Desenvolvimento humano social 4

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JosĂŠ de Assis Moraes

Desenvolvimento humano e social



Sumário CAPÍTULO 4 – A Evolução Tecnológica X Humanidade........................................................05 4.1 A condição pós-moderna...........................................................................................05 4.1.1 Introduzindo o tema da diversidade....................................................................06 4.1.2 Para uma definição de pós-modernidade............................................................09 4.2 O homem contemporâneo e a tecnologia....................................................................12 4.2.1 As implicações da tecnologia na composição do homem contemporâneo...............12 4.2.2 As implicações da tecnologia na composição do trabalho.....................................16 Síntese...........................................................................................................................19 Referências Bibliográficas.................................................................................................20

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Capítulo 4 A Evolução Tecnológica X Humanidade

Introdução Nos últimos 50 anos, a história da humanidade tem assistido a um surpreendente avanço tecnológico. A vida humana foi totalmente reconfigurada, sofrendo transformações irreversíveis em sua organização social e orgânica. Que tal você parar para refletir? Quais as reais implicações da evolução tecnológica na existência do homem? Você já pensou que talvez estejamos nos tornando, de fato, homens-máquinas? Os mais extravagantes filmes de ficção científica do passado, com suas suposições de como seria a vida no futuro, hoje não nos parecem meras tolices? Afinal, alcançamos tal nível de desenvolvimento tecnológico que podemos, até mesmo, nos perguntar: o que é o real e o que é o virtual? Neste capítulo, analisaremos a pós-modernidade sob a ótica da evolução tecnológica e suas implicações na vida cotidiana. Primeiro você estudará a noção de pós-modernidade a partir de duas perspectivas distintas: do ponto de vista cronológico, verá o advento da pós-modernidade como um acontecimento histórico iniciado na segunda metade do século XX; do ponto de vista filosófico, será apresentado a uma das principais características do período Pós-Moderno: a rejeição às metanarrativas universalizantes. Depois, você lerá sobre as relações entre a composição das subjetividades na atualidade e o avanço tecnológico, sobretudo a partir da análise das imbricações entre game e vida na formação dos sujeitos contemporâneos. Ao concluir seus estudos, conhecerá alguns dos pressupostos básicos que compõem a vida em nosso tempo. Dessa forma, compreenderá como lidar com as principais características da atualidade, com seu caráter efêmero e imediatista, sabendo como assumir posturas éticas diante das situações-problemas, tanto no campo da atuação profissional quanto no da vida pessoal. Bons estudos!

4.1 A condição pós-moderna Você já ouviu falar em pós-modernidade? Você pode encontrar alguns exemplos no cotidiano. É o caso de Oscar Niemeyer, importante arquiteto brasileiro, que, com seu traçado em curva, compôs o célebre grupo de arquitetos pós-modernos brasileiros. Mas, afinal, o que é a pós-modernidade?

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Figura 1 – Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, em Avilés, Espanha. Expressa os traços característicos da arquitetura pós-moderna de Oscar Niemeyer. Fonte: Shutterstock, 2015.

Neste capítulo, trataremos do tema da pós-modernidade e suas implicações no pensamento contemporâneo. Primeiro, analisaremos ideia de diversidade, necessária para a compreensão do período pós-moderno. Você estudará as transformações dos anseios das lutas democráticas brasileiras, analisando-as à luz da luta pela diversidade na igualdade, algo que pode ser visto diariamente nas diversas manifestações dos movimentos sociais brasileiros. Posteriormente, trataremos da composição do espírito pós-moderno. É aí que você estudará o principal componente do pensamento pós-moderno: a rejeição aos modelos universalizantes e a aceitação do caráter efêmero da atualidade.

4.1.1 Introduzindo o tema da diversidade Se caminharmos pelas ruas de nossas cidades e observarmos atentamente ao nosso redor, constataremos um dado bastante interessante: a incomensurabilidade dos modos de vida possíveis. As ruas testemunham a heterogeneidade e a diferença constitutivas das sociedades contemporâneas. Embora ainda existam, os “modelos” predominantes perdem gradativamente sua força. Enquanto uns adotam certos estilos, revelando predileções particulares relacionadas às artes, às mídias e à música, outros preferem transformar estilos, transgredindo antigos padrões, invertendo posturas. São diversos os modos de ser e estar na vida. São múltiplos. Para que você compreenda o conceito de pós-modernidade, é preciso que retomemos inicialmente uma breve discussão a respeito da noção de diversidade. A diversidade é nosso elemento constitutivo primordial. Nosso modus operandi e nossa existência devem ser pautados na compreensão da impossibilidade de dimensionar os modos de ser e de estar possíveis. São infinitas e ininterruptamente mutáveis as possibilidades de existência. Assumimos, ao longo dos anos, desde nossa tenra infância até a mais duradoura velhice, inúmeras configurações e formas. Desde sempre, produzimos inúmeros “eus”, uns bastante diversos dos outros. Eis o fundamento primeiro do conceito de diversidade: somos dotados de diferença, em todos os aspectos, e também a produzimos.

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Figura 2 – A diversidade é a marca constitutiva da sociedade contemporânea. Fonte: Shutterstock, 2015.

Mas, afinal, o que significa diversidade? Do ponto de vista conceitual, qual o sentido da noção de diferença? Para que você compreenda essas questões, iniciaremos nossa explicação, ainda que brevemente, pela temática da igualdade. Observe, como exemplo, a recente história política brasileira. A consolidação da democracia, em todos os âmbitos da sociedade, fincou-se no princípio fundamental do direito à igualdade. Não sem justificada razão, a Constituição Federal, promulgada em 1988, em seu artigo 5º, proclama: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (BRASIL, 1988). Do ponto de vista jurídico, o acesso à igualdade constitui a base de todo o corpo de direitos dos cidadãos. Como justificar, então, nossa insistência, aparentemente infundada e descabida, pela diferença e pela diversidade? Não somos nós os que, há tanto, e com todas as forças, lutamos pelo direito à igualdade e, consequentemente, pela superação e redução das inúmeras desigualdades que foram historicamente sendo construídas? Como compreender essa tensão entre igualdade, diferença e diversidade? O conceito de diversidade, do ponto de vista da História, representa um avanço em relação às políticas de igualdade, que, por sua vez, são também conquistas bastante recentes, frágeis e ainda inconclusas da sociedade brasileira. A questão é que precisamos avançar! Segundo Morin (2000), a diversidade é o caráter ao mesmo tempo singular e múltiplo do homem. A diversidade pressupõe que somos, simultaneamente, unos e múltiplos, pois somos constituídos da pessoa e das inúmeras pessoas que nos “habitam”: [...] todo ser humano, tal como o ponto de um holograma, traz em si o cosmo. Devemos ver também que todo ser, mesmo aquele fechado na mais banal das vidas, constitui ele próprio um cosmo. Traz em si multiplicidades interiores, personalidades virtuais, uma infinidade de personagens quiméricos, uma poliexistência no real e no imaginário, no sono e na vigília, na obediência e na transgressão, no ostensivo e no secreto, balbucios embrionários em suas cavidades e profundezas insondáveis (MORIN, 2000, p. 57-58).

Por meio de uma análise histórica da desigualdade, Dubet (2003) identifica a ocorrência do triunfo obstinado da igualdade. Segundo o autor francês, a modernidade inaugura uma espécie de urgência da igualdade para fundamentar os novos paradigmas sociais. Nos termos do autor, isso significa dizer que:

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[...] na modernidade, os indivíduos são considerados cada vez mais iguais e que suas desigualdades não podem encontrar justificativa no berço e na tradição. As castas e as ordens se enfraquecem e as classes se impõem como um critério de desigualdade produzido pela própria ação dos indivíduos na sociedade. (DUBET, 2003, p. 14).

Para o autor, os modos de produção implantados na modernidade, ou seja, os modos de produção capitalista, reconfiguraram os paradigmas das desigualdades, que se desligaram do antigo componente “natural” alicerçado nas tradições. As desigualdades serão, a partir da modernidade, o produto da própria ação dos indivíduos na sociedade. Podemos observar aqui certo avanço dos paradigmas das desigualdades. Num certo sentido, a modernidade reflete as expectativas dos modelos republicanos, sonhados desde Platão na Antiguidade grega. A desigualdade, agora um componente “sadio” da luta social, não encontra mais seus fundamentos no nascimento e na tradição. Mais adiante, Dubet (2003, p. 14-15) afirma que: As sociedades modernas são igualitárias, na medida em que estendem o direito à igualdade, sobretudo o direito à igualdade de oportunidades, aceitando, em termos normativos e políticos, as desigualdades, desde que não impeçam os indivíduos nas provas de igualdades de oportunidades.

O final do século XIX assistiu a grandes movimentos da luta pela igualdade. Como exemplo, podemos citar os movimentos abolicionistas na Europa e, mais tarde, nos Estados Unidos e em todo o mundo. De certa forma, sempre houve como que um anseio constitutivo implícito nas sociedades, e que se manifestava em determinados momentos do próprio movimento da história, pela igualdade, corroborando, portanto, nossa análise de que estamos, há muito, procurando alternativas eficientes de superação das desigualdades e de que, na modernidade, de alguma forma, essas “ambições” foram atendidas. Segundo Dubet (2003, p. 15), “[...] uma descrição otimista da modernidade poderia mostrar, sem dificuldade, que as sociedades democráticas [...] conseguiram, pouco a pouco, fazer recuar as desigualdades”. Caminhando um pouco mais, o século XX, desde seu início, fez rebentar inúmeros movimentos de emancipação para a igualdade. A luta pelos direitos das mulheres, ainda que embrionária até hoje, por exemplo, representa um marco fundamental desse momento. Ao analisarmos os movimentos da história, compreenderemos que houve significativos avanços, mesmo que a passos bastante lentos. Os últimos anos, por sua vez, têm também apresentado uma nova aspiração para a história da luta pela igualdade: a luta pela diversidade na igualdade. Conquistado o direito à igualdade, é preciso agora retomar o direito à diferença e atualizá-lo dentro dos princípios fundamentais da igualdade e da democracia. Para tanto, os processos globalizantes escancararam o “[...] caráter multicultural das sociedades contemporâneas” (CANDAU; MOREIRA, 2003, p. 37). Os processos homogeneizantes de modos de ser e estar, portanto, não são mais possíveis em nosso tempo. Às consolidações de uniformidades, escapam uma série de modulações ímpares, de existências diversas e diferentes entre si. Segundo Deleuze e Guattari (1996), num aparente processo de consolidação, as subjetividades provisoriamente estagnadas, chamadas territórios, são ininterruptamente transgredidas ou, mais rigorosamente, lançadas a transgredir a si mesmas. A todo instante, reconfiguramos nossos modos de ser e de estar e, com isso, somos, ainda que também temporariamente, desterritorializados, dessubjetivados, num processo que interrompe, por um tempo, nossos “eus”, nossa identidade, e nos lança à frente na busca de novos e outros modos de ser. Assumimos, aqui e ali, figuras muito provisórias, territórios muito frágeis. No instante seguinte, somos outra coisa. Somos, então, diferença.

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4.1.2 Para uma definição de pós-modernidade A pós-modernidade pode ser encarada a partir de duas abordagens possíveis. A primeira está estritamente relacionada à sua alocação cronológica na história do pensamento humano. Nesse sentido, pós-moderno é o período histórico que se inicia, para a maioria dos autores, entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970. Podemos, contudo, encontrar alguns indícios do pós-modernismo dispersos também ao longo dos anos 1950. A segunda abordagem está relacionada às diversas transformações na composição da vida, das artes, do pensamento, da arquitetura, da moda, entre outros, que marcam a pós-modernidade como um período subsequente à modernidade. Harvey (1994, p. 19) descreve-nos esse elemento distintivo nos seguintes termos: “[...] talvez só haja concordância em afirmar que o ‘pós-modernismo’ representa alguma espécie de reação ao ‘modernismo’ ou de um afastamento dele”.

VOCÊ O CONHECE? David Harvey nasceu em 1935, em Gillingham, no Reino Unido. Geógrafo formado pela University of Cambridge, é um dos pesquisadores marxistas mais influentes na atualidade. Sua obra redefiniu a temática da geografia pós-moderna, assumindo a importância da teoria como fundamento da análise das estruturas sociais. Atualmente, é professor de Antropologia na The City University of New York, nos Estados Unidos. Suas principais obras são “A condição pós-moderna” e “O enigma do capital”.

O pós-modernismo, em uma primeira análise, representou a rejeição às metanarrativas universalizantes da modernidade. Você sabe o que elas são? Segundo Harvey (1994, p. 19), são “[...] interpretações teóricas de larga escala pretensamente de aplicação universal”. Em outras palavras, são discursos com os quais se pretende explicar universalmente certas experiências de nossa existência. Para entender essa ideia, observe um exemplo: a noção de “justiça” tem atuado, desde sempre, como um conceito universal. Nesse sentido, o conceito de “justiça” funcionaria como uma espécie de matriz explicativa dominante, cuja aplicabilidade se estenderia a todas as realidades existentes e possíveis. O caráter universalizante do conceito de justiça pressupõe, por um lado, sua pretensa toda-abrangência. Assim, determinadas ações consideradas “justas” o são tanto no Brasil quanto na China, por exemplo. Ao mesmo tempo, no entanto, quando universalizado, o conceito deixa escapar as possibilidades das diferenças proporcionadas pelas idiossincrasias e pelo contexto particular de cada lugar, de cada realidade, ou seja, delimita uma fronteira para o “definível” do conceito. Um exemplo é o que ocorre em alguns países islâmicos, onde uma mulher pode ser punida por expor o rosto ao público, o que nós, ocidentais, consideramos absurdo. Portanto, com base na ideia de metanarrativas universalizantes, o conceito de “justiça” funcionaria para definir “a justiça” em qualquer espaço e em qualquer tempo, à medida que universaliza sua abrangência, apesar de existirem diferenças individuais nesse conceito. Veja outro exemplo. “Normal” e “anormal” foram, desde há séculos, utilizados para definir um conjunto de modos de ser e de estar. Sobretudo após o advento da psiquiatria, “ser normal” implicava a adoção de um conjunto de modos de ser e de estar, desde que enquadrados dentro dos limites daquilo que se pretende como prática “normal” de acordo com o discurso médico-psiquiátrico.

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Nesse sentido, a prática “normal” determinava um tipo de discurso universalizante, à medida que delimitava algo “fora” para suas fronteiras e, além disso, pretendia legitimar-se a partir de uma validade supostamente universal, de um discurso universal. Logo, “normal” e “anormal” seriam aqueles que, porventura, estivessem “dentro” ou “fora” do limite definível pelo discurso totalizante psiquiátrico, a despeito das condições particulares. A prática psiquiátrica, inclusive no Brasil, perdurou atuando com base nesse modelo de legitimidade das descrições totalizantes ao longo de muitos e muitos anos. Conseguiu compreender o que são as metanarrativas totalizantes? O pós-modernismo assinala a derrocada delas assumindo “[...] a fragmentação, a indeterminação e a intensa desconfiança de todos os discursos universais” (HARVEY, 1994, p. 19). Assim, o pós-modernismo resgata a dimensão histórica dos conceitos, admitindo-os como um artefato da história ou, mais especificamente, das histórias. Harvey (1994) assinala alguns dos pontos essenciais dessa transformação de perspectiva que caracteriza o pós-moderno:

• a

redescoberta do pragmatismo na filosofia, com Rorty, em 1979, revivido a partir da onda pós-marxista e pós-estruturalista parisiense de 1968;

• as novas propostas para a filosofia das ciências promovidas por Thomas Kuhn, em 1962, e Feyerabend, em 1975;

• a

ênfase, em Michel Foucault, na descontinuidade e na diferença e a primazia das correlações polimorfas;

• novos caminhos da matemática, pautados na indeterminação das teorias da catástrofe e do caos, e a geometria dos fractais;

• o

reaparecimento da validade e da dignidade do “outro” na ética, na política e na antropologia.

NÓS QUEREMOS SABER! O que é pragmatismo? O termo “pragmático” refere-se às regras e normas da arte e da técnica, baseadas na experiência e aplicáveis à experiência. Essa corrente de pensamento nasceu nos Estados Unidos e remonta às figuras dos pensadores Charles Sanders Peirce e William James. Sua base consiste na conexão entre cognição racional e propósito racional. Os escritos de Peirce, contudo, não atraíram tanto a atenção dos círculos filosóficos de seu período, e suas ideias foram retomadas apenas alguns anos mais tarde, por William James.

Conforme descreve Harvey (1994, p. 49), o pós-modernismo é a “[...] total aceitação do efêmero, do fragmentário, do descontínuo e do caótico”. O pós-moderno não pretende superar tais determinações, como que procurando transcendê-las. Pelo contrário, a questão central, aqui, é assumir a condição pós-moderna, assumi-la em seu caráter de indefinição. Nos termos de Harvey (1994, p. 49), “[...] o pós-modernismo nada, e até se espoja, nas fragmentárias e caóticas correntes da mudança, como se isso fosse tudo o que existisse”. O efêmero e o transitório – elementos constituintes dessa nova realidade – determinam a essência transmutante da nova estrutura do sentimento humano que surge com o pós-moderno, sob a forma do frenesi e do movimento. É preciso, por decorrência, aceitar a condição pós-moderna 10 Laureate- International Universities


e sua inadequação com sistemas de pensamento-ação fechados, de sua não conformidade com modelos imutáveis, com valores universais. Nessa nova estrutura do ser humano, tudo é “trans”, no sentido de tudo estar em movimento contínuo e ininterrupto, transpassando de um estado a outro, tornando obsoleto o instante anterior a velocidades inimagináveis. Eagleton (1998) definiu o pós-moderno a partir de duas perspectivas esclarecedoras: “pós-modernismo” e “pós-modernidade”. Para o autor, “[...] a palavra pós-modernismo refere-se em geral a uma forma de cultura contemporânea” (EAGLETON, 1998, grifo do autor). O termo “pós-modernidade”, por sua vez, refere-se a um “período histórico específico” (EAGLETON, 1998). Conforme o autor: [...] pós-modernidade é uma linha de pensamento que questiona as noções clássicas de verdade, razão, identidade e objetividade, a ideia de progresso ou emancipação universal, os sistemas únicos, as grandes narrativas ou os fundamentos definitivos de explicação. (EAGLETON, 1998).

Para Eagleton (1998), o pós-modernismo rompe com as antigas normas do Iluminismo, ao compreender o mundo como “[...] contingente, gratuito, diverso, instável, imprevisível”. Mais adiante, ele descreve o pós-modernismo como um “[...] conjunto de culturas ou interpretações desunificadas [...]” que geram “[...] certo grau de ceticismo em relação à objetividade da verdade, da história e das normas, em relação às idiossincrasias e a coerência de identidades” (EAGLETON, 1998). Nas linhas seguintes, Eagleton conclui sua síntese do pós-modernismo ao afirmá-lo como o “[...] mundo efêmero e descentralizado da tecnologia, do consumismo e da indústria cultural” (EAGLETON, 1998). As descrições de Eagleton (1998) corroboram nossa análise de que o pós-modernismo é um período de profundas transformações do espírito humano. Nesse período, os grandes modelos éticos e morais parecem esfumaçar e desaparecer. As sólidas estruturas sociais dominantes desaparecem na névoa pós-modernista, que, por sua vez, insiste no efêmero e na passagem, deslegitimando qualquer consolidação estável e duradoura. O grande emblema da pós-modernidade é o fast, ou seja, aquilo que é rápido e imediatista.

NÃO DEIXE DE LER... Em “A passagem interna da Modernidade para a Pós-Modernidade”, Ana Maria Nicolaci-da-Costa analisa as transições na composição das individualidades resultantes da pós-modernidade. Com base nos conceitos de imediatismo e fluidez, a autora analisa as experiências de jovens de 18 a 25 anos e suas implicações para a consolidação da ideia de pós-modernidade. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v24n1/ v24n1a10.pdf>.

NÃO DEIXE DE VER... O filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” (EUA, 2004), dirigido por Michel Gondry, aborda a relação de Joel (Jim Carey) e Clementine (Kate Winslet). Joel é um homem solitário, vive uma vida rotineira, sem mudanças. Em suma, é “moderno”. Clementine, ao contrário, é extrovertida, espontânea, usa sempre cabelos coloridos. Ela é indefinível e expressa uma “pós-modernidade” latente. Vale a pena conferir!

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Neste tópico, você estudou a ideia de pós-modernidade e suas implicações na cultura da atualidade. Você viu que pós-moderno é o período que se inicia nos anos de 1970 e foi responsável por significativas transformações nas artes, na filosofia, na cultura, enfim, nas sociedades. Uma das suas principais características reside em seu caráter transitório e efêmero. Por essa razão, o pós-modernismo se volta contra os discursos universalizantes e totalitários da modernidade.

4.2 O homem contemporâneo e a tecnologia Você conhece alguma criança que domina todos os dispositivos tecnológicos, dos mais simples aos mais sofisticados? Olhando seus pequenos dedos correndo a tela de tablets, podemos nos indagar: “Como é possível? Tão pequenino e já é um robozinho!” O fato é que o avanço tecnológico e a crescente necessidade de aparelhos tecnológicos são uma realidade. Qual a implicação da tecnologia no modo como compomos nossa vida diária? Quais os novos hábitos que desenvolvemos, sobretudo após o advento da tecnologia digital? Neste tópico, você lerá sobre a relação homem–máquina, estudando as transformações da subjetividade contemporânea, resultante da imersão do homem no mundo tecnológico, e principalmente no mundo virtual.

4.2.1 As implicações contemporâneo

da

tecnologia

na

composição

do

homem

O avanço tecnológico tem causado profundas transformações na composição do modo de vida das pessoas desde o surgimento dos primeiros dispositivos tecnológicos. Ao longo da evolução tecnológica, tais mudanças estenderam-se para todos os campos da existência humana, atingindo desde os componentes da vida pública, como a ética e a política, até os da vida privada, como a religião e a sexualidade, que foram sendo, gradativamente, absorvidos pela tecnologia. Você já ouviu falar que estamos, dia após dia, nos tornando “escravos da tecnologia”? De certa forma, há bastante verdade nisso. No entanto, se você pensar melhor e refinar sua compreensão, perceberá que a abrangência dessa afirmação diz respeito especificamente às tecnologias informacionais, chamadas “digitais”, ou seja, nos esquecemos de que, na verdade, somos “escravos da tecnologia” há muitos séculos. Afinal, desde a mais primitiva ferramenta, tudo o que o homem tem produzido é tecnologia. Imagine, por exemplo, o que faríamos, nos dias de hoje, sem as nossas geladeiras ou os nossos aquecedores. Tais instrumentos são também tecnologia e, em determinado tempo, mudaram significativamente a vida do homem. No entanto, algumas dessas tecnologias, no decorrer do tempo, tornaram-se parte naturalizada do cotidiano, sobretudo nas grandes cidades. Tanto que há muito já é difícil imaginar um lar brasileiro sem um televisor. Este aparelho já foi naturalizado, como se constituísse parte “orgânica” da existência humana.

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Figura 4 – Desde as ferramentas rudimentares, o homem tem produzido tecnologia. Fonte: Shutterstock, 2015.

O que nos espanta nos dias atuais é a novidade das tecnologias informacionais. A novidade do click. A possibilidade de estarmos, em um instante, conectados com o mundo, mesmo que estejamos distantes no tempo e no espaço. Por ser essa uma novidade avassaladora, muitos estudiosos têm pesquisado o impacto do uso das tecnologias informacionais digitais na vida cotidiana. De acordo com Leitão (2006), muitos estudos clínicos têm sido realizados, sobretudo a partir de meados dos anos 1990, a respeito dos impactos do uso da tecnologia, e principalmente da internet, na composição da vida na contemporaneidade. Conforme descreve a autora, as pesquisas relacionadas às implicações da tecnologia no cotidiano circunscrevem, entre outras, quatro áreas essenciais:

• o âmbito dos relacionamentos no espaço virtual; • a interatividade da escrita digital; • a pluralidade de ser e de perceber a existência on-line; • os efeitos da difusão da rede sobre determinadas profissões. Para compreender algumas dessas questões e que pretendemos discutir, veja um dos mais representativos exemplos de experiência virtual e interatividade: a Second Life (SL). A SL é um ambiente virtual aberto, interativo e tridimensional. Lançada em 2003 pela empresa estadunidense Linden Lab, a SL ganhou notoriedade no mundo todo quando, em meados de 2006, alcançou o expressivo número de 100 mil “residentes”, chegando a movimentar diariamente, no ano seguinte, cerca de US$ 1,3 milhão (ACCIOLY; BRUNO, 2007).

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Com estrutura tridimensional, a SL possui quase todos os tipos de ambientes da vida real: cidades, casas, lojas, escolas etc. Accioly e Bruno (2007, p. 292) descrevem a SL nos seguintes termos: O Second Life foi concebido como um simulador da vida real – um modelo no ciberespaço onde os “residentes” criam laços sociais, afetivos e profissionais, divertem-se, constroem e consomem objetos virtuais, empreendendo pesquisas e negócios, tudo isso com efeitos de realidade potencializados pelo paradigma da interatividade por “avatares”.

Figura 5 – A experiência da Second Life, vivida por meio de perfis-avatares. Fonte: Shutterstock, 2015.

A novidade e o traço diferencial da SL, quando comparada aos outros ambientes virtuais da cibercultura, estão “[...] na sua capacidade de criar convergência entre diversos serviços, dispositivos e ambientes” (ACCIOLY; BRUNO, 2007, p. 293). A SL compreende, portanto, diversos ambientes: games, salas de bate-papo, redes de relacionamento, entre outros. Porém, para as autoras, a característica mais distintiva da SL consiste no fato de que, nela, atuam simultaneamente as dimensões de game e de rede de relacionamento. Neste aspecto, a SL propõe “[...] uma hibridação entre ficção e realidade” (ACCIOLY; BRUNO, 2007, p. 293). Para as mesmas autoras, as implicações dessa relação híbrida e de contiguidade entre game e vida ordinária, conforme fomentada pela SL, ocasionaram profundas marcas na subjetividade contemporânea, especialmente em seu “[...] caráter modular e performativo” (ACCIOLY; BRUNO, 2007, p. 293). Nos termos das autoras: Embora o jogo seja um elemento tradicional da cultura – com funções de socialização e pedagogia, entre outras – a indistinção entre jogo e vida ordinária não o é [...]. Seja em atividades de entretenimento ou nas suas formas mais sérias, associadas, por exemplo, à religião e à política, era próprio dos jogos ter hora e lugar, começo, meio e fim, o lugar da cena e o lado de fora. (ACCIOLY; BRUNO, 2007, p. 294).

Contudo, na cultura contemporânea, o limite distintivo entre jogo e vida ordinária tem, paulatinamente, desaparecido, e sua “nitidez”, gradativamente, perdido suas claras demarcações (ACCIOLY; BRUNO, 2007). Jogo e vida ordinária confundem-se, agora, em um laço bastante confuso.

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Figura 6 – Com o avanço da tecnologia, as possibilidades de realidade virtual são crescentes. Fonte: Shutterstock, 2015.

NÓS QUEREMOS SABER! O que é realidade virtual e como ela funciona? É um mecanismo aplicado a uma interface com o objetivo de conectar os usuários a um sistema informatizado, a fim de proporcionar-lhes uma sensação ainda mais próxima à realidade. Utilizando o formato tridimensional, permite uma elevada experiência de interação e imersão. Usa as linguagens de programação VRML, X3D, Java3D e OpenGL e pode ser empregada em ambientes de comunicação a distância, em jogos, em simuladores de aviação e, inclusive, na medicina.

Como consequência, a composição da subjetividade contemporânea sofre, também, profundas transformações. Destacaremos, para a sua compreensão sobre o assunto, a ideia de “jogo identitário” e o contraste entre esse modelo de composição da subjetividade e o modelo moderno, quando ainda persistia uma “[...] relativa estabilidade das identidades” (ACCIOLY; BRUNO, 2007, p. 294). Para Accioly e Bruno (2007, p. 294), a noção de “jogo identitário” pressupõe “[...] que a identidade é o resultado sempre provisório de um conjunto de provas, desafios, iniciativas, investimentos e medidas de capacitação dos próprios recursos técnicos, cognitivos e afetivos que os indivíduos se impõem”. Se observarmos mais atentamente, veremos como alguns programas televisivos, sobretudo aqueles que seguem o modelo reality show, supervalorizam a performance, estado subjetivo em que subjetividade e estratégia se confundem. Nesse sentido, a dinâmica do jogo identitário confecciona apenas subjetividades modulantes, e suas modulações são resultados das exigências imediatas das estratégias presentes no jogo. Observe, por exemplo, os mecanismos dos relacionamentos on-line. Podemos constatar, na verdade, apenas a existência de flutuações subjetivas, que se reconfiguram continuamente segundo as exigências que são lançadas pela relação e pelo jogo, entre os “pretendentes”. Como ilustração, pense na relação artista–público em um show de comédia stand-up: ao longo de sua 15


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apresentação, o comediante precisa reavaliar e reconfigurar suas “entradas” à medida que sente se suas intervenções estão alcançando o resultado esperado ou não. No jogo identitário, há uma proximidade com tal exemplo. As subjetividades on-line recompõem-se, sempre de acordo com a aceitação ou não aceitação de sua modulação mais recente, assumindo sempre novas modulações, subvertendo, em alguns casos, os limites do jogo. Nas palavras de Accioly e Bruno (2007, p. 295): [...] a ideia de jogo identitário circunscreve, desse modo, boa parte das especificidades atribuídas à subjetividade contemporânea: flexibilidade, fluidez, modularidade, hedonismo, experimentação contínua, valorização da performance e da visibilidade em detrimento da interioridade.

As novas composições da vida na contemporaneidade estão, portanto, marcadas pela relação virtual jogo–vida. Novos agenciamentos subjetivos rebentam numa velocidade cada vez mais intensa, assumindo, por sua vez, valores mais transitórios e efêmeros. Contudo, não gostaríamos de traçar um perfil excessivamente negativo em tais constatações. Há implicações profundamente positivas, como a plena capacidade de flexibilização e de autonomia. Os usos das tecnologias e das tecnologias de informação adentraram, na última década, em todos os espaços da vida humana cotidiana e trouxeram também muitas facilidades. Um dos exemplos disso é a garrafa Hidrate Me, o mais novo produto para nossa existência tecnológica. Criada por um grupo de amigos da Universidade de Minnesota, a garrafa inteligente, sincronizada com os smartphones, tem o objetivo de administrar a ingestão de água dos usuários, a fim de mantê-los devidamente hidratados. A garrafa tem capacidade de 710 mL e, quando chega a hora de beber, utiliza um dispositivo brilhoso para avisar os usuários a respeito da necessidade de ingerir água. O primeiro protótipo arrecadou cerca de US$ 259 mil em operações de startups, advindos de 3,4 mil pessoas (ESTADÃO PME, 2015).

NÃO DEIXE DE LER... Em “Entre aparecer e ser: tecnologia, espetáculo e subjetividade contemporânea”, as professoras Fernanda Bruno e Rosa Pedro analisam a temática do espetáculo no interior das novas tecnologias de comunicação e de informação e a implicação da exposição da intimidade e outros elementos na composição da subjetividade na atualidade. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/intexto/article/view/4080/4454>.

4.2.2 As implicações da tecnologia na composição do trabalho O avanço das tecnologias não significou apenas mudanças profundas na composição das subjetividades contemporâneas. Na verdade, todas as esferas das relações humanas foram substancialmente recompostas. Entre os diversos âmbitos da vida humana que alteraram radicalmente sua composição, está o trabalho. Os modos de produção do trabalho e da composição das relações de trabalho foram completamente recompostos a partir do desenvolvimento tecnológico das organizações. Algumas das consequências do processo de desenvolvimento tecnológico que podem ser elencadas são:

• a instauração de novos modelos de produção, por exemplo, o modo de produção conhecido como “modelo japonês”, que reconfigurou as relações de trabalho ao descentralizar os processos produtivos a partir da noção de terceirização;

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• a

crescente flexibilização das relações de trabalho, sobretudo se considerarmos a despolarização das relações de trabalho para as regiões periféricas do globo;

• o

crescente desemprego, por exemplo, no Brasil dos anos de 1990, devido à abertura de mercado, à necessidade de redução estrutural das organizações e à substituição de determinados cargos pelas tecnologias emergentes;

• o aumento da demanda por trabalho especializado, estreitando as relações entre trabalho e educação.

Poderíamos destacar, enfim, diversos aspectos imanentes ao processo de desenvolvimento tecnológico. Contudo, para que você compreenda melhor essa questão, nos atentaremos, principalmente, a um aspecto: o da cultura das organizações. A cultura das organizações passou por profundas mudanças a partir do desenvolvimento e avanço das tecnologias da informação. Mas como esse cenário afetou o trabalho? Conforme Carvalho (2001, p. 51), “[...] o saber, os comportamentos e as atitudes dos trabalhadores de certa empresa identificarão a cultura daquela organização”. Nesse sentido, podemos também inferir que parte da cultura de uma organização está estritamente relacionada aos procedimentos técnicos adotados, à sua cultura técnica, definida pelo autor nos seguintes termos: É o conhecimento coletivo das matérias relativas às atividades de determinado grupo social que o habilita a enfrentar os debates que se apresentam, em condições de defender os próprios interesses. Pressupõe uma referência comum de linguagem, normas e valores para a orientação das negociações e decisões. Essa referência é consequência da comunicação; das falas sobre um entendimento e a relação estabelecida pelas mesmas falas entre os indivíduos que as utilizam. (CARVALHO, 2001, p. 52).

A cultura técnica das organizações, portanto, é o traço intersubjetivo dos procedimentos técnicos compartilhados pelos trabalhadores. Veja, por exemplo, o funcionamento de uma linha de montagem: para além da reprodução mecânica – e quase inconsciente – dos procedimentos, existe um conjunto de saberes, um know-how, capaz de antecipar, em certa medida, os movimentos necessários para a realização das atividades. São pequenos detalhes – por exemplo, o modo de manusear determinada ferramenta – que determinam um conjunto de procedimentos técnicos compartilháveis e que compõem a cultura técnica de determinada organização. Nesse sentido, podemos perceber que o domínio do aspecto técnico de certas atividades constitui o elemento fundamental que habilita o trabalhador para a entrada no regime de cooperação em tomadas de decisão e negociação. Domínio técnico, aqui, constitui o critério básico de legitimidade de certa parcela de poder e comando no processo produtivo. Por essa razão, a noção de cultura técnica está intimamente ligada aos paradigmas tecnológicos das organizações, dependentes, por sua vez, da pesquisa e das inovações tecnológicas. Portanto, quando tratamos especificamente da questão dos avanços tecnológicos, há um aspecto positivo relevante a ser debatido: as inovações tecnológicas são produtos da cultura técnica das organizações – advindas, em geral, dos centros de pesquisa ou das universidades – e gradativamente incorporadas aos modos de produção das organizações, em um processo que, em regra, obedece à estrutura teste-readequação-incorporação. Conforme alerta Carvalho (2001, p. 53), as inovações tecnológicas “[...] não surgem do nada, de um dia para o outro”. Não são simplesmente impostas unilateralmente aos trabalhadores. Haverá sempre a possibilidade de antever os novos mecanismos e usos da tecnologia, quando ciência, educação e trabalho atuarem de maneira colaborativa.

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Desenvolvimento humano e social

Um dos aspectos mais significativos que retrata o impacto das tecnologias na organização do trabalho humano está relacionado, mais especificamente, ao impacto das tecnologias de informação, as TIs. A fim de exemplificar essa questão, tomemos como paradigma de análise o tema da flexibilização organizacional. Esse tema, pretendendo dinamizar o atendimento às demandas, tanto externas quanto internas, propõe, entre outros aspectos, a “[...] redução dos níveis hierárquicos e delegação de poderes aos níveis operacionais” (TENÓRIO, 2007, p. 17). Contudo, a questão da segurança e da viabilidade de delegar tais comandos aos níveis operacionais ainda continua sendo um problema, do ponto de vista gerencial. Como alinhar em uma mesma perspectiva o agir local e descentralizado e as operações integradas entre as diversas funções das organizações? A Enterprise Resource Planning (ERP) se apresenta como um instrumento importantíssimo à medida que permite a descentralização das tomadas de decisão sem, contudo, abrir mão de uma espécie de controle globalizado e abrangente. É um dos mais inovadores produtos da tecnologia de informação. Caiçara Júnior (2008, p. 84) conceitua a ERP como “[...] um sistema de informação adquirido na forma de pacotes comerciais de software que permite a integração entre dados dos sistemas de informação transacionais e dos processos de negócio de uma organização”. Assim, a estrutura proposta pela ERP possibilita a organização, padronização e integração das informações transacionais que circulam, em tempo real, pelas organizações. Essa nova tecnologia, portanto, reconfigura os modos de produção do trabalho humano, sobretudo à medida que rompe com os paradigmas tradicionais da estrutura organizacional piramidal, enrijecida. Ele autonomiza, por exemplo, o trabalho dos níveis operacionais, pretendendo a redução dos custos e o aumento da produtividade.

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Síntese Síntese

• A

diversidade é um dos elementos constituintes das sociedades contemporâneas e pressupõe a possibilidade da existência de inúmeros modos de ser e estar no mundo. Por essa razão, possui fundamento na diferença.

• Os movimentos minoritários de luta pela diversidade não ignoram as recentes lutas dos

movimentos pela igualdade. Ao contrário, buscam legitimar o direito à diferença no interior do direito à igualdade.

• A

pós-modernidade pode ser conceituada a partir de duas abordagens distintas: a primeira está relacionada ao período cronológico iniciado na segunda metade do século XX; a segunda diz respeito às características que marcam a distinção entre os principais elementos do período moderno e da pós-modernidade.

• Uma

das principais características da pós-modernidade é sua rejeição aos discursos totalizantes e universalizantes, denominados “metanarrativas”.

• A rejeição aos discursos universalizantes pressupõe a aceitação da condição efêmera e transitória da atualidade, pautada na lógica do fast e do imediatismo.

• A

composição do homem contemporâneo está estritamente relacionada aos avanços dos dispositivos tecnológicos, constituinte quase “orgânico” da essência humana. Por decorrência, a subjetividade contemporânea se constrói a partir dos pressupostos dos valores da sociedade tecnocrática.

• Os

avanços tecnológicos reconfiguraram substancialmente os modos de produção do trabalho. Alguns dos impactos do desenvolvimento tecnológico no mundo do trabalho são: surgimento de novos modelos produtivos, aumento da flexibilização organizacional, crescimento das taxas de desemprego, entre outros.

• A cultura técnica é o traço intersubjetivo dos procedimentos técnicos compartilhados pelos trabalhadores e compõe o conjunto de fazeres técnicos que habilitam os trabalhadores a assumirem funcionalidades de decisão e negociação.

• A

compreensão dos impactos das tecnologias na composição das subjetividades e na composição de novos modos de produção do trabalho contribui substancialmente para a compreensão dos dias atuais, permitindo a ação consciente e ética com relação a situações-problemas oriundas do cotidiano profissional e pessoal.

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