Especial :: Cooperação para soluções em Água

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Unidos pelo Aquífero Guarani Uma das iniciativas em destaque pela ONU como modelo de cooperação, o Sistema do Aquífero Guarani será gerido em breve em conjunto pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, países que abrigam mananciais da reserva subterrânea nos territórios Por Raíza Tourinho

A eclosão de uma terceira guerra mundial provocada pela escassez de água pode ser ainda um alarme digno de uma ficção hollywoodiana. Mas a existência de conflitos pela utilização dos recursos hídricos não é somente viável, como é realidade neste momento em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. Com apenas 1% do total de água disponível no Planeta sendo doce – o que não significa ser potável, a distribuição geograficamente desigual desses recursos os torna elemento estratégico para o desenvolvimento de qualquer local. Além da escassez, a rápida piora da qualidade da água e o aumento populacional só tendem a agravar o cenário. A estimativa da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é a de que, até 2050, a demanda mundial de água aumentará 55%. Conflitos Diante desse quadro, as Nações Unidas definiram 2013 como o Ano Internacional da Cooperação pela Água, de modo a difundir a ideia que

a partilha dos recursos é um meio mais “interessante” de utilização do que a posse pelos conflitos. Embora ressalte que conflitos são bem mais usuais que a cooperação atualmente, o geógrafo Wagner Ribeiro, professor da Universidade de São Paulo (USP), concorda. “Uma guerra seria algo pouco exequível, uma vez que um conflito armado contaminaria aquilo que se pretende atingir: os recursos hídricos”, explica. Uma das iniciativas em destaque pela ONU como modelo de cooperação, o Sistema do Aquífero Guarani será gerido em breve em conjunto pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, países que abrigam mananciais da reserva subterrânea nos territórios. “É a primeira vez que se tem um acordo sem conflito”, destaca Ribeiro. “Trata-se do único tratado multilateral que se propõe a regular, especificamente, águas subterrâneas transfronteiriças”, ressalta o embaixador João Luiz Pereira Pinto, diretor do Departamento da América do Sul-I do Itamaraty: “Estamos caminhando para

superar a antiga visão de que a disputa por recursos hídricos seria potencialmente um ponto de conflito entre os países, em benefício de uma visão contemporânea, segundo a qual há espaço para o diálogo e a cooperação”. Tupiniquim Inicialmente imaginado com uma gigantesca reserva subterrânea, descobriu-se com os estudos técnicos que o Aquífero Guarani é um complexo conjunto de mananciais não necessariamente interligados. Mesmo assim, é considerado atualmente como “um dos maiores sistemas de mananciais transfronteiriços de água doce subterrânea do mundo”. Inserido na Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, o Guarani possui 1,2 milhões de km², do quais 71% são situados em sete estados brasileiros,19% na Argentina, 6% no Paraguai e 4% no Uruguai. Embora a ideia do acordo de cooperação tenha surgido há quase dez anos e há três tenha sido oficialmente assinado pelos quatro países na Cúpula do


Rio Daymán, no Uruguai, é um dos mananciais abastecidos pela reserva Guarani

Em 2010, os presidentes firmaram o tratado durante a Cúpula do Mercosul em San Juan, na Argentina

Mercosul em San Juan (Argentina), o tratado aguarda ainda ratificação do Brasil e do Paraguai para entrar em vigor. Por aqui, o acordo ainda está em análise nos Ministérios, “devendo ser encaminhado ao Congresso em breve”, segundo o governo. Já no Paraguai, o acordo foi rejeitado pelo Congresso, provavelmente em represália às sanções sofridas pelo país no âmbito do Mercosul (o país está suspenso desde junho devido à destituição do então presidente Fernando Lugo, em detrimento do atual Federico Franco). Contudo, ainda há possibilidades de uma nova consideração sobre a matéria. E com boas chances de aprovação, uma vez que, segundo especialistas, as partes “só têm a ganhar” com o tratado. Na prática, o tratado de cooperação deverá facilitar o intercâmbio técnico e tecnológico entre os países, além de facilitar o controle do uso das águas subterrâneas, já largamente utilizadas para o abastecimento agrícola e humano no Brasil – O Guarani responde por uma grande parcela do abastecimento nos municípios de Ribeiro Preto (SP) e Maringá (PR), por exemplo. Apesar de considerar a soberania da nação sobre o uso das águas em seus territórios, o acordo prevê sanções, caso haja qualquer tipo de contaminação que prejudique a outra parte inserida no tratado. “O acordo é um bom ponto de partida. Uma vez ratificado, poderemos dispor de instituições que contribuirão para um corpo hídrico mais bem conservado”, assinala Ribeiro.

Entre 1820 e 2007 foram assinados aproximadamente 450 acordos sobre águas internacionais, geralmente em resposta a conflitos preexistentes. Os meandros burocráticos transnacionais impedem que a matéria avance com a rapidez necessária em um mundo em que uma gota d’água valora a cada segundo. No entanto, o modelo de cooperação criado para o Guarani pode ser fonte de inspiração para novos acordos mundo afora, inclusive no próprio Brasil, que dispõe do Alter do Chão, uma reserva subterrânea recém-descoberta na Amazônia, que pode ter o dobro do Guarani. O geógrafo Wagner Ribeiro vê com otimismo o precedente aberto pelo Guarani. Para ele, o estímulo a novos tratados similares é fundamental para gerir o acesso à água. “A distribuição política da água não atende a demanda da humanidade. Assim, a cooperação é essencial para que o direito humano à água seja confirmado”.

Leia a entrevista exclusiva ao EcoD concedida pelo Embaixador João Luiz Pereira Pinto: www.ecodesenvolvimento.org/posts/2013/marco/ unidos-pelo-guarani?tag=agua


A convivência possível com o Semiárido A região Nordeste sofre com a pior seca das últimas cinco décadas, mas o trabalho feito pela Articulação do Semiárido (ASA) junto a cerca de três mil organizações possibilita a milhares de famílias apresentarem respostas viáveis ao problema Por Murilo Gitel

Hoje longe, muitas léguas/Numa triste solidão/Espero a chuva cair de novo/Pra mim voltar pro meu Sertão. É no embalo nostálgico de Asa Branca, um dos maiores clássicos da Música Popular Brasileira, que a agricultora familiar Maria Silva de Jesus começa mais um dia de trabalho na fazenda Lagoa de Fora, comunidade de Canto, em Serrinha (BA), no Sertão baiano. Mas se esse verdadeiro hino do povo sertanejo composto por Luiz Gonzaga parece cada vez mais atual, levando-se em conta a estiagem que castiga o Nordeste (a mais severa dos últimos 50 anos), também é verdade que muitas famílias não precisam mais sair do Sertão nesses tempos de crise, mas, ao contrário disso, podem permanecer, porque são capazes de conviver com ele. É que dona Maria está entre as cerca de três milhões e quinhentas mil pessoas do Semiárido beneficiadas com o programa de cisternas da Articulação do Semiárido (ASA), rede formada por três mil organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região. “Duas cisternas abastecem minha família, uma para a produção e a outra para o consumo. Parte dos alimentos nós consumimos aqui em casa. O que sobra eu comercializo na feira de Serrinha”, explica Maria de Jesus, que planta cebolinha, alface e coentro. Segundo a agricultora, o nível da seca atual faz com que a tecnologia ajude a complementar a água escassa que sai da torneira. A última vez que a produtora e sua família, formada por mais quatro pessoas, viram a água da chuva, em Serrinha, foi em janeiro. “Com essa escassez toda não tem água suficiente para produzir em grandes quan-

tidades. A água para o abastecimento normal só tem caído uma vez por mês. Tem que ter reservatório e muita economia, porque senão fica sem água. São poucas famílias que estão produzindo”, relata. O rádio de dona Maria ainda entoa a Asa Branca em alto volume, sendo que bem no trecho em que o “rei do baião” lamenta que “por farta d’água” perdeu seu gado, a agricultora lembra que também conta com outra tecnologia social importante, além das cisternas: o barreiro-trincheira, definido pela ASA como “um tanque longo, estreito, fundo e escavado no solo”. “Serve para armazenar a água da chuva, matar a sede dos animais e para que a família possa ampliar a área produtiva com verduras, legumes e frutas. No meu caso, utilizo o barreiro para a produção de pequenos animais, como ovinos e caprinos”, exemplifica a agricultora. Cooperação e descentralização Uma das milhares de organizações que atuam junto à ASA em todo o Brasil é o Movimento de Organização Comunitária (MOC), que trabalha para articular pessoas em três territórios da Bahia (Portal do Sertão, Vale do Jacuípe e região do Sisal) com o objetivo de que ocupem seus espaços como cidadãs e tenham acesso ao direito à água, por exemplo. “A ASA e o MOC mostram que o Semiárido é viável desde que tenhamos políticas para este fim. A inviabilidade hoje não é do Semiárido, mas das políticas dirigidas a ele”, define o coordenador do MOC Naidson Quintella, que também coordena a ASA no estado da Bahia. De acordo com ele, essas organizações apon-


tam, executam e fiscalizam políticas nesse sentido, mobilizando pessoas, empresas e governos. “A política correta é a de convivência com o Semiárido e não a de combate à seca. Se aplicarmos a primeira tornamos o Semiárido viável. Por políticas de combate à seca entenda as grandes obras que não consideram a população, os mais pobres e simples, e que só servem aos interesses de alguns, como a transposição do Rio São Francisco”, critica Quintella. Mesmo em meio à tamanha escassez de chuva devido à atual seca, o coordenador regional da ASA rejeita a tese de que o Semiárido não tem água. “Tem e muita, mas ela está concentrada nas mãos de poucos. O Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do mundo, mas a água dele está concentrada em apenas alguns empreendimentos e propriedades. Aí a maioria da população fica mendigando uma lata de água que recebe do carro-pipa, muitas vezes, em período eleitoral”, aponta. Quintella reivindica algumas políticas públicas capazes de distribuir melhor a água do Semiárido, entre as quais a reforma agrária, que repartiria as terras de forma mais igualitária para os trabalhadores produzirem; a política do estoque, utilizada em alguns países da Europa e que consiste em guardar água e sementes durante as estações do ano para que não haja falta no inverno; e a utilização em massa das tecnologias sociais, tais como: cisterna-calçadão, barragens subterrâneas, tanques de pedra e cisterna de enxurrada.

“A política correta é a de convivência com o Semiárido e não a de combate à seca. Se aplicarmos a primeira tornamos o Semiárido viável” Naidson Quintella, coordenador regional da ASA

Criação de animais pequenos


Quando chega a chuva é o momento de armazenar água para os períodos de estiagem

Feira agroecológica de Serrinha, no Semiárido baiano. Alimentos produzidos de forma ambientalmente correta em meio a uma das maiores secas da história

Importância das cisternas Na opinião do coordenador da ASA, a cisterna normalmente consegue abastecer as famílias apenas com a água da chuva, salvo em secas muito severas como esta que temos visto. Mas, de qualquer forma, se torna um instrumento importante da autonomia das famílias e das comunidades. Conforme Quintella, a ASA, que tem um projeto intitulado “Um Milhão de Cisternas”, construiu cerca de 500 mil das 700 mil cisternas existentes hoje no Semiárido. “Levando-se em conta que cada uma delas abasteça, em média, cinco pessoas, nós temos três milhões e quinhentas mil com acesso a alguma forma de água potável na região”, calcula. Perspectiva de dias melhores para outras Marias deste Brasil, que ao som de Luiz Gonzaga e à base da resistência, uma das principais características do povo nordestino, sofrem diariamente com “tamanha judiação”, mas também são capazes de encontrar alternativas para conviver e, principalmente, viver no Semiárido.

Barreiro-trincheira, tecnologia social desenvolvida pela ASA, armazena água da chuva e serve, principalmente, para matar a sede dos animais


15 fatos que você precisa saber sobre a água Você sabia que a cada minuto, morrem sete pessoas no mundo por ingerir água insalubre? Ou que aproximadamente 11% da população mundial ainda compartilha água com animais em leitos de rios? Esses e outros dados assustadores e curiosos são divulgados pela Organização das Nações Unidas a cada ano. Confira abaixo 15 fatos que você precisa saber sobre a água:

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Para atender nossas necessidades básicas, precisamos diariamente de 20 a 50 litros de água não contaminada

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Cerca de um bilhão de pessoas no mundo não têm acesso a água potável

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70% da superfície terrestre é coberta pela água, mas só 1% está disponível para consumirmos

02 Uma criança nascida nos países industrializados consome de 30 a 50 vezes mais água do que uma criança nos países em desenvolvimento

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Dois milhões de pessoas morrem todos os anos devido à ingestão de água não tratada, falta de higiene e sanemento básico

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Mais de um bilhão de pessoas não têm um copo de água limpa para beber

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Quase cinco mil crianças morrem todos os dias devido à água contaminada e falta de saneamento básico

O Brasil possui 12% da água superficial doce do mundo, mas a seca afeta todos os anos milhões de brasileiros

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Apesar da escassez, a cada mil litros de água utilizada 10 mil litros de rios e nascentes são poluídos

Estima-se que existam 260 milhões de pessoas no mundo portadoras de esquistossomose, uma doença crônica parasitária causada por vermes presentes na água

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Diariamente ocorrem seis mil mortes por diarreia, a maioria das vítimas são crianças menores de cinco anos

Mais de 50 países ainda informam casos de cólera à OMS

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A maioria dessas pessoas vive em comunidades pobres sem acesso a água potável nem saneamento adequado. Todos os anos, 88 milhões de crianças são infectadas pelo parasita que causa essa doença

Cerca de 700 milhões de pessoas estão em risco de serem infectadas pelo parasita que causa esquistossomose

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Cerca de 1 bilhão de pessoas ainda não têm acesso a banheiro para defecar


Remuneração para ser um produtor de água Projeto Conservador das Águas, do município de Extrema (MG), possui contrato de preservação ambiental com cerca de 150 agricultores Por Jessica Sandes

Fotos: Divulgação

O projeto foi um dos vencedores do Prêmio Internacional de Dubai 2012

O que começou com a ajuda de apenas uma mula e um fusca, hoje tem o apoio de tratores modernos, que levam ferramentas e mudas de árvores para serem reflorestadas em propriedades rurais do município de Extrema, em Minas Gerais. Essa talvez seja a melhor forma de começar a apresentar o Projeto Conservador das Águas, um dos vencedores do Prêmio Internacional de Dubai 2012 de Melhores Práticas para Melhoria das Condições de Vida, promovido pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU Habitat). Apesar de ter começado em 1995, com pequenas ações para melhorar a quantidade e a qualidade das águas no local, a iniciativa só foi oficializada em 2005, com a promulgação da Lei Municipal 2.100, de 21 de dezembro do mesmo ano. O projeto, pioneiro no Brasil e

que faz parte do Programa Produtor de Água, da Agência Nacional de Águas (ANA), se baseia no princípio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) que, nesse caso, faz com que os proprietários de terras localizadas em mananciais de abastecimento recebam um pagamento pela preservação da região, passando a ser um “produtor de água”. O primeiro agricultor a participar da iniciativa foi Sebastião Froz, em 2007. Na época, poucas pessoas acreditavam que a iniciativa era séria e que realmente haveria remuneração. Após seu falecimento, a propriedade ficou para o filho José Aparecido, que deu continuidade ao trabalho. Ele conta que as mudas plantadas na época do pai já estão grandes e hoje dão um novo ar à região. A propriedade é considerada o emblema do projeto por Paulo Henrique Pereira, idealizador da iniciativa e diretor do Departamento Municipal de Meio Ambiente. Ele explica que o projeto funciona da seguinte forma: a prefeitura faz um estudo das áreas apropriadas, mede as dimensões e propõe a adequação ambiental da propriedade rural. A sugestão é feita com base em três critérios: o de cobertura florestal para as APPs (áreas de preservação permanente); ações de conservação de solo; e ações de saneamento ambiental. “Em nosso entendimento, a partir desses três critérios, conseguiremos obter uma propriedade rural adequada ambientalmente. Fazemos uma ação para preservar a água e atingimos todos os conceitos de preservação florestal, de conservação de solo e de biodiversidade, preservando o ecossistema como um todo”, explica Pereira. No início, o município havia conseguido a participação de apenas 40 agricultores, alcançando a cobertura florestal de uma área de 1.200 hectares. Atualmente, o projeto já registra a assinatura de 150 propriedades, o que totaliza 7.300 hectares sendo preservados. O núme-


ro é o equivalente a aproximadamente nove mil campos de futebol. Além disso, cerca de 700 mudas são plantadas por dia, por meio de grupos de reflorestamento, que trabalham como linha de montagem. Pagamento por preservação e melhores condições de vida Os pagamentos são realizados mediante a recuperação e proteção das áreas próximas a nascentes e cursos d’água (matas ciliares), de acordo com a extensão da propriedade preservada e com valores prefixados para recuperação do solo (controle de erosão), cobertura vegetal e saneamento ambiental. Os recursos para estes pagamentos são provenientes da “cobrança pelo uso da água”, de convênios com entidades públicas e outras instituições e do plano plurianual do município. A ideia do pagamento por serviços ambientais surgiu para atrair os agricultores de Extrema, mas acabou mudando a vida de muitos agricultores, como o casal Maria de Fátima e João. Além da preservação das nascentes, a produção e o manejo do local melhoraram significativamente após a implantação do projeto. Com o auxílio financeiro do município, eles conseguiram melhorar as condições de trabalho na propriedade. Maria, que antes acordava às 3h da manhã para ajudar o marido a tirar leite das vacas, atualmente só cuida dos afazeres domésticos. Hoje, João conta com ordenhadeiras mecânicas. “O rebanho diminuiu devido aos 20 hectares cedidos para o projeto. Mas, compramos uma vacada mais produtiva. Com 30 cabeças produzimos a mesma coisa dos 50 de antes”, afirma João. O proprietário produz cerca de 280 litros de leite por dia.

A iniciativa assinou o primeiro contrato em 2007

Município de Extrema De acordo com o livro do projeto, o município de Extrema está localizado no Espigão Sul da Serra da Mantiqueira, que em tupiguarani significa “local onde nasce a água”. O nome é decorrente da existência de inúmeras nascentes na região. Localizada no extremo sul de Minas Gerais, a cidade foi criada em 1901, registra aproximadamente 28.000 habitantes e ocupa uma área de 24.370 hectares. Suas águas constituem um dos principais mananciais de abastecimento do Brasil chamado Sistema Cantareira, construído com o objetivo de abastecer a região metropolitana de São Paulo, além de uma série de outros municípios pertencentes à bacia do Rio Piracicaba.

As águas de Extrema constituem um dos principais mananciais de abastecimento do Brasil chamado Sistema Cantareira, construído com o objetivo de abastecer a região metropolitana de São Paulo


Cidadãos em defesa da água Por muitos anos à mercê da boa vontade de governantes e empresários, os cidadãos estão cada dia mais tomando para si a responsabilidade de preservar e garantir água de qualidade para suas comunidades e para as próximas gerações Por Clara Corrêa

Não é de hoje que moradores das mais diversas partes do planeta sofrem com problemas de água. Seja pela má qualidade ou pela simples inexistência desse recurso, são os moradores aqueles que mais sofrem com o problema. Por muitos anos à mercê da boa vontade de governantes e empresários, essas pessoas estão agora tomando para si a responsabilidade de preservar e garantir água de qualidade para suas comunidades e para as próximas gerações. É o caso dos moradores do bairro de Guaratiba, periferia do Rio de Janeiro. Há décadas eles foram “esquecidos” pelos governantes do estado, como conta Giovanni Gazzo, um dos líderes do Movimento Água Legal Para Guaratiba. Apesar das insistentes reclamações dos moradores, os serviços de distribuição de água nunca chegaram à região. Como

resultado, além do uso de bombas e poços artesianos, os moradores começaram a apelar para ligações clandestinas e até para o canal de drenagem, onde existe uma saída de esgoto. Há alguns meses, depois de um colapso que deixou quase todo o bairro sem água, os moradores decidiram que não iriam mais aceitar aquela situação. “Nos reunimos, fizemos manifestações na rua, chamamos a imprensa, criamos um manifesto e recolhemos mais de cinco mil assinaturas para um abaixo-assinado”, conta o morador. Como resultado, o grupo conseguiu um horário na disputada agenda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), que fez um acordo de obras no local, além de garantir reuniões mensais com os moradores para o acompanhamento do projeto e um encontro dos manifestantes com o governador do estado.

Foto: Alexandre Hodapp

Diversas iniciativas populares estão lutando pelo acesso e preservação das águas


Fotos: Divulgação

“Os rios que estão cobertos estão doentes, em coma, mas não estão mortos. A vida ainda está lá”, diz José Bueno, um dos fundadores da Rios e Ruas

“Líderes somos todos nós” Apesar de estar à frente das negociações, Gazzo reforça que é apenas um dos líderes do movimento: “Líderes somos todos nós”, afirma, ao lembrar que as reivindicações da iniciativa só chegaram aos governantes por conta da participação dos moradores. “A força está no povo”, diz. Quem também está batalhando para proteger as águas urbanas são os moradores da cidade de São Paulo. Uma das iniciativas, encabeçada pelo urbanista José Bueno, o geógrafo Luiz de Campos e a bióloga Juliana Gatti, está abrindo os olhos dos moradores para tesouros naturais que passam debaixo de seus pés. Após localizarem uma pequena nascente perto de casa, os amigos decidiram fazer uma caminhada ao longo do rio e ali descobriram um novo universo. “Daí surgiu a ideia de levar essa experiência para outros moradores da cidade”, conta Bueno, um dos fundadores da Rios e Ruas. Nas expedições, oferecidas periodicamente e de forma gratuita aos moradores, o grupo compartilha informações sobre a hidrologia da região e a própria formação da cidade, além de exibir vídeos e discutir mapas com os rios encobertos pelo asfalto. Porém, o momento mais esperado é quando eles saem pelas ruas descobrindo novos rios, córregos e nascentes perdidas em meio à selva de concreto. “É isso que dá emoção na história”, conta Bueno. Uma das grandes surpresas de quem participa das expedições do movimento é descobrir nascentes como a do Rio Anhangabaú, a apenas duas quadras da Avenida Paulista. “As pessoas passam por ali e nem percebem. Aí quando a gente leva lá e mostra, elas falam ‘pô, por que não tem um monumento aqui?’. Valorizar esses lugares, abrir esses rios, mesmo que só um trechinho, será revolucionário”, diz Campos. População em defesa da água Apesar da força de questões como interesses econômicos, especulação imobiliária e a própria indústria do automóvel, responsável por quilômetros

A iniciativa Rios e Ruas está despertando a população para os ecossistemas escondidos na cidade

de asfaltos que tapam os cursos d’água, Bueno acredita que com a pressão da população esse cenário pode mudar. “Nós já sabemos que irá se iniciar um processo de recuperação desses rios. Isso é uma tendência mundial, Nova York fez isso, por que nós não podemos fazer? Mas precisamos de todos. Sem motivação popular, não há como solucionar esse problema”, diz. O movimento, que já conta com o apoio de engenheiros, ambientalistas, advogados, legisladores e artistas, quer que todos os moradores da capital saibam da existência dos mais de 3.000 km de rios e 300 córregos que correm debaixo das ruas de São Paulo. “Os rios cortam a cidade toda, estão entre nós, passam pela Paulista, a sujeira do Rio Tietê é a minha sujeira. Está tudo interconectado”, defende. Segundo Luiz Campos, o problema não é que as pessoas não saibam que existem rios urbanos. “Elas não têm sequer a oportunidade de saber que eles existem. O que a gente faz é tirar esse véu e deixar que elas percebam isso. Quando isso acontece, elas passam a descobrir córregos em suas próprias ruas. Isso que é importante para a gente, porque ninguém vai conservar o que nem sabe que existe”. Os resultados da conscientização da população já começaram a aparecer. Recentemente um grande empreendimento que estava sendo erguido no bairro de Pinheiros foi paralisado porque moradores questionaram o impacto da obra no Rio Caaguaçú, que corre na região. Já no Jardim Botânico, também na cidade de São Paulo, um córrego, que estava tapado há seis décadas, foi aberto devido a problemas na galeria. Em apenas um ano a região ficou totalmente recuperada e o número de visitantes no parque aumentou cinco vezes. “Os rios que estão cobertos estão doentes, em coma, mas não estão mortos. A vida ainda está lá”, defende Bueno. Para ele, situações como essa mostram como as pessoas estão querendo se envolver com o problema. “Elas querem ser ouvidas, expressar seus desejos e participar das soluções. Com as novas redes é mais fácil perceber isso. Nós não estamos mais sós nos nossos desejos”.


Empresas integradas que fazem a diferença Pode parecer uma tarefa não muito fácil conciliar uso racional de matéria-prima, lucro e demanda em prol da preservação. Mas empresas vêm mostrando que isso é possível, e que os benefícios podem ser maiores do que imaginavam Foto: Marcelo Trad

Por Lise Lobo

O Brasil possui quase 20% de toda a água doce disponível na Terra. Mas, devido à falta de investimentos e planejamento, assistimos ainda a problemas como seca, poluição, má utilização e desperdício. Alcançar soluções pode parecer uma tarefa não muito fácil, ainda mais para pessoas jurídicas, que são grandes consumidores de recursos e precisam conciliar o uso racional de matéria-prima, lucro e demanda, em prol da preservação dos recursos naturais. A aposta do setor está na criação de projetos e programas para alcançar o uso ordenado, integrado e consciente do recurso. Tendência aliada à cooperação, onde o setor público, privado e ONGs trabalham juntos em papéis distintos, como financiar, implantar, manter e fiscalizar. São programas cooperativos que visam desde ao tratamento das águas, até reutilização, redução e ampliação de fornecimento. Um exemplo dessa estrutura está em uma iniciativa no qual empresas e organizações não governamentais juntas tornaram possível a concretização de um projeto de reflorestamento das margens de rios e efluentes da Grande São Paulo. É o programa cooperativo Água das Florestas, que ao recompor a mata ciliar, melhorou a qualidade da água, segundo conta Malu Ribeiro, coordenadora do projeto. Conheça esse e outros exemplos destacados pelo EcoD: Programa Água das Florestas O programa Água das Florestas é um exemplo de que o trabalho com cooperação rende bons frutos. Graças à união entre a Coca-Cola Brasil, a Fundação SOS Mata Atlântica, a comunidade e os produtores rurais, foi possível melhorar a qualidade da água da região da Grande São Paulo em apenas três anos. A região é considerada pelas Nações Unidas como uma área de conflito no Brasil por falta de água, sendo comparada ao sertão nordestino.

O objetivo do projeto foi recuperar e proteger mananciais de água através da recomposição florestal de margens de rios e lagos Foto: Divulgação/Ambev

Ricardo Rolim, diretor de relações socioambientais da Ambev, no lançamento do Banco CYAN no Dia Mundial da Água de 2011


Fotos: Divulgação/Aquapolo

De acordo com especialistas, pensar na água e na sua conservação deixou de ser uma questão puramente econômica para muitas empresas e se tornou em um diferencial competitivo

O objetivo do projeto foi recuperar e proteger mananciais de água através da recomposição florestal de margens de rios e lagos. Segundo Malu Ribeiro, gestora ambiental da Fundação SOS Mata Atlântica, foram obtidos resultados únicos. O projeto transformou 14 pontos de água com qualidade ruim, devido à poluição decorrente do lançamento de esgoto e do desmatamento, em apenas um - sendo dois considerados de boa qualidade e o restante aceitável. Uma estatística destacada por ela como única no Brasil. Lançado em 2007, o programa foi financiado pela Coca-Cola no intuito de minimizar a pegada hídrica da sua cadeia produtiva. “É sem dúvida uma boa solução que pode ser replicada, mas a expansão em regiões urbanas precisa de outros instrumentos, de mais tecnologias e desafios associados aos planos diretores municipais”, ressaltou Malu Ribeiro. Banco CYAN Enquanto empresas buscam soluções para a água direto da fonte, como despoluir os rios, outras tentam atingir uma das causas do problema: a própria sociedade. É o que faz o Movimento CYAN, criado pela empresa de bebidas Ambev. Tudo começou com o Banco CYAN, no qual o uso consciente da água virou moeda de troca. Na iniciativa, as pessoas têm acesso à média de consumo de água de seu imóvel e, à medida que elas diminuem (ou até mesmo mantêm) o consumo, ganham pontos que podem ser usados como descontos em compras na internet e na assinatura de revistas. O resultado é a economia de mais de 6,5 milhões de litros de água todos os meses por milhares de paulistas. A realização do projeto foi feita em parceria entre a Ambev, as concessionárias de água dos estados do Rio de Janeiro (a Cedae), São Paulo (Sabesp) e o município de Uberaba em Minas Gerais (a Codau). Segundo Ricardo Rolim, diretor de relações socioambientais da Ambev, essas parcerias são essenciais. “Temos realizado um trabalho bastante estruturado para engajar o maior número

Segundo o diretor-presidente do Aquapolo, Marcos Asseburg, reaproveitar o esgoto das estações de tratamento atende à crescente demanda da indústria por água deixando de utilizar água potável para fins industriais

de pessoas para a conservação e consumo consciente da água. Acreditamos que ‘um mundo melhor’ se constrói assim, em equipe, com o envolvimento e comprometimento de toda a sociedade. O trabalho integrado faz a diferença”, concluiu. Aquapolo Ambiental Os polos industriais são grandes consumidores de água, uma notícia nada boa quando eles estão instalados em localidade que sofrem com a escassez do recurso. Pensando nisso a Foz do Brasil (empresa de soluções ambientais da Organização Odebrecht) e a Sabesp criaram o Aquapolo Ambiental, o maior projeto de água de reuso para fins industriais do Brasil. A iniciativa foi tomada no intuito de suprir a demanda do Polo Petroquímico de Capuava da Braskem. Uma das maiores empresas petroquímicas do mundo, a Braskem sentiu a necessidade de buscar soluções sustentáveis nas suas operações industriais, já que utiliza cerca de 450 milhões de litros de água mensalmente - um número elevado para uma região da Grande São Paulo que fornece em média 140 mil litros de água por habitante/ano, menos de 10% do que a ONU considera ideal. Segundo Marcos Asseburg, diretor-presidente do Aquapolo, produzir água de reuso, a partir de esgoto tratado, foi a solução encontrada tanto para a permanência do Polo, quanto para resolver o problema de falta de água da região. “Ao reciclar e reaproveitar o esgoto das estações de tratamento, atende-se à crescente demanda da indústria por água e deixa-se de utilizar água potável para fins industriais”, pontuou Asseburg. Asseburg explicou ainda que toda essa estrutura só foi possível graças a parceria com a Sabesp. “A sinergia entre os setores públicos e privado é um caminho viável para se equacionar grande parte das questões, entre elas a dos recursos hídricos. Ao se unirem, as duas companhias contribuíram com suas expertises de forma complementar”, declarou.


Saiba como economizar água dentro de casa Existem diversas formas de evitar o desperdício de água dentro de casa. Seja nos banheiros, na cozinha ou no quintal, você pode mudar algumas atitudes simples e economizar muitos litros de água todos os meses. Você estará contribuindo com a preservação deste recurso valioso e ainda poderá economizar na conta do final no mês Nos banheiros

Na cozinha

Tome banhos curtos Um banho demorado gasta de 95 a 180 litros de água limpa. Banhos rápidos, de 5 a 10 minutos, economizam água e energia

Use a máquina lavar-louças em sua capacidade máxima A máquina só irá ajudar a reduzir o gasto com água e detergente se o equipamento estiver na sua capacidade máxima. Por isso, nada de ligá-la apenas para lavar alguns pratos e talheres – espere encher e lave tudo de uma vez

Feche o chuveiro Quando estiver tomando banho, não se esqueça de fechar o chuveiro quando for se ensaboar ou lavar os cabelos. Reduzir um minuto do seu banho significa economizar entre três e seis litros de água Use um copo com água para escovar os dentes Se enxaguar a boca com um copo d’água, conseguirá economizar entre 11,5 (casa) e 79 litros de água (apartamento) Faça xixi no banho Nada de nojo, ao fazer xixi no ralo do chuveiro você economiza uma descarga, mais ou menos 18 litros por dia. Se fizer isto todos os dias durante um ano, a economia chega a 6.570 litros Vaso sanitário não é lixeira Não jogue objetos ou acione a descarga à toa. Fazer isso por seis segundos gasta de 6 a 10 litros de água Prefira chuveiro, em vez de banheira Um banho de banheira gasta, em média, 80 litros de água enquanto que o chuveiro (aberto durante cinco minutos) gasta 30 litros Instale um arejador nos chuveiros e pias Esse pequeno instrumento introduz bolhas de ar no jato d’água, reduzindo o consumo em até 50%

Deixe os pratos e panelas de molho Quem não tem lava-louças pode economizar água ao deixar as panelas e pratos de molho antes de lavar. Isso ajuda a soltar os restos de alimento e reduz o tempo de lavagem Não jogue óleo de fritura pelo ralo da pia Além de correr o risco de entupir o encanamento, esta prática polui os rios e dificulta o tratamento da água Feche a torneira enquanto ensaboa a louça Lavar a louça com a torneira meio aberta durante 15 minutos consome mais de 100 litros de água. Com o uso racional, o consumo pode chegar a apenas 20 litros


Na área de serviço

Outras dicas

Acumule as roupas sujas e lave todas de uma só vez Uma lavadora de roupas com capacidade de dez quilos gasta 120 litros de água a cada lavagem, por isso deixe para usá-la de uma vez só

Aproveite a água da chuva Você pode usar um sistema completo que capta a água em calhas, filtra e armazena em cisternas para ser bombeada para a casa, ou uma simples caixa d’água ou balde deixados a céu aberto durante a chuva

Regue as plantas pela manhã Nesse horário a terra ainda está fria e as plantas absorvem mais a água. Ao molhar a terra quente, parte da água irá evaporar e você terá que usar mais água Troque a mangueira pela vassoura e balde Na hora de lavar o carro ou a calçada, evite usar mangueiras e economize até 250 litros de água de uma só vez Cubra a piscina quando não for utilizá-la Uma piscina média exporta ao sol e ao vento tem uma taxa de evaporação de até 3.800 litros mensalmente. Com uma cobertura, a perda é reduzida em 90%

Elimine todos os vazamentos Um buraco de 2mm (um pouco maior do que a cabeça de um alfinete) em um cano desperdiça até 3.200 litros de água por dia. Para controlar os vazamentos, vale a pena ficar de olho no hidrômetro Evite brincadeiras com água Todos nós sabemos que a criançada adora brincar com mangueiras, bexigas d’água e banhos de piscina. Mas ensine a eles a importância de preservar esse recurso e sugira outras brincadeiras Feche o registro Antes de colocar o pé na estrada, lembre-se de fechar o registro de água de sua casa. Assim você pode viajar tranquilo sabendo que não encontrará nenhum vazamento quando voltar Compartilhe essa ideia Não adianta só economizar: é preciso ajudar as pessoas ao seu redor a fazer o mesmo. Assim, teremos água potável acessível a todos

A água nossa de cada dia Quanta água você consome por dia? Esqueça os dois a três litros ingeridos diariamente. Cada brasileiro consome, em média, 3,6 mil litros a cada dia. Pode parecer exagero, mas na verdade a água faz parte de tudo que consumimos diariamente, inclusive vestuário e meios de locomoção. O cafezinho matinal, por exemplo, possui muito mais do que os cerca de 100 ml gastos na sua produção caseira. Entre cultivo de grão, processamento, transporte e toda a cadeia produtiva que envolve o produto, uma simples xícara de café leva mais de 140 litros de água. É a chamada água virtual, invisível ao olho nu, mas presente nos mais diversos produtos que utilizamos no dia-a-dia. Veja abaixo a água virtual de alguns deles: 01 kg quilo de carne bovina 16 mil litros 01 calça jeans 10 mil litros 01 kg de arroz 3 mil litros 01 kg de leite em pó 4.745 litros 01 hambúrguer 2.400 mil litros 01 l de leite 1 mil litros 01 copo de suco de laranja 170 litros 01 pizza marguerita 1.260 litros

01 barra peq. de chocolate (100 g) 1.700 mil litros 01 kg de queijo 940 litros 01 copo de cerveja (200 ml) 74 litros 01 kg de batata frita 1.400 litros 01 kg de Açúcar 132 litros 01 kg de azeitonas 3.015 litros Fonte: Water Footprint Network


Salvador Rua Agnelo de Brito, 90, sala 407 CEP 40.210-245 Tel: +55 (71) 3331-8762

comercial Rua Leonor Calmon, 44, sala 1403, Salvador, Bahia E-mail: comercial@ecodesenvolvimento.org.br Tel: +55 (71) 3022-8762

SĂŁo Paulo Rua JosĂŠ Maria Lisboa, 860/83 CEP: 01423-001 Tel: + 55 (11) 3438-4473

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