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LANÇAMENTO DE CARGA

LANÇAMENTO DE CARGA 1. INTRODUÇÃO Em 29 de dezembro de 1992, um C-130 Hércules do 1º Esquadrão do 1º Grupo de Transporte (1º/1º GT) lança 120 kg de carga de paraquedas, próximo à Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). A partir de então, passaram a ser planejados lançamentos de carga desse modo em todos os voos de inverno, contendo sobressalentes, alimentos perecíveis e todo o material necessário para a EACF.

Figura 1 - Lançamento de carga realizado em 31/07/2010.

2. PROPÓSITO Esta Folha de Informações (FI) tem como propósito informar dados relevantes referentes aos lançamentos de carga realizados durante os voos de apoio. 3. PREPARAÇÃO A preparação para o recebimento de carga por lançamento aéreo consiste em algumas atividades como: coleta dos dados iniciais, planejamento, preparação do material de sinalização (alvo, seta, barra e sinalizadores), preparação das viaturas, preparação dos locais para recebimento e armazenagem na EACF e realização de reunião pré-lançamento. O lançamento se inicia, na verdade, meses antes, com a compilação das necessidades de gêneros, peças e quaisquer outros materiais necessários à EACF e que se enquadre nos limites da aeronave C-130 e dos paraquedas. O lançamento ocorre, normalmente, em maio, julho e setembro. Os gêneros perecíveis são comprados e embarcados em Punta Arenas (PA), uma vez que há muitas restrições alfandegárias e sanitárias para a passagem deste tipo de material no Chile, ao passo que os gêneros não-perecíveis são, normalmente, adquiridos no Rio de Janeiro ou em Rio Grande e são embarcados via ESANTAR-Rio1 (Base Aérea do Galeão) ou ESANTAR-Rio Grande2 (Aeroporto de Pelotas), que também são responsáveis pelo embarque do material do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), de ferramentas, sobressalentes, mala postal e pertences pessoais. Uma coordenação eficiente e eficaz existirá sempre que a EACF, o Encarregado da Divisão de Logística do PROANTAR e os Encarregados da ESANTAR-Rio e ESANTAR-Rio Grande se comunicarem de forma harmônica ao longo de toda a preparação. O fechamento 1

ESANTAR-Rio: Estação de Apoio Antártico no Rio de Janeiro

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ESANTAR-Rio Grande: Estação de Apoio Antártico em Rio Grande

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do Manifesto de Carga (MC) precisa ser feito com a participação da EACF, sob pena de recebimento de material não necessário e o não recebimento de material imprescindível para o momento.

Dia D-1 a) Prontificação de todas as viaturas escaladas (motos de neve/quadriciclos, skidozers e mini-carregadeiras tipo “Bobcat”) ; b) Prontificação da embarcação e material para recuperação da carga em caso de queda no mar; c) Embarque nas viaturas do material para a montagem dos alvos e setas de orientação; d) Prontificação dos equipamentos de comunicações e registro fotográfico; e e) Marcação inicial e reconhecimento da Zona de Lançamento (ZL).

Dia D a) b) c) d) e) f) g) h)

Início da preparação (guarnecimento e montagem da sinalização): H-90; Término Preparação: H-30; Início Lançamentos: H; Término Lançamentos: H+90; Início Recolhimento: H+90; Término Recolhimento: H+240; Início Conferência: H+240; e Término Conferência: H+420. 4. CARGA

A carga para lançamento é composta de sobressalentes, alimentos e material necessários para a EACF, acomodados em caixas de marfinite, caixas de madeira ou em outros volumes. A carga é organizada nos paletes, em Punta Arenas (PA), em um hangar da Força Aérea Chilena (FACh), no dia seguinte à chegada do vôo de apoio. A prioridade no lançamento da carga é atribuída pela Equipe de Coordenação do Voo, seguindo, preferencialmente, as solicitações da EACF. Para cada dia de lançamento de carga são previstos até onze circuitos3 e em cada um é lançado um palete com carga máxima de 226 kg e mínima de 45,5 kg4, totalizando até 2.486 kg por dia de lançamento. Cada palete é arrumado com até quatro caixas de marfinite (50 kg cada) ou uma carga mista de caixas de marfinites e outros volumes. É importante que o peso total do palete seja próximo à carga máxima do paraquedas empregado, tanto para aproveitar, ao máximo, cada lançamento como também para garantir a integridade da carga após o lançamento. 3

Um circuito é o percurso que a aeronave C-130 realiza ao redor da Baía do Almirantado para efetuar um novo lançamento (ver figura 6).

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Dados referentes ao pára-quedas G-14 da Mills Manufacturing Corporation (NSN 1670-00-999-2658 e P/N 11-1-578)

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Figura 3 - Palete com uma caixa de madeira

Figura 3 - Palete com 4 caixas de marfinite

Figura 4 - Palete com carga mista

Figura 5 – Preparação dos paletes

5. ACOMPANHAMENTO DA AERONAVE É sempre interessante o contínuo contato entre a EACF e todos os envolvidos no voo para o acompanhamento, de acordo com o cronograma, da cinemática da aeronave. Mais especificamente, o voo entre PA e a EACF tem a duração de duas horas e meia a três horas. Normalmente, o próprio comandante da aeronave liga para o Chefe, um dia antes do lançamento e no momento da decolagem para verificação das condições do tempo e quaisquer outros acertos. Um bom expediente é monitorar o posicionamento da aeronave, no aeroporto de PA, no site http://www.aipchile.cl/camara/show/id/96. 6. ZONA DE LANÇAMENTO A Zona de Lançamento (ZL) da EACF é bastante restrita por sua localização (entre morros e o mar) e dimensões (400 x 200m). A existência de elevações e ventos fortes contribui para a formação de turbulência orográfica nas elevações próximas a EACF. O eixo de lançamento é 040º (proa magnética). A altura de lançamento é de 500 pés, reduzindo o tempo de exposição do alvo, e a altitude da ZL é de 10 pés. O tempo médio de cada circuito é de oito minutos e a predominância dos ventos é no sentido EACF --> saída da Baía do Almirantado. A posição do alvo e centro da ZL é 62º 05,228’S / 058º

23,723’W

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Figura 6 – Circuito de lançamento

Figura 7 – Zona de lançamento

SINALIZAÇÃO NO SOLO A preparação da sinalização se inicia no dia anterior para que o material necessário seja colocado e peiado nas viaturas. O ideal é que, até uma hora antes do ETA5 da aeronave, a sinalização no solo já tenha sido posicionada. 5

ETA - Estimated time of arrival - tempo estimado de chegada (unidade de medida)

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No alvo, antes de cada lançamento efetuado, são colocados fumígenos (Sinal Fumígeno Flutuante Laranja (NEB 1370-19-000-2483) para a sinalização e para indicar a direção do vento.

Figura 8 – Sinalização no solo

A sinalização no solo da Zona de Lançamento (ZL) da EACF é composta de uma seta (posição 62º 05,338’S / 058º 24,267’W), uma barra (posição 62º 05,295’S /

058º 24,034’W) e um alvo (posição 62º 05,228’S / 058º 23,723’W).

Figura 10 – Barra

Figura 9 – Seta

Figura 11 – Alvo

Figura 12 – Fumígeno

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Figura 13 – Sinalização no solo

Figura 14 – Sinalização no solo (seta e barra)

7. EQUIPES As equipes são empregadas nas seguintes fases: preparação da Zona de Lançamento, dobragem dos paraquedas, recolhimento e transporte das cargas da ZL para EACF e conferência/distribuição da carga. As equipes são compostas pelos integrantes do GrupoBase e, eventualmente, auxiliadas pelos funcionários do AMRJ nas fases de transporte e distribuição das cargas. ORIGINAL-AGO/2010

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O organograma abaixo apresenta a distribuição simplificada do Grupo-Base: Coordenação Geral Chefe/CN Coordenação Carga

Equipe do bote

Subchefe/MR

MG1/MG2

Equipe montagem setas

Equipe montagem alvo

ESG/EG1

EG2/EL2 Apoio médico

Fainas Gerais

DOC EACF

Rancho

Filmagem/Foto

EL1/MO

CO

ET

Figura 15 – Equipes do GB

As equipes utilizam as viaturas disponíveis conforme a situação do terreno (neve, gelo, pedras). A equipe responsável pelo recolhimento da carga utiliza quadriciclo/motos de neve (no mínimo três). Para montagem da sinalização no solo a equipe utiliza a skidozer/quadriciclo com reboque. A equipe do bote guarnece um bote MKIII/MK V. As equipes são posicionadas nos seguintes locais: •

Coordenação Geral: Módulo de Meteorologia

Coordenação da Carga e Apoio Médico: Refúgio 1

Equipe do bote: na água em frente à Cafangoria

Filmagem/Foto: elevações

Após o transporte da carga da ZL para EACF, uma equipe de conferência/distribuição deverá ser formada com o ESG e mais quatro integrantes do Grupo-Base, sendo eventualmente auxiliadas pelos funcionários do AMRJ. 8. COMUNICAÇÕES As comunicações com a aeronave são estabelecidas através de um transceptor portátil em VHF aeronáutico, nas seguintes freqüências 129.9 / 134.1 MHz (principal e secundária). Os indicativos utilizados são os seguintes: • AERONAVE = GORDO + dois últimos algarismos do numeral (exemplo: FAB 2474 = GORDO 74) • EACF = FERRAZ ORIGINAL-AGO/2010

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A Coordenação Geral, posicionada no Módulo de Meteorologia, estabelece comunicações com a aeronave e informa as condições meteorológicas na ZL. As comunicações realizadas entre as equipes do Grupo-Base são feitas através de transceptor portátil no canal 12 ou outro pré-definido. A aeronave ainda guarnece as seguintes freqüências em HF: 4143.6 / 5200 / 8010 MHz para comunicações com os órgãos de controle do espaço aéreo. 9. PROCEDIMENTOS DURANTE O LANÇAMENTO Alguns fatores são considerados pela tripulação da aeronave para realização do lançamento de carga: meteorologia, pois as condições na EACF diferem das encontradas na Base Aérea Presidente Eduardo Frei; avaliação criteriosa de visibilidade e do teto antes de entrar na Baía do Almirantado; elevações próximas à EACF, que não devem estar encobertas; e após o “carga fora”, a aeronave inicia uma curva c/ 35º de inclinação ascendendo para 1.100 pés para se livrar dos obstáculos naturais.

Figura 16 – Lançamento de carga visto do interior da aeronave

A equipe do bote deve permanecer no bote e com o material de resgate da carga pronto e a equipe de filmagem/foto efetua o registro da aproximação da aeronave, lançamento e acompanhamento da carga.

Figura 17 – Equipe aproximando da carga

A equipe da carga deverá acompanhar o lançamento à distância e, logo após o pouso, efetuar, rapidamente, a aproximação a fim de evitar que a carga seja carregada pelo vento. As viaturas devem parar fora da direção do vento, livres do deslocamento da carga e do paraquedas. Após o lançamento e pouso, os militares escalados se dirigem até a carga para ORIGINAL-AGO/2010

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recolher o paraquedas e evitar que, inflado, arraste a carga. Deve ser uma faina rápida, mas cuidadosa, uma vez que pode haver quedas em terreno irregular ou qualquer outro tipo de acidente. Deve-se segurar pelo ápice do paraquedas (ponto central), desinflá-lo e enrolá-lo ao redor da carga para que o vento não torne a enchê-lo. A equipe retorna ao Refúgio 1 e aguarda um novo lançamento. A Coordenação Geral informa, a cada circuito de lançamento, a direção/intensidade do vento na ZL e a posição do ponto de queda da carga em relação ao alvo, para que o piloto realize as correções necessárias. Exemplo de comunicação: “GORDO 74 aqui FERRAZ, vento 240 graus, intensidade 10 nós, carga nove horas, cem metros” A planilha abaixo é um exemplo de controle utilizado durante os lançamentos. MARINHA DO BRASIL SECRETARIA DA COMISSÃO INTERMINISTERIAL PARA OS RECURSOS DO MAR ESTAÇÃO ANTÁRTICA COMANDANTE FERRAZ LANÇAMENTO DE CARGA DD/MM/AAAA INDICATIVO AERONAVE: CHEGADA DO HÉCULES C-130 (Visual): 1º VOO SOBRE EACF (RECON): PARTIDA DO HÉCULES C-130: INTERVALO MÉDIO DOS LANÇAMENTOS: DURAÇÃO MÉDIA DE CAÍDA DA CARGA: DISTÂNCIA MÉDIA CARGA/ALVO: LANÇAMENTOS HORÁRIO

GORDO-

VENTO

POSIÇÃO DA CARGA(h/m)

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10 º 11 º OBSERVAÇÕES:

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Figuras 18 e 19 – Equipe dobrando o paraquedas

10. PROCEDIMENTOS APÓS O LANÇAMENTO Após todas as cargas serem lançadas, a equipe escalada se dirige a cada ponto de queda e prepara o material para ser recolhido pelas skidozer e/ou pela mini-carregadeira (que só então devem se dirigir à ZL, para evitar que sejam atingidas). O material dever ser cuidadosamente separado dos paraquedas, sendo estes secos e armazenados para retorno ao Rio de Janeiro e posterior reutilização pela Força Aérea Brasileira (FAB). Dentro da EACF, uma equipe chefiada, normalmente, pelo ESG, recebe toda a carga, sem abri-la. Este procedimento é importante, pois se não houver paciência e organização, a ansiedade em receber o material acaba por descontrolar todo o recebimento e a checagem do material com o respectivo Manifesto de Carga (MC). Posteriormente, após o recolhimento das viaturas e do pessoal, em momento e lugar apropriados, o ESG, juntamente com sua equipe, dará início à abertura das caixas e à distribuição do material, após checagem com o MC. 11. PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA •

Manter a velocidade das viaturas compatível com os obstáculos do terreno.

• Proceder a uma verificação in loco da ZL um dia antes do lançamento. Atenção especial aos obstáculos no terreno como áreas com gelo, estacas fincadas e declives acentuados; • Manobra com carga dentro d’água. A equipe do bote deve estar pronta para retirar a carga da água, assim que acionada. No entanto, devido ao peso da carga, o pessoal deve estar ciente dos riscos envolvidos e nunca priorizar a carga em detrimento da segurança pessoal; • Ponto de impacto da carga. Deve-se ter atenção ao ponto de impacto, uma vez que ela pode cair em qualquer lugar; •

Disciplina de comunicações;

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• Equipamento individual correto, com utilização do macacão laranja (Mustang) para as equipes do Grupo-Base (melhora a visibilidade de todos os envolvidos e protege muito bem contra o frio e o vento); e • O pessoal não envolvido diretamente na faina que desejar observar o lançamento se concentra nas proximidades do Módulo de Meteorologia, lugar que apresenta mais segurança. Portanto, durante o lançamento, todos os envolvidos estarão perto do Refúgio 1 ou do Módulo de Meteorologia, deixando a ZL livre para o pouso das cargas. Só depois que todas as cargas são lançadas é que o pessoal envolvido no resgate deve sair e iniciar a faina de embarque das marfinites e caixas nas skidozer e/ou empilhadeiras. Ressaltase que o paraquedas pode “encharutar” e descer muito rapidamente. O pouso em condições normais já é um evento muito rápido, uma vez que o lançamento se faz a 400 pés do solo, aproximadamente. Em suma, não há muito tempo para se proteger.

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