Revista Petrópolis

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Petrópolis Rio de Janeiro Setembro 2012 Distribuição Gratuita

Nº 40 Confira a Programação Cultural

Tesouros da Cidade Trono de Fátima

Entrevista Alberto Dines

Serra Serata 2012

[+] Vitral



Serra Wine Week

Memorial do Exílio

rra e s a d a s o rm a h c is a m o ã ç ta Es se despede em grande estilo

filmes

rno com bons motivos Petrópolis se despede do inve ada na serra agitou a por para comemorar. A alta tem junho e julho. Nossos Cidade Imperial nos meses de receberam 134.296 principais atrativos turísticos 30% comparado ao visitantes, um aumento de sado. Somente a mesmo período do ano pas Alemão movimentou Bauernfest – A Festa do Colono o novo recorde de end na cidade R$ 55,2 milhões, bat público (368 mil). a ficar, o Bunka-Sai – Outro evento que chegou par durante todo o mês de Festival da Cultura do Japão, exposições, festival de agosto, trouxe para o público ras , apr ese nta çõe s cine ma , wor ksh ops , pal est gastronômico, que culturais e o já famoso espaço três dias em que foi atraiu 20 mil pessoas, nos realizado. rmosa de Petrópolis E para fechar a estação mais cha avera, acontece de Prim a e dar as boas-vindas para – A Festa Italiana ata Ser ra 03 a 09 de setembro a Ser a Praça da Liberdade, de Petrópolis, transformando é realizado, em uma nos cinco dias em que o evento programação nomes verdadeira piazza italiana. Na , Marco Lobo, Felipe como Jerry Adriani, Fred Rovella artistas locais, levarão Schmitt, entre outros grandes o público, tudo, claro, a o melhor da cultura italiana par ia típica. om tron regado com a melhor gas nomia, o Serra Wine Para os amantes da enograstro rótulos atraentes e Week chega a sua 4ª edição com os em div ers os pre ços bas tan te con vid ativ dias 06 e 16. restaurantes da cidade, entre os

“Museu” do Trem

rópolis Imperial para O visitante que escolher a Pet ependência do Brasil, passar o feriado do Dia da Ind mação diferenciada, além de encontrar uma progra is um novo atrativo também encontrará aqui, ma a obra de um dos mais turístico que resgata a vida e íodo entre guerras: per respeitados escritores do Stefan Zweig. a que pertenceu ao Inaugurada em 28 de julho, a Cas museu e traz em seu escritor, foi transformada em ções de livros, fotos, acervo objetos pessoais e cole os e filmes. documentos, depoimentos, víde morial do Exílio, um O local conta também com o Me as obras de outros espaço destinado a divulgar que se refugiaram no s artistas, intelectuais e cientista contribuíram para a que Brasil entre 1933 a 1945 e s (veja matéria de paí do cia cultura, as artes e a ciên capa). da Ferrovia no Brasil, E para quem curte a História tro Cultural Estação vale a pena uma visita ao Cen seu” do Trem. Após Nogueira, onde se encontra o “Mu de Modernização e receber uma verba do Programa Centros de Memória, Preservação de Museus e de Cultura do Estado, ria através de edital da Secreta sua infraestrutura, em as o local passou por melhor verdadeira “viagem” à oferecendo ao visitante uma rópolis, além de uma História das ferrovias em Pet l, com exp osi çõe s ext ens a ativ ida de cul tura filmes, entre outros. temporárias, exibições de Imperdível!

História da Ferrovia no Brasil

exposições temporárias

a melhor gastronomia típica

piazza italiana

R$ 55,2 milhões

Stefan Zweig

estação mais charmosa

intelectuais e cientistas

inverno

368 mil visitantes


A R E V I S TA D A C U LT U R A E D O T U R I S M O


Arquivo Trono de Fátima

Com uma população majoritariamente católica, Petrópolis tem, entre suas vocações, o Turismo Religioso, que diversamente de outros segmentos de mercado turístico tem a fé como sua motivação fundamental. Entre os atrativos que podem tornar a cidade roteiro de muitos peregrinos está o Trono de Fátima. Idealizado por Frei João José – mentor do Movimento Mariano em Petrópolis – o monumento foi inaugurado em 1947 e está entre os nossos mais bonitos atrativos turísticos. Localizado no ponto mais alto do bairro Valparaíso, oferece ao visitante uma visão panorâmica única da Petrópolis Imperial. O projeto arquitetônico é de Heitor da Silva Costa, que tem, como sua obra mais famosa, o Cristo Redentor. A imagem de Nossa Senhora de Fátima foi esculpida em Pietrasanta, na Itália, pelo escultor Enrico Arrighini, em mármore branco estatuário e em um só bloco de 3,50 metros de altura. Assim, o conjunto, fixado sobre uma base com a mesma medida da estátua, atinge 7 metros, o que a torna ainda mais imponente. Em um plano circular, Nossa Senhora é envolvida por sete colunas que representam os dons do Espírito Santo. A forma da rotunda é em estilo clássico, inspirada no Pânteon de Agripa, em Roma. O potencial turístico e histórico do Monumento

Serviço: 8h às 18h Visitação: diariamente, de cada mês, Procissão: todo dia 13 de h30 (fins de semana) 17 e às 19h30 (dias úteis) Mariano Saída: defronte ao Teatro ) (Rua Frei Rogério, nº 95

levou a AMA Centro Histórico a desenvolver uma proposta de revitalização do espaço, por meio de parcerias com a Prefeitura de Petrópolis e a UCP – Universidade Católica de Petrópolis. O objetivo é garantir a sustentabilidade e transformar o Trono de Fátima em mais um atrativo que contribua para o desenvolvimento socioeconômico. Tombado pelo INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – desde 1991 e pelo Conselho Municipal de Tombamento, desde agosto de 2011, o complexo do Trono de Fátima congrega, além do monumento, uma capela – localizada na parte inferior da construção -, o Caminho do Rosário e o Teatro Mariano. Com o passar dos anos, a Congregação Mariana construiu edificações no complexo, sem se preocupar com a harmonização do conjunto arquitetônico. Para que o projeto de revitalização seja elaborado, foi realizada uma parceria entre a Fundação de Cultura e Turismo, por meio da Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral, a AMA Centro Histórico e a UCP, que ofereceram uma oficina de treinamento aos alunos do Curso de História da Universidade sobre técnicas de arquivamento. A parceria, além de garantir a elaboração de um projeto minucioso de revitalização do local, irá garantir a organização criteriosa de documentos históricos da Congregação e os registros sobre a construção do monumento. Um verdadeiro resgate desta bela história que também será disponibilizado ao público, para que as futuras gerações possam ter acesso à memória e à obra desta importante página da religiosidade petropolitana.

Foto: divulgação

oi dada a largada para a Jornada Mundial da Juventude – maior evento católico do mundo – que acontece em julho de 2013, no Rio de Janeiro. Cidades do Brasil inteiro já começaram a se preparar para receber 2,5 milhões de jovens do mundo todo, com uma programação especial que agregará cultura, turismo e muita fé. Escolhida entre as cidades que acolherá jovens estrangeiros, Petrópolis também já iniciou seus preparativos e deve receber, na Semana Missionária que antecede a JMJ, 12 mil pessoas (de 16 a 21 de julho).


Foto: Isabela Lisboa

Sucesso na 4ª edição do Bunka-Sai A 4ª Edição do Bunka-Sai atraiu mais de vinte mil pessoas no primeiro final de semana do evento. A festa foi realizada de 03 a 26 de agosto e celebrou a cultura japonesa através da gastronomia, exposições de trajes típicos, flores e plantas; palestras, mostra de cinema e pinturas; workshops, exibições teatrais e outras artes que desvendaram as várias faces do Japão e seu envolvimento com o Brasil, especialmente em Petrópolis. A organização do Bunka-Sai é da Associação Nikkei de Petrópolis e da Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis.

O estande de Petrópolis na 16ª AVIRRP-Associação de Agentes de Viagem de Ribeirão Preto-SP, realizada em agosto, fez o maior sucesso. A feira teve como tema: “Brasil de grandes realizações e destinos do mundo”. Os visitantes conheceram os atrativos turístico-culturais da Cidade Imperial, além da rede hoteleira e as belezas naturais e arquitetônicas do município.

Petrópolis em Londres

Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Petrópolis esteve presente na Casa Brasil, em Londres, Inglaterra, durante a apresentação das instalações esportivas credenciadas pelo Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016. Cinco instalações esportivas da cidade foram credenciadas: Quadra Poliesportiva da Universidade Católica de Petrópolis (UCP); Bomtempo Raquete Resort; Haras Massangana; Manége Fape Multisalto e Manége Domar, como instalações principais, e a Clínica Veterinária Horse Center, como instalação auxiliar.

IV Serra Wine Week Pelo 4º ano consecutivo, não vão faltar bons motivos para celebrar o encerramento do inverno com o Serra Wine Week, que acontece de 06 a 16 de setembro. No evento, empreendimentos gastronômicos oferecem vinhos selecionados a preços especiais para seus clientes. Um dos conceitos inovadores deste ano é promover a degustação com responsabilidade. Incentivando o distanciamento entre bebida e direção, vai ser possível desfrutar de um Wine Tour com motorista particular. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail eventos@bomtemporesort.com.br ou pelo telefone (24) 2222-9922.

Foto: Divulgação

Foto: Isabela Lisboa

Petrópolis é sucesso em Feira de Turismo


O Palácio de Cristal será palco, no dia 14 de setembro, às 19h da Cerimônia de Entrega do Prêmio Literário Literarte 2012, cujo Patrono será Claudio de Souza. Idealizado pela Associação Internacional de Escritores e Artistas Plásticos, o troféu é uma distinção feita, no âmbito internacional, à escritores, instituições e obras produzidas no ano anterior. Os prêmios são divididos em 25 categorias, entre elas: Criatividade e Originalidade; Antologias; Livros de Poesias; Livros de Contos e Crônicas, Menção Honrosa Especial.

Foto: Divulgação

Prêmio Literarte de Cultura

Foto: Divulgação

Primavera dos Museus A 6ª Primavera dos Museus acontece de 25 a 30 de setembro, em torno do tema “A Função Social dos Museus”. O Museu Imperial/Ibram participa com atividades educativas e voltadas para a inclusão social, tudo gratuito. Haverá contação de história, visita aos bastidores, concerto, roda de leitura, oficinas e visitas temáticas. As atividades que já ocorrem regularmente, como os espetáculos "Som e Luz" e "Um Sarau Imperial", além da própria visitação ao Museu, terão ingressos promocionais. A programação completa e mais informações sobre o evento podem ser obtidas no encarte + Petrópolis ou no site do museu www.museuimperial.gov.br.

Edital I - Ciranda das Artes nas Comunidades O Projeto Ciranda das Artes nas Comunidades - 2012 recebeu, em agosto, inscrições de oficineiros para a seleção de projetos de Oficinas Livres, com edital aprovado pelo Conselho Municipal de Cultura. Os cursos irão funcionar de setembro a dezembro deste ano, nas áreas de Artes Visuais, Artes Cênicas, Música, Artesanato e Audiovisual, ministrados nos CRAS—Centros de Referência em Assistência Social do Centro, Vale do Carangola, Quitandinha, Independência, Retiro e Itaipava.

Edital II Caravana Cultural Outro edital lançado pelo Conselho Municipal de Cultura, desta vez para o projeto Caravana Cultural, com o objetivo de levar atrações a várias comunidades aos domingos, de setembro a novembro de 2012. Serão selecionados 36 projetos nas áreas de circo, música, dança, teatro e artesanato. Através do edital, o CMC visa valorizar as artes e fomentar a economia da Cultura.


Texto: Bruno Rodrigues | Fotos: Arquivo CSZ e Isabela Lisboa

“Hoje nos mudamos, felizes. É uma casa minúscula, mas com um amplo terraço coberto e uma bela vista, um pouco fresca agora no inverno, e o local é tão maravilhosamente deserto como Ischl em outubro e novembro. Finalmente, um lugar para descansar durante alguns meses, e as malas serão guardadas para não serem mais vistas durante longo tempo.”

Stefan Zweig foi, sem dúvidas, um dos escritores mais respeitados do período entre guerras, com uma incrível obra que inclui diversos poemas, ensaios, história de ficção e novelas. Chegou ao Brasil fugido da ascensão nazista em 1941 e aqui, escreveu ele, foi bem recebido. Em sua última versão de Despedida, carta que o autor deixou em cima da cômoda antes do suicídio, agradece ao Brasil:

E foi assim que Stefan Zweig descreveu a sua última morada, em Petrópolis, na carta que enviou à sua primeira mulher, Friederike, em 17 de setembro de 1941. Localizada à Rua Gonçalves Dias, nº 34, a casa está aberta para visitação gratuita de sexta-feira a domingo, de 11h às 17h ou com agendamento prévio. A expectativa é que um valor de R$ 10 seja cobrado, no futuro, direcionando o dinheiro para a manutenção do museu, que se transforma em mais um ponto turístico da inspiradora Cidade Imperial.

“Antes de deixar a vida, de livre vontade e juízo perfeito, uma última obrigação se me impõe: agradecer do mais íntimo a este maravilhoso país, o Brasil, que propiciou a mim e à minha obra, tão boa e hospitaleira guarida.

Inspiradora sim, afinal, por aqui Antoine de Saint-Exupéry, escritor do best seller O Pequeno Príncipe teria escrito alguns trechos da obra, na casa de um amigo, em Itaipava; Mario Quintana eternizado Noite Morta e Cazuza, composto, junto com Dé e Bebel Gilberto, um dos seus maiores sucessos: Preciso dizer que te amo. Sem falar em diversos outros nomes que passaram e moraram por aqui. Mas esse já é outro assunto...

A cada dia fui aprendendo a amar mais e mais este país, e em nenhum outro lugar eu poderia ter reconstruído por completo a minha vida [...]”, começava na carta. O texto pode ser lido, na íntegra, no quarto em que o casal suicidou-se, hoje aberto ao público. Justa homenagem ao autor que, diferente de muitos brasileiros, acreditava no “Brasil, país do futuro”. Aliás, na época do lançamento dessa obra, em 1941,

Quando Stefan e Lotte viveram na residência alugada e já mobiliada, o contrato inicial era do período de 17 de setembro de 1941 a 30 de abril de 1942, pelo valor de cinco contos de réis. Na época, a casa era composta por uma sala de estar, dois quartos, cozinha, banheiro e dependências de empregados. “É pequena, um bangalô apenas. [...] Ela foi construída num morro e tem uma bela vista para as montanhas de um amplo terraço coberto [...] Sobe-se até a casa por uma série de degraus num pequeno e agradável jardim”, descrevera Lotte em carta a sua mãe, sobre a nova moradia do casal.

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o Brasil contava com 40 milhões de habitantes, sendo mais da metade deles analfabetos. Parte das exportações do país restringia-se à produção agrícola – sendo o café o principal destes produtos. Um terço das pessoas entre sete e 14 anos de idade estavam fora da escola. Todos os indícios de que o Brasil, afinal, estava longe de ser um país do futuro não diminuiu o otimismo de Stefan pelas nossas terras e, por isso, foi duramente criticado por conta do ufanismo da obra. Por outro lado, o próprio presidente dos Estados Unidos, o homem mais poderoso do mundo, Barack Obama, em discurso sobre o Brasil, no ano passado, falou que, afinal, o Brasil é o país do presente. Além de tudo, Stefan Zweig era um visionário.

Cerca de R$ 1,2 milhão foi gasto com a reforma do espaço, feita em cima da planta original, que se encontrava na Biblioteca Municipal Gabriela Mistral. Deste total, 92% vieram de fontes privadas, e a República Federal da Alemanha também contribuiu com 62 mil euros através do Programa de Preservação da Cultura do Ministério das Relações Exteriores. Hoje, portanto, o sonho desses admiradores é uma realidade e a Casa é uma entidade cultural de direitos privados, sem fins lucrativos e com o objetivo principal de homenagear a memória de Stefan com o acervo de objetos pessoais e coleções de livros, fotos, documentos, depoimentos, vídeos e filmes.

Nada mais justo, portanto, que o Brasil homenageasse o autor que sempre acreditou nesse país. Mas até que o local em que Stefan terminou seu livro de memórias O Mundo que Eu Vi, recompôs Clarissa, escreveu o conto Uma partida de xadrez e esboçou o Montaigne, se tornasse um museu em sua memória, 70 anos se passaram numa longa trajetória.

O local conta também com o Memorial do Exílio, um espaço destinado a divulgar as obras de outros artistas, intelectuais e cientistas que se refugiaram no Brasil entre 1933 a 1945 e que contribuíram para a cultura, as artes e a ciência do país.

Quando Stefan morreu, o jornalista Raul Azevedo logo propôs, por meio da imprensa, que a casa fosse transformada em um museu, o que não aconteceu. O médico Manfred Altmann, irmão de Lotte, já em abril de 1942, ofereceu às autoridades brasileiras a herança do escritor, contendo diversos volumes de suas obras traduzidas em vários idiomas, diários, fotografias, manuscritos inéditos, cartas, desenhos, móveis, objetos pessoais, entre uma infinidade de artigos. Mas, mesmo parecendo que tudo conspirava a favor da criação do museu, a saga não foi fácil. A residência passou por diversas mãos, foi tombada pelo Patrimônio Histórico apenas no início dos anos 1980 e, somente depois de 60 anos, a ideia de Azevedo começou a tomar forma, com a aquisição do imóvel por um grupo de admiradores que a denominou Casa Stefan Zweig (CSZ).

Para os próximos dois meses, a Casa Stefan Zweig ganhou o edital da Superintendência de Museus da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, no valor de R$ 250 mil. Esse dinheiro serve para os projetos de treinamento e qualificação de professores, visitação de alunos da rede pública municipal e estadual e a oferta de eventos culturais como concertos, palestras e filmes, bem como para garantir o funcionamento do museu que vai além da perpetuação da alma desse homem: trará conhecimento a toda a população e turistas do Brasil e do mundo, sobre a história de Stefan Zweig, a Segunda Guerra Mundial e o Exílio. Stefan e Lotte nos deixaram num dramático pacto de morte. A desesperança no futuro da humanidade foi o resultado da barbárie que o mundo estava envolvido no auge da Segunda Guerra Mundial. Aos 60 anos, ele, de cabeça erguida, nos deixou, mas não sem antes explicar o que o levou ao suicídio. Um homem tão honrado, que mesmo nesse momento, nos brindou com a beleza de suas últimas palavras: “[...]Mas depois dos sessenta anos precisa-se de forças descomunais para começar tudo de novo. E as minhas se exauriram nestes longos anos de errância sem pátria. Assim, achei melhor encerrar, no devido tempo e de cabeça erguida, uma vida que sempre teve no trabalho intelectual a mais pura alegria, e na liberdade pessoal, o bem mais precioso sobre a terra. Saúdo a todos os meus amigos! Que ainda possam ver a aurora após a longa noite! Eu, demasiado impaciente, vou-me embora antes.”

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Concedida a: Nathália Pandeló l Fotos: Isabela Lisboa

ão 80 anos de vida e quase 60 deles dedicados ao jornalismo. Não é à toa que Alberto Dines se tornou, ao longo dos anos, uma das maiores referências nesta área do Brasil. Iniciou a carreira como crítico de cinema e passou por veículos da grande imprensa como a revista Manchete, a Folha de São Paulo e Jornal do Brasil. Professor e escritor de contos, Dines é também biógrafo de personagens como Antônio José da Silva, judeu morto pela Inquisição Portuguesa, e o escritor austríaco Stefan Zweig, que escolheu Petrópolis para viver e onde se despediu de um mundo combalido pela Segunda Guerra. Há 17 anos, Dines atua principalmente no Observatório da Imprensa, site que fundou com o objetivo de prestar à sociedade e aos próprios jornalistas uma análise crítica da notícia e da categoria. A ideia já migrou para o rádio e a televisão e ajuda a colocar em pauta questões como o papel do jornalista e o comportamento da imprensa, frente a coberturas de grande repercussão, envolvendo temas sociais, políticos e econômicos, entre outros. Em entrevista à Revista Petrópolis, Alberto Dines reflete sobre estas e outras questões.


Foto: divulgação

Revista Petrópolis: O senhor queria ser cineasta, mas acabou seguindo a carreira de jornalista. Como foi essa transição? Alberto Dines: Foi a mais natural possível. Pra entrar no meio cinematográfico naquela época, o caminho natural era escrever sobre cinema. Fui contratado por uma revista tradicional, “A Cena Muda”. Eles estavam muito decadentes, cheios de releases das companhias de cinema, mas a direção queria que tivesse um lado mais sério. Aí pegou um jovem de 20 anos, metido a gênio (risos), para fazer a crítica de cinema. Uma revista nova foi lançada, chamada “Visão”, e fui contratado pra ser repórter de assuntos culturais, algo que sabia fazer muito bem. Fiz dois roteiros que foram transformados em longasmetragens. Conseguia conciliar, mas na medida em que avançava no jornalismo, prejudiquei o cinema. Não estou arrependido, porque é a mesma coisa. Muda o meio, mas o jornalismo é uma atividade de visão ampla e a abrangência é a mesma, com uma perspectiva grande.

Apenas acho que as faculdades privadas são uma droga e o certo seria a exigência do diploma de um curso de pós-graduação, como é nos Estados Unidos. Lá não é obrigatório, mas o jornalista tem um mestrado profissionalizante. Isso dá um nível, inclusive para aproveitar pessoas que vieram de História, Direito e Medicina. RP: O Observatório da Imprensa hoje é p r e s e n ç a m a r c a n t e n a T V, m a s principalmente na internet. Estando em plataformas diferentes, como o senhor vê o papel do jornalista com o surgimento de novas mídias? AD: Ao contrário de tudo, o Observatório começou na internet, em uma época em que não tinha internet no Brasil. Fomos um dos primeiros hospedados pelo UOL, e isso nos deu grande visibilidade. Em seguida surgiu a oportunidade de fazer o programa na TV Brasil, que se chamava Educativa. Tentamos sempre aproximar uma coisa da outra. As mídias novas são ótimas, ferramentas de trabalho espetaculares e instantâneas. Mas dizer que o futuro do jornalismo está nesse negócio aqui (mostra smartphone de última geração), não está. Você pode ser um

RP: O senhor acabou se enveredando pelo jornalismo e hoje é um ícone dessa área no Brasil. Quando começou, tinha uma referência em quem se espelhasse? AD: A diferença entre aquela época e a de hoje é que se tinha, em todas as redações, uma escala etária muito ampla. Meu chefe de reportagem tinha 8 anos a mais que eu. Eu tinha 20 e lá na outra ponta tinha o redator chefe, Luiz Jardim, com 52, então você ia aprendendo naturalmente. Em todos os lugares onde trabalhei, sempre houve gente muito mais velha que eu, era normal. Em toda a minha vida, minhas referências foram meus colegas de trabalho, ao lado ou acima de mim – ou às vezes abaixo de mim, mas com muita experiência. Sou obrigado a aprender. RP: O senhor não se formou no banco da faculdade, mais se tornou professor. Como vê o debate cada vez mais frequente sobre a exigência de diploma para a profissão de jornalista? AD: Não senti falta, em nenhum momento da minha vida, da carreira acadêmica, que só se desenvolveu mais tarde. Dez anos depois de começar, eu era professor de jornalismo. Aceitei uma função na PUC do Rio para sistematizar essa experiência, pois já tinha trabalhado em rádio, jornal, revista, cinema e podia preparar algo mais sistemático. Sempre fui a favor do diploma. Na última edição do meu livro “O Papel do Jornal”, não discuto o diploma, mas sim a profissão, porque a alegação do Supremo foi de que não é uma profissão. Então eu respondo ao Gilmar Mendes provando que existe há dois mil anos, com esse nome, mas em latim: 'diurnale'.

orgulhava disso: de ser austríaco, alemão, europeu, que era um conceito novo. Nas cartas, ele fala em “o Brasil que me acolheu e a Europa, minha pátria”. Sem falar nessa morte trágica, por opção. RP: E como fica essa definição da morte dele para o senhor, após 30 anos? AD: Era uma geração que se deprimia com o estado do mundo, sofria as dores do mundo. Ele estava deprimido por uma falta de perspectiva também, pois fez uma série de opções muito apressadas. Quando ele vê a guerra aqui, ele não esperava, viu que teria que participar, falar... e ele era pacifista integral. Via o quebra-quebra nas ruas. Houve linchamentos e coisas terríveis, e ele imaginava o que ia acontecer e não queria se envolver com a guerra. Como já estava preparado pra isso, ele acelerou. RP: O que a abertura da Casa Stefan Zweig, que resgata essa memória até mesmo para uma nova geração de leitores, representa?

grande jornalista e não usar isso. E acho que o papel ainda é fundamental, como referência. O que acontece tem de estar no papel, e depois as outras plataformas digitais agregam. Às vezes elas começam, mas quem dá o selo de que algo aconteceu é o impresso, e isso não vai mudar tão cedo. RP: Quando escreveu a biografia de Stefan Zweig, o senhor tinha acabado de sair da Folha de São Paulo. Após esse extenso trabalho, como o senhor vê Zweig hoje? AD: Convivo com ele há 32 anos, e hoje posso dizer que ele é um maravilhoso pretexto para contar uma história que é espetacular. É a história do nosso tempo, que começa no fim do século XIX, com mudanças artísticas, na comunicação, a produção da energia elétrica universal, que foi uma revolução importantíssima. Ele se inseria muito bem no mundo, ele era um homem do mundo. Era cosmopolita e se

AD: Acho ótimo. Vamos fazer tudo em Petrópolis, eventualmente trazendo coisas para o Rio ou São Paulo. Temos dificuldades: precisamos de dinheiro. Nossa biblioteca não está na casa, não tinha espaço. Vamos construir a biblioteca e o auditório, mas por enquanto o acervo está organizado em um ambiente emprestado. Estamos nos instalando em uma experiência gradual. Já conversamos com a Prefeitura para que nos ceda um cômodo na Biblioteca Municipal. Há uma possibilidade do Museu Imperial nos dar um lugar também. A casa se chama Casa Stefan Zweig. Ela se dedica prioritariamente à vida e obra dele, mas contém um memorial do exílio, e já temos 200 dossiês de refugiados que vieram para o Brasil entre 1933 e 1945, e deram uma contribuição às artes e à cultura. Tem gente extraordinária: químico, publicitário, fotógrafo... Essa contribuição tem que ser examinada. É gente que ajudou a construir o Brasil, e o país de hoje começou a ser construído nos anos 40. Acho que essa é uma tarefa espetacular, grande, e é para a nova geração continuar... Isso é História.


Texto: Isabela Lisboa Fotos: Isabela Lisboa e Divulgação

As diferentes identidades culturais de Petrópolis estão profundamente ligadas à sua história. Muitos grupos étnicos têm influenciado nossos costumes. Celebrando esta grande diversidade cultural, e homenageando mais um povo que criou raízes e deixou marcas por aqui, a Prefeitura de Petrópolis, por meio da Fundação de Cultura e Turismo e a Casa D'Italia Anita Garibaldi, realizam entre os dias 05 e 09 de setembro de 2012, a 3ª edição da Serra Serata - A Festa Italiana de Petrópolis. A Serra Serata acontece na Praça da Liberdade, que ganha ares de uma autêntica piazza italiana. A música animada, a dança, as deliciosas comidas típicas e tantos outros ícones da tradição italiana contagiam a cidade durante os cinco dias em que é realizada. Entre as novidades deste ano está o grande show de abertura que ficará por conta do cantor Jerry Adriani. O artista de voz inconfundível traz para Petrópolis um repertório eclético, interpretando músicas italianas que o lançaram ao estrelato em 1964, e sucessos que o acompanham nestes 48 anos de carreira. Já no dia 06 de setembro, a banda local Fábrica faz um tributo a Renato Russo, trazendo ao público as músicas italianas do CD Equilíbrio Distante.

mais importantes festas italianas do Brasil e, claro, na Serra Serata, Fred Rovella reúne em seu repertório os imortais sucessos do passado e as grandes tarantellas, em uma divertida apresentação que não deixa ninguém ficar parado. No dia 09, uma Missa Solene em homenagem aos imigrantes italianos, acontece às 10h30 na Igreja de Santo Antonio, no Alto da Serra. E na Praça da Liberdade, o último dia do evento também reserva grandes atrações com o Grupo E La Nave Va e o cantor Luiz César, que encerra a noite com grandes clássicos da música italiana. O Centro de Cultura Raul de Leoni também entra na programação com o Festival de Cinema Italiano que acontece de 01 a 29 de setembro. O festival traz oito grandes produções cinematográficas sobre a cultura e a história da Itália que poderão ser conferidas, gratuitamente, no Cine Humberto Mauro de segunda a sexta-feira, às 19h e sábados, às 17h. Imperdível!

E como nas edições anteriores, no dia 07 de setembro, a Serra Serata se “veste” de verde e amarelo em comemoração ao Dia da Independência, com uma programação brasileiríssima. Este ano quem encerra a programação do “Dia do Brasil” é o percussionista Marco Lobo, um apaixonado pela pesquisa de sons e ritmos que tem o experimentalismo como uma de suas marcas.

Este ano, a Serra Serata presta homenagem aos 130 anos da morte de Giuseppe Garibaldi, intitulando o palco com seu nome. Garibaldi, conhecido como "herói de dois mundos" por ter participado de conflitos na Itália e na América do Sul, dedicou sua vida à luta contra a tirania e foi um importante personagem na Guerra dos Farrapos.

No dia 08 a programação continua imperdível com o artista petropolitano Felipe Schmitt, com o show “Em Itália 2012” e o show-man e compositor, Fred Rovella. Figura obrigatória nas

A programação completa da Serra Serata 2012 está disponível no encarte + Petrópolis, no site www.petropolis.rj.gov.br ou no Disque-Turismo 0800 024 15 16.


Texto: Marilízia de Azevedo l Fotos: Isabela Lisboa

Um Centro Cultural onde a comunidade encontra terreno fértil para sua participação efetiva, dotando o espaço de uma efervescência que mantém viva a identidade cultural do bairro. Assim é o Centro Cultural Estação Nogueira, onde os moradores aproveitam a chance de fazer dele um espaço múltiplo, apropriando-se de todas as suas possibilidades através do incentivo do coordenador, João Sérgio da Silva Júnior. Diretamente ligado à história do bairro, o Centro Cultural funciona no prédio da antiga estação, inaugurada em 1908, o que lhe confere o charme de uma edificação preservada. Ele mantém as características originais, com janelas em pinho de riga – madeira que hoje só é encontrada nas demolições – e telhas importadas da cidade de Marselha, na França. Com a desativação da estação em 1964, a velha Maria Fumaça parou de fazer parte do cenário e da vida do bairro. O prédio foi cedido para atividades comerciais e descaracterizado. Mas, a vontade dos moradores de preservar a construção e a memória de Nogueira, transformou o espaço num dos centros culturais mais atuantes da cidade. Lá é mantido o “Museu” do Trem, único que resgata a memória da ferrovia em Petrópolis. Compõem sua história, fotos e peças originais como o lampião a querosene, aparelho de telégrafo, telefone de parede a manivela sueco, um banco de vagão de segunda classe, e tantos outros objetos, como um sino de estação de 1825, a última doação. Também lá acontecem diversos eventos de música, dança, teatro, literatura, artes visuais e como não poderia faltar, a homenagem ao Dia do Ferroviário em 30 de abril. A sala de leitura, com dois mil livros

doados, é uma biblioteca também utilizada para reforço escolar. João Sérgio programa visitas guiadas para encantar os alunos com a história, a importância do patrimônio e sua preservação, conseguindo com isso evitar vandalismos e despertar o interesse das crianças: “Nos finais de semana elas pedem pra vir brincar com os jogos, como o de xadrez. Isso faz com que tragam os pais, que passam a se envolver com o CCEN” – destaca o coordenador, que gosta de trabalhar com a 3ª Idade: “temos alguns aposentados que são nossos voluntários”, conta ele, que costuma pedir emprestado objetos para os eventos, bem como doações do comércio local, o que faz com que o envolvimento aconteça naturalmente. Famílias de antigos moradores que trabalharam na ferroria são ativas participantes do Centro Cultural, que conta com os voluntários para seu incremento. Um exemplo do quanto o CCEN já conquistou os agentes locais, foi a iniciativa de Luiz Carlos Veiga, da Associação de Preservação Fluminense Ferroviária - núcleo Petrópolis, que fez com que o Centro Cultural de Nogueira recebesse uma verba do Programa de Modernização e Preservação de Museus e Centros de Memória, através de edital da Secretaria de Cultura do Estado. O uso desse montante passou por uma discussão e a prioridade foi dotar o espaço de melhor infraestrutura. Foi adquirido um novo monitoramento do sistema de segurança, uma televisão que vai exibir filmes sobre a história da ferrovia, data show, máquina fotográfica para registro das atividades, além de reforço no mobiliário, computador e notebook para a administração e equipamentos de cozinha para suporte nos eventos. O Centro Cultural Estação de Nogueira acompanha, assim, o ritmo agradável do bairro, belo e descontraído em todas as estações do ano, com : lugar de ncionamento Horário de fu do, de 9h às 18h destaque a a sába segunda-feir feriados, de 9h às 13h garantido no e s e domingo tuito panorama Ingresso: gra 2237-3860 ) 4 (2 s: e çõ turístico da Mais informa região.


Instituto Histórico de Petrópolis comemora 74 anos Texto: Bruno Rodrigues | Fotos: Arquivo IHP

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esde a sua fundação, em 1843, Petrópolis é uma cidade marcada por importantes episódios que fazem parte da História do Brasil e do mundo. Foi aqui que o Brasil e a Bolívia assinaram, em 1903, o Tratado Petrópolis, que incorporou o território do Acre ao nosso país, por exemplo. Não é à toa, portanto, que Petrópolis também tem um dos Institutos Históricos mais importantes e respeitados do país.

a história de Petrópolis e do mundo”, destacou. “Além disso, o IHP conta com vários quadros de associados, como os titulares, correspondentes, eméritos, beneméritos e também os honorários, totalizando 82 membros, atualmente”, conta Luiz Carlos. O ingresso se dá através de eleição. Um possível associado é indicado por alguns membros já pertencentes ao IHP. Seus trabalhos são submetidos a uma avaliação curricular pela comissão definida para este fim e, caso seja aprovado, o nome do novo membro vai para votação numa assembleia geral. Se eleito, passa a contribuir com suas pesquisas para o instituto. O cargo é vitalício, salvo exceções previstas no estatuto.

Era 10 de setembro de 1938 quando, em uma reunião da Comissão do Centenário de Petrópolis, surgiu a proposta da criação de um órgão de estudos históricos, o Instituto D. Pedro II. Esse foi o primeiro passo para o surgimento do Instituto Histórico de Petrópolis, o IHP, fundado no O presidente do instituto ressalta dia 24 daquele mesmo mês. De lá que é importante a participação para cá, diversos membros já da população nas diversas passaram pela entidade. Nomes palestras que são abertas ao de pesquisadores importantes público. “Os temas são de como Alceu Amoroso Lima, Pedro relevância cultural. São trabalhos Calmon, Américo Jocobina de especialistas que devem ser Lacombe, Otávio Tarquínio de difundidos porque agregam valor Sessão solene de instalação, na Câmara Municipal Souza, entre outros, figuram entre e conhecimento às pessoas”, os associados que já fizeram parte do IHP. orienta. Além disso, o IHP possui um riquíssimo arquivo em sua biblioteca, que está disponível aos estudantes e Situado atualmente na Casa Cláudio de Souza, o Instituto é interessados nos assuntos. uma associação civil e cultural, sem fins lucrativos, cujos objetivos são o estudo e a divulgação da História de Outro ponto que chama a atenção na entidade é o site do IHP. Petrópolis, mas não se limita somente a ela. Seu presidente, Através do endereço www.ihp.org.br, o internauta tem o pesquisador Luiz Carlos Gomes, explica que ao longo dos acesso a 722 trabalhos publicados pelos renomados 74 anos de existência, os associados contribuíram pesquisadores. Segundo Luiz Carlos, essas pesquisas já significativamente para a historiografia brasileira. Além disso, serviram como base de teses de mestrado, doutorado e até o instituto é atuante no município buscando contribuir para mesmo para publicações de livros. seu desenvolvimento, já que participa dos Conselhos da São diversos os motivos que fazem do IHP uma entidade de Cidade, Turismo, Cultura e Tombamento, tendo colaborado grande valor, não só para o município, mas para todo país, de forma significativa para a elaboração do Plano Diretor. procurando contribuir para preservar o patrimônio histórico e “Não são apenas historiadores que fazem parte do Instituto, cultural. Um trabalho difícil, mas que ao longo dos anos foi mas pessoas que desenvolvem trabalhos de pesquisa que bem executado por um grupo de excelentes profissionais. E contribuem para acrescentar informações significativas para que venham os próximos 74 anos.




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