Publicação do Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes | Santo André - SP
Ed. 71 - Jan/Fev/Mar - 2014
O Evangelho Segundo o Espiritismo 150 anos
Afirmando o Mestre Jesus, que o Consolador estaria com a humanidade do futuro e ficaria com ela toda a eternidade, pensamos que a Mensagem da Boa Nova se estabeleceu sobre dois ângulos principais: o ângulo da Lembrança e o da Revelação No ângulo da Lembrança, Jesus repetiu muitos ensinamentos que a Humanidade já conhecia, notadamente, os do povo judeu, porém, atualizando o pensamento ou o ensino e dando a eles uma interpretação distante da frieza dos corações e da literalidade dos que se autoproclamavam guardiões da lei Antiga. Para melhor compreensão, podemos utilizar como exemplos: a cura no dia de sábado; o cear sem lavar as mãos e muitas outras passagens narradas no Evangelho. Em que pese essa preocupação justa e sábia, o Sublime Pastor trabalhou o outro ângulo dos seus ensinamentos: o da Revelação. Nesse ângulo, que foi o principal de Sua ação missionária, renovou o ensino teológico por completo e revelou, “a face amorosa de Deus, o Deus Amor”, entronizando na Terra a existência da misericórdia Divina e dando ensejo ao surgimento de uma virtude até então desconhecida: a Caridade – indicando a todos a necessidade de, além de amar
ao Pai Celestial em primeiro lugar, amar ao próximo como a si mesmo. Dois indicativos necessários, cujas práticas se traduzem em condição primordial àqueles que querem ir ao encontro do Reino de Deus. O Tempo, sublime ceifeiro da Verdade, haveria de chegar e, finalmente, chegou para a Terra o Consolador Prometido que se apresentou ao mundo em O Livro dos Espíritos, no dia 18 de abril de 1857, numa bela manhã de sábado de primavera, quando o Insigne Codificador Allan Kardec saiu de sua residência, em Paris, à Ruedes Martyrs, número 8, segundo andar, com 1200 volumes da obra. E, tal qual a Boa Nova, e igualmente tal qual prometera Jesus, O Consolador chegara à Terra, também estabelecido sob os ângulos da Lembrança e da Revelação. Apoiamo-nos nas promessas de Jesus Cristo feitas aos Apóstolos: “Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas (futuro – revelação) e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito (passado lembrança)”. O ângulo mais proeminente de O Consolador é, justamente, o da Revelação que encontramos na segunda parte de O Livro dos Espíritos, notadamente nas questões que se iniciam no n°.76 até a questão n° 614. Portanto, 538 perguntas e respostas que compõem mais de 50% da obra são itens de Revelação. Não há como não nos maravilharmos com o terceiro livro do Paracleto, O Evangelho Segundo o Espiritismo, que contém em si, de maneira acentuada e lúcida, as parábolas de fundamento moral, ensinadas pelo Mestre, interpretadas pela visão de Espíritos Benfeitores da Humanidade e pela visão lúcida e revestida do mais absoluto bom-senso que detinha o Codificador Allan Kardec, um Sábio da humanidade. O Evangelho Segundo o Espiritismo deve nos despertar, alertar-nos,
empenhar-nos no sentido de ser alvo de sadias preocupações – principalmente os espíritas – quanto ao estudo permanente dessa obra Iluminada, a fim de adquirirmos vitalidade psíquica para evitar que caiamos na armadilha das discussões estéreis em torno dos Evangelhos canônicos – não que eles não nos sirvam de referência histórica e básica, e não tenham extraordinário valor. Pelo contrário – mas para que não percamos mais tempo patinando no terreno lodoso e perigoso do “evangelismo” que se avizinha de nosso meio espírita. Evangelho este que, há quase dois mil anos, tem sido alvo das preocupações dos que se empenham em interpretar a letra que mata em detrimento do espírito que vivifica, concorrendo, infelizmente, sob essa visão, ao continuísmo das divisões e separações, como anunciara o Sublime Pastor de nossas almas. Há momentos em nossa vida que nos sentimos, às vezes, com a sensação da solidão, trazendo a alma confrangida ante as perspectivas que nos transparecem sombrias. Nessas ocasiões, cogitamos internamente sobre a razão mesma das coisas, dos fatos que enrodilham a existência; dos caminhos cruzados com aqueles que estejam na condição do próximo mais próximo, exigindo-nos sacrifícios enormes. Tudo isto se ergue nas marchas e contramarchas de nosso espírito, que muitas vezes claudicou no abuso das oportunidades perdidas, em razão da manifestação do egoísmo e do orgulho avassaladores. São nesses momentos que mais precisamos do Cristo Redivivo, de Sua mensagem lúcida, confortadora e orientadora a qual encontraremos, com absoluta certeza, nas páginas esclarecedoras e amorosas do O Evangelho Segundo o Espiritismo, trazendo-nos Jesus de volta. Francisco Ferraz Batista Advogado e Ex-presidente da Federação Espirita do Paraná. Texto publicado na Revista Nova Aurora (nov/2013).