Gift, mercadoria e design – Um estudo sobre a circulação de objetos e afetos (2)

Page 1

Caderno 4


Gift, Mercadoria e Design Um estudo sobre a circulação de objetos e afetos

Este caderno é parte do Trabalho de Conclusão de Curso realizado em 2012 para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Ele contém depoimentos e imagens coletados via questionário online, sobre como objetos e pessoas se relacionam, e faz parte de uma série de 8 cadernos que juntos formam o relatório completo deste TCC. — Página anterior: depoimento de Pablo Neruda, escaneado do livro The Gift (Hyde, Lewis. p367)


1 Bala de flores do Japão. Quando eu compro a bala japonesa sabor “flores”, eu sempre me lembro do meu falecido avô. Eu era muito apegada à ele. Ele sempre carregava estas balas no bolso e me oferecia um punhado de balas e falava “Ii darou? Oishii darou” (Não é bom? Não é gostoso?). A bala tem sabor de “saudade” para mim.

2 Garrafa de Cerveja. Porque bebi essa cerveja em uma viagem de ano novo com amigos. Curiosamente tenho outra garrafa diferente ao lado, que guardei só por curiosidade, mas não traz nenhum valor simbólico (nem lembro se eu estava feliz ou triste no dia).

3 Lata de Suco de Maçã Japonesa. Porque comprei esse suco em uma vez que fui com essa pessoa na Liberdade. Tomei o suco em casa e deixei na estante depois. Hoje não converso mais com ela, mas não sinto problemas em deixá-la na estante.

4 3 vasinhos de mini cactos. Porque todas as minhas plantas morriam e eu desacreditei de poder cuidar de alguma coisa viva. Então minha mãe me deu três vasinhos de mini cactos que completam 2 anos e meio de vida e me fizeram tomar coragem de ter um cachorro (que já tem 2 anos!!) e todos vivem!


5

6

7 Caixa de banho chinchila. Caixa de banho de minha chinchila, que morreu hรก uns 7 anos. Gostava muito dela.


8

9 Ovo Habitrail. Fazia muito tempo em que sonhava em ter uma “gaiola” para hamster que fosse bonito.

10 Trevo de quatro folhas. Um dia em que recebi uma proposta para um novo trabalho e que estava muito impactada, feliz, mas ainda assim temerosa com a mudança e com as negociações para que fosse possível trocar o trabalho atual pelo outro, cheguei em casa e havia uma planta sobre a mesa: era um vaso de trevos de quatro folhas. Eu não conhecia a pessoa que havia me enviado o presente. Ele conhecia minha filha em uma relação de trabalho e tinha o hábito de fazer mudas dessa planta e distribuir. Como eles haviam conversado sobre mim, ele resolveu me dar a planta. Só se encontraram uma semana depois, bem no dia em que esse objeto teria muito mais significado.

11 3 Bonequinhos feitos com cones de linha. Porque é uma representação da nossa família feita pelo meu filho quando tinha 2 anos e pouco. Faz cerca de 16 anos.


12

13 A painting. Just before my grandfather died he gave me a painting for Christmas, so it reminds me of him. I got it 15-17 years ago.

14 Cachecol e braço de guitarra quebrado. Foi um “kit presente” que minha amiga me deu. Ela disse num dia qualquer que estava aprendendo a tricotar, daí eu brinquei que eu nunca tinha tido um cachecol na vida. Ela disse então que ia fazer um pra mim. Eu disse pra ela fazer um vermelho então, porque o nosso chefe tinha um vermelho que eu achava muito bonito. E foi isso. Depois de muito tempo ela me deu escrito num papel craft a previsão do tempo para os próximos dias, terminando com alguma coisa como “acho que você pode precisar deste presente” (tenho esse papel guardado, posso checar exatamente depois). E outro papel com uma “coisa embrulhada” com um cartão dizendo algo do tipo: “um dia estava andando pela rua e encontrei isso no chão e achei que seria o presente perfeito pra alguém, algum dia, então peguei. Finalmente descobri pra quem era esse presente...” E era o braço quebrado de uma guitarra. Show!


15 Coração feito de clips. Lembra porque foi a pessoa que fez e me deu. Não tenho ideia exata de quando mais tem mais de 7 anos que um amigo me deu.

16

17 Desenhos do Lucas. Porque era uma diversão desenhar com meu filho e mostra as formas de representação desenvolvidas ao longo dos anos.

18


19 Estátua de Buddha. Essa estátua de Buddha foi dada pra mim quando eu me mudei da minha primeira casa, onde vivi 17 anos. Ela me lembra meus avós por parte de pai (especialmente minha avó), que tinham um espacinho especial na casa deles para colocar esse tipo de estátua.

20 Maquete de uma cobertura. Primeira maquete física que fiz na faculdade. Feia, mas tenho bastante carinho por ela.

21 Pote de cerâmica turca. Este foi o primeiro objeto que comprei para minha casa nova. Eu estava em Istanbul e ainda ia passar 6 meses na Europa antes de voltar e morar junto com meu namorado. Comprei o pote em um mercado e pedi para uma amiga trazer para São Paulo. Porém, ele quebrou na mala - o que me deixou muito triste. Quando voltei ao Brasil, minha mãe havia colado os pedaços e hoje tenho ele na sala.

22 Quadro. Um quadrinho de pintor naif desconhecido, retratando a igreja da pampulha numa noite estrelada. Comprado na própria igreja por volta de 8 anos atrás.

23 Tamanduá de madeira. Eu comprei ele de uma mulher da minha idade, índia que estava vendendo alguns colares. Me identifiquei com ela e fiquei procurando alguma coisinha pra comprar. Ela vendia pequenos animais entalhados na madeira e esse tamanduá me ganhou. Deixo ele na minha estante com os livros, ele é lindo.


24

25 Text message, email. It is a past memory that I want to have but also forget. I had it for 5 years, and I deleted it.

26 Batom. Minha avó comprou esse batom, daqueles bem vagabundos, na feira que tinha perto da casa dela. Eu pedi muito, e ela acabou comprando. Éramos muito próximas... E na época em que ela comprou o batom, eu brincava livremente no bairro dela (Belenzinho, São Paulo), ajudava meu avô na mercearia... Traz boas lembranças. Eu devia ter uns 9, 10 anos.


27

28 Um pote de porcelana peruano. Porque a pessoa me deu de presente. Foi lembranรงa de uma viagem ao Peru. Foi dado pelo meu ex-namorado, no fim de 2010, comeรงo de 2011.

29


30 Protetor solar. Eu comprei o meu primeiro protetor solar em uma farmácia comum e não faz muito tempo. Eu nunca tive muita consciência quando o assunto é cuidar da pele. Uma sensação infantil de que não iria envelhecer e de que a luz do sol não pode ser nociva. Hoje finalmente me habituei e passo todos os dias antes de sair de casa. Um sinal de amadurecimento pra mim.

31 Qualquer sabão com um perfume estranho. Qualquer sabão desse jeito, não convencional vamos falar, me lembra de uma amiga minha na França. Os últimos que comprei foram 4 da Natura, voltando de uma caminhada, há quatro meses mais ou menos.

32 Talco para os pés. Minha mãe cheira a talco e um dia ela me deu esse tubo de talco porque eu estava com chulé. Mas não consigo usar porque os meus sapatos ficam com o cheiro da minha mãe.

33


34 Uma caixa de sabonete Phebo. Foi um presente do meu filho. Usei o sabonete mas fui incapaz de jogar a caixa.

35

36 Ervilhas de pelúcia. Porque uma pessoa especial me deu, e é uma pelúcia muito bonita e diferente das que se encontra por aí. Foi adquirido este ano.

37 Bichos de pelúcia, almofadas e otras cositas mas. Presentes de mulheres que passaram na minha vida.

38 Cachorro de pelúcia. Foi comprado pelos meus pais quando eu nasci. O tenho há 22 anos.

39 Pequeno ursinho de pelúcia. Ganhei da minha irmã mais nova quando passei na FAU, no início de 2011. Era dela desde pequena, e ela me deu para que eu pudesse sempre lembrar dela. Passou seu perfume nele e amarrou um lacinho no pescoço: o perfume não continua, mas o lacinho permanece até hoje.


40

41

42


43 Um ursinho de pelúcia. Comprei em 2008 durante minha primeira viagem para Alemanha.

44

45 Um urso de “pelúcia” de pele de lhama. É significativo porque ganhei de uma amiga muito querida que já não vejo há muito tempo. Foi durante um intercâmbio em Londres. A amiga era peruana e uma das melhores companhias que eu tive por lá. No natal daquele ano, ela foi ao Peru passar as festas com a família. Ao voltar para Londres, me trouxe esse presente, que guardo com muito carinho.

46 Ursinho de pelúcia. Ganhei de meu namorado e lembro-me dele pois ganhei sem ser nenhuma ocasião especial, foi um presente espontâneo e sincero. Ganhei há três anos atrás.


47

48


49


50 Urso de pelúcia. Com 41 anos de idade, é o primeiro objeto de relacionamento afetivo da vida. É uma espécie de espelho existencial e estético. Não tem boca, o que é muito opressivo.

51 Boneca vietnamita antiga. Porque é uma boneca antiga, até um pouco quebrada, que pisca os olhos e que estava a venda no meu antigo trabalho. Ela é um pouco sinistra mas não sei porque sempre fiquei maravilhada com ela. Meus antigos chefes perceberam e um dia me deram a boneca de presente. É meu xodó, e me faz lembrar uma época deliciosa.

52 Boneco do Topo Gigio. Comprei pro meu avô como brincadeira numa feira de antiguidades, pois ele sempre comentou desse desenho, e quando ele faleceu acabou que fiquei com o boneco pra mim.

53 Bonecos do X-Men (Apocalipse e Ciclop). Bonecos foram sem dúvida os meus brinquedos favoritos na infância. Tinha em grande quantidade pois além dos que eu ganhava, tinha todos que peguei do meu primo e do meu irmão pois eles são bem mais velhos que eu. Mas que eu me lembre de fato de ter ganhado como presente, foram esses do x-men. A história é que o meu pai e o meu irmão foram para o EUA quando eu tinha uns 5 anos. Só os dois, para passear. Lembro do dia que eles voltaram. Era muito tarde, de madrugada, e eu, minha irmã e minha mãe esperávamos eles chegarem do aeroporto. Lembro mais da espera do que da chegada. E lembro de ganhar esses bonecos. E como eles eram demais! Outra coisa! Outro acabamento. Mais bonitos, bem desenhados, materiais de qualidade. Mas para mim, naquela idade, bastava que eles eram muito legais!


E além de tudo eles tinham um mecanismo que projetavam imagens na parede (não vou conseguir explicar! se quiser eu te levo e te mostro). Aquilo foi um nível de brinquedo que até o fim da minha infância não foi superado.

54 Carrinho do Esquadrão Winspector. Nunca possuí esse objeto, mas quando eu tinha uns 5-6 anos, era o que eu mais queria. O engraçado é que ele parecia muito maior, e quando fui pesquisar recentemente me pareceu bem pequeno. Quando criança, eu parecia muito misturar a imagem do que via no seriado, na televisão, e o brinquedo em si. Meus amigos tinham, e eu queria muito ter também. Hoje, analisando de uma forma mais racional, o brinquedo parece simples, apesar das transformações. Fiquei impressionado com o grau de imaginação e fantasia de quando somos crianças.

55

56 Critter (brinquedo de corda). Meu ex-namorado me deu esse brinquedo de natal em 2008. Ele é bem humanizado e engraçado. Ele disse que era um amigo pra eu levar pro cursinho (eu estava fazendo o intensivo pra entrar no design).


57

58 Fantastic Puppy. Não sei o motivo que me faz considerar esse cachorro como especial. Tenho boas lembranças, foi o brinquedo que mais adorei, que mais “explorei” (ele tinha pilhas na barriga!) e que eu nunca esqueci. Acho que ele era hiperativo demais e isso me assustou. No auge da adolescência, quando formei uma banda, ela chamava “Fantastic Puppy” (claro, descobri o nome dele depois, numa loja de muambas).

59 Jogo da maçã. Porque foi a primeira grande escolha que fui obrigada a fazer, sob pressão, numa loja de brinquedos. Lego ou Jogo da Maçã? Segunda opção. Me arrependo até hoje. Foi pelos idos de 1995, com a pressão insuportável do meu irmão mais velho.


60 Travesseiro. Não sei porque, mas o meu travesseiro que tenho desde que nasci carrega a imagem, cheiro, valores da minha mãe. Devo ter ganhado da minha mãe.

61 Câmera digital. Lembro-me do meu namorado, que me presenteou com o modelo de câmera que estava querendo há algum tempo. Isso ocorreu no começo do mês de outubro desse ano.

62 Canon AE-1 Program. Adquiri num leilão no Mercado Livre por uma pechincha, e com essa máquina aprendi a fotografar. Ela também me acompanhou na Guatemala por 1 ano, o melhor ano da minha vida.

63 Máquina fotográfica. Porque adoro memórias e fotografias. eu encomendei essa máquina ao meu namorado (hoje meu marido) e ele foi sorteado num evento da Sony e ganhou exatamente o modelo que eu havia encomendado! A minha câmera digital eu tenho há 5 anos.

64 Rolleiflex. Era a máquina fotográfica de meu avô, que eu nunca conheci. Temos uma coisa estranha de personalidade parecida e coincidências na trajetória de vida.

65 Álbum de fotografias. Trazem boas recordações. Alguns deles existem desde o meu nascimento.


66

67

68


69 Álbum de fotos personalizado. Me mudei e minhas amigas fizeram um livro com as fotos de diversos momentos juntas com narrações dos momentos das fotos. O esforço e cuidado delas em prepará-lo, me mostrou o carinho que temos entre a gente. Como falei anteriormente, minhas amigas fizeram um álbum de fotos nossas e ele virou um grande símbolo de nossa amizade. Sempre que olho para ele, lembro delas.

70

71 Cartão com dedicatória. Recebido de minha esposa, quando da minha colação de grau, em 1981.

72 Cartas. Eu tenho inúmeras cartas guardadas, que venho recebendo desde os meus 5 anos de idade. Cada carta que eu releio é como se fosse uma viagem ao tempo. Eu relembro dos bons momentos, dos amigos e ex-amigos. Elas tem um valor muito especial para mim, pois foram escritas/desenhadas por pessoas que gastaram um pouquinho do seu tempo para transmitirem algo de bom para mim. É um registro de boas lembranças.


73

74 Foto de amigos. Porque me trás boas lembranças de uma época e de pessoas especiais

75 Fotos. As fotos me fazem relembrar de momentos marcantes, geram memórias positivas e até me fazem querer renovar sonhos e compromissos através das lembranças. E também é uma forma de deixar registrado a minha história para gerações futuras rs.

76 Fotos. As fotos te lembram dos momentos passados, alguns impossíveis de serem revividos.

77 Fotos. Porque me permitem reviver de momentos específicos da minha vida.


78

79

80


81 Meu apartamento Porque é o meu primeiro apartamento, é o meu cantinho. Tenho há quase quatro meses.

82 Toco de madeira usada na construção da minha casa. Depois da venda da casa, é o que me sobrou. Gostava de morar lá, mas com a separação dos meus pais não houve como mantê-la. Na verdade, tenho o toco desde antes disso. Levei comigo quando me mudei de lá para um apartamento com meu irmão em 1999.

83


84 Celular. É minha agenda de telefone, calendário, relógio, alarme, radio, MP3... enfim, sem ele fico perdida no tempo. O modelo atual talvez uns 4 anos.

85

86 Celular. Tenho o mesmo celular há uns 4 ou 5 anos, mesmo com novas tecnologias ele garante tudo o que eu preciso, mesmo não tendo muitas funções mais atuais.

87


88 Celular. Um celular é importante para eu ficar sempre comunicável para o meu filho, mas se ele está em um local supervisionado ou perto de mim, sou completamente desapegada. É um objeto que eu sempre gostarei de ter.

89

90 Linha telefônica. É essencial na minha rotina, utilizo para me comunicar com as pessoas que moram longe. Foi adquirida em 1996 e é muito significativa pra mim pois consegui com muito esforço.

91 Primeiro celular. Meu primeiro celular. Foi adquirido há uns 9 anos, ele se tornou significativo pela “independência” que uma adolescente de 15 anos poderia sentir ao comprar um aparelho considerado moderno na época com seu próprio dinheiro.

92 Objetos que a minha avó me presenteou. A minha avó é uma pessoa que não gosta de se desfazer das coisas. Ela tem guardado roupas, acessórios, utensílios e inúmeros outros objetos, mas com muito


cuidado e organização. Há mais ou menos 8 anos, ela vem me presenteando com alguns desses objetos. A cada presente que a minha avó me dá, ela vem contando quando, onde, quem deu aquele objeto para ela. Cada objeto que ela me dá tem um valor único e muito especial para ela. E como não quero que estes objetos percam essa importância, procuro cuidá-las com muito carinho.

93


94 Máquina de lavar roupa. É o objeto mais simbólico da minha vida adulta independente... Me fodi pra arranjar uma casa que coubesse uma máquina (já morei em kitnet que não cabia) e pra pagar (que, por favor, comemore, termino de pagar neste mês). Foi adquirida no Ponto Frio, num sábado de outubro de 2011, e parcelada em doze longas vezes.

95 Microondas/televisão. Agrupei esses dois objetos porque foram comprados no mesmo dia. São significativos porque foram as primeiras coisas que comprei quando me mudei para uma kitnet, ou seja, quando fui morar sozinha. Marcam uma transição em minha vida. Foram adquiridos em uma dessas lojas tipo Ponto Frio, em 2006.

96

97 O meu fogão. Tenho esse fogão há sete anos. É o meu único bem de valor. Investi nele depois que acabou meu primeiro casamento. Ele é importante pois marca a transição de uma fase nômade para um momento de expansão e ao mesmo tempo de construção de um lar, um corpo expandido. O meu fogão é o núcleo do meu lar, para onde eu for ele vai, assim como outras coisas que se consolidaram na minha casa.


98 Aparelho de som. Era da minha avó que faleceu. É um aparelho antigo, mas muito bom, toca até vinil. Acho que o fato dele ser muito bom reforça a memória da minha avó.

99

100 Backup externo. Este objeto é importante pois guarda os arquivos de coisas que produzi, fotografias e documentos que reuni. Para mim eles tem um aspecto muito frágil. Já perdi um grande arquivo de fotos por algum erro do computador e isto foi uma experiência traumática. Agora parece que à qualquer momento enquanto estiver usando pode ocorrer algum erro de leitura que perderá meus arquivos. Ainda levando em conta que são objetos pequenos, fáceis de perder e de cair no chão. Tenho por necessidade, se houvesse um meio mais comprovadamente seguro de guardar meus arquivos eu usaria. Não uso backup online devido à velocidade da internet variado dependendo do lugar de onde acesso.


101

102 Computador Desktop. Este objeto eu considero importante pelo uso, e não por vínculos emocionais. Como é meu desktop, é o computador com o qual eu posso trabalhar em casa, caso precise. Tenho ele há 4-5 anos.

103 Computador Notebook. Lembra meus pais, que compraram ele pra mim. É um notebook simples, que usei especialmente para auxiliar nos meus trabalhos, mas representa pra mim um pouco do apoio que eu tenho em casa. Possuo ele há cerca de 10-12 meses.

104 Computador pessoal TK85. Primeiro contato com a informática, cuja aplicação foi como ferramenta de trabalho, possibilitando execução de cálculos de engenharia mais rápidos e precisos. Adquirido há mais de 25 anos. Comprado em prestações após analisar muito tempo, face ao preço e dúvidas na aplicação.


105

Caderno 4


106

Caderno 5


Gift, Mercadoria e Design Um estudo sobre a circulação de objetos e afetos

Este caderno é parte do Trabalho de Conclusão de Curso realizado em 2012 para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Ele contém depoimentos e imagens coletados via questionário online, sobre como objetos e pessoas se relacionam, e faz parte de uma série de 8 cadernos que juntos formam o relatório completo deste TCC.


107 Fone de ouvido. Considero esse objeto importante porque ele é de alta qualidade, custou muito caro e foi comprado em um época que eu tinha capacidade financeira para comprá-lo. Não utilizo com tanta frequência mas o fato de possuir um fone desses é muito gratificante para mim. Ele é um fone de cabeça acolchoado de cor preta. Tenho este objeto há 3 anos.

108 iPad. Ele é importante porque é a forma mais prática de me manter conectada. Comprei em outubro de 2011 em uma viagem à NY.

109 iPod. Considero importante pelas várias funções que ele acumula, e por ter me esforçado para conseguir o dinheiro para comprá-lo. Tenho o objeto há +- 1 ano.

110 iPod. Troquei por um celular que ia ganhar. Foi uma boa troca, visto que celular alguém sempre te dá, já um iPod é mais difícil.


111

112


113 Macbook. Comprei no Japão, depois de trabalhar 3 meses em uma fábrica. Era um dos principais objetivos da viagem que fiz com 3 amigos. Foi comprado por um deles em um dia de folga, mais ou menos assim: “Toma o dinheiro. Se você achar por menos de X, compra pra mim!” Eu não tinha muitas esperanças de acontecer, mas ele achou!

114

115 Meus bons fones de ouvido. Eu tenho esse fone há dois anos. Ele foi deixado na minha casa. É de excelente qualidade, deixa as músicas impecáveis, me permite ouvir música em qualquer situação e com isso me divertir, me isolar, isolar vozes desagradáveis, ou o barulho ensurdecedor dos ônibus que agora passam na minha rua, é como se esconder ou estar em outro lugar. Produz sensação de fantasia, sonho, potencializa as emoções.

116 Microcomputador. É uma ferramenta de lazer e trabalho fundamental, um meio de acessar tudo no mundo. Este tenho há 2 anos.


117

118 Mouse. O mouse 茅 minha ferramenta de trabalho, tem que ser bom, ergon么mico e sem fio.

119


120 Mp3 player. Ele é o único companheiro para caminhadas por São Paulo e outras cidades. Considero ele como não necessariamente como um objeto único. Tenho mp3 player há uns 7 anos, e fui trocando ao longo do tempo. Me apeguei muito há um em especial, mas sempre que eles quebram eu preciso trocar. Acho que o mais importante é ouvir a música.

121 My laptop. It would be much harder for me to follow the world around me! and I like the way it make it easier for me to communicate with people. Around 1 year.

122 Notebook. Eu uso o notebook frequentemente no meu dia-a-dia, que foi um presente de Natal há uns 3 anos dado pelos meus pais. Por isso sempre lembro deles quando o utilizo.

123 Notebook. Ferramenta de trabalho e lazer, contém arquivos muito importantes. Tenho há 3 anos.

124 Notebook. Porque é um instrumento de trabalho, permite minha comunicação com outras pessoas e tem coisas importantes sobre mim. Ganhei de presente há 4 anos.

125 Notebook. Presente dos meus pais quando prestei vestibular. O tenho há 4 anos.


126

127

128


129

130


131 Notebook. Considero significativo, pois como meus pais não tinham condições financeiras muito boas, tínhamos computadores de baixa qualidade, de difícil acesso a internet e de todo resto que não funcionava direito (uma lata velha literalmente). Então quando obtive o notebook para o uso pessoal, pude tirar proveito muito maiores, que o computador velho não me oferecia.

132 Notebook. Porque eu consegui me organizar melhor, além de fazer meus trabalhos em quase todos os lugares que vou. comprei pela internet, em uma loja que não entregou. Resumindo a história, o assunto parou na policia e consegui o meu dinheiro de volta. depois de tudo acabei comprando um Dell em 2010.

133 Notebook, iPod, celular. Além de importantes como instrumentos de trabalho, são significativos por serem objetos adquiridos com meus próprios recursos. Em outras palavras, é algo que utilizo para produzir e que foram adquiridos com toda minha “produção” anterior, logo, há esse sentimento de algo ganho com o próprio suor.

134 Rádio AM Toot-a-Loop azul que virou verde. Eu tenho há alguns meses. Meu avô me deu de presente porque eu emprestei duas ou três vezes pra fazer trabalhos da faculdade. Ainda funciona, toca rádio AM. É especial porque é o primeiro rádio portátil com fones de ouvido do mundo, produzido no brasil, e esse em particular tem mais de 60 anos e pertenceu ao meu avô. Acho que é até de uma das primeiras séries produzidas.


135

136 Rรกdio de pilhas. Era portรกtil, a pilhas e eu levava pra todos os cantos da casa, desde crianรงa. Gosto de ouvir o rรกdio. Nรฃo era meu. Era do meu pai.

137


138 Bola de Baseball. Eu acho que é significativo pois não imaginava que algum dia eu teria uma legítima bola de baseball, e tenho ela comigo até hoje. Eu consegui a bola um dia que estava andando de carro, aí paramos na calçada e lá estava ela no chão.

139 Prancha de Surf. Gosto de viajar pra surfar e olhar pra ela é lembrar das trips. Se tiver relevância, o nome dela é Joana. Ganhei de um primo que mora em Florianópolis, há 8 anos.

140 Sleeping bag. Eu comprei para dar ao meu pai, que gostava de acampar em pescarias. Depois acabei ficando com ele, que me lembra o meu pai. Tenho desde 2004.

141 Uma caixa de ferramentas. Eu ganhei essa enorme caixa de ferramentas de um senhor marceneiro com o qual trabalhei por muitos anos, montando exposições. Ela é enorme, tem 5 gavetas e rodinhas. Sempre que começava uma montagem, eles passavam com o caminhão na minha casa para buscar o meu escritório móvel.

142 Flauta pan e queña. Por causa da sonoridade de “montanha”, de reflexão, meditação que acompanham esses instrumentos incas. Estava no Carrefour vendo um desses indiozinhos peruanos tocando e perguntei, só por perguntar, se ele venderia o instrumento. Para minha surpresa, ele poderia fazer outros, mas ele não vendia aquele pois usava nas apresentações. Demorou um tempo, pensei que era conversa dele, mas um dia ele me ligou combinando um lugar para entregar os instrumentos.


143 Guitarra. Porque toco músicas em horários vagos (sozinho em casa), ou até em intervalos durante a semana (também sozinho). As músicas em geral sempre trazem conotação subjetiva e a guitarra é um instrumento de interface entre o aprendizado, a subjetividade da música e os momentos passados, além de estar presente em momentos de instrospecção e diversão. Por necessitar de cuidados e manutenção, há também um sentimento de cuidado e “”xodó”. Tenho há aproximadamente 3 anos.

144

145 Sanfona vermelha. Porque ganhei do meu pai, substituindo ao piano que eu queria. Acho que tinha 10 anos. Não tenho mais.

146 Violão. Porque foi mais fácil lidar com o violão do que com a sanfona. Tenho o violão há mais de 40 anos.


147

148 Violão. Ganhei meu primeiro violão no esquema Natal “Papai Noel que te deu” e, por lembrar disso até hoje, deve ter sido bem importante.

149 Violão. Tocar me acalma. Gosto de compor pra mim mesmo e curtir o som da música tocada por mim, com minha interpretação. Eu comprei meu último violão com um dinheiro que achei no shopping. Acho legal a idéia de ter “ganhado” o violão sem ter um responsável por isso.

150 Violão Yamaha APX-6NA. Por ser um violão de nível profissional, eu treinava/ensaiava bastante para caprichar na sonoridade, que parece com o clássico; com ele eu me expressava, passava um bom tempo. Deu um trabalho imenso achar alguém que levaria o dinheiro para um amigo que morava em Los Angeles, mais trabalho


para achar alguém que traria isso para cá, e, quando chegou, meu amigo tinha mandado dentro da caixa um monte de convites de casamento, o que fez com que o peso da caixa aumentasse muito, e iniciasse as dores nas costas que tenho hoje.

151 Aliança. A aliança é algo que, de certa forma, sela o meu namoro. Como nós moramos em cidades distantes, é um modo de ter meu namorado mais perto. Tenho há cerca de 4 anos.

152

153 Alianças. “Roubei” duas alianças de prata da minha mãe, quando eu tinha uns 17 anos. Uma tem coraçõezinhos e outra era uma que ela usou por um tempo, que tinha o nome do meu pai gravado. Era uma forma de ter meus pais sempre à mão, por perto. Perdi a aliança com o nome do meu pai lavando roupa há uns três meses. Recentemente minha mãe, no aniversário dela em setembro, me deu uma aliança de prata com marcassitas, que me lembra muito os anéis com essas pedrinhas que minha avó usava.


154 Anel de pedra azul Ganhei quando era muito pequena e ele ficava largo. Guardei até poder usar e depois guardei em diferentes fases da minha vida.... No momento está na minha mão esquerda há uns 5 anos já.

155 Colar. Porque ganhei da minha avó e uso como um “amuleto” de proteção, por ser símbolo de uma “filosofia” de vida. Tenho há 6 anos.

156

157 Colar. Correntinha com pingente de São Bento. Ganhei de meu avô quando pequena, benzido, acredito que me proteja. Tenho há mais ou menos 12 anos.


158

159


160 Colar de pérola. Era da minha bisavó, que também não conheci. Mas minha mãe gostava muito dela, então sempre lembro de ambas quando vejo o colar. Ele me foi deixado de herança pela minha bisavó.

161 Colar de prata com pingente de estrela. Pois eu fui viajar (3 meses no exterior) e meu namorado disse que olharíamos as mesmas estrelas ao menos, e eu disse que não, pois eu ia pro hemisfério norte e ele ficaria aqui no hemisfério sul, então ele me deu o colar de estrela, tirou uma foto minha com o colar e colocou no desktop, então disse: agora iremos olhar a mesma estrela. E por isso ele foi importante, e como moramos em cidades diferentes, ele ainda simboliza a proximidade mesmo na distancia. Adquirido em Nov/2009.

162 Corrente com santo. Corrente que dei ao meu pai. Ele estava passando por um momento difícil. A corrente antiga havia sido roubada. De certa forma, ele começou a associar o azar a perda da corrente. Dei a ele no último dia dos pais.

163 Ohikari. É a medalha da igreja. Tenho ela desde 2000, e é muito importante por ter um valor espiritual/religioso muito grande para mim. O Ohikari também possui um significado grande em relação à forma como ele foi “adquirido”. Segundo o que eu acredito, nós precisamos ter permissão divina para poder utilizá-lo, e isso inclui estudar ensinamentos religiosos, assistir aulas. ou seja, também é um objeto importante e que eu tive que me esforçar para conseguí-lo.


164

165 Par de brincos que ganhei de presente. Ganhei um par de brincos de aniversário da minha amiga. Uso bastante por consideração a ela.

166

167 Pingente em formato de coração de por foto dentro. Porque foi uma irmã que amo muito que me deu, tem duas fotos no pingente, a minha e a dela.


168 Um anel. Foi comprado há 2 anos com o meu primeiro salário.

169

170 Um broxe com desenho de um casal. Ganhei do meu ex-namorado e é importante porque o broxe foi um pedido singelo e romântico de me levar pra cama.

171 Um colar. Ele me lembra da minha avó. Foi um presente do meu pai cerca de 10 anos atrás.

172 Um pingente de ouro de São Bento. Foi um presente que minha mãe me deu enquanto eu estava viajando, pra me proteger. É um pin-


gente igual ao dela, que eu gostava desde que era criança. Tenho há um ano e dois meses aproximadamente.

173 Coleção Sandman - Quadrinhos. A minha coleção não é bem uma “coleção”. É uma obra de vários volumes encadernados que já foi impressa por muitas editoras diferentes, e eu não consegui comprar todos os volumes de uma só editora. Assim, minha coleção é meio “Frankenstein”. Tem livros grandes de capa dura, livros menores, livros em português, livros em inglês, mas no decorrer dessas mudanças são uma série só. Acho que comecei a comprá-la há uns cinco anos, e terminei há um ano e meio. Por questões de dinheiro e disponibilidade nas lojas, ela não foi comprada de uma vez... de tempos em tempos, com um pouco de dinheiro que eu tinha, comprava um volume, que eu achava mais legal (não comprei em “ordem”). Um deles foi presente de uma ex-namorada, mas todos os outros eu que fui comprando aos poucos, em geral via Internet.

174 Gramática holandesa em francês. Comprei num sebo no centro de São Paulo com meu pai há 7 anos... o livro estava pendente em uma prateleira e despertou meu interesse, já que minha mãe é belga e fala francês, mas tem origem flamenga, onde se fala um dialeto holandês...O incrível foi que, durante meu intercâmbio em Tournai semestre passado em uma livraria de segunda mão eu encontrei a mesma gramática com as mesmas páginas amarelas e cheiro de guardado.

175 Grimm’s Fairy Tales e Alice in Wonderland. “Espólio” do Mr John, um americano. Os livros são antigos e a família dele sempre morou em frente de casa.


176



177 Livro. Porque eu ganhei de um professor de cursinho que me ajudou muito a estudar a história da arte. Pelo fato do cursinho não oferecer aulas de artes, o livro e o professor de história me ajudaram muito.

178

179 Livro “The Gift”. Primeira compra que fiz pela amazon.com. Foi legal todo o processo de espera e acompanhamento do caminho dele desde os EUA até o Brasil. E também é o livro-base desse TCC.

180 Livro “Beauty and the Book”. Livro raro, com um projeto gráfico genial. Todas as revendas hoje na internet são absurdamente caras. Meu amigo J.D. tem grande apreço por esse livro, e lembro que o conheci pela primeira vez na casa dele. Por um acaso muito estranho esse livro literalmente caiu na minha frente no chão de um sebo na Rua Dr. Vila Nova. Comprei-o por R$ 29,00.


181 Livro Bushido. Tenho há quatro anos mais ou menos. E é importante porque este livro me fez perceber valores da cultura japonesa que até então eu tinha mas não entendia ou não sabia de onde vinham.

182 Livro de Histórias Infantil Tenho esse livro desde que nasci, pois ele passou de pai pra filho. É um livro de capa dura, todo colorido, com ilustrações que me lembram a minha infância. Está muito deteriorado, mas guardo-o mesmo assim.

183 Livro do curso feito em outro país. Este objeto é significativo para mim porque foram poucos estudantes no mundo que foram selecionados para o curso e ter conseguido uma vaga é uma vitória pessoal. Este livro portanto é como um símbolo desta vitória, como a sensação de ter informações preciosas que só eu tenho. Ele foi adquirido há um ano e meio.

184


185 Livro Gato de Botas. Tenho livros desde muito pequena. Aprendi a ler sozinha, aos 5 anos, encantada com uma edição tridimensional (não chamava popup na época) do Gato de Botas. O livro foi perdido em 1971, na mudança de casa. Na minha memória, está até hoje.

186 Livro sobre geologia. Ele me foi dados de natal por um primo (lá por 1983). Gostava muito desse primo, mas por brigas de família ficamos muitos anos separados. Quando voltamos a nos ver a conexão já havia sido desfeita entre nós. Guardo o objeto para me lembrar dessa ligação que já existiu.

187


188 Livro Sr. dos Anéis. Livro preferido. Comprado em 2001.

189

190 Livros. Outra paixão. 30+ anos.

191 Livros. Sempre gostei de livros, coleciono vários há pelo menos 10 anos. E sempre guardo todos com muito cuidado. São importantes pois cada um contém um “mundo” diferente e foram lidos em épocas distintas da vida.

192


193 Meus livros. Porque o que mais gosto de fazer no tempo livre é ler. Tenho desde sempre.

194

195 Meus quadrinhos. Os considero especiais pelo carinho que tenho. Por serem objetos colecionáveis, que gosto de sempre rever e reler. Por ficarem na prateleira e me trazerem boas lembranças quando olho pra eles.

196 Um livro da “Mafalda” autografado pelo Quino. Por que foi uma grande conquista, misturada com sorte. Foi durante uma viagem à Argen-


tina, em uma feira do livro infantil, onde consegui a senha para a sessão de autógrafos do Quino. Consegui o número 97, de 100 distribuídos. Depois de três horas de fila, finalmente consegui meu autógrafo em um livro da Mafalda que pode ser encontrado em milhares e milhares de livrarias do mundo. Mas aquele, assinado pelo autor, tem um valor imensurável para mim.

197


198 Caneca. Representa a minha entrada na faculdade. Ganhei durante a semana de recepção dos bixos, há 5 anos.

199

200 Canecas Mario Bros. Ganhei de aniversário este ano (2012) de um grande amigo que estava distante. As canecas vieram em par, uma pra mim (cogumelo de 1up - porque eu to sempre me matando de trabalhar) e outra pra minha namorada (cogumelo de grow up porque ela é baixinha).

201 Colher de sopa. Considero este objeto importante pois lembro quando minha mãe usava a colher de sopa infantil para me alimentar quando criança. Esta colher até hoje utilizo no meu dia-a-dia.

202 Copo. Quando eu era criança eu tinha um copo de vidro que era meu favorito. Ele não tinha nada demais, se bobear era de requeijão... mas eu achava ele perfeito, era um pouco fino, encaixava perfeitamente na minha mão. Eu achava ele bonito e bebia tudo só nele. Um dia meu irmão derrubou e quebrou, até chorei e não achei um substituto a altura.


203 Taça de vinho. Tenho o objeto à algum tempo. Comprei-o porque beber vinho em um copo ou em uma taça resulta em experiências completamente diferentes. Quando tomava vinho em copo sempre tinha a sensação de que algo estava estranho. Tomar vinho em taça parece ser muito mais apropriado. Existe alguma coisa que modifica meus sentidos na maneira como se segura uma taça de vinho, no colocar o vinho na taça e em ver a taça com vinho em uma mesa. Talvez seja uma característica puramente estética, mas considero muito importante.

204


205 Taรงa Vermelha. Porque eu quebrei quando nรฃo queria mais lembrar da pessoa. Comprei numa loja para ela.

Caderno 5


206 Banco do Gabriel Sierra. É um banquinho que compunha o mobiliário da 28ª Bienal e que foi doado para os funcionários quando a exposição acabou. É um objeto que vinculo diretamente a uma mudança radical em minha vida: novo trabalho, nova cidade, um passo para frente.

207 Cadeira. Essa cadeira foi me dada pela minha tia quando fui morar sozinho, também tinha sido sua primeira cadeira quando saiu de casa.

208 Cama. A cama em que durmo foi feito por mim e pelo meu pai, trabalhamos vários dias até que ficasse legal. Foi adquirido esse ano. Me lembra o meu pai e todo o carinho dele por mim.

209 Cama. Na verdade, só passei a ter uma cama só minha aos 7 anos. Antes disto, dividia a cama cada noite com uma das minhas 5 irmãs, pois o espaço não era suficiente para 6 camas no quarto. Talvez por isso, talvez porque eu adore dormir e durma muito bem, esse objeto tem lugar especial na minha vida. Deitar no macio, quente e aconchegante ao final de um dia puxado de trabalho, me dá uma grande sensação de recompensa. Ler na cama junta dois dos meus grandes prazeres na vida. É claro que não são só esses, mas os outros estão relacionados a pessoas e não objetos.

Caderno 6


Gift, Mercadoria e Design Um estudo sobre a circulação de objetos e afetos

Este caderno é parte do Trabalho de Conclusão de Curso realizado em 2012 para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Ele contém depoimentos e imagens coletados via questionário online, sobre como objetos e pessoas se relacionam, e faz parte de uma série de 8 cadernos que juntos formam o relatório completo deste TCC.


210

211

212 Cama de casal. Eu tinha decidido que dividiria apartamento com meu namorado, minha família não apoiou muito, deixaram bem claro que se eu queria isso, que eu devia me sustentar completamente, que eles não queriam participar disso. Conforme me mudei, fui arrumando a casa aos poucos, os móveis... comprei o colchão de casal, mas não tinha cama. Minha mãe viu que eu tava me esforçando pra conseguir me bancar e me deu a cama de presente. Detalhe que por ser cama de casal, foi uma conquista maior ainda.


213



214 Escrivaninha (mesa de escritório). Minha mãe, que escolheu e comprou, quando fui estudar na UNICAMP. Atualmente, minha filha ainda utiliza.

215 Estante de livros. Meu pai comprou para meus irmãos e eu guardarmos o material escolar e os livros. Lembra a minha infância.

216

217 Mesa branca de estudos. Porque ela é bonita, paguei um preço acessível no saldão da Etna, valorizou meu quarto e me ajuda em tudo o que eu faço, perfeita pra estudar, usar o computador e desenhar.


218

219 Mesa de jantar. A mesa, feita manualmente na década de 1970, tem uma memória afetiva muito forte para a minha esposa. Com isso, ela acaba funcionando também para mim, que me lembro da Tia Zelma sem jamais tê-la conhecido...

220 Mesa de luz. Porque encontrei ela em um lixo de eletrônicos domingo, após votar. Provavelmente eu nunca compraria uma mesa de luz, mas por tê-la encontrado e ela estar funcionando, eu passei a dar valor. Dá pra comparar com um lucro, e isso faz com que eu sinta prazer retroativo ao vê-la, porque isso remete ao lucro de tê-la achado.


221

222 Meus móveis. Esses objetos são significativos pois foram a minha primeira compra grande com meu próprio dinheiro e para o meu primeiro apartamento.

223 Minha cama. Considero minha cama especial pela reciprocidade do nosso amor. Pela recepção calorosa que ela me proporciona quando passamos algum tempo separadas, por sempre ter aquele olhar chamativo e acolhedor. É ela quem me dá forças para seguir vivendo, seja por ter passado a noite com ela, ou pela esperança do próximo encontro. Tenho minha cama desde que me lembro.

224 Prancheta. Porque ela é a minha “companheira” de projetos. Há menos de um ano.


225

226 Agenda. Porque foi minha primeira agenda onde registrava todas minhas emoções, sentimentos e conflitos. Era uma agenda diário. Eu não tenho mais, uma amiga despedaçou minha agenda pela rua inteira porque não gostava de mim.

227 Caderno com Mapas. Lembro de um amigo de infância. Ele desenhava mapas de lugares dentro de quadradinhos e depois a gente jogava os dados para andar com pecinhas por esses mapas. Tenho há uns 16 anos, ele esqueceu comigo isso desde aquela época.

228 Caderno de anotação. Compro meus cadernos de anotação por oferecer qualidades como praticidade, portabilidade, beleza e facilidade de manuseio. Ele normalmente é adquirido em lojas que vendem produtos diferenciados das demais papelarias, e o fato de poder escolher o caderno pela sua cor, capa, formato e qualidade do papel. Faz com que a compra fique mais divertida. Este objeto é especial, pois me ajuda a organizar todas os meus pensamentos e idéias. Este caderno faz três meses.


229 Caixa de lápis de cor. Porque foi um presente de meus pais e era o lápis de cor dos meus sonhos. E pelo fato de que teve todo um cuidado pra ser importado, torna-se mais especial. Tenho há 2 anos. Houve todo um trabalho para encontrar um fornecedor confiável e de um bom preço para ser importado. Como precaução para não ser barrado pela alfândega e o preço não aumentar, primeiramente, o produto foi mandado em uma casa de um amigo nos EUA, e depois ele me mandou. Desse modo, saiu bem mais barato.

230

231 Caneta. Minha amiga me deu e o nome da marca é muito engraçada.

232 Caneta. Sempre é necessário, para qualquer anotação e quase sempre não tem uma a mão. Papel é encontrado em qualquer lugar, caneta nem sempre. Tenho desde que comecei a comprar pochete.


233

234 Caneta Cross. Presente personalizado, que ganhei quando da minha colação de grau.

235 Lápis/lapiseira/caneta. Considero o lápis uma extensão de meu corpo e pensamento, não passo um dia sem desenhar. Sempre carrego um comigo e tenho a sensação de que algo está faltando quando não o tenho, a mesma sensação que tenho com minha carteira e meu celular. Alguns são de estimação, e se perco alguns desses isso me causa um certo mal estar. Quanto mais uso melhor sei usá-lo. Quando testo um lápis/lapiseira/caneta sei imediatamente se gosto ou não dele, principalmente pela maneira que desempenha sua função. Cada lápis/lapiseira/caneta/canetinha tem um jeito de ser, o que o diferencia dos outros pela sua forma de reagir.

236 Lápis de ovelha. Me lembra meu amigo James, pois ele desviou um souvenir da Irlanda (sua terra natal) que iria dar para outra pessoa só porque eu gostei muito do objeto. É um lápis com uma ovelha peluda na ponta. Foi adquirido há poucos meses, ainda este ano.


237

238


239 Meu cemitério de tocos de lápis. Desde que comecei a fazer desenho animado, consumo muito rapidamente lápis coloridos de rascunho. Tenho uma pequena coleção de 4 lápis apontados até a parte metálica que segura a borracha. Eles são lápis especiais de rascunho (col-eraser) e raramente quebram, então tudo aquilo ali que foi apontado foi trabalho feito. Gosto bastante deles.

240

241 Pincéis chineses. Porque sempre gostei muito de materiais de pintura e ganhei de presente de um amigo muito querido, que os trouxe de uma viagem à China.


242

243 Caleidoscópio. Porque gostava de ver as figuras que formavam, me encantava e eu gostava de comparar uma com a outra e prestar atenção se se repetiam ou não. Não tenho mais. Minha mãe deu pra outra criança quando eu cresci.

244 Cartão Postal. Recebi da minha namorada quando ela estava em viagem.

245 Cartuchos .50 da Desert Eagle. Primeira experiência em estande de tiro, no Arkansas. Bill levou a DE que ele ganhou da mãe dele de presente de graduação. Peguei os cartuchos usados de recordação.


246


247


248 Chaveiro. Pois ganhei de uma pessoa especial. Não tenho mais pois perdi.

249 Chaveiro. Alguns são presentes de amigos, ou de alguém especial. Às vezes trazem histórias junto de si. Tenho alguns de até 7 anos atrás. Ganhei de uma orientadora do kumon, uma pessoa, apesar de ser mais velha, com quem eu desenvolvi uma grande afinidade em relativamente pouco tempo. Num encontro realizado no Japão do qual ela participou, ela me trouxe um chaveiro de lá por saber que eu me interessava pela cultura japonesa.

250

251 Chaveiro da Coca Cola. Comprei com meus amigos e todos temos, desde os 10 anos.


252 Chaveiros. Porque toda vez que eu e a minha amiga Ă­amos Ă algum lugar diferente, a gente comprava dois chaveiros iguais, um pra ela e um pra mim. E foi adquirido ao longo do tempo.

253

254 Cruz de madeira. Porque encontrei na rua em um dia de chuva e senti como se fosse um objeto sagrado. Se trata de uma pequena cruz de madeira e seu cheiro era bem caracterĂ­stico do material. Sem muito motivo me apeguei emocionalmente ao objeto.


255

256 Decoração - Estatueta de baleia branca. Foi comprado há menos de um mês, quando fui apresentar um trabalho em um fórum em Belo Horizonte. Lá há muitos artigos decorativos em pedras, e esta baleia era uma delas. Eu não gosto muito desses presentes, lembrancinhas de turismo em geral, então nunca ando por essas lojas com muita expectativa. Mas essa baleia me encantou, por uma série de associações pessoais, entre elas o romance Moby Dick, que havia terminado de ler faziam poucos dias. Foi interessante porque o trabalho que eu apresentava era sobre as valorizações pessoais de objetos, e encontrar um objeto extremamente genérico, mas interessante por significados próprios meus, foi uma experiência rica para mim.

257 Fita/pulseira. Ele representa quase uma aliança do meu namoro. Ambos receberam uma há 6 meses na construção de março da ONG TETO. Contém o nome da minha namorada, bem como nossa data de início de namoro.


258

259 Girafa de enfeite. Tenho o objeto há uns 2 meses apenas. Gosto bastante de girafas, e esta, destinada à decoração, é completamente articulada, podendo permanecer em várias posições (as quais eu vario de acordo com o tempo). Além de suas características físicas, ela é importante para mim porque a comprei junto com um amigo muito especial. Houve, inclusive, um desentendimento que o levou a comprar e me dar outra igual, achando que eu tivesse perdido a minha. Agora tenho duas, irmãs.

260 Globo de neve. Sempre gostei de globos de neve, principalmente assistindo os filmes de natal do começo dos anos 90, mas nunca quis que alguém me desse um. Fiquei muito feliz de ter viajado e assim adquirido ele, virou uma grande lembrança para mim.


261 Globo de plasma. A compra em si não teve nada de especial mas era um objeto desejado desde a infância, então encontrá-lo numa lojinha na 25 de Março há um ano foi uma surpresa.

262

263 Ingresso de uma peça de teatro. Foi uma peça de teatro que eu fui com essa pessoa. Foi adquirido na bilheteria do teatro Canecão há 15 anos.

264


265



266 Lucky Coin. It was my lucky charm for several years and I kept it in my wallet, but I lost it.

267 Mascaras da Guatemala. Lembram-me “La Farofa”, o grupo de trainees da Guatemala. Comprei-as em Chichicastenango no maior mercado de artesanatos do país depois de regatear (pechinchar) um bocado com o vendedor, em 2005.

268

269 Mini bonequinho em formato de criança. Me lembra um cara com quem eu comecei a ter uma relação amorosa mais séria e ele teve que mudar de país porque conseguiu o emprego dos sonhos dele (ele foi ser integrante do stomp e participou do fechamento das últimas olimpíadas). A gente ganhou esses bonequinhos na bala-


da em que a gente se conheceu e nós dois guardamos um boneco cada. Descobri que ele ainda tinha o dele muito tempo depois. Eu ainda tenho o meu.

270

271 Miniatura Fusca Azul. Meu pai me deu uma miniatura de fusca azul, porque eu sempre brinquei a vida inteira com ele de quem via o “fusca azul” primeiro. Ganhei no ano passado (2011), o ano em que eu me mudei da casa dos meus pais.

272 Objetos com o tema gatos. São diversos objetos com o tema “gato” sempre que encontro algum em qualquer loja fico entusiasmada. Costumo ganhar muitos também.


273

274 Paper Toys. Ganhei num aniversário em que tudo deu errado e ninguém me deu presente e esqueceram de me dar parabéns. Até meu namorado me inventou uma história falando que tinha pedido algo mas tinha dado erro no cartão. Mas aí era mentira e ganhei uma caixa cheia de paper toys do meu desenho animado favorito com um cartão. Toda vez que olho eu lembro desse dia, acho que conta como modo de dar o presente?

275 Piranha. Tenho uma piranha empalhada ou sei lá que é horrível. Um amigo meu trouxe de uma viagem e ela está horrivelmente colocada na minha sala – sempre lembro dele e tenho saudades do colégio quando vejo.


276 Porta-jóias de porcelana. Porque é a lembrança de uma viagem que fiz. Foi adquirido este ano, em lojas no aeroporto.

277

278 Um chaveiro de sino na carteira. Foi um presente de uma amiga colombiana. Ganhei em 2010. O próprio presente tem intuito de servir de lembrança da pessoa pois, pelo costume da Colombia, o barulho do sino que há no chaveiro é para lembrar a amiga que está longe de você.

279 Bicicleta. Antes de ter o carro, a comprei para que eu pudesse ir e voltar do trabalho. A tenho a 10 meses.

280 Bilhete Único. Como sou usuária de transporte público diariamente, esse objeto é de extrema importância no meu cotidiano, é algo que sempre esta comigo.


281 BMX. Fruto do trabalho, muito esforço e luta pra consegui-la. Trouxe muitas amizades verdadeiras, além do prazer do role!

282

283 Carro. Ele foi adquirido há 1 ano mais ou menos, é significativo pois se trata de uma grande aquisição (em termos financeiros) e um objeto muito útil.


284

285 Moto. Ela me lembra as pessoas que se preocuparam comigo quando eu adquiri a moto um ano atrás, principalmente aqueles que apesar do medo concordaram com a minha aquisição, demonstrando respeito pelas minhas decisões.

286

287 Motocicleta CB 450 Foi o meu primeiro meio de locomoção. Tinha especial gosto pela moto, mas, infelizmente foi roubada.


288 Cafeteira bialetti. Cafeteria bialetti modelo tradicional dos anos 40, acabo de recuperar na antiga casa de minha avó. Não sou fã de café, mas bebi algumas vezes um café com muito leite quando pequena na casa dela, logo, vira uma forma de concretização da lembrança.

289 Canivete suiço. Presente de aniversário, a muito desejado, dado pela minha atual esposa. Dado em 1999.

290

291 Coqueteleira. Porque eu paguei muito barato ao comprar pela Internet de um site estrangeiro. Setembro de 2012. Cartão de crédito.

292 Dedal. Porque minha mãe o usava quando eu era criança. Quando saí de casa, quis ficar com ele ao invés de comprar meu próprio. Dei um novo para ela e fiquei com o velho.

293 Espelho. Taí um objeto que não me deixa de me lembrar de mim mesmo o tempo todo... Está lá em casa desde 2009.


294 Guarda-chuva. Chuva n達o escolhe momento. Desde que passei a usar mochila, um pouco depois de usar pochete.

295


296

Caderno 6


297

Caderno 7


Gift, Mercadoria e Design Um estudo sobre a circulação de objetos e afetos

Este caderno é parte do Trabalho de Conclusão de Curso realizado em 2012 para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Ele contém depoimentos e imagens coletados via questionário online, sobre como objetos e pessoas se relacionam, e faz parte de uma série de 8 cadernos que juntos formam o relatório completo deste TCC.


298 Meu despertador. Eu tenho um despertador super bonitinho (do Ursinho Pooh) que ganhei da minha tia que mora lá no Japão. E tenho ele há mais ou menos 12 anos e nunca me deixou na mão! Muitas vezes, eu acordo com o despertador e lembro da minha tia. Eu agradeço à ela pelo presente tão útil que nunca me deixou insegura em perder a hora!

299 Meu relógio. Foi um presente da minha tia e, na verdade, me lembra de uma outra pessoa que foi a primeira que me comprou um relógio de verdade.

300 Piteira. Me foi dada por um amigo que havia viajado para fora e tinha ganhado essa piteira de outro cara de tinha ganhado de outro e assim vai. É uma lembrança de um tempo em que criei laços fortes com pessoas que vejo até hoje. Foi também um período de departar, por várias razões. Aliás, tá na hora de eu passar para frente. Isso foi lá por 1997.

301


302 Relógio de parede. Ele é antigo, minha mãe comprou para a sala de espera do consultório dentário dela faz uns 30 anos. Ficou no consultório até uns 10 anos atrás, mas tiraram porque ele tem esse jeito um pouco antiquado, bem funcionalzão, com o vidro côncavo lindo protegendo. Minha mãe ia se livrar dele e eu peguei pra mim. Fica aqui em casa, não funciona, já comprei bateria nova mas não adianta. Preciso mandar pro conserto. Mesmo quebradinho ele é lindo. Até meu namorado já disse que esse relógio é um trambolho, mas nem ligo, é meu trambolhinho.

303


304 Relógio de pulso Braun. Porque comprei em uma viagem. Isso tem três desdobramentos: 1. O relógio é vendido em poucos lugares; 2. O preço é ok onde comprei, mas caso vendesse aqui, seria um absurdo de caro; 3. Porque essa viagem eu fiz sozinho, e foi bem marcante, lembro do dia e da viagem quando vejo ele. Ou seja, 1 e 2 são aspectos práticos relacionados à condição de compra. 3 é um aspecto subjetivo, ou seja, mesmo que eu pudesse comprar outro, o valor dele seria diferente desse.

305


306 Secador de cabelo. Utilizo diariamente pois sempre lavo o cabelo a noite, e não gosto de dormir com ele molhado. Estou com esse há 5 anos.

307

308 Secador de cabelo Braun. Também da minha avó. É um secador da Braun! Mesmo que eu não use nunca, é um objeto de design que vem de uma pessoa inesperada. Engraçado que hoje o valor dele pra mim é mais estético e histórico do que utilitário.

309


310 Vibrador simples (rosa). Tenho há mais de dois anos e uso quase todos os dias. Acho uma necessidade de primeira ordem. Um objeto pessoal imprescindível.

311

312 A green coat. Feel good in it. I own it since about 7 Years.

313 Bata da faculdade. Possui o logo do centro acadêmico da faculdade, e foi usada durante várias festas e competições. Comprei há 2 anos.

314 Blusa de lã. Foi de meu avô, recebi de meu pai.


315

316


317 Boné do Hard Rock. Porque foi dado em 2008, de um ex-namorado.

318

319 Bota de caminhada. Minha bota de caminhada é especial para mim, é confortável, impermeável. Acho-a importante em situações de clima e ambiente adversos. Também é algo que sempre consumirei.

320


321 Camiseta do Rodrigo. Foi uma camiseta feita em homenagem ao meu amigo Rodrigo (há fotos dele na frente e um trecho de música nas costas), que faleceu em 2003. Eu e meus amigos a usamos no dia de seu enterro. Tenho desde então.

322

323 Camiseta do Snoopy. Ganhei de presente de amigo secreto quando tinha 17 anos. Meu amigo morreu no mês seguinte, de acidente de carro. Guardei durante anos.

324


325 Cardigã. Essa blusa é especial, pois a acho muito bonita, bem feita, veste muito bem...é uma das poucas coisas, cuja perda ou dano, deixaria-me chateada, pois dificilmente encontraria uma parecida.

326


327



328 Chapéu amarelo. É um chapéu enorme que eu comprei no Plas, diretamente do Plas, o velhinho que é um dos 5 ou 6 irmãos da família chapeleira espalhada pelas américas. Ele era galante e eu paguei R$150,00, bem mais do que eu podia pagar na época. Mas ainda tenho o chapéu e ele me salva do sol.

329 Chapéu vermelho. A espalhafatosa dona de um brechó me deu um chapéu vermelho do século passado como pagamento por um trabalho de divulgação. Ele é lindo, mas espalhafatoso como ela, não tem como dissociar da figura dela.

330 Cinto do exército francês. Eu ganhei esse cinto de um amigo durante meu intercâmbio na França, eu precisava de um cinto e estava na casa do amigo, ele abriu o armário e me deu este. Falou que eu podia ficar, que ele nem queria esse cinto, que era do pai dele (que estava preso também por violência doméstica) durante o tempo que serviu no exército, o cinto tem as iniciais to pai Philippe Patenay.

331 Cordão. Nunca parei muito pra pensar porque acho meu cordão especial, mas acho que tem muito mais a ver com o tempo de posse do que com alguma funcionalidade que eu tiro dele. Basicamente quando eu conscientemente olho pra ele, me lembro de muita coisa que fiz na vida. (Mesmo nem sempre boa). Tempo de posse: +/- 10 anos.


332 Jaqueta. Foi dada pra mim pela minha avó, quando meu avô faleceu, a três semanas atrás. Era dele e ele estava guardando para dias frios ou pra usar em alguma ocasião especial.

333 Jaqueta de couro. Meu pai usava sempre uma jaqueta de couro, pra onde quer que ele fosse. Quanto ele faleceu, comecei a usar essa jaqueta. Era como se ele estivesse comigo na faculdade, no estágio, nas reuniões de família, me abraçando. Mas ela era enorme, ficava folgada pra caramba em mim. Eu usava do mesmo jeito. Certo dia, dois ou três anos atrás, encontrei uma jaqueta de couro pra vender no shopping. Gostei muito dela – ela servia bem no meu corpo. Comprei e agora uso praticamente todo dia. E ainda lembro do meu pai todo dia.

334 Lenço. Foi um presente dado com muito carinho, nunca consegui usá-lo, pois acho que não combina comigo, mas guardo-o até hoje, assim como outros objetos (pequenos)...coisas que sinto ternura, afeição na entrega, me comovem... tenho um saquinho de areia do Saara, q minha amiga trouxe há mais de 20 anos...coisas assim...

335


336 Meu par de óculos. Tenho há mais de 3 anos acho, talvez mais de 4. É o par de óculos mais barato que eu já comprei (R$60,00 a armação e R$80,00 as lentes de policarbonato). E paguei com meu dinheiro, o que é importante. Também é o único par de óculos com que eu me sinto bonita quando estou usando. Tenho uma coleção de outras armações, 8 delas com grau e nenhuma era um acessório desejável. Considerando que tenho mais de 5 graus de miopia, os óculos são meu prolongamento. De manhã coloco os óculos antes de colocar roupa. Detalhe: é a primeira armação grande que eu tenho e só com ela vejo o teclado E a tela sem mexer a cabeça. Além do que eu já disse: comprei numa loja escondida no centro, por recomendação de uma amiga da fau. Na loja, uma senhora com o rosto desfigurado tinha armações escondidas e achou exatamente a que eu queria. Foi meio aventura esse dia.

337


338 Mochila. Ajuda a tornar a vida móvel. Tenho várias, há muitos anos, mas esta é de 2011. Como diz uma famosa estilista, quem conseguiu organizar sua mochila (valise de viagem), conseguiu organizar sua vida.

339 Mochila. Foi barata, é leve, já consertei várias vezes, uso quase todo dia para tudo. Comprei na china em uma viagem, paguei 20 reais...

340 Mochila. Ganhei quando tinha 12 anos e uso este objeto todo dia desde então, já são 10 anos... Mesmo que não seja a melhor do mundo, se tornou extremamente especial para mim. Já foi para todos os lugares que conheci... vai comigo para onde eu for!

341 Nike Shox Turbo 12. Ganhei da minha mãe antes de viajar. Era um sonho ter um tênis com molinhas desde o lançamento dos primeiros Nike Shox, mas nunca pude comprar um. No final não achei grande coisa, é bonito mas os tênis velhos são mais confortáveis.

342 Óculos escuro antigo do meu avô. Foi um óculos que encontrei em uma gaveta do meu avô quando eu era mais novo, um dia eu pedi pra ele me dar de aniversário, ele meu deu vários óculos mas não aquele, daí eu falei que queria o outro (que ele já não usava mais). Tinha muita história com ele e era um óculos Vuarnet que é uma marca francesa que faz uns óculos de ski, eu achava muito bonito e bom, usei muito durante uns anos (não me lembro quantos, mas tenho várias fotos com ele) e perdi.


343 Palito de metal. Uso ele praticamente todo dia o dia todo para prender o cabelo, comprei ele direto na fábrica na china, enquanto visitava.

344 Pochete. Pela funcionalidade de carregar outros objetos úteis que não cabem num bolso, ou para que não tenha de tirar de um bolso de roupa suja e colocá-lo em roupa limpa. Sempre compro pochete desde a década de 90.

345

346 Roupas e calçados. Considero estes significativos pois meus pais não tinham condições financeiras para renovar as nossas peças do guarda-roupas, então ficávamos com as mesmas peças por muito tempo, sempre tomando cuidado para conservá-los ao máximo. Hoje, estou casada e estou tendo uma condição melhor e finalmente pude ir renovando estas roupas e calçados velhos por novos, que estão sendo adquiridos aos poucos.


347 Sapatos. Acho importante por questões funcionais, mas o sapato que estou pensando carrega muito de uma aproximação afetiva: gosto dele porque ele é bonito, colorido e fico feliz usando. Haha simples. Tenho há 2 anos, mais ou menos (esse sapato específico) e já não uso muito por estar um pouco gasto com o tempo.

348 Uma camiseta pequena demais para mim. Foi a minha primeira namorada que me deu, na verdade eu pedi, ela me deu, nunca coube direito, mas quando eu vejo no armário lembro dela.

349 Uma camiseta vermelha com ilustração de uma mulher. Porque eu amo a ilustração da camiseta, é como se o desenho me contasse uma história, a camiseta era da minha mãe há 23 anos atras, eu não a deixei dar a camiseta, peguei e guardo comigo.

350 Vestido de tricot. Lembra minha mãe, e todo o carinho que ela teve em guardar esse vestidinho para mim durante todos esses anos. Não sei se foi um presente de alguém quando era bebê. Tenho o vestido à 24 anos, e espero poder colocar na minha futura filha.

351 Wallet. A friend gave it to me and it’s colorfull and painted with flowers, it reminds me of theis friend because it’s the way she dresses.


352 Boxes de Dvds. Porque foram objetos que eu comprei com meu próprio salário. Desde que comecei a trabalhar, em 2008.

353

354 CD de homenagem a Serge Gainsbourg. Um ex-namorado se apropriou de um CD meu do Massive Attack. Em contrapartida, eu não devolvi esse outro, que era dele. Tenho há uns 10 anos.

355 CD Firebug. Era um show da banda Skatalites, e quem abriu foi a banda Firebug, que eu não conhecia, ao término do show da banda de abertura eles lançaram alguns cds para a platéia, um deles bateu em mim. Eu levei para casa e hoje é um dos meus álbuns favoritos. Eu guardo com muito carinho, mas eu sei que mesmo se ele sumir eu vou poder escutá-lo de outras formas.

356 CD/Tape. They are a gift from someone. When I left my home country, it was given as a goodbye gift.


357 CDs. Não vivo sem música. Até 20 anos.

358 Fita K7. Porque é uma coletânea de músicas, feita pelo meu marido quando nos conhecemos, há mais de 20 anos.

359 Is This it, CD dos Strokes. Esse é o melhor CD da minha banda favorita, me lembra minha adolescência, é um CD original com DVD. Um amigo meu me emprestou o CD e depois acabou me dando de presente em 2006, por que era um CD que alguém roubou por um golpe na internet, ele se sentia culpado por ter escolhido o objeto e me deu de presente, claro que aceitei.

360 Os CD’s do Reverbera (2 oficialmente). Embora o segundo CD do Reverbera não exista fisicamente, considero os dois CDs (demo 2007 e Sobre o Tempo Coisa e Tal) como dois objetos que representam um só na realidade. Mesmo que sejam reprodutíveis e portanto, não únicos, creio que eles carregam uma áurea de batalha e esforço mútuo da banda (mesmo que em formações diferentes). A banda é um projeto que para mim é sagrado. “Perco” meus domingos há cerca de 7 anos nos ensaios. Se hoje me considero um cara meio assim, ideológico, perseverante, cheio de metas, a banda (ou a música?) é o meu mais antigo projeto, minha maior e mais antiga paixão, a coisa pela qual sou compromissado e acredito há mais tempo. E os CDs são a manifestação física/material disso tudo. A síntese que atinge o público (mesmo que ainda, numa escala muito pequena). Eles são objetos que me fazem acreditar que consigo atingir aquilo que me proponho a fazer. Meu secreto pequeno sucesso.


361



362 Uma fita cassete de um desenho que eu gostava. Porque eu deixei com um amigo de infância quando eu e minha família mudamos de estado. Meus pais me deram quando eu tinha 5 anos de idade.

363 My old playstation. Just had so much fun when I was younger playing with my brother. Still have, but don’t use it any more. Had it for 13 years (roughly).

Caderno 7


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.