Um anjo burro - Primeiro capítulo

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Do autor: O cordeiro Um trabalho sujo Um anjo burro

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Um Anjo Burro Uma história de terror natalino de aquecer o coração

Tradução Bruna Hartstein

Rio de Janeiro | 2013

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Alerta do A uto r

Se você está comprando este livro como um presente para sua avó ou para uma criança, saiba que ele contém palavras de baixo calão, assim como descrições apetitosas de canibalismo e pessoas por volta dos 40 anos fazendo sexo. Não me culpe. Eu avisei.

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Um Natal de arrepiar

O Natal em Pine Cove chegou arrepiando com tudo que as comemorações natalinas têm direito: arrastando guirlandas, laços e sininhos de trenó, derramando gemadas, exalando um fedor de pinho e trazendo a ameaça de maldições festivas, tal como uma ferida gelada sob os ramos de visco. Pine Cove, com sua arquitetura pseudotudoriana completamente tomada por adereços festivos — luzinhas cintilantes em todas as árvores ao longo da rua Cypress, neve falsa borrifada nos cantos de cada vitrine, miniaturas de Papai Noel e velas gigantescas penduradas sob cada poste das ruas —, se abria para o bando de turistas que vinham de Los Angeles, San Francisco e do Vale Central em busca de um momento verdadeiramente significativo de comércio natalino. Pine Cove, a sonolenta vila costeira da Califórnia — uma verdadeira cidadezinha de brinquedo, com mais galerias de arte do que postos de gasolina, mais espaços de degustação de vinho do que lojas de ferramentas —, ficava ali, tão convidativa quanto uma rainha de um baile de formatura bêbada feito um gambá, à espera do Natal, dali a cinco dias.

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O Natal se aproximava, e, com ele, viria a Criança. Ambos eram poderosos, irresistíveis e miraculosos. Pine Cove, porém, esperava apenas um dos dois. Isso não significava que os moradores não entrassem no espírito natalino. As duas semanas antes e depois do Natal garantiam um fluxo de dinheiro muito bem-vindo aos cofres da cidade, faminta por turistas desde o verão. Todas as garçonetes espanavam a poeira de seus gorros de Papai Noel, prendiam chifres de rena na cabeça e certificavam-se de estarem com quatro canetas que funcionassem no avental. Os recepcionistas dos hotéis se preparavam para a acirrada disputa por reservas de última hora, enquanto as donas de casa trocavam os típicos aromatizantes de ambiente com pavoroso cheirinho de talco por outro igualmente fétido, porém mais festivo, de pinho e canela. Na Pine Cove Boutique, colocaram um cartaz de “Especial Festas” sobre um suéter com estampa de rena horrendo e aumentaram os preços pelo décimo ano consecutivo. Os clubes dos Cervos, dos Alces, dos Maçons e dos Veteranos de Guerra, que eram basicamente o mesmo grupo de bêbados velhos, planejavam com avidez o desfile anual de Natal que percorria a rua Cypress, cujo tema deste ano era Patriotismo na Caçamba de uma Caminhonete (sobretudo porque esse já havia sido o tema do desfile de Quatro de Julho e todos ainda tinham os enfeites). Muitos cidadãos de Pine Cove se ofereceram para cuidar dos baldinhos de donativos do Exército da Salvação na frente dos correios e do Thrifty-Mart, o mercadinho local, em turnos de duas horas, dezesseis horas por dia. Vestidos com roupas vermelhas e usando barbas falsas, balançavam seus sininhos como se disputassem uma medalha de ouro no quesito salivação canina nas Olimpíadas de Pavlov.

— Dá logo o dinheiro, seu pão-duro filho da puta — disse Lena Marquez, que era responsável pelo baldinho de donativos

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naquela segunda-feira, cinco dias antes do Natal. Lena estava correndo atrás de Dale Pearson, o empreiteiro malvado de Pine Cove, pelo estacionamento, enlouquecendo-o com o badalar do sininho, enquanto ele prosseguia em direção à sua caminhonete. A caminho do Thrifty-Mart, ele a cumprimentara com um aceno de cabeça e dissera: “Acerto com você na saída”, porém, oito minutos depois, ao sair carregando uma sacola de compras e um saco de gelo, passara direto pelo baldinho, como se Lena o estivesse usando para coletar o suor da bunda dos inspetores de construção, e ele precisasse fugir do fedor. — Até parece que você não pode abrir mão de dois míseros dólares para os menos afortunados. Badalou o sininho com toda a força bem ao lado da orelha de Dale, que se virou, brandindo o saco de gelo na direção dela, mais ou menos na altura do quadril. Lena deu um pulo para trás. Tinha 38 anos, era esguia e morena, o pescoço delicado e o maxilar bem-definido, como o de uma dançarina flamenca; o cabelo comprido e preto estava enrolado em dois coques laterais, no melhor estilo princesa Leia, um de cada lado do gorro de Papai Noel. — Você não pode atacar um Papai Noel! Isso é tão errado que nem consigo dizer. — Você quis dizer explicar — replicou Dale, a luz suave do sol de inverno fazendo reluzir o novo conjunto de coroas de jaqueta que mandara colocar nos dentes da frente. Dale tinha 52 anos, era quase totalmente careca e tinha ombros fortes de carpinteiro, que ainda eram largos e bem-definidos apesar da barriga de cerveja que ostentava. — Estou dizendo que isso é errado… você está agindo mal… e é um mão de vaca. — Ao dizer isso, Lena encostou outra vez o sininho na orelha de Dale e o sacudiu como um terrier de pelo avermelhado sacudiria uma ratazana estridente até a morte. Dale se encolheu ao escutar o barulho e girou o saco de gelo de cinco quilos em um gesto tão inesperado que acertou Lena no

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estômago, fazendo-a recuar alguns passos pelo estacionamento, sem ar. Foi quando as senhoras que estavam na BULGES cha­ maram os tiras — ou melhor, o tira.

A BULGES era uma academia de ginástica para mulheres localizada logo em frente ao estacionamento do Thrifty-Mart. Das esteiras e dos aparelhos de step, as alunas da BULGES podiam observar quem entrava e quem saía do mercado local sem se sentir espionando. Desse modo, o que começara como um momento de pura diversão com uma leve injeção de adrenalina para as seis senhoras que observavam a cena transformou-se rapidamente em choque quando o empreiteiro malvado acertou a Mamãe Noel latina no estômago com um saco de cubinhos de gelo. Cinco das seis mulheres nem mesmo perderam o ritmo do exercício ou da respiração, mas Georgia Bauman — que tinha programado a esteira para uma corrida de treze quilômetros por hora naquele exato momento, já que tentara perder sete quilos até o Natal para caber no vestido de lantejoulas vermelhas que o marido lhe comprara em um surto de fantasia sexual — escorregou da esteira e caiu bem no meio de um alegre emaranhado de alunas que praticava ioga nos colchonetes atrás dela. — Ai, meu chacra bunda! — Esse é seu chacra raiz. — Parece a minha bunda. — Vocês viram isso? Ele quase a derrubou no chão. Pobrezinha! — Não é melhor a gente ir ver se ela está bem? — Alguém devia ligar para o Theo. As alunas pegaram seus celulares ao mesmo tempo, como se tivessem ensaiado, enquanto partiam para uma briga mortal de gangues, no melhor estilo do filme Amor, Sublime Amor.

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— Como foi que ela conseguiu se casar com esse cara? — Ele é um verdadeiro babaca. — Ela costumava beber. — Georgia, você está bem, querida? — Será que a gente consegue falar com o Theo se ligar para a polícia? — Aquele filho da puta vai fugir e deixar a Lena ali. — A gente devia ir ajudar. — Ainda faltam doze minutos para eu terminar o exercício. — O sinal de celular nessa cidade é horrível. — Tenho o número do Theo, por causa das crianças. Pode deixar que eu ligo. — Olhem só para a Georgia e as meninas. Parece que estavam brincando de Twister e caíram. — Oi, Theo. É a Jane, estou na BULGES. Bem, acabei de dar uma olhada pela janela e percebi que talvez esteja ocorrendo um problema no Thrifty-Mart. Não quero parecer intrometida, mas digamos que um certo empreiteiro acabou de bater em um Papai Noel do Exército da Salvação com um saco de gelo. Está bem, vou ver se vejo o seu carro. — Ela desligou o celular. — Ele está a caminho.

O celular de Theophilus Crowe tocou um trecho da música “Tangled Up in Blue” com uma voz eletrônica irritante que mais parecia um coro de moscas agonizantes, ou, então, o Grilo Falante depois de inalar gás hélio, ou, bem, vocês sabem, o próprio Bob Dylan — de qualquer forma, quando finalmente conseguiu abrir o aparelho, cinco pessoas na seção de hortaliças do Thrifty-Mart o olhavam de cara feia, lançando olhares zangados o bastante para fazer murchar o pé de rúcula em seu carrinho.

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Ele sorriu como se dissesse: Desculpem, também odeio essas coisas, mas fazer o quê?, e atendeu o telefone. — Policial Crowe. — Apenas para lembrar a todos que não estava de palhaçada, que ele era A LEI. — No estacionamento do Thrifty-Mart? Certo, vou já para lá. Uau, que conveniente! Uma das coisas boas de ser o responsável pela ordem em uma cidade de apenas cinco mil habitantes era que você nunca estava longe dos problemas. Theo parou o carrinho no final de um dos corredores, caminhou rápido, passando pelas caixas registradoras e pelas portas automáticas em direção ao estacionamento. (Parecia um louva-a-deus de jeans e camisa de flanela, com seus oitenta quilos distribuídos em dois metros de altura e operando em três velocidades: lenta, galopante e imóvel.) Lá fora, encontrou Lena Marquez curvada, puxando o ar com força. Seu ex-marido, Dale Pearson, entrava na caminhonete quatro por quatro. — Parado aí, Dale. — disse Theo. Theo se certificou de que Lena estava apenas ofegante, de que ia ficar bem, e, em seguida, virou-se para o empreiteiro parrudo, que havia parado com um pé no estribo, como se pretendesse partir assim que o ar quente saísse de dentro da caminhonete. — O que aconteceu aqui? — Esta louca me acertou com aquele sininho. — Não fiz nada disso — ofegou Lena. — Me disseram que você bateu com um saco de gelo nela, Dale. Isso é agressão. Dale Pearson passou os olhos rapidamente em volta e viu o grupo de mulheres reunido na janela da academia de ginástica. Todas desviaram os olhos e voltaram para os aparelhos em que se exercitavam antes de a discussão começar. — Pergunte a elas. Vão dizer que a Lena estava sacudindo aquele sininho bem do lado da minha cabeça. Eu reagi em legítima defesa.

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— Ele disse que ia fazer uma doação assim que saísse da loja, mas não fez — defendeu-se Lena, a respiração quase de volta ao normal. — Existe um contrato implícito aí. E ele o violou. Além disso, não bati nele. — Ela é completamente louca — retrucou Dale, como se dissesse que a água é molhada, como se fosse óbvio. Theo olhou para um e depois para o outro. Já lidara com aqueles dois antes, mas achava que tudo tinha finalmente ficado em paz após o divórcio, cinco anos atrás. (Ele era policial em Pine Cove havia 14 anos — já vira o lado podre de muitos casais.) A primeira providência a se tomar em uma briga doméstica é separar os envolvidos, mas isso parecia já ter sido feito. Não se devia tomar partido de ninguém; no entanto, como Theo tinha uma quedinha por malucas — ele próprio se casara com uma —, decidira incorporar o juiz e voltar sua atenção para Dale. Além disso, o sujeito era um babaca. Theo deu um tapinha nas costas de Lena e seguiu a passos largos em direção à caminhonete de Dale. — Não perca seu tempo, hippie — disse o empreiteiro. — O assunto está encerrado. — Entrou na caminhonete e bateu a porta. Hippie?, pensou Theo. Hippie? Cortara o rabo de cavalo há anos. E parara de usar sandálias ripongas com solado de pneu. Parara até mesmo de fumar maconha. De onde aquele cara havia tirado a ideia de chamá-lo de hippie? — Hippie? — repetiu consigo mesmo e, em seguida: — Ei! Dale tinha dado a partida na caminhonete e engatava a ré. Theo subiu no estribo, debruçou-se sobre o para-brisa e começou a bater com uma moeda que havia pescado no bolso da calça. — Fica aí, Dale. — Toc, toc, toc. — Se você for embora agora, vou emitir um mandado de prisão. — Toc, toc, toc. Theo estava puto… sem sombra de dúvida. Sim, isso definitivamente era raiva.

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Dale colocou o carro em ponto morto e apertou o botão para abaixar o vidro. — Que foi? O que você quer? — Lena quer prestar queixa por agressão… talvez agressão com arma letal. Acho melhor você pensar bem antes de ir embora agora. — Arma letal? Mas foi um saco de gelo! Theo balançou a cabeça e assumiu um tom irônico de contador de histórias: — Um saco de gelo de cinco quilos. Escuta, Dale, escuta eu soltando um bloco de gelo de cinco quilos no chão do tribunal, na frente dos jurados. Consegue escutar? Consegue ver os jurados se encolhendo enquanto esmago um melão sobre a mesa do advogado de defesa com um bloco de gelo de cinco quilos? E você me diz que não é uma arma letal? “Senhores e senhoras do júri, este homem, este pervertido, este redneck, este, permitam-me, caixa-de-areia-de-gato-cheia-de-merda-em-forma-de-ho­m em bateu em uma mulher indefesa, uma mulher que, por pura bondade, estava recolhendo donativos para os pobres, uma mulher que estava apenas…” — Mas isso não é um bloco de gelo, é… Theo ergueu um dedo. — Nem mais uma palavra, Dale, não até eu terminar de ler os seus direitos. — Ele percebeu que Dale estava ficando assustado: as veias nas têmporas do empreiteiro começavam a pulsar com mais força, e a careca adquiria um tom rosa-shocking. Hippie, hein? — Lena, você seguramente vai prestar queixa, não é mesmo? — Não — respondeu ela. — Vaca! — exclamou Theo. A palavra saiu antes que ele conseguisse impedir. Incorporara tão bem o personagem! — Está vendo como ela é? — comentou Dale. — Aposto que você gostaria de ter um saco de gelo agora, não é mesmo, hippie?

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— Sou um oficial da lei — retrucou Theo, desejando ter um revólver ou algo parecido. Pegou o distintivo no bolso traseiro da calça, mas percebeu que já estava um pouco tarde para identificações, uma vez que conhecia Dale fazia quase vinte anos. — É, e eu sou uma rena. — Dale disse isso com um orgulho que não combinava com a declaração. — Esqueço a coisa toda se ele puser cem dólares no baldinho — disse Lena. — Você é louca, mulher. — É Natal, Dale. — Foda-se o Natal, e foda-se você. — Ei, não há necessidade desse tipo de linguajar, Dale — interveio Theo, levando ao pé da letra o significado da palavra paz em “oficial da paz”. — Desce do carro. — Cinquenta dólares, e ele pode se mandar — declarou Lena. — É para os necessitados. Theo se virou e olhou para ela. — Você não pode fazer um acordo jurídico em pleno estacionamento do Thrifty-Mart. Eu já o tinha na palma da mão. — Cala a boca, hippie — disse Dale. E, em seguida, para Lena: — Eu lhe dou vinte, e os necessitados podem beber até cair. Eles que arrumem um emprego, como o restante de nós. Theo tinha certeza de que as algemas estavam em seu Volvo — ou será que as deixara presas na cabeceira da cama? — Não é assim que a gente… — Quarenta! — gritou Lena. — Fechado! — respondeu Dale. Pegou duas notas de vinte na carteira, amassou-as e as jogou pela janela. Elas bateram no peito de Theo Crowe. Em seguida, ele engatou a marcha e deu ré. — Fica onde está! — mandou Theo. Dale terminou de manobrar e se mandou. Quando a caminhonete vermelha grande passou pela viatura de Theo, estacionada

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a vinte metros dali, um saco de gelo voou pela janela e explodiu contra a traseira do Volvo, lançando cubos de gelo por todo o estacionamento, sem, no entanto, provocar nenhum estrago. — Feliz Natal, sua vaca louca! — gritou Dale da janela do carro ao virar para a rua. — E uma boa noite para todos! Tchau, hippie! Lena meteu as notas amassadas na roupa de Papai Noel e apertou o ombro de Theo assim que a caminhonete vermelha sumiu de vista. — Obrigada por vir me salvar, Theo. — Grande salvamento! Você devia ter prestado queixa. — Estou bem. De um jeito ou de outro, isso não teria dado em nada; Dale tem excelentes advogados. Confie em mim, eu sei. Além disso, consegui quarenta paus! — Esse é o espírito natalino... — replicou Theo, sem con­ seguir evitar o sorriso. — Tem certeza de que está bem? — Estou. Não é a primeira vez que ele perde a cabeça comigo. — Ela deu um tapinha no bolso da roupa de Papai Noel. — Pelo menos, dessa vez consegui alguma coisa. — Lena voltou para junto do baldinho, e Theo a seguiu. — Você tem uma semana para prestar queixa, caso mude de ideia — disse ele. — Quer saber de uma coisa, Theo? Realmente não quero passar outro Natal obcecada com o fato de Dale não ter um pingo de humanidade. É melhor deixar para lá. Se tivermos sorte, talvez ele se torne uma daquelas fatalidades festivas das quais sempre ouvimos falar. — Isso seria ótimo — retrucou o policial. — Isso é que é espírito de Natal, hein?

Em outra história natalina, Dale Pearson, empreiteiro malvado, misógino egocêntrico e pão-duro aparentemente incorrigível,

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talvez recebesse, durante a noite, a visita de uma série de fantasmas que lhe mostrassem vislumbres de natais passados, presentes e futuros, o que o transformaria em um homem generoso, gentil e preocupado com seus semelhantes. Só que esta não é uma história natalina desse tipo e, portanto, aqui, em algumas poucas páginas, alguém irá despachar o filho da mãe com uma pá desta para melhor. Esse é o espírito de Natal dessas bandas. Ho, ho, ho!

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