Publicação do Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes | Santo André - SP - Ed. 87 - Jan/Fev/Mar - 2018
Quando foi que esquecemos Por Orson Peter Carrara Em entrevista, uma jovem contou que tinha aproximadamente sete anos quando foi com sua mãe ao mercadinho perto de casa. Enquanto a mãe fazia as compras, ela, menina, escondeu um doce de leite no bolso. Na saída, sentindo-se a garota mais esperta do mundo, mostrou o doce e disse: Olha, peguei sem pagar. O que ela recebeu de retorno foi um olhar severo. E, logo, a mãe a tomou pela mão, retornou ao mercado, fê-la devolver o que pegara e pedir desculpas. A garota chorou demais. Sentiu-se morrer de vergonha. Entretanto, arrematou, concluindo: Isso me ensinou o valor da honestidade. É possível que vários de nós tenhamos tido experiência semelhante. Por isso, indagamos: Quando foi que deletamos a mensagem materna? O que nos fez esquecer o ensino da infância? A infância é o período em que o Espírito, reencarnado em nova roupagem corpórea, apresenta-se maleável à reconstrução do seu eu. É o período em que as falas dos pais têm peso porque, a nal, eles sabem tudo. Mirar-se no exemplo dos pais é comum, considerando que, no processo de educação, os exemplos falam muito mais alto do que as palavras. Por que, então, deixamos para trás as lições nobres? Quantos de nós, ainda, tivemos professores que iam muito além do dever e que insistiam para que fôssemos responsáveis, corretos? Criaturas que se devotavam, ensinando com o próprio exemplo, as lições da gentileza no trato, a hombridade, o valor da palavra empenhada.
|Foto: Divulgação Se todos nós viemos de um lar, o que nos fez desprezar a honra, a honestidade e tantos de nós nos transformarmos em políticos corruptos, em maus pro ssionais, em seres que somente pensam em si mesmos? Hora de evocar lembranças, de retornar aos anos do lar paterno e permitir-nos a reprise das lições. Não pegue nada que não lhe pertença. Se achar um objeto, procure o dono, porque ele deve estar sentindo falta dele. Respeite o seu semelhante, o seu espaço, a sua propriedade. Os bens públicos são do povo e todos devem ser com eles bene ciados. A ninguém cabe tomar para si o que deve ser bem geral. Digno é o trabalhador do seu salário. Respeite a servidora doméstica, o carteiro, o lixeiro. São valorosos contribuintes das nossas vidas. Lembre de agradecer com palavras e
delicados mimos extemporâneos o trabalho diligente dessas mãos. Cumprimente as pessoas. Sorria. Ceda seu lugar, no coletivo, ao idoso, ao portador de necessidades especiais, à grávida, a quem carrega pequenos nos braços. Ceda a vez no trânsito, aguarde um segundo a mais o pedestre concluir a travessia, antes de arrancar com velocidade, somente porque o sinal abriu. *** As leis são criadas para que, obedecendo-as, vivamos melhor em sociedade. Mas gentileza não está normatizada. Honestidade é virtude de quem respeita a si mesmo, ao outro, ao mundo. Pensemos nisso. Façamos um retorno à infância, pelos dias dos bancos escolares, lembremos dos nossos pais, dos mestres, das suas exortações. E refaçamos o passo. O mundo do amanhã aguarda nossa correta ação, agora, ainda hoje. Fonte: espirito.org.br
Editorial
Ainda e sempre educação Uma mensagem psicografada pela médium Shyrlene Campos, de Uberlândia, Minas Gerais, do Espírito Joseph Gleber, médico alemão, desencarnado em bombardeio durante a segunda guerra mundial (1939 a 1945), que recebeu o título de A Educação da Criança. Eu recebo muitos jornais e revistas espíritas e essa mensagem foi publicada no pequeno jornal Arauto de Luz, de setembro de 2017, editado pelo Núcleo Servos Maria de Nazaré, de Uberlândia. Trata-se de um Espírito aureolado pela excelente atuação no Movimento Espírita, por intermédio de vários médiuns. Tomo a liberdade, com a licença dos amigos leitores, para transcrever a referida mensagem, que expressa exatamente o pensamento do mestre Lionês Allan Kardec, pseudônimo do pedagogo francês Hyppolite Léon Denizard Rivail, e é a base da nossa missão. “Se você começa desde cedo a in uenciar positivamente a índole de seus lhos, pode ser que não obtenha sucesso de imediato como desejava, mas com o passar do tempo eles vão se lembrar das lições, da ajuda, do exemplo, dos conselhos, do amor que receberam.
Por outro lado, quando desde tenra idade a má índole da pessoa é alimentada, mesmo que possua uma alma aparentemente pací ca, ela desenvolve todos aqueles sensos de propriedade, de posse, de poder, de comando e, consequentemente, quando se tornar adulta seus atos serão de sombra. Por isso, os pais devem ter muito cuidado com aquilo que levam para os lhos em vaidade, em ambição, em palavras. Devem valorizar o trabalho, o respeito, o direito do outro. Devem dar o exemplo, conquistar com as próprias mãos o que for melhor para a sua manutenção e dos seres que formam o núcleo familiar”. Nossa conclusão é e sempre foi a mesma, ou seja, educação plena da criança, modelada no exemplo dos adultos (pais, familiares, professores).
Publicação do Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes | Santo André - SP
Publicação Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes (Santo André) Presidente: Terezinha Sardano 1º Vice-Presidente: Baldir Padilha 2º Vice-Presidente: Miguel Sardano Rua Bela Vista, 125 – Jd Bela Vista Santo André – SP - CEP: 09041-360 Tel: (11) 4994.9664 - www.cebezerra.org.br Revisão: Miguel Sardano e Rosemarie Giudilli Jornalista Voluntária: Suzete Botasso Projeto Gráfico e Diagramação: Marco Beller – (11) 4438.8834 Impressão: Lis Gráfica e Editora - Tel.: (11) 3382.0777 Tiragem: 5.000 Copyright Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo deste informativo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da entidade.
Miguel Sardano: 2º Vice-Presidente
Cantinho da Poesia O Laço e o Abraço Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço… Uma ta dando voltas. Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo cercado de braço. E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando…
Reunião Pública e Passes
Evangelização
Centro Segundas: 15h / Quartas: 20h / Domingos: 10h Inst. Amélia Rodrigues Sábados: 16h30
Instituição Amélia Rodrigues Sábado das 17h às 18h Infantojuvenil (de 02 a 12 anos) Pré-Mocidade (de 13 a 15 anos) Mocidade (acima dos 15 anos)
Atendimento Fraterno Segundas Quintas
15h30h (Centro) 20h (Centro)
Evangelho no Lar
Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
A equipe auxiliará na implantação do Evangelho em sua casa. Agendar dia e horário (Centro)
E saem as duas partes, iguais meus pedaços de ta, sem
Cursos
perder nenhum pedaço. Então o amor e a amizade são isso…
Instituição Amélia Rodrigues Manoel Philomeno de Miranda Sábados 15h
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Centro Espírita Bezerra de Menezes André Luiz - Segundas: 20h Obras Espíritas: Autores diversos Terças:20h
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!
Cursos de Espiritismo
Por Mário Quintana
02|Note Bem
Centro Espírita Bezerra de Menezes Domingo: das 10h30 às 11h30 Infantojuvenil (de 02 a 12 anos)
Plantão de Passes De Quarta a Sexta (Centro) das 14h30 às 16h30
Livraria Centro: Seg. a Sex.: das 13h às 16h30 das 19h30 às 21h30 Domingo: das 9h às 11h30 Inst. Amélia Rodrigues Seg. a Sex.: das 8h às 17h
Veri car na livraria horários disponíveis para iniciantes (Centro e Instituição Amélia Rodrigues)
Liberdade de consciência Por Divaldo Franco Um dos grandes desa os que a sociedade moderna tem enfrentado, entre outros mais graves, é aquele que diz respeito à liberdade de consciência e, por extensão, a de expressão e conduta. Todos somos livres para pensar, ninguém podendo conseguir impedirnos desse admirável sentido da vida. Graças às conquistas democráticas, podemos expender os nossos conceitos em decorrência do pensamento desde que não venhamos a ferir o direito alheio. Entretanto, não são poucos aqueles que se tornaram vítimas dessa liberdade, ao apresentar as suas ideias à sociedade. Sempre existem de plantão os cerceadores da liberdade dos outros, tentando cercear-lhes esse direito adquirido através dos séculos, quando as ideias apresentadas não obedecem aos seus padrões de pensamento e de conduta. São proclamadores do direito deles e rudes atacam toda e qualquer expressão que não corresponde às suas paixões… Fazem-se agressivos, voltando-se contra os idealistas e arrasando-os ou tentando fazê-lo. Como os seus propósitos não são de iluminar consciências, partem para o
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ataque à pessoa e à sua conduta, assacando acusações mediante as quais os insultam e buscam manter intermináveis discussões nas quais exaltam as próprias qualidades, como se fossem os únicos que pensam e se apropriam de tudo que lhes deve passar pelo crivo da aceitação. Na sua insânia acreditam que intimidam, quando procuram desmoralizar aqueles aos quais se opõem, arrogantes e temerários. Não podendo discutir apenas no campo das ideias, perseguem os idealistas e estão sempre dispostos a sacri car quem se encoraja a opinar livremente. Assim ocorre em todos os campos do pensamento. Convém recordarmos que não se combatem ideias senão com outras superiores, e que toda vez quando um idealista é excruciado, o seu silêncio nobre, que resulta das convicções que mantém, mais desperta simpatia e credibilidade pela força do sentimento e a legitimidade do seu conteúdo.
Constitui um dever permitir a outrem o direito à liberdade que se desfruta, não lhe maldizendo o comportamento, muitas vezes sob a injunção da inveja e do despeito, travestidos de verdade e defesa do que abraçam. Vale a pena repetirmos o pensamento de Voltaire, a respeito do tema, aliás, já muito conhecido: “Não estou de acordo com o que dizes, porém, defenderei com a minha vida o teu direito a expressá-lo.” Os grandes líderes da humanidade pagaram esse pesado tributo, sofrendo a perseguição dos apaixonados, principalmente quando dominados por políticas arbitrárias que sempre perseguem aqueles que se lhes não aderem aos postulados partidários. Vale, no entanto, ser livre, sem se deixar a igir ou abater pelos seus perseguidores gratuitos.
Artigo publicado no jornal A Tarde, da Bahia, na coluna Opinião, em 22/02/2018
24º Megafeirão reúne 2 mil pessoas na Amélia Rodrigues Considerado o maior evento do mundo no gênero, o Megafeirão do Livro Espírita, Espiritualista e de Autoajuda chegou a sua 24º edição. Realizado na Instituição Amélia Rodrigues, em Santo André (SP), a feira reuniu cerca de 2.300 pessoas entre os dia 7 e 8 de abril. Organizado pela Editora e Distribuidora de Livros Bezerra de Menezes (EBM), o Megafeirão disponibilizou aos presen-
tes mais de 8 mil títulos e cerca de 150 mil livros de 136 editoras. Um dos atrativos do evento, além da quantidade de títulos reunidos em um único local, foi o desconto de até 70% nas publicações. A presença de mais de 20 autores para autografar seus livros, durante o Megafeirão, também despertou o interesse dos leitores, que puderam ter contato diretos com seus escritores preferidos.
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|Mais de 8 mil livros à disposição De acordo com o organizador do Megafeirão, Miguel de Jesus Sardano, “o objetivo do evento é facilitar ao máximo o alcance do livro a população interessada, a preços especiais”. Na edição desse ano, foram vendidos mais de 16 mil livros. Note Bem|03
Breve Histórico sobre Magnetismo Por Adilton Pugliese Herculano Pires diz que o passe nas-ceu nas civilizações antigas, como um ritual das crenças primitivas. A agilidade das mãos sugeria a existência de pode-res misteriosos, praticamente comprovados pelas ações cotidianas da fricção que acalmava a dor. As bênçãos foram as primeiras manifestações típicas dos passes. O selvagem não teorizava, mas experimentava, instintivamente, e aprendia a fazer e a desfazer as ações, com o poder das mãos. No Antigo Testamento, em II Reis, encontramos a expectativa de Naamá: “pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se-ia de pé, invocaria o nome do Senhor seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra, e restauraria o leproso”. Na Caldeia e na Índia, os magos e brâmanes, respectivamente, curavam pela aplicação do olhar, estimulando a letargia e o sono. No Egito, no templo da deusa Ísis, as multidões aí acorriam, procurando o alívio dos sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos. Dos egípcios, os gregos aprenderam a arte de curar. O historiador Heródoto destaca, em suas obras, os santuários que existiam nessa época para a realização das fricções magnéticas. Em Roma, a saúde era recuperada através de operações magnéticas. Galeno, um dos pais da medicina moderna, devia sua experiência na supressão de certas doenças de seus pacientes à inspiração que recebia durante o sono. Hipócrates também vivenciou esses momentos transcendentais, bem como outros nomes famosos, como Avicena, Paracelso… Baixos relevos descobertos na Caldeia e no Egito, apresentam sacerdotes e crentes em atitudes que sugerem a prática da hipnose nos templos antigos, com nalidades certamente terapêuticas.
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“Com o passar dos tempos, curandeiros, bruxas, mágicos, faquires e, até mesmo, reis (Eduardo, O Confessor; Olavo, Santo Rei da Noruega e vários outros) utilizavam os toques reais”. Depreendemos, a partir desses breves registros, que a arte de curar através da in uência magnética era prática normal desde os tempos antigos, sobretudo no tempo de Jesus, quando os seus seguidores exercitavam a técnica da cura uídica através das mãos. Em o Novo Testamento vamos encontrar o momento histórico do próprio Mestre em ação: E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, ca limpo! E imediatamente ele cou limpo da lepra. “Os processos energéticos utilizados pelo Grande Mestre da Galileia são ainda uma incógnita. O talita kume! ecoando através dos séculos, causa espanto e admiração. A uma ordem do Mestre, levanta-se a menina dada como morta, pranteada por parentes e amigos”. Todos esses fatos longínquos pertencem ao período anterior a Franz Anton Mesmer, nascido a 23.05.1733 em Weil, Áustria. Educado em colégio religioso, estudou Filoso a, Teologia, Direito e Medicina, dedicando-se também à Astrologia. “No século XVIII, Mesmer, após estudar a cura mineral magnética do astrônomo jesuíta Maximiliano Hell, professor da Universidade de Viena, bem como os trabalhos de cura magnética de J.J. Gassner, divulgou uma série de técnicas relativas à utilização do magnetismo humano, instrumentalizado pela imposição das mãos. Tais estudos levaram-no a elaborar a sua tese de doutorado – De Planetarium In exu, em 1766 – de cujos princípios jamais se afastou. Mais tarde, assumiram destaque as experiências do Barão de Reichenbach e do Coronel Alberto de Rochas”.
Mesmer admitia a existência de uma força magnética que se manifestava através da atuação de um “ uido universalmente distribuído, que se insinuava na substância dos nervos e dava, ao corpo humano, propriedades análogas ao do imã. Esse uido, sob controle, poderia ser usado como nalidade terapêutica”. Grande foi a repercussão da Doutrina de Mesmer, desde a publicação, em 1779, das suas proposições: A memória sobre a descoberta do Magnetismo Animal, passando, em seguida, a ser alvo de hostilidades e, em face das surpreendentes experiências práticas de terapia, conseguindo curas consideráveis, na época vistas como maravilhosas, transformar-se em tema de discussões e estudos. “Em breve, formaram-se dois campos: os que negavam obstinadamente todos os fatos, e os que, pelo contrário, admitiam-nos com fé cega, levada, algumas vezes até à exageração”. Enquanto a Faculdade de Medicina de Paris “proibia qualquer médico declararse partidário do Magnetismo Animal,
da pelos magnetizadores para tornar popular a novel Doutrina: explorando o que se chamou A Magia do Magnetismo, utilizando pacientes sonambúlicos, teatralizando a série de fenômenos que ocorriam durante as sessões, e as encenações ruidosas, que caram conhecidas como a Câmara das Crises ou O Inferno das Convulsões, tendo como destaque central a Tina de Mesmer – uma grande caixa redonda feita de carvalho, cheia de água, vidro moído e limalha de ferro, em torno da qual os doentes, em silêncio, davam-se as mãos, e apoiavam as hastes de ferro, que saiam pela tampa perfurada, sobre a parte do corpo que causava a dor. Todos eram rodeados por uma corda comprida que partia do reservatório, formando a corrente magnética. Todo esse aparato, porém, não era apropriado para convencer os observadores do efeito e caz e positivo das imposições e dos passes.
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sob pena de ser excluído do quadro dos doutores da época”, um movimento favorável às ideias de Mesmer levava à formação das Sociedades Magnéticas, sob a denominação de Sociedades de Harmonia, que tinham por m o tratamento das moléstias. Em França, por toda a parte, curava-se pelo novo método. “Nunca, diria Du Potet, a medicina ordinária ofereceu ao público o exemplo de tantas garantias”, em face dos relatórios con rmando as curas, que eram impressos e distribuídos em grande quantidade para esclarecimento do povo. Como destacamos, o Magnetismo era tema principal de observação e estudos, sendo designadas Comissões para estudar a realidade das técnicas mesmerianas, atraindo atenção de leigos e sábios. Em 1831, a Academia de Ciências de Paris, reestudando os fenômenos, reconhece os uidos magnéticos como realidade cientí ca. Em 1837, porém, retrata-se da decisão anterior, e nega a existência dos uidos. Deduz-se que essa atitude dos relatores teria sido provocada pela forma adota-
Ipso facto, as Comissões se inclinaram pela condenação do Magnetismo, considerando que as virtudes do tratamento cavam ocultas, enquanto os processos empregados estimulavam descon ança e descrédito. Os seguidores de Mesmer, entretanto, continuaram a pesquisar e a experimentar. “O Marquês de Puységur descobre, à custa de sugestões tranquilizadoras aos magnetizados; o estado sonambúlico do hipnotismo; seguem os seus passos Du Potet e Charles Lafontaine”. No sul da Alemanha, o padre Gassner leva os seus pacientes ao estado cataléptico, usando fórmulas e rituais, admitindo a in uência espiritual. Em 1841, um médico inglês, o Dr.James Braid, de Manchester, surpreendeu-se com a singularidade dos resultados produzidos pelo conhecido magnetizador Lafontaine, assistindo a uma de suas sessões públicas, ao agir sobre os seus pacientes, xando-lhes os olhos e segurando-lhes os polegares. Braid, em seus trabalhos e escritos cientí cos, procurou explicar o estado psíquico especial, que era comum nos fenômenos ditos magnéticos, sonambúlicos e sugestivos. Em seus derradeiros trabalhos passou a admitir a hipótese de dois fenômenos de efeitos semelhantes: um
hipnótico, normal, devido a causas conhecidas e um magnético, paranormal, a exemplo da visão a distância e a previsão do futuro. Outros pesquisadores seguiram-no: Charcot, Janet, Myers, Ochorowicz, Binet e outros. Em 1875, Charles Richet, então ainda estudante, busca provar a autenticidade cientí ca do estado hipnótico, que segundo ele, mais não era que um estado siológico normal, no qual a inteligência se encontrava, apenas, exaltada”. Antes, porém, em Paris, o Magnetismo também atrairá a atenção do pedagogo, homem de ciências, Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail. Consoante o Prof. Canuto Abreu, em sua célebre obra O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Rivail integrava o grupo de pesquisadores formado pelo Barão Du Potet (1796-1881), adepto de Mesmer, editor do Journal du Magnétisme e dirigente da Sociedade Mesmeriana. À página 139 dessa elucidativa obra, depreende-se que o Prof. Rivail frequentava, até 1850, sessões sonambúlicas, onde buscava solução para os casos de enfermidades a ele con ados, embora se considerasse modesto magnetizador. Os vínculos, do futuro Codi cador da Doutrina Espírita, com o Magnetismo, cam evidenciados nas suas anotações íntimas, constantes de Obras Póstumas, relatando a sua iniciação no Espiritismo, quando em 1854 interessa-se pelas informações que lhe são transmitidas pelo magnetizador Fortier, sobre as mesas girantes, que lhe diz: “parece que já não são somente as pessoas que se podem magnetizar”…, sentindo-se à vontade nesse diálogo com o então pedagogista Rivail. São dois magnetizadores, ou passistas, que se encontram e abordam questões do seu íntimo e imediato interesse. Mais tarde, ao escrever a edição de março de 1858 da Revista Espírita, quase um ano após o lançamento de O Livro dos Espíritos em 18.04.1857, Kardec destacaria: “O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo (…). Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas (…) sua conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar e um sem falar de outro”. E conclui, no seu artigo: “Devíamos aos Note Bem|05
nossos leitores esta pro ssão de fé, que terminamos com uma justa homenagem aos homens de convicção que, enfrentando o ridículo, o sarcasmo e os dissabores, dedicaram-se corajosamente à defesa de uma causa tão humanitária. É o depoimento inconteste do valor e da profunda importância da terapia através dos passes, e, mais tarde, em 1868, ao escrever a quinta e última obra da Codi cação, A Gênese, abordaria ele a “momentosa questão das curas através da ação uídica”, destacando que todas as curas desse gênero são variedades do Magnetismo, diferindo apenas pela potência e rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: é o uido que desempenha o papel de agente terapêutico, e o efeito está subordinado à sua qualidade e circunstâncias especiais. Os passes têm percorrido um longo caminho desde as origens da humanidade, como prática terapêutica e ciente, e, modernamente, estão inseridos no universo das chamadas terapêuticas Espiritualistas.
Tem sido exitosa, em muitos casos, a sua aplicação no tratamento das perturbações mentais e de origem patológica. Praticado, estudado, observado sob variáveis nomenclaturas, a exemplo de magnoterapia, uidoterapia, bioenergia, imposição das mãos, tratamento magnético, transfusão de energia-psi, o passe vem notabilizando a sua qualidade terapêutica, destacando-se seus desdobramentos em Passe Espiritual (energias dos Espíritos), Passe Magnético (energias do médium) e Passe Mediúnico (energias dos Espíritos e do médium), constituindo-se, na atualidade, em excelente terapia praticada largamente nas Instituições Espíritas. Amparado por um suporte cientí co, graças, sobretudo, às experiências da Kirliangra a ou efeito Kirlian, de que se têm ocupado investigadores da área da Parapsicologia, e às novas descobertas da Física no campo da energia, vem obtendo a aceitação e a prescrição de pro ssionais dos quadros da Medicina, sobretudo da psiquiátrica, con rmando
a excelência do Espiritismo, que explica a etiologia das enfermidades mentais e oferece amplas possibilidades de cura desses distúrbios psíquicos, ampliando a ação terapêutica da Psicoterapia moderna. BIBLIOGRAFIA: O Túnel e a Luz (Carlos Bernardo Loureiro); A Gênese (Allan Kardec); Obras Póstumas, (Allan Kardec), As Mesas Girantes e o Espiritismo (Zeus Wantuil); O Espiritismo Perante a Ciência (Gabriel Delanne); Parapsicologia Didática (Raul Marinuzzi); Curas Espirituais (George W. Meek); Magnetismo Curativo (Alphonse Bué); Boletim Médico Espírita (AME/SP – 1985); O Passe (Jacob Melo); Do Sistema Nervoso à Mediunidade (Ary Lex); Diretrizes de Segurança (Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira); À Luz do Espiritismo (Vianna de Carvalho/Divaldo P. Franco); Entre a Matéria e O Espírito (A. César Perri de Carvalho e Osvaldo Magno Filho) e Terapia pelos Passes (Projeto Manoel P. Miranda).
Dicas de Livros
Cultivo das Emoções
A Face Oculta das Religiões
A Reencarnação na Bíblia e na Ciência
Marlon Reikdal Gênero: Espiritismo R$ 41,90 Editora: EBM
José Reis Chaves Gênero: Espiritismo R$ 27,90 Editora: EBM
José Reis Chaves Gênero: Espiritismo R$ 25,90 Editora: EBM
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Sofrimento sem diagnóstico Por Mário Mas Muitas pessoas fazem um calvário intérmino nos consultórios médicos e psicológicos, buscando tratamentos para sofrimentos que nem sempre são diagnosticados. Essas ocorrências são conhecidas pelos pro ssionais da saúde. É desconcertante escutar do especialista que o paciente não tem nenhuma doença, e este alegar que sofre. A ciência ainda não alcança o Espírito imortal, multiexistencial; não conhece o perispírito; nem atina que nossa sociedade física interage com a sociedade extrafísica, relação esta que re ete no comportamento pessoal e social. A relação entre o mundo físico e o extrafísico se dá por meio da faculdade humana chamada mediunidade, de nida por Allan Kardec da seguinte forma: “Toda pessoa que sente a in uência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao 1 homem”. Uma pessoa não é consequente, exclusivamente, da genética e do ambiente. É originária de uma longa trajetória evolutiva transitada em todas as culturas, etnias, gênero e diversos papéis sociais… A personalidade de hoje é a síntese dessa história multimilenar. As conquistas e desacertos das vidas anteriores re etem na personalidade atual, por meio de qualidades, culpas, con itos pessoais e interpessoais. Determinados transtornos são heranças de erros passados. Inimigos “gratuitos” que nos perseguem sem causa atual são desafetos do passado. Essas heranças do pretérito são, muitas vezes, os tormentos atuais ocultos. No livro Reencontro com a Vida, o espírito Manoel P. de Miranda lista algumas enfermidades não alcançadas no exame médico e esclarece o porquê. Diz ele: “Muitas enfermidades de diagnose difícil, pela variedade da sintomatologia, têm suas raízes em distúrbios da mediunidade de prova, isto é, aquela
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que se manifesta com a nalidade de convidar o espírito a resgates a itivos de comportamentos perversos ou doentios 2 mantidos em existências passadas”.
ras ou vingadoras, atraídas pela necessidade de refazimento dos con itos em que ambos – encarnado e desen4 carnado – se viram envolvidos”.
A seguir o benfeitor relaciona as enfermidades físicas e psicológicas:
Observe se você sofre padecimentos não detectados pelos pro ssionais de saúde, faça uma leitura de tal situação à luz do Espiritismo que elucida: “Coisa alguma acontece fora das Leis Cósmi5 cas e das necessidades de evolução”. Portanto, veja como indicativo de equívocos do passado que pedem reparação por meio da prática do amor. Praticar o amor é acordar para a vida!
Área física: “dores no corpo, sem causa orgânica; cefalalgia periódica, sem razão biológica; problemas do sono – insônia, pesadelos, pavores noturnos com sudorese; taquicardias, sem motivo justo; colapso periférico sem nenhuma disfunção circulatória, constituindo todos eles ou apenas alguns, perturbações de uentes de mediunidade em surgimento e com sintonia desequi3 librada”. Área psicológica: “ansiedade, fobias variadas, perturbações emocionais, inquietação íntima, pessimismo, descon anças generalizadas, sensações de presenças imateriais – sombras e vultos, vozes e toques – que surgem inesperadamente, tanto quanto desaparecem sem qualquer medicação, representando distúrbios mediúnicos inconscientes, que decorrem da captação de ondas mentais e vibrações que sincronizam com o perispírito do enfermo, procedentes de entidades sofredo-
1
KARDEC, A. O livro dos médiuns. Tradução J. H. Pires. Lake. cap. 14, item 159. 1991. 2
FRANCO, Divaldo P. Miranda, M. P. de., espírito. Reencontro com a vida, página 70. Editora Leal, 2006. 3
Idem
4
Idem
5
FRANCO, Divaldo P. Angelis, J., espírito. Diretrizes para o êxito, página 89. Editora Leal, 2004.
Fonte: espirito.org.br Note Bem|07
Convidados indesejáveis Por Roosevelt Thiago A Doutrina Espírita, quando bem estudada, provoca o entendimento de que todos nós somos preparados para a independência espiritual e, dessa forma, não tem a nalidade de resolver os problemas das pessoas, mas confere a cada um as bases para a compreensão das situações que o envolvem. Com relação aos casos de perturbação espiritual, quando somos envolvidos por in uências dos Espíritos perversos, algumas observações merecem especial atenção. Geralmente, diante dessas situações, nos sentimos como vítimas dos seres invisíveis, no entanto, não somos tão inocentes assim, a nal, esses Espíritos são, na maioria das vezes, convidados daqueles que sofrem as perturbações. Estes Espíritos desprovidos de paz sentem-se atraídos pelas nossas emanações mentais, como aprendemos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo Coletâneas de preces II – Para Afastar Os Maus Espíritos, no item 16 – Prefácio “Os maus Espíritos só estão onde podem satisfazer a sua perversidade. Para afastá-los, não basta pedir, nem mesmo ordenar que se retirem: é necessário eliminar em nós aquilo que os atrai. Os Espíritos maus descobrem as chagas da alma, como as moscas descobrem as do corpo. Assim, pois, como limpais o corpo para evitar as bicheiras, limpai também a alma das suas impurezas, para evitar as obsessões. Como vivemos num mundo em que os maus Espíritos pululam, as boas qualidades do coração nem sempre nos livram das suas tentativas, mas nos dão a força necessária para resistir-lhes”.
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Das a rmações acima, destacamos “só estão onde podem satisfazer a sua perversidade”, ou seja, apenas cam onde encontram ambiente propício para produzir o mal que trazem em si. Desta forma, são nossas imperfeições morais que os atraem e mantêm próximos de nós. Todo pensamento e atitude de agressão, violência, egoísmo, maledicência e de irritabilidade proporciona a nossa ligação com Espíritos infelizes e que passam a comungar das nossas emoções e sentimentos. Mas é justamente isso que fazem deles, não intrusos, mas sim, convidados. Na sequência da análise do texto acima, está a base de todo processo de desobsessão e de edi cação moral, quando lemos: “é necessário eliminar em nós aquilo que os atrai”, colocando novamente em nossas mãos o processo de cura ou de restabelecimento do equilíbrio emocional.
São as nossas imperfeições morais que nos mantêm cativos dos Espíritos perversos e mergulhados em dores e sofrimentos. Assim, a questão não é afastá-los, mas sim, parar de atraí-los. Quando renovamos o nosso mundo mental, com pensamentos nobres, atitudes retas e oração, deixamos de atrair e começamos a repeli-los. Paramos de representar uma zona confortável para as suas manifestações, simplesmente mudando nossa polaridade mental. É desta forma que, para o êxito de qualquer processo de reabilitação psicológica e espiritual, a cura sempre se encontra nas mãos do doente. Cada sentimento negativo, eliminado ou vencido, representa um ponto a menos de xação com entidades mesquinhas e infelizes. Da mesma forma, cada virtude adquirida transforma-se em luz a iluminar o próprio caminho, dissipando a escuridão da própria alma. A única maneira de livrar-se do mal é abraçar, sem restrições, as propostas do bem. Fonte: rooseveltat.blogspot.com.br
Matriz - Pq. Novo Oratório Unidade - Pq. das Nações Unidade - Vila Pires
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