Olhos de Falcão, de Alex Barclay

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A L E X BA R C L AY ˜ OLHOS DE FALCAO

Tradução Heitor Pitombo


“A maré sobe, a luz se desvanece, amantes se agarram um ao outro, e as crianças nos abraçam. No momento em que deixamos de nos abraçar, em que a lealdade entre nós acaba, o mar nos engole e a luz se apaga.” JAMES ARTHUR BALDWIN


PRÓLOGO

Nova York Mãos tensas deslizam pelo cinto apertado, amarrando-o na cintura fina da menina de oito anos. Donald Riggs apontou para a pequena caixa que estava presa nele. — Isso é que nem um pager, querida, assim a polícia poderá te encontrar — disse ele, com a fala arrastada. — Porque agora você vai para casa. Se sua mãe for uma boa menina. Sua mãe é uma boa menina, Hayley? A boca de Hayley se mexeu, mas a menina não conseguia falar. Ela mordeu o lábio e levantou os olhos na direção do homem, irradiando inocência. Acenou três vezes de leve com a cabeça. Ele sorriu e acariciou delicadamente seu cabelo escuro. O quarto dia sem a filha foi o último no qual Elise Gray teria de aguentar uma dor que mal conseguia expressar. Ela respirava fundo em meio à raiva e à fúria, ciente de que a culpa recaía mais sobre seu marido do que sobre o estranho que levara sua filha. A empresa de Gordon Gray tinha acabado de abrir seu capital, tornando-o um homem muito rico e alvo iminente de sequestros e resgates. A família estava protegida — mas isso só dizia respeito ao dinheiro, e ela não ligava para dinheiro. Sua família era a sua vida, e Hayley, a luz que a iluminava.


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Ali estava ela agora, estacionada em frente ao próprio apartamento, segurando o volante do BMW do marido, esperando o verme ligar para o telefone celular que ele próprio deixara junto com o bilhete de resgate. Contudo, era Gordon quem dominava seus pensamentos. A companhia de seguros havia sugerido ao casal que alterasse a sua rotina, mas como Gordon conseguiria fazer isso? Tratava-se de um homem que preparava o próprio café, fazia torradas, e depois dispunha, lado a lado, uma maçã, uma banana e um iogurte de pêssego — nessa ordem — diariamente, no café da manhã. Todo santo dia. Um idiota, pensou Elise. Um homem idiota e seus rituais idiotas. Não é de espantar que houvesse alguém esperando por você do lado de fora do apartamento. É claro que você iria dar as caras, porque aparece todo dia, na mesma hora de sempre, quando traz Hayley para casa depois de pegá-la no colégio. Nunca desvia, nem para comprar balas, apenas chega na hora certa, todo dia. Ela bateu com a cabeça no volante quando se acendeu a luz do celular que estava no assento ao seu lado. Enquanto as mãos atrapalhadas buscavam o aparelho, percebeu que ele tocava o tema de Vila Sésamo. Aquele sujeito doente e desprezível havia configurado o celular para tocar a música de Vila Sésamo. — Dirija, vagabunda. — Cada palavra era dita de forma pausada e deliberada. — Para onde vou? — perguntou ela. — Pegar a sua filha de volta, se é que se comportou direitinho. — Ele desligou. Elise deu partida no motor, pisou no acelerador e virou calmamente no sentido do tráfego. Seu coração batia forte. A escuta esfolava as suas costas. Ao ligar para a polícia naquela primeira hora, ela dera início a um desfecho completamente novo para aquela provação. Só não tinha certeza se era o desfecho certo. * * *

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O detetive Joe Lucchesi estava sentado no banco do motorista, olhando para tudo, e sua cabeça mal se movia. Seu cabelo escuro, cortado bem rente, tinha pequenas mechas grisalhas na altura das têmporas. Perguntou-se mais uma vez se Elise Gray era forte o bastante para usar uma escuta presa ao próprio corpo. Ele não sabia para onde o sequestrador a levaria ou como ela reagiria se tivesse que se aproximar do sujeito mais do que quando estava do outro lado do telefone. Mal havia levado a mão ao rosto quando Danny Markey — seu amigo íntimo de vinte e cinco anos e parceiro há cinco — começou a falar. — Olha, você tem o tipo de queixo que se pode afagar. Se eu fizesse isso, pareceria um babaca. Joe o encarou. Danny quase não tinha queixo. Sua cabeça pequena se fundia com o pescoço macilento sem definir contorno algum. Tudo nele era pálido — sua pele, suas sardas, seus olhos azuis. Piscou para Joe. — O quê? — perguntou o policial. O olhar de Joe se voltou novamente para o carro de Elise Gray, que começou a andar. Danny se agarrou ao painel. Joe sabia que ele estava esperando que o carro arrancasse de vez. Danny tinha uma teoria; uma de suas opiniões “preto no branco”, como as chamava: “Na vida, há pessoas que confirmam se tem papel higiênico antes de dar uma cagada. E há aquelas que cagam direto e se fodem. — Joe normalmente era escolhido para cristo. — Você é um dos que olham, Lucchesi. Eu sou um cagão”, teria dito Danny. E então esperaram. — Você sabe que o Velho Nic está indo embora no mês que vem — disse Danny. Victor Nicotero era um daqueles policiais que tinha passado a vida inteira na corporação, e estava a um mês de se aposentar. — Vai à festa? Joe balançou a cabeça, depois respirou rapidamente para tentar combater a dor que pulsava em suas têmporas. Dava para ver que Danny estava esperando uma resposta. Mas ele não lhe deu nenhuma. Virou-se em direção à porta do motorista, sacou um vidro de

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Advil e uma cartela de descongestionantes. Pegou dois comprimidos de cada e os engoliu junto com um gole do energético que estava quente por causa do calor do sol. — Ah, me esqueci — exclamou Danny —, os parentes da sua mulher vão chegar de Paris no dia da festa, certo? — Ele riu. — Um jantar de seis horas com gente que você não consegue entender. — E soltou outra gargalhada. Joe deu partida no carro e seguiu Elise Gray. Três carros atrás do dela, um Crown Vic azul-marinho, com os agentes do FBI Maller e Holmes, seguia seu rasto. Elise Gray dirigia devagar, sondando as calçadas em busca de Hayley, como se ela fosse aparecer numa esquina qualquer e pular para dentro do carro. O ruído metálico do celular quebrou o silêncio. Ela agarrou o aparelho e o levou ao ouvido. — Onde você está agora, mamãe? — A voz calma do sujeito a deixou congelada. — Na esquina da Segunda Avenida com a 63ª. — Siga para o sul e vire à esquerda, na direção da ponte da 59ª. — Virar à esquerda e cruzar a ponte da 59ª — ela repetiu e desligou. Os três carros atravessaram a ponte que seguia para o leste do Boulevard Norte. O destino de todos estava nas mãos de Donald Riggs. Ele fez seu último contato. — Vire à esquerda no Boulevard Francis Lewis, depois à esquerda na 29ª. Encontrar você. Sozinha. Na esquina da 157ª com a 29ª. Elise repetiu o que ele dissera. Joe e Danny se entreolharam. — Bowne Park — disse Joe. Ele ligou para o chefe da força-tarefa, o Tenente Crane, e depois passou o telefone para Danny e acenou para que seu colega falasse. — Parece que eles estão seguindo para a descida do Bowne Park. Dá para pedir reforço na 109ª? — Danny colocou o fone no painel do carro.

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* * * Donald Riggs dirigia calmamente, seus olhos explorando a estrada, as ruas, as pessoas. O sujeito passava a mão esquerda no rosto, que era um emaranhado de cicatrizes, exceto por um pedaço de pele que era uma mancha em seu rosto queimado. Viu seu reflexo no espelho retrovisor enquanto arregalava os olhos escuros. Ergueu uma das mãos para passar os dedos no cabelo, até que se lembrou do gel e do fixador que o mantinham rígido e marcado pelos sulcos cavados por um pente de dentes largos. Os fios iam até a altura do colarinho, onde os do lado direito cruzavam com os do esquerdo. Havia uma mulher em especial que ele queria impressionar. Riggs salpicara no rosto uma loção pós-barba de um vidro azul-escuro e gargarejara uma solução sabor canela para limpeza bucal. Virou-se para dar uma olhada na menina, deitada no assoalho da parte traseira do carro, coberta por um cobertor fétido. Eram quatro e meia da tarde, e cinco detetives estavam sentados numa sala do vigésimo distrito policial, chefiado pelo Tenente Terry Crane, quando o Velho Nic chegou arrastando os pés, batendo de leve no cabelo grisalho. Talvez eles estejam falando sobre o meu presente de aposentadoria, pensou, apertando os olhos cinzentos, inclinando-se na direção das vozes abafadas. Se estiverem falando do meu relógio de mesa, vou matar todo mundo. Um relógio com o qual ele conseguia lidar. Melhor ainda, seu garoto Lucchesi havia entendido as indiretas que ele dera e espalhara a novidade — o Velho Nic estava planejando escrever suas memórias, e o que ele precisava para tanto era algo que nunca tivera antes: uma caneta bacana, algo de prata, algo que ele levasse junto com seu bom e velho caderno para poder contar uma história. Encostou seu ombro ossudo na porta enquanto seu quepe escorregava da cabeça estreita. E ouviu Crane instruindo os detetives, fazendo um resumo da situação.

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— Acabamos de descobrir que o criminoso está seguindo para o Bowne Park, no Queens. Ainda não temos uma identificação. Não conseguimos nada investigando na vizinhança, nem na cena do crime... o sujeito pulou para fora, pegou a garota e saiu em alta velocidade, sem deixar nada para trás. Nem ao menos sabemos que carro ele estava dirigindo. Isso dito pelo pai, que ouviu o grito vindo do saguão. Também não descobrimos nada no pacote que o meliante deixou para trás no dia seguinte, senão uns poucos pedaços da mesma fita, nada que se possa aproveitar, nenhuma impressão digital. O Velho Nic abriu a porta e enfiou a cabeça. — Onde aconteceu esse sequestro? — Oi, Nic — disse Crane —, na 72ª, a oeste do Central Park. — Sem indícios aparentes no recinto sobre seu presente de aposentadoria, o Velho Nic se afastou, até que um pensamento lhe veio à mente e ele voltou. — Esse sujeito estava seguindo para o Bowne Park, portanto, vocês têm que supor que a área é familiar a ele. Talvez estivesse indo para lá no dia do sequestro, a fim de poder seguir para o leste e cruzar a 42ª até a rodovia Roosevelt. Eu trabalhei na 17ª e, caso o sujeito que vocês estão procurando tenha atravessado um sinal vermelho, informo que há uma câmera na esquina da 42ª com a Segunda Avenida que pode ter registrado a passagem dele. Vocês poderiam checar com o Departamento de Trânsito. — Façam um cafuné naquele relógio de mesa — disse Crane para o grupo, piscando. — Boa, Nic. Vamos agir. — O Velho Nic ergueu a mão enquanto saía. — Você fica com vontade de abraçar o sujeito — prosseguiu Crane enquanto ligava para o Departamento de Trânsito. Trinta minutos depois, conseguiu cinco suspeitos, três com ficha criminal. Mas só um deles tinha antecedentes de tentativa de sequestro. Joe começava a sentir o efeito das drogas. Uma nuvem quente de alívio ergueu o seu maxilar. Ele abria e fechava a boca. Seus ouvidos

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latejavam. Ele inspirava pelo nariz e soltava o ar lentamente pela boca. Há seis anos, começara a ter problemas do pescoço para cima — sentia dores de cabeça, de ouvido, uma dor tão excruciante que, em determinados dias, era impossível comer ou simplesmente falar. Estranhos não reagiam bem a um tira calado. Hayley Gray estava pensando em A Bela e a Fera. Todo mundo achava que a Fera era vil e assustadora, mas, de fato, ela era, um bom sujeito que dava sopa para Belle e brincava com ela na neve. Talvez o homem não fosse tão ruim assim. Talvez acabasse ficando legal também. O carro parou de repente e ela sentiu frio. E ouviu sua mãe gritando: — Hayley! Hayley! — E depois: — Cadê a minha filha? Você já tem o seu dinheiro. Devolva a minha filha, seu miserável! A mãe parecia realmente apavorada. Hayley nunca a ouvira gritar daquele jeito antes, nem dizer palavrões. Ela estava batendo na janela. Então, o carro andou novamente, mais rápido dessa vez, e a menina não pôde mais ouvir a mãe. Donald Riggs abriu a mochila, e sua mão direita tirou de dentro os maços de notas cuidadosamente embalados. Danny pegou o rádio para cantar o número da placa do Impala marrom que se afastava de Elise Gray: — Homicídios do Norte para Central. — Esperou a Central confirmar a chamada e depois deu o número: — Adam David Larry 4856, ADL 4856. Joe estava na Citywide One, uma faixa de frequência que o ligava a Maller, Holmes e 109 sujeitos que estavam no parque. Falou rápida e claramente: — O.K., ele está com o dinheiro, mas não disse nada sobre largar a garota. Precisamos ter calma nessa hora. Não sabemos onde os dois estão. Fiquem todos de prontidão. Danny se virou em sua direção e disse sua fala de costume: — E sua voz foi restaurada e todos se alegraram.

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* * * No meio da 29ª Avenida, Donald parou o carro, esticou-se para trás e levantou o cobertor. — Levanta e sai do carro. Hayley se ergueu e se sentou no banco. — Obrigada — disse a menina. — Sabia que você ia ser legal. Ela abriu a porta, saiu e olhou em volta até avistar a mãe. E, então, correu o mais rápido que suas pernas pequenas eram capazes. Joe e Danny estavam agora atrás de Riggs, com os agentes Maller e Holmes na retaguarda. Danny, atento às informações sobre o carro. Joe, concentrado. Ele tinha a sensação de que aquilo não era bom: o tipo de mal-estar que se costuma sentir quando tudo está fácil demais, quando o maníaco está tão fodido que tudo ganha um ar assustador de calmaria. Olhou para Danny. — Por que o sujeito devolveria a criança para a mãe sem nenhum arranhão? — Ele balançou a cabeça. — Isso está fácil demais. Pisou com força no freio e, com o braço para fora da janela, gesticulou na direção do Crown Vic à sua frente. O agente Maller acenou rapidamente e pegou a direita, com os olhos fixos no carro que seguia mais adiante. Joe se virou e percebeu a silhueta oscilante de mãe e filha juntas. Fácil demais. Saiu do carro, pegou o celular que vibrava no painel e atendeu. Era Crane. — Achamos o seu meliante. — Impala marrom — disse Joe. — Isso. 1985. Riggs, Donald, homem branco, 34 anos, nascido na puta-que-pariu, Texas, trancafiado por conta de um furto besta, fraudes, cheques sem fundo, preso em flagrante durante um sequestro anterior. — Ele hesitou. — Fica de olho, Lucchesi, ele se encrencou com explosivos plásticos em Nevada, em 1997. Temos um sujeito que gosta de explodir coisas. — Joe largou o telefone, com o coração disparando.

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— Estou com a unidade tática da polícia na espera. Joe começou a correr. E torceu para que seu coração aguentasse o novo ritmo que suas pernas haviam imprimido. Donald Riggs tinha alcançado a esquina da 154ª com a 29ª. Ele sacolejava de um lado para o outro em seu assento, agarrado ao volante com seus dedos magros, revirando os olhos para todos os lados, captando tudo, sem registrar nada. Mas algo chamou sua atenção. Atrás dele, um Ford Taurus preto parou no meio-fio e um Crown Vic azulmarinho o ultrapassou. De um jeito raro, sua consciência se expandiu e se intensificou. Ele continuou dirigindo, respirando em silêncio, e começou a frear até parar na esquina seguinte. Então, uma súbita movimentação fez com que ele se encolhesse. Dois homens saíram de um furgão da companhia de energia que estacionara na entrada do parque e abriram as portas traseiras. Dois outros homens saltaram de dentro do veículo. No espelho retrovisor, o carro azul-marinho assomava novamente, vindo de forma assustadora pela contramão. Donald Riggs se inclinou na direção do banco do passageiro, pegou a mochila, empurrou a porta, saiu rapidamente do carro e correu na direção do parque. No instante em que Maller e Holmes pararam cantando pneu, alguns segundos depois, os quatro agentes do FBI, que estavam usando uniformes da companhia de energia, cercavam um carro vazio. — Vão, vão, vão — bradou Maller, fazendo com que todos os homens corressem na direção do parque. — Você usou o meu pager! — disse Hayley, muito surpresa, apontando para o cinto que estava amarrado em volta da sua cintura e para a caixa preta com uma luz amarela que piscava. Sua mãe se levantou, confusa, buscando alguém que pudesse entender o que aquilo queria dizer, mas, no fundo do coração, sabia qual era a resposta. Seus olhos suplicantes se fixaram em Joe.

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* * * — Sua vaca estúpida, sua vaca estúpida, sua vaca estúpida... — Donald Riggs corria freneticamente pelo parque, agarrado à sua mochila, concentrando-se num pequeno objeto escuro que trazia numa das mãos. Parou. Seus olhos se arregalaram e endureceram enquanto sua mente e seu corpo se fechavam. Até que uma contração, o reflexo de um movimento, uniu o polegar de sua mão direita ao botão negro de um detonador. Elise Gray sabe qual é o seu destino. Ela segura a filha pela última vez, apertando-a desesperadamente contra o peito. — Eu te amo, querida, eu te amo, querida, eu te amo. — Até que uma explosão pavorosa e tenebrosamente alta as dilacera, e a luz cintilante arde nos olhos de Joe enquanto ele observa tudo, inerte. Em seguida, faíscas vermelhas, brancas e cor-de-rosa se esparramam de forma grotesca, enquanto uma chuva de folhas e lascas de casco de árvore caem como confete em volta do lugar onde uma mãe e uma filha, segundos antes, mal tiveram tempo de se despedir uma da outra. Joe estava absolutamente imóvel, paralisado. Não conseguia respirar. Sentiu uma pressão diferente que fazia seu maxilar palpitar. Seus olhos se moviam sem parar. Aos poucos, foi sentindo o calor do concreto no rosto. Afastou-se, então, da calçada. Muitas emoções fluíam por seu corpo. O rádio em seu cinto começou a tocar. Era Maller. — Nós o perdemos. Ele está no parque, indo em sua direção, seguindo pelo playground. Uma emoção se instalava acima de todas as outras: fúria. — Não creio que sua mãe tenha sido uma boa menina, Hayley. Não creio que sua mãe tenha sido uma boa menina — Riggs berrava, usando palavras chulas, tremendo de forma desenfreada, até se

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agachar, com o rosto contorcido. Ele se agarrava desesperadamente ao bolso interno do seu casaco. Joe irrompeu do meio das árvores e, de repente, se viu frente a frente com aquela cena perturbadora, mas estava pronto, sua Gloc k 9mm em punho. — Ponha as mãos onde eu possa vê-las. Ele não conseguia se lembrar do nome do sujeito. Riggs olhou para cima; seu braço se soltou de modo abrupto, balançando freneticamente para os lados, enquanto Joe acertava seis balas no seu peito. Riggs caiu para trás, tombando para que, cego, pudesse contemplar o céu, com os braços esticados e as mãos abertas. Joe se aproximou, procurando uma arma que ele sabia que não existia. Mas havia algo numa das mãos de Riggs — um pin castanho e dourado: era um falcão, com as asas para cima, o bico apontado para baixo. Apertara-o com tanta força que ele havia perfurado a palma de sua mão.

Assista ao depoimento da autora no Youtube: http://bit.ly/b3CGvk

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