CAPITULO I-AUTOBIOGRAFIA/50 ANOS DE HISTÓRIA-O ANTIGO REGIME-1

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50 ANOS DE HISTÓRIA 1954 – 2004 (AUTOBIOGRAFIA)


Para os meus filhos...

Jo達o e Luis


Para a minha amiga e companheira...


Para o meu nétinho Tomás...


...para todos os combatentes pela Liberdade e pela Democracia... ...e para aqueles que, embora professando diversos credos, religiões e opções políticas…


...enriqueceram com generosidade o legado cultural dos valores universais da Civilização ... … e contribuíram decisivamente para a Libertação do Homem e da causa da Liberdade.


I - O ANTIGO REGIME


Há 50 anos... ... Portugal, era um país pobre e subdesenvolvido, ocupando a agricultura, embora em muitos casos ainda rudimentar, a maior parte da sua população activa.


A indústria e o comércio, localizados junto ao litoral e próximo dos grandes centros urbanos, iniciavam um processo de desenvolvimento. A partir da década de 60, o país, como consequência das guerras em África, fragilizou-se ainda mais e as dificuldades do povo aumentaram!... O analfabetismo era um dado adquirido e os índices culturais e politícos demasiadamente baixos, pouco ajudavam para inverter a situação.


Face à conjuntura interna, Portugal, era também um país isolado do mundo desenvolvido, facto que não impedia os politicos de então, de o considerarem como ...

… um jardim à beira mar plantado…


… E nesse país ainda subdesenvolvido, nesse “jardim à beira-mar plantado”, como lhe chamavam... ...havia um garoto … um garoto, nascido em 3 de Agosto e registado a 16 do mesmo mês, do ano de 1954, na aldeia transmontana de Gralhas, terra fria, do concelho de Montalegre...


… que tal como outros meninos, no aconchego dos seus avós maternos, ali brincava, alheio a tudo, que envolvia a sociedade e o “mundo”. Esse garoto foi crescendo, e como os outros miúdos da sua idade, que aos 5 anos, já guardava gado…


… foi para a escola, aprender a ler e a escrever, para mais tarde, como lhe diziam… … saber fazer, contas à vida .


Com 7 anos e na 2.ª classe da instrução primária,rumou a Lisboa, juntando-se a seus pais que ali trabalhavam. Passou a frequentar a escola n.º 18, na Rua Presidente Arriaga, muito próxima do local de residência dos seus progenitores. Volvido pouco mais de um ano, é transferido para a escola n.º 145, algures no Bairro da Penha de França, para onde seus pais se haviam mudado. Ali concluíu a 4.ª classe e efectuou o exame de admissão antes de ingressar no Liceu Nacional de Gil Vicente.


Já no 3.º ano nova transferência. Desta vez o destino foi o Externato Liceal de Montalegre, onde permaneceu 2 anos…. … findos os quais, regressou…

…de novo a Lisboa.


Uma vez na capital, já mais “maduro” e em contacto com o trabalho, aconteceu a esse garoto, então já um jovem rapazinho… … presenciar uma manifestação de trabalhadores.


As manifestações nesse tempo, eram proibidas, mas os trabalhadores, desesperados ... … continuavam corajosamente a desfilar, por melhores salários.


Durante a manifestação, no outro extremo da rua, o jovem rapazinho, viu também surgir a galope ... … brandindo as espadas, um pelotão de militares da G.N.R. …


‌ e assustado, observou a onda de violência dos cavalos, derrubando... ...e espezinhando os trabalhadores, homens e mulheres desarmados ‌


…que continuavam a cantar, corajosa e heroicamente, o hino nacional... …enquanto os militares os agrediam, feriam, e abatiam com as suas espadas …


… o jovem rapazinho, definitivamente marcado pela ocorrência, foi assim aprendendo o significado da repressão política, que grassava no seu país…

… ao ver o modo brutal…


‌como a polícia agredia...


…prendia as pessoas …


… e sobretudo, como os feridos… … eram atirados para as viaturas políciais, sem dó nem piedade.


Esse rapazinho, a quem a professora Virginia, na escola primária havia ensinado, que o regime político do seu

país... … era dirigido pelo senhor presidente do Conselho, o Professor Doutor Oliveira Salazar…


‌e que o senhor Presidente do Conselho, era um homem bom e fora colocado no poder pelos ...


‌ militares, que tinham feito, em 1926, mais uma revolução salvadora e providencial para Portugal...


…e que esses militares tinham sido chefiados pelo general Gomes da Costa, o qual decidira pôr ordem no país…


…mas a quem nunca disse, que o General Gomes da Costa, só teve que repor a ordem, porque a ordem pública ... … fora perturbada por rufias arruaceiros…


… por agitadores, pagos na sua maior parte, pelos monárquicos... ...e pelo clero reaccionário …


…que essas perturbações da ordem, foram sobretudo apoiadas pela realeza e pelo clero, não só… … português como espanhol…


… e que era uma reacção natural daqueles que se consideravam prejudicados ou ameaçados, pela implantação...

… da jovem

República Portuguesa em 1910…


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