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3 Considerações finais
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Considerações finais
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Tratar de questões como a deficiência ainda requer uma certa cautela em virtude das implicações que podem sugir a depender da denominação utilizada. Até o momento atual estamos em fase de adaptação a uma nova denominação: pessoa com deficiência. Essa demoninação é um dos mais recentes frutos de políticas públicas voltadas para esse público. Apesar de um tanto tardia, perece-nos coerente haja vista que a ênfase está na pessoa e não na deficiência. O que, de certa forma, gera ao mesmo tempo a ruptura de uma visão cristalizada de ineficiência d aq ue le s qu e po ss ue m um a de fi ci ên ci a e o surgimento de uma nova visão social acerca da deficiência. Coerência e cautela são sempre bem-vindas quando se trata de questões dessa natureza, pois sabemos que uma lesão corporal não traz somente
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implicações físicas como traz também implicações psíquicas e sociais. A deficiência tornou-se uma questão política e, sobretudo, ideológica, na qual se tem os valores da sociedade capitalista como pano de fundo para o fortalecimento de estereótipos. De um lado, há uma vertente que aborda a deficiência como doença e a submete aos modelos biomédicos. Nesse sentido, a deficiência é vista como um problema particular do indivíduo e, em função disso, o grupo ou a família tem a responsabilidade de reabilitar, de curar o deficiente. Por outro lado, há o modelo social\inclusivo da deficiência que parte do princípio que cabe à sociedade a responsabilidade de se adequar à diversidade e à pluralidade. Isto quer dizer, em outras palavras, que o modelo social da deficiência transfere a responsabilidade de um contexto médico para o social. A deficiência pode ser vista como uma condição diferente, e cabe à sociedade adaptar-se a ela. Deste modo, o uso das mais diversas formas de denominação é visto como eufemismos; e estes, por sua vez, tornam-se potenciais empreendedores da exclusão e dos preconceitos. Compreender a deficiência como uma condição que atinge não somente o sujeito que a possui como também toda uma sociedade representa uma grande conquista. As opressões vividas por pessoas com deficiência foram aos
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poucos se modificando e, nesse contexto, o modelo social da deficiência promoveu uma maior participação dos deficientes em atividades sociais. O mundo dos deficientes é considerado um mundo misterioso e isso se dá por conta das opressões vividas no passado. As pessoas com deficiência viviam numa situação de apartação social e o que antes era visto com o castigo divino, loucura ou monstruosidade, hoje, após muita luta, vê-se como necessidade de uma maior e significativa participação social dos sujeitos em questão. Apesar das grandes conquistas não se pode negar que ainda há um longo caminho a ser percorrido rumo a uma cidadania plena. Pois, como se sabe, as barreiras que lhes são impostas não são somente físicas, são, sobretudo, barreiras ideológicas.