Petrópolis Rio de Janeiro Junho 2011 Distribuição Gratuita
Nº 26 Confira a Programação Cultural
Tesouros da Arquitetura Cervejaria Bohemia
Entrevista
Bisbilhoteca
Pedro de Sá Earp
Fotos inéditas Koeler
[+] Vitral
colonização alemã Bauernfest
Cervejaria Bohemia
primeira cervejaria do Brasil Consórcio Intermunicipal Serra Carioca
permitiu que a Toda esta estreita relação novamente, a fazer Cervejaria Bohemia viesse, na, por meio de parte da cultura petropolita lico/privada, que investimentos da iniciativa púb is um importante transformarão a fábrica em ma Imperial. atrativo turístico para a Petrópolis para o segundo Com inauguração prevista vejaria Bohemia semestre deste ano, a cer duzirá Bohemia e abrigará além da fábrica que pro de experiência suas variantes, um centro tro de Tradições cervejeira para visitação, Cen te aberto ao público. Petropolitanas e um restauran 1, o chopp poderá Na abertura da Bauernfest 201 te". Ou seja, todo o ser desfrutado, "direto da fon Alemão terá sido chopp da Festa do Colono ndo definitivamente, fabricado na cervejaria, marca para Petrópolis. a volta da Cervejaria Bohemia o que comemorar. E com isso a Bauernfest só tem entre a Ambev e a A consolidação da parceria
Bohemia
milhões. mais dois dias de Em 2011, a Bauernfest ganha ntações de danças comemorações, com aprese corais, orquestras folclóricas, bandas típicas, sem falar no sinfônicas e muito mais. Isso tro e do tradicional Concurso de Chopp em Me guém parado. Baile que promete não deixar nin pera do feriado de Iniciando no dia 22 de junho, vés t prepara-se para Corpus Christi, a Bauernfes 150 mil visitantes. receber, até o dia 03 de julho, procura pelo evento Segundo o Disque-Turismo, a pousadas do Centro tem sido grande e os hotéis e % de ocupação. Histórico esperam bater os 100 ta já a sua vaga e Então não espere mais. Garan tudo que Petrópolis venha se divertir e desfrutar de tem para oferecer.
Petrópolis Imperial
atrativo turístico Petrópolis
cultura petropolitana
A Revista da Cultura e do Turismo
experiência cervejeira
o evento crescer e Prefeitura de Petrópolis fez Colono Alemão de aparecer. Hoje, a Festa do undo maior evento Petrópolis é considerada o seg o maior da região do Brasil em sua categoria e sudeste. provar: em 2010 a E os números estão aí para com mil visitantes e os Bauernfest atraiu cerca de 130 de ocupação. O hotéis e pousadas tiveram 95% pregos diretos e evento ainda gerou 800 em torno de R$ 20 indiretos e a receita girou em
chopp
fest combina com Não há como negar: Bauern se tornou um dos cerveja. Esta tradição, que colonização alemã aspectos mais marcantes da roduziu em 2009 e no imaginário popular, se rep ceria firmada entre a 2010 e foi reforçada com a par e a Ambev que municipalidade petropolitana caráter-piloto, da resultou na transferência, em da antiga fábrica da cenografia alemã para dentro do Brasil. Bohemia, a primeira cervejaria
Workshop & Trade Show
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Festa do Colono Alemão
Bauernfest 2011
danças folclóricas
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SUA AGENDA DE CULTURA E TURISMO
A R E V I S TA D A C U LT U R A E D O T U R I S M O
PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Charles Rossi JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP) TEXTOS: Isabela Lisboa e Eliane Maciel GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201 Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 15.000 exemplares Fale conosco: fctprevista@petropolis.rj.gov.br
Texto: Isabela Lisboa Fotos: Museu Imperial/IBRAM/MinC e Divulgação AMBEV
m fevereiro de 1853, o colono germânico Henrique Kremer, conceituado artista especializado em cobertura de casas com taboinhas, vendia sua propriedade no Quarteirão Westfália para fundar uma fábrica de cerveja no Quarteirão Nassau, mais precisamente na Rua Princeza D. Leopoldina nº 16, 18 e 20, mais conhecida pela população da época, como Rua dos Artistas (atual Rua Alfredo Pachá). Inicialmente, era uma fábrica que produzia cerveja em pequena escala, voltada para os Colonos locais. Mas a nova cerveja, logo caiu no gosto popular e, com novas oportunidades surgindo, a ampliação da fábrica se tornou imprescindível. Registros indicam que em 1897, a fábrica realiza diversos melhoramentos e, segundo anunciava a Gazeta de Petrópolis daquele ano, estava habilitada a “servir com promptidão qualquer pedido com que lhes honrem seus amigos e freguezes”. Em 1898, quando passa a se chamar Companhia Cervejaria Bohemia a fábrica, uma construção de arquitetura muito simples, feita de tijolos aparentes e alvenaria com esquadrias moduladas, já havia transformado seu então proprietário, Frederico Guilherme Lindscheid, em um dos industriais mais ricos de seu tempo. Com os negócios prosperando a cada dia, havia a necessidade constante de ampliação do empreendimento.
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Fosse adquirindo novos maquinários, mais modernos, ou construindo galpões e novos prédios. Em 1899, a fabricação chega a ser suspensa temporariamente, para completa modificação da Cervejaria. A partir daí, encontramos diversos requerimentos para novas obras na fábrica. Em 1911, é solicitada autorização para construção de um novo prédio no terreno. Com intervalos de 10 a 20 anos, a Cervejaria Bohemia ganhava novas estruturas, ampliando assim seu império, até chegar à fábrica que conhecemos hoje, ou melhor, conhecíamos. Quem esteve nas edições da Bauernfest de 2009 e 2010, pôde ver de perto as antigas instalações da Cervejaria Bohemia. Transformada em burgo cenográfico, a fábrica integrou a Festa do Colono Alemão, abrigando parte da festa e encantando turistas e petropolitanos. A partir daí, o antigo sonho da população de Petrópolis, em ver novamente a Cervejaria Bohemia de portas abertas, começou a ser tornar realidade. Em 2010 foi apresentado ao público da Bauernfest, o projeto arquitetônico que, além de retornar a produção cervejeira, irá abrigar: Memorial da Cerveja, Centro de Tradições Petropolitanas, restaurante e lojas de souvenirs, se tornando um importante atrativo turístico e o mais novo tesouro da arquitetura de Petrópolis. Aguardem!
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Petrópolis Rural movimenta R$ 10 milhões Foto: Ascom/PMP
A terceira edição do Petrópolis Rural, realizada de 02 de abril a 1º de maio, movimentou R$ 10 milhões no município contabilizando também o atendimento dos restaurantes e ocupação de hotéis e pousadas. Somente os leilões foram responsáveis por R$ 2 milhões. Os setores de agroindústria e artesanato superaram a expectativa com R$ 4 milhões. Ao todo, o Petrópolis Rural realizou o maior número de exposições do município, contemplando sete raças de bovinos e equinos, somando 1.300 animais durante todo o evento. Essa marca colocou Petrópolis no cenário de evento agropecuário brasileiro, com destaque para gado e cavalo de elite (melhor genética).
Fotos: Isabela Lisboa / Ascom/PMP
Festa do Trabalhador atraiu cem mil pessoas ao Parque Municipal A Festa do Trabalhador 2011, realizada pela Prefeitura de Petrópolis, no dia 1º de maio, lotou durante todo o dia o Parque Municipal, em Itaipava. De acordo com o levantamento feito pela Guarda Municipal, cem mil pessoas participaram da festa. Durante todo o dia shows, ações sociais, atividades esportivas e culturais, parque de diversões e muito mais fizeram a alegria de crianças, jovens e adultos. O destaque da Festa foi o show do Monobloco, que não deixou ninguém parado e trouxe em seu repertório sucessos de Cartola, Clara Nunes, Luiz Gonzaga além de Paralamas do Sucesso e Cidade Negra, relembrando também sucessos do funk carioca como Rap do Silva e Rap Brasil.
A Educação vai ao Cinema Foto: Ascom/PMP
A Prefeitura de Petrópolis está incentivando a formação de espectadores de cinema no município com o projeto “A Educação Vai ao Cinema”. A parceria entre a Secretaria Municipal de Educação, a Fundação de Cultura e Turismo e os cinemas Cinemaxx e Top Cine está possibilitando aos familiares e alunos da rede pública municipal assistir os filmes em cartaz no cinema do Hipershopping ABC, no Alto da Serra, e do Mercado Estação, no Centro. Por apenas R$ 3,00 mediante a apresentação do cupom de desconto distribuído nas escolas municipais, o valor é válido para qualquer dia da semana, horários e filmes. Já foram distribuídos seis mil cupons.
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Foto: Divulgação
Festival de Inverno Dell”Arte 2011 Vem aí a 11ª edição do Festival de Inverno de Petrópolis, promovido pela Dell'Arte. De 01 a 17 de julho, o Festival traz para a cidade grandes expoentes nacionais e internacionais da música, do teatro, do ballet e de corais, além de jovens e promissores talentos com ênfase na música clássica. Os ingressos são todos a preços populares e muitos espetáculos têm entrada franca mediante a doação de um agasalho em bom estado ou um quilo de alimento não-perecível. Confira os principais palcos do 11º Festival de Inverno de Petrópolis e a programação completa no site www.dellarte.com.br
Circuito Gastronômico Alemão De 22 de junho a 03 de julho, período que acontece a Bauernfest, diversos restaurantes localizados no Centro-Histórico, Itaipava e arredores entram no clima da Festa do Colono Alemão e promovem, pelo segundo ano consecutivo, o Circuito Gastronômico Alemão Bauernfest. O objetivo é oferecer aos visitantes e moradores opções variadas da gastronomia germânica. A parceria da cerveja Bohemia na Bauernfest estimula os restaurantes a criarem e incluírem pratos em seus cardápios degustando a boa cerveja. A iniciativa conta com apoio do Petrópolis Convention & Visitors Bureau e da Fundação de Cultura e Turismo. Foto: Divulgação Informações sobre os restaurantes participantes e os pratos elaborados poderão ser obtidas através da programação da festa e nos sites www.visitepetropolis.com e www.petropolis.rj.gov.br ou através dos telefones do PC&VB (24) 2222-6852 e Disque-Turismo: 0800-024 15 16.
Cervejaria Bohemia recebe doações para acervo A Bohemia convida a todos os cidadãos de Petrópolis e cidades vizinhas a fazer parte e colaborar com o acervo histórico da Cervejaria Bohemia. Se você tem peças, fotos, arquivos, documentos ou qualquer tipo de material histórico da Fábrica da Bohemia, entre em contato conosco. Juntos, vamos recriar a origem cervejeira de Petrópolis e mostrar ao mundo a tradição histórica e econômica de nossa cidade na produção e conhecimento cervejeiro. Venha fazer parte desta história. Entre em contato com Disque-Turismo 0800 024 15 16. Endereço: Praça Visconde de Mauá, 305 – Centro - Petrópolis E-mail: disqueturismo@petropolis.rj.gov.br
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Fotos: Isabela Lisboa
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orria o ano de 1853 quando Petrópolis, já transformada em cidade, contava com uma população de mais de cinco mil pessoas: quase metade, colonos germânicos. Homens e mulheres que ajudaram a construir o sonho do Imperador Pedro II de transformar a antiga fazenda do Córrego Seco naquilo que, mais tarde, seria a primeira cidade planejada do país.
Pelas ruas, o idioma alemão predominava, dando ares europeus a bela cidade localizada a 800 metros acima do nível do mar. A forte influência cultural era facilmente reconhecida na arquitetura e nos costumes que se mesclavam com os símbolos da Família Imperial, que subia a Serra no verão, permanecendo em Petrópolis por até cinco meses. Com o crescimento da cidade e a presença constante da nobreza, alguns dos colonos começaram a trocar a produção agrícola por outros negócios mais lucrativos. Assim, lojas de chá e pâtisserie, chapelarias, luvarias, sapatarias, entre outros, ofereciam refinados produtos voltados para este público tão exigente.
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Além do comércio efervescente, fábricas também começavam a surgir, tornando Petrópolis um importante polo industrial da época. Entre elas, podemos destacar a fundação da primeira cervejaria do Brasil: a Cervejaria Bohemia. Fundada por Henrique Kremer - cuja família chegou com os primeiros colonos em 1845 - a cervejaria se chamava, inicialmente, Imperial Fábrica de Cerveja Nacional. A produção com características artesanais logo caiu no gosto dos colonos, tornando a cerveja um sucesso absoluto em pouco tempo. Em 1855, um novo grupo de alemães passa por Petrópolis, para a construção da Estrada União e Indústria que uniria a Cidade Imperial a Juiz de Fora. Desde então, uma forte relação se estabelece entre as colônias das duas cidades. Esta relação fortaleceu os negócios da Cervejaria, nesta época já comandada por Augusto Kremer, filho de Henrique. Mais tarde, o alemão Frederico Guilherme Lindscheid se associa à fábrica. Com apurada visão empresarial, eles passam a viajar para Juiz de Fora onde, anos mais tarde, abririam uma nova cervejaria. A Revista da Cultura e do Turismo
Naquela época, o caminho que atualmente percorremos em menos de duas horas, exigia dos viajantes nada menos que três dias a cavalo. Esta é outra história que contaremos a seguir. Com o falecimento de Henrique Kremer, em 1865, foi constituída por seus herdeiros a empresa Augusto Kremer & Cia., que existiu até 1876. Neste ano, Kremer e Lindscheid, que além de sócios eram cunhados, resolvem separar a sociedade, ficando Kremer com a fábrica de Juiz de Fora e Lindscheid, com a de Petrópolis. Nas mãos de Lindscheid, a fábrica expandiu seus negócios, tornando-o um dos empresários mais influentes de seu tempo. Em 1898, seus descendentes transformam a empresa na Companhia Cervejaria Bohemia. A partir daí a empresa viveu altos e baixos, até que em 1961 é vendida para a Companhia Antarctica Paulista. Em 1999, a Antarctica anuncia a aliança com a então concorrente Companhia Cervejaria Brahma para criar a AMBEV - Companhia de Bebidas das Américas, que integra atualmente, a maior plataforma de produção e comercialização de cervejas do mundo: a Anheuser-Busch InBev (AB InBev). Hoje, a Bohemia é líder do segmento premium no Brasil, com uma família de quatro cervejas (Pilsen, Escura, Weiss
e Confraria) - e continua conquistando os paladares mais exigentes. Mas a grande novidade está por vir: em junho, a Cervejaria Bohemia de Petrópolis, desativada em 1998, voltará à ativa, desta vez produzindo o Chopp Bohemia que poderá ser desfrutado, “direto da fonte”, na Bauernfest 2011. E não para por aí: a Cervejaria Bohemia não será somente um centro de produção fabril. Em suas instalações também haverá um Memorial da Cerveja, um Centro de Tradições Petropolitanas, um Centro de Experiência Cervejeira único no Brasil, além de restaurante e loja de souvenir, que serão inaugurados ainda no segundo semestre deste ano. O projeto enriquecerá a vida cultural e social da cidade se tornando mais um ponto de atração para turistas.
Estrada União e Indústria – abrindo caminhos para o desenvolvimento Em 1855, quando Petrópolis vivia este momento de grande desenvolvimento, Minas Gerais também crescia vertiginosamente, com o cultivo do café. Numerosas fazendas se estabeleceram na região, tornando as cidades mineiras importantes produtoras agropecuárias e utilizando, como principal mão de obra, os escravos africanos. continua na pág. 10
Texto: Isabela Lisboa Fotos: Museu Imperial/IBRAM/MinC / Acervo Biblioteca Gabriela Mistral
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O crescente valor do café determinou a expansão da Zona da Mata Mineira, a partir das áreas fluminenses, em direção as Minas Gerais, através do caminho já existente. Entretanto, no início de 1850, com o sucesso da colonização alemã em Petrópolis, o Império autoriza a entrada de novos imigrantes. O objetivo era habitar regiões ainda pouco povoadas e aumentar a produção agrícola. As famílias que chegavam de várias regiões da Germânia, eram encaminhadas para Juiz de Fora e arredores. O crescimento acelerado desta região impactou diretamente Juiz de Fora (na época Vila de Santo Antônio de Paraibuna) que começou a ter dificuldades no escoamento da sua grande produção agrícola para a Corte. Foi assim que, em 1852, após retornar de uma viagem a Europa e Estados Unidos, o fazendeiro e comerciante Mariano Procópio resolve construir uma nova estrada, utilizando padrões mais modernos, para diminuir o caminho entre as Minas Gerais e a Corte (neste caso, até Petrópolis, já que desta cidade até o Rio de Janeiro a estrada já apresentava melhores condições). Procópio, então, apresenta ao Governo Imperial um relatório de suas pretensões. E consegue, naquele ano, a concessão para a construção da estrada, tendo direito de cobrança do pedágio sobre o transporte de cargas e passageiros por cinquenta anos. Surgia, assim, o primeiro pedágio do Brasil.
Foto: Isabela Lisboa
Para dar início à construção, Mariano Procópio funda a Companhia União e Indústria. No contrato firmado com o Império, além da construção da estrada, a companhia deveria se responsabilizar pelo estabelecimento de 3 mil colonos, com cerca de 400 famílias que deveriam se dedicar a agricultura.
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A falta de mão de obra especializada fez com que fossem contratadas cerca de 150 pessoas na Alemanha, entre engenheiros, técnicos e operários que chegaram ao país em janeiro de 1856, ano do início da construção. Em 1857, a Companhia envia um engenheiro à Alemanha para a contratação dos 3 mil colonos, através da casa Mathias Christian Schroder, de Hamburgo. O objetivo, além de prestarem serviços à União e Indústria, era, principalmente, estabelecer uma colônia agrícola aumentando, assim, o abastecimento do mercado interno. O primeiro contrato trazia ao Brasil 500 imigrantes e no decorrer de 1858, mais 1085 divididos em cinco viagens, ou seja, o número previsto inicialmente nunca foi atingido. A inauguração da “Estrada União e Indústria” aconteceu em 23 de junho de 1861. Na ocasião o Imperador D. Pedro II e convidados ilustres percorreram os 144 quilômetros da estrada, totalmente revestida de piso macadamizado (material que utilizava várias camadas de pedras de tamanhos decrescentes, compactadas, revestidas com ligante a base de água), em “apenas” 12 horas. Ou seja, o trajeto que antes era percorrido em três dias, havia reduzido drasticamente. 150 anos após sua inauguração, a Estrada União e Indústria continua sendo uma importante via para viajantes e transportadoras de carga. Em suas margens nasceram, cresceram e continuam em pleno desenvolvimento, cidades como Petrópolis, Areal, Três Rios, Comendador Levy Gasparian, Matias Barbosa, Simão Pereira e Juiz de Fora. Agora estas cidades se unem para celebrar esta importante data histórica, através de diversas festividades que serão iniciadas em junho, em Petrópolis, com exposição e grande homenagem na Bauernfest, finalizando em setembro na Festa Alemã de Juiz de Fora.
Texto e fotos: Isabela Lisboa
22ª Festa do Colono marca volta da Cervejaria Bohemia Há 22 anos, surgia a Bauernfest – Festa do Colono Alemão, em Petrópolis: hoje, o segundo maior evento do Brasil em sua categoria e o mais importante da região sudeste. A festa, que se consagrou, após passar por um resgate de seus conceitos, objetivos e grandiosidade, marcará este ano, a volta definitiva da Cervejaria Bohemia à Petrópolis Imperial. O chopp da festa virá direto da fábrica, que terá sua produção fabril inaugurada na abertura oficial do evento. Em 2011, a Festa do Colono Alemão ganha mais dois dias de programações com apresentações de danças folclóricas, bandas típicas, corais, orquestras sinfônicas, festival de cinema, exposições e muito mais. Tudo claro, com o melhor da cozinha germânica que combinam à perfeição, com o melhor chopp. O Palácio de Cristal volta a reintegrar totalmente o evento, abrigando o Espaço Bohemia, o Moinho (loja de souvenirs), restaurantes e, no seu interior, além de apresentações musicais e teatrais, contará com uma exposição em comemoração aos 150 anos da União e Indústria. Uma homenagem à Estrada que atraiu milhares de colonos germânicos para a região.
No local ainda será inserida a Casa do Fotógrafo, onde o público poderá fazer uma viagem no tempo tirando fotografias com roupas da época; a Casa do Colono, réplica do museu de mesmo nome; e o Café Colonial. Para a criançada, histórias, jogos e brincadeiras. Entre as novidades deste ano, está a nova localização do palco que será montado entre a Rua Alfredo Pachá e Piabanha e o Bailão que ganha as ruas em uma grande tenda montada ao ar livre. Lá as bandas Germânica de Blumenau e Bauernband prometem não deixar ninguém parado e o público ainda poderá testar seus atributos de bom “bebedor” no Concurso de Tomadores de Chopp em Metro. Não podemos esquecer dos dois grandes desfiles comemorativos pelas ruas da cidade que iniciam e encerram a Bauernfest. Com flores, música, dança e alegria, os descendentes dos colonos convidam todos para irem à festa – e para comemorar, com eles, a feliz decisão de seus antepassados de permanecer em um país onde seus filhos e netos fazem parte da sociedade em condição de total integração e com equanimidade de oportunidades.
Bauernfest - 22 de junho a 03 de julho Local: Rua Alfredo Pachá, s/nº - Centro Confira a programação completa em: www.petropolis.rj.gov.br ou Disque-Turismo: 0800 024 1516
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Entrevista
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A relação de Pedro de Sá Earp com o projeto de reinauguração da Cervejaria Bohemia, vai além do cargo que ocupa na Ambev. Diretor de Marketing da Bohemia, este petropolitano teve a sua infância marcada pela presença da fábrica na cidade. Em entrevista à Revista Petrópolis, Pedro nos conta um pouco sobre sua trajetória e fala do carinho especial que tem pelo projeto que marcará, definitivamente, a volta da Cervejaria na cidade. Na imagem, Carlos Lisboa, diretor de Marketing da AmBev, Milton Seligman, diretor de Relações Corporativas da AmBev; e Pedro de Sá Earp, Diretor de Marketing de Bohemia. Os três executivos representaram a companhia no evento que anunciou, em 2010, a revitalização das instalações da primeira cervejaria do Brasil, a Cervejaria Bohemia de Petrópolis.
RP Conte um pouco de sua trajetória de Petrópolis até a Ambev. PS - Parte de minha família é de Petrópolis. Meu avô, Nelson de Sá Earp, era médico e foi prefeito da cidade . Por parte de mãe, meu bisavô era diretor da fábrica e minha avó nasceu na fábrica. Estudei no Colégio Ipiranga e morei na cidade até os oito anos, quando me mudei para o Rio de Janeiro. A minha história com a Bohemia vai além, pois a casa da minha família ficava ao lado de uma das revendas e meus pais costumavam ir até lá para comprar Bohemia. RP – Você guarda lembranças da fábrica em sua infância? PS - Tenho ótimas recordações daquele período quando morava lá e após minha mudança para o Rio, quando retornava a Petrópolis para os feriados e férias. A fábrica era aberta em algumas ocasiões, como a Bauernfest e era uma forma da população estar ainda mais próxima da Cervejaria, que faz parte da história de Petrópolis. RP - A volta da Cervejaria Bohemia é um sonho antigo dos petropolitanos. O que significa para você, como petropolitano, estar envolvido neste projeto? PS - É um motivo de orgulho. Vamos reativar a primeira Cervejaria do Brasil e um símbolo de Petrópolis. O projeto vai ajudar a enriquecer a vida cultural, turística e econômica da cidade. Além disso, queremos tornar a Cervejaria Bohemia um centro de referência sobre a bebida no Brasil e no exterior, o que vai atrair visitantes de todo o mundo interessados em conhecer um pouco mais sobre a cultura cervejeira.
RP - Em Petrópolis a fábrica ficará responsável pela produção do Chopp Bohemia. Também será um local para elaboração de outros produtos? PS - Teremos diversos produtos sendo produzidos na fábrica. Vamos aproveitar a tradição da Cervejaria Bohemia para produzir variantes da marca e novos produtos.
Vamos reativar a primeira Cervejaria do Brasil e um símbolo de Petrópolis. O projeto vai ajudar a enriquecer a vida cultural, turística e econômica da cidade. RP - Além de voltar a produção fabril, a Cervejaria Bohemia também será transformada em um Complexo que reunirá, um Memorial da Cerveja, um Centro de Tradições Petropolitanas, um restaurante e lojas de souvenirs, transformando a fábrica em um importante atrativo turístico para Petrópolis. Como surgiu a ideia de transformar a fábrica neste empreendimento que resgata a cultura cervejeira da cidade? PS - A ideia surgiu da vontade de se resgatar a tradição cervejeira da marca e da cidade, transformando Petrópolis em um polo cervejeiro, a exemplo do que acontece em outros locais do mundo. Queremos que visitantes do Brasil e exterior venham para a cidade conhecer a história da bebida, da cervejaria e da bebida na América Latina.
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RP - A Cervejaria também promoverá cursos para mestres cervejeiros? Seria uma excelente oportunidade de se descobrir novos talentos na cidade da primeira cerveja do Brasil. PS - Com certeza, a Ambev, por meio do desenvolvimento de suas marcas premium, quer difundir a cultura cervejeira no Brasil, incentivando novos conhecedores e futuros mestres-cervejeiros. RP - O que representará para Petrópolis o resgate da primeira cervejaria do Brasil? Como afetará a economia da cidade? PS - O projeto da Cervejaria Bohemia deve movimentar ainda mais o turismo e a economia de Petrópolis, além de gerar novos empregos. Para os petropolitanos é a volta de um símbolo da cidade, que representa a essência da primeira cerveja do Brasil. RP - Desde 2009, a Bohemia tem sido parceira da Bauernfest – A Festa do Colono Alemão, hoje, o segundo maior evento do Brasil em sua categoria e o maior da região sudeste. Como a Ambev vê o evento? PS - É um evento que faz parte da história e do calendário cultural de Petrópolis. A Ambev é parceira da Bauernfest, celebração que homenageia a chegada dos primeiros colonos alemães na cidade. O evento mantém viva a história da cidade, além de incentivar as manifestações culturais, a economia e o turismo de Petrópolis, pois atrai visitantes de todo o Brasil. Além disso, o projeto da Cervejaria visa enriquecer ainda mais o turismo e a vida cultural e social de Petrópolis, que já é reconhecida por sua tradição desde os tempos do Império. E é claro que a Bauernfest se insere neste contexto.
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Arquivo Histórico divulga fotos inéditas do Monumento a Koeler
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Texto: Daiane Machado e Isabela Lisboa Fotos: Arquivo Histórico / Biblioteca Gabriela Mistral om cerca de 700 mil documentos, o Arquivo Histórico da Biblioteca Gabriela Mistral é fonte indispensável de conhecimento para
pesquisadores e estudantes. Em constante trabalho de catalogação de obras raras, jornais e revistas,
certidões, fotos, requerimentos, mapas... a historiadora Mariza Gomes, chefe do Arquivo Histórico, sempre encontra mais um registro, mais uma curiosidade, sobre a história de Petrópolis. Entre seus mais recentes descobrimentos estão as fotos da Inauguração do Monumento ao Major Júlio Frederico Koeler, engenheiro alemão, responsável pela construção de Petrópolis e principal motivador da vinda dos Colonos Germânicos para a cidade. Localizado na Praça Princesa Isabel, em frente à suntuosa Catedral de São Pedro de Alcântara e a Rua que leva seu nome, o Monumento a Koeler foi inaugurado no dia 23 de janeiro de 1955, quando seus restos mortais foram transladados da Capela do Cemitério Municipal para o atual endereço. As imagens - encontradas entre as páginas de um livreto de relatórios do ano de 1955, no acervo de processos de pagamento do arquivo – registram a festividade e o reconhecimento da população petropolitana, a este grande personagem de nossa história que, naquele dia, tomou as ruas da cidade para prestar sua homenagem. O cortejo percorreu as ruas da cidade ao som da Banda de Música do 1º B.C. do exército. Na ocasião estiveram presentes o prefeito Cordolino José Ambrósio, o presidente da Câmara Municipal, Arnaldo Teixeira de Azevedo e o Brigadeiro Honório Koeler – trineto do Major Koeler. Casou-se com dona Maria do Carmo Rebelo de Lamare Koeler, em 1930, e
Major Júlio Frederico Koeler Koeler nasceu em Mainz, Rheinland-Pfalz, Alemanha, em 16 de junho de 1804. Veio para o Brasil, em 1828, sendo contratado para servir ao Exército Imperial, devido a falta de oficiais no país. Devido a um decreto que dissolvia batalhões estrangeiros foi afastado do exército e, três anos mais tarde, naturalizou-se brasileiro, sendo reincorporado em 1833 e promovido a Major seis anos depois, após trabalhar como engenheiro civil na Província do Rio de Janeiro para a
teve apenas um filho, Rodrigo de Lamare Koeler. A planta urbana de Petrópolis, desenvolvida por ele foi a primeira planejada do Hemisfério Sul, e teve origem no Decreto Imperial de 16 de março de 1843. Nele, o Imperador d. Pedro II arrendava sua fazenda do Córrego Seco ao Major, para a construção do palácio da Família Imperial e o provimento de condições para uma povoação. Assim, começava a surgir a Cidade Imperial. Em 29 de junho de 1845, Koeler chegava a Petrópolis com os primeiros
manutenção de estradas.
germânicos que, em 1837, desembarcaram no Porto do Rio de Janeiro em um navio que ia para Austrália. O grupo não quis continuar viagem devido as péssimas condições a bordo. O Major conseguiu, então, que eles fossem contratados para trabalhar nas obras da Estrada Normal da Serra da Estrela, estabelecendo uma colônia germânica na região. Koeler mudou o estilo de construir casas, aproveitando os cursos d'água para traçar, pelas margens, avenidas e ruas de acesso aos bairros. Dividiu o terreno em vilas e quarteirões e, por acreditar na superioridade do trabalho livre sobre o escravo, distribuiu as terras em regime de enfiteuse - arrendamento por prazo longo ou perpétuo de terras, mediante a obrigação de manter em bom estado o imóvel e efetuar o pagamento de uma pensão ou foro anual. Júlio Frederico Koeler morreu em um acidente ao praticar tiro ao alvo, em sua Chácara da Terra Santa, em 21 de novembro de 1847. Além do monumento em sua homenagem, a cidade também lhe faz reverência no dia 16 de Março Aniversário de Petrópolis.
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