Puro - Trecho

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Tradução Regina Lyra

Rio de Janeiro | 2013

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C ap í t u lo I Virá o tempo em que o sol há de brilhar somente sobre os homens livres que não tenham senão a razão como senhor. Marquês de Condorcet

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m rapaz jovem, porém não muito jovem, está sentado na antessala de algum lugar numa ala qualquer do Palácio de Versalhes. Ele aguarda. Aguarda já faz um bom tempo. Não há lareira no aposento, embora estejamos na terceira semana de outubro e faça tanto frio quanto no mês de fevereiro. Suas pernas e costas parecem duras — por causa do frio e dos três dias de viagem no frio, primeiro com o Primo André, de Bellême a Nogent, depois no coche, superlotado de gente de pele crestada envolta em casacões de inverno, com cestas no colo, embrulhos sob os pés, alguns viajando com cães e um velho que esconde um frango debaixo do casaco. Trinta horas até Paris e a rue aux Ours, onde desceram pisando em cascalho e estrume, e andaram de um lado para outro na porta da agência dos coches como se não se sentissem seguros sobre as próprias pernas. E então, esta manhã, a partida da hospedaria que o alojara na rue... — rue o que mesmo? — bem cedinho, em um cavalo alugado que o trouxe a Versalhes e a este dia, que pode ser o mais importante da sua vida ou coisíssima alguma. Ele não se encontra sozinho na sala. Um homem quarentão senta-se à sua frente numa poltrona estreita, o casacão abotoado até o queixo, as mãos cruzadas no colo, um anel grande de aparência 9

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muito antiga em um dos dedos. De vez em quando o homem suspira, mas, afora isso, permanece em completo silêncio. Atrás do dorminhoco, tanto de um lado quanto do outro, há espelhos que vão do assoalho até os frisos do teto, cobertos de teias de aranha. O palácio é cheio de espelhos. Para seus mora­dores deve ser impossível não topar com a própria cara uma centena de vezes ao dia, cada corredor uma fonte de vaidade e incerteza. Os espelhos à sua frente, com a superfície embaçada pela poeira (algum dedo ocioso desenhou um pênis bulboso e, ao lado, uma flor que talvez seja uma rosa), projetam uma claridade esverdeada, como se o prédio todo estivesse submerso, afogado. E ali, como parte dos destroços, seu reflexo amarronzado, o rosto no vidro mofado não nítido o bastante para ser digno de nota ou peculiar. Uma forma oval pálida em um corpo sentado, um corpo metido num traje marrom — traje este presenteado pelo pai —, o tecido cortado por Gontaut, que as pessoas gostam de chamar de melhor alfaiate de Bellême, mas que, na verdade, é seu único alfaiate, já que Bellême é o tipo de lugar onde um bom traje costuma ser legado como parte dos bens de alguém, juntamente com o ferro para a cama, o arado, a charrua e as selas. Está um pouco apertado na altura dos ombros, um pouco cheio demais nos quadris, um pouco pesado nos punhos, mas todo ele foi bem-confeccionado e, para o estilo, ficou perfeito. Ele pressiona as coxas, pressiona os ossos dos joelhos e depois baixa o braço para limpar alguma coisa do cano da meia esquerda. Teve todo o cuidado para manter as meias tão limpas quanto pos­sível, mas saiu quando ainda estava escuro, atravessou ruas desconhecidas, e, na ausência de lampiões acesos àquela hora, quem saberia dizer no que pisou? Remove a sujeira com a ponta do po­legar. Lama? Tomara. Não cheira o polegar para verificar. 10

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Um cão pequeno adentra o cômodo, as patas derrapando no chão. O animal olha para ele, brevemente, com olhos grandes e baços, antes de ir até o jarro, uma ânfora alta e dourada exposta ou abandonada num dos cantos espelhados do salão. Fareja e ergue a pata. Uma voz — idosa, feminina — arrulha para ele do corredor. Uma sombra passa atrás da porta aberta; o som da barra de seda roçando o assoalho é como o de um começo de chuva. O cão sai afobado atrás dela, enquanto sua urina escorre serpenteando desde o jarro até os calcanhares cruzados do homem adormecido. O mais jovem observa o líquido, o jeito como ele atravessa a superfície irregular do parquete, o jeito como até mesmo o xixi de um cachorro está sujeito às leis inalteráveis da física... Ele ainda está observando o líquido (nesse dia que pode ser o mais importante da sua vida ou coisíssima alguma) quando a porta do gabinete do ministro se abre com um pequeno ruído que lembra o rompimento daqueles lacres afixados nas portas das casas infectadas. Uma figura — um criado ou secretário — angular, de olhar baço, lhe faz sinal erguendo de leve o queixo. Ele se levanta. O homem mais velho abriu os olhos. Os dois não se falaram, não sabem os nomes um do outro, simplesmente partilharam três horas gélidas de uma manhã de outubro. O homem mais velho sorri. É a expressão mais resignada, mais elegante do mundo; um sorriso que brota como a flor de uma vasta erudição inútil. O mais jovem assente, depois passa, rapidamente, pela porta entreaberta do gabinete por medo de que ela novamente se feche, deixando-o de fora, repentina e eternamente.

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anto Agostinho — começa o ministro, segurando entre dois dedos um semidevorado macaron — nos informa que as homenagens devidas aos mortos se destinam, principalmente, a consolar os vivos. Somente a oração surte efeito. O lugar onde o morto jaz enterrado é irrelevante. — Voltando ao macaron, ele o mergulha em um copo de vinho branco e depois o chupa. Algumas migalhas caem sobre os papéis empilhados na enorme escrivaninha. O criado, de pé atrás da cadeira do patrão, olha para as migalhas com uma espécie de tristeza profissional, mas não faz qualquer tentativa de removê-las. — Ele era africano — prossegue o ministro. — Santo Agostinho. Deve ter visto leões e elefantes. Você já viu um elefante? — Não, meu senhor. — Temos um aqui. Em algum lugar. Um grande animal melancólico que vive à base de vinho Burgundy. Foi presente do rei do Sião. Quando chegou, à época do avô de Sua Majestade, todos os cães do palácio passaram um mês escondidos. Depois, eles se habituaram ao bicho, começaram a latir para o elefante, a provocá-lo. Se não o pusessem em local seguro, talvez conseguissem matá-lo. Cinquenta cães poderiam realizar tal façanha. — O ministro olha 12

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para o jovem postado em frente à mesa e faz uma pausa, como se o elefante e os cães também fossem figuras numa parábola. — Onde é mesmo que eu estava? — pergunta. — Santo Agostinho? — diz o jovem. O ministro assente com a cabeça. — Foi a Igreja da Idade Média que deu início à prática de sepultar os mortos no interior das igrejas, a fim, é claro, de que estes ficassem perto das relíquias dos santos. Quando uma igreja enchia, os mortos eram enterrados no terreno à volta. Honorius de Autun chama o cemitério de dormitório sagrado, o regaço da Igreja, o ecclesiae gremium. A que altura você acha que eles começaram a nos superar numericamente? — Quem, meu senhor? — Os mortos. — Não sei dizer, meu senhor. — Foi rápido, acho eu. Foi rápido. O ministro termina de comer o macaron. O criado lhe entrega um pano. O ministro limpa os dedos, pousa os óculos de lentes redondas no nariz e lê a folha manuscrita que se encontra no topo da pilha à sua frente. O aposento está mais quente que a antessala, mas apenas um tantinho. Chamas bastante modestas crepitam na lareira e vez por outra deixam entrar uma pluma de fumaça na sala. Afora a escrivaninha, não há muito ali dentro. Um pequeno retrato do rei. Um segundo quadro que aparentemente reproduz os derradeiros momentos da caçada de um javali. Uma mesa com um decantador e alguns copos. Um urinol de porcelana pesada ao lado da lareira. Um guarda-chuva de seda encerada sob a janela. Do outro lado dessa janela, nada, salvo o céu encapelado por nuvens cinzentas. — Lestingois — entoa o ministro, lendo o que está escrito na folha. — Você é Jean-Marie Lestingois. 13

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— Não, meu senhor. — Não? — O ministro volta a olhar para a pilha, de onde tira uma segunda folha de papel. — Baratte, então. Jean-Baptiste Baratte? — Sim, meu senhor. — Família antiga? — A família do meu pai vive na cidade, em Bellême, há várias gerações. — Seu pai é um luveiro. — Um mestre-luveiro, meu senhor. E temos umas terrinhas. Pouco mais de quatro hectares. — Quatro? — O ministro se permite um sorriso. Resquícios de talco da peruca embranqueceram a seda dos ombros do seu traje. O rosto, pensa Jean-Baptiste, caso se estendesse um tantinho mais, formaria uma aresta, lembrando a lâmina de um machado. — O Conde S. diz que você é trabalhador, diligente, asseado. E a sua mãe é protestante. — Apenas a minha mãe, meu senhor. Meu pai... O ministro faz um gesto para que ele se cale. — A forma como seus pais rezam é irrelevante. Você não está sendo entrevistado para o posto de capelão real. — O ministro volta a consultar o papel. — Educado pelos irmãos da Ordem Oratoriana em Nogent, depois do que, graças à generosidade do conde, conseguiu ser admitido na École Royale des Ponts et Chaussées. — Na época devida, meu senhor, é fato. Tive a honra de ter aulas com Maître Perronet. — Quem? — O grande Perronet, meu senhor. — Entende de geometria, de álgebra. Hidráulica. Diz aqui que você construiu uma ponte. — Pequena, meu senhor, na propriedade do conde. 14

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— Um adorno? — De certa forma... Até certo ponto, sim, meu senhor. — E tem alguma experiência em mineração. — Passei quase dois anos nas minas, próximo a Valenciennes. O conde tem interesse nas minas. — Ele tem muitos interesses, Baratte. Ninguém cobre a esposa de diamantes se não tiver interesses. Talvez o ministro tenha feito uma piada, e alguma coisa divertida, desde que respeitosa, deva ser dita em resposta, mas JeanBaptiste não está pensando na esposa do conde e em suas joias, nem na amante do conde e em suas joias, mas nos mineiros em Valenciennes. Naquele tipo especial de pobreza, irremediável, sob nuvens de fumaça, em quaisquer circunstâncias da natureza. — Até você é um dos interesses dele, estou certo? — Sim, meu senhor. — Seu pai fazia luvas para o conde? — Sim, meu senhor. — Posso lhe encomendar alguns pares para mim. — Meu pai morreu, meu senhor. — Ah, sim? — Alguns anos atrás. — Morreu de quê? — De uma doença penosa, meu senhor. Uma lenta e penosa doença. — Então, sem dúvida, você deseja honrar sua memória. — Desejo, meu senhor. — Está pronto para servir ao reino? — Estou. — Tenho um trabalho para você, Baratte. Uma empreitada que, levada a cabo com a habilidade necessária, com a discrição 15

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necessária, há de assegurar que o progresso que você vem alcançando não sofra revezes. Uma empreitada que lhe dará fama. — Fico grato pela confiança de vossa excelência. — Deixemos para falar de confiança mais tarde. Você conhece o cemitério Les Innocents? — Um cemitério? — Junto ao mercado de Les Halles. — Já ouvi falar, meu senhor. — Ele vem engolindo os mortos de Paris há mais tempo do que alguém é capaz de se lembrar. Desde os dias da antiguidade mesmo, quando a cidade mal se estendia além das ilhas. Devia ser tolerável, então. Um pedaço de terra com pouco ou nada à sua volta. Mas a cidade cresceu. Construiu-se uma igreja. Construíram-se muros em torno do solo sagrado. E em torno dos muros surgiram casas, lojas, tavernas. Todo tipo de vida. O cemitério ficou famoso, respeitado, um local de peregrinação. A Madre Igreja fez fortuna com as taxas de sepultamento: um tanto para ser admitido na igreja, um pouco menos para ficar nas galerias do lado de fora. As valas coletivas, naturalmente, eram gratuitas. Não se pode pedir a um homem que pague para ter seus restos mortais empilhados sobre os de outros como fatias de bacon. Me disseram que, durante um único surto da peste, cinquenta mil corpos foram enterrados em Les Innocents em menos de um mês. E assim prosseguiu, corpo após corpo, com as carroças mortuárias fazendo fila na rue Saint-Denis. Havia enterros até durante a noite, à luz de tochas. Corpo após corpo. Uma quantidade impossível de calcular. Legiões enormes apinhadas em um pedaço de terra do tamanho de uma plantação de batatas. Mesmo assim, aparentemente ninguém se sentiu incomodado. Não houve protestos nem manifestações de desagrado. Talvez tudo tenha até sido considerado normal. Então, talvez uma 16

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geração atrás, começamos a receber reclamações. Alguns vizinhos do cemitério começaram a achar tal proximidade desagradável. A comida estragava. Velas se apagavam como que por obra de dedos invisíveis. Os moradores, ao descer as escadas de manhã, tinham desmaios. E também houve transtornos morais, sobretudo entre os jovens. Rapazes e moças de existência imaculada até então... Criou-se uma comissão para investigar o assunto. Um número imen­so de cavalheiros especialistas no tema escreveu um número imenso de palavras sobre isso. Fizeram-se recomendações, ela­boraram-se projetos de cemitérios novos e higiênicos que, novamente, seriam construídos fora dos limites da cidade. Mas as recomendações foram ignoradas, os projetos, enrolados e engavetados. Os mortos continuaram a chegar às portas de Les Innocents. Sabe-se lá como, encontrava-se espaço para eles. E assim teria prosseguido, Baratte. Não duvidemos disso. Teria prosseguido até a Última Trombeta, não fosse por uma primavera com chuvas atipicamente fortes, há cinco anos. Um muro subterrâneo que separava o cemitério do porão de uma casa numa das ruas adjacentes ruiu. Derramou-se no porão o conteúdo de uma vala comum. Talvez você possa imaginar a inquietação de quem morava acima desse porão, dos seus vizinhos, dos vizinhos dos vizinhos, de todos que, ao se recolherem para dormir, precisavam se deitar pensando no cemitério a im­prensar, como o mar voraz, as paredes de seus lares. O cemitério já não era capaz de conter seus mortos. Alguém enterrava lá o pai e podia, depois de um mês, não mais saber seu paradeiro. O próprio rei ficou nervoso. Deu ordem para que Les Innocents fosse fechado. A igreja e o cemitério. Fechados sem demora, seus portões lacrados. Assim é que, a despeito dos pedidos de Sua Graça, o Bispo, o cemitério está fechado desde então. Fechado, vazio, silencioso. Qual é a sua opinião? 17

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— Sobre o quê, meu senhor? — Um lugar desses pode, simplesmente, ser esquecido? — É difícil dizer, meu senhor. Talvez não. — Ele fede. — Sim, meu senhor. — Há dias em que acho que posso sentir daqui o fedor. — Sim, meu senhor. — Ele está envenenando a cidade. Com o passar do tempo, é capaz de envenenar não só os comerciantes locais, mas o próprio rei. O rei e seus ministros. — Sim, meu senhor. — Ele precisa ser removido. — Removido? — Destruído. O cemitério e a igreja. O lugar deve ser purificado. Use fogo, use enxofre. Use o que for preciso para livrar-se dele. — E os... E os ocupantes, meu senhor? — Que ocupantes? — Os mortos. — Livre-se deles. Até o último ossinho. A missão exigirá um homem que não tema um pouco de desconforto. Alguém que não se deixe intimidar pelos latidos dos padres. Nem seja dado a superstições. — Superstições, meu senhor? — Você bem pode imaginar que um lugar como Les Innocents tenha suas lendas, não? Afirma-se mesmo que existe uma criatura no ossuário. Algo gerado por um lobo naqueles dias, noites, di­gamos, em que os lobos ainda visitavam a cidade no inverno. Você teria medo de uma criatura dessas, Baratte? — Só se eu acreditasse nela, meu senhor. 18

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— Você é um cético, sem dúvida. Um discípulo de Voltaire. Entendo que ele agrade especialmente a jovens da sua classe. — Eu sou... Ouvi falar, é claro... — É claro. E ele é lido aqui também. Mais largamente do que você imaginaria. No que tange à argúcia, somos democratas rematados. E um homem que teve tanto dinheiro quanto Voltaire não podia ser de todo mau. — Não, meu senhor. — Então, não se assusta com sombras? — Não, meu senhor. — O trabalho será ao mesmo tempo delicado e pesado. Sua autoridade será respaldada por este ministério. Você terá dinheiro. Reportar-se-á a mim por meio do meu representante, Monsieur Lafosse. O ministro olha por cima do ombro de Jean-Baptiste. JeanBaptiste se vira. Em um tamborete atrás da porta senta-se um homem. Há tempo apenas para o rapaz reparar nos dedos brancos e longos e nas pernas e braços compridos vestidos de preto. Nos olhos também, é claro. Dois pregos negros martelados em um crânio. — Você manterá Lafosse informado de tudo. Ele tem escritórios em Paris. Irá procurar você no seu lugar de trabalho. — Sim, meu senhor. — E você guardará para si a natureza do que faz, na medida do possível. A afeição das pessoas é imprevisível. É possível que exista quem goste até mesmo de um lugar como Les Innocents. — Meu senhor, quando devo começar o trabalho? O ministro, porém, ensurdeceu de repente. Perdeu o interesse em Jean-Baptiste. Revira os papéis e estende a mão para pegar 19

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os óculos, que o criado, dando a volta na mesa, aproxima de seus dedos estendidos. Lafosse se levanta do tamborete. Das profundezas do paletó, tira um maço de papéis dobrados e lacrados, e, em seguida, uma bolsa. Entrega as duas coisas a Jean-Baptiste. Jean-Baptiste lhe faz uma reverência. Faz outra, mais elaborada, para o ministro, recua em direção à porta, vira-se e sai. O homem que aguardava com ele se foi. Seria um engenheiro também? E, se o criado de olhar encardido o tivesse visto antes, caberia a ele agora a missão de destruir um cemitério? Jean-Baptiste pega o guarda-pó de viagem que deixou dobrado sobre o assento da cadeira. No chão, a urina do cão, tendo exaurido seu ímpeto, escorre lentamente para dentro do assoalho.

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