confira a Programação Cultural
PATRIMÔNIO CINEMATOGRÁFICO
Tesouros da Cidade Parque Municipal de Petrópolis
Entrevista
Bisbilhoteca
Carmen Felicetti
Templo Israelita
[+] Vitral
atraentes
fascinantes
conjunto arquitetônico
tradições culturais
1963 patrimônios tombados
entes e fascinantes Petrópolis é uma das mais atra Possui um conjunto cidades serranas do Brasil. de um verdadeiro arquitetônico sem igual, além ários turísticos, cen contraste entre múltiplos is e históricas. ura nat tradições culturais e riquezas a Cidade Imperial Rodeada pela Mata Atlântica, e de aristocratas a sempre foi o refúgio da nobrez al para passar ide a que encontravam aqui, o clim de d. Pedro II ério Imp o verão. A herança deixada pel e casarões s ácio pal os pode ser conferida nos bel a barões, ncia idê res construídos para servir de ade carioca. Um viscondes e a alta socied co, que encanta úni patrimônio arquitetônico por aqui. visitantes e turistas que passam fosse preservado, Para que este patrimônio e federais vêm ais adu est instituições municipais, - catalogando e desde o início do século XX s tes our os da tom ban do est es ver dad eiro ria da História do arquitetura, registro e memó município e do país. preciosidades que Para se ter uma ideia das na cidade 1963 Petrópolis possui, existem esferas do Poder patrimônios tombados pelas três Instituto Estadual do Público. Segundo o INEPAC a do tural – a Cidade Imperial é don nobrezaPatrimônio Cul . eiro do Rio de Jan maior conjunto de tombamento servação aliada ao Um exemplo do sucesso de pre um dos mais belos tombando é a Avenida Koeler, primeiros conjuntos cenários da cidade e um dos a ser tombado em urbano paisagísticos do país em obrigatória do 1964 e, atualmente, passag rias (charretes). Circuito a pé e das famosas Vitó
principais estilos Na avenida se destacam os , ent re ele s, XIX ulo arq uite tôn ico s do séc Rio Negro e Sérgio importantes palácios como o feitura). Com sete Fadel (atual sede da Pre bamento da área quilômetros de extensão, o tom s, mantendo para as preserva ruas, casas e árvore beleza da Petrópolis futuras gerações, a história e a Imperial. o também tornou A preservação deste patrimôni para a produção de Petrópolis, o cenário preferido ca, como pode ser filmes, novelas e seriados de épo capa (pág. 08). conferido em nossa matéria de seu pat rim ôni o Ent reta nto , não é ape nas orgulho. O Museu arquitetônico que é motivo de da cidade, guarda Imperial, principal cartão postal s documentos e em seus arquivos importante ao Registro Nacional concorre, pela segunda vez, ndo, da Organização do Programa Memória do Mu cação, a Ciência e a das Nações Unidas para a Edu ente ao título de Cultura (UNESCO), equival Em 2010, o Museu Patrimônio da Humanidade. junto documental recebeu a titulação com o Con pelo Brasil e pelo II relativo às viagens de d. Pedro a candidatura a par mundo e, desta vez, enviou umentos que doc 286 Coleção Carlos Gomes, com , gravuras, ras titu par incluem fotografias, livros, entre outros. do o mundo, mais É a Petrópolis Imperial ganhan ão de nosso bem vaç uma vez, através da preser mais valioso: Nossa História.
Mata Atlântica
iva
av ri ó m e m , o d a rv e s re p io n ô Patrim
preservado
principais estilos arquitetônicos do século XIX
Museu Imperial
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Agosto / 2012
03
Cidade Imperial
históricas
riquezas naturais
cenários turísticos
Foto capa: TV Globo / Jo達o Cotta
A R E V I S TA D A C U LT U R A E D O T U R I S M O
Fotos: Isabela Lisboa
om 150 mil metros quadrados, o Parque Municipal de Petrópolis é a maior área pública de lazer do município. Localizado em um dos locais mais privilegiados de Itaipava – a Estrada União e Indústria – oferece diversão para todos os gostos. Local de grandes eventos ao ar livre como a Festa do Trabalhador, Petrópolis Rural, entre outros, o parque possui vasta área para a prática de esportes e lazer. A pista com 1350 metros oferece tranquilidade e segurança para caminhadas, corridas, passeios de bicicleta e patins. Cinco quadras poliesportivas estão disponíveis para a prática de esportes coletivos e um playground faz a diversão das crianças. O Parque de Itaipava – como é mais conhecido - é ponto de encontro de grupos de caminhadas, Tai-Chi-Chuan e atletas que encontram ali, o local ideal para seus treinamentos. De tempos em tempos a iniciativa privada e o poder público, promovem atividades de esporte e lazer para toda a família, totalmente gratuitas, com atividades físicas em geral, informações sobre saúde e muito mais. O próximo evento: Recreação educativo cultural acontece no dia 11 de agosto, de 9h às 12h e contará com a participação das academias de ginástica da cidade e a Faculdade de Medicina de Petrópolis. Já as sombras das árvores nativas da Mata Atlântica convidam para um piquenique com os amigos ou a família, a leitura de um
bom livro ou simplesmente, relaxar ao som das diversas espécies de pássaros da região. A estudante Talita Araujo aproveita o ambiente agradável do parque para passar dia com a família. “Lá, posso praticar esportes de todos os tipos, já que tem aparelhos de alongamento, pista de bicicleta, patins e caminhada, quadra poliesportiva, e um espaço para fazer piqueniques. Enfim, um local onde abrigo toda a minha família, satisfazendo a vontade de todos. O parque aumenta também a credibilidade do bairro de Itaipava, já que é um divertimento gratuito, com exceção de alguns eventos. Depreendo assim, que o Parque Municipal de Itaipava é obviamente um lugar para todos”, disse. O Parque também funciona como ponto de apoio aos visitantes que chegam a Itaipava, através do Centro de Informações Turísticas instalado no local. O CIT ainda abriga a Sala Peter Brian Medawar onde ocorrem exposições de artistas da cidade. O horário de funcionamento é das 9h às 18h, diariamente.
Serviço:
trópolis Parque Municipal de Pe va ústria, nº 10.000 – Itaipa End. Estrada União e Ind Tel. (24) 2222-1299 18h : Diariamente das 7h às Horário de funcionamento Entrada gratuita
Bauernfest bate recorde de público Realizada de 28 de junho a 08 de julho, a Bauernfest – Festa do Colono Alemão – foi sucesso absoluto. No total, 368 mil pessoas passaram pelos 11 dias da festa, com impacto na economia local de 55,2 milhões reais. Foram consumidos 7,5 toneladas de salsichão, além das centenas de tortas, sanduíches e porções típicas alemãs. Segundo o Disque-Turismo a média de ocupação hoteleira nos dois finais de semana do evento ficou em 97,2% no 1º Distrito e 90% nos demais. Um dos maiores responsáveis pelo sucesso da festa foi o trabalho intenso de divulgação, iniciado em 2011, com a participação de Petrópolis nas principais feiras de turismo do país.
Foto: divulgação
Fotos: Isabela Lisboa
Inaugurado Centro Cultural Casa Stefan Zweig Foi aberto ao público no dia 29 de julho, o Centro Cultural Casa Stefan Zweig, cujo acervo de livros, caricaturas, desenhos, fotos, vídeos e filmes, tem por objetivo preservar a obra e a história do escritor. No local também foi criado um Memorial do Exílio, onde as memórias de pessoas refugiadas do nazismo, no período de 1933 a 1945 também serão contadas. A Casa, administrada pela Associação Casa Stefan Zweig, passou por obras que devolveram suas características originais de 1941. A visitação é de sexta a domingo, das 11h às 17h, na Rua Gonçalves Dias, nº 34, Valparaíso.
Foto: Alexandre Peixoto
Sala de Leitura da Posse ganha novas instalações O Distrito da Posse ganhou novas instalações para a Sala de Leitura Dindinha Janica, pertencente à Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral. O novo espaço conta com acervo inicial de cerca de mil livros, atendendo a todas as idades e contará com permanente atualização. A Sala de Leitura, existente há décadas no Distrito, foi reaberta no mês de julho e tem seu horário de funcionamento de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h30.
Bunka-Sai – Festival da Cultura do Japão Fotos: Isabela Lisboa
A Cultura japonesa vai invadir o Centro Histórico durante a 4ª edição do Bunka-Sai. De 03 a 26 de agosto, o público poderá conferir uma vasta programação, totalmente gratuita, em três localidades: Praça Visconde de Mauá, Centro de Cultura Raul de Leoni e Casa de Cláudio de Souza. Com exposições, teatro, cinema, música, oficinas, demonstrações de shiatsu, Bon-odori, Taiko, Budô, Cosplay e mais: de 03 a 05/08 espaço gastronômico na Praça Visconde de Mauá, com a participação dos restaurantes: Kinpai, San Te Tung, Wasab e Sushi Imperial. Confira a programação completa no encarte + Petrópolis ou acesse www.facebook.com/BunkaSai2012.
III Festival de Fondues, Racletes e Cremes Fotos: divulgação
Vai até o dia 15 de agosto o III Festival de Fondues, Racletes e Cremes, promovido pelo Petrópolis Convention & Visitors Bureau. Desde o dia 15 de julho, 18 restaurantes localizados no Centro Histórico, Itaipava e arredores oferecem diversas opções para todos os gostos e bolsos. Entre eles estão: Afrânio Restaurante, Hotel Albergo Del Leone, Alquimia dos Temperos, Barão Gastronomia, Bistrô da Valéria, Bomtempo Resort, Bordeaux Vinhos e Cia, Cervejota, Don Bistrô, Duetto`s Café, Log Restaurante, Maffagio Restaurante, Oliveiras da Serra, Pousada Paraíso, Pousada Paraíso Açú, Quinta da Paz, S`a Carola e Solar Fazenda do Cedro. Mais informações: www.visitepetropolis.com
Petrópolis participa da 16ª AVIRP Petrópolis, seus atrativos históricos e culturais, seus grandes eventos, sua beleza natural e arquitetônica, bem como sua rede hoteleira, serão divulgados em mais uma importante feira de turismo. Nos dias 17 e 18 de agosto a Gerência de Turismo da Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis, vai montar estande juntamente com o PC&VB, na 16ª AVIRP—Associação de Agentes de Viagem de Ribeirão Preto-SP. A feira acontece no Centro de Eventos Taiwan e o tema deste ano é “Brasil de grandes realizações e destinos do mundo”, visando a Copa do Mundo 2014.
Foto: divulgação
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Quitandinha: Maysa, AEIO... Urca, Macunaíma, As Sete Vampiras, A Suprema Felicidade Theatro D. Pedro: Maysa, Dalva e Herivelto, Dercy
Solar do Império: Decadência, Sonho Meu, Pátria Minha, Maysa
Casarões na Koeler: Anjo de mim, Direito de amar
Casa da Ipiranga (Casa dos Sete Erros): Direito de Amar, Esplendor, Era uma vez...
Palácio de Cristal: Direito de amar
Parque Cremerie: Sonho Meu
Casarão de Pedra na Praça da Liberdade: Guerra dos Sexos
Belvedere: Selva de Pedra (as duas versões, de 72 e 86)
Corrêas: Dancin' Days
Pico do Açu: Avenida Brasil
Country Club de Nogueira: A Viagem
Castelo São Manuel: O Quinto dos Infernos, Eterna Magia
Catedral: Escrito nas Estrelas, Anjo de Mim
Bauernfest: Anjo de Mim
Cristo da Serra: Escrito nas Estrelas
Arredores da Câmara Municipal: Vira-Lata Museu Imperial: Anjo de Mim, Quatro por Quatro, Cidade dos Homens
Fotos ilustrativas
Sabores do Japão Texto: Donato de Almeida
Tudo começou no século XX, quando o Brasil estava carente de mão de obra estrangeira para trabalhar nas lavouras de café. Em paralelo, o Japão encontrava-se numa época de grande crescimento populacional com uma economia que não gerava emprego para todos. Então, para sanar a necessidade de ambos os países, foi selado um acordo imigratório entre os governos brasileiro e japonês.
pouca ou praticamente nenhuma gordura saturada (nocivo ao organismo). Os alimentos crus preservam 100% dos nutrientes e, além disso, são ricos em substâncias importantes para preservar a saúde, como o ômega 3 do salmão, que previne contra doenças cardiovasculares, ou o lentinan dos cogumelos, que reforça o sistema imunológico.
A partir daí, em 18 de junho de 1908, no porto de Santos (SP), desembarcou a primeira centena de famílias japonesas no Brasil. Hoje, plenamente integrados à cultura brasileira, os japoneses contribuem para o crescimento econômico e desenvolvimento cultural.
Peixes, algas, cogumelos, tofu, arroz e outros ingredientes carregam o segredo da longevidade do povo japonês. O Japão é o país com a maior expectativa de vida do planeta: 83 anos. Pesquisas apontam que as pessoas que seguem uma dieta japonesa saudável têm cerca de 40% menos sintomas de depressão.
Na bagagem, eles trouxeram junto com a vontade de trabalhar, sua arte, costumes, língua, crenças, conhecimentos e culinária. A delicada gastronomia nipônica já é uma das principais heranças enraizadas no país tropical e agrada a jovens e adultos, garantindo assim a sua presença no dia a dia de muitos brasileiros.
Os restaurantes japoneses de Petrópolis apresentam detalhes na decoração e vestuário, envolvendo assim o cliente, criando um ambiente que aproxima o mundo oriental das terras tropicais. Feitas as apresentações, entre e saboreie essas obras de arte da culinária japonesa e realize uma excelente refeição nas cerca de 10 opções de restaurante na Cidade Imperial. Bom apetite!
Aos poucos, o garfo e a faca são trocados pelo famoso hashi (par de gravetos utilizados como talher pelo povo asiático) e certos nomes entram no vocabulário dos apreciadores dessa culinária milenar como sushi (bolinho de arroz coberto por peixes ou frutos do mar crus), sashimi (fatias de peixe cru degustadas com shoyu e raiz forte), yakisoba (macarrão com verduras e carne de frango fatiada, temperada com o molho à base de shoyu e óleo de gergelim), temaki (cones de algas recheados com arroz, peixe cru ou frutos do mar e legumes), entre outros. Como acompanhamento, nada melhor que o saquê, uma bebida feita de arroz e água. Sua graduação alcoólica varia entre 10 e 15% e pode ser servido quente ou gelado em pequenos potes ou em um recipiente chamado masu. A preparação da comida é simples: usa apenas alimentos naturais como peixes, legumes, frutas e algas marinhas, o que fez a alimentação japonesa ser reconhecida internacionalmente como uma culinária rica e saudável. Os pratos são leves, pois levam
A gastronomia nipônica também poderá ser conferida em Petrópolis, entre os dias 03 e 05 de agosto, durante a 4º edição do Bunka-Sai - Festival da Cultura Japonesa. Os restaurantes Kinpai, San Te Tang, Sushi Imperial e Wasab, levarão ao público as delícias orientais em barracas montadas na Praça Visconde de Mauá. O evento que acontece até o dia 26 de agosto traz ainda exposições, teatro, cinema, música, oficinas, Bon-odori, Taiko, Budô, Cosplay e muito mais em três localidades: Praça Visconde de Mauá, Centro de Cultura Raul de Leoni e Casa de Cláudio de Souza. Confira a programação completa no site www.petropolis.rj.gov.br ou pelo Disque-Turismo: 0800 024 1516.
Concedida a: Bruno Rodrigues l Fotos: Isabela Lisboa e Arquivo Pessoal
ra 1922 e o Brasil comemorava 100 anos de independência. A Semana de Arte Moderna revolucionava a pintura, escultura, música, literatura e poesia, e Petrópolis dava um importante passo para a cultura local com a criação da então Associação Petropolitana de Ciência e Letras. Anos mais tarde, precisamente em 5 de junho de 1929, a primeira presidente mulher, Nair de Teffé Hermes da Fonseca, transformou-a em Academia Petropolitana de Letras. E para homenagear os 90 anos da APL, a Revista Petrópolis conversa com a acadêmica que tem como patrono Machado de Assis: Carmen Felicetti. Há 20 anos na academia, Carmen já a presidiu e hoje figura entre um seleto grupo de integrantes beneméritos. Ela é casada há 10 anos com o também acadêmico Gustavo Wider, e a história do casal está diretamente ligada à literatura. “Nos conhecemos na academia, quando o Gustavo buscava alguém para criticar um de seus livros. Nossa aproximação se deu pela literatura”, contou. Natural de Viçosa (MG), ela já está na cidade há 50 anos e se diz petropolitana de coração, resumindo o seu encanto como: “Petrópolis é qualquer coisa de especial”.
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PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Agosto / 2012
Revista Petrópolis – Como foi criada a Academia Petropolitana de Letras? Carmen Felicetti – Foi fundada por João d'Escragnolle, Joaquim Gomes dos Santos e Reynaldo Chaves. Mas podemos considerar que o idealizador foi o d'Escragnolle porque ele reuniu um grupo de amigos em junho de 1922 para homenagear seu amigo falecido, o jornalista Gregório de Almeida. O objetivo era, assim como fazemos hoje em dia na Academia, relembrar e homenagear os membros que faleceram. A iniciativa foi um sucesso. Vendo aquilo, o Joaquim enviou uma carta sugerindo a criação de uma sociedade de letras, onde intelectuais se reunissem para lerem entre si os seus trabalhos literários. Foi então que o João d'Escragnolle publicou um convite para quem estivesse interessado ir à reunião, que foi na Avenida 15 de Novembro (atual Rua do Imperador), nº 732, no dia 03 de agosto de 1922, para a criação de uma associação. R.P. – A Academia Brasileira de Letras foi inaugurada em 1897 com objetivo de cultivar a língua e a literatura. E aqui em Petrópolis, o objetivo é esse também?
C.F. – Foi a Nair de Teffé quem mudou quando era presidente, mas era uma vontade de todo o grupo, de todos os membros da associação. Havia a ideia de que o enfoque caísse encima das letras. Porque ciência é uma coisa muito ampla e uma associação de ciência e letras é extremamente abrangente. A ideia era que afunilasse a cultura das letras, que se voltasse exclusivamente para as letras, apesar de termos em nosso quadro pintores e outras pessoas que fazem arte, ou seja a cultura de modo geral, tirando a parte árida da ciência. R.P. – Como as pessoas podem fazer parte da Academia? C.F. – Elas são convidadas por alguém da Academia, mas primeiro tem que abrir uma vaga, que acontece, normalmente, por causa da morte de algum dos membros. Qualquer acadêmico tem o direito de indicar um candidato. Aí esse acadêmico leva o currículo dessa pessoa, as obras, e o presidente designa uma comissão de três acadêmicos para analisar se o candidato está apto ou não a fazer parte da academia. Essa comissão vai analisar o currículo, ler as
C.F. – O objetivo é esse também. Valorizar e não deixar morrer o idioma, estimular os talentos que existem na cidade para que escrevam, produzam, publiquem, mesmo não sendo membros na academia. É promover a cultura e o desenvolvimento com o foco nas letras.
R.P. – Como você resume esses 90 anos de Academia?
R.P. – Quais as principais atividades realizadas pelos acadêmicos como membros da APL? C.F. – A diretoria define uma programação. Dentro dessa programação há palestras, leituras de dramaturgia, apresentações literárias. Mas o acadêmico pode ter uma ideia e levar à diretoria e fazer uma exposição, por exemplo. Não há uma preocupação só com as letras. O que fazemos é propor atividades que estimulem a cultura. R.P. – O que difere a Academia Petropolitana de Letras das outras? C.F. – Uma marca da nossa Academia é a presença da mulher desde os primórdios. Na primeira reunião já havia a presença feminina. E em 1928 a Nair de Teffé foi eleita presidente da APL. Ou seja, mesmo numa sociedade tradicionalista como a de Petrópolis, a mulher sempre esteve presente. Lá a gente é recebida com muito carinho, nunca houve discriminação, sempre fomos tratadas como iguais. R.P. – Porque houve a mudança do nome de Associação Petropolitana de Ciência e Letras para Academia Petropolitana de Letras?
vontade de ler e o colocou no bolso novamente. Ai ele disse “eu quero fotografar o rosto de cada um de vocês, olhar para cada amigo que está aqui comigo para guardar a imagem de vocês para sempre”, e começou a conversar com as pessoas, muito agradecido e emocionado. Quando acabaram os agradecimentos e os acadêmicos, como de costume, foram para a fila dos comprimentos, o professor Fernando Augusto Magno, que estava na minha frente com a sua senhora, foi cumprimentá-lo, deu os parabéns e o abraçou. Foi aí que o Luiz Gonzaga começou a pesar. O Fernando achou que era brincadeira, porque o Cavalcanti era muito brincalhão, mas ele caiu no chão. Dominado pela emoção, ele faleceu, ali, diante do plenário.
obras e, após isso, emite um parecer. Há um dia para a votação, onde os membros são convocados para uma assembleia e o presidente lê o parecer que pode ser, ou não, positivo. Então a academia vota. Se o candidato for eleito, uma comissão vai à casa da pessoa comunicar que ela foi eleita e ela tem, então, um período para marcar a sua posse. Nessa posse solene, normalmente quem indicou faz uma apresentação para o público, um resumo da biografia daquela pessoa, enfim, apresenta os valores daquele novo membro, que logo faz um discurso sobre o seu antecessor e então o elogio ao seu patrono. R.P. – Já aconteceu alguma situação inusitada na Academia, diferente...? C.F. – Uma situação muito triste com um membro da academia, o Luiz Gonzaga Cavalcanti Filho, que sonhava em virar acadêmico. Ele foi eleito e no dia da posse estava muito emocionado, muito feliz... Na hora que foi falar, ele puxou o discurso do bolso, mas disse que não estava com
C.F. – Foram 90 anos em que a academia nunca deixou de funcionar, sempre esteve atuante. E quando eu vejo a galeria dos expresidentes, das pessoas que estiveram à frente da instituição, eu me lembro que quando era estudante fui assistir um curso de literatura dado pelos acadêmicos Olavo Dantes, Mário Fonseca... Então, para mim, isso era algo inatingível, nunca poderia passar pela minha cabeça que um dia eu seria membro daquela instituição de pessoas que eu considerava monstros sagrados. Eu vejo a academia desde sempre como uma instituição com a intenção de estimular, fomentar e desenvolver o potencial das pessoas. R.P – E para os 90 anos, qual a programação? C.F. – Teremos cerimônias de posse, uma missa solene, palestras, um almoço de confraternização e a publicação da Revista Acadêmica. R.P. – Qual a perspectiva para o futuro da Academia? C.F. – Eu acho que é continuar fazendo o que estamos fazendo. Continuar desenvolvendo, dar prosseguimento às atividades, enfim, fomentar, desenvolver, e fazer crescer a Academia.
Bisbilhoteca
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Gabriela Mistral
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Texto: Carolina Tollstadius l Fotos: Isabela Lisboa e Arquivo Sinagoga
oi em um domingo, primeiro dia da semana do calendário judaico, que a comunidade israelita de Petrópolis oficializou a conquista de um espaço próprio para a celebração de suas tradições e cultura. O templo foi fun dado na manhã do dia 07 de agosto de 1949, cerca de 30 anos após o surgimento dos primeiros registros sobre grupos de judeus no município. O espaço hoje preserva tradições em cerimônias religiosas e mantem viva parte da história da comunidade. As primeiras informações sobre a existência de famílias judias em Petrópolis são de 1926. Eram aproximadamente dez núcleos compostos, em sua maioria, por imigrantes da Europa Oriental, de países como a Rússia e a Eslovênia (existem contradições sobre a região da Eslovênia, a maioria das vezes considerada como parte da Europa Central). Após aportar no Rio de Janeiro, os judeus fugiam do calor para encontrar o reconforto no clima ameno de Petrópolis. Profissionalmente, dedicavam-se a atividades de venda onde atuavam como mascates ou prestamistas, com a realização de empréstimos a juros. Parte dos lucros era economizada para mandar vir os parentes que fugiam do antissemitismo. “O maior fluxo de judeus para o Brasil deu-se pouco antes da Segunda Guerra, quando já fugiam das perseguições nazi-fascistas”, explicou o presidente honorário da Sinagoga Israelita de Petrópolis, Samuel Nussembaum, em uma das celebrações de aniversário do templo. ”Durante a guerra todos passaram por momentos de temor, com as notícias vindas da Europa, sobre o extermínio dos judeus em todos os continentes, campos de concentração, câmaras de gás [...]. Quase todos, se não todos, perderam parentes e tiveram que
Prédio da Sinagoga Israelita de Petrópolis, projetada e supervisionada pelo engenheiro Guido Cohen
chorá-los à distância e em ausência. Afora esse laço de luto coletivo foi um momento de progresso e prosperidade da coletividade. Tudo girava em torno da fé, união e trabalho”, pontuou. Coube a alguns representantes da comunidade transmitir aos outros um pouco da história judaica, além dos princípios morais e espirituais da religião. Já para manter as tradições, as cerimônias passaram a ocorrer em pontos diferentes da cidade. Durante um tempo foram celebradas, em uma garagem, na Rua General Osório, momento seguido por várias alterações de endereço, até que o grupo estabeleceu-se, temporariamente, na rua João Pessoa, onde atualmente funciona a Rádio Imperial. Passada esta fase, mudaram-se para a Avenida 15 de Novembro, número 759. “Este foi o período áureo da comunidade israelita em Petrópolis. Após a guerra as lágrimas secaram e daí partiram para a realização de um sonho: conseguir uma casa de reuniões com escola e sinagoga própria”, contou Nussembaum. Com a venda de um terreno doado, a direção da época adquiriu um imóvel na Rua Aureliano Coutinho. O projeto do engenheiro Guido Cohen foi executado por participantes da comunidade e até quem não integrava o grupo ajudou. Para Carlos Watkins, presidente da Sinagoga, atualmente a principal característica do templo está em reunir as famílias e realizar cerimônias tradicionais como a celebração do Ano Novo e do Dia do Perdão. “A sinagoga é responsável por congregar, por unir os judeus”, define Watkins. O Templo Israelita de Petrópolis está localizado na rua Areliano Coutinho, n° 48, no Centro.
Colocação da pedra fundamental da sinagoga, inaugurada em 1949
Carlos Watkins: Carlos Watkins, presidente da sinagoga. Ao fundo, a imagem do 'guru' Menachem Mendel