Autor: LUIZA PELLICANI CAMPINAS | - 23/09/2014-22h21 - Atualizado em 24/09/2014-00h50 Matheus Reche | TODODIA Imagem
Cintia Cristiane Pereira: "a frase foi muito forte", diz ela sobre ofensa que relatou ter sofrido em escola O MPE (Ministério Público Estadual) vai investigar a denúncia de um caso de racismo na Escola Estadual Jornalista Roberto Marinho, em Campinas. A representação foi feita pela profissional concursada e agente de organização escolar Cintia Cristiane Pereira, 40, que aponta que foi chamada de "negra maldita" por uma coordenadora pedagógica da instituição no dia 10 de setembro. Ela trabalha no local há um ano. O encaminhamento da documentação foi feita pelo vereador Carlão do PT e o Grupo Força da Raça, anteontem. Cintia afirma que o caso ocorreu depois de atos de vandalismo contra um ônibus que levou alunos a uma atividade de lazer. No dia anterior, foi o aniversário de casamento da coordenadora, que foi a essa viagem. Quando ela voltou, Cintia comentou: "que presentão você ganhou hein". A coordenadora pedagógica da instituição teria ficado nervosa com a situação e com o comentário feito sobre a situação. Então, segundo Cintia, a mulher, cuja identidade não foi revelada, ofendeu a agente assim que saiu da sala. "Depois da brincadeira, eu saí da sala e logo depois ouvi a frase. As outras pessoas vieram depois contar o que aconteceu, me senti muito mais que ofendida", afirmou Cintia. A vítima diz que procurou a direção afirmando que procuraria seus direitos e ouviu que tinha "liberdade" para fazer a denúncia. "Sempre ouvimos falar de casos de racismo. Quando acontece com a gente ficamos perdidos, mas sei que tenho que lutar pelos meus direitos e de todos aqueles que se sentem ofendidos diante de um casos desses", afirmou. Participante ativa do candomblé, Cintia acredita que a frase dita pela coordenadora também englobou sua religião. "Todos sabem as minhas predileções religiosas. A frase foi muito forte. Dá margem a entender sobre a cor da minha pele e religião", afirmou. DESCULPAS Após ser informada sobre a denúncia, a acusada pediu desculpas à agente educacional e comprou duas caixas de bombom, "tentando força uma amizade", segundo Cintia. Na denúncia ao Ministério Público é requerida a instauração de inquérito policial para apuração do caso, seguido da abertura de processo criminal para a penalização dos responsáveis. A Promotoria não informou prazo para encerrar a investigação. A reportagem entrou em contato com a escola, às 16h30, e foi atendida por uma secretária da unidade, que afirmou que ninguém no local iria comentar o assunto. A reportagem também solicitou um posicionamento à Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Educação, por telefone e por e-mail, na tarde de ontem, mas até as 20h43 não houve retorno.