Yuri ortei

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O logotipo é um dos pilares do branding de uma empresa. Ele é o primeiro contato do consumidor com a marca e deve sintetizar os principais valores da empresa: no que ela acredita, o que defende e para quem se direciona. Por isso, o design de logotipo exige cuidado, dedicação e muito estudo. Na hora de representar a síntese visual de uma empresa, o designer precisa conhece-la bem, seja por meio do cliente, seja por estudos e pesquisas desenvolvidos. “A importância [do logotipo] é como ele faz a diferença na vida das pessoas que vão se relacionar com aquela marca”, acredita Fernanda Salgado, gerente de design no escritório Ana Couto Branding, em São Paulo. “Existe um valor intangível nas marcas, que é fruto de um trabalho de posicionamento e estratégia de

negócios”, afirma. Atualmente, a conscientização da importância do logo vem aumentando cada vez mais. Empresas e clientes estão exagerando a necessidade de consolidar suas filosofias naquela que será a imagem passada ao público. “Agora, é muito mais uma questão de comportamento e de crenças que a empresa carrega, e que transparece na marca. Não só na sua representação gráfica, mas em todo o universo visual e verbal que essa marca tem”, pontua Fernanda. É por isso que ter total atenção na hora do desenvolvimento é muito importante. Quanto mais se conhece da marca, mais se pode aprofundar na criação. Porém referencias também podem ser fundamentais para o desenvolver um logo, não só na gora

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Um logotipo deve funcionar bem...

de criar, mas também para não recriar uma coisa que já está sendo usada. “Hoje em dia, está cada vez mais difícil de fazer uma marca original e inovadora porque muito já foi feito e estamos sempre esbarrando em coisas muito parecidas”, conta Fernanda. “Eu já ‘matei’ várias marcas diariamente a criação porque achei referências muito próximas. É um exercício muito duro e difícil, pois nem sempre o diferente e inovador agrada o cliente.” Aquilo que é diferente se torna difícil porque em um universo de marcas, o cliente quer resultados que sejam familiares a ele. “Referências são muito importantes, mas busco ser o mais específico e original possível para fazer com que cada trabalho se torne único e especial a cada um.”, analisa o designer Fabio Luis Souza, sócio da marca MINDS’UP, de Florianópolis, e responsável por todo o trabalho de branding. Por isso para achar uma boa solução é necessário entender o mo-

...nas mais diversas aplicações

mento pelo qual o cliente está passando. Para que seja oferecida às pessoas uma forma de imagem ligada à marca.

ENTENDA O CLIENTE Quanto mais informações o designer puder juntar do cliente, melhor será o desenvolvimento da marca. Saber tudo, desde as cores preferidas, gostos musicais, literários e cinematográficos, vai poder conduzir melhor ainda o desenvolvimento. “Quantos mais informações você extrair, mas fácil e prazerosa será a execução do trabalho”, opina Fabio Luis. Saber desses pequenos detalhes é essencial para começar o posicionamento da marca. “Já tive que mudar a cor de uma marca porque o CEO da empresa na gostava de azul. Isso é mais comum do que a gente imagina”, exemplifica Fernanda. Por isso, ter uma boa relação com o cliente é fundamental para poder se sentir à vontade para pedir informações sempre que

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Fernanda Salgado

Ana Couto Branding

sentir necessidade. “A gente começa a parte de estratégia da marca que é justamente fazer essas entrevistas para entender o momento da empresa, os desafios, aonde ela quer chegar e por que quer mudar, redesenhar ou fazer uma marca”, acrescenta a designer. Durante a concepção, Fernanda prefere manter contato próximo com o cliente: “acredito que sempre que o cliente participa, ele se envolve mais no resultado e defende mais a sua marca, pois entende o que está falando”. Por outro lado, Fabio Luis acha que nessa hora a melhor coisa para o desenvolvimento é se manter distante: “Creio que a comunicação nesta etapa tira o foco”. Isso mostra que é possível adotar modelos diferentes, e vai depender do profissional e do cliente.

todos. A mação da Apple, também não. São imagens construídas com muita consistência e que depois, sozinhas, viram grandes alicerces da marca”, explica Fernanda. Portanto, a criação de um logo em tipografia ou apenas em imagem depende do tempo de fortalecimento da marca perante o mercado. O logo é algo muito além do que se imagina. Ele não está na empresa, na publicidade, muito menos nos produtos, mas está na mente dos consumidores da marca, e é isso que é preciso objetivar. “Embora a máxima diga que ‘uma imagem vale por mil palavras’, não acredito que logos simbólicos sejam mais ou menos pregnantes do que logos tipográficos”, pontua o designer Rodrigo Puelles, de São Paulo. “Um designer com um bom conhecimento em tipografia consegue embutir significado de maneira tão eficiente em um tipo quanto em uma figura. De clássicos como

TIPOGRAFIA OU IMAGEM? “É tudo uma questão de construção de marca. O ícone da Nike não nasceu forte e reconhecido por

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Fabio Luis

Coca-Cola, FedEx e IBM.” No início, para uma marca se estabelecer e ficar conhecida com o seu nome, a junção dos dois (escrita e símbolo) pode ser a melhor alternativa, sempre levando em conta a aplicabilidade do logo. “Existem marcas com o logotipo que dominam o mercado. Elas souberam trabalhar bem o branding e se deram muito bem”, acredita Fabio Luis. “Porém, a união das duas marca mais na mente das pessoas se bem trabalhadas e obedecerem fielmente o manual de identidade.”

APLICAÇÕES Pensar no logo vai além de só criar uma imagem bonita. É preciso entender em quais contextos ele será utilizado para, então, pensar em como cria-lo. Formas simples, sem muito desenho e rebuscamento, tornam o logo mais fácil de ser lido a distância, ou mesmo de ser produzido em papelaria, produ-

Rodrigo Puelles

tos e embalagens. Pensar na forma como ele será é importante para definir como ele será feito. “É sempre bom apresentar o logo aplicado. Uma prévia de como ele vai se comportar na ‘vida real’ interagindo com outros elementos do sistema de identidade”, afirma Rodrigo. “Nessa hora, vale ser criativo, propor aplicações que possam ser uteis para o cliente, fugindo da papelaria básica, e mostrar todo o potencial do sistema de identidade.” Fora isso, também é importante pensar a cor. Na Hora de reproduzir o logo em meios como digital e impresso, é preciso ficar sempre atento a como a cor aparece nos dois. Elas precisam ficar idênticas para não causar confusão no público. Fora isso, em alguns momentos é necessário imprimi-lo em preto e branco e é importante que ele continue eficiente dessa forma.

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Rodrigo Puelles

Portanto, é preciso testa-lo antes de apresentar ao cliente, para saber se ele conseguirá cumprir sua função, desde o cartão de visita até aplicações em outdoor e comunicados oficiais. “Às vezes, um conceito que você pensou ser incrível pode não funcionar como esperado. É extremamente importante que você tenha esse olhar autocrítico durante todo o projeto”, explica o designer Gabriel Ramos, de São Paulo. Contudo, cor ainda é uma preocupação mais abrangente. “Num cenário em que todas as marcas dos concorrentes são amarelas ou laranja, se a sua empresa está buscando se diferenciar, ela tem que escolher uma cor que saia dessa paleta” acredita Fernanda. “Mas se sua empresa ainda é nova no setor e quer se inserir nele, o ideal é fazer um logotipo que utiliza a mesma paleta de cor do segmento.”

Fernanda Salgado

cONVENCIMENTO DA MARCA

Após toda a realização do logo, é preciso mostrar – e convencer – o cliente de todas as escolhas feitas para o projeto. “Procuro sempre colocar ao cliente que há uma grande diferença entre o que ele vai achar e o que o público vai achar”, afirma Fabio Luis. Para o cliente ter uma ideia de como a marca será aplicada, Fabio mostra as soluções em diversos materiais para simular o uso da marca. Além disso, ele apresenta no máximo duas opções diferentes e as defende partindo do que foi acertado no início do projeto. Porém, no escritório no qual Fernanda trabalha, eles costumam oferecer de três a cinco opções, também aplicadas no contexto inicial do universo visual. “Quando a gente cria uma marca em cima de diretrizes estratégicas fica fácil ter argumentos para a aprovação. Nada está ali por acaso, tudo é muito bem pensado e justificado”, pontua ela, que também se preocupa em analisar o cenário dos

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concorrentes e das tendências que estão acontecendo mundialmente, para sair do gosto pessoal e alcançar um patamar feito com escolhas objetivas. Construir uma apresentação que seja eficiente e mostre ao cliente os resultados que ele alcançará com a marca nova é um dos pontos fundamentais para fazer com que o logo seja compreendido pela equipe. “Sempre monto uma apresentação e vou explicando para o cliente todos os pontos e características do seu negócio que me fizeram chegar àquele resultado de identidade”, acrescenta Gabriel. “Procuro deixar o cliente confiante sobre sua escolha apresentando novamente as ideias e significados por trás daquele logo.” Mais importante ainda é que todos se sintam satisfeitos com a escolha final. Se a primeira impressão é a que fica, um bom logotipo tem o papel fundamental de conquistar novos clientes para o seu cliente

Fernanda Salgado

“PROCURO SEMPRE COLOCAR AO CLIENTE QUE HÁ UMA GRANDE DIFERENÇA ENTRE O QUE ELE ACHA E O QUE O PÚBLICO DELE VAI ACHAR” Fabio Luis

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BIBLIOTECA / dICAS dE lIVROS

OS 50 MELHORES LOGOS DE TODOS OS TEMPOS Publicação analisa os 50 melhores logos criados no mundo até hoje O livro “Os 50 melhores logos de todos os tempos”, lançado recentemente pela “Computer Arts Brasil”, reúne uma coletânea com as melhores criações já feitas em todo o mundo. tMais do que simplesmente a imagem de cada logo que se tornou um ícone do design, o livre conta a história de desenvolvimento de cada um deles. Logos como os da Shell, Playboy, Michelin, Nike e MTV estão contemplados nas páginas do livro. O logo da Nike, por exemplo, foi criado por uma estudante de design da Portland State University por meros US$ 35. Mas Carolyn Davidson foi recompensada da forma merecida anos depois. O Fundador da Nike Philip Knight, deu a Carolyn, em 1983 um anel de ouro e diamante no formato da logo que ela criou, e algumas ações da empresa. Além disso, o livro também apresenta as mudanças que os logos sofreram com o passar do tempo. A evolução de marcas como Coca-Cola, BMW e Adidas é representada em detalhes ao longo dos anos. “Os 50 melhores logos de todos os tempos” é, de fato um gui ilustrado indisponível para designers e profissionais de criação.

A publicação está disponível no site da Editora Europa (www.europanet.comm.br) ou pelos telefones 3038-5050 (São Pauklo) e 0800-888-508 (outras localidades).

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