Manual 7 sipeb v3 e4

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Desenvolvendo Competências Socioemocionais por meio do Esporte Associação de Instrução Popular e Beneficência

Danielle Oliveira Bittar

Realização:

3x4cm

2x1cm

5x1cm

Patrocínio

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5x1,6cm


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Desenvolvendo CompetĂŞncias Socioemocionais por meio do Esporte

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Copyright© 2016 by Danielle Oliveira Bittar

Editora -chefe

Tathiana Freitas Lemes

Coordenação editorial Tathiana Freitas Lemes

Assistente editorial

Tathiana Freitas Lemes

Edição de arte, diagra,macão Tathiana Freitas Lemes

CIP BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, S BITTAR, DANIELLE OLIVEIRA DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS POR MEIO DO ESPORTE / DANIELLE OLIVEIRA BITTAR. - 2016. 136 P.: IL. ISBN 0000000000000000

Praça Regente Feijó, 172 cep. 13300-489 (11) 3334-2200

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Desenvolvendo Competências Socioemocionais por meio do Esporte

Realização:

Patrocínio


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Associação SIPEB

Compromisso com a Educação

de Chambéry. Instituição Confessional Católica, voltada à formação integral do ser humano, fundada no Brasil por Madre Maria Teodora Voiron. Em 2016, a Associação SIPEB completa 105 anos de atuação em prol da educação no Brasil. Ao longo dessa trajetória, trabalhamos incansavelmente pela promoção de um país socialmente mais justo e equitativo. Para cumprir nossa missão, promovemos programas e projetos na área da Educação, Assistência Social e Defesa e Garantia de Direitos. Acreditamos que este programa “Pense e Faça em Três Tempos” realizará a máxima de que a educação e uma prática pedagógica integradora, capaz de impulsionar potencialidades desenvolvendo habilidades e valores, disseminando princípios de combate a todas as formas de exclusão e discriminação, sejam elas de gênero, etnia, religião, condições socioeconômicas, ou necessidades especiais. Essa é a nossa intenção ao apresentar esse material, promover o engajamento para elevar o esporte educacional e consolidar o cumprimento de seus princípios, promovendo-o como instrumento de formação social. Os esforços são imensos, mas a motivação e as parcerias que se formam em torno da causa fortalece integral do ser humano para o bem comum. Você é nosso convidado a

Boa leitura! Irmã Maria da Glória Fernandes Oliveira


Apresentação A crescente velocidade com que a sociedade em que vivemos se transforma é fator marcante neste século. Entretanto a instituição escolar, vista como um espaço que constrói comportamentos, saberes e valores, continua buscando respostas para as mesmas preocupações que perduram há décadas: como preparar os alunos para enfrentar os desafios de seu cotidiano? Encontramos, em sala de aula, alunos que só conseguem resolver situações de conflito utilizando atitudes agressivas, enquanto outros buscam, no isolamento social, uma forma de refúgio para lidar com tais questões. Diante dessa realidade, educadores podem sentir que seus objetivos e planos estão sendo tomados por demandas que vão para além do planejamento curricular regular, assim, gerando preocupações e dúvidas sobre como empregar menos tempo em questões que envolvam indisciplina e investir no desenvolvimento de habilidades proativas, que auxiliem os alunos no dia a dia. Mais além das demandas e metas estabelecidas para a educação até o século XX, o século XXI trouxe novos desafios. O papel da escola e suas funções se modificam e exigem novas configurações, o que implica agregar novos conceitos e assumir novas posturas que contribuam para uma educação que, além das garantias do direito ao acesso e à permanência na escola, prepare as crianças e os jovens com uma formação que ofereça oportunidades equitativas, que os permita desenvolverem seus potenciais nos mais diversos âmbitos da vida. Pense e Faça em Três Tempos apresenta uma proposta de desenvolvimento de competências socioemocionais por meio do esporte para crianças do Ensino Fundamental I, com idade entre 6 e 10 anos. Oferece atividades que terão impacto positivo no desenvolvimento acadêmico, na qualidade das relações interpessoais, sociais e emocionais, e pode ser desenvolvido em escolas regulares, escolas de turno integral, atividades de contraturno e projetos sociais e comunitários de cunho esportivo. Este material pedagógico consiste em instrumentalizar profissionais de educação física para a abordagem de temáticas consideradas essenciais à prática do esporte educacional, assim, agregando o desenvolvimento de competências socioemocionais (também, chamadas de non-cognitives ou não cognitivas) e colaborando para a construção de padrões conceituais, operacionais e metodológicos que orientem sua prática pedagógica. Todas as crianças, inclusive aquelas que apresentam o desenvolvimento típico, podem se beneficiar das oficinas do Manual, visto que o mesmo não se aplica apenas a remediação de dificuldades e sim a uma intervenção que pode fortalecer as habilidades já em desenvolvimento consolidando o protagonismo e a resiliência. 10


Por que ensinar competências socioemocionais por meio do esporte? Além de ser um direito garantido a todas as pessoas, o esporte educacional apresenta inúmeras possibilidades para o desenvolvimento humano, pois carrega em seu cerne princípios como solidariedade, cooperação, socialização, construção coletiva, disciplina e respeito à diversidade, o que proporciona uma formação crítica, consciente e autônoma. Na atualidade, o grande debate educacional contempla a necessidade de incluir nas práticas pedagógicas atividades que permitam o desenvolvimento de competências socioemocionais (também, conhecidas como não cognitivas), além do desenvolvimento da cognição, já tão amplamente utilizada nas escolas. Competências socioemocionais são aquelas relacionadas à prática de melhores atitudes para o controle das emoções, ao alcance dos objetivos, à demonstração de empatia, a manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira planejada e responsável, entre outros fatores. Já está cientificamente comprovado que essas competências trazem benefícios nos âmbitos escolares e social, assim, proporcionando melhor adaptação e rendimento escolar, além de prevenirem uma série de problemas sociais. Ao longo do processo de desenvolvimento deste manual, deparamo-nos com uma constante preocupação que incidia sobre diversos profissionais de educação física: como conduzir as aulas mais além de uma atividade esportiva a fim de proporcionar experiências significativas para o desenvolvimento integral das crianças? Seja na sala de aula ou na quadra esportiva, a aprendizagem é um processo interativo, que permite que a criança aprenda à medida que recebe informações e desenvolve valores e habilidades. Esse foi o fio condutor que nos possibilitou construir uma proposta educativa que propicia o desenvolvimento pessoal, cognitivo, social e produtivo dos alunos. Por meio de oficinas que serão conduzidas durante as aulas, as competências serão vivenciadas, desenvolvidas e incorporadas pelos alunos, consolidando-se em habilidades, valores e atitudes. O objetivo consiste em transpor as situações para além do cotidiano escolar, desse modo, permitindo que as crianças coloquem em prática as habilidades aprendidas nas mais diversas situações da vida.

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Quais competências estão presentes no manual Pense e Faça em Três Tempos? Para desenvolver as oficinas, tomamos como base os pilares da educação estabelecidos no Relatório Jacques Delors, “Educação: um tesouro a descobrir” (DELORS et al., 2012), que define quatro aprendizagens fundamentais para a formação do indivíduo, são elas:

Aprender a ser – competências pessoais. Aprender a conviver – competências relacionais. Aprender a conhecer – competências cognitivas. Aprender a fazer – competências produtivas.

Todas as pessoas têm capacidade de aprender e desenvolver-se, partimos do princípio que todas as crianças são detentoras de potenciais que podem ser transformados em competências por meio da educação pelo esporte. Assim, à medida que as oficinas forem se processando, as crianças vão transformando as competências em atitudes e valores que irão permear as várias áreas de suas vidas. Aprender a ser destaca a importância de desenvolvimento da autonomia. Para que isso ocorra é necessário que a criança vivencie descobertas referentes às suas emoções, à sua personalidade, às suas potencialidades e dificuldades, o que possibilitará uma visão confiante do futuro. Aprender a conviver oferece estímulos para que as crianças desenvolvam competências relacionais, cultivando formas de convívio saudáveis, permeadas por valores como: reconhecimento do outro, respeito à diversidade, interação, solidariedade e cooperação. Aprender a conhecer envolve as crianças em um processo de descoberta por meio do qual serão estimuladas a “aprender a aprender”, apropriando-se dos instrumentos do conhecimento. Aprender a fazer consiste em aprender a compreender o contexto ao qual está inserido e agir ativamente sobre ele, envolve a criatividade, capacidade de fazer escolhas e pensar criticamente, levando-se em consideração o bem comum. A partir desses quatro pilares, estabelecemos as competências que norteiam o Pense e Faça em Três Tempos: Cooperação: respeitar as diferenças, compartilhar responsabilidades e agir em prol do bem comum.

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Pensamento estratégico: assumir comportamentos e posicionamentos fundamentados pela compreensão do todo a partir de uma análise global das partes e da interação entre elas. Resolução de Problemas: tomar decisões de forma planejada e reflexiva, assim, analisando suas consequências e optando pela opção mais adequada em prol de si mesmo e do bem comum. Autonomia: tomar decisões próprias e em prol do coletivo a partir de escolhas responsáveis e solidárias. Curiosidade: buscar novos conhecimentos com interesse e perseverança. Comunicação: saber ouvir e expressar-se com clareza. Criatividade: criar, recriar e produzir conexões na realização de tarefas e iniciativas individuais e coletivas. Aquisição e gestão do conhecimento: buscar informações e transferir conhecimento a outros a partir dos diversos meios de comunicação social. Quais são os Princípios do Esporte Educacional presentes no manual Pense e Faça em Três Tempos? O esporte educacional possui princípios bem-definidos, que perpassam todas as oficinas do manual: Inclusão de todos – reconhecimento de dificuldades e potencialidades individuais, oportunidades para que todas as crianças tenham acesso à prática esportiva.

criando

Construção coletiva – possibilita o envolvimento e a participação das crianças no processo de ensino e aprendizagem do esporte, considerando seus interesses, expectativas e necessidades. Respeito à diversidade – reconhece e respeita as diferenças no que se refere à raça, à cor, à religião, ao gênero, ao biótipo e aos níveis de habilidades, assim, valorizando a convivência e aprendizagem compartilhada. Educação integral – desenvolve ações pedagógicas que contemplem o desenvolvimento de habilidades cognitivas, psicomotoras e socioafetivas. Autonomia – desenvolve a prática esportiva como ação emancipatória, baseada no conhecimento, no esclarecimento e na autorreflexão crítica, favorecendo os atores sociais da capacidade de analisar, avaliar, decidir, promover e organizar a sua participação e de outros nas diversas práticas esportivas. 13


O que é o Pense e Faça em Três Tempos? Pense e Faça em Três Tempos nasceu em resposta ao anseio por ensinar mais que o esporte, nesse sentido, desenvolvendo habilidades, atitudes e valores que propiciem o pleno desenvolvimento humano. Estabeleceu-se, inicialmente, como “Pense e Faça”, uma experiência-piloto resultante da parceria formada entre a Associação de Instrução Popular e Beneficência (SIPEB) e uma escola da rede pública “Escola Estadual Professor Salvador Ligabue” localizada na periferia da cidade de São Paulo, no ano de 2008, com o objetivo de aprimorar o nível educacional e ampliar os horizontes culturais e sociais de crianças e adolescentes, para tanto, desenvolvendo competências cognitivas, emocionais, sociais e éticas a partir do Pensar Estratégico e do Raciocínio Lógico, construídos pelo processo de mediação e transcendência, para isso, utilizando-se de jogos de tabuleiro. A experiência demonstrou resultados surpreendentes desde o primeiro ano de aplicação do método nas escolas. Avaliações internas apontaram que os profissionais da escola elegeram o Pense e Faça como uma metodologia satisfatória no desenvolvimento das habilidades, enquanto Sistemas de Avaliações da Educação Básica (Saeb) indicaram um aumento significativo no desempenho acadêmico dos alunos. Diante dos resultados alcançados, decidimos ampliar o Pense e Faça para além dos tabuleiros, com isso, levando toda a experiência acumulada para as quadras esportivas. A Metodologia Pense e Faça em Três Tempos tem como objetivo apresentar uma proposta pedagógica que visa promover o desenvolvimento de competências socioemocionais, habilidades e valores para a vida de crianças, utilizando o Esporte Educacional como ferramenta primordial para esse fim. O manual é composto por histórias e oficinas para o desenvolvimento de competências, como trabalhar em equipe, solucionar problemas, compreender e gerir emoções, demonstrar respeito pelo outro, estabelecer e atingir objetivos, tomar decisões autônomas e responsáveis e utilizar a criatividade para enfrentar os desafios que surgem de maneira construtiva. E aborda, ainda, dois temas transversais de suma importância: Equidade de gênero e Igualdade racial.

Como Introduzir o Método “Pare, Pense e Faça em Três Tempos” no Currículo Escolar? Os valores do esporte educacional associados às competências socioemocionais podem ser trabalhados nas atividades esportivas com grandes ganhos para o desenvolvimento dos alunos. 14


O manual foi desenvolvido para ser utilizado por profissionais do esporte que atuam com crianças no Ensino Fundamental I, com idade entre 6 e 10 anos, podendo ser desenvolvido em escolas regulares, escolas de turno integral, atividades de contraturno e projetos sociais e comunitários de cunho esportivo. O método pode ser incluído no currículo regular da escola, especificamente, nas aulas de Educação Física. As oficinas foram formuladas para o ambiente da quadra esportiva. Ocasionalmente, algumas atividades, como o momento de ouvir as histórias, podem ser realizadas em ambientes fechados, como sala de aula ou sala de vídeo, visto que essas formatações não alteram a configuração das oficinas. O programa foi elaborado para ser desenvolvido no ano letivo, porém seu cronograma é flexível, podendo ser realizado pelo período de dois a quatro semestres. O objetivo do método é que as crianças não apenas aprendam, mas que adquiram de fato as competências socioemocionais e as utilizem ao longo da vida, por isso, pode ocorrer uma variação de tempo para conclusão das oficinas. Frequência e duração das oficinas Todas as oficinas estão associadas a uma história e foram configuradas para serem realizadas ao menos uma vez por semana. É importante que não existam longos períodos de pausa entre as histórias para que os alunos tenham a oportunidade de interligar os aprendizados. Caso seja necessário realizar períodos de pausa, orientamos que aconteçam na transição entre as competências (pessoais, relacionais, cognitivas e produtivas), dessa forma, evitando-se interromper as oficinas que compõem um mesmo módulo. Independentemente da oficina que seja ministrada, é importante que, no ano letivo, as habilidades apreendidas sejam estimuladas e incentivadas. Sugerimos que cada oficina seja realizada em sessões de aproximadamente 40 a 50 minutos, com período de tempo mais curto para estudantes do 1º e 2º anos e aumento de tempo para os alunos mais velhos, observando-se as variações no tempo médio de concentração entre os grupos. O professor só deve passar para uma próxima competência quando a anterior for assimilada, o que pode ser observado nas evidências que as crianças irão fornecer a partir dos exercícios de simulação, bem como em sua reprodução regular nas aulas de Educação Física. Desta forma é possível que o processo de aplicação de uma mesma competência seja repetido diversas vezes.

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Orientações Didáticas - Apresentação O método Pense e Faça em Três Tempos apresenta alguns elementos que intensificam o processo de aprendizagem, são eles: lâminas, histórias e exercícios de simulação. Por que utilizar exercícios de simulações? Durante o exercício de simulação, a criança age desempenhando um papel em determinada situação. Essa vivência potencializa o desenvolvimento das competências adquiridas, uma vez que insere o aluno em uma série de situações que ele poderá enfrentar em seu cotidiano. Assim, as simulações assumem o papel de um ensaio, um “faz de conta” que proporciona experiências e consolida a aprendizagem. Vários benefícios nos moveram a incluir exercícios de simulação no manual: são treinos que inserem o aluno no centro do processo de aprendizagem, promovem interação e integração, é uma atividade motivadora e, principalmente, permite aos alunos praticarem, em um ambiente seguro e acolhedor, distintos tipos de comportamentos sociais. Para melhor assimilação dos exercícios de simulação, recomendamos alguns passos essenciais: • Apresente, claramente e de forma detalhada, a situação que as crianças deverão simular, forneça instruções claras, diretas e explícitas. • As simulações devem conter o mínimo de detalhes irrelevantes possíveis, durante as encenações, as crianças não devem se ater a detalhes, precisam manter o foco apenas nos aspectos essenciais do exercício. As crianças só irão aprender se conseguirem manter a atenção centrada, especialmente as que estiverem assistindo. • Realize repetições suficientes para que a aprendizagem seja assimilada. Diversifique, apresente variadas situações que sejam recorrentes no dia a dia das crianças, proponha exercícios para mais além do cotidiano escolar, proporcionando a transcendência da aprendizagem para outras áreas. • Ofereça recompensas pela conduta adequada. Afirmações positivas são fundamentais durante o processo, pois motivam a criança a reproduzir o comportamento aprendido. • Durante a simulação é muito importante que as crianças expressem os passos em voz alta: enunciar ajuda a criança a organizar os passos mentalmente e facilita o processo de retenção da informação.

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• Deixe claro para as crianças que aquela é uma situação de “faz de conta”, mas que a reprodução do comportamento na vida real lhe trará recompensas. A probabilidade de uma criança executar um comportamento aprendido dependerá principalmente da expectativa de uma recompensa caso alcance o resultado desejado. • Converse com os alunos sobre seu desempenho. Forneça informações e sugestões construtivas e elogie quando realizarem o comportamento desejado. Por que utilizar histórias? Histórias e contos possuem um valor educacional imensurável, visto que promovem estímulos à imaginação, proporcionando experiências concretas para as crianças. As histórias presentes no manual apresentam um repertório de aprendizado para a vida. As oficinas que permeiam cada história apresentam o conhecimento de forma lúdica, inclusive como incorporação difusa e inconsciente de comportamentos e valores, e proporcionam aprendizados estruturados e repletos de significado. De acordo com as especificidades de cada história, algumas foram gravas em CD e outras serão contadas pelo educador. Para facilitar o momento da leitura, sugerimos que a história seja estudada com antecedência. Enfatizar trechos importantes, desse modo, aumentando e diminuindo a entonação da voz, realçar gestos e olhares em algumas cenas, bem como usar a expressão corporal, são elementos que prendem a atenção do público e trazem mais significado para a história. Por que utilizar as lâminas? As lâminas funcionam como ferramentas que facilitam a representação e apropriação do conhecimento. As três principais funções das lâminas, Pare, Pense e Faça são ajudar o aluno a: analisar, pensar e realizar. O desenvolvimento dessas competências durante a oficina e a sua transferência para novas situações ajudarão as crianças a analisar situações, pensar criticamente, tomar decisões e realizar suas ações de forma sistemática e planejada. As lâminas “Sentimentos e Expressões” e “Viva a Diferença!” apresentam ilustrações interativas que favorecem o processo de reconhecimento dos sentimentos e das características físicas dos personagens pelo apoio da imagem.

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Sumário Apresentação.............................................................................................................................10 Orientações Didáticas - Apresentação ....................................................................................... 16 Módulo1 - Competências pessoais..............................................................................................20 Oficina I – O Céu já Foi Criança – Conhecendo meus sentimentos.........................................................22 Oficina II – O Céu já Foi Criança – História “O Céu já foi Criança”.........................................................23 Oficina III – O Céu já Foi Criança – Método Pare, Pense e Faça – Regulação Emocional...................30 Oficina IV – O Céu já Foi Criança – Transcendência do Método Pare, Pense e Faça........................35 Oficina I – O Coelho e o Jabuti – Conhecendo meus limites e capacidades...........................................36 História “O Coelho e o Jabuti” Oficina II – O Coelho e o Jabuti – Método Pare, Pense e Faça – Habilidades e Dificuldades..............40 Oficina III – O Coelho e o Jabuti – Respeito às Diferenças.....................................................................43

Módulo 2 - Competências Relacionais........................................................................................46 Oficina I – A Princesa Sapinha – “Viva a Diferença”.......................................................................48 Oficina II – A Princesa Sapinha – História “A Princesa Sapinha”..........................................................49 Oficina III – A Princesa Sapinha – Método Pare, Pense e Faça – Viva a Diferença!..........................56 Oficina I – Os Dançarinos Coloridos – Conviver em grupo com respeito as diferenças....................59 Oficina II – Os Dançarinos Coloridos – História “Os Dançarinos Coloridos”....................................60 Oficina III – Os Dançarinos Coloridos – Método Pare, Pense e Faça – Solucionando situações de conflito.....67 Oficina IV – Os Dançarinos Coloridos – Aprendendo a solucionar situações de conflito de forma pacífica.....71 Oficina V – Os Dançarinos Coloridos – Aprendendo a solucionar situações de conflito de forma pacífica....73 Oficina VI – Os Dançarinos Coloridos – Transcendência do Método Pare, Pense e Faça.................76 Oficina I – O Mistério do Tabuleiro – História “O Mistério do Tabuleiro”..........................................77 Oficina II – O Mistério do Tabuleiro – Método Pare, Pense e Faça – Aprendendo Interagir..............84 Oficina III – O Mistério do Tabuleiro – Transcendência do Método Pare, Pense e Faça....................88 Oficina I – O Menino e a Flor – Equidade de Gênero - História “O Menino e a Flor”..........................89 Oficina II – O Menino e a Flor – Método Pare, Pense e Faça – Equidade de Gênero........................96

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Módulo 3 - Competências Cognitivas........................................................................................100 Oficina I – A História das Olimpíadas – “Aprendendo a Aprender”..................................................102 Oficina II – A História das Olimpíadas – História “A História das Olimpíadas”................................105 Oficina III – A História das Olimpíadas – Método Pare, Pense e Faça – Aprendendo a Aprender!....109 Oficina I – A Cidade das Brincadeiras Esquecidas – “Aprendendo a Aprender................................112 Oficina II – A Cidade das Brincadeiras Esquecidas – História “A Cidade das Brincadeiras Esquecidas”.....113 Oficina III – A Cidade das Brincadeiras Esquecidas – Método Pare, Pense e Faça – Criar e Recriar!.....117

Módulo 4 - Competências Produtivas.........................................................................................122 Oficina I – Corrida de Campeões – História “Corrida de Campeões”.............................................124 Oficina II – Corrida de Campeões – Método Pare, Pense e Faça – Superando Frustações Positivamente....130 Oficina III – Corrida de Campeões – Minicircuito de Atletismo – Amigo Solidário!.........................136 Oficina IV – Corrida de Campeões – Transcendência do Método Pare, Pense e Faça.....................138 Oficina I – Virando o Jogo – História “Virando o Jogo ” ..............................................................139 Oficina II – Virando o Jogo – Método Pare, Pense e Faça – A importância do Diálogo!...................145 Epílogo - A Esperança que nos Move!........................................................................................154 Bibliográfia............................................................................................................................155

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MÓDULO 1

Competências pessoais

Módulo1 - Competên


ncias pessoais

Ilustração: Oscar Matella


Oficina I – O Céu já Foi Criança Habilidade: competências pessoais – autoconhecimento (conhecendo meus sentimentos). Objetivo: identificar sentimentos, proporcionando autoconhecimento (compreender e gerir emoções). Materiais necessários: lâmina “Sentimentos e Expressões” – kit Pense e Faça em Três Tempos. Desenvolvimento: 1º Passo: Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Introdução O reconhecimento dos sentimentos tem papel fundamental no processo de regulação emocional. Pode ser difícil para as crianças identificarem o que estão sentindo e, mesmo quando conseguem, têm dificuldades em saber como agir. As oficinas da história “O Céu já Foi Criança” vão apoiá-las nesse processo de reconhecimento dos sentimentos, bem como apresentar o método Pare, Pense e Faça, uma importante ferramenta que auxiliará o processo de regulação emocional. Neste momento, pode-se utilizar a lâmina “Sentimentos e Expressões” para apoiá-las no reconhecimento dos sentimentos. Instruções: Vamos aprender sobre os sentimentos. Vocês sabem o que são sentimentos? É o que sentimos diante de várias situações que acontecem na nossa vida: alegria, tristeza, raiva, medo, amor, saudade. Vamos observar, neste cartaz, como a expressão do rosto pode mudar a cada sentimento. Solicite que as crianças descrevam as características de cada personagem, dizendo qual a expressão que se reflete em cada sentimento. É importante que elas consigam observar o formato e a expressão dos olhos, boca e sobrancelhas. Realize questionamentos que apoiem a reflexão, como: O que essa pessoa está sentindo? Por quê? O que pode ter acontecido para que ela se sinta assim? Além da expressão do nosso rosto, nosso corpo, também, muda de acordo com o que estamos sentindo. Vamos pensar o que cada sentimento pode causar em nosso corpo.Solicite que as crianças falem como reagem a cada sentimento: O que acontece com seu corpo quando você sente: Medo: as mãos ficam geladas; os olhos, arregalados e o coração bate acelerado como se a gente tivesse acabado de sair de uma corrida. Tristeza: o ombro fica caído, o nosso olhar baixa, e sentimos vontade de chorar. Alegria: sentimos vontade de pular, dançar e sorrir. 22


Raiva: o corpo parece que está tremendo, e o rosto fica quente. Amor: as bochechas ficam mais rosadas, e o coração fica alegre. Paz: sentimo-nos leves como uma pluma. Paixão: é como se alguém estivesse fazendo cócegas na nossa barriga ou soprando um ventinho frio. Saudade: parece que tem um vazio dentro do nosso coração. Ficamos com o pensamento cheio de lembranças. Você já sentiu alguns desses sentimentos? Quais? Em que situações?

Oficina II – O Céu já Foi Criança Habilidade: competências pessoais – autoconhecimento (conhecendo meus sentimentos). Objetivo: identificar sentimentos, proporcionando autoconhecimento (compreender e gerir emoções). Materiais necessários: CD kit Pense e Faça em Três Tempos (história “O Céu já Foi Criança”), lâmina “Sentimentos e Expressões” – kit Pense e Faça em Três Tempos, folha de papel medindo aproximadamente 70cm x 70cm e canetão. Desenvolvimento: 1º Passo Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior, apresente novamente a lâmina “Sentimentos e Expressões”. 2º Passo Ouvir a história – “O Céu já Foi Criança”. Instruções Vamos ouvir uma história que fala sobre os sentimentos. Nessa história, há um personagem que vai experimentar muitos sentimentos, preste bastante atenção, pois, ao final da história, vamos nos lembrar de todos eles e vamos escrevê-los. Por isso, precisamos fazer bastante silêncio e ficar bem atentos à história. 23


O Céu já Foi Criança

Carol Rocha

Ilustração: Oscar Matella

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Muitos dizem que o Céu nasceu de uma grande explosão. Outros, dizem que o Papai do Céu, com sua mão bondosa, separou a luz da escuridão. Independente da explicação, certeza é que, um dia, num tempo tão distante que a gente nem se lembra mais dele, o Céu nasceu. E, como todos nós, ele nasceu criança. E qual é a primeira coisa que qualquer um faz quando nasce? Isso mesmo! Abre o berreiro. A gente chora. E por que chora? Sei lá. Porque deve ser estranho chegar ao mundo. Fazer parte de algo tão grande que a gente não entende. Você se sente bem pequenininho, olhando sem entender toda aquela imensidão desconhecida ao seu redor. E não podia ser diferente com o Céu. Ele olhou para um lado, olhou para o outro e desabou a chorar. Ele chorou, chorou, chorou sentido, por se sentir perdido, até que encheu todos os mares. Quando ele cansou de chorar (porque uma hora a gente cansa, né?), viu que tinham seres vivos, que se mexiam ali, que nasciam na água salgada de seu choro desenfreado. Achou aquilo tão bonito, mas tão bonito que, então, começou a chorar de novo. Quanto choro!!! Mas não se preocupem. Essas eram lágrimas doces, de alegria. Imensas lágrimas que encheram lagos e rios. E Céu viu que mais seres vivos nasciam ali também. Aquilo trouxe uma alegria tão grande para o Céu, que ele sentiu um calor enorme no peito. Ele estava deslumbrado por toda a vida que via surgir nas águas e sentiu seu coração aquecer, aquecer, aquecer até pegar fogo. O Ceuzinho não sabia, mas aquilo que botava fogo em seu coração era amor. O coração do Céu aqueceu a Terra, e árvores de frutos e flores brotaram do chão. Animaizinhos, de todos os tamanhos e formas, saíram de suas tocas para ver a luz linda que nascia do coração do Céu. Eles chamaram aquela luz de Sol. Uma doce nota, aquecendo nossas vidas e iluminando nossos dias. Quanta coisa para um dia só. Quantas coisas o pequeno Céu sentia dentro de si. Ele se sentia pequeno, mas ao mesmo tempo imenso! Capaz de cobrir toda a imensidão, de estar em todos os lugares. Sentia-se parte de algo grande, maior que ele. Todas essas novidades deixaram o Céu cansado. Ele fechou seus olhinhos e adormeceu. E, com isso, seu coração emocionado relaxou. O grande fogo deu lugar a uma grande paz luminosa, que os animaizinhos chamaram de Lua. A Lua iluminava a noite como um abajurzinho noturno, daqueles que a gente deixa ligado para não ficar com medo do bicho-papão e para ter sonhos bons. O coração do Céu estava bem ali, à vista de todos. Os dias se passaram. Ceuzinho crescia feliz, em harmonia com as criaturas da Terra, do mar e do ar. Tudo estava em equilíbrio... Até que um dia... badabooooooooooooom! O Céu se apaixonou. 25


Foi uma coisa tão linda de se ver... de azul, que ele era, ficou todo alaranjado, cor-de-rosa... Porque o coração dele pegou fogo como nunca e possuiu-o por inteiro. Céu não era mais Céu, mas era todo o seu coração. Céu queimava vivo, mas era um queimar bom, doce (eu sei, não faz sentindo “queimar bom”, é uma coisa que só mesmo as pessoas apaixonadas podem explicar). Céu era o Céu mais feliz do mundo inteiro, mesmo sendo o único. Ele se apaixonara pela criatura mais linda dos sete mares. Ele ouviu o canto maravilhoso da Sereia e, imediatamente, desejou a ela entregar seu coração. Céu se esticou para chegar pertinho do mar, mas, quando a Sereiazinha seu coração quis tocar, percebeu que era muito, muito quente, mais quente do que ela poderia suportar. Que tristeza! Perto de sua amada ele não podia chegar, e seu bem mais precioso não poderia lhe dar. Céu se enfureceu. Tudo nele era raiva e dor. Céu era lágrimas, era chuva, choro e tempestade, raiva e raio, gritos e trovões. Era tristeza e amor. – Se eu não posso amar-lhe e entregar-lhe meu coração, que seja o fim do mundo então! – disse o Céu enfurecido. E a Sereiazinha tentou acalmá-lo: – Meu amado Céu, não fique tão triste assim! O Céu fazia tanto barulho que nem conseguia ouvir a Sereia. Até que, no meio da confusão, de raio e trovão, ela teve uma ideia: – Vou chamar minhas amigas, as Estrelinhas Marinhas, para levarem uma mensagem de amor ao Céu, assim ele saberá que nunca estará só, pois estarei aqui na imensidão do mar sempre a olhar para a imensidão do Céu. E lá foram as Estrelinhas nadando e surfando nas ondas gigantes do mar. Elas davam piruetas e mergulhavam nas lágrimas de Céu. Aos poucos, milhares de Estrelinhas nadaram e subiram até as nuvens. Foram até lá no alto cochichar doçura nos ouvidos de Céu, bem do jeitinho que a Sereiazinha havia pedido que elas fizessem. E ele gostou muito de saber que era amado! Foi acalmando-se, acalmando-se e seu coração voltou a brilhar! Ele ainda chorava um pouquinho, por ter de ficar lá em cima sozinho, mas estava tão feliz de ser amado também que sua alegria se refletia em todas as cores. As cores formavam uma enorme ponte colorida, por onde as Estrelinhas escorregaram e, então, foram correndo contar para a Sereiazinha que o coração de Céu não mais sentia dores e sempre a ela pertenceria. Se você prestar atenção, nesse enorme Céu, agora já velhão, vai notar que, em algumas noites, as Estrelinhas, tão graciosas, recados de amor ao Céu ainda vão cochichar. Notará, também, que há dias que o Céu ainda chora, talvez fraquinho, talvez muitão, de saudades da dona do seu coração. 26


Verá que, às vezes, o Céu esconde seu coração atrás das nuvens, porque tem dias que a gente quer ficar sozinho e quietinho... Aqueles dias em que não queremos que saibam o que se passa dentro da gente. Mas perceberá, também, que todas as grandes noites de luar, a Sereiazinha canta uma canção doce de ninar para os sonhos de Céu embalar. O coração de Céu fica alegre a brilhar, e as Estrelinhas contentes, ao redor do Céu, põem-se a dançar

3º Passo Solicite que as crianças falem sobre todos os sentimentos que se lembrarem. Instruções Agora que vocês já ouviram a história, vamos pensar em todos os sentimentos que o Céu sentiu. Quais foram? Deixe que as crianças falem todos os sentimentos que lembrarem e, se faltar algum, estimule-as relendo os trechos a seguir, após cada parte lida, questione as crianças sobre qual sentimento elas identificaram naquele trecho da história. Neste momento, pode-se utilizar novamente a lâmina “Sentimentos e Expressões” para apoiá-las no reconhecimento dos sentimentos. É importante que todos os sentimentos citados na história sejam anotados. Se as crianças ainda não forem alfabetizadas, após escrevê-los, leia-os em voz alta. Sentimentos citados na história: medo, alegria, felicidade, amor, paixão, tristeza, raiva, paz, tranquilidade e saudade. Trechos da História: O Céu já Foi Criança (...) o Céu nasceu. E, como todos nós, ele nasceu criança. E qual é a primeira coisa que qualquer um faz quando nasce? Isso mesmo! Abre o berreiro. A gente chora. E por que chora? Sei lá. Porque deve ser estranho chegar ao mundo. Fazer parte de algo tão grande, que a gente não entende. Você se sente bem pequenininho, olhando sem entender toda aquela imensidão desconhecida ao seu redor. E não podia ser diferente com o Céu. Ele olhou para um lado, olhou para o outro e desabou a chorar. Ele chorou, chorou, chorou sentido, por se sentir perdido (...) Sentimento: Medo 27


(...) Quando ele cansou de chorar (porque uma hora a gente cansa, né?), viu que tinham seres vivos, que se mexiam ali, que nasciam na água salgada de seu choro desenfreado. Achou aquilo tão bonito, mas tão bonito, que, então, começou a chorar de novo. Quanto choro!!! Mas não se preocupem. Essas eram lágrimas doces, de alegria. Imensas lágrimas que encheram lagos e rios. E Céu viu que mais seres vivos nasciam ali também. Aquilo trouxe uma alegria tão grande para o Céu que ele sentiu um calor enorme no peito (...) Sentimento: Alegria (...) Os dias se passaram. Ceuzinho crescia feliz, em harmonia com as criaturas da terra, do mar e do ar (...) Sentimento: Felicidade (...) Até que um dia... badabooooooooooooom! Céu se apaixonou. Foi uma coisa tão linda de se ver... de azul, que ele era, ele ficou todo alaranjado, cor-de-rosa... Porque o coração dele pegou fogo como nunca e possuiu-o por inteiro. Céu não era mais Céu, mas era todo o seu coração. Céu queimava vivo, mas era um queimar bom, doce (eu sei, não faz sentindo “queimar bom”, é uma coisa que só mesmo as pessoas apaixonadas podem explicar) (...) Sentimento: Paixão/Amor (...) Céu se enfureceu. Tudo nele era raiva e dor. Céu era lágrimas, era chuva, choro e tempestade, raiva e raio, gritos e trovões. – Se eu não posso amar-lhe e entregar-lhe meu coração, que seja o fim do mundo então! (...) Sentimento: Raiva (...) Céu então se acalmou. Seu coração de novo brilhou. Ele ainda chorava um pouquinho por ter de ficar lá em cima sozinho, mas estava tão feliz de ser amado também que sua alegria se refletia em todas as cores. Uma enorme ponte colorida, por onde as Estrelinhas escorregaram e, então, foram correndo contar para a Sereiazinha que o coração de Céu não mais sentia dores e sempre a ela pertenceria (...) Sentimento: Paz/Tranquilidade (...) Se você prestar atenção, nesse enorme Céu, agora já velhão, vai notar que, em algumas noites, as Estrelinhas tão graciosas, recados de amor ao Céu ainda vão cochichar. Notará, também, que há dias que o Céu ainda chora, talvez fraquinho, talvez muitão, de saudades da dona do seu coração (...) Sentimento: Saudade 28


(...) Verá que, às vezes, o Céu esconde seu coração atrás das nuvens, porque tem dias que a gente quer ficar sozinho e quietinho... Aqueles dias em que não queremos que saibam o que se passa dentro da gente (...) Sentimento: Tristeza Após as crianças identificarem todos os sentimentos, anote-os em papel e deixe em local de fácil visualização. 4º Passo Converse com as crianças sobre os sentimentos, explicando que todos eles: raiva, tristeza, alegria, amor, medo, felicidade, saudade, são importantes, mesmo aquele sentimento que parece nos fazer mal é importante e ajuda-nos de alguma maneira. Todos nós temos sentimentos, alguns são muito agradáveis e outros desagradáveis. Os sentimentos agradáveis, como a alegria, a felicidade, a paz e o amor, motivam-nos a fazer muitas coisas boas, como abraçar, sorrir e cantar. Os sentimentos desagradáveis, como o medo, podem nos alertar de algum perigo, ou seja, todos os sentimentos têm sua importância. Mas, agora, vamos pensar em como nos comportamos quando os sentimos, pois o sentimento não afeta apenas a nós mesmos, ele pode afetar todas as pessoas que estão ao nosso redor. Estimule as crianças à reflexão dos sentimentos presentes na história e na maneira como cada sentimento que o Céu sentiu afetou os outros personagens. Para cada frase a seguir mencionada, utilize a lâmina “Sentimentos e Expressões” e deixe que as crianças identifiquem cada sentimento citado. O que aconteceu quando o Céu estava tão feliz que até chorou lágrimas doces, de alegria? E o que aconteceu quando o Céu se enfureceu? Quando estamos vivenciando um sentimento, acontece algo dentro de nós, mas, também, acontece algo do lado de fora, pois as ações que surgem a partir dos nossos sentimentos podem afetar as pessoas que estão ao nosso redor. Converse com as crianças sobre as ações que podem ser geradas a partir de cada sentimento.

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Estimule-as a responderem a questionamentos como: O que acontece quando estamos com raiva? E quando estamos muito alegres? Permita que as crianças expressem como se sentem quando estão com medo, tristes, alegres, etc., no seu cotidiano, deixe que elas identifiquem cada sentimento na lâmina “Sentimentos e Expressões”. Sugestões de situações: O que acontece quando seus amigos não deixam que você participe de uma brincadeira? Qual sentimento pode surgir? E quando seus pais não deixam você dormir na casa de um amigo? Qual sentimento pode surgir? Quando você recebe a avaliação da professora e percebe que conseguiu a melhor nota? Qual sentimento pode surgir?

Oficina III – O Céu já Foi Criança Habilidade: competências pessoais – autoconhecimento (conhecendo meus sentimentos). Objetivo: identificar sentimentos, proporcionando autoconhecimento (compreender e gerir emoções). Materiais necessários: lâminas: “Pare, Pense e Faça”. Desenvolvimento: 1º Passo Método Pare, Pense e Faça – Regulação Emocional. Relembre a oficina anterior, solicite que as crianças falem sobre a história e o que aprenderam sobre os sentimentos. Estimule as crianças à reflexão quanto às ações que podem ser desencadeadas durante as aulas de Educação Física em relação aos sentimentos que podem surgir. Instruções: Durante a aula de Educação Física, o que aconteceu quando você apresentou cada um desses sentimentos: Raiva, medo, alegria, tristeza, felicidade. Vamos pensar em um momento em que você sentiu muita raiva, o que aconteceu? E quando sentiu muita alegria por marcar um ponto? Vamos aprender uma técnica que poderá ser utilizada durante as aulas de Educação Física, ela nos ajudará a controlar nossas ações sempre que surgir um sentimento. A técnica se chama: Pare, Pense e Faça. Apresente as lâminas Pare, Pense e Faça e explique uma a uma. Toda vez que você estiver em um jogo, ou atividade, e acontecer alguma coisa que fizer surgir um sentimento, é importante que você: 30


PARE, antes de tomar qualquer decisão ou fazer qualquer coisa, e conte até cinco. PENSE, reconheça seu sentimento e pense no que está acontecendo. O que estou sentindo? O que causou este sentimento? Quais são minhas opções para expressar este sentimento? Pense sobre suas escolhas naquele momento, você pode se afastar um pouco da situação, pode pedir que o outro pare se estiver fazendo algo que está lhe incomodando ou pode não fazer nada. FAÇA, após o jogo ou a atividade, teremos um momento para conversar sobre essa situação. Você poderá dizer como se sentiu, o que lhe causou esse sentimento e poderá solicitar que a situação não aconteça novamente, que aquilo não volte a repetir-se e a pessoa que lhe causou o sentimento também poderá saber como você se sentiu.

2º Passo – Simulações É importante que as crianças compreendam claramente como o método Pare, Pense e Faça – Regulação Emocional funciona, por isso, sugerimos os seguintes exercícios de simulação: Instruções: Vamos pensar na história do Céu, quando ele descobriu que não poderia chegar perto da Sereia, ele nem ouviu o que ela tinha a dizer, ele se enfureceu e causou uma grande confusão, e todos os animaizinhos se esconderam dele. Mas, depois que ele ouviu o recado que a Sereia enviou através das estrelas, ele se acalmou. Este método ensina que devemos dizer o que estamos sentindo conversando, e não agredindo ou gritando, lembre-se que a outra pessoa tem o direito de saber o que você sentiu e, assim, resolver a situação para que ela não volte mais a acontecer. Agora, vamos criar uma situação para utilizar o método Pare, Pense e Faça e ver como ele funciona:

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Simulação 1: Solicite que duas crianças, voluntariamente, vivenciem a situação. Utilize as lâminas ilustrativas ( Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método. Situação: Em um jogo de futebol, o jogador A vai em direção à bola, mas, ao invés de chutá-la, acaba chutando com força o tornozelo do jogador B. Como o jogador B deverá agir utilizando a técnica Pare, Pense e Faça? Deixe que as crianças descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Como você se sentiu? Qual foi o sentimento que surgiu? O que você escolheu fazer quando reconheceu o sentimento? O que você gostaria de dizer ao jogador A? Permita que o jogador A, também, expresse sua opinião. Para reflexão: Deixe que as outras crianças, também, expressem sua opinião sobre a forma como os voluntários A e B utilizaram o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Converse com as crianças sobre o que teria acontecido se, ao invés de esperar para solucionar a situação no momento adequado, o jogador B tivesse agredido o jogador A. Simulação 2: Solicite que duas crianças, voluntariamente, vivenciem a situação. Utilize as lâminas ilustrativas (Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método. Situação: Em um jogo de basquetebol, o jogador A nunca quer passar a bola para o jogador B e diz que este não sabe jogar. Como o jogador B deverá agir utilizando a técnica Pare, Pense e Faça? Deixe que as crianças descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Como você se sentiu? Qual foi o sentimento que surgiu? O que você escolheu fazer quando reconheceu o sentimento? O que você gostaria de dizer ao jogador A?

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Permita que o jogador A, também, expresse sua opinião. Para reflexão: Deixe que as outras crianças, também, expressem sua opinião sobre a forma como os voluntários A e B utilizaram o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Converse com as crianças sobre o que teria acontecido se o jogador B não tivesse utilizado o método para solucionar essa situação e não contasse para ninguém o que ocorrera. Conduza outras simulações realizando repetições suficientes para que a aprendizagem seja assimilada. Diversifique, apresente variadas situações que sejam recorrentes no dia a dia das crianças, proponha exercícios para mais além do cotidiano escolar, assim, proporcionando a transcendência da aprendizagem para outras áreas. 3º Passo Introduzindo o método Pare, Pense e Faça nas aulas de Educação Física. Informe as crianças que, a partir de agora, em todas as aulas, sempre que ocorrer alguma situação em que elas percebam que surgiu um sentimento como raiva, tristeza, medo, etc., elas deverão utilizar o método Pare, Pense e Faça. Sempre no início de cada aula, relembre as crianças do método: Pare, Pense e Faça e apresente as lâminas. É importante que elas saibam que, ao final da atividade, existe um momento para expor as situações que possam vir a ocorrer. 4º Passo Após o término da atividade física, solicite que as crianças formem uma roda de maneira que possam se enxergar.Caso tenha ocorrido, durante a atividade do dia, alguma situação sobre a qual as crianças queiram conversar, deixe que elas descrevam a situação e depois as estimule fazendo as seguintes reflexões: O que você sentiu quando a situação ocorreu? Como está se sentindo agora? O sentimento mudou desde o momento que ele apareceu até agora? O que você quer dizer para a pessoa que gerou a ação que lhe causou esse sentimento? Caso a criança não saiba o que dizer para o colega, dê sugestões como: “Solicite que, por favor, ele não faça mais isso, que essa ação fez você se sentir triste ou com raiva.” “Eu não gostei do que você fez, por favor, não faça de novo.”

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Apresente as lâminas: Pare, Pense e Faça para apoiá-las. Observações importantes: • Realize essa oficina frequentemente. Seu uso pode ser diário. • Nas primeiras vezes em que o método for utilizado, pode ser difícil para as crianças expressarem seus sentimentos, o importante é que não se sintam constrangidas, mas estimuladas a resolver a situação. • Mesmo depois de ter passado algum tempo de um fato ocorrido durante a aula, se a criança não estiver se sentindo em condições de conversar, sugira que talvez seja melhor fazer essa conversa em outro momento, mas garanta que acontecerá e o quanto antes possível. • É muito importante que todas as situações sejam discutidas no dia em que ocorreram. • Sempre que ocorrer uma situação em que os passos não são seguidos, no momento da transcendência, faça questionamentos como: “Você utilizou o método Pare, Pense e Faça?” “Você parou para pensar por 5 segundos?” “Por que você agiu sem saber o que o outro estava pensando?” • Sempre dê um retorno aos alunos após a utilização do método. Descreva se eles cumpriram bem os passos ou o que poderiam ter feito diferente. • Quando, durante a atividade, não ocorrer situação que exija a utilização do método, pergunte às crianças por que elas acham que tudo funcionou bem naquele dia. Estimule-as a pensar sobre a importância da cooperação e do respeito.

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Oficina IV – O Céu já Foi Criança Habilidade: competências pessoais – autoconhecimento (conhecendo meus sentimentos). Objetivo: transcender o método Pare, Pense e Faça para outras áreas. Materiais necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo Transcendência do Método Pare, Pense e Faça. Após três semanas de aplicação do método Pare, Pense e Faça, é hora de transcendê-lo para outras áreas. Antes do início da atividade física, converse com as crianças sobre em quais outras áreas da vida poderiam utilizar o método Pare, Pense e Faça. Instrução: Essas habilidades, também, podem ajudá-los em outros locais e situações. Vamos pensar em que outros momentos você poderia utilizar o método: Pare, Pense e Faça! Será que ele pode ser utilizado somente nas aulas de Educação Física? Onde mais? • Reflita com as crianças em que situações específicas e locais, como casa, sala de aula, parque, etc., elas utilizariam o método. Ajude-as a pensar em situações reais, faça simulações de alguns casos e diga que, antes de aplicar em casa ou na escola, precisam conversar com os pais, irmãos, primos, professor, explicar-lhes o método e perguntar se aceitam participar. • Faça perguntas que ajudarão as crianças a melhor compreender como utilizar os passos Pare, Pense e Faça em outros locais. • Converse sobre como apresentar esses passos em casa e na sala de aula para os familiares ou para o professor. • As crianças poderão escolher como, quando e com quem utilizarão os passos. • Após uma semana, pergunte se precisaram utilizar os passos: Pare, Pense e Faça em alguma situação.

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Oficina I – O Coelho e o Jabuti Habilidade: competências pessoais – autoconhecimento (conhecendo meus limites e minhas capacidades). Objetivos: identificar habilidades e dificuldades, proporcionando autoconhecimento. Desenvolver a capacidade de respeitar as diferenças. Materiais necessários: lâmina da história: “O Coelho e o Jabuti” – Kit Pense e Faça em Três Tempos, 10 cartas “O coelho e o Jabuti”. Desenvolvimento: 1º Passo Nesta história, vamos abordar o tema: habilidades e dificuldades, a história apresenta em seu enredo dois personagens com habilidades muito distintas e destaca a maneira que encontraram para driblar essas diferenças. Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Instrução: Todos nós temos habilidades. Quando conseguimos fazer muito bem alguma atividade, dizemos que temos habilidade para fazer aquela atividade. Por exemplo, quando uma pessoa faz uma comida muito saborosa, dizemos que ela tem habilidade para cozinhar. Mas ninguém é sempre muito bom em tudo, todo mundo tem habilidades para fazer muito bem algumas atividades e, para outras, nem tanto. O que você consegue fazer muito bem? E no que você não é tão bom? Às vezes, não conseguimos fazer bem uma atividade porque não gostamos muito dela e por isso não nos dedicamos, outras vezes, porque temos dificuldade, mas isso não é um problema. É muito bom que a gente saiba reconhecer as atividades que consegue fazer muito bem e aquelas que se tem mais dificuldade. Agora, vamos escutar uma história muito interessante sobre dois amigos: “O Coelho e o Jabuti”. E, ao final, vamos pensar quais são as habilidades e dificuldades que eles possuem. 2º Passo Contar a história: “O Coelho e o Jabuti”.

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O Coelho e o Jabuti

Carol Rocha

Ilustração: Oscar Matella

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Era uma vez, em uma floresta, duas famílias: uma de jabutis e outra de coelhos, que eram vizinhas de tocas. Elas viviam em harmonia, assim como todos os outros animaizinhos da floresta. E sendo vizinhos, quando a senhora Coelho e a dona Jabuti deram crias, seus filhotes tornaram-se melhores amigos um do outro. Juntos, eles cresciam alegres, saudáveis e espertos. Mas cada dia que passava, dava para ver mais e mais como eram diferentes! Caio, o coelho, corria e saltitava sem parar, era superveloz e queria fazer mil coisas ao mesmo tempo. Seu lema era: “não deixe para depois o que você pode fazer agora!” Joca, o jabuti, era muito tranquilo. Fazia tudo com muita calma, no seu próprio ritmo. Uma coisa de cada vez. Seu lema era “a pressa é inimiga da perfeição!” Caio, o coelho, ficava nervoso com o amigo jabuti. Não tinha paciência de esperá-lo quando apostavam corrida. E muito menos quando brincavam de pique-esconde, o Joca demorava até uma semana para encontrá-lo. Assim, com o tempo, o coelhinho deixou de lado seu melhor amigo e procurou novos amigos. Os outros coelhinhos daquela floresta faziam um jogo que só os coelhos podiam jogar. Faziam dois aros, entrelaçando raminhos. Escolhiam duas árvores altas, com certa distância entre elas, e amarravam um aro no alto de cada árvore. Então, procuravam uma laranja verde e resistente e estavam prontos para começar! Dividiam-se em dois grupos, de igual número. O objetivo era fazer a laranja passar, através do aro amarrado na árvore, ao campo dos adversários. O jogo se chamava colhete. Só os coelhos podiam jogar esse jogo, porque, além de velozes, eram excelentes saltadores, desse jeito, eles chegavam bem pertinho dos aros lá no alto. Eles tinham também a melhor visão da floresta, assim, podiam mirar de longe as laranjas nos aros e não errar. Caio se divertia muito com os novos amigos coelhos e era um dos melhores no jogo de colhete. Mas um dia, voltando de um jogo, viu Joca, o jabuti, sozinho e pensativo, observando o pôr do sol. Ficou triste imaginando que Joca deveria estar se sentido sozinho... e foi falar com ele. O Jabuti ficou muito feliz ao ver o amigo de novo. Conversaram bastante, contaram as novidades um para o outro e combinaram de brincar juntos no dia seguinte. Caio estava decidido a ensinar Joca a ser um coelho. No dia seguinte, bem cedo, Caio arrastou o jabuti até o campo onde jogava com os outros coelhos. Primeiro, tentou ensinar Joca a mirar. E nisso Joca não era mal. Então, depois, tentou ensiná-lo a pular. Mas o casco do Joca era muito pesado. Então, tentou ensiná-lo a correr, mas que nada... Joca só sabia ir devagar e sempre. O coelhinho irritado, gritou: - Você é devagar como uma tartaruga! Joca sorrindo, respondeu: - Obrigado! Eu sei. É isso que sou. 38


Caio ficou triste. Não sabia como brincar com seu amigo. Então, Joca teve uma ideia. - Vamos criar um jogo novo, onde coelhos e jabutis possam jogar? E assim fizeram. Fizeram campeonato de câmera lenta: quem conseguia correr mais devagar até o outro lado. Quem adivinhava mais formas nas nuvens. Maratona de piadas e tantos outros jogos! E, às vezes, até jogavam colhete. Como? Deste jeito: Resolveram assim: Joca chamou outro amigo seu, o elefante Felipe, e pediu sua ajuda. O Felipe colocou o Jabuti em suas costas, e o pequenino começou a sussurrar em seu ouvido para onde queria ir. Felipe, o elefante, não podia pular, mas não precisava porque era muito mais alto que um coelho. A ideia funcionou tão bem que, algumas vezes, eles até venceram o Caio. Depois disso, vários outros animais se uniram a eles, como os chimpanzés, as raposas, e até as jiboias. E colhete deixou de ser um jogo exclusivo dos coelhinhos. Caio, o coelho, não ligava mais para ganhar, porque se divertia demais estando com o seu melhor amigo e com os outros. E Joca se sentia o maior dos vencedores, pois ganhara seu amigo Caio de volta. E nada no mundo vale mais que um amigo!

3º Passo As crianças deverão ser divididas em quatro grupos, cada grupo receberá duas cartas contendo perguntas sobre a história “O Coelho e o Jabuti”. Duas cartas deverão ficar com o professor e todos os grupos poderão responder às perguntas nelas descritas. Um grupo de cada vez deverá ler a pergunta descrita em um dos cartões em voz alta e responder. Se as crianças ainda não forem alfabetizadas, poderão entregar o cartão para que o professor realize a leitura. Sequência das perguntas descritas nos cartões: Cartão 1 (Grupo 1): vocês conhecem algum jogo que se parece com colhete? Cartão 2 (Grupo 2): vocês conhecem algum jogo em que todos os participantes devem ser muito rápidos? Cartão 3 (Grupo 3): vocês conhecem algum jogo em que os jogadores precisam ser lentos e concentrados? Cartão 4 (Grupo 4): o que vocês acham que é mais importante, vencer o jogo ou se divertir com seus amigos? Cartão 5 (Grupo 1): o que aconteceu no início da história entre Caio e Joca? Eles eram amigos? Eles 39


brincavam juntos? Cartão 6 (Grupo 2): Caio e Joca deixaram de ser amigos porque eram muito diferentes, mas o que aconteceu no final da história? O que Caio e Joca fizeram para se divertirem juntos novamente? Cartão 7 (todos os grupos podem responder): você já deixou de brincar ou jogar com algum amigo porque ele não tinha as mesmas habilidades que você? Cartão 8 (Grupo 3): somos todos diferentes, assim como Joca e Caio. Como era o Caio, quais eram suas habilidades? O que ele sabia fazer muito bem? Cartão 9 (Grupo 4): quais eram as habilidades do Joca? O que ele fazia muito bem? Cartão 10 (todos os grupos podem responder): tem algum jogo no qual você não é muito bom, que você gostaria de mudar as regras, assim como Joca e Caio fizeram no jogo do colhete? Professor, estimule as crianças a responderem a todas as perguntas, se um grupo tiver dificuldade em responder, peça aos outros grupos que o apoiem.

Oficina II – O Coelho e o Jabuti Habilidade: competências pessoais – autoconhecimento (conhecer meus limites e minhas capacidades). Objetivo: identificar habilidades e dificuldades, proporcionando autoconhecimento. Materiais necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo Método Pare, Pense e Faça – Habilidades e Dificuldades. Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior, solicite que as crianças falem sobre a história e o que aprenderam sobre habilidades e dificuldades. Instrução: Vocês se lembram que conversamos sobre as habilidades que nós temos, e que ninguém precisa 40


ser sempre muito bom em tudo? Às vezes, você pode ser ótimo em basquete, mas não tão bom em futebol, ou, às vezes, é excelente em Matemática e não vai muito bem na matéria de Geografia. Os adultos, também, são assim, às vezes, uma pessoa pode ser muito boa em uma atividade como, por exemplo, cantar, mas não é tão boa em fazer pinturas em quadros. Não é um problema ter algumas atividades em que temos dificuldades, podemos sempre nos esforçar bastante para conseguir aprendê-las se quisermos. O mais importante é a maneira como nos sentimos quando não conseguimos fazer bem alguma coisa, muitas vezes, podemos nos sentir tristes, desanimados, decepcionados.E, às vezes, ficamos muito tristes com a maneira como as outras pessoas nos tratam quando temos dificuldade em fazer alguma atividade. Então, vamos pensar em como podemos agir para não nos sentirmos tristes ou desanimados quando tivermos alguma dificuldade. E, principalmente, como podemos ajudar os nossos amigos quando eles sentem dificuldade em realizar alguma atividade. Vamos seguir alguns passos. Após explicar cada passo, solicite que as crianças permaneçam em silêncio pensando por alguns minutos (2 a 3 minutos aproximadamente). 1º Passo (reconhecendo minhas habilidades): cada um vai pensar quais são suas habilidades, pense em algo que você faz e que você seja muito bom, que você gosta muito de fazer. 2.º Passo (expressar ao grupo minhas habilidades e reconhecer quais são as habilidades dos meus colegas): agora, um de cada vez vai dizer para todos quais são suas habilidades. Se alguma criança sentir dificuldade, ajude-a a encontrar alguma habilidade, se necessário, ajude-a com exemplos: Na escola você é bom em alguma matéria? Ou tem algum jogo no qual você é bom, ou alguma brincadeira que você gosta bastante e que as outras crianças gostam de brincar com você? O importante e que todas as crianças consigam reconhecer ao menos uma habilidade. 3º Passo (reconhecendo minhas dificuldades): muito bem, agora, vamos pensar nas atividades que temos dificuldade de realizar. Pensem, por alguns minutos, quais são as atividades nas quais você tem dificuldade. 4º Passo (expressar ao grupo minhas dificuldades e reconhecer as dificuldades dos meus colegas): agora, um de cada vez vai dizer para todos do grupo quais são as suas dificuldades. Professor, você, também, pode participar desse momento expondo ao grupo alguma habilidade e dificuldade para que as crianças percebam que todas as pessoas (crianças ou adultos) possuem habilidades e dificuldades. Pode ser difícil para as crianças do 1.º e 2.º anos reconhecerem habilidades e dificuldades, neste caso, estimule-as com exemplos. 41


5.º Passo (lidando de forma positiva com as minhas dificuldades) Instrução: Agora já sabemos quais são nossas habilidades e quais são as nossas dificuldades, bem como conhecemos as habilidades e dificuldades dos nossos colegas. Sabemos que somos todos diferentes, assim como Joca e Caio. Caio era muito rápido e muito bom em saltar, e Joca era muito bom em brincar de jogos de câmera lenta, por isso, era muito difícil alguém ganhar dele, e ele ensinou para o Caio um monte de brincadeiras novas. O importante é saber que todos têm habilidades. Também é importante saber que só temos como diminuir ou vencer as dificuldades quando as reconhecemos, e não as ignoramos. Se em algum momento você se sentir triste porque está com dificuldade para realizar alguma atividade, lembre-se desses três passos:

Pare, Pense e Faça. Apresente as lâminas Pare, Pense e Faça explicando uma a uma. PARE e olhe para você e para suas habilidades. Agora, você já sabe que é muito bom em muitas coisas. PENSE em tudo que você já conquistou e tudo que já aprendeu! FAÇA algo para melhorar a cada dia! Lembre-se, ninguém tem habilidade para fazer tudo, muitas vezes, temos de treinar bastante para ser cada vez melhor. Um atleta que quer ganhar uma medalha passa muitas horas, por dia, treinando. Se você quer muito melhorar em alguma coisa, não desista, continue tentando.

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Oficina III – O Coelho e o Jabuti Habilidade: competências pessoais – autoconhecimento (conhecer meus limites e minhas capacidades). Objetivo: desenvolver a capacidade de respeitar as diferenças. Materiais necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça, folha de papel medindo aproximadamente 70cm x 70cm e canetão. Desenvolvimento: 1º Passo Demonstrando compreensão, apoio e respeito diante das dificuldades dos outros Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior, solicite que as crianças falem sobre a história e o que aprenderam sobre as habilidades e dificuldades. Instrução: Joca e Caio aprenderam que poderiam brincar juntos todas as brincadeiras que quisessem, mesmo sendo tão diferentes. Mas para que isso acontecesse o que eles precisaram fazer? Deixe que as crianças respondam. Eles precisavam brincar sempre com respeito, compreensão e apoio. Eles respeitavam que cada um tinha o seu próprio ritmo, Caio era bem rápido, Joca era muito lento. Então, eles sempre criavam estratégias novas, sempre se apoiavam quando tinham dificuldades. É assim que nós vamos fazer, apoiar os nossos colegas sempre que tiverem alguma dificuldade e principalmente respeitá-los, pois agora sabemos que todo mundo tem habilidades e dificuldades. Vamos pensar nas aulas de Educação Física. Cada um vai pensar, até agora, dos esportes que já praticou, qual você tem mais habilidade e qual tem mais dificuldade. Deixe que as crianças pensem por alguns minutos, depois, solicite que falem sobre qual esporte sentem que têm mais habilidade e qual sentem mais dificuldade. Em algumas aulas, nós vamos fazer o que Joca e Caio nos ensinaram. Antes da aula, vamos pensar nos nossos colegas que têm mais dificuldade naquele esporte e vamos criar estratégias para ajudá-los. Professor, sugerimos que repita esta atividade pelo menos uma vez a cada bimestre ou sempre que desejar.

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2º Passo Mudando as regras Antes de aplicar esta oficina, é importante que as crianças já tenham praticado a modalidade esportiva algumas vezes para que tenham percepção de suas habilidades e dificuldades naquele esporte. É recomendado que se realize essa oficina na última aula, antes de iniciar uma nova modalidade. Questione as crianças se elas percebem que têm alguma dificuldade na prática daquele esporte. Depois, sugira que criem estratégias para apoiar os amigos que apresentem dificuldades. Instrução: Como podemos fazer o jogo de hoje, de maneira que todos possam se sentir mais confortáveis? Quais as regras que podemos mudar ou criar? Deixe que as crianças opinem sobre a forma como gostariam que fossem as regras do jogo, é importante que todos se expressem e que encontrem um consenso. É importante que todas as regras acordadas entre as crianças sejam anotadas. Se as crianças ainda não forem alfabetizadas, após escrevê-las, leia-as em voz alta. Hoje vamos seguir essas novas regras e, ao final, vamos ver se funcionaram. 3º Passo Transcendência Após a atividade, forme uma roda com os participantes sentados no chão. Converse sobre como foi a experiência de jogar com as novas regras, estimule a reflexão propondo questionamentos como: “O que vocês acharam de jogar utilizando as novas regras?” “As mudanças das regras foram boas para as crianças que tinham alguma dificuldade? E para as crianças que não tinham dificuldade?”

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Módulo 2 - Competências Relacionais MÓDULO 2

Competências Relacionais


Ilustração: Oscar Matella


Oficina I – A Princesa Sapinha Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro (convívio com a diferença). Objetivo: reconhecer o outro respeitando suas diferenças, sem discriminá-lo por palavras ou atitudes. Materiais necessários: lâmina “Viva a Diferença!” - kit Pense e Faça em Três Tempos. Desenvolvimento: 1º Passo Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Introdução Vamos conhecer uma nova habilidade. Já aprendemos sobre a importância de reconhecer nossos sentimentos, aprendemos, também, que todos têm habilidades e dificuldades e que o mais importante é saber reconhecê-las e respeitar as outras pessoas quando têm alguma dificuldade. Agora, vamos aprender uma habilidade que nos ajudará a entender mais sobre a importância das diferenças que existem no mundo. Muitos conflitos podem ocorrer porque somos pessoas muito diferentes umas das outras, somos diferentes fisicamente, como, por exemplo, a cor dos nossos olhos, da nossa pele, a nossa altura e o nosso peso. Mas também temos diferenças quanto à nossa personalidade, por exemplo, algumas pessoas são mais alegres e extrovertidas; outras são mais tímidas e caladas. E, como já aprendemos, temos diferenças em nossas habilidades, algumas pessoas têm habilidades para realizar algumas atividades, como, por exemplo, jogar voleibol e outras têm habilidade em jogos que exigem muita concentração, como um jogo de tabuleiro, mas o importante é saber que precisamos respeitar as diferenças que temos para conviver em harmonia. Aprendendo sobre as características físicas. É importante que as crianças tenham clareza sobre o que são características físicas antes de ouvir a história, para que, posteriormente, consigam fazer a identificação das características físicas de cada personagem, para isso, pode-se utilizar a lâmina “Viva a diferença!”. Instrução: Característica é o que nos ajuda a reconhecer uma pessoa, animal, planta ou objeto. As características 48


físicas de alguém nos mostram como essa pessoa é, a cor da sua pele, dos seus olhos, a textura do seu cabelo, se ela é alta ou baixa, ou alguns aspectos que só ela tem, como, por exemplo, uma manchinha ou pintinha. Quando olhamos para este cartaz, podemos dizer como cada pessoa é, quais são suas características físicas. Então, agora, vamos descrever quais são as características físicas de cada uma destas crianças. Deixe que as crianças descrevam as características físicas de cada uma das crianças representadas na lâmina, é importante que elas descrevam todos os detalhes.

Oficina II – A Princesa Sapinha Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro (convívio com a diferença). Objetivo: reconhecer o outro respeitando suas diferenças, sem discriminá-lo por palavras ou atitudes. Materiais necessários: CD kit Pense e Faça em Três Tempos (história “A Princesa Sapinha”), lâmina “Viva a Diferença!” - kit Pense e Faça em Três Tempos. 1º Passo Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior. 2º Passo Ouvir a história – “A Princesa Sapinha”. Instrução: Agora, vamos ouvir uma história de uma linda princesa. Preste bastante atenção nas características físicas de todos os personagens da história.

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A Princesa Sapinha Carol Rocha

Ilustração: Oscar Matella

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Era uma vez... em um mundo (bem pertinho daqui), o fantástico Reino dos Sapos Verdes da Grande Verruga Laranja. Estes eram os reis da saparia: a raça de sapos mais bonitos, verdes e gosmentos que você nunca viu (até porque sapos tão importantes assim não ficam por aí dando bobeira, né? “Credo em cruiz” virar “brinquedo” nas mãos da molecada, ou prato chique em restaurante de luxo – é isso mesmo, amiguinhos, em restaurantes de luxo, eles comem perninhas de sapo. Brrrrrr... Vai entender!). Mas não com esses sapos. Sapos Reais têm excelentes esconderijos reais. Mas opa. Espera. “Pera” aí! Tem algo errado aqui. A nossa grande alteza real, a princesa Sapinha Sapira do Patalago suspira, suspira e depois bufa. Está inconformada. Autor: – Mas o que houve, vossa alteza? Os mosquitos ao mel não são de seu agrado? Quer um banhinho de lama? Está com chulé no seu pé? Sapinha: – Ah... Autor: – Alteza, por favor, conte-nos desta angústia terrivelmente entristecedora que rouba a alegria verde de sua face! A sapinha suspira e depois suspira de novo. E então diz: – Sim, sim, eu conto. Na verdade, foi por conta de um conto. As pessoas os chamam de contos de fada, certo? Pois eu diria que não foram escritos por fadas, mas por bruxas terríveis. Porque são pura... pura crueldade. A princesinha tinha nas mãos uma história triste para as princesas sapinhas verdes de grandes verrugas laranjas. Era um livro bem bonito, colorido, com letras caprichadas… mas os desenhos? A história??? Ohhhhh... Era puro terror. Puro terrooooor!!!!!!!!! E tratava-se de uma história muito famosa: aquela da princesa e do sapo. Já ouviu falar? Ela era mais ou menos assim: Narrador do livro: “Era uma vez, uma linda princesinha, de longos cabelos louros e lisos, e olhos azuis, como o céu mais doce da primavera. Um belo dia, estava a pentear seu lindo e dourado cabelo pertinho de um poço, quando, de repente: PLOFT! Sua escova de cabelo caiu bem lá, no fundão do poço. E não era uma escova qualquer. Era uma escova de ouro, cravejada de brilhantes, que seu papai, o rei, dera-lhe de presente de aniversário. Drama! Terror!!! 51


Ela ficou desesperada. Princesinha: – Oh! Quem poderá me defender??? E, então, apareceu um sapo. Ele era todo verde e gosmento, absolutamente asqueroso. Ele se ofereceu para recuperar a adorada escova da princesinha. Mas não de graça! Haha Isso não! Em troca, ele queria uma beijoca! Eca!!!! A princesa quis rejeitar a oferta, mas pensou e pensou e, enfim, concordou. Ela tinha um plano. O sapinho, muito corajoso, arriscou o próprio pescoço e, com muita dificuldade, recuperou a escova. Escovas de ouro cravejadas de brilhantes pesam para chuchu e costumam ser bem maiores que os sapinhos. Quando ele, ofegante e cansado, entregou a escova à princesa, ela ZAPT! Deu no pé! Correu bem rápido, forte como um pé de vento. Saiu levantando uma poeirada na cara do pobre sapo, que estava com a língua arrastando no chão de tanta canseira. Mas o sapo teve paciência. Descansou, recuperou-se, tomou uma aguinha e, depois, partiu no rastro da princesa. Foi no seu ritmo pula-pula até que avistou um baita de um castelão. A grande morada da princesinha ingrata. Quando chegou ali, contou a história toda para o porteiro, para os guardas, para as empregadas da casa, para as babás e cozinheiras, até que o buxixo todo chegou à realeza. O rei aceitou receber a asquerosa criatura. Ele ficou com nojo do sapo, mas mesmo assim deixou a criaturinha entrar no castelo, afinal, sua filha havia feito um trato, isso deveria ser respeitado. – Princesas dignas honram a própria palavra! E, então, a princesa, forçada pela sua própria promessa, beijou o sapinho. E o sapo, como em um passe de mágica, transformou-se em um belíssimo príncipe – humano. Ele era alto, forte e, também, tinha lindos cabelos dourados. Vaidoso, quis ajeitar imediatamente seus lindos cabelos e os penteou com a escova de ouro que resgatara para a princesinha, enquanto contava a todos, como ele, o príncipe do reino vizinho, fora vítima de um feitiço terrível, fazendo-o prisioneiro no corpo de um sapo. Mas, então, o beijo da princesinha o salvara dessa maldição. Como estava tudo resolvido, ele pediu ao rei a mão de sua filha em casamento, e ela aceitou imediatamente (afinal o príncipe, agora que não era mais um sapo, era um rapaz lindo, como dizem: um gatão!). Eles se casaram e viveram felizes para sempre. Tiveram lindos filhos de cabelos louros, sedosos e lisos, que eles adoravam pentear.” Fim

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Sapinha: – Você vê? É uma ofensa tão grande. Isso não é um conto de fadas, é um comercial de xampu de cabelo. Por que os contos de fadas têm sempre as mesmas princesas com seus sedosos cabelos dourados? Cadê o conto das lindas princesas carecas, de maravilhosas cabeças lustrosas? Ou sobre as princesinhas verdes? Ou sobre aquelas que são um pouco gosmentinhas? Você viu como falam dos sapos? Como alguém pode achar asquerosa uma criatura tão linda, tão verde? Como é lindo, numa noite de luar, ouvir o canto dos sapinhos a coaxar! Qual animal é mais gracioso ao pular? Não existe careca mais lustrosa ou verrugas laranjas mais alaranjadas que as de um sapo! E o único sapo dessa história, vira um humano. Isso é um absurdoooooo!!!!!!!! Autor: – Mas sapinha é só uma história... Sapinha: – Não, não é só essa história. Quer falar de Rapunzel e suas lindas e longas madeixas??? Da Bela Adormecida? Da Cinderela? Cadê as princesas com lindos cabelos crespos e afros enormes, grandes como coroas? Cadê as princesas ruivas com sardinhas? As carecas? Onde estão as princesas verdes que neste livro de contos não encontro. Ah! A princesa sapinha estava indignada. Ela reconhecia a beleza que via à mesa. Sua família, seus amigos, sua estirpe1 , era tudo tão mágico e magnífico. E a princesinha então pôs a boca no trombone. Convocou fadas e escritores. Fez um rebu para acabar com esse tabu. – Já ouviu falar no livro dos “Contos das Princesas mais Coloridas e Lindas que você nunca viu”? Não??? Vixi, é lindo, lindo mesmo! E tem príncipes que não precisam se transformar em nada não, muito obrigado. Cada um é bem lindo assim do jeito que é.

3º Passo autorreconhecimento Estimule as crianças a responderem a todas as perguntas a seguir, se necessário, releia os trechos da história para apoiá-las nessa reflexão. Instrução: Agora que vocês já ouviram a história, vamos pensar sobre o que aconteceu com a princesa sapinha.

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Lista das pessoas que pertencem à mesma família ou linhagem.

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Trechos da História para apoio: A Princesa Sapinha Era uma vez... em um mundo (bem pertinho daqui), o fantástico Reino dos Sapos Verdes da Grande Verruga Laranja. Estes eram os reis da saparia: a raça de sapos mais bonitos, verdes e gosmentos que você nunca viu (...) Como era a princesa Sapinha? Quais eram as suas características físicas? (...)A nossa grande alteza real, a princesa Sapinha Sapira do Patalago suspira, suspira e depois bufa. Está inconformada. A princesinha tinha nas mãos uma história triste para as princesas sapinhas verdes de grandes verrugas laranjas. Era um livro bem bonito, colorido, com letras caprichadas… mas os desenhos? A história??? Ohhhhh... Era puro terror. Puro terrooooor!!!!!!!!! (...) O que a princesa Sapinha estava sentindo quando leu a história da Princesa e o Sapo? Por que ela se sentia assim? (...)Era uma vez, uma linda princesinha, de longos cabelos louros e lisos, e olhos azuis, como o céu mais doce da primavera (...) Como era a princesa de longos cabelos dourados? Quais eram as suas características físicas? (...)Um belo dia estava a pentear seus lindos e dourados cabelos pertinho de um poço, quando, de repente: PLOFT! Sua escova de cabelo caiu bem lá, no fundão do poço. Princesinha: – Oh! Quem poderá me defender??? E, então, apareceu um sapo. Ele era todo verde e gosmento, absolutamente asqueroso (...) O que a princesa de longos cabelos dourados achava das características físicas do sapo, como ela o descrevia? (...)Um belo dia, estava a pentear seu lindo e dourado cabelo pertinho de um poço, quando, de repente: PLOFT! Sua escova de cabelo caiu bem lá, no fundão do poço. E, então, apareceu um sapo. Ele era todo verde e gosmento, absolutamente asqueroso. Ele se ofereceu para recuperar a adorada escova da princesinha. Mas não de graça! Haha Em troca, ele queria uma beijoca! Eca!!!! A princesa quis rejeitar a oferta, mas pensou e pensou e, enfim, concordou. Ela tinha um plano. O sapinho, muito corajoso, arriscou o próprio pescoço e, com muita dificuldade, recuperou a escova. Quando ele, ofegante e cansado, entregou a escova à princesa, ela ZAPT! 54


Deu no pé! Correu bem rápido, forte como um pé de vento. Saiu levantando uma poeirona na cara do pobre sapo, que estava com a língua arrastando no chão de tanta canseira. A atitude da princesinha de longos cabelos dourados de fugir do sapinho foi correta? Como será que o sapo se sentiu quando ela fugiu?

(...)Princesa sapinha: – Você viu como falam dos sapos? Como alguém pode achar asquerosa uma criatura tão linda, tão verde? Como é lindo, numa noite de luar, ouvir o canto dos sapinhos a coaxar! Qual animal é mais gracioso ao pular? Não existe careca mais lustrosa ou verrugas laranjas mais alaranjadas que a de um sapo! E a princesa sapinha o que ela achava das características físicas do sapo? Era uma vez... em um mundo (bem pertinho daqui), o fantástico Reino dos Sapos Verdes da Grande Verruga Laranja. Esses eram os reis da saparia: a raça de sapos mais bonitos, verdes e gosmentos que você nunca viu. A princesa sapinha reconhecia a beleza que via à mesa. Sua família, seus amigos, sua estirpe, era tudo tão mágico e magnífico. Vocês acham que a Princesa Sapinha era parecida com a família dela? E o que ela achava disso? (...)Princesa sapinha: – Cadê as princesas com lindos cabelos crespos e afros enormes, grandes como coroas? Cadê as princesas ruivas com sardinhas? As carecas? Onde estão as princesas verdes que, neste livro de contos, não encontro. E a princesinha então pôs a boca no trombone. Convocou fadas e escritores. Fez um rebu para acabar com esse tabu. – Já ouviu falar no livro dos “Contos das Princesas mais Coloridas e Lindas que você nunca viu”? Não??? Vixi, é lindo, lindo mesmo! E tem príncipes que não precisam se transformar em nada não, muito obrigado. Cada um é bem lindo assim do jeito que é. Como vocês acham que eram as histórias que a Princesa Sapinha pediu para os escritores escreverem no livro dos “Contos das Princesas mais Coloridas e Lindas”? Se você pudesse sugerir um personagem para os escritores quais seriam suas características físicas?

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Oficina III – A Princesa Sapinha Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro (convívio com a diferença). Objetivo: reconhecer o outro respeitando suas diferenças, sem discriminá-lo por palavras ou atitudes. Materiais necessários: lâmina “Viva a diferença! ”- kit Pense e Faça em Três Tempos. Desenvolvimento: 1º Passo Reconhecendo as diferenças. Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior, solicite que as crianças falem sobre a história e o que aprenderam sobre as características físicas. Apresente novamente a lâmina “Viva a Diferença!” e as estimule a falarem sobre as características físicas dos personagens. Explique os passos a seguir e solicite que, em cada passo, as crianças permaneçam em silêncio pensando por alguns minutos (1 a 2 minutos aproximadamente). Pode-se solicitar que, nesse momento, permaneçam de olhos fechados para facilitar o processo de concentração. 1º Passo (autorreconhecimento – como eu me vejo?) Instrução Agora, cada um vai pensar em suas próprias características físicas: • Qual é a cor da sua pele? • Como é o seu cabelo, qual a textura do seu cabelo (liso, encaracolado, crespo), qual a cor do seu cabelo (preto, castanho, louro)? • Seus olhos são grandes ou pequenos? Qual a cor dos seus olhos? • E a sua altura, você se acha alto, baixo ou acha que tem a altura adequada para sua idade? E seu peso, você se acha magro, gordo ou acha que possui o peso adequado? • Você possui alguma característica física que só você tem, como uma pintinha ou uma manchinha? 2º Passo (identificação – como quem eu me pareço?)

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Agora, cada um vai pensar com quem se parece fisicamente. • Na casa que você mora, você acha que tem alguém que se pareça com você? Alguém que tenha a mesma cor da sua pele ou que tenha os cabelos parecidos, ou os olhos, ou a mesma altura ou peso? • E, na escola que você estuda, tem alguém com a cor da pele, dos olhos ou do cabelo parecida com a sua? Ou a mesma altura, ou peso parecido? 3º Passo (semelhanças e diferenças) Professor, divida as crianças em grupos de aproximadamente cinco pessoas. É importante que haja diversidade de características físicas em todos os grupos. Agora, olhe para os seus colegas e veja as características físicas deles. • Somos todos iguais? • Tem alguém parecido com você nesse grupo? Alguém que tem a mesma cor de pele, dos olhos ou o cabelo parecida? Alguém que tem o corpo parecido com o seu? • Quais são as diferenças entre vocês? 2º Passo Reconhecendo a importância das diferenças.. Professor, após a realização dos passos 1, 2 e 3, forme novamente uma roda com os participantes sentados no chão. Todo mundo tem características próprias, a cor da pele, que pode ser morena, branca, preta, parda, existem cabelos ruivos, pretos, loiros e até coloridos, algumas pessoas são carecas e outras cabeludas, algumas são altas e outras são baixas, magras ou gordas, algumas pessoas são cegas, ou não podem ouvir e algumas podem não ter uma perna ou o braço, somos todos diferentes. Já pensou se todo mundo fosse igual, como seria chato olhar para um lado e para o outro e enxergar todo mundo igualzinho a você? As diferenças são muito importantes, cada pessoa é especial do jeito que é, mesmo que precise de óculos para enxergar melhor, de um aparelho para ouvir ou de muletas para andar. Mas será que são só as pessoas que têm diferenças? E os animais, as frutas, as flores, as cores, são todos iguais ou há diferenças? Estimule as crianças a falarem sobre as diferenças dos animais, frutas, flores, cores. Faça questionamentos, tais como: Instrução: Imaginem se só existissem frutas vermelhas, não existiria o limão, a laranja, o melão. Quais outras frutas não existiriam? 57


E se só existissem os animais voadores, não existiriam os peixes, nem os elefantes. Quais outros animais não existiriam? E se existissem apenas flores brancas, ou se existisse apenas uma cor, imagine como o mundo seria sem graça se tudo fosse igual.Por isso, as diferenças são tão importantes, assim, podemos conhecer muitas coisas novas, sentir vários perfumes nas diferentes flores, experimentar vários sabores de muitas frutas diferentes, o azedo e o doce, e colorir nossos desenhos com as várias cores que existem. No mundo inteiro, existem diferenças, mas todo mundo merece ser respeitado do jeito que é. Não importa a cor da sua pele, dos seus olhos ou como é o seu cabelo, não importa se você é alto ou baixo, magro ou gordinho, todas as pessoas merecem ser respeitadas e amadas do jeito que são. Todos têm os mesmos direitos e devem ter as mesmas oportunidades.Então, a partir de agora, vocês já conhecem a história da Princesa Sapinha, e sabem que não existem mais só as princesas e príncipes louros e de cabelos lisos, cada um pode criar sua princesa e seu príncipe do jeito que quiser: branco, preto, amarelo, vermelho, verde ou azul, com cabelo liso, encaracolado ou crespo, magrinho ou gordinho, alto ou baixo, porque ser deferente é muito legal. 3º Passo Método Pare, Pense e Faça – Viva a Diferença! Instrução: Se em algum momento você se sentir triste porque alguém disse que você é feio, ou gordo, ou baixinho, ou muito magro ou muito alto, ou lhe criticar por qualquer outra característica física, lembrese desses três passos:

Pare, Pense e Faça. Apresente as lâminas Pare, Pense e Faça explicando uma a uma. PARE, e lembre-se que você é especial do jeito que é. PENSE que as diferenças são muito importantes, porque são as diferenças que fazem o mundo ser mais bonito e colorido e que se todo mundo fosse igual seria muito chato. FAÇA, explique para a pessoa que lhe deixou triste que ser diferente é muito legal e que você deve ser respeitado.

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Oficina I – Os Dançarinos Coloridos Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro (conviver em grupo e respeitar as diferenças). Objetivo: promover o convívio saudável, a solidariedade e a cooperação. Materiais: necessários: não há. Desenvolvimento: Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Introdução Apresentamos as diferenças existentes nas características físicas, agora, introduziremos as diferenças presentes na personalidade. Instrução: Aprendemos que as características físicas fazem com que as pessoas sejam diferentes umas das outras, hoje, vamos aprender sobre as características da nossa personalidade.As características físicas mostram como nós somos por fora, ou seja, nossa aparência: a cor da nossa pele, dos nossos olhos, do nosso cabelo, as formas do nosso corpo.As características da nossa personalidade mostram como nós somos por dentro, por exemplo, algumas pessoas são calmas, outras são agitadas, tem aquela pessoa que é tagarela, e outras são mais tímidas, tem o corajoso que enfrenta qualquer situação, e aqueles que têm medo do escuro. São essas características que nos fazem ser tão diferentes na forma de pensar, de agir e até de falar. Agora, vamos pensar sobre algumas características da personalidade: Incentive as crianças a expressarem exemplos pessoais para facilitar o entendimento. Agitada: é aquela pessoa que não consegue ficar quieta, está sempre procurando alguma atividade para fazer. Calma: é aquela pessoa que prefere ficar sentada no banco, tomando seu lanche tranquilamente, do que ficar correndo e pulando na hora do recreio. Você conhece alguma pessoa calma, como ela é? E você conhece alguma pessoa agitada? E você, é uma pessoa calma ou agitada? Tagarela: é aquela pessoa que não para de falar, gosta de contar tudo que acontece à sua volta.

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Tímida: é aquela pessoa quietinha que sente vergonha quando tem de falar na frente, para todos os alunos da sala, às vezes, tem dificuldade de fazer uma nova amizade porque sente vergonha de chamar o outro para conversar. Você conhece alguma pessoa tagarela, como ela é? E você conhece alguma pessoa tímida? E você é uma pessoa tímida ou tagarela? Corajosa: é aquela pessoa que não desiste, mesmo que tenha de fazer uma coisa que pareça ser muito difícil. Medrosa: todo mundo tem medo de alguma coisa, há pessoas que têm medo de ficar sozinhas no escuro, outras têm medo altura, ou de filme de terror. Mas nós podemos enfrentar o medo. Se você estiver sentindo medo porque está em um quarto escuro, pode dizer_ “– escuro, eu não tenho medo de você” e o medo rapidinho vai embora. Você conhece alguma pessoa corajosa, como ela é? E você tem medo de quê?

Oficina II – Os Dançarinos Coloridos Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro (conviver em grupo e respeitar as diferenças). Objetivo: promover o convívio saudável, a solidariedade e a cooperação. Materiais necessários: CD - kit Pense e Faça em Três Tempos (história “Os Dançarinos Coloridos”). 1º Passo Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior. Já aprendemos que todas as diferenças são muito importantes! Cada pessoa é especial do jeitinho que ela é. Mas nem sempre sabemos como agir quando estamos participando de um grupo, pois as pessoas são diferentes umas das outras. Às vezes, você quer brincar de bola, mas seus colegas querem brincar de pular corda, outras vezes, você sente vontade de ficar apenas sentado conversando, mas seu colega quer brincar de correr. Vamos ouvir uma história muito interessante sobre vários amigos que não conseguiam se entender porque eram muito diferentes uns dos outros. 2º Passo Ouvir a história – “Os Dançarinos Coloridos”. 60


Os Dançarinos Coloridos Lilyan Teles

Ilustração: Oscar Matella

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No tempo dos contos de fadas, em um vilarejo distante, existia um menino chamado Pedrinho. Ele era um ótimo desenhista, estava sempre criando formas, combinando cores e recriando a vida ao seu redor na folha de papel. Até que um dia, ele ouviu um anúncio real: (som de trombetas) “– Amanhã, ao entardecer, haverá, no Palácio Real, o Concurso Anual dos Melhores Desenhos de Todo o Mundo Encantado!” Oh!!!! Pedrinho ficou todo animado! E, falando com seus botões, disse: – Eu sou o melhor desenhista do reino e, com certeza, irei ganhar! Sei desenhar bichos, meninos, meninas, bruxas, rainhas, castelos, monstros e tudo mais... Vai ser moleza! Correu até a marcenaria de seu pai para contar a novidade. O pai de Pedrinho ficou muito entusiasmado com a notícia. Ele era um homem muito sábio. E decidiu que chegara o momento de levar Pedrinho até o velho artesão mágico, que criava lápis encantados. Ele era o único no mundo que podia fabricar esses lápis mágicos. Eles tinham muita personalidade, brilho e podiam até falar! Era muito mais rápido e fácil desenhar com eles, pois bastava imaginar o desenho e pronto! Os lápis saíam dançando num maravilhoso balé por cima das folhas, criando as mais maravilhosas obras-primas. Mas, os lápis não obedeciam qualquer um não. Diziam que os lápis dançavam para pouquíssimas pessoas, para uma ou outra fada e para uma única bruxa. O artesão mágico alertou Pedrinho: – Todas as cores são bonitas e cada uma tem um poder especial! Para pintar com esses maravilhosos lápis, você terá de ser o mestre deles. Deverá conduzi-los com a bondade de seu coração e a liberdade de sua mente. Mas, atenção! Se for ganancioso ou arrogante, não poderá mais aprender com eles nem guiá-los e, assim, a magia desaparecerá. Boa sorte, menino! Pedrinho pegou a caixa de lápis e saiu correndo, quase tropeçando e caindo no chão! Ele tinha certeza que com aqueles lápis ele seria invencível. Ele correu aceleradamente até sua casa para criar o desenho mais incrível de todos os tempos. O desenho que o faria vencedor daquele concurso. – Pedrinho! Espere! Espere meu filho! – Gritou seu pai, correndo para alcançá-lo. Mas o menino não ouviu. Todo ofegante, chegou a sua casa e apoiou a caixa de lápis mágicos sobre a mesa. E então ouviu uns barulhos muito estranhos. Uma gritaria danada. O que é isso? Olhou ao seu redor e não viu ninguém. Estava sozinho em casa. Mas, para sua grande surpresa, percebeu que o barulhinho vinha da caixinha! Os lápis gritavam uns com os outros para decidir qual cor ficaria mais bonita no desenho. 62


– Sou eu! – Gritava, convencido, o Lilás. – Mas é claro que sou eu! – Gritava mais alto ainda o Marrom. – Imaginem, vocês são ridículos! É óbvio que eu sou a cor mais importante!!! – Urrava o Preto. Então, sem pedir permissão, pularam da caixa e saíram em busca de uma folha em branco. Pedrinho correu para pegá-los e colocá-los de volta na caixa, mas eles eram danadinhos e escondiamse em todos os cantinhos. Então, ele teve uma ideia para recuperá-los. Colocou sobre a mesa uma folha de papel branquinha, novinha em folha. Os lápis começaram uma corrida estranha, o seu Laranja derrapou bem no meio da folha, assim, fazendo uma linha reta, depois, veio o Amarelo pulando no papel e rebolando para fazer o Sol, o Azul completou com o céu, o Verde correu em zigue-zague para fazer o gramado. O Preto passava por cima dos outros. Rosa, Vermelho, Branco, Cinza, também, participavam da algazarra. Todos dançavam numa dança maluca e nenhum respeitava o espaço do outro. Pedrinho ficou muito bravo e gritou para que parassem! Os lápis, alheios à gritaria, continuaram... Gritou, gritou, gritou e nada da dança parar. – Eu vou ganhar este concurso, e vocês não vão me atrapalhar! – Dizia o menino muito bravo. Os lápis continuaram... Foi aí que Pedrinho se lembrou das sábias palavras do velho artesão... respirou profundamente, contou até dez e acalmou-se. Então disse: – Todas as cores são bonitas e cada uma tem um poder especial! Eu sou o vosso mestre. E quero criar o desenho mais incrível de todos os tempos. Quero deixar meu pai orgulhoso. Se trabalharmos todos juntos, sei que podemos fazer isso! Todas as cores são belas e importantes no meu coração!!!! Todos os lápis pararam o que estavam fazendo e ouviram quietinhos Pedrinho falar. Quando ele terminou, devagarzinho, de rabisco em rabisco, todos juntos recomeçaram a dançar! Mas era uma dança diferente, harmoniosa, onde todos respeitavam o espaço do outro. Afinal, em um desenho bonito, cada risquinho é importante. Pedrinho ficou encantado! Era muito bonito... Então, o mestre das cores se pôs a dançar com seus lápis! Dançou, dançou, dançou, até pegar no sono. Seu pai, que o observava da janela, sorrindo, entrou em casa, e com muito carinho levou o pequeno para a cama. Pedrinho teve sonhos felizes com todas as cores dançando, girando, misturando-se, fazendo piruetas no ar. Na manhã seguinte, Pedrinho acordou muito feliz, era o grande dia do concurso de desenhos! – Mas o que é isso? Oh! Não! O desenho! Isso não se parece nada com o que eu tinha imaginado. 63


Buááááááá!!! Buááááááá!!! Chorou e chorou sobre o desenho, até não ter mais lágrimas. – Não vou mais a este concurso! – Disse decidido. Seu pai pegou o desenho e guardou com muito cuidado. Chamou o menino para ir ao concurso, mesmo sem competir, só para admirar os desenhos das outras crianças. Pedrinho não queria ir, mas, chegando lá, viu desenhos tão maravilhosos que até se esqueceu que estava triste. De repente, ele ouve um dos jurados dizer seu nome. Seu desenho estava entre os melhores! - Mas como? Seu pai entregara o desenho para os jurados, enquanto Pedrinho estava distraído, vendo as outras obras. O desenho de Pedrinho não era mais a confusão de antes. As lágrimas doces do menino fizeram com que as cores mágicas entrassem em harmonia e criassem uma paisagem maravilhosa: um céu todo rosa-alaranjado, com o Sol se pondo por trás das copas de frondosas árvores, repletas de multicoloridas folhas que dançavam com o vento. Pedrinho olhou para seu pai e, depois, para seu desenho. Estava feliz. As cores pareciam dançar e fazer piruetas sobre o papel, como em seu sonho! Então, repetiu feliz para si mesmo: – Todas as cores são belas e importantes no meu coração! E não via a hora de voltar para casa e dançar de novo com seus fantásticos lápis mágicos.

3º Passo Conversando sobre a história. Estimule as crianças a responderem a todos os questionamentos a seguir, se necessário, releia os trechos para apoiá-las nessa reflexão. Após essa reflexão é importante que as crianças consigam fazer distinção entre os dois principais pontos da história: o que acontece quando os lápis agem de forma desordenada e o que acontece quando agem com respeito e cooperação. Vou ler alguns trechos da história “Os Dançarinos Coloridos” e vamos responder a algumas perguntas. Trecho 01 (...)No tempo dos contos de fadas, em um vilarejo distante, existia um menino chamado Pedrinho. Ele era um ótimo desenhista, estava sempre criando formas, combinando cores e recriando a vida ao seu redor na folha de papel. Até que um dia, ele ouviu um anúncio real: (som de trombetas) 64


“– Amanhã, ao entardecer, haverá, no Palácio Real, o Concurso Anual dos Melhores Desenhos de Todo o Mundo Encantado!” Oh!!!! Pedrinho ficou todo animado! E, falando com seus botões, disse: – Eu sou o melhor desenhista do Reino e com certeza irei ganhar! Sei desenhar bichos, meninos, meninas, bruxas, rainhas, castelos, monstros e tudo mais... Vai ser moleza! (...) Pergunta Você gosta de desenhar? Já participou de algum concurso de desenho? Trecho 02 (...)O pai de Pedrinho ficou muito entusiasmado com a notícia (...) E decidiu que chegara o momento de levar Pedrinho até o velho artesão mágico, que criava lápis encantados. (...) Eles tinham muita personalidade, brilho e podiam até falar! Era muito mais rápido e fácil desenhar com eles, pois bastava imaginar o desenho e pronto! Os lápis saíam dançando num maravilhoso balé por cima das folhas, criando as mais maravilhosas obras-primas. Mas os lápis não obedeciam qualquer um não. O artesão mágico alertou Pedrinho: – Todas as cores são bonitas e cada uma tem um poder especial! Para pintar com esses maravilhosos lápis, você terá de ser o mestre deles. Deverá conduzi-los com a bondade de seu coração e a liberdade de sua mente. Mas, atenção! Se for ganancioso ou arrogante, não poderá mais aprender com eles nem guiá-los e, assim, a magia desaparecerá (...) Pergunta O que você acha que o Pedrinho precisava fazer para que os lápis o obedecessem e criassem um lindo desenho? Trecho 03 Pedrinho pegou a caixa de lápis e saiu correndo (...) chegou em sua casa e apoiou a caixa de lápis mágicos sobre a mesa. E, então, ouviu uns barulhos muito estranhos. Uma gritaria danada. O que é isso? (...) Os lápis gritavam uns com os outros para decidir qual cor ficaria mais bonita no desenho. – Sou eu! – Gritava, convencido, o Lilás. – Mas é claro que sou eu! _Gritava mais alto ainda o Marrom. – Imaginem, vocês são ridículos! É óbvio que eu sou a cor mais importante!!! – Urrava o Preto. Então, sem pedir permissão, pularam da caixa e saíram em busca de uma folha em branco. (...) Os lápis começaram uma corrida estranha, o seu Laranja derrapou bem no meio da folha, fazendo uma linha reta, depois, veio o Amarelo pulando no papel e rebolando para fazer o Sol, o Azul completou com o céu, o Verde correu em zigue-zague para fazer o gramado. O Preto passava por cima dos outros. Rosa, Vermelho, Branco e Cinza, também, participavam da algazarra. 65


Todos dançavam numa dança maluca e nenhum respeitava o espaço do outro (...) Pergunta O que aconteceu quando Pedrinho chegou com seus lápis mágicos em casa? Com os lápis agindo dessa forma tão bagunçada, vocês acham que o Pedrinho poderia ganhar o concurso? Trecho 04 (...)Foi aí que Pedrinho se lembrou das sábias palavras do velho artesão... Respirou profundamente, contou até dez e acalmou-se. Então, disse: – Todas as cores são bonitas e cada uma tem um poder especial! Eu sou o vosso mestre. E quero criar o desenho mais incrível de todos os tempos. Quero deixar meu pai orgulhoso. Se trabalharmos todos juntos, sei que podemos fazer isso! Todas as cores são belas e importantes no meu coração!!! Todos os lápis pararam o que estavam fazendo e ouviram quietinhos Pedrinho falar. Quando ele terminou, devagarzinho, de rabisco em rabisco, todos juntos recomeçaram a dançar! Mas era uma dança diferente, harmoniosa, onde todos respeitavam o espaço do outro. Afinal, em um desenho bonito, cada risquinho é importante (...) Pergunta O que aconteceu quando Pedrinho disse para os lápis coloridos que todos eram importantes? O que os lápis fizeram depois que ouviram a Pedrinho? Trecho 05 Na manhã seguinte, Pedrinho acordou muito feliz, era o grande dia do concurso de desenhos! - Mas o que é isso? Oh! Não! O desenho! Isso não se parece nada com o que eu tinha imaginado. Buááááááááá!!! Buááááááááá!!! Chorou e chorou sobre o desenho até não ter mais lágrimas. – Não vou mais a este concurso! – Disse decidido. Seu pai pegou o desenho e guardou com muito cuidado. Chamou o menino para ir ao concurso, mesmo sem competir, só para admirar os desenhos das outras crianças. Pedrinho não queria ir, mas, chegando lá, viu desenhos tão maravilhosos que até se esqueceu que estava triste. De repente, ele ouve um dos jurados dizer seu nome. Seu desenho estava entre os melhores! – Mas como? Seu pai entregara o desenho para os jurados, enquanto Pedrinho estava distraído, vendo as outras obras. O desenho de Pedrinho não era mais a confusão de antes. As lágrimas doces do menino fizeram com que as cores mágicas entrassem em harmonia e criassem uma paisagem maravilhosa: um 66


céu todo rosa-alaranjado, com o Sol se pondo por trás das copas de frondosas árvores, repletas de multicoloridas folhas que dançavam com o vento. Pedrinho olhou para seu pai e, depois, para seu desenho. Estava feliz. As cores pareciam dançar e fazer piruetas sobre o papel, como em seu sonho! Então, repetiu feliz para si mesmo: – Todas as cores são belas e importantes no meu coração! E não via a hora de voltar para casa e dançar de novo com seus fantásticos lápis mágicos. Pergunta Você já se sentiu triste por achar que algo que você fizera não tinha ficado do jeito que você gostaria? E o que você fez, desistiu ou tentou de novo?

Oficina III – Os Dançarinos Coloridos Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro (conviver em grupo e respeitar as diferenças). Objetivo: aprender a resolver situações de conflito de forma pacífica. Materiais Necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo Método Pare, Pense e Faça - solucionando situações de conflito! Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior, solicite que as crianças falem sobre a história. Estimule as crianças quanto à reflexão da importância da resolução das situações de conflito de forma pacífica. Instrução: Quando participamos de atividades em grupo, como um jogo na aula de Educação Física, ou um trabalho escolar, ou quando brincamos com um grupo de amigos, podem ocorrer situações que geram desentendimento, assim como na história “Os Dançarinos Coloridos”. Os lápis eram diferentes uns dos outros, e cada um queria fazer o desenho do seu jeito, e isso gerou um conflito. Essas situações de conflito acontecem porque as pessoas também são diferentes umas das outras, mas, quando estamos realizando uma atividade em grupo, precisamos encontrar uma maneira de 67


resolver os conflitos que aparecem. Conflitos são situações de desentendimento, como, por exemplo, quando as pessoas de um mesmo grupo não conseguem se entender porque cada um quer fazer a atividade do seu jeito. Agora, vamos aprender alguns passos que nos ajudarão a resolver essas situações de conflito. Técnica: Pare, Pense e Faça – solucionando situações de conflito! Esta técnica é destinada a ajudar os alunos a distinguirem entre os problemas pelos quais são responsáveis e pelos demais causados devido a fatores fora de seu controle. Esta técnica ajuda as crianças que têm dificuldade de aceitar que seu próprio comportamento pode ter causado ou contribuído para um problema. Instrução: Exponha as lâminas Pare, Pense e Faça, apresentando cada etapa e situação a seguir relacionadas. Etapa I: identificando uma situação de conflito no grupo. Pare e olhe para a situação. Como eu sei quando ocorre uma situação de conflito? I – Pela maneira como você se sente: quando estamos em uma situação onde existe um conflito, sentimo-nos desconfortáveis e incomodados. E por que nos sentimos assim? Pode ser que você não concorde com a maneira conforme a qual o grupo decidiu fazer aquela atividade. Exemplos Todos decidiram que você não poderá participar dessa brincadeira porque já tem o número certo de participantes e resolvem lhe deixar sentado no banco, e isso lhe deixou muito chateado. II – Porque alguém ou algumas pessoas do grupo não concordam com a maneira que será desenvolvida a atividade: pode ser que você concorde com a maneira que o grupo decidiu fazer a atividade, mas uma ou mais pessoas do grupo podem não concordar, e isso pode gerar um conflito. Exemplo: A professora da escola pediu que fosse realizado um trabalho de pesquisa em grupo, e o tema é de 68


livre escolha, um colega sugeriu que o tema da pesquisa fosse “esportes praticados no gelo”, você concordou com o tema, mas dois colegas do grupo querem pesquisar sobre “esportes aquáticos”, e isso gerou um conflito no grupo. Agora que você já sabe identificar uma situação de conflito no grupo, ou seja, aquela situação em que as pessoas do grupo não concordam com a mesma coisa, vamos pensar sobre o que pode causar um conflito no grupo. Etapa II – Pense – O que causou essa situação de conflito no grupo? Existem algumas maneiras para você descobrir o que gerou aquela situação de conflito no grupo. I – Pensando sobre o seu próprio comportamento: pense sobre seu comportamento: você está fazendo ou falando algo que está prejudicando alguém no grupo? Alguns conflitos podem ser causados por nós mesmos, mesmo que a gente não tenha a intenção. Exemplo: o professor precisa interromper a aula várias vezes e pedir que você faça silêncio, seus amigos estão incomodados, mas você está muito empolgado contando para o seu colega sobre um presente muito legal que você ganhou do seu tio e acaba atrapalhando a aula. II – Pensando sobre o comportamento dos seus colegas de grupo: algum colega do grupo está fazendo ou falando algo que está prejudicando alguém no grupo. Exemplo: você está brincando de bola com um grupo de amigos na hora do recreio, mas seus amigos nunca passam a bola para você. III – Não existe um culpado! Ninguém está fazendo ou falando algo que está prejudicando o grupo, mas precisam conversar e pensar como resolver essa situação de conflito. Exemplo: Você e seus primos estão de férias na casa da sua tia, está chovendo, e vocês precisam pensar em uma brincadeira que se possa fazer em casa, mas cada um quer brincar de uma coisa diferente. Depois que você identificou que existe um conflito no grupo e já sabe identificar o que está causando aquela situação, chegou o momento de resolver.

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Etapa III – Faça – Resolvendo uma situação de conflito no grupo! Como faço para resolver essa situação de conflito? Você pode escolher dois caminhos: I – Converse com seus colegas e juntos tentem resolver a situação. II – Você pode pedir ajuda de alguém para resolver a situação, pode ser o professor, ou se a situação acontecer na sua casa, você poderá pedir a ajuda dos seus pais, tios, avós, alguém que não faça parte do grupo e que possa ajudá-los. Vamos aprender sobre como conversar com o grupo para resolver uma situação de conflito na próxima oficina. Fixando o conhecimento!

Pare, Pense e Faça – solucionando situações de conflito. Agora você já sabe que toda vez que estiver participando de um grupo e sentir-se desconfortável ou incomodado com alguma situação você pode: PARE, antes de tomar qualquer decisão, olhe para a situação e veja se é uma situação de conflito. PENSE, o que causou esta situação de conflito no grupo? Foi o seu próprio comportamento ou algo que você falou, ou pode ter sido o comportamento de algum colega do grupo, ou talvez não exista nenhum culpado, o grupo só não está conseguindo se entender. FAÇA, converse com o grupo ou solicite o apoio de outra pessoa para ajudá-los a solucionar a situação. O importante é saber que as situações de conflito podem acontecer em qualquer grupo, pois as pessoas são diferentes e pensam de forma diferente, mas não precisam brigar ou ter uma atitude agressiva para resolver a questão, podem sempre conversar e encontrar uma solução que seja boa para todos os membros do grupo.

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Oficina IV – Os Dançarinos Coloridos Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro (conviver em grupo e respeitar as diferenças). Objetivo: aprender a resolver situações de conflito de forma pacífica. Materiais Necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo Relembre a oficina anterior e apresente novamente o quadro “Fixando o conhecimento!”. 2º Passo Simulações É importante que as crianças compreendam claramente como o método Pare, Pense e Faça funciona e como aplicá-lo em um caso de conflito quando estiverem em uma atividade de grupo, por isso sugerimos os seguintes exercícios de simulação: Instrução: Vamos pensar na história “Os Dançarinos Coloridos”, quando eles pararam para ouvir o que o Pedrinho tinha a dizer e perceberam que cada cor era importante, eles conseguiram fazer um belo desenho. Esse método ensina que podemos resolver as situações de conflito em grupo, sem agredir ou gritar, vocês podem conversar e encontrar uma solução que será boa para todos. Agora, vamos criar algumas situações e verificar como o método Pare, Pense e Faça funciona. As crianças poderão ser divididas em três grupos: Utilize as lâminas Pare, Pense e Faça para apoiar as crianças no passo a passo da aplicação do método. Simulação 1 (grupo 1): Situação: Nas aulas de Educação Física, Ruan sempre quer ser o capitão do time, nunca deixa que os outros alunos tenham a oportunidade de desempenhar essa função. Carlos e Tiago, também, gostariam de 71


ser capitães. Como utilizar o método Pare, Pense e Faça para solucionar essa situação? Deixe que as crianças do grupo 01 descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Existe um conflito nesta situação? Por quê? O que causou esta situação de conflito? Como esta situação pode ser resolvida? Eles podem resolver esta situação sozinhos ou devem solicitar o apoio do professor? Estimule as crianças dos outros grupos a também expressarem sua opinião sobre a forma como o grupo 01 utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Simulação 2 (grupo 2): Situação: A professora da escola dividiu os alunos da sala em grupos, cada grupo ficou com seis alunos. Ela solicitou que cada grupo elaborasse uma redação sobre as olimpíadas. No seu grupo, seus cinco colegas querem fazer a redação com o tema “As olimpíadas no Brasil”, mas você não quer fazer sobre esse tema, está muito chateado e disse que não vai ajudar. O apoio de todos os membros do grupo é muito importante, todos precisam colaborar. Como utilizar o método Pare, Pense e Faça para solucionar esta situação? Deixe que as crianças do grupo 02 descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Existe um conflito nesta situação? Por quê? O que causou esta situação de conflito? Como esta situação pode ser resolvida? Vocês podem resolver esta situação sozinhos ou devem solicitar o apoio do professor? Estimule as crianças dos outros grupos a também expressarem sua opinião sobre a forma como o grupo 02 utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Simulação 3 (grupo 3): Situação: Júlia está assistindo a um programa na televisão, e essa é a única TV da sua casa e seus dois irmãos querem jogar videogame. Como utilizar o método Pare, Pense e Faça para solucionar esta situação? 72


Deixe que as crianças do grupo 03 descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Existe um conflito nesta situação? Por quê? O que causou esta situação de conflito? Como esta situação pode ser resolvida? Júlia pode resolver esta situação sozinha ou deve solicitar o apoio de outra pessoa? Estimule as crianças dos outros grupos a também expressarem sua opinião sobre a forma como o grupo 03 utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Conduza outras simulações realizando repetições suficientes para que a aprendizagem seja assimilada. Diversifique, apresente variadas situações que sejam recorrentes no dia a dia das crianças, proponha exercícios para mais além do cotidiano escolar, com isso, proporcionando a transcendência da aprendizagem para outras áreas.

Oficina V – Os Dançarinos Coloridos Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro (conviver em grupo e respeitar as diferenças). Objetivo: aprender a resolver situações de conflito de forma pacífica. Materiais Necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior e a utilização do método Pare, Pense – Solucionando situações de conflito. Estimule as crianças quanto à reflexão da importância de saber se comunicar, saber como falar e a importância da escuta. Instrução: Aprendemos na oficina anterior que situações de conflito podem ocorrer quando estamos realizando uma atividade em grupo, mas que podemos resolvê-las de forma pacífica utilizando a técnica Pare, Pense e Faça. 73


Hoje, vamos aprender como conversar com um colega ou com o grupo para resolver uma situação de conflito. A maneira como falamos com nossos colegas pode ajudar a resolver a situação ou pode gerar mais problemas, pois a maneira como falamos pode deixar um colega triste, chateado ou com raiva, por isso, precisamos saber a forma adequada de falar. Como conversar com meus colegas quando surgir uma situação de conflito? Etapa I – Decida sobre o que você quer falar: antes de conversar com um colega ou com o grupo para solucionar uma situação de conflito, pense “posso fazer isto sozinho ou preciso de ajuda de alguém?”. Se você decidir que pode fazer sozinho, pense sobre o que você gostaria de falar. a)Você pode fazer um pedido de desculpas, se você percebeu que estava causando uma situação de conflito. “Desculpa por eu ter causado esta situação, não foi a minha intenção, eu não vou mais agir dessa maneira”. b)Você pode dizer a um colega o que está sentindo e propor que ele mude uma atitude que está lhe incomodando. “Eu me senti excluído do jogo, por favor, da próxima vez, passe a bola para mim”. c)Você pode dizer ao grupo que vocês precisam conversar para encontrar uma solução para o conflito. “Precisamos conversar e pensar em uma solução, vamos fazer uma votação para decidir qual brincadeira faremos agora?” Etapa II: Não culpe seus colegas, procure a solução: quando você decidir conversar com um colega ou com o grupo, é importante que você seja amigável. Ao invés de culpar seu colega, diga como se sente e tente encontrar a solução com gentileza. Lembre-se que as pessoas são diferentes, por isso, têm opiniões diferentes, mas sempre podemos encontrar uma solução. Etapa III: Encontre o melhor momento: muitas vezes, para resolver um problema, precisamos esperar passar um tempo desde que ele ocorreu para que possamos nos acalmar, quando estamos com raiva ou tristes, podemos dizer palavras que podem magoar as outras pessoas. Antes de iniciar a conversa, pense: preciso falar agora ou posso esperar até que todos se acalmem? Lembre-se que é importante ouvir o que a outra pessoa tem a dizer, deixar que ela também expresse suas opiniões.

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Professor, este momento pode ser utilizado para refletir com as crianças a importância do pedido de desculpas. Às vezes, sabemos que precisamos pedir desculpas para a outra pessoa, mas você pode achar difícil porque sentimos medo ou vergonha, mas, quando pedimos desculpa, ficamos aliviados, e a outra pessoa não ficará mais chateada. 3ºPasso - Introduzindo o método Pare, Pense e Faça – Solucionando situações de conflito, nas aulas de Educação Física. Informe as crianças que, a partir de agora, em todas as aulas, sempre que ocorrer alguma situação de conflito durante as atividades de grupo, elas deverão utilizar o método Pare, Pense e Faça – Solucionando situações de conflito. Sempre, no início de cada aula, relembre as crianças do método. É importante que elas saibam que existem situações que podem ser resolvidas por elas, mas, em algumas situações, devem solicitar o apoio do professor. 4º Passo – Transcendência Após o término da atividade física, solicite que as crianças formem uma roda de maneira que possam se enxergar. Caso tenha ocorrido, durante a atividade do dia, alguma situação de conflito sobre a qual as crianças queiram conversar, deixe que elas descrevam a situação e depois as estimule fazendo as seguintes reflexões: Você utilizou o método Pare, Pense e Faça para solucionar esta situação? Como você identificou que se tratava de uma situação de conflito? O que você fez? Observações importantes: • Realize essa oficina frequentemente. Seu uso pode ser diário. • Durante as primeiras vezes em que o método for utilizado, pode ser difícil para as crianças solucionarem as situações sem o apoio do professor, o importante é que se sintam estimuladas a encontrar soluções pacíficas ao invés de culpar os colegas. • Sempre que ocorrer uma situação em que os passos não são seguidos, no momento da transcendência, faça questionamentos como: “Você utilizou o método Pare, Pense e Faça?” “Você parou para pensar sobre o que gerou a situação de conflito?” “Por que você não tentou conversar com seu colega para resolver a situação?” • Sempre dê um retorno aos alunos após a utilização do método. Descreva se eles cumpriram bem os passos ou o que poderiam ter feito diferente.

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Oficina VI – Os Dançarinos Coloridos Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro (conviver em grupo e respeitar as diferenças). Objetivo: transcender o método Pare, Pense e Faça para outras áreas. Materiais Necessários: lâmina Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo Transcendência do Método Pare, Pense e Faça – Solucionando situações de conflito. Após três semanas de aplicação do método Pare, Pense e Faça – Solucionando situações de conflito, é hora de transcendê-lo para outras áreas. Antes do início da atividade física, converse com as crianças sobre em que outras áreas da vida poderiam utilizar o método Pare, Pense e Faça. Instrução: Essas habilidades também podem ajudá-los em outros locais e situações. Vamos pensar em que outros momentos você poderia utilizar o método: Pare, Pense e Faça! Será que ele pode ser utilizado somente nas aulas de Educação Física? Onde mais? • Reflita com as crianças em que situações específicas e locais, como casa, sala de aula, etc., elas utilizariam o método. Ajude-as a pensar em situações reais, faça simulações de alguns casos. • Faça perguntas que ajudarão as crianças a melhor compreender como utilizar os passos Pare, Pense e Faça em outros locais. • Após uma semana, pergunte se precisaram utilizar os passos: Pare, Pense e Faça – Solucionando situações de conflito em alguma situação.

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Oficina I – O Mistério do Tabuleiro Habilidade: competências relacionais – interação Objetivos: interagir, aprender a comunicar-se, saber falar e saber ouvir. Materiais necessários: CD kit Pense e Faça em Três Tempos (história “O Mistério do Tabuleiro”). Desenvolvimento: Forme uma roda com os participantes sentados no chão. 2º Passo Ouvir a história – “O Mistério do Tabuleiro”

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O Mistério do Tabuleiro Lilyan Teles

Ilustração: Oscar Matella

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Era uma vez, uma pequena Estátua que vivia assim... paradinha, bem no meio de uma praça abandonada, lá no bairro Padre Bento. Era uma Estátua como aquelas que a gente vê por aí, sabe? Algumas são de bronze, outras de cobre, de prata, de pedra, mármore e até de madeira. Mas esta era diferente. Porque ela morava nesta praça muito assustadora... Parecia que a praça se escondia de todos. Ela estava toda coberta de lixo, o mato cobria as flores, e as árvores estavam secas. Era cheia de objetos que as pessoas esqueciam ali, mas nunca mais voltavam para buscar. E aquilo tudo deixava a praça parecendo um lugar assombroso, macabro... Ai que medo! A Estátua que morava na praça tinha a forma de um homem pequenino, sentado no banco, olhando para uma mesa onde tinha um jogo de tabuleiro. As crianças da vizinhança tinham muito medo dela. E não chegavam nem perto. Mas não se desesperem! Sabemos que, de tempos em tempos, surge um herói, ou uma heroína, que chega para mudar tudo de lugar. E chegou mesmo! Luzia era o nome dela. Sua família tinha acabado de chegar nesta cidade e, ainda, não conheciam ninguém. As crianças da rua fugiam dela porque achavam que ela era um pouco esquisita e quieta demais. Ela era muito tímida e, portanto, não conseguia falar direito com ninguém. Se uma criança aparecia na sua frente, rapidinho, abaixava a cabeça de tanta vergonha e ficava com as bochechas bem rosadas, e sentia uma vontade danada de se esconder! Por isso, Luzia acabava brincando sempre sozinha. E uma das brincadeiras que ela mais gostava de fazer era ficar na janela contando quantas pessoas passavam. Contava quantos homens de sapato preto, quantas mulheres de vestido verde, quantas crianças de cabelos enrolados e assim por diante. E foi numa dessas brincadeiras que viu da sua janela aquela figura parada. E ele não saía de lá... Luzia até contou os minutos: tique-taque, tique-taque ... – AH! – Pensou ela. – Se ele não saiu de lá, é porque quer fazer amizade! Resolveu então tomar coragem e ir conversar com a figura parada, mesmo que ficasse com vergonha e suas bochechas ficassem rosadas. Foi com um pouco de medo, chegou bem pertinho e... — Puxa vida! É uma estátua! — A menina riu dela mesma, achando graça. Então brincou que a Estátua era gente e falou, falou, falou. Conversou, durante toda a tarde, com seu novo amigo. As crianças que moravam ali pertinho ficaram impressionadas. Como é que ela, justo ela, que não falava com ninguém, parecia não ter medo da Estátua horrível nem desta praça assustadora?! E assim passaram os dias. Depois da escola, Luzia passava sempre na praça e conversava com a Estátua. 79


E foi em um desses dias que resolveu olhar bem de pertinho o que tinha no tabuleiro. Aquele que a Estátua olhava sempre, com os olhos esbugalhados... — Mas que surpresa! Não era um tabuleiro de jogo comum, ele tinha umas letrinhas, umas frases engraçadas! Seria um mapa? Sim! — Uauuu!!!! Um mapa do tesouro! E nele vinha escrito o seguinte: “Olhe para o chão! E olhe para o Tabuleiro Preste atenção Não tenho o dia inteiro Se errar comece de novo Isto aqui é um jogo Quero ver o seu empenho Em cima e embaixo tem o mesmo desenho Quem jogar terá o maior tesouro de todos!” Luzia ficou muito feliz! Tinha encontrado um tesouro como aqueles dos filmes! Naquela noite, não conseguiu dormir direito. No dia seguinte, foi para a escola e ficou pensando, até que, finalmente, Eureka! Ela teve uma grande ideia! Assim que acabou a aula, saiu correndo. Tinha adivinhado a charada, existia um tabuleiro no chão da praça! É isso! Mas como ela faria para descobrir o tabuleiro sozinha? Pensou, pensou e teve mais uma ideia: – Sozinha? Não! Vou chamar as crianças. E foi aí que ela tomou coragem e falou com a criançada da sua rua. Contou que, no mapa do tesouro, tinha um desenho, e era o mesmo desenho que estava no chão daquela praça, e que eles não conseguiam ver porque ela estava toda coberta pelo lixo. – Como assim? Enterrado? Perguntavam curiosos. As crianças prestaram atenção na história e, no final, queriam ver o tesouro! Saíram correndo com a Luzia e chegando lá...Uau! Era tudo verdade! – Mas como vamos ver o desenho no chão? Está tudo sujo e coberto de mato! – Disse um menino. – Ora, vamos tirar tudo o que está por cima dele – disse Luzia que, nesta hora, sentiu seu coração bater forte, e não sentia mais tanta vergonha. Viu que todos queriam muito ver o tabuleiro e que mistério era aquele. Uma das meninas foi para casa pegar baldes e vassouras. Outra menina acabava de voltar da aula e falou para as amigas levarem as lixeiras coloridas que tinham feito para separar o lixo na escola! – Isso! Boa ideia! Disse Luzia, vendo que estavam todos empolgados para saber o que tinha no 80


chão da praça. Outros dois meninos diziam que os seus tios tinham enxadas e pás para tirar o mato e foram correndo para casa chamá-los. Aos poucos, todas as crianças chegavam com seus pais, tios, avós e amigos, que resolveram ajudar também. Depois, outras pessoas que moravam ali, ao saberem do tesouro, foram ver a praça e lembravam como era antigamente: linda, limpa e cheia de gente! Mas para isso precisava de muita gente para fazer aquele chão aparecer. E limpa e varre, e corta o mato, e tira o lixo e cava e... Ufa! Foi um dia inteirinho e todos que chegaram fizeram um pouquinho. E bem devagarzinho, como se estivessem em busca de um tesouro de piratas, viram o desenho aparecer... O tabuleiro estava lá! Um tabuleiro gigante onde todos poderiam jogar. Eles mesmos poderiam ser as peças! E, agora, dava para ver a praça! Que estava limpa e toda arrumada, nem parecia a praça mal-assombrada! Toda a vizinhança correu para ver! Quem sabia jogar xadrez, começava a transformar-se em rainha, torres, peões e cavalos! Quem sabia jogar dama, até se vestiu de preto e branco. Pulavam de um quadrado a outro e divertiam-se muito. A comunidade toda se reunia lá e era tudo tão divertido que os dias passavam com alegria. E a pequena Estátua ainda estava lá, no meio da praça, mas, desta vez, com outro brilho. Tudo era tão bonito agora que podiam ver as plantas, as flores, as árvores! A Estátua nunca mais ficou sozinha, e Luzia realmente tinha encontrado o verdadeiro tesouro da praça.

3º Passo Conversando sobre a história. Estimule as crianças a responderem a todos os questionamentos a seguir, se necessário, releia os trechos para apoiá-las nessa reflexão. Vou ler alguns trechos da história “O Mistério do Tabuleiro” e vamos responder a algumas perguntas. Trecho 01 (...) Era uma vez, uma pequena Estátua que vivia (...) bem no meio de uma praça abandonada... (...) ela morava nesta praça muito assustadora... Parecia que a praça se escondia de todos. Ela estava toda coberta de lixo, o mato cobria as flores, e as árvores estavam secas. Era cheia de objetos que as pessoas esqueciam ali, mas nunca mais voltavam para buscar. 81


E aquilo tudo deixava a praça parecendo um lugar assombroso, macabro... Ai que medo! As pessoas que passavam por ali não ligavam mais para a Estátua (...) toda coberta de coco de passarinho... As crianças da vizinhança tinham muito medo dela. E não chegavam nem perto. (...) Perguntas As crianças gostavam de passear e brincar na praça? Por quê? Você conhece alguma praça assim? Trecho 02 (...) Mas não se desesperem! Sabemos que de tempos em tempos surge um herói, ou uma heroína, que chega para mudar tudo de lugar. E chegou mesmo! Luzia era o nome dela. Sua família tinha acabado de chegar nesta cidade e, ainda, não conheciam ninguém. As crianças da rua fugiam dela porque a achavam um pouco esquisita e quieta demais. Ela era muito tímida, por isso, não conseguia falar direito com ninguém. Se uma criança aparecia na sua frente, rapidinho, abaixava a cabeça de tanta vergonha e ficava com as bochechas bem rosadas, e sentia uma vontade danada de se esconder! Por isso, Luzia acabava brincando sempre sozinha. (...) Perguntas Por que as crianças não gostavam de brincar com a Luzia?Você é tímido ou extrovertido? Você já se sentiu excluído de um grupo? Trecho 03 (...)E uma das brincadeiras que ela mais gostava de fazer era ficar na janela contando quantas pessoas passavam. E foi numa dessas brincadeiras que viu da sua janela aquela figura parada. – AH! – pensou ela – Se ele não saiu de lá é porque quer fazer amizade! Resolveu então tomar coragem e ir conversar com a figura parada, mesmo que ficasse com vergonha e suas bochechas ficassem rosadas. Foi com um pouco de medo, chegou bem pertinho e... Puxa vida! É uma estátua! – A menina riu dela mesma, achando graça.(...) Perguntas Você já sentiu vontade de fazer uma nova amizade, mas se sentiu envergonhado como a Luzia? Trecho 04 (...)Depois da escola, Luzia passava sempre na praça e conversava com a Estátua. E foi em um desses dias que resolveu olhar bem de pertinho o que tinha no tabuleiro. Não era um tabuleiro de jogo comum, ele tinha umas letrinhas, umas frases engraçadas! 82


Seria um mapa? Sim! – Uauuu!!! Um mapa do tesouro! Luzia ficou muito feliz! Tinha encontrado um tesouro como aqueles dos filmes! No dia seguinte, foi para a escola e ficou pensando, até que, finalmente, Eureka! Ela teve uma grande ideia! (...) Tinha adivinhado a charada, existia um tabuleiro no chão da praça! É isso! Mas como ela faria para descobrir o tabuleiro sozinha? Pensou, pensou e teve mais uma ideia: Sozinha? Não! Vou chamar as crianças. E foi aí que ela tomou coragem e falou com a criançada da sua rua.(...) Perguntas Quando chegamos a um lugar no qual não conhecemos ninguém, como no primeiro dia de aula da escola, é normal se sentir tímido e até um pouco envergonhado. Você já se sentiu assim em alguma situação? Trecho 05 (...)Contou que, no mapa do tesouro, tinha um desenho, e era o mesmo desenho que estava no chão daquela praça, e que eles não conseguiam ver porque ela estava toda coberta pelo lixo. – Mas como vamos ver o desenho no chão? Está tudo sujo e coberto de mato! Disse um menino. – Ora, vamos tirar tudo o que está por cima dele (...) Uma das meninas foi para casa pegar baldes e vassouras. Outra menina acabava de voltar da aula e falou para as amigas levarem as lixeiras coloridas que tinham feito para separar o lixo na escola! Outros dois meninos diziam que os seus tios tinham enxadas e pás para tirar o mato e foram correndo para casa chamá-los. Aos poucos, todas as crianças chegavam com seus pais, tios, avós e amigos, que resolveram ajudar também. Foi um dia inteirinho e todos que chegaram fizeram um pouquinho. E bem devagarzinho (...) viram o desenho aparecer... O tabuleiro estava lá! Um tabuleiro gigante no qual todos poderiam jogar. A comunidade toda se reunia lá e era tudo tão divertido que os dias passavam com alegria. E a pequena Estátua ainda estava lá, no meio da praça, mas, desta vez, com outro brilho. Tudo era tão bonito agora que podiam ver as plantas, as flores, as árvores!(...) A Estátua nunca mais ficou sozinha e Luzia realmente tinha encontrado o verdadeiro tesouro da praça. Perguntas Você já participou de algum projeto comunitário? Já realizou algum trabalho sobre a importância de cuidar do meio ambiente e da separação do lixo reciclável? Se sim, conte como foi sua experiência.

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Oficina II – O Mistério do Tabuleiro Habilidade: competências relacionais – interação Objetivos: interagir, aprender a comunicar-se, saber falar e saber ouvir. Materiais necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo Método Pare, Pense e Faça – Aprendendo Interagir. Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior, solicite às crianças que falem sobre a história. Instrução: Na oficina anterior, vocês conheceram a Luzia da história “O Mistério do Tabuleiro”, as crianças do bairro em que morava diziam que ela era muito diferente, muito tímida, por isso, não queriam brincar com ela. Luzia estava sempre brincando sozinha e, às vezes, até ficava bem triste com isso, ela queria poder brincar com as outras crianças e ter muitos amigos. Assim como a Luzia, quando você sente que não faz parte de um grupo, porque as outras crianças não lhe convidam para brincar, você também pode se sentir triste e excluído. Às vezes, até mesmo sem perceber, podemos excluir um colega de uma brincadeira por achar que ele é diferente. Muito calado ou muito falante, muito quieto ou muito agitado. Não tem problema ser tímido ou extrovertido, calmo ou agitado, cada pessoa possui uma personalidade. Mas, quando percebemos que fomos excluídos de um grupo, podemos nos sentir tristes, envergonhados, decepcionados. Então, vamos pensar em como podemos agir para não nos sentirmos tristes quando essas situações ocorrerem e, principalmente, como podemos ajudar os nossos amigos a participarem de uma atividade quando eles se sentirem excluídos. Técnica: Pare, Pense e Faça – Aprendendo Interagir. Estimule as crianças quanto à reflexão sobre a importância da interação. Esse método é importante para as crianças que têm dificuldades em decidir o que fazer em situações de convívio social. A aplicação do método apresenta a oportunidade de aprender a integrar-se a um grupo que já está realizando uma atividade ou optar por buscar outras possibilidades. Etapa I: O que fazer quando me sinto excluído? Apresente as lâminas Pare, Pense e Faça explicando uma a uma. 84


I – Pare - Olhe para a atividade que está acontecendo e olhe em volta. Essa é a única opção que você tem ou existem outras possibilidades? Você pode descobrir, olhando à sua volta, que existem outras atividades que lhe interessam mais. Exemplo: seus colegas estão jogando bola, e você não está participando do jogo, quando você olha à sua volta, percebe que tem outro grupo de colegas que está brincando de um jogo de tabuleiro que você gosta muito, você pode escolher qual dos dois jogos lhe interessa mais. II – Pense - Quais são suas opções? Você pode pedir aos seus amigos que o deixem participar do jogo ou pode decidir fazer outra atividade. Olhe em volta e veja se você quer convidar outros amigos para brincar, pense quais atividades você pode sugerir. Muitas vezes, você sente que foi deixado de fora de uma brincadeira, mas isso não significa que as outras crianças não queiram brincar com você, pense sobre o que pode ter acontecido para que você não fosse convidado para aquela atividade. Quando eles iniciaram a atividade, você não estava por perto, por isso eles não lhe convidaram. Eles não lhe convidaram porque não sabiam que você queria participar. Talvez, eles não quisessem lhe chamar para essa brincadeira, mas não tem problema, você pode chamar outros colegas para uma atividade ou entrar em outro grupo. III – Faça - Convide um ou mais colegas para realizar uma atividade com você. Se não houver um colega disponível para brincar com você naquele momento, pense em atividades que você possa fazer sozinho como: ler um livro, brincar de um jogo que você gosta. Existem muitas atividades interessantes que uma pessoa pode fazer sozinha, pense em tudo que você gosta de fazer. Se você decidir que gostaria de entrar em um dos grupos ou convidar alguém para outra atividade, pense sobre o que você gostaria de falar. Eu gostaria de brincar com vocês, posso participar? Quando vocês terminarem essa partida ou jogada, vocês podem deixar que eu participe dessa atividade? Você gostaria de brincar comigo? Podemos escolher uma atividade para fazermos juntos. Quando você solicitar sua entrada em um grupo, lembre-se de ser amigável e esperar o melhor momento, você não precisa interromper um jogo no meio e pedir para entrar, pode esperar o final de uma partida ou um momento de pausa. Pense – “Eu posso esperar um pouco para participar dessa atividade”. 2º Passo Simulações É importante que as crianças compreendam claramente como o método Pare, Pense e Faça funciona e como aplicá-lo sempre que sentirem a necessidade de se integrar a um grupo, por isso, sugerimos os seguintes exercícios de simulação: 85


Instrução: Agora vamos criar algumas situações e verificar como o método Pare, Pense e Faça funciona. Utilize as lâminas Pare, Pense e Faça para apoiar as crianças no passo a passo do método. Simulação 1 Solicite que duas crianças, voluntariamente, vivenciem a situação. Situação: Hoje é o seu primeiro dia de aula em uma nova escola, chegou a hora do recreio e você percebe que tem vários grupos de crianças brincando, alguns estão brincando de pique-esconde, outros de pular corda e tem um grupo sentando comendo o lanche. Como você pode utilizar o método Pare, Pense e Faça para se inserir em um grupo? Deixe que algumas crianças descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Quais são as suas opções? Você gostaria de se unir a algum desses grupos ou prefere convidar alguém para fazer outra atividade? Você poderia pensar em algo para fazer sozinho? Para reflexão: Deixe que as outras crianças, também, expressem sua opinião sobre a forma como os voluntários utilizaram o método. Simulação 2 Solicite que duas crianças, voluntariamente, vivenciem a situação. Situação: Você acabou de chegar a casa e percebe que seu irmão está com um grupo de amigos na sala, brincando de montar quebra-cabeça. Apenas um amigo do seu irmão não quis participar da brincadeira e está sentado no sofá. Como você pode utilizar o método Pare, Pense e Faça nesta situação? Deixe que algumas crianças descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Quais são as suas opções? Você gostaria de se unir a algum desses grupos ou prefere convidar alguém para fazer outra atividade? Você poderia pensar em algo para fazer sozinho?

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Para reflexão: Deixe que as outras crianças, também, expressem sua opinião sobre a forma como os voluntários utilizaram o método. Simulação 3 Solicite que duas crianças, voluntariamente, vivenciem a situação. Situação: A professora da escola solicitou que todas as crianças formassem grupos de cinco pessoas para realizar uma atividade. Você ficou esperando alguém lhe convidar, mas os grupos foram formados e você acabou ficando de fora. Como você pode utilizar o método Pare, Pense e Faça nessa situação? Deixe que algumas crianças descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Quais são as suas opções? Você gostaria de se unir a algum desses grupos ou prefere solicitar à professora que lhe insira em algum dos grupos? O que você pode dizer a um dos grupos para que te deixem participar? Para reflexão: Deixe que as outras crianças, também, expressem sua opinião sobre a forma como os voluntários utilizaram o método. Conduza outras simulações realizando repetições suficientes para que a aprendizagem seja assimilada. Diversifique, apresente variadas situações que sejam recorrentes no dia a dia das crianças, proponha exercícios para além do cotidiano escolar, assim, proporcionando a transcendência da aprendizagem para outras áreas.

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Oficina III – O Mistério do Tabuleiro Habilidade: competências relacionais – interação Objetivos: interagir, aprender a comunicar-se, saber falar e saber ouvir. Materiais necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. 1º Passo Transcendência Relembre a oficina anterior e o método Pare, Pense e Faça – Aprendendo Interagir. Instrução: É muito ruim ser deixado de fora, mas agora você já conhece o método Pare, Pense e Faça e sabe o que pode fazer quando ocorrer uma situação em que você precisa se integrar a um grupo. Sempre que você estiver em uma atividade e observar que tem alguém de fora, convide-o a participar. Ou, ainda, quando a professora solicitar um trabalho em grupo, observe se alguém ficou sem um grupo e convide-o, algumas pessoas são tímidas e você pode ajudá-las a integrarem-se ao grupo. Essas habilidades podem ajudá-lo em vários locais e situações, como na escola, em casa e em qualquer situação na qual você se sinta fora de um grupo. Vamos pensar em que outros momentos você poderia utilizar o método: Pare, Pense e Faça! • Reflita com as crianças em que situações específicas e em que locais, como casa, sala de aula, etc., elas utilizariam o método. Ajude-as a pensar em situações reais, faça simulações de alguns casos. • Faça perguntas que ajudem as crianças a melhor compreender como utilizar os passos Pare, Pense e Faça em outros locais. • Após uma semana, pergunte se precisaram utilizar os passos: Pare, Pense e Faça – Aprendendo Interagir, em alguma situação. • Essa história é propícia para se trabalhar o tema de preservação do meio ambiente, pode-se refletir com os alunos sobre a importância da coleta seletiva, da preservação dos espaços públicos e, inclusive, se for viável, pode-se montar um mutirão para limpeza e/ou organização de algum espaço público na comunidade.

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Oficina I – O Menino e a Flor Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro Objetivo: promover relações equitativas entre meninos e meninas. Materiais necessários: CD kit Pense e Faça em Três Tempos (história “O Menino e a Flor”). Desenvolvimento: 1º Passo Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Introdução Culturalmente, família e sociedade transmitem mensagens de como homens e mulheres devem se comportar. Muitos desses comportamentos são internalizados e reproduzidos, assim, reforçando as diferenças de gênero. Meninos aprendem que, para “ser homem de verdade”, precisam desenvolver um papel forte e agressivo, em contraste, a mulher precisa ser frágil e omissa. Essas normas de gênero são, muitas vezes, motivações para a violência física contra mulheres e crianças. Mudar esse conceito não é tarefa fácil, mas é fundamental para a construção de uma sociedade mais equitativa. Instrução: Vamos ouvir uma história sobre um menino que nasceu de uma flor. Esse menino tinha um sonho, tornar-se um grande homem. Será que ele conseguiu? 2º Passo Ouvir a história – “O Menino e a Flor”.

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O Menino e a Flor

Carol Rocha e Danielle Bittar

Ilustração: Oscar Matella

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Era uma vez um Menino que nasceu de uma Flor. Ele vivia com a bela Flor e com o Dono deles. O maior sonho do Menino era ser um grande homem, mas ele nem sabia como podia ser alguém assim, porque ainda não tinha conhecido ninguém que o fosse. Todas as manhãs, a Flor sorria para o Menino, mas era um sorriso diferente, triste. Ela tentava esconder as gotas de orvalho que caiam de suas pétalas delicadas. O Menino as enxugava com carinho e abria a janela para o Sol entrar e aquecer tudo em volta e assim fazer a Flor desabrochar! Ela, muito satisfeita e agradecida, dizia ao Menino: Flor: – O calor do Sol sempre me alimentou e me fez crescer! Mas o Dono deles não gostava nada disso. Muito tempo atrás, ele apanhou a Flor do jardim onde ela nasceu e lhe disse: Dono: – Agora você me pertence. Toda a sua beleza, todos os seus sorrisos, tudo o que você é agora me pertence. E o Dono não queria que ela mudasse em nada, queria ela do mesmo tamanho sempre. E não queria vê-la sorrindo para o Sol ou para mais ninguém, porque seus sorrisos lhe pertenciam! Por isso, ficava sempre furioso com a Flor e arrancava brutalmente suas folhas, seus ramos. Machucava as pétalas. Ela ficava toda feia, com vergonha e assim se escondia nas sombras e não sorria para mais ninguém. O Dono queria a Flor só para si e mostrava para o Menino como deveria fazer: Dono: – Se você quer alguém perto, você precisa possuí-lo. Eu sou o mais forte aqui, eu comando. Se quiser ser um homem, deve fazer o mesmo. Mostre para mim que é um homem! Arranque as pétalas da Flor comigo! O Menino não entendia por que seu Dono era tão brutal com a Flor. Não entendia por que ele arrancava as folhas e os raminhos e não a deixava crescer, desabrochar. Certo dia, enquanto arrancava de novo as folhas da Flor, o Dono se feriu nos espinhos. Isso o deixou ainda mais furioso, então, ele arrancou de uma só vez todos os espinhos dela e disse: Dono: – Você não pode se defender de mim, para que tanto espinho? Tem de me obedecer e assim não vou lhe ferir. Tem de fazer tudo o que eu mandar! A Flor estava aos pedaços e gotas de orvalho caíam de suas pétalas sem parar. O Menino, vendo tudo aquilo, pensou: – Isso não está certo. Tem que haver outro jeito! Saiu correndo dali e foi até o jardim da casa. Sentou-se na grama e chorou. Chorou e chorou, até cansar. Na frente do jardim, tinha uma árvore. Ali morava um belíssimo Pássaro azul. Ele ficou com muita pena de ver o Menino chorando daquele jeito. E, então, perguntou: Pássaro: – Menino, o que aconteceu para você estar tão triste? Menino: – Queria que o Dono não machucasse mais a Flor. Mas não sei o que fazer. Ele é o Dono dela. Pássaro: – Sabe Menino, eu sou um Pássaro já bem velhinho… E em todos esses anos, voando pelo Céu, nós ficamos muito amigos. O Céu é a criatura mais velha e sábia de todos nós, e ele me ensinou

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a coisa mais preciosa de todas: “Todos nós possuímos uma única coisa: a vida que nos foi dada”. Por isso, o Dono não possui a Flor. Se ele a quer por perto, terá de conquistá-la com amor e respeito. O Menino tinha muito medo de voltar para dentro da casa. Medo que o Dono ainda estivesse machucando a Flor. Ele não queria mais ver isso. Menino: – Pássaro, como eu posso ajudar a Flor? O Pássaro refletiu um pouco e, então, teve uma ideia. Chamou a sua companheira Passarinha, um casal de Joaninhas, o senhor e a senhora Coelhos, seu Cachorro e sua esposa e foram todos bater na porta do Dono. A Flor estava toda encolhidinha e escondidinha em um canto, toda despedaçada e triste. O Dono não gostou nada de ver toda aquela bicharada na casa dele. Mas o senhor Pássaro foi logo se explicando: Pássaro: – Boa tarde, Homem, nós não queremos incomodar. Mas notamos que o senhor tem feito chorar muita gente nesta casa e gostaríamos de aconselhá-lo a parar com isso. O Dono ficou bem bravo. Furioso. Dono: – Essa é a minha casa e esta Flor e este Menino me pertencem. Pássaro: – O senhor está enganado. Eles não são seus. E são livres para ir embora se quiserem. Mas eles não querem ir. Eles querem ficar aqui, com o senhor. Eles querem ficar aqui porque o amam. Não tem nada que una mais as pessoas do que o amor. Então, o Dono ficou bem triste. Dono: – Tenho medo de perder a minha Flor. Eu a amo tanto que tenho medo que a tirem de mim. Pássaro: – Machucando a Flor assim é que você a perderá. Um dia ela pode não aguentar mais você arrancando as suas pétalas e pode ir embora… e se continuar machucando-a tanto ela poderá morrer. Quando o Pássaro disse aquela palavra tão forte: M-O-R-R-E-R, o Dono, que já estava muito triste, desabou a chorar. Pediu perdão para a Flor. Pediu perdão ao Menino. E pediu a eles que o ensinassem como ter as pessoas por perto com o amor, pois ele não sabia como fazer. Todos os animaizinhos que estavam ali contaram ao Dono como estavam juntos há muito tempo, unidos só pelo muito amor que sentiam um pelo outro. Senhor Coelho deixava sempre a cenoura mais bonita para a dona Coelha. Senhor e senhora Joaninha se sentavam sempre juntinhos para observar o pôr do sol. Senhor Pássaro e a dona Passarinha cantavam sempre juntos e adoravam a voz um do outro. O Dono foi ouvindo todos e aprendendo… E ele não era mais Dono de ninguém. Ele agora era só um Homem. Um Homem que queria aprender a ser Bom. Depois daquele dia, tratando a Flor com muito amor, carinho e respeito, o Menino e o Homem foram aprendendo, dia após dia, a serem grandes homens.

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3º Passo Conversando sobre a história. Estimule as crianças a responderem a todos os questionamentos a seguir, se necessário, realize a leitura dos trechos para apoiá-las nessa reflexão. Para promover o entendimento e o diálogo distribuindo o poder entre todos, utilizaremos um mediador externo que pode ser uma bola ou qualquer outro objeto. Só poderá responder à pergunta a criança que estiver com o mediador externo nas mãos, nesse momento, todas as outras crianças deverão ouvir o colega e aguardar sua vez. Instrução Vou realizar algumas perguntas sobre a história que acabamos de ouvir, mas só poderá responder quem estiver com a “bola” nas mãos. Os outros deverão prestar atenção na resposta do colega. Após responder à pergunta, passe a bola para o colega. É importante haver equidade na participação de meninos e meninas, se necessário, realize a mediação na transmissão do mediador externo entre as crianças. Várias crianças podem responder à mesma pergunta, após cada resposta, questione se alguém mais gostaria de responder. Trecho 01 Era uma vez um Menino que nasceu de uma Flor. Ele vivia com a bela Flor e com o Dono deles. O maior sonho do Menino era ser um grande homem, mas ele nem sabia como podia ser alguém assim, porque ainda não tinha conhecido ninguém que o fosse. Todas as manhãs, a Flor sorria para o Menino, mas era um sorriso diferente, triste. Ela tentava esconder as gotas de orvalho que caíam de suas pétalas delicadas. O Menino as enxugava com carinho e abria a janela para o Sol entrar e aquecer tudo em volta e assim fazer a Flor desabrochar! Ela, muito satisfeita e agradecida, dizia ao Menino: Flor: – O calor do Sol sempre me alimentou e me fez crescer! Perguntas: Com quem o Menino mora? Qual era o maior sonho do Menino? O que o Menino fazia para a Flor? Trecho 02 Mas o Dono deles não gostava nada disso. Muito tempo atrás, ele apanhou a Flor do jardim onde ela nasceu e lhe disse: Dono: – Agora você me pertence. Toda a sua beleza, todos os seus sorrisos, tudo o que você é agora me pertence. E o Dono não queria que ela mudasse em nada, queria ela do mesmo tamanho sempre. E não queria vê-la sorrindo para o Sol ou para mais ninguém, porque seus sorrisos lhe pertenciam! 93


Por isso, ficava sempre furioso com a Flor e arrancava brutalmente suas folhas, seus ramos. Machucava as pétalas. Ela ficava toda feia, com vergonha e assim se escondia nas sombras e não sorria para mais ninguém. O Dono queria a Flor só para si e mostrava para o Menino como deveria fazer: Dono: – Se você quer alguém perto, você precisa possuí-lo. Eu sou o mais forte aqui, eu comando. Se quiser ser um homem, deve fazer o mesmo. Mostre para mim que é um homem! Arranque as pétalas da Flor comigo! O Menino não entendia por que seu Dono era tão brutal com a Flor. Não entendia por que ele arrancava as folhas e os raminhos e não a deixava crescer, desabrochar. Perguntas: O que o Dono fazia com a Flor? O Dono apanhou a Flor do jardim. Como será que era a Flor quando ela morava no jardim? E, depois, como ela ficou? Trecho 03 Certo dia, enquanto arrancava de novo as folhas da Flor, o Dono se feriu nos espinhos. Isso o deixou ainda mais furioso, então, ele arrancou de uma só vez todos os espinhos dela e disse: Dono: – Você não pode se defender de mim, para que tanto espinho? Tem de me obedecer e assim não vou lhe ferir. Tem de fazer tudo o que eu mandar! A Flor estava aos pedaços e gotas de orvalho caíam de suas pétalas sem parar. O Menino, vendo tudo aquilo, pensou: – Isso não está certo. Tem de haver outro jeito! Saiu correndo dali e foi até o jardim da casa. Sentou-se na grama e chorou. Chorou e chorou, até cansar. Na frente do jardim, tinha uma árvore. Ali morava um belíssimo Pássaro azul. Ele ficou com muita pena de ver o Menino chorando daquele jeito. Então perguntou: Pássaro: – Menino, o que aconteceu para você estar tão triste? Menino: – Queria que o Dono não machucasse mais a Flor. Mas não sei o que fazer. Ele é o Dono dela. Pergunta: Só porque o Dono apanhou a Flor no Jardim, ele pode maltratá-la e machucá-la? Trecho 04 Pássaro: – Sabe Menino, eu sou um Pássaro já bem velhinho… E em todos esses anos, voando pelo Céu, nós ficamos muito amigos. O Céu é a criatura mais velha e sabia de todos nós, e ele me ensinou a coisa mais preciosa de todas: “Todos nós possuímos uma única coisa: a vida que nos foi dada.” Por isso, o Dono não possui a Flor. Se ele a quer por perto, terá de conquistá-la com amor e respeito. O Menino tinha muito medo de voltar para dentro da casa. Medo que o Dono ainda estivesse machucando a Flor. Ele não queria mais ver isso. Menino: – Pássaro, como eu posso ajudar a Flor? O Pássaro refletiu um pouco e, então, teve uma ideia. 94


Chamou a sua companheira Passarinha, um casal de Joaninhas, o senhor e a senhora Coelhos, seu Cachorro e sua esposa e foram todos bater na porta do Dono. A Flor estava toda encolhidinha e escondidinha em um canto, toda despedaçada e triste. O Dono não gostou nada de ver toda aquela bicharada na casa dele. Mas o senhor Pássaro foi logo se explicando: Pássaro: – Boa tarde, Homem, nós não queremos incomodar. Mas notamos que o senhor tem feito chorar muita gente nesta casa e gostaríamos de aconselhá-lo a parar com isso. O Dono ficou bem bravo. Furioso. Dono: – Esta é a minha casa e esta Flor e este Menino me pertencem. Pássaro: – O senhor está enganado. Eles não são seus. E são livres para ir embora se quiserem. Mas eles não querem ir. Eles querem ficar aqui, com o senhor. Eles querem ficar aqui porque o amam. Não tem nada que una mais as pessoas do que o amor. Então, o Dono ficou bem triste. Dono: – Tenho medo de perder a minha Flor. Eu a amo tanto que tenho medo que a tirem de mim. Pergunta: O Menino pediu ajuda de vários bichinhos que moravam em seu jardim, ele não achava certo a maneira como o homem tratava a Flor. Todos foram conversar com o homem, que disse que tinha medo de perder a Flor, por isso arrancava suas pétalas. Mas, se ele continuar tratando a Flor dessa maneira, o que poderá acontecer com ela? Trecho 05 Pássaro: – Machucando a Flor assim é que você a perderá. Um dia ela pode não aguentar mais você arrancando as suas pétalas e pode ir embora… e se continuar machucando-a tanto ela poderá morrer. Quando o Pássaro disse aquela palavra tão forte: M-O-R-R-E-R, o Dono, que já estava muito triste, desabou a chorar. Pediu perdão para a Flor. Pediu perdão ao Menino. E pediu a eles que o ensinassem como ter as pessoas por perto com o amor, pois ele não sabia como fazer. Todos os animaizinhos que estavam ali contaram ao Dono como estavam juntos há muito tempo, unidos só pelo muito amor que sentiam um pelo outro. Senhor Coelho deixava sempre a cenoura mais bonita para dona Coelha. Senhor e senhora Joaninha se sentavam sempre juntinhos para observar o pôr do sol. Senhor Pássaro e dona Passarinha cantavam sempre juntos e adoravam a voz um do outro. O Dono foi ouvindo todos e aprendendo… E ele não era mais Dono de ninguém. Ele agora era só um Homem. Um Homem que queria aprender a ser Bom. Depois daquele dia, tratando a Flor com muito amor, carinho e respeito, o Menino e o Homem foram aprendendo, dia após dia, a serem grandes homens.

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Perguntas: O homem se arrependeu e pediu perdão para a Flor e para o Menino, dizendo que não iria mais maltratá-los. Mas ele não sabia como amar e respeitar a Flor, então, os bichinhos o ensinaram. O que os bichinhos ensinaram para o homem? O que mais nós podemos ensinar para o homem? Como ele deve cuidar do Menino e da Flor? O Menino conseguiu realizar seu sonho de se tornar um grande homem?

Oficina II – O Menino e a Flor Habilidade: competências relacionais – reconhecimento do outro Objetivo: promover relações equitativas entre meninos e meninas. Materiais necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça, folha de papel medindo aproximadamente 70cm x 70cm e canetão. Desenvolvimento: 1º Passo Método Pare, Pense e Faça – Equidade de Gênero. Romper barreiras socialmente construídas como “menino não pode fazer isso”, “isso é coisa de menina”, certamente, é um trabalho difícil, esses conceitos são reproduzidos e transmitidos através das gerações. Assim, como educar meninos e meninas de uma maneira mais igualitária? Podemos começar ensinando para as crianças que elas têm o direito de escolher o que podem e o que não podem ser e fazer! Instrução: Para realização desta oficina, é necessário que você prepare previamente o quadro “Coisas de menina, Coisas de menino” em folha de papel, dividindo-o em três colunas, conforme o modelo a seguir:

Menina

“Coisas de menina, Coisas de menino” Isso é coisa de: Menino Ninguém deve fazer isso!

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Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior, solicite que as crianças falem sobre a história. Apresente o quadro “Coisas de menina, Coisas de menino” às crianças, explique que você irá dizer algumas palavras/frases e elas deverão escolher a coluna onde você deve escrevê-las. Se necessário, utilize o método da votação neste processo. Vou ler algumas palavras e vocês vão me dizer em qual destas colunas devo escrevê-las. Cada palavra deve ser escrita em apenas uma das colunas.

Realize a leitura misturando as palavras/frases dos dois quadros (01 e 02) e escreva-as na coluna que as crianças escolherem, ainda sem realizar nenhuma reflexão. Após a leitura de todas as palavras/frases, observe o quadro com as crianças, realizando as seguintes reflexões: Referente às palavras do quadro 01: pergunte por que elas acham que aquela é uma função de menina ou de menino, de acordo com a coluna que elegeram. Deixe que as crianças expressem livremente sua opinião e realize alguns questionamentos, tais como: Existem atividades e tarefas que só os meninos podem fazer e as meninas não? O quê? Por quê? Existem atividades e tarefas que só as meninas podem fazer e os meninos não? O quê? Por quê? Após a reflexão, informe às crianças que realizará a leitura de mais algumas palavras, mas que em nenhuma das colunas podem existir palavras repetidas. Realize a leitura das palavras/frases do quadro 01 novamente. Ao final da atividade, as crianças vão observar que todas as palavras do quadro 01 podem estar presentes

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tanto na coluna “Menina” quanto na coluna “Menino”. Muitas vezes ficamos confusos com toda essa história de “menina não pode fazer isso”, ou “isso menino não pode fazer”. Por que menina não pode jogar futebol? Por que menino não pode ajudar a arrumar a casa? Observe o quadro “Coisas de menina, Coisas de menino” novamente, se necessário, reorganize-o com as crianças de forma que todas as palavras do quadro 02 fiquem na coluna “Ninguém deve fazer isso!”, e todas as palavras do quadro 01 estejam presentes tanto na coluna “menina” quanto na coluna “menino”. Realize a leitura de todas as palavras/frases com as crianças. Meninas e meninos podem fazer as mesmas atividades, mas o que está na terceira coluna ninguém pode fazer, nem meninos, nem meninas, porque é errado. Vocês se lembram da história “O Menino e a Flor”? O Menino e o Homem aprendem que só poderiam ser homens de verdade se respeitassem e tratassem bem a Flor. Seja você menino ou menina lembrese de que ninguém tem o direito de machucar ou agredir, todas as pessoas merecem respeito. Você pode escolher a atividade e a brincadeira que quiser, o importante mesmo é a gente não fazer mal a ninguém! Se em algum momento você tiver dúvida sobre uma atividade que queira fazer, mas não sabe se pode, por achar que é coisa de menino ou coisa de menina, lembre-se desses três passos: Apresente as lâminas Pare, Pense e Faça explicando uma a uma.

Pare, Pense e Faça – Equidade de Gênero. PARE, você pode escolher a atividade e a brincadeira que quiser, o importante mesmo é não fazer mal a ninguém! PENSE, para ser um grande homem ou uma grande mulher, você precisa respeitar todas as pessoas, ninguém merece ser agredido, nem meninos, nem meninas. Por isso, você não pode machucar ninguém! FAÇA, nunca machuque seus colegas, bater, chutar, puxar o cabelo, empurrar são atitudes erradas, tanto para homens quanto para mulheres, nenhum menino ou menina merece apanh ar.

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2º Passo Simulações É importante que as crianças compreendam claramente como o método Pare, Pense e Faça funciona, por isso, sugerimos os seguintes exercícios de simulação: Instruções: Agora vou ler algumas frases e vocês vão dizer se estão corretas, responda SIM ou NÃO. Simulação Utilize as lâminas ilustrativas (Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método. Deixe que todas outras crianças expressem sua opinião. Situação: As meninas devem ser sempre educadas e gentis; e os meninos devem ser durões, valentes e agressivos? Meninas podem jogar futebol e praticar esportes de luta se quiserem, essas atividades não são apenas para meninos. O homem pode utilizar a violência para resolver situações de conflito. Meninos podem ajudar a realizar tarefas de casa. Os homens devem receber sempre maiores salários que as mulheres. A mulher deve ficar sempre quieta e falar o menos possível. Homem não pode chorar, mesmo se estiver sentindo-se muito triste ou com muita dor. As meninas devem ajudar nas tarefas de casa; e os meninos podem brincar enquanto elas trabalham. Estimule-os com perguntas como: Por quê? Mas e se alguém lhe disser que essa atividade é só para meninas/só para meninos, o que você irá responder? A cada frase, explique para as crianças por que a atividade pode ou não ser realizada, tanto pelos meninos quanto pelas meninas.

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Módulo 3MÓDU - Competências LO 3 Cognitivas

Competências Cognitivas

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Ilustração: Oscar Matella

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Oficina I – A História das Olimpíadas Habilidade: competências cognitivas – aprender a aprender (pesquisar e acessar informações). Objetivo: aprender a buscar e acessar informações nos diversos recursos disponíveis. Materiais necessários: 10 cartas “A História das Olimpíadas”. Desenvolvimento: 1º Passo Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Introdução Neste módulo, abordaremos as competências cognitivas, inserindo a criança como sujeito ativo da sua própria aprendizagem. As oficinas deste módulo visam promover uma experiência repleta de significado, despertando o interesse, a curiosidade e o prazer em aprender. Instruções: O que é aprender ? Descobrir, conhecer, estudar, saber, entender, compreender. De que maneira aprendemos ? Estudando, lendo, ouvindo, observando, pesquisando, conversando, experimentando, perguntando. Com quem ou onde podemos aprender? Com os professores, familiares, amigos, podemos aprender com qualquer pessoa, seja ela criança, adulta ou idosa. Todas as pessoas têm algo para ensinar. Mas, além das pessoas, podemos aprender pesquisando na internet, assistindo a vídeos, visitando museus, parques, ou seja, podemos buscar conhecimento de várias maneiras, mas vamos falar de uma em especial. Podemos buscar conhecimento nos livros! E existem livros sobre tudo que você quiser aprender: livros que contam histórias, livros só de figuras, têm os que ensinam receitas, que contam sobre o universo e sobre o oceano mais profundo, livros que ensinam a fazer conta, livros de moda e até livros que ensinam a montar um avião. Vamos aprender a História das Olimpíadas e conhecer vários esportes. Mas essa é uma história diferente, porque, ao invés de ensinar, ela está cheia de perguntas e, antes de ler, vamos encontrar as respostas.

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As crianças deverão ser divididas em 10 grupos, cada grupo receberá uma carta contendo uma pergunta. Determine o tempo necessário para a realização da pesquisa e informe as crianças sobre a data da aula para a qual deverão trazer as respostas por escrito. Combine com as crianças as estratégias que poderão utilizar para buscar as informações descritas nos cartões. Se a escola possui biblioteca ou sala de informática, sugerimos a possibilidade de combinar, com os profissionais responsáveis, um horário para que as crianças realizem as pesquisas. Caso a escola não disponha desses espaços, instrua as crianças sobre as possibilidades e opções para realização da pesquisa (livro, revista, internet, vídeos). Se houver dificuldade referente aos recursos disponíveis, sugerimos que a escola disponibilize documentos impressos que contemplem as informações pertinentes à pesquisa. O importante é que as crianças construam as respostas de forma autônoma. Sequência das perguntas descritas nos cartões: Cartão 1 (Grupo 1): o que são as olimpíadas? Cartão 2 (Grupo 2): descreva o significado de dois símbolos olímpicos, a bandeira e os mascotes. Conte como surgiram. Cartão 3 (Grupo 3): descreva o que são, como surgiram e como se praticam os seguintes esportes olímpicos: pentatlo, boxe, luta livre e jogos equestres. Cartão 4 (Grupo 4): entre os esportes abaixo, escolha dois ou três e descreva o que são, como surgiram e como se praticam: atletismo, badminton, basquetebol, canoagem slalom, canoagem de velocidade, futebol. Cartão 5 (Grupo 5): entre os esportes abaixo, escolha dois ou três e descreva o que são, como surgiram e como se praticam: ciclismo de estrada, ciclismo BMX, ciclismo de pista, ciclismo mountain bike, judô, taekwondo. Cartão 6 (Grupo 6): entre os esportes abaixo, escolha dois ou três e descreva o que são, como surgiram e como se praticam: saltos ornamentais, ginástica artística, ginástica de trampolim e ginástica rítmica.

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Cartão 7 (Grupo 7): entre os esportes abaixo, escolha dois ou três e descreva o que são, como surgiram e como se praticam: hipismo adestramento, hipismo CCE, hipismo saltos, hóquei sobre grama, luta estilo livre, luta grecoromana. Cartão 8 (Grupo 8): entre os esportes abaixo, escolha dois ou três e descreva o que são, como surgiram e como se praticam: maratona aquática, nado sincronizado, natação, polo aquático, remo, rúgbi. Cartão 9 (Grupo 9): entre os esportes abaixo, escolha dois ou três e descreva o que são, como surgiram e como se praticam: tênis de mesa, tiro com arco, tiro esportivo, vôlei de praia, vôlei de quadra, handebol, vela, esgrima. Cartão 10 (Grupo 10): essas foram as modalidades esportivas presentes nos jogos paraolímpicos realizados no Brasil em 2016. Leia para seus amigos quais foram as modalidades e descreva duas delas, respondendo às seguintes perguntas: o que são, como surgiram e como se praticam: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, canoagem, ciclismo de estrada, ciclismo de pista, esgrima em cadeira de rodas, futebol, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo, vela e vôlei sentado. De acordo com a faixa etária das crianças, a quantidade de modalidades a ser pesquisada pode ser acrescida ou diminuída. Sugestões para o trabalho com grupo de crianças não alfabetizadas. 1: Antes de contar a história, forme oito grupos e descreva as modalidades esportivas presentes em cada um dos cartões (cartões 03 a 10). Solicite que cada grupo escolha uma das modalidades pela qual tenha mais interesse. Explique para as crianças algumas características das modalidades escolhidas e solicite que tragam para a oficina II recortes e/ou desenhos que simbolizem a modalidade escolhida. 2: Antes de contar a história, forme oito grupos e descreva as modalidades esportivas presentes em cada um dos cartões (cartões 03 a 10). Solicite que cada grupo escolha uma das modalidades pela qual tenha mais interesse. O grupo deverá realizar uma pesquisa sobre a modalidade e apresentála oralmente durante a oficina II, contando aos outros grupos o que descobriu sobre a modalidade escolhida. Pode-se sugerir que a pesquisa seja realizada na própria escola, com outros professores/

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profissionais ou com familiares. Nestes casos, o professor deve responder, durante a história, às perguntas 1 e 2.

Oficina II – A História das Olimpíadas Habilidade: competências cognitivas – aprender a aprender (pesquisar e acessar informações). Objetivos: pesquisar e conhecer novas modalidades esportivas, compartilhar aprendizados. Materiais necessários: lâmina da história: “A História das Olimpíadas” – Kit Pense e Faça em Três Tempos, 10 cartas “A História das Olimpíadas”. Desenvolvimento: As crianças deverão portar os cartões e as respostas que serão lidos no decorrer da história. Estimule as crianças a descreverem como se deu o processo de pesquisa, onde ou em que meios buscaram as informações e como foi a experiência. Instruções Agora que todos já realizaram as pesquisas, vou contar a história “A História das Olimpíadas”. No decorrer da história, surgirão várias perguntas, quando eu chamar o número do seu grupo, vocês deverão responder sobre o que pesquisaram. 2º Passo Ouvir a história – “A História das Olimpíadas”.

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A História das Olimpíadas

Carol Rocha

Ilustração: Oscar Matella

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Olá meninos e meninas! Tudo bem? Sei que sou fogo, mas não precisa ter medo de mim. Eu não mordo. Na verdade, eu queimo! Mas não estou aqui para queimar vocês, e sim para contar a minha história, a história das olimpíadas. Vocês topam me ajudar? Opa, mas, antes, deixem que eu me apresente: meu nome é Chama. Senhora Chama Olímpica! Mas vocês podem me chamar só de Chama. Eu existo há milhares de anos… e já estava lá quando tivemos a primeira olimpíada, na antiga Grécia, muito antes do nascimento de Jesus Cristo! Mas espere! Vocês sabem o que são as olimpíadas? Cartão 1: O grupo 1 O que são as olimpíadas? Incrível, né? Uma reunião tão bonita, com os melhores atletas do mundo inteiro, representando a força do próprio país, com muita alegria no coração! Os atletas vencedores voltam para os seus países com medalhas reluzentes de ouro, prata e bronze. Mas os Jogos Olímpicos não são só sobre vencer. Tanto é que o juramento olímpico diz: “A coisa mais importante nos Jogos Olímpicos não é vencer, mas participar, assim como a coisa mais importante na vida não é o triunfo, mas a luta. O essencial não é ter vencido, mas ter lutado bem.” – Barão Pierre de Coubertin – fundador do Comitê Olímpico Internacional. E cada participante, cada país, é importante nessa jornada! Eu, por exemplo: sou um dos três importantíssimos símbolos olímpicos! Vocês conhecem os outros? Cartão 2: O grupo 2 Descreva o significado de dois símbolos olímpicos, a bandeira e os mascotes. Conte como surgiram. A bandeira e os mascotes chegaram só depois. Sou o símbolo mais velho da turma e já estava lá em 776 a. C., quando alguns gregos resolveram fazer uma competição de corrida a pé. Mais tarde, decidiram que seria bacana juntar pentatlo, boxe, luta livre e jogos equestres à competição. E, assim, nasciam os Jogos Olímpicos! Opa, será que estou falando grego? Vocês me ajudam a explicar o que são esses esportes?

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Cartão 3: O grupo 3 Descreva o que são, como surgiram e como se praticam os seguintes esportes olímpicos: pentatlo, boxe, luta livre e jogos equestres. Naquela época, o fogo era considerado uma coisa muito sagrada. Para os gregos, representava a vida, a liberdade e o conhecimento. Por ser tão importante, deixavam uma chama sempre acesa nos templos e nas cerimônias. Por isso, na primeira cerimônia olímpica, eu já estava lá. O atleta vencedor tinha, depois, o privilégio de transportar a tocha! O que era uma grande honra! E essa tradição foi mantida. Ainda hoje, euzinha, a chama, sou acesa lá na Grécia e transportada pelos atletas até o país onde os jogos acontecerão. Modéstia à parte, é bem bonito de se ver essa chama sendo passada de mão em mão, até chegar ao seu destino. As mãos dos atletas que constroem esse espetáculo lindo, que são os jogos olímpicos! Fico lá no alto, na pira olímpica, assistindo os atletas fazerem coisas absolutamente incríveis com seus corpos. Desafiando todos os limites. Deixando todos de boca aberta. Vocês sabem quais são os esportes presentes nas olimpíadas atuais? Os grupos 4, 5, 6, 7, 8 e 9 explicam brevemente sobre os esportes olímpicos que pesquisaram, o que são, como surgiram e como se praticam: E vocês sabem por que estou aqui, contando todas essas coisas sobre as olimpíadas? Porque as Olimpíadas de 2016 aconteceram no Brasil; e eu, que já passei pelo mundo inteiro, finalmente conheci o Brasil! Esses jogos foram criados para todos aqueles que quisessem participar. Todos mesmo! O primeiro campeão olímpico, antes de se tornar atleta, era cozinheiro na antiga cidade de Elis, na antiga Grécia. E é assim ainda hoje! Você sabia que temos olimpíadas para pessoas com deficiências físicas? Elas se chamam Paraolimpíadas! Cartão 10: Grupo 10 Essas foram as modalidades esportivas presentes nos jogos paraolímpicos realizados no Brasil, em 2016. Leia para seus amigos quais foram as modalidades e descreva duas respondendo às seguintes perguntas: o que são, como surgiram e como se praticam: Atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, canoagem, ciclismo de estrada, ciclismo de pista, esgrima em cadeira de rodas, futebol, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo, 108


vela e vôlei sentado. Qualquer um que carregue a chama do atletismo em seu coração pode treinar, treinar e treinar e chegar a ser um grande atleta das olimpíadas. E você? Gostaria de me carregar na tocha olímpica?

Oficina III – A História das Olimpíadas Habilidade: competências cognitivas – aprender a aprender (pesquisar e acessar informações). Objetivos: aprender a buscar e acessar informações nos diversos recursos disponíveis e compartilhar aprendizados. Materiais necessários: Método Pare, Pense e Faça – Aprendendo a Aprender! Desenvolvimento: Relembre a oficina anterior, solicite que as crianças falem sobre a história “A História das Olimpíadas” e sobre as novas modalidades esportivas que conheceram. Estimule as crianças a serem protagonistas na busca de novos conhecimentos. Instruções: Descobrimos diversas modalidades esportivas. Aprendemos a história das olimpíadas e conhecemos vários jogos. Agora vocês já sabem que podem buscar novos conhecimentos, mas vocês sabem por que é importante sempre aprender coisas novas? Porque o conhecimento nos ajuda a entender, descobrir, pensar, questionar e até a tomar decisões. Estimule as crianças a refletirem sobre a importância de adquirir novos conhecimentos. Apoie-as com exemplos sobre situações para aplicação de cada um dos verbos acima citados. Como podemos buscar conhecimento? Aprendemos que o conhecimento está em todo lugar, basta ter interesse para buscá-lo nos livros, vídeos, conversando com outras pessoas, visitando museus, parques e conhecendo novos lugares. Vamos aprender um passo a passo que nos ajudará a buscar novos aprendizados.

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1º Passo Técnica: Pare, Pense e Faça – Aprendendo a Aprender! Apresente as lâminas Pare, Pense e Faça explicando uma a uma. Etapa I: decida sobre o que você gostaria de aprender. I – Pare – elabore uma lista de interesses. Quais são suas curiosidades, seus interesses, assuntos que você gostaria de pesquisar: esporte, histórias, música, culinária, artes, natureza, culturas, países, jogos, etc.? Estimule as crianças a descobrirem suas curiosidades e interesses. II – Pense – Onde posso buscar essa informação? Aprender com outras pessoas é muito importante, mas agora você descobriu que também pode buscar conhecimento sozinho. Decida onde você pode buscar a informação que precisa: internet, livros, revista, jornal, vídeos. III – Faça – Leia, pesquise, pergunte, questione, experimente, descubra, adquira novos conhecimentos, e não se esqueça de compartilhar o que você aprendeu com seus familiares, professores e colegas. 2º Passo Fixando o conhecimento! É importante que as crianças compreendam claramente como o método Pare, Pense e Faça – Aprendendo a Aprender funciona, por isso sugerimos os seguintes exercícios: Instruções: Vamos pensar sobre os vários assuntos diferentes que queremos pesquisar. 1º– Solicite que as crianças pensem em pelo menos quatro assuntos/temas sobre os quais gostariam de pesquisar. Se possível, solicite que as crianças anotem os assuntos em uma folha ou que façam as anotações posteriormente. 2º– Solicite que formem grupos de três a quatro crianças para compartilharem os temas escolhidos e discutirem como e onde realizarão as pesquisas.

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3ª– Solicite que, voluntariamente, uma ou duas crianças de cada grupo comentem quais assuntos escolheram e a forma ou recursos que utilizarão para realizar a pesquisa. Estimule as crianças a, posteriormente, acrescentarem novos itens à lista, é importante que elas entendam que esta atividade não é uma obrigação, mas uma oportunidade prazerosa de adquirir conhecimentos de seu interesse. 3º Passo Transcendência Após alguns dias, solicite que as crianças comentem se estão realizando as pesquisas, deixe que elas descrevam sobre o que pesquisaram, onde e o que aprenderam. Instrução: Você realizou alguma pesquisa da sua lista de interesses? Qual fonte de pesquisa você utilizou? O que você aprendeu? Você compartilhou ou gostaria de compartilhar o que aprendeu com outras pessoas? Você acrescentou novos itens à sua lista de interesses? 4º Passo Introduzindo o método Pare, Pense e Faça nas aulas de Educação Física. Amplie o leque de modalidades esportivas praticadas nas aulas de Educação Física, estimule a curiosidade das crianças sobre novos esportes que nunca experimentaram. Defina com as crianças algumas modalidades que elas gostariam de experimentar, divida-as em grupos e solicite que pesquisem: sua história, suas técnicas e regras, locais onde são praticadas, materiais e equipamentos utilizados. Utilize os passos da Técnica Pare, Pense e Faça – Aprendendo a Aprender para realizar a atividade. Experimente o esporte na aula, estimule as crianças a pensarem nas adaptações que podem ser feitas caso não tenham o espaço ou materiais necessários, dessa forma, elas desenvolverão a habilidade de analisar situações e propor soluções

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Oficina I – A Cidade das Brincadeiras Esquecidas Habilidade: competências cognitivas – aprender a aprender (pesquisar e acessar informações). Objetivo: aprender a buscar e acessar informações nos diversos recursos disponíveis. Materiais necessários: não há. Desenvolvimento: 1º Passo Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Introdução As oficinas que compõem a história “A Cidade das Brincadeiras Esquecidas” têm por objetivo expandir as experiências de aprendizagem para mais além da escola e dos livros, assim, proporcionando oportunidades de conhecimento que emergem do diálogo com os familiares e a comunidade. Instruções: O conhecimento está presente em tudo o que está ao nosso redor. Na oficina anterior, aprendemos que podemos buscar nosso próprio conhecimento de várias maneiras, pesquisando, conversando, experimentando, observando, perguntando, lendo. Você sabia que a nossa comunidade e a nossa família têm muito a ensinar? Podemos aprender com as muitas experiências que elas já vivenciaram. Vamos ouvir uma nova história, mas, antes, vamos realizar uma pesquisa com nossos familiares: pais, tios, avós, primos. Vocês devem escolher alguém da sua família e perguntar qual era a brincadeira que ele/ela mais gostava quando era criança e como se brinca. Na próxima aula, vamos ouvir a história “A Cidade das Brincadeiras Esquecidas” e ensinar as brincadeiras que aprendemos para os nossos colegas. Determine o tempo necessário para a realização da pesquisa e informe as crianças sobre a data da aula para a qual deverão trazer as respostas.

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Oficina II – A Cidade das Brincadeiras Esquecidas Habilidade: competências cognitivas – aprender a aprender (pesquisar e acessar informações). Objetivos: pesquisar e conhecer novas brincadeiras infantis, compartilhar aprendizados. Materiais necessários: lâmina da história: “A Cidade das Brincadeiras Esquecidas” – Kit Pense e Faça em Três Tempos. Desenvolvimento: Estimule as crianças a descreverem como se deu o processo de pesquisa, com quem buscaram as informações e como foi a experiência. Instruções Agora que todos já realizaram as pesquisas, vou contar a história “A Cidade das Brincadeiras Esquecidas”. No decorrer da história, surgirão algumas perguntas às quais vamos responder. 2º Passo Ouvir a história – “A Cidade das Brincadeiras Esquecidas”. .

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A Cidade das Brincadeiras Esquecidas

Danielle Bittar e Lilyan Teles

Ilustração: Oscar Matella

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Era uma vez... Uma cidade que ficava na sombra de uma alta montanha. Lá, bem escondidinha, estava a Cidade das Brincadeiras Esquecidas! Nesta misteriosa cidade viviam as brincadeiras que seus avós e seus pais mais gostavam de brincar quando eram crianças! Já ouviu falar na dona Amarelinha? E nas famosas irmãzinhas, as Cinco Marias? E na Barra Manteiga? Você já viu passar na sua rua a Mãe da Rua? O seu Cabra-Cega, o Elefante Colorido ou o senhor Chicotinho Queimado? Não? Deve ser porque depois que deixaram de ser famosas, essas e muitas outras brincadeiras foram morar lá na Cidade das Brincadeiras Esquecidas. Muitas outras brincadeiras também foram para lá. Solicite que, voluntariamente, algumas crianças comentem quais brincadeiras descobriram na pesquisa e que expliquem brevemente como se brinca. Há muitos anos, o trabalho dessas brincadeiras era passar a tarde toda divertindo as crianças. Cada uma tinha a sua vez de brincar e elas estavam em todas as ruas de todas as cidades, todos os dias, com chuva ou com sol. Mas, então, os tempos mudaram. Chegou o senhor Videogame, o senhor Computador, o senhor Ipad... E as crianças foram se esquecendo das brincadeiras. Aí, uma a uma, desempregadas, foram se esconder lá, nessa cidade distante. Lá brincam todos os dias umas com as outras e divertem-se a valer. Mas toda vez que o Sol se põe, elas sentem uma saudade danada das crianças. Juro que uma vez eu vi a Mãe da Rua chorar. Então, a dona Ciranda, para animar, começou a cantar: “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar Vamos dar a meia-volta, volta e meia vamos dar... O anel que tu me deste era vidro e se quebrou O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou...” E o senhor Elefante Colorido gritava bem alto o nome de uma cor, e todos iam correndo procurar algo que tivesse aquela cor para tocar! E se ele dizia: – Cor Amarela! A dona Amarelinha já, bem alto, respondia: – Cuidado! Não pisem na minha linha! Mas peguem uma pedrinha e pulem... Hoje, vamos todos chegar no céu! Como eram divertidas as brincadeiras da Cidade das Brincadeiras Esquecidas! E tudo esteve bem até que, um dia, a Batata ficou quente! O senhor Batata Quente chegou rápido e ofegante, dizendo: – Rápido, rápido! Temos de fazer alguma coisa! A batata está quente, quente, quente!!! 115


– O que é, o que é que aconteceu? Não consigo enxergar o problema!!! Disse o senhor Charada. – Algumas de nossas amigas estavam com saudade das crianças e foram passear por aí, mas se perderam pelo caminho! Batata quente, quente, quente ... Queimou! Temos de encontrá-las! Então, todas as brincadeiras saíram da Cidade das Brincadeiras Esquecidas e voltaram para as ruas, praças, escolas de todas as regiões do Brasil, onde encontrassem uma criança, lá estavam elas. E gostaram tanto de brincar com as crianças de novo que não quiseram mais saber de ficar escondidas. Se a gente chamar qualquer uma delas, elas virão correndo! O que vocês acham? Vamos brincar!

2º Passo Vamos brincar! Essas e muitas outras brincadeiras tradicionais fazem parte das lembranças de várias pessoas, mas podem nem mesmo serem conhecidas pela nova geração de crianças. Além de contribuir para o processo de socialização das crianças, a brincadeira favorece o desenvolvimento de habilidades físicas, motoras, sociais e emocionais. Estimule as crianças a experimentarem as novas as brincadeiras que aprenderam no processo de pesquisa. • Forme pequenos grupos e solicite que compartilhem o que aprenderam com os colegas. • Realize previamente um levantamento de brincadeiras tradicionais de cada região do Brasil e constitua um acervo, durante as brincadeiras, passe pelos grupos conversando com as crianças sobre a origem e história de cada brincadeira. • Muitas brincadeiras sofrem variações no nome de acordo a região, discuta essas variações com as crianças e pesquise se existem variações na forma de brincar. • Estimule as crianças para que apresentem aos familiares as novas brincadeiras que descobriram.

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Oficina III – A Cidade das Brincadeiras Esquecidas Habilidade: competências cognitivas – aprender a aprender (pesquisar e acessar informações). Objetivos: aprender a analisar e interpretar situações e fazer escolhas. Materiais necessários: lâminas Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: A regra desta oficina é diversificar para incluir. As crianças serão convidadas a criar e recriar regras e combinados para as brincadeiras tradicionais. As regras e os combinados devem ser construídos coletivamente (professor e alunos), assim, fortalecendo o caráter participativo das crianças nas decisões e proporcionando que desenvolvam habilidades que as ajudarão a analisar e interpretar situações e fazer escolhas. O objetivo da oficina é que as crianças consigam construir acordos coletivos, resolver conflitos pelo diálogo, analisar situações e propor soluções que atendam a todos. Instrução: Vamos recriar coletivamente as regras de algumas brincadeiras, para isso precisamos conversar e expressar nossas opiniões, mas também é preciso saber ouvir o outro para que, juntos, possamos construir acordos e regras que sejam apropriados para todos. Vou apresentar algumas brincadeiras, algumas vocês já conhecem, vamos pensar em novas formas de brincar e recriar as regras. Mas, antes, vamos aprender um novo método que nos ajudará a pensar essas novas regras para as brincadeiras. 1º Passo Técnica: Pare, Pense e Faça. – Criar e Recriar. Apresente as lâminas Pare, Pense e Faça explicando uma a uma. Vamos decidir em grupo como realizaremos as brincadeiras que vou apresentar, mas antes de tomar uma decisão vamos seguir esses passos: I – Pare – Analise a situação: observe a situação. O que preciso fazer? Quais são as possibilidades? O que posso sugerir? II – Pense – Como resolver essa situação coletivamente? Use a criatividade, pense na melhor opção para o grupo. Dê suas opiniões e escute as opiniões dos seus colegas. Se for preciso, realize uma votação para decidir o que a maioria prefere. 117


III – Faça – Experimente! Realize a brincadeira utilizando as novas regras e acordos e veja se funcionam para o grupo. Se for preciso, reformule as regras. 2º Passo Fixando o conhecimento! É importante que as crianças compreendam claramente como o método Pare, Pense e Faça – Criar e Recriar funciona, por isso, sugerimos os seguintes exercícios: Instruções: Agora, vamos utilizar o método que acabamos de aprender nas seguintes situações: Apresente as brincadeiras, uma de cada vez. Amarelinha em Dupla: precisamos pensar em uma nova maneira de jogar amarelinha, pois essa amarelinha se joga em duplas. Explique para as crianças a maneira convencional da brincadeira. Amarelinha tradicional: traçar um caminho no chão, com giz, dividido em espaços e numerandoos de 01 a 10. Após, jogar um marcador em um dos espaços, a criança vai pulando com um pé em cada espaço, exceto no que está o marcador, até o fim do trajeto. Ao chegar, deve retornar, apanhar o marcador e lançar no espaço subsequente até passar por todos os espaços. Perde o participante que lançar o marcador fora do espaço desejado, pisar na linha ou perder o equilíbrio. Amarelinha em Dupla Descrição: os participantes devem jogar em duplas. Uma criança de cada vez, mas as duas devem fazer o percurso antes de a próxima dupla jogar. Desafios: as crianças deverão definir coletivamente: • O formato (caminho) da amarelinha (estimule-as a pensar em outras possibilidades, amarelinha em formato de caracol, círculos, triângulos, etc.) e o número de casa (mínimo de 06 e máximo de 14). • O que deverá marcar cada espaço, ao invés de numerar as casas, estimule as crianças a escolherem (letras, nomes, desenhos, cores). • Posição de cada dupla na brincadeira (1º, 2º, 3º... a jogar). • Posição de cada criança na dupla. • Segundo a disposição dos espaços, as crianças deverão definir em quais espaços devem pisar com um pé e se, em alguns espaços, poderão utilizar os dois pés. 118


• Demais regras – pode pisar na linha? Se eu errar, posso lançar o marcador novamente? Quantas tentativas cada dupla possui? Se o primeiro integrante da dupla errar, o outro integrante pode continuar ou devem passar a vez para a próxima dupla?. • Qual dupla será vencedora? • Para que todas as crianças possam brincar e não precise ficar muito tempo esperando, quantas amarelinhas devemos desenhar? Quantos grupos vamos formar? Estimule as crianças durante o processo de criação, desempenhando o papel de mediador da discussão, quanto menores as crianças, maior será seu apoio. É importante que aprendam a resolver conflitos que surgirem por meio do diálogo. Após a criação das regras e combinados, solicite que as crianças experimentem a brincadeira. Após a atividade, converse sobre a experiência de brincar com as novas regras, estimule a reflexão propondo questionamentos como: “O que vocês acharam de brincar utilizando as novas regras?” “As mudanças das regras foram boas para o grupo? ” “Todos os integrantes do grupo conseguiram aproveitar a brincadeira?” “Precisamos realizar alguma mudança?” Futebol sem bola Descrição: os participantes devem jogar uma partida de futebol sem utilizar a bola e não poderão substituí-la por outro objeto. Desafios: as crianças deverão definir coletivamente: • Tempo da partida. • Quantidade de jogadores em cada time. • Estratégias que utilizarão para marcar os gols. Exemplo: os participantes podem ser divididos em dois times com o mesmo número de crianças. Delimitam-se o campo e os espaços permitidos para cada time. O jogo consiste em cada time definir um participante que deverá atravessar o campo adversário e entrar no espaço que demarca o gol sem ser tocado por qualquer jogador adversário. Quem não consegue, fica preso no local onde foi pego e parado como uma estátua, até conseguir que um companheiro de equipe o salve tocando-o. Vence o grupo que conseguir marcar mais “gols”. As crianças podem desejar montar mais de dois times de cada vez, assim, deverão fazer um planejamento para melhor utilização dos espaços da quadra. • Esses são apenas exemplos de possibilidades que a brincadeira oferece. Estimule as crianças, durante o processo de criação, desempenhando o papel de mediador, faça perguntas provocativas para auxiliá-las no processo de criação das regras. Quanto menores as crianças, maior será seu apoio. É importante que aprendam a resolver os conflitos que surgirem por meio do diálogo. 119


Após a criação das regras e combinados, solicite que as crianças experimentem a brincadeira. Após a atividade, converse sobre a experiência de brincar com as novas regras, estimule a reflexão propondo questionamentos como: “O que vocês acharam de brincar utilizando as novas regras?” “As mudanças das regras foram boas para o grupo? ” “Todos os integrantes do grupo conseguiram aproveitar a brincadeira?” “Precisamos realizar alguma mudança?” 4º Passo Introduzindo o método Pare, Pense e Faça nas aulas de Educação Física. Não é necessário realizar as duas brincadeiras, Amarelinha em dupla e Futebol sem bola, no mesmo dia. Utilize o método Pare, Pense e Faça – Criar e Recriar em outras brincadeiras. Estimule a curiosidade das crianças sobre as inúmeras possibilidades e aprendizados presentes em cada brincadeira. Defina com as crianças algumas brincadeiras típicas de cada uma das cinco regiões do Brasil que elas gostariam de experimentar, divida-as em grupos e solicite que pesquisem: história, regras, materiais e equipamentos utilizados. Estimule as crianças a pensarem nas adaptações que podem ser feitas, alterações de regras, adaptações no formato e materiais utilizados, dessa forma, elas desenvolverão a habilidade de analisar a situação e propor soluções.

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Módulo MÓDU 4 - Com-LO 4 petências Produtivas Competênc ias

Produtivas


Ilustração: Oscar Matella


Oficina I – Corrida de Campeões Habilidade: competências produtivas – aprender a trabalhar cooperativamente. Objetivo: aprender o valor da corresponsabilidade e da interdependência no grupo. Materiais necessários: CD kit Pense e Faça em Três Tempos (história “Corrida de Campeões”). Desenvolvimento: 1º Passo Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Introdução Este módulo tem por objetivo desenvolver competências produtivas que envolvem criatividade, cooperação, percepção das interdependências, habilidade para trabalhar em equipe e gerir conflitos. As oficinas da história “Corrida de Campeões” abordarão atividades que auxiliarão as crianças a lidarem com frustrações de maneira positiva. Instruções: Às vezes, é muito difícil perder em uma brincadeira ou em um jogo; quando perdemos, sentimos uma sensação desconfortável, sentimo-nos tristes, decepcionados com nosso desempenho e podemos ficar nervosos e chateados com os colegas do nosso time. Todas as pessoas, por mais habilidade que tenham, vão perder ou falhar em algum momento, isso é normal, ninguém vence todas as partidas. O importante é aprender a reagir de maneira positiva diante dessas situações. Vamos ouvir a história “Corrida de Campões” e descobrir o que aconteceu com os irmãos Carlos e Lucas, que participaram de um campeonato estadual de atletismo. Professor, é importante que as crianças conheçam o atletismo antes de ouvir a história, converse com eles sobre: origem, história, regras, categorias e atletas consagrados. 2º Passo Ouvir a história – “Corrida de Campeões”

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Corrid a de Campeões

Carol Rocha

Ilustração: Oscar Matella

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Carlos e Lucas eram irmãos. Carlos tinha 13 anos e Lucas tinha 12. Eles eram filhos do mesmo pai e da mesma mãe, mas eram muito diferentes, como o dia e a noite, como fogo e chuva, como um cachorrinho e um elefante. Carlos era moreno, alto e forte. Quando completou 12 anos, já era bicampeão de corrida de 200 metros e campeão de corrida de revezamento, ele amava correr. Já Lucas era magrinho, baixinho e branquinho, cheio de sardinhas. Mas ele também tinha medalhas. Era campeão das olimpíadas estaduais de matemática. Os dois tinham muitos amigos, mas Lucas se sentia triste porque quase nunca via seu irmão. Carlos preferia passar o dia com os amigos de corrida. Então, Lucas pensou: – “Se eu me tornar um corredor, meu irmão vai querer ser meu amigo também!”. Lucas resolveu tentar entrar para o time de corrida. Ele não estava confiante, porque nunca tinha tentado correr, só tinha corrido nas brincadeiras de rua. Mas foi aí que a professora de Educação Física deu uma dica fantástica para o Lucas: – Corra e imagine que lá no final do percurso está lhe esperando a coisa que você mais quer na vida, a coisa mais importante do mundo para você! – Ahhh... não deu outra! Lucas imaginou seu irmão, sorrindo e torcendo por ele, de braços abertos. E zuuuuummmmm! Correu mais rápido que o Papa-Léguas, que um foguete, que um trem. Lucas, tão pequenino e magrelo, tinha dois pés-de-vento. O professor pediu a ele que entrasse no time de atletismo da escola para competir como corredor com as escolas vizinhas e quem sabe até no campeonato estadual. Mas, para isso, ele teria de treinar duro e com disciplina. Lucas prometeu que daria o seu melhor e não via a hora de ver a expressão de alegria no rosto de seu irmão quando descobrisse que ele também era um corredor. Carlos, quando viu Lucas correndo, não acreditou no que os seus olhos estavam vendo, pensou que fosse uma brincadeira. Não poderia ser seu irmãozinho. Mas, quando o viu correndo tão veloz, sentiu muito orgulho, uma alegria imensa no peito. Deu de presente para ele seus antigos tênis de corrida, que não lhe serviam mais, e no jantar passavam o tempo todo falando sobre os maiores corredores do mundo, do treino que tinham feito ou da velocidade que queriam alcançar no dia seguinte. Lucas ia cada vez melhor, então, quando chegou o grande e tão esperado campeonato estadual, o professor o colocou no time de corrida com revezamento. Lucas e Carlos estavam no mesmo time. Lucas não dormiu direito na noite anterior ao grande dia. Seu coração batia tão forte que parecia que ia sair pela boca. Ele não queria decepcionar seu irmão, não queria perder essa amizade tão linda que eles tinham construído nos últimos meses. Os times adversários eram muito bons também e todos queriam levar a medalha para casa. Um dos meninos do time adversário passou perto de Lucas e, vendo-o tão nervoso, disse: – Este menininho magrelo não tem chance contra a gente! Volta para casa bebezinho, para a barra da saia da sua mamãe, vai! 126


Mas Carlos estava perto e disse: – Não se preocupe, Lucas. Você é ótimo! Eu acredito em você. O time de corrida de revezamento era divido em quatro pessoas. Era uma corrida de 600 metros e a cada 150 metros um dos meninos deveria passar o bastão para o outro corredor, que já estava ali na marca, esperando. Lucas era o último. E Carlos seria aquele que lhe passaria o bastão. Foi dada a largada. O time da escola de Lucas e Carlos partiu muito bem. Eles estavam na frente, com grande chance de ganhar a corrida. Então, chegou a vez de Carlos passar o bastão para Lucas. Mas Lucas estava muito nervoso, sentia uma vontade imensa de chorar, chorar de medo. Tudo ficou confuso na sua cabeça, foi aí que Lucas caiu e torceu o tornozelo. E não conseguiu mais ficar de pé. Vendo toda a cena, Carlos correu e logo chegou onde Lucas estava. Lucas chorava, desesperado. – Não, eu preciso levantar. Eu preciso correr, eu preciso ganhar esta corrida, senão você não vai querer ser meu amigo. Eu preciso lhe deixar orgulhoso. E Carlos respondeu: – Eu estou muito orgulhoso de você, Luquinhas. E não se preocupe, vamos ser sempre amigos e vamos terminar essa corrida juntos! Então, Carlos pegou seu irmão do chão e, com muito cuidado, apoiou-o em suas costas. E foi caminhando, um passo depois do outro, rumo à linha de chegada. Os outros dois colegas de time, vendo toda a situação, correram para ajudar e, assim, os três se revezaram para carregar Lucas até a linha de chegada. – Isso que é uma verdadeira c orrida de revezamento, hein? – Brincou a professora. Você deve estar se perguntando se eles ganharam alguma medalha. Não. Eles não ganharam. Porque, infelizmente, ainda não existe um jogo em que você ganha uma medalha por ajudar o seu companheiro. Mas eles ganharam algo muito mais valioso naquele dia: a alegria de uma grande amizade! Mas o que vocês acham? Vamos mudar isso? Vamos criar um jogo em que você ganha uma medalha por ajudar os colegas?

3º Passo Estimule as crianças a responderem a todas as perguntas a seguir. Se necessário, leia os trechos da história para apoiá-las nessa reflexão. Instrução: Agora que vocês já ouviram a história, vamos pensar sobre o que aconteceu com Carlos e Lucas. 127


Trechos da História para apoio: Corrida de Campeões. Carlos e Lucas eram irmãos. Carlos tinha 13 anos e Lucas tinha 12. Eles eram filhos do mesmo pai e da mesma mãe, mas eram muito diferentes, como o dia e a noite, como fogo e chuva, como um cachorrinho e um elefante. Carlos era moreno, alto e forte. Quando completou 12 anos já era bicampeão de corrida de 200 metros e campeão de corrida de revezamento, ele amava correr. Já Lucas era magrinho, baixinho e branquinho, cheio de sardinhas. Mas ele também tinha medalhas. Era campeão das olimpíadas estaduais de matemática. Quais eram as características físicas de Carlos e Lucas? Quais eram as habilidades de cada um dos irmãos? Os dois tinham muitos amigos, mas Lucas se sentia triste porque quase nunca via seu irmão. Carlos preferia passar o dia com os amigos de corrida. Então, Lucas pensou: – “Se eu me tornar um corredor, meu irmão vai querer ser meu amigo também!”. Lucas resolveu tentar entrar para o time de corrida. Ele não estava confiante, porque nunca tinha tentado correr, só tinha corrido nas brincadeiras de rua. Mas foi aí que a professora de Educação Física deu uma dica fantástica para o Lucas: – Corra e imagine que lá no final do percurso está lhe esperando a coisa que você mais quer na vida, a coisa mais importante do mundo para você! Ahhh... não deu outra! Lucas imaginou seu irmão, sorrindo e torcendo por ele, de braços abertos. E zuuuuummmmm! Correu mais rápido que o Papa-Léguas, que um foguete, que um trem. Lucas, tão pequenino e magrelo, tinha dois pés-de-vento. Você já participou de uma corrida? Conte como foi a experiência. O professor pediu para que ele entrasse no time de atletismo da escola para competir como corredor com as escolas vizinhas e quem sabe até no campeonato estadual. Mas, para isso, ele teria de treinar duro e com disciplina. Lucas prometeu que daria o seu melhor e não via a hora de ver a expressão de alegria no rosto de seu irmão quando descobrisse que ele também era um corredor. Carlos, quando viu Lucas correndo, não acreditou no que os seus olhos estavam vendo, pensou que fosse uma brincadeira. Não poderia ser seu irmãozinho. Mas quando o viu, correndo tão veloz, sentiu muito orgulho, uma alegria imensa no peito. Deu de presente para ele, seus antigos tênis de corrida, que não lhe serviam mais, e no jantar passavam o tempo todo falando sobre os maiores corredores do mundo, do treino que tinham feito ou da velocidade que queriam alcançar no dia seguinte. Para conseguir vencer uma competição, os atletas precisam treinar muito. Você já participou de algum campeonato ou competição? Conte como foi a experiência. 128


Lucas ia cada vez melhor, então, quando chegou o grande e tão esperado campeonato estadual, o professor o colocou no time de corrida com revezamento. Lucas e Carlos estavam no mesmo time. Lucas não dormiu direito na noite antes do grande dia. Seu coração batia tão forte que parecia que ia sair pela boca. Ele não queria decepcionar seu irmão, não queria perder essa amizade tão linda que eles tinham construído nos últimos meses. Os times adversários eram muito bons também e todos queriam levar a medalha para casa. Um dos meninos do time adversário passou perto de Lucas e, vendo-o tão nervoso, disse: – Este menininho magrelo não tem chance contra a gente! Volta para casa bebezinho, para barra da saia da sua mamãe, vai! Mas Carlos estava perto e disse: – Não se preocupe Lucas. Você é ótimo! Eu acredito em você. Lucas ficou muito ansioso na noite anterior ao campeonato, sentir-se assim é muito comum quando vamos participar de uma atividade muito importante, como apresentar um trabalho na escola ou participar de uma competição. Você já se sentiu assim antes de participar de alguma atividade? Se as crianças já participaram da Oficina “Sentimentos e Expressões” do módulo 1 “Competências Pessoais”, relembre as reações do corpo de acordo com cada sentimento. O time de corrida de revezamento era divido em quatro pessoas. Era uma corrida de 600 metros e a cada 150 metros um dos meninos deveria passar o bastão para o outro corredor, que já estava ali na marca, esperando. Lucas era o último. E Carlos seria aquele que lhe passaria o bastão. Foi dada a partida. O time da escola de Lucas e Carlos partiu muito bem. Eles estavam na frente, com grande chance de ganhar a corrida. Então, chegou a vez de Carlos passar o bastão para Lucas. Mas Lucas estava muito nervoso, sentia uma vontade imensa de chorar, chorar de medo. Tudo ficou confuso na sua cabeça, foi aí que Lucas caiu e torceu o tornozelo. E não conseguiu mais ficar de pé. Vendo toda a cena, Carlos correu e logo chegou onde Lucas estava. Lucas chorava, desesperado. – Não, eu preciso levantar. Eu preciso correr, eu preciso ganhar esta corrida, senão você não vai querer ser meu amigo. Eu preciso lhe deixar orgulhoso. E Carlos respondeu: – Eu estou muito orgulhoso de você, Luquinhas. E não se preocupe, vamos ser sempre amigos e vamos terminar esta corrida juntos! Quando participamos de uma competição, queremos vencer, mas nem sempre é possível, e, quando perdemos, sentimo-nos muito tristes. Algumas vezes, nosso time pode nos culpar dizendo que não somos suficientemente bons. Você já culpou alguém do seu time por ter perdido em um jogo? Alguma vez alguém já lhe culpou dizendo que você não era um bom jogador? Como você se sentiu?

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Então, Carlos pegou seu irmão do chão e, com muito cuidado, apoiou-o em suas costas. E foi caminhando, um passo depois do outro, rumo à linha de chegada. Os outros dois colegas de time, vendo toda a situação, correram para ajudar, e os três se revezaram para carregar Lucas até a linha de chegada. – Isso que é uma verdadeira corrida de revezamento, hein? – Brincou a professora. Você deve estar se perguntando se eles ganharam alguma medalha. Não. Eles não ganharam. Porque, infelizmente, ainda não existe um jogo em que você ganha uma medalha por ajudar o seu companheiro. Mas eles ganharam algo muito mais valioso naquele dia: a alegria de uma grande amizade! Mas o que vocês acham? Vamos mudar isso? Vamos criar um jogo em que você ganha uma medalha por ajudar os colegas? Será que podemos fazer um campeonato em que todos que ajudarem os colegas ganham medalha? O que vocês acham? Como seria esse campeonato?

Oficina II – Corrida de Campeões Habilidade: competências produtivas – aprender a superar frustrações de maneira positiva. Objetivo: aprender a enfrentar as situações adversas de maneira criativa e construtiva. Materiais necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo – Método Pare, Pense e Faça Superando frustrações positivamente. Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior, solicite que as crianças falem sobre a história. A sensação de não se ter um desejo realizado ou quando o planejado acontece de maneira diferente do que era esperado pode resultar em frustração. Esse sentimento está presente no processo de desenvolvimento humano e ocorre em diversas situações em que a criança (ou até mesmo o adulto) perceba que a realidade é diferente do que esperava, produzindo, sem dúvida, uma sensação de 130


desconforto. O método Pare, Pense e Faça auxiliará as crianças a desenvolverem habilidades, assim, ajudando-as a equilibrar-se e seguir em frente diante dessas situações. Observação: crianças com idade entre 06 e 07 anos podem apresentar dificuldade para compreender o sentimento de frustração e a aplicação do método Pare, Pense e Faça. Assim, sugere-se que a Oficina II seja aplicada a partir do 3º ano do Ensino Fundamental. Para crianças do 1º e 2º anos, sugere-se que, após a Oficina I, realize-se a Oficina III. Instrução: Quando perdemos uma competição, quando tiramos uma nota baixa na escola ou quando queremos muito alguma coisa e não conseguimos, sentimo-nos tristes e chateados, às vezes, ficamos desanimados e com vontade de desistir. Chamamos essa sensação de frustração. Por exemplo, quando você recebe uma nota baixa na prova ou quando o seu time perde o campeonato, quando você não ganha o presente que esperava, isso pode provocar essa sensação desagradável de frustração. Precisamos saber que há dias em que vamos ganhar, mas também existem os dias em que o que planejamos não dá certo, o importante é saber agir de maneira positiva quando essas situações acontecem. Vamos aprender alguns passos que ajudarão diante dessas difíceis situações. Técnica: Pare, Pense e Faça – Superando frustrações positivamente. Essa técnica é destinada a ajudar aos alunos a lidarem com o sentimento de frustração em relação a si mesmos e ao grupo ao qual pertencem. Instrução: Utilize as lâminas, Pare, Pense e Faça, apresentando cada etapa e situação a seguir relacionadas. Etapa I: Lidando com situações de frustração. O que fazer quando você se sentir frustrado, ou seja, quando algo não acontece conforme você esperava? Pare e diga para si mesmo: “Ninguém vence todas as vezes! Não tem problema se hoje eu não ganhei”. Mais importante que vencer é não desistir. Se você não conseguiu alcançar seu objetivo hoje, não quer dizer que você falhou ou que você não é capaz, quer dizer apenas que hoje você não conseguiu, mas pode conseguir da próxima vez Cite alguns exemplos para apoiá-los no entendimento: Você estudou para a prova de matemática, mas não conseguiu tirar uma boa nota, pare e diga: “Tudo bem se eu não tirei uma boa nota hoje. Eu vou estudar mais e vou recuperar essa nota”. 131


Você se esforçou bastante, mas perdeu o jogo, pare e diga: “Ninguém vence todas as vezes! Não tem problema se hoje eu não ganhei, posso vencer o próximo jogo”. Você sugeriu uma brincadeira, mas seus amigos escolheram outra para brincar, pare e diga: “Tudo bem se eles não escolheram minha brincadeira agora, podemos brincar do que eu quero depois”. Você queria muito um presente, mas seus pais não puderam comprar, pare e diga: “Tudo bem se eu não recebi o presente que eu queria agora, talvez eu ganhe em outro momento”. Etapa II – Pense sobre o que aconteceu. Pense no seu desempenho ou no desempenho do seu time. Você estudou para a prova de matemática, mas não conseguiu tirar uma boa nota. Pense: você estudou o bastante ou precisa estudar um pouco mais? Você se esforçou bastante, mas perdeu o jogo. Pense: mesmo tendo perdido o jogo eu sei que joguei bem ou no próximo jogo posso me esforçar um pouco mais? Você sugeriu uma brincadeira, mas seus amigos escolheram outra para brincar. Pense: gosto bastante da brincadeira que escolhi, mas será que a deles também não é legal? Você queria muito um presente, mas seus pais não puderam comprar. Pense: talvez, meus pais não tenham dinheiro para comprar esse presente agora, não tem problema se eu não ganhei desta vez. Mesmo treinando bastante, seu time perdeu o jogo. Pense: mesmo tendo perdido, meu time jogou bem, estávamos unidos ou, no próximo jogo, precisamos ficar mais unidos para jogar melhor? Há dias em que a gente ganha e há dias em que a gente perde, isso é normal. Pense sempre sobre o que você pode fazer para melhorar: estudar mais, praticar mais, ter mais união no time. Etapa III – Faça – Tenha uma atitude solidária! Cumprimente seus oponentes, incentive seu time e seja positivo!

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I – Cumprimente os colegas do outro time pelo bom desempenho, fale: Parabéns! Vocês jogaram muito bem hoje! II – Motive o seu time: Hoje não vencemos, mas não vamos desanimar, podemos ganhar da próxima vez! Precisamos ficar mais unidos e treinar mais, e vamos vencer o próximo jogo! III – Seja positivo: Hoje eu não consegui, mas vou me esforçar ainda mais e a próxima vez será melhor. Se você sentir dificuldade em alguma matéria da escola ou em uma atividade, pode solicitar ajuda dos seus professores e dos seus familiares. O importante é não desistir. Fixando o conhecimento!

Pare, Pense e Faça – Superando as frustrações positivamente. Agora, você já sabe que toda vez que se sentir frustrado por não ter conseguido conquistar algo que desejava você pode: PARE e diga para si mesmo: “Ninguém vence todas as vezes! Não tem problema se hoje eu não consegui, vou continuar tentando”. PENSE sobre o seu desempenho e quais serão os próximos passos, o que você precisa fazer: Estudar mais? Treinar mais? Esforçar-se mais? FAÇA, cumprimente o outro time pelo bom desempenho, dê os Parabéns! Motive o seu time, diga aos seus colegas para não desanimarem, vocês podem se esforçar ainda mais e ganhar da próxima vez! Pense positivo, hoje você não conseguiu, mas vai se esforçar ainda mais e na próxima vez será melhor.

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2º Passo Simulações É importante que as crianças compreendam claramente como o método Pare, Pense e Faça funciona, por isso sugerimos os seguintes exercícios de simulação: Instruções: Vamos pensar na história “Corrida de Campeões”, o que aconteceu quando Lucas caiu e torceu o tornozelo? Qual foi a atitude do grupo? Será que ele desistiu de praticar corrida? Como aprendemos, nem sempre tudo acontece do jeito que a gente espera, há dias que a gente ganha e outros que a gente perde; tem provas em que tiramos notas excelentes, mas você pode ter dificuldade em alguma matéria e tirar nota baixa, o importante é saber que você sempre pode melhorar. Agora vamos criar algumas situações para utilizar o método Pare, Pense e Faça e ver como ele funciona: Simulação 1 Solicite que uma criança, voluntariamente, vivencie a situação. Utilize as lâminas ilustrativas (Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método. Situação: Você estudou para a prova de português, mas tirou uma nota baixa. Como aplicar o método Pare, Pense e Faça nessa situação? Deixe que a criança descreva o passo a passo da aplicação do método. Estimule-a com perguntas como: Quando você recebe uma prova e vê que tirou uma nota baixa, como se sente? O que você pode dizer a si mesmo? Pense no seu desempenho, por que você não foi bem nessa prova? Precisa estudar mais? Você está com dificuldade em aprender esse conteúdo? O que você pode fazer para melhorar sua nota na próxima prova? Você vai estudar mais sozinho ou vai pedir ajuda para o professor ou para seus familiares? Deixe que as outras crianças também expressem sua opinião sobre a forma como a criança voluntária utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente.

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Simulação 2 Solicite que uma criança, voluntariamente, vivencie a situação. Utilize as lâminas ilustrativas (Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método. Situação: Você participou de um concurso de desenhos na escola, fez um lindo trabalho, mas seu desenho não foi escolhido e você não ganhou o prêmio. Como aplicar o método Pare, Pense e Faça nessa situação? Deixe que a criança descreva o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Quando você recebe a notícia que seu desenho não foi escolhido e você não ganhou o prêmio, como você se sente? O que você pode dizer a si mesmo? Pense no seu desempenho, você gostou do desenho que fez? O que você pode dizer à pessoa que ganhou o concurso? Se houver outro concurso, você vai tentar novamente ou vai desistir? Deixe que as outras crianças também expressem sua opinião sobre a forma como a criança voluntária utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Simulação 3 Solicite que uma criança, voluntariamente, vivencie a situação. Utilize as lâminas ilustrativas (Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método. Situação: Você e seus colegas estão brincando de um jogo que você gosta muito, mas você perdeu. Como aplicar o método Pare, Pense e Faça nessa situação? Deixe que a criança descreva o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Quando seus colegas ganham de você, como você se sente? O que você pode dizer a si mesmo? Pense no seu desempenho, você se esforçou? O que você pode dizer à pessoa que ganhou? O que você vai fazer? Continuar tentando porque sabe que perder algumas vezes é normal ou vai desistir desse jogo?

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Deixe que as outras crianças também expressem sua opinião sobre a forma como a criança voluntária utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Simulação 4: Solicite que uma criança, voluntariamente, vivencie a situação. Utilize as lâminas ilustrativas (Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método. Situação: O seu time treinou bastante para o campeonato de basquete, vocês chegaram à final, mas perderam o jogo para o time adversário. Como aplicar o método Pare, Pense e Faça nessa situação? Deixe que a criança descreva o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: Como você se sente quando o seu time perde o jogo? O que você pode dizer a si mesmo? Pense no desempenho do seu time, vocês jogaram bem? O que você pode dizer ao time que ganhou? O que você pode dizer para motivar o seu time? Deixe que as outras crianças também expressem sua opinião sobre a forma como a criança voluntária utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Conduza outras simulações realizando repetições suficientes para que a aprendizagem seja assimilada. Diversifique, apresente variadas situações que sejam recorrentes no dia a dia das crianças, proponha exercícios para além do cotidiano escolar, assim, proporcionando a transcendência da aprendizagem para outras áreas.

Oficina III – Corrida de Campeões Habilidade: competências produtivas – aprender a trabalhar cooperativamente. Objetivo: aprender o valor da corresponsabilidade, da interdependência no grupo e da solidariedade. Materiais necessários: giz, bambolês, cones, rolo de papel-toalha (somente o cone), garrafa PET, fitilho ou fitas coloridas, molde de medalhas (Manual Pense e Faça em Três Tempos). Desenvolvimento:

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1º Passo Minicircuito de atletismo – Amigo solidário! Esta atividade tem como objetivo proporcionar às crianças a experiência de experimentarem uma nova modalidade esportiva: o atletismo. Mas este é um campeonato diferente, vence a equipe que conseguir concluir todas as estações do circuito, independente da ordem de chegada. O que conta ponto é a cooperação, o respeito e a solidariedade. As crianças poderão vivenciar as modalidades de corrida de revezamento, salto, barreira, reconhecendo suas técnicas e suas dificuldades por meio de atividades lúdicas. Neste minicampeonato, todos os membros da equipe darão sua contribuição para que os resultados sejam alcançados. A participação individual contribuirá para o resultado coletivo, reforçando o conceito de que cada criança é valorizada. Passo a Passo • A aula deverá iniciar com uma discussão sobre as modalidades que serão praticadas e a importância do trabalho em equipe, da cooperação e do respeito. • Divida as crianças em equipes de oito a doze alunos. Equipes mistas (meninos e meninas). Utilize fitilhos ou fitas coloridas amarrados nos braços das crianças para identificar os times. • Todas as crianças têm de competir em cada uma das atividades. • As provas deverão ser organizadas de acordo com o princípio de rodízio, de modo que todas as equipes retornem às estações em que iniciaram. • Antes de iniciar o minicampeonato, imprima o quadro de medalhas presente no Manual Pense e Faça em Três Tempos. • Não é necessária a marcação de pontos, vence a equipe em que todos os integrantes conseguirem realizar todos os circuitos propostos. Se algum membro da equipe tiver dificuldade em qualquer uma das estações, os outros podem ajudá-lo. Instruções: Hoje, vamos fazer um campeonato diferente, vocês se lembram da história “Corrida de Campeões”? No final da história, tinha um desafio, criar um jogo em que vence quem ajudar o colega. Esse campeonato não ganha quem fica em primeiro, segundo ou terceiro lugar, e sim todas as equipes que conseguirem concluir todos os circuitos. Para vencer, você precisa ajudar os seus colegas que sentirem alguma dificuldade, apoiar, incentivar e respeitar, o que conta mais pontos é a união da equipe.

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Sugestões de circuitos: Estações Minicircuito de atletismo com revezamento – Amigo solidário! Pode ser construída no entorno da quadra, utilizando-se as laterais. Miniestação de corrida com obstáculos. Pode-se utilizar bambolês, cone e giz para realizar as demarcações. Saltos cruzados, salto para frente, salto com corda, salto em distância. Pode-se utilizar garrafa PET, cones e giz para fazer as demarcações. Importante: elabore as atividades de acordo com a faixa etária, nível de desenvolvimento e capacidade das crianças, optando pelas modalidades mais apropriadas para cada grupo. Leve em consideração a participação e as peculiaridades de cada criança. Realize mediações para que eles se corresponsabilizem por alcançar o objetivo comum. Resultados esperados: • Que as crianças experimentem novas modalidades esportivas. • Que não somente as crianças com mais facilidade e melhor desempenho vençam, mas que todos contribuam para o bom resultado da equipe. • Que a estrutura das atividades sejam baseadas em valores como: cooperação, solidariedade e respeito.

Oficina IV – Corrida de Campeões Habilidade: competências produtivas – aprender a trabalhar cooperativamente. Objetivo: transcender o método Pare, Pense e Faça para outras áreas. Materiais necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo Transcendência do Método Pare, Pense e Faça. Se você realizou as oficinas I, II e III, ajude as crianças a transcenderem o método para outras áreas.

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Antes do início da atividade física, converse com as crianças, assim, refletindo em que outras áreas da vida poderiam utilizar o método Pare, Pense e Faça – Superando frustrações positivamente. Instrução: Esse método também pode ajudar em outros locais e situações. Vamos pensar em que outros momentos você poderia utilizar o método: Pare, Pense e Faça! • Reflita com as crianças em que situações específicas e em que locais, como casa, sala de aula, etc., elas utilizariam o método. Ajude-as a pensar em situações reais, faça simulações de alguns casos. • Faça perguntas que ajudarão as crianças a melhor compreender como utilizar os passos Pare, Pense e Faça em outros locais. • Após uma semana, pergunte se precisaram utilizar os passos: Pare, Pense e Faça em alguma situação. • Relembre o método Pare, Pense e Faça após as atividades sempre que necessário, especialmente em períodos de competição e campeonatos. • Caso ocorra, durante a atividade, alguma situação de insulto entre os times ou se perceber crianças com sentimento de frustração, estimule-as realizando as seguintes reflexões: Vamos relembrar o método Pare, Pense e Faça: Como você se sentiu quando o seu time perdeu o jogo? O que você pode dizer a si mesmo? Pense no desempenho do seu time, vocês jogaram bem? O que você pode dizer ao time que ganhou? O que você pode dizer para motivar o seu time?

Oficina 1 – Virando o Jogo Habilidade: competências produtivas – aprender a organizar-se e a decidir em grupo. Objetivo: elaborar uma maneira de realizar o jogo que atenda a todos. Materiais necessários: lâmina da história: “Virando o Jogo” – Kit Pense e Faça em Três Tempos, 10 cartas “Virando o Jogo”. Desenvolvimento: Forme uma roda com os participantes sentados no chão.

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1º Passo Saber trabalhar em grupos cooperativos para alcançar objetivos comuns. Uma habilidade que vai muito além da fase escolar, estendendo-se para a vida adulta e o mundo do trabalho. A história “Virando o Jogo” apresenta um final aberto e um desafio para as crianças: aprender a organizar-se em grupo e usar a criatividade para encontrar a melhor solução para os times do bairro Jurumim. Instrução: Fazer parte de um time que sempre vence deve ser muito bom! Um time só de craques, que nunca perde um jogo. Mas e aqueles que não têm tanta habilidade? Será que poderiam fazer parte desse time? Vamos ouvir a história de dois times do bairro Jurumim, uma história bem diferente porque o final será decidido por vocês. 2º Passo Contar a história: “Virando o Jogo”.

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Virando o jogo

Carol Rocha

Ilustração: Oscar Matella

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Jogo de futebol no campinho era sagrado no bairro Jurumirim. Em todos os finais de tarde, quando a meninada saía da escola, era de lei correrem para o campinho ali do lado e amontoarem-se ao redor da linha demarcada no chão de terra, que delimitava o “campo de futebol”. Meninos e meninas, todos sentados lá, em cima das mochilas ou dos cadernos mesmo, para assistir aos heróis da bola do bairro Jurumirim. Eram meninos do oitavo e nono anos que há dois anos venciam todos os campeonatos da cidade. Os grandes atacantes eram o Jé, o Dé e o Zé. Eles nem eram assim tão bonitos, mas todas as meninas suspiravam por eles, porque eles marcavam muitos gols! O goleiro Zina parecia um profissional, quase nunca levava frango. Mas, quando levava, chamavam o coitado de tudo quanto era nome feio. O Fu, o Edu, e o Gu faziam a defesa e estavam sempre muito atentos caso o goleiro desse uma bobeira. Cada um no time tinha a sua função fundamental. O Mi, o Gui e o Di cobriam o meio de campo e passavam a bola para os artilheiros marcarem gols. E, quando eles marcavam, a torcida ia à loucura. Eles eram Os Cachoeirinhas. Os Grandes Cachoeirinhas. Esses meninos eram os heróis do bairro. E dava um gosto danado ver esses meninos jogando. Os dribles que o Jé dava, cada chapéu que o adversário ficava ali bobo, caçando onde é que a bola tinha ido parar. Já o Dé corria tão rápido que parecia o The Flash, você nem via o menino correr no campo, via só um borrão passando. Ele roubava a bola e já deixava certinha para o Zé. O Zé era o cara com a melhor mira do mundo. Podia chutar com a esquerda, com a direita, mandar de cabeça, de bicicleta, de atravessado, não interessava: ele sempre marcava e levava a meninada do campinho ao delírio. Mas quem não estava no time podia jogar? Claro que não. O campinho era para Os Cachoeirinhas treinarem. Ponto. Os outros meninos que queriam fazer parte do time, mas não jogavam tão bem quanto Os Cachoeirinhas, cuidavam da organização do campinho, das bolas para estarem sempre cheias e das linhas de campo, sempre, bem nítidas. Mas eles não tinham vez. Nada de poder chutar a bola. Um não podia jogar porque era muito baixinho e magrelo, outro porque corria muito devagar, outro porque usava óculos com lentes muito grossas e tinha um medo danado de se machucar, e assim por diante. A galera os chamava de Os Descartados, mas eles não ligavam. Para eles era um orgulho fazer parte de algo tão bonito, afinal, de certa forma, eles também faziam parte do time. Até que um dia... Os Cachoeirinhas foram jogar no Jardim das Rosas, e, naquele dia, caiu um pé d’água danado. Choveu durante todo o caminho de volta. Resultado: pegaram um grande resfriado, ficaram de cama, com febre e nariz entupido. Os Descartados não sabiam disso. E, pontualmente, às 18h15min, chegaram correndo no campinho, largaram as mochilas de lado e correram para fazer suas tarefas: encher as bolas, controlar os gols, remarcar as linhas de campo. Tudo tinha de estar perfeito para os heróis treinarem. Mas, naquele dia, Os Cachoeirinhas não apareceram. A torcida inteira se apresentou para assisti-los,

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mas, depois de 45 minutos esperando, todos foram embora, entendendo que aquele dia não teria jogo. Os meninos “Descartados” ficaram meio tristes porque tinham preparado tudo com tanto carinho. Mas se deram por vencidos e também foram para casa. No segundo dia, a cena se repetiu. Campo pronto, torcida pronta, mas nada dos jogadores. Os Descartados, tristes, começaram a guardar tudo de novo, quando Bento, aquele que tinha óculos de fundo de garrafa e muito medo de se machucar, começou a manejar a bola, devagarzinho chutou de um pé para o outro. Só para ver mesmo como é que era. Cara, como era difícil! A bola escapava, ia para onde queria, era difícil controlar a força do passe para a bola chegar direitinho no outro pé. Os outros Descartados estavam boquiabertos. Como ele ousava? Se um dos Cachoeirinhas visse aquilo, eles estavam perdidos, perdidos! Mas parecia tão divertido... e não tinha ninguém olhando mesmo... Então, Tico fez um drible, meio “sem querer querendo” no Bento, e foi correndo, no ritmo dele, com a bola no pé. Antes da metade do campo, ele já estava suando muito, mas gostou da sensação do vento no rosto e de ser o dono da bola naqueles 15 segundos de glória. A Naná largou a mochila no chão, correu para o campo, deu um chapéu no Tico e saiu toda alegre fazendo zigue-zague com a bola, enquanto narrava o próprio jogo: “E Naná, rainha do futebol, zagueira da seleção, faz um drible incrível no Alemão, levando a torcida à loucuraaaaa. E ela prepara para chutar. Ela vai marcar, ela dribla um, dois, ela chuta, e é gol, gooooooooooooolllll!” E logo todos os outros se juntaram a eles, e aquilo foi divertido demais. O Juninho ficou de fora, dando instruções. O Juninho era tão miudinho, tão miudinho, que tinha medo de alguém pisar nele, mas era um gênio em matemática e foi criando esquemas para os meninos e a Naná passarem a bola e marcarem os gols. Ficou lá, berrando com eles, enquanto eles não conseguiam fazer nada do que era pedido, mas se divertiam feito loucos. Fizeram poucos gols, acertavam muitas vezes na trave e por cima da rede, estavam pegando o jeito ainda. Eles foram para casa, aquela noite, enlameados, ralados, doloridos e famintos. Mas felizes. Felizes como nunca. No terceiro dia, tudo se repetiu. Nada dos Cachoeirinhas. A torcida foi em menor número aquele dia, porque a esse ponto a notícia do resfriado dos meninos de ouro do futebol já tinha se espalhado. Os Descartados ficaram muito felizes quando confirmaram suas suspeitas de que ninguém viria, assim, aquela noite, também, poderiam brincar. Na noite seguinte, nem esperaram para começar. E algumas pessoas da torcida ficaram para assistir, porque Os Descartados podiam não jogar tão bem quanto Os Cachoeirinhas, mas se divertiam que dava gosto. No quinto dia, Os Cachoeirinhas finalmente estavam melhores e apareceram no campinho, na mesma hora de sempre, para jogar.Tudo estava igual: campinho impecável, torcida pronta, mas espera! Os Descartados estão brincando no campinho? E agora? O que acontecerá com Os Descartados? 143


3º Passo As crianças deverão responder às 10 cartas que contêm perguntas sobre a história “Virando o Jogo”. O professor realizará a leitura e todos poderão responder às perguntas nelas descritas. Pode ser necessário explicar para as crianças o significado da palavra “descartado”, utilize outras palavras para auxiliá-las nessa compreensão, tais como rejeitado, excluído, deixado de fora, dê alguns exemplos. Sequência das perguntas descritas nos cartões: Cartão 1: existe esporte de menina e esporte de menino? No futebol, os meninos são melhores que as meninas? Cartão 2: Qualquer pessoa pode praticar esportes ou somente quem tem habilidade? Cartão 3: você já foi deixado de fora de um jogo porque seus colegas achavam que você não sabia jogar? Como você se sentiu? O que você fez? Cartão 4: como eram os jogadores do time Cachoeirinha? E como eram os jogadores do time dos Descartados? Estimule as crianças a elaborarem uma lista com as características físicas, habilidades e dificuldades dos jogadores dos dois times, essa lista ajudará a responder à pergunta do cartão 5. Se necessário, releia trechos da história para apoiá-las. Cartão 5: ó time dos “descartados” não podia jogar porque os Cachoeirinha diziam que eles não eram bons jogadores, mas eles também tinham uma função, quais eram suas obrigações? Isso está correto? Cartão 6: é correto esse apelido que colocaram no time “Descartados”? Como eles se sentiam quando eram chamados de Descartados? Cartão 7: releia o trecho: “Os Descartados podiam não jogar tão bem quanto Os Cachoeirinhas, mas se divertiam que dava gosto. No quinto dia, Os Cachoeirinhas finalmente estavam melhores e apareceram no campinho, na mesma hora de sempre, para jogar. Tudo estava igual: campinho impecável, torcida pronta, mas espera! Os Descartados estão brincando no campinho? E agora? O que acontecerá com Os Descartados?” Questionamentos para estimular as crianças no processo de reflexão: a) Eles devem desistir de jogar e voltar a sua antiga função de organizar o campinho para os 144


Cachoeirinhas ou eles devem continuar jogando? b) Como eles podem se organizar? c) Os times vão selecionar dias e horários para cada um utilizar o campinho separadamente? d) Os dois times vão se unir e formar um time só? e) Os Cachoeirinhas vão ensinar algumas técnicas para os “Descartados”? Cartão 8: quem deverá organizar o campinho, encher as bolas e guardar o material após o jogo? Cartão 9: eles podem convidar as outras crianças que vão todos os dias para assistir aos jogos para participar e divertir-se? Como eles podem se organizar? Cartão 10: vamos escolher outro nome para o time dos “Descartados”? Qual será o novo nome do time? Professor, estimule as crianças a responderem a todas as perguntas, quando menores as crianças, mais estímulos devem receber. A discussão deve envolver todas as crianças, estimule-as a posicionarem-se. Se necessário realize um processo de votação. Como apoio a realização dessa atividade, sugere-se a utilização da Técnica: Pare, Pense e Faça – solucionando situações de conflito – história “Os Dançarinos Coloridos” – Competências Relacionais.

Oficina 2 – Virando o Jogo Habilidade: competências produtivas – aprender a se organizar e a decidir em grupo. Objetivo: aprender a dialogar para solucionar situações de conflito. Materiais Necessários: lâminas: Pare, Pense e Faça. Desenvolvimento: 1º Passo – Método Pare, Pense e Faça A importância do diálogo. Forme uma roda com os participantes sentados no chão. Relembre a oficina anterior, solicite que as crianças falem sobre a história. Ensinar às crianças a habilidade da negociação é uma maneira eficaz de prepará-las para mediar conflitos e defenderem-se quando vivenciarem posições constrangedoras como uma situação de bullying. 145


A técnica Pare, Pense e Faça – A importância do diálogo tem por objetivo ensinar as crianças a utilizarem o diálogo para solucionar conflitos. Instrução: Você já ouviu a frase “é conversando que as pessoas se entendem”? Essa frase nos ensina que para resolver uma situação em que duas ou mais pessoas não concordam com a mesma coisa é preciso conversar. Na história “Virando o Jogo”, os jogadores do time dos Cachoeirinhas achavam que somente eles podiam jogar, mas as outras crianças também queriam se divertir. Os jogadores do time “Descartados” sentiam-se tristes quando eram chamados assim, mas eles nunca tiveram coragem de dizer como se sentiam, por isso, todos continuavam os chamando por esse apelido. Quando alguém o chama por um apelido que você não gosta, você pode se sentir triste e envergonhado. Quais apelidos podem fazer uma pessoa se sentir assim? Se necessário, explique para as crianças o significado de apelido pejorativo, cite alguns exemplos: baixinho, gordinho, burro, cabeçudo, magricela, quatro olhos, etc. Algumas vezes, as pessoas que chamam as outras por apelidos podem dizer que é só uma brincadeira, mas se você se sentir triste ou envergonhado, então, essa situação tem de parar. Assim como na história que vocês decidiram que os “Descartados” não teriam mais esse apelido, vamos aprender alguns passos que ajudarão a enfrentar essa situação caso aconteça com você. Técnica: Pare, Pense e Faça – A importância do diálogo. O respeito às diferenças precisa ser exercitado diariamente no ambiente escolar. As crianças devem ser instruídas a reconhecer possíveis situações de bullying e solucioná-las por meio do diálogo e do respeito. Instrução: Apresente as lâminas, Pare, Pense e Faça, mostrando cada etapa e situação abaixo relacionadas. Etapa I – Pare e olhe para a situação: O que aconteceu para que você se sentisse triste e envergonhado? I – Chamaram-lhe por um apelido que você não gostou: Exemplo: Na sala de aula, tem um colega que lhe chama de burro e fica repetindo que você não sabe fazer nada direito. 146


II – Fizeram uma brincadeira que você não gostou: Exemplo: Você tem um colega que lhe chama de gorda e diz que você é muito lenta e, na hora do recreio, fica zombando de você. II – Alguém lhe agrediu fisicamente: Exemplo: Na hora do recreio, tem colegas que ficam lhe empurrando e rindo de você. Na sala de aula, tem um colega que puxa o seu cabelo. Agora que você já sabe identificar uma situação que lhe deixa envergonhado, constrangido e triste, vamos pensar sobre o que pode fazer nessas situações: Etapa II – Pense – o que eu posso fazer? Você tem algumas opções: I – Converse com a pessoa que está lhe chamando por apelidos ou lhe agredindo e diga como você se sente. II – Se essa opção de conversar com seu colega não resolver a situação, isto é, se ele continuar lhe chamando por apelidos ou lhe agredindo, você deve pedir ajuda a um adulto, pode ser um professor ou um familiar. Procure alguém em que você confie e conte o que está acontecendo. III – Você pode não fazer nada, pode não contar para ninguém, mas se escolher essa opção, a situação vai continuar e você vai continuar triste e chateado. Essa não é uma boa opção, pense nas duas opções acima, converse com seu colega e, se a situação não se resolver, é muito importante que você conte o que está acontecendo a um adulto. Depois que você pensou e decidiu o que vai fazer, é hora de agir: Etapa III – Faça – Resolvendo a situação por meio do diálogo. É importante que a criança aprenda a expressar-se quando algo a incomoda, fazendo o outro entender que existem limites que não podem ser ultrapassados. Se você optou por conversar com seu colega: I – Fale claramente qual ação dele está lhe deixando chateado, um apelido, uma brincadeira que você não gostou ou uma agressão.

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Exemplo: Fale: – Eu não gosto quando você me chama de gordo, por favor, quero que você me chame pelo meu nome. Meu nome é (diga seu nome). – Eu não sou burra e sinto-me triste quando você me chama assim, por favor, quero que você me chame pelo nome (diga seu nome). As pessoas são diferentes umas das outras e todas merecem respeito. – Você não deve me empurrar, você está me machucando, não faça mais isso. II – Faça um compromisso com seu colega: - Pergunte ao seu colega se ele concorda em não lhe chamar mais por apelidos, e sim pelo seu nome. - Pergunte ao seu colega se ele concorda em não lhe empurrar mais, nem fazer brincadeiras que lhe machuquem. Se ele não concordar com você é hora de pedir a ajuda de um adulto. Se você optou por conversar com seu colega, mas, mesmo assim, ele continua fazendo a mesma coisa, é hora de conversar com um adulto e contar o que está acontecendo: II – Você pode pedir a ajuda de alguém para resolver a situação, pode ser o professor, seus pais, tios, avós, alguém em que você confie. Conte o que está acontecendo e o que você está sentindo. – Na minha escola, tem um colega que me chama por um apelido que eu não gosto e isso me deixa muito triste, já pedi para ele parar, mas não adiantou, preciso de ajuda. – Professor, tem um colega que sempre me empurra na hora do recreio, já disse que isso me machuca e pedi para ele parar, mas ele não parou, preciso de ajuda. Fixando o conhecimento!

Pare, Pense e Faça – a importância do diálogo. Agora você já sabe que, toda vez que estiver passando por uma situação constrangedora, ou seja, quando seu colega lhe chamar por um apelido que você não gosta, fizer uma brincadeira que lhe deixa envergonhado ou lhe agredir, você pode: PARE, olhe para a situação, o que aconteceu para que você se sentisse triste e envergonhado? PENSE, o que eu posso fazer? Conversar com seu colega ou pedir ajuda para um adulto? Lembre-se 148


que se você não fizer nada, a situação não irá se resolver sozinha, você precisa escolher uma das duas opções. FAÇA, fale claramente com seu colega qual ação dele está lhe deixando chateado, faça um compromisso, pergunte a ele se concorda em não fazer mais o que está lhe incomodando, mas se a situação continuar, procure um adulto que você confie e conte o que está acontecendo.

2º Passo Simulações É importante que as crianças compreendam claramente como o método Pare, Pense e Faça funciona e como aplicá-lo em um caso em situações que se sintam constrangidos ou envergonhados. Instrução: Esse método ensina que podemos resolver as situações que nos fazem mal conversando ou pedindo ajuda. Agora, vamos criar algumas situações e verificar como o método Pare, Pense e Faça funciona. Simulação 1 Solicite que duas crianças, voluntariamente, vivenciem a situação. Utilize as lâminas ilustrativas (Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método. Situação: durante a aula de Educação Física, a criança A sempre chama a criança B de baleia e diz que ela não consegue correr porque é muito gorda. Como a criança B deverá agir utilizando a técnica Pare, Pense e Faça? Deixe que as crianças descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: O que o seu colega fez? Como você se sentiu? Você se sentiu triste/envergonhado? O que você pode fazer nessa situação? O que você gostaria de dizer à criança A. Se, mesmo após conversar, seu colega continuar lhe chamando de baleia, o que você vai fazer? Permita que o jogador A também expresse sua opinião sobre essa ação. Pergunte se ele acha correto chamar o colega por um apelido que ele não gosta.

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Para reflexão: Deixe que as outras crianças, também, expressem sua opinião sobre a forma como a criança B utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Incentive as crianças a manifestarem-se quando forem testemunhas do bullying. Se você presenciasse o colega A chamando o colega B de baleia, o que você faria? Simulação 2 Solicite que três crianças, voluntariamente, vivenciem a situação. Utilize as lâminas ilustrativas (Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método. Situação: Todos os dias, no momento do recreio, as crianças A e B empurram a criança C. Instrua as crianças que esse é um exercício de simulação, dessa forma, elas não deverão utilizar força para empurrar a criança C. Como a criança C deverá agir utilizando a técnica Pare, Pense e Faça? Deixe que as crianças descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: O que o seu colega fez? Como você se sentiu? Você se sentiu triste/envergonhado? O que você pode fazer nessa situação? O que você gostaria de dizer às crianças A e B. Se, mesmo conversando, seus colegas continuarem lhe empurrando, o que você vai fazer? Permita que as crianças A e B também expressem sua opinião sobre a ação que fizeram. Pergunte se elas acham correto empurrar um colega. Para reflexão: Deixe que as outras crianças também expressem sua opinião sobre a forma como a criança C utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Incentive as crianças a manifestarem-se quando forem testemunhas de bullying. Se você presenciasse um colega empurrando o outro o que faria? Simulação 3 Solicite que duas crianças, voluntariamente, vivenciem a situação. Utilize as lâminas ilustrativas (Pare, Pense e Faça) para apoiar as crianças no passo a passo do método.

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Situação: Na sala de aula, a criança A sempre diz à criança B que ela é muito burra e que não sabe fazer nada. Como a criança B deverá agir utilizando a técnica Pare, Pense e Faça? Deixe que as crianças descrevam o passo a passo da aplicação do método. Estimule-as com perguntas como: O que o seu colega fez? Como você se sentiu? Você se sentiu triste/envergonhado? O que você pode fazer nessa situação? O que você gostaria de dizer à criança A. Se, mesmo conversando, seu colega continuar lhe chamando de burra, o que você vai fazer? Permita que o jogador A também expresse sua opinião sobre essa ação. Para reflexão: Deixe que as outras crianças também expressem sua opinião sobre a forma como a criança B utilizou o método, se foi adequada ou se fariam algo diferente. Incentive as crianças a manifestarem-se quando forem testemunhas de bullying. Se você presenciasse o colega A chamando o colega B de burra, o que você faria? Conduza outras simulações realizando repetições suficientes para que a aprendizagem seja assimilada. Diversifique, apresente variadas situações que sejam recorrentes no dia a dia das crianças, proponha exercícios para além do cotidiano escolar, proporcionando a transcendência da aprendizagem para outras áreas. 3º Passo Introduzindo o método Pare, Pense e Faça nas aulas de Educação Física. Informe as crianças que, a partir de agora, em todas as aulas, sempre que ocorrer alguma situação em que elas se sintam envergonhadas por apelidos, agressões verbais e/ou físicas, elas deverão utilizar o método Pare, Pense e Faça. Sempre no início de cada aula, relembre às crianças do método: Pare, Pense e Faça. Caso tenha ocorrido, durante a atividade do dia, alguma situação de conflito sobre a qual as crianças queiram conversar, deixe que elas descrevam a situação e, depois, estimule-as fazendo as seguintes reflexões: Você utilizou o método Pare, Pense e Faça para solucionar essa situação? O que você fez?

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4º Passo Transcendência Instrução: É muito ruim quando alguém lhe chama por um apelido que você não gosta ou quando um colega lhe empurra ou faz algo que lhe deixa triste e envergonhado, mas agora você já conhece o método Pare, Pense e Faça e sabe o que pode fazer quando ocorrer uma situação assim. Essas habilidades podem ajudar em vários locais e situações, como na escola, em um curso, em casa. Vamos pensar em que outros momentos você poderia utilizar o método: Pare, Pense e Faça! • Reflita com as crianças em que situações específicas e em que locais, como casa, sala de aula, etc., elas utilizariam o método. Ajude-as a pensar em situações reais, faça simulações de alguns casos. • Faça perguntas que ajudarão as crianças a melhor compreender como utilizar os passos Pare, Pense e Faça em outros locais. Observações importantes: • Nas primeiras vezes em que o método for utilizado, pode ser difícil para as crianças expressarem seus sentimentos, por medo e/ou vergonha, o importante é que não se sintam constrangidas, mas estimuladas a resolver a situação. • Sugestão: Bullying é ato de violência física ou psicológica contra alguém em desvantagem de poder. Se algum aluno procurar qualquer profissional da escola relatando um caso de bullying, é importante que os alunos envolvidos compreendam que essa ação tem consequências, tanto para quem pratica quanto para quem sofre. Não deixe de tomar uma atitude imediatamente.

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Epílogo - A Esperança que nos Move! Desde a chegada das Irmãs de São José de Chambéry ao Brasil, em 1858, abraçamos a missão de propor novos caminhos para a educação pública brasileira. Iniciamos nossa empreitada constituindo a primeira escola para meninas negras, filhas de escravos, no Estado de São Paulo. Esperança sempre foi nossa resposta frente aos desafios, pois a esperança vê como possível a realização daquilo que se deseja, e é a força que nos coloca em movimento, nos levando a manter posicionamentos. Esse manual se constitui como mais um fruto desse posicionamento. Acreditamos que há muitas mãos contribuirá para que cada criança alcançada possa desenvolver competências, valores e atitudes em favor da paz e do bem comum. Com conhecimentos compartilhados, contamos com o compromisso de profissionais engajados e articulados para continuarmos avançando na esperança de garantir aprendizado adequado e de qualidade as crianças e jovens em todo o Brasil. Acreditamos no potencial de cada criança, jovem, família e educador. Por isso, estamos construindo alianças na busca de novas soluções educacionais e contribuindo para a construção de propostas que apoiam crianças, jovens e adultos a ser tornarem cidadãos plenos. Celebramos com orgulho nosso legado até o momento, assim como celebramos a esperança que nos move e nos faz promover soluções educacionais que mantem a criança e o jovem no centro do processo de aprendizagem os preparando da escola para vida. Convidamos gestores, educadores, alunos e comunidades a continuar compartilhando dessa jornada conosco, sem os quais seria impossível seguir em nossa missão de educar com excelência.

Associação de Instrução Popular e Beneficência

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Referências ANDRÉ, Simone; COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Educação para o desenvolvimento humano. São Paulo: Instituto Ayrton Senna/Saraiva, 2004. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Física. Volume 7. Brasília: MEC, 1998. CARTA OLÍMPICA. Disponível em: http://www.olympic.org/Documents/olympic_charter_en.pdf. Acesso em 05/01/2016. CARVALHO, A.M.C. et al. (Org.). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. COLL, César; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Alvaro. Desenvolvimento psicológico e educação. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 3 v. DEL PRETTE, Z. A. P., & Del Prette, A. Psicologia das habilidades sociais na infância: Teoria e Prática. Petrópilis: Vozes, 2005. DELORS, Jacques. Educação, um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez Editora, 2012. FARKAS, G. “Cognitive skills and noncognitive traits and behaviors in stratification processes”. Annual Review of Sociology, vol. 29, p. 541 - 562, 2003. FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Manifesto mundial da Educação Física. Foz do Iguaçu: FIEP, 2000. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática pedagógica. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GALVÃO, Izabel. Henri Wallon - Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis: Vozes, 1995 GET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1987. HASSEENPFLUG, Walderez. N. Educação pelo esporte: educação para o desenvolvimento humano pelo esporte. São Paulo: Saraiva: Instituto Ayrton Senna, 2004. Nista-Piccolo, Vilma. Abordagens Pedagógicas do Esporte - Modalidades Convencionais e Não Convencionais. Papirus Editora, 2014. PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. 12.ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. SANTOS, Daniel & PRIMI, Ricardo. Desenvolvimento socioemocional e aprendizado escolar: uma proposta de mensuração para apoiar políticas públicas. São Paulo: Instituto Ayrton Senna, 2014. SOUZA, Adriano de [et al]. Dimensões Pedagógicas do esporte. Brasília: Universidade de Brasília/ Centro de Educação a Distância, 2004. TUBINO, Manoel J. G. As dimensões sociais do esporte. São Paulo: Cortez, 1992.

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A Associação SIPEB, compartilha conhecimentos e constrói alianças com escolas, instituições e profissionais de educação física, que acreditam no esporte como fonte de Inclusão, Educação, Cidadania e Cultura. Com a criação do Manual “Pense e Faça em 3 Tempos” - Desenvolvendo Competências Socioemocionais por meio do esporte - a Instituição ultrapassa seus muros e inspira profissionais da área, oferecendo novos caminhos para a metodologia de Ensino e aprendizagem do século XXI. O manual é composto por estórias e oficinas para o desenvolvimento de competências socioemocionais, como: trabalhar em equipe, solucionar problemas, compreender e gerir emoções, demostrar respeito pelo outro, estabelecer e atingir objetivos, tomar decisões autônomas e responsáveis, e utilizar a criatividade para enfrentar os desafios que surgem de maneira construtiva. Pense e Faça em 3 tempos: Pensar, Agir, Compartilhar Conhecimentos e Valores!

Realização:

3x4cm

2x1cm

5x1cm

Patrocínio

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5x1,6cm


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