Na realidade a conclusão a que cheguei é que todas as vidas se passam em embarcações. Por estes 12 anos que estivemos em mar aberto, sujeitos às tempestades, relâmpagos, ventos e ondas gigantes, que por tantas vezes encobriram a todos e atingiram principalmente nossas almas, tornamo-nos tão insignificantes diante das tormentas que posso afirmar que “todos nós estivemos contidos”. Era necessário não somente enfrentar a fúria, como também nos proteger de possíveis males maiores que temíamos pudesse ocorrer. Era o sentimento de sobrevivência. Esta embarcação chamada “vida” dança em meio às ondas lançando-nos frente a frente aos obstáculos. Essa fase de contenção foi o maior exercício dentro do laboratório familiar, o mais difícil, porém, o que nos fez despertar para nos tornarmos seres mais dignos, fortes e principalmente desenvolvermos a compaixão. Essas marcas profundas ainda não estão definitivamente cicatrizadas.