JERUSALÉM
1 Manzikert, Anatólia oriental, agosto de 1071. Batalha entre o exército bizantino do imperador Romano IV Diógenes e as tropas do sultão turco seljúcida — Emanuel! Corra à retaguarda e comunique a Ducas que venha ao nosso encontro e proteja a retirada! O sol já vai se pôr e não faz sentido ir adiante. Estamos desconectados das alas e os turcos evitam o confronto! — gritou o imperador, montado em seu cavalo branco, enquanto se defendia das investidas algo hesitantes de dois seljúcidas da cavalaria pesada. Envolto pela nuvem de poeira que os cascos dos cavalos levantavam, Emanuel mal enxergava o comandante supremo. Mas o escutara muito bem, e logo partiu a galope, desferindo seu kontarion, a comprida lança de que dispunha a cavalaria couraçada, contra um turcomano surgido de uma das tendas do acampamento adversário. Atingido direto no peito. Muito bom, pensou ele, para quem, apenas algumas semanas antes, ainda manejava com grande dificuldade a lança longa. Estava em sua primeira campanha e já se encontrava em pleno combate contra as tropas do sultão seljúcida, ao lado do imperador Romano IV, o general mais valente que o Império Bizantino podia ostentar desde os tempos de Basílio II. E era um orgulhoso membro dos hikanatoi, os cadetes da alta nobreza que faziam parte das tagmata, as tropas de Constantinopla. Vinham combatendo desde o amanhecer. Pelo menos eles, os regimentos da capital sob o comando direto do imperador no centro das fileiras, haviam conseguido chegar ao campo inimigo, mas Emanuel tinha a impressão de que os turcos não haviam feito muita coisa para impedi-los. Ao contrário, os adversários pareciam mais combativos contra as alas, nas quais haviam obrigado os gregos a avançar muito mais lentamente. Os bizantinos ainda estavam em superioridade numérica, mas, quanto àquela tática... parecia de fato comprometida, com os quatro setores em que era dividido o exército imperial bastante afastados uns dos outros. Mas não havia motivo para preocupação: no máximo, o combate seria apenas preliminar e a decisão da batalha, deixada para o dia seguinte. Um bom resultado, considerando-se a excessiva subdivisão das forças e a deserção, ao anoitecer da véspera, do contingente de turcos oguzes, que haviam aderido aos confrades seljúcidas. Um episódio, este último, que custara a Emanuel sua primeira decepção. De fato, justamente 1