Primeira Comunhão: vamos conversar?

Page 1

Álvaro Ginel

PRIMEIRA COMUNHÃO:

VAMOS CONVERSAR?

PRIMEIRA COMUNHÃO:

n Se

ão

r

ho

A Fé

,o

ers

cris

vo ca tór Com Faz e ia r unh a P ão: rim Sen eira tido Busc ador es de Deu s

Encontros de preparação para pais

ntais

e ram

s sac

o Som

Oração

Co n

VAMOS CONVERSAR?

VAMOS CONVERSAR?

s su

5.

Je

4.

7.

6.

onv Ac

3.

PRIMEIRA COMUNHÃO:

Temas para preparar os pais para a primeira comunhão dos seus filhos. Sim, leste bem: preparar os pais para a primeira comunhão dos filhos. A realização deste sacramento pode ser uma oportunidade de provocar nos educadores um (re)encontro com Jesus. Mais do que dar indicações logísticas, os encontros propostos neste livro pretendem ajudar pais e mães a recordar as catequeses da sua infância e a animar a fé dos que, sendo batizados e crentes, se consideram “não praticantes”. Ao todo, propomos 8 temas diferentes para que cada comunidade encontre os que melhor se adequam à sua 1. realidade e objetivos. 8. 2.

Álvaro Ginel

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

PrimComunVamosConversar_Capa.indd 1

12-01-2022 16:59:12


Ficha Técnica: Primeira Comunhão: Vamos conversar? Encontro de preparação para pais Titulo Original: Charlas a padres con hijos en Primera Comunión Esta edição foi publicada por acordo com a Editora: © 2019 EDITORIAL CCS, Alcalá, 166 / 28028 Madrid © 2019 Álvaro Ginel Copyright desta edição: © 2022 Edições Salesianas Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto | Tel: 225 365 750 www.edisal.salesianos.pt editora@edicoes.salesianos.pt Tradução: Delfim Santos Capa: Paulo Santos Paginação: João Cerqueira Foto Capa: Dreamstime.com Publicado em Janeiro de 2022 ISBN: 978-989-8982-83-4 Depósito Legal.: 494213/22 Impressão e acabamento: TOTEM Reservados todos os direitos. Nos termos do Código do Direito de Autor, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio, incluindo a fotocópia e o tratamento informático, sem a autorização expressa dos titulares dos direitos.


Álvaro Ginel

Encontros de preparação para pais


Prefácio É com prazer que apresento a tradução portuguesa desta obra de Álvaro Ginel. O autor é um sacerdote espanhol, especialista em catequese. É presidente da Associação Espanhola de Catequetas. Nos últimos anos colaborou com uma escola católica em Madrid que oferece catequese às crianças. O nosso autor desenvolveu um programa de “conversas” com os pais dessas crianças. E este livro é um resumo de algumas dessas reuniões com pais das crianças que vão fazer a primeira comunhão. Em vez de fazer um conjunto de propostas genéricas, o autor optou por colocar por escrito aquilo que foi fazendo naquele centro de catequese em concreto, com as diferentes reações dos pais. Isto pode parecer estranho ao leitor português. A sociedade espanhola é bastante diferente da portuguesa. E o modo concreto de fazer catequese também o é. Mas quando percebemos que Álvaro Ginel fez essa opção pelo “concreto” de forma consciente e assumida, torna-se mais fácil ler o seu texto. E encontrar nele inspiração e boas ideias para melhorarmos as nossas reuniões e encontros com pais. Poucos ou nenhuns centros de catequese em Portugal terão a fisionomia daquele onde se originou a experiência que está por detrás deste livro. Mas, mesmo assim, julgo que a leitura destas

4


propostas poderá ser bastante interessante para todos os que estamos envolvidos na catequese em Portugal. Permito-me sublinhar duas opções muito fortes neste texto, que serão obrigatórias para quem acompanha em Portugal os pais das crianças da catequese: 1: Dar prioridade ao primeiro anúncio. Certamente, haverá alguns pais fortemente identificados com a Igreja e a causa do Evangelho; serão católicos militantes e devotos. Mas a maioria dos pais da catequese não é assim. Diante deles, em vez de nos lamentarmos do que deveriam ser e não são, em vez de os censurar pelo seu percurso de vida, optamos por propor a alegria do Evangelho. As reuniões de pais são uma ocasião esplêndida para os ajudar a (re-)descobrir a fé. 2: Fazer pontes com a vida concreta. Ao encontrar os pais, procuramos intensamente fazer uma ponte entre aquilo que são as suas experiências, o seu quotidiano, as suas alegrias e tristezas, com o Evangelho e a nova qualidade de vida que ele oferece. Rui Alberto, sdb Director editorial

5



Introdução No âmbito da catequese, especialmente na catequese da infância, os catequistas reconhecem a necessidade de “fazer algo com as famílias”. À hora de concretizar esse “algo”, aparecem as dificuldades e os desafios. Uma das mais comuns é não se dispor de pessoas com uma certa preparação teológica e pedagógica para atender os adultos nas comunidades. Muitos catequistas da infância sentem receio dos pais das crianças. Por um lado, sentem a necessidade da sua colaboração; por outro, têm dificuldade em proporcionar-lhes encontros; não se sentem com suficiente base teórica, sobretudo para responder às perguntas que surgem no diálogo. O que é aqui é apresentado: A experiência de uma forma de realizar encontros com pais cujos filhos frequentam a catequese da Primeira Comunhão num ambiente de escola particular, orientada por Irmãs do Divino Coração de Jesus. Agrupam-se aqui os encontros mais repetidos ao longo de uma década. O normal, tal como está estruturada a catequese onde foram realizadas, é que não haja mais de quatro encontros num ano letivo1. Nesta recompilação regista-se o quê e o como dos encontros realizados, com as limitações de pôr por escrito a vida que os animou. A vida depende do catequista que expõe, dos adultos que estão presentes e do ambiente que os envolve. Num livro como este, dão-se indicações para que o catequista tenha presente alguns temas de vida cristã, alguns passos meto1

Veja-se mais à frente a descrição que se faz na ‘Programação Pastoral’.

7


dológicos, uma forma de fazer, uma bagagem teórica de primeiro anúncio. Finalidade: A finalidade destes encontros, como aqui estão concebidos, não é dizer tudo, esgotar o tema. Não. A perspetiva com que trabalhamos é bem mais simples: suscitar uma interrogação, recordar catequeses da infância ou da juventude votadas ao esquecimento, animar na fé os que continuam a dizer-se “batizados e crentes”, mas não praticantes; confirmar no caminho que trilham os que vivem a sua fé com esperança. Há quem se considere indiferente e assista aos encontros por diversas razões; também para eles um encontro pode ser ocasião de “algo” que escapa a qualquer programação. Conteúdo: A proposta teórica situa-se ao nível básico. A profundidade dos temas tratados não se esgota no que é p ­ roposto. Simplesmente estende a mão a quem sente que o Espírito lhe segreda uma novidade na sua vida. A responsável pela catequese da Primeira Comunhão donde surgiram estes encontros costumava repetir: “O importante é escutar alguma palavra acerca de Jesus que há muito t­empo, a maioria não ouvia. Depois, o Espírito fará das suas”. São palavras que traduzem bem a finalidade e o conteúdo destes encontros. Não perdemos de vista que eles não pretendem ser algo de sistemático, mas apenas pinceladas para o primeiro anúncio. Retoques: Não é a mesma coisa apresentar-se num grupo com “algumas notas” escritas à mão para servir de orientação ao encontro e uma espécie de mensagem escrita para ser lida no fim dessa ­reunião, e oferecer um “livro de ­encontros para pais” com filhos que ­frequentam a catequese. Um livro pede sistematicidade e apresentação dos temas bem ordenados, para que o leitor capte as ideias que se têm em mente com o grupo concreto e o lugar conhecido. A frescura no ato de ­comunicação em direto pertence ao catequista, aos adultos presentes, ao local, às cir-

8


cunstâncias do momento e à corrente de relações que se vão estabelecendo. Se alguém decidir inspirar-se na proposta aqui sugerida, terá de “dar vida” e “estilo pessoal” a cada um dos temas. O “desejo de tornear bem os temas” nesta forma de livro levou-me a duas opções: a) a deixar de lado alguma da frescura do local; b) a escrever anexos em alguns encontros que não foram ­concretamente utilizados, mas que enriquecem os temas e podem abrir outros matizes e pontos de reflexão. Observação final: O conteúdo destes temas reside na exposição que cada catequista fará segundo o seu estilo e na “mensagem-final”. Destes dois elementos, o mais marcante é o texto escrito da “­mensagem-final”. É o que os pais levam para casa, é o que permanece depois de acabarem as palavras. Por isso deve ser bem cuidada e deve ser sempre feita a sua leitura em público. Não se trata de dar “algo para levar para casa”, trata-se de escutar primeiro o que se lhes oferece. O leitor vai reparar que umas vezes se usa o “vós” e outras “vocês”. É assim que faço em concreto. Nem eu sei muito bem por que uso essa dupla forma de “vós” e vocês”. Preferi não unificar numa forma ­gramatical, mas quero avisar os leitores para saberem o por quê do que vão ­encontrar.

9



1. Apresentação das atividades do ano 1. Convocatória É tarefa do colégio. Convocam-se os pais das crianças do ano em que se faz a comunhão para uma reunião em que se dão a ­conhecer: as linhas da pastoral da Primeira Comunhão, o calendário das ­reuniões e as datas das principais celebrações, como serão preparadas as ­crianças, o que vai ser oferecido para os pais, quem fará cada uma destas ações.

2. Desenvolvimento Acolhimento dos que forem chegando. É feito pelas representantes da pastoral colegial. A preparação para a Primeira Comunhão é uma ação importante dentro da pastoral c­ olegial. Saudação do diretor do colégio, dado que se trata de uma iniciativa importante do mesmo, em perfeita sintonia com a p ­ aróquia. Apresentação do ano de preparação para a Primeira Comunhão. Fá-la o responsável direto da pastoral da Primeira Comunhão. Costuma constar de: yy Apresentação e comentário do calendário do ano. yy Convite aos que possam e queiram participar como catequistas: O que é que isto vai pedir em tempo por cada semana, horário de reuniões de preparação e horário de animação do grupo confiado.

34


Esclarecimentos e perguntas. Intervenção do sacerdote que animará os encontros e as celebrações: yy Como serão os encontros, a duração será de uma hora. yy Como serão as celebrações. yy Leitura da mensagem-final10; é o encontro em forma de mensagem. O facto de estar escrita facilitará o controlo do tempo.

3. A mensagem-final Queridos pais e mães: Não sei se conheço alguém de anos anteriores. Vocês conhecem-se, certamente. Eu chamo-me Álvaro, sacerdote salesiano. Para muitos serei o “padre” das Primeiras Comunhões. Quero dizer-vos que sinto uma sensação estranha, agora, estando diante de vós. a) Por um lado, olho para vós e fico sem palavras: não conheço quase ninguém, exceto os que repetem estes encontros por terem tido aqui um filho a fazer a Primeira Comunhão. É uma sensação estranha estar a falar para “desconhecidos”. O que é que cada pessoa concreta está a viver? O que é que a preocupa? O que é que a faz rir ou chorar ou estar na “expectativa”? O que é que vai no seu coração? Como vive o amor, a dor, o presente e o futuro? Quais as preocupações que lhes veem dos filhos, da vida de casal, no dia de hoje? Que 10 A expressão “mensagem final” é a síntese do encontro, é o que o animador quer que “levem para casa” de maneira escrita e, por conseguinte, duradoira. É importantíssimo que quem a escreveu a leia, lhe dê o tom de voz, tendo-a em mão cada um dos participantes. Um dado de observação: vários não seguiam o texto com os olhos, mas, sim, a pessoa que estava a ler.

35


vaivéns aconteceram ou estão a acontecer na sua história pessoal, relacional, laboral, religiosa? Qual a razão pela qual estão hoje aqui? Que representa Deus na sua vida? Por que se interessam em que o seu filho faça a comunhão? São algumas das interrogações que coloco a mim mesmo, aqui e agora, pelo simples facto de ter de me dirigir a vós. Estou quase certo de que o que penso da comunhão não é o que a maioria de vós pensa. Tantas perguntas, e no fim, ­volto-me para mim próprio e pergunto-me: “Que faço eu aqui?”, “Porque estou diante de vós e c­ onvosco?”. Se a resposta fosse: “Para cumprir uma tarefa” ou “É o que tenho de fazer pelo facto de ser padre”, sentir-me-ia ­revoltado. Se responder: “Para partilhar com eles o que sinto sobre o que é acompanhar o filho até as próximas celebrações sem exigências, mas com a esperança de que o Espírito de Jesus está nesta tarefa”, a ­ ssinava. Se responder: “São pais de crianças que se preparam para a Primeira Comunhão; estão aqui; são um mistério pessoal e carregam um mistério na sua vida; têm uma centelha de Deus no seu íntimo, embora não acreditem nisso. Além disso, sou padre, tenho uma missão de animar esta comunidade cristã, tenho o coração numa atitude constante de escuta e acolhimento de Deus, vou pô-lo em cima da mesa para o caso de alguém estar interessado em alguma coisa”... Isto já me parece melhor. Não estou aqui para converter ninguém. Devo anunciar o Deus que vivo e colaborar com Ele e deixar que Ele faça o seu trabalho, pois não está

36


de braços cruzados. Olhando para o passado, reconheço que Deus opera nos corações “ao seu estilo” e em quem menos se imagina… Tudo isto é bonito, me encoraja e me torna “ouvinte de Deus convosco e vosso ouvinte para ouvir a Deus”. b) Acrescento, além disso, que também “sou uma pessoa com as minhas interrogações, com um coração que sente e que, titubeante, acredita em Deus. Tenho os meus medos e fragilidades, os meus altos e baixos no relacionamento com Ele; tenho vontade de que tudo resulte brilhantemente. (Como é que se pode avaliar isto? Que significa ter êxito e triunfar anunciando Deus, se nesta tarefa o protagonista é Ele e não qualquer pessoa?). Equivale isto a dizer, que me apresento com os meus defeitos e ­limitações. Como todos! Estou aqui, simplesmente para partilhar, a quem busque e deseje, a luz do Evangelho que tenho. Nada mais, nada menos! Desde o primeiro dia quero confessar que creio em Alguém que está presente no meio de nós; oculto, sim, mas não quieto. É o Espírito de Jesus que trabalha os corações. Um agente que inquieta, chama e sussurra no fundo da alma. É nisto que creio. Já o senti. E este ano, isto será outra vez r­ ealidade. c) É claro, para mim, que os que aqui estamos presentes temos muitos e diferentes posicionamentos diante de Deus, Jesus de Nazaré, a Igreja, o religioso, a Primeira Comunhão. Cada um de vós está onde está, tem a Deus onde o têm: presente no seu projeto de vida ou esquecido. A minha tentação inicial é fazer um juízo de valor sobre vocês. Sabem qual? Pensar em como alguns de vocês querem que os seus filhos façam a Primeira Comunhão, quando o ato de comungar é algo que vós mesmos não fazeis habitualmente ou a que não dais importância. Parece uma contradição: querer que

37


um membro da família receba um sacramento da Igreja que não faz parte da sua sensibilidade religiosa. Mas v­ em-me à mente a lição que uma mulher que exercia a prostituição deu a um companheiro sacerdote muito amigo, quando este lhe perguntou: “Como queres batizar a tua filha com essa vida que levas?” Ela respondeu com aprumo: “Padre, porque creio que Deus será para ela melhor Pai que a mãe que eu sou”. Por isso, calo-me, que é o que faço melhor. Salvo as distâncias, é possível que aqui haja pessoas que digam intimamente: “Que o meu filho viva a fé em Jesus de uma maneira melhor do que a que eu vivo”. E isto já é razão suficiente. d) Um esclarecimento: Tudo o que se refere ao Deus de Jesus de Nazaré faz parte do âmbito da liberdade pessoal. És livre de ­escutar. A tua obrigação é a de seres coerente e responsável contigo próprio. Interrogar-te, enfrentar as tuas “ideias sobre Deus”, as tuas tomadas de posição perante Deus é só “problema teu”. Se algo te questiona e “mordes o anzol”, a decisão é tua. A mesma coisa se algo te recorda a altura em que estiveste mais próximo da Igreja. Não há antecedentes. O que conta é este momento. No início deste ano especial que vai culminar com a comunhão dos vossos filhos, digo-vos que o meu trabalho anda à volta de dois eixos fundamentais: as celebrações que estão programadas e os encontros para os quais estão convidados (quatro ao todo!). Farei o que puder e porei todo o meu coração naquilo que fizer. Termino rezando diante de vós ao Espírito de Jesus, porque esta tarefa não é apenas “coisa de pessoas”, mas “coisa” em que Deus intervém como protagonista com as pessoas que somos.

38


Espírito de Jesus, põe na minha boca e no meu coração palavras que aqueçam o coração destes pais das crianças que farão a comunhão no fim do ano. Espírito de Jesus, ajuda-me a querer e a acolher cada pessoa como é e onde se encontra na sua vida e na sua resposta de fé. Que eu saiba respeitar a sua liberdade e o seu diálogo de ­amizade contigo. Espírito de Jesus, que as minhas incoerências pessoais não sejam obstáculo à mensagem que procuro transmitir. Espírito de Jesus, que toda a minha ação seja apenas propor-Te e calar-me e deixar que atues. Ninguém me pertence. São a tua vinha e eu sou um mero t­ rabalhador. Espírito de Jesus, Tu conheces cada pessoa no seu coração. Sê Tu o protagonista do que possa acontecer nas suas lutas, nas suas dúvidas e no seu coração. Espírito de Jesus, estão aqui. Tu saberás o que fazer. Estamos nas tuas mãos. Que elas nos moldem. Tu saberás as palavras que pões na minha boca para que eles, pouco a pouco, possam chegar onde Tu os queres conduzir. Espírito de Jesus, que o teu alento sopre e sintamos a tua frescura e nos deixemos conduzir por Ele. Espírito de Jesus, olho e faço silêncio. Sossega a minha impaciência ou a minha vontade “de que todos se convertam”. Espírito de Jesus, olho e contemplo. Estou diante de muitos ­mistérios pessoais. Dá-me a sabedoria de acolher, respeitar, ­esperar, confiar. Espírito de Jesus, olho e deixo que me olhes, que nos olhes, que eles Te olhem “quando chegar a hora”. Espírito de Jesus, aqui estou diante do grande mistério da liberdade pessoal.

39


Ninguém fala por ninguém. Ninguém diz palavras em vez de outro. Ninguém, e Tu muito menos, impõe palavras a outros. Espírito de Jesus, que pode acontecer este ano? Que me pode acontecer? Que pode passar pelo coração de cada uma destas pessoas? Que seja o que Deus quiser! Espírito de Jesus, Tu lês os corações, moves os corações, preparas a terra, a regas e a enriqueces. O aqueduto de Deus vai cheio de água e ela regará e removerá os corações. Espírito de Jesus, que eu saiba ajudar e não bloquear a tua obra nestes pais e mães e nas suas filhas e filhos, quando nos encontrarmos para refletir ou para celebrar. Coloco-me nas tuas mãos. Tu, Senhor, pelo teu Espírito, farás com que alguém dê um passo ou recorde passos perdidos e se anime a caminhar. Tu, Senhor, és o protagonista desta “confusão”. Fala-nos ao coração. Amém.

De seguida, convida-se quem quiser a recitar esta oração: Senhor Jesus, somos os pais das crianças que irão celebrar a Primeira Comunhão no fim do ano. Senhor Jesus, aqui estamos com a nossa realidade pessoal, com a nossa realidade religiosa, com a nossa mochila às costas, cheia do melhor e do pior, de acertos e desacertos, de alegrias e tristezas, de respostas a Ti e de esquecimentos de Ti. Senhor Jesus, queremos que os nossos filhos e filhas celebrem a Primeira Comunhão. Cada um de nós tem os seus motivos. Aceitanos tal como agora somos. Conduz-nos até à verdade.

40


Senhor Jesus, que este seja um ano especial para a nossa vida familiar e pessoal e para a nossa fé. Que Maria, a boa Mãe, a Virgem Peregrina, faça o seu trabalho silencioso de Mãe, e nos sussurre ao ouvido, baixinho: “Fazei tudo o que Ele vos disser”! Amém.

Breve momento de silêncio, cerca de 30 segundos. Despedida. Muito obrigado. Foi um prazer. Estarei à vossa disposição. Vemo-nos no dia… às… Que Deus vos abençoe!

41


2. Fazer a primeira comunhão: sentido 1. Saudação inicial - acolhimento yy Obrigado por terem vindo apesar de ser difícil nestas alturas conseguir um pouco de tempo. yy Estar aqui não sei se é procurar algo; mas é, certamente, dar importância a alguém (filho/filha). Isto deve ser reconhecido e merece um agradecimento. Isto já é “celebração” da Primeira Comunhão. yy Possíveis alusões à atualidade local, nacional…

2. Desenvolvimento a) Ligação com o anterior11 De que se lembram do último encontro ou da celebração da inscrição? Que notaram no vosso filho? No vosso ­entender, com o que ficaram eles? E vocês, com que ficaram?

11 Parece-me importante que o animador tenha como perspetiva esta ideia: que a reunião e o tema não são uma coisa solta, mas um elemento dentro de um conjunto. “O anterior” pode ser o encontro anterior ou uma celebração das que estão programadas ou outras realidades da comunidade cristã. Temos de nos adaptar à realidade em cada momento. É também uma oportunidade para quebrar o silêncio inicial com elementos simples. Desta maneira dá-se oportunidade a quem vem de não serem apenas “ouvintes”, mas pessoas com palavra. Além disso, serve para ver o que fica e o que chega às pessoas.

42


b) O tema do encontro yy Estas reuniões são encontros para os pais. Não pensamos nas crianças. Se os vossos filhos vos perguntarem alguma coisa responderão como puderem, como acontece, normalmente, quando vos fazem aquelas perguntas “terríveis” e que vos leva a responder: “Queres deixar-me em paz?...”. yy A frase que este ano se repetirá muitas vezes entre os amigos e familiares será: “N. faz este ano a Primeira Comunhão”. Então, vamos centrar-nos nela: “Fazer a comunhão”, e perguntemo-nos o que significa essa expressão. Vamos, então, por pontos: O que é que vocês pensam que as pessoas entendem ao dizerem “fazer a Primeira Comunhão”? Chuva de ideias. Vale tudo o que nos vier à cabeça. Anotamo-lo e depois faremos um resumo. Agora, em silêncio, cada um de vós tome uma posição: Subscrevo, estou de acordo com o que disseram ou acho que... Para que não se esqueça, seria bom escrevê-lo ou, se não, retê-lo na memória. Um minuto. Agora vou fazer-vos uma pergunta “estúpida”: “Quantas comunhões fizeram hoje?” Não pergunto se hoje foram à missa e comungaram. A pergunta é a que é: quantas comunhões fizeram hoje? Geralmente, a pergunta desorienta, não pecebem o que foi perguntado. Não tem importância essa desorientação. Aliás, é bom. Deixar que vão aparecendo coisas ou silêncio ou murmúrios: “Não percebemos a pergunta”. Não dar muitas mais explicações. yy Quando se achar oportuno, o animador intervirá mais ou menos desta maneira: “Não me digam que hoje não fizeram

43


nenhuma comunhão. Não posso crer. De certeza que algum dos presentes já disse hoje “gosto do que estás a dizer”, “estou de acordo”, “penso como tu”, “isso agrada-me, é o que eu também penso”, “gosto cada vez mais desta pessoa (ou instituição)”. Quer dizer, hoje “comungamos” com algo de alguém, com uma pessoa que nos pareceu interessante e, no fundo, dissemos “comungo contigo, comungo com o que é teu”. yy E possivelmente também fizeram excomunhões do tipo “não posso estar de acordo”, “não posso aceitar isso”, “a essa pessoa não lhe permito”, “não quero saber de nada com essa pessoa”, “passou por mim e virou a cara para o outro lado”, “repara no que me disse: isso não lhe perdoo”, “não temos nada em comum”, “decidi cortar com ele; cada um para seu lado”, etc. yy Ou, se preferirdes, há frases que se ouvem: “não me convence”; “cada vez o suporto menos”, “já não aguento os seus…”, “vão-te excomungar, se continuares a dizer e a fazer isso!” e um enorme etcétera. c) Um primeiro resumo yy Do que acabamos de ver já podemos tirar algumas conclusões: comungar é aceitar o outro, é aceitar o que é do outro, é não rejeitar. E pouco a pouco, à medida que se vai conhecendo o outro e lidando com ele, amplia-se a comunhão (ou a excomunhão!). Quando dizemos: “quanto mais me relaciono com essa pessoa, mais gosto dela, mais me convence, mais a admiro…”, estamos a estabelecer comunhão com ela. Não é preciso (nem é possível) saber tudo sobre o outro para começar a comungar com ele; mais ainda, podemos comungar com uma pessoa “admitindo que há coisas que não

44


nos agradam em absoluto”, mas globalmente comungamos com ela… Ainda que nem tudo nos agrade e p ­ referissemos ver algumas alterações, comungamos com ela e não deixa de haver carinho… d) Onde nos leva tudo isto? yy Leva-nos a descobrir o sentido da Primeira Comunhão. Comungar, fazer a Primeira Comunhão ou receber a Jesus pela primeira vez é como dizer: “Jesus, gosto de Ti. Simpatizo conTigo. O que é teu interessa-me, estou de acordo com isso, com o teu Evangelho, com a tua forma de viver e de Te relacionares com o Pai e quero que seja também a minha forma. Concordo, comungo conTigo e quero continuar a comungar à medida que Te vá ­conhecendo”. Por isso, faz sentido prepararmo-nos e conhecer Jesus, as suas palavras e gestos. É o que fazemos na catequese especial deste ano. yy Fundamentalmente, comungar é aceitar esse ­impressionante gesto de carinho de Jesus quando nos amou até ao extremo e Se entregou por nós. (Aqui será bom escolher, segundo as sensibilidades, uma das narrações do relato da instituição da Eucaristia: (Jo 13, 1-17; Mt 26, 20-30; Mc 14, 17-21; Lc 22, 14-23). yy Tem sentido “comer o Pão sagrado” porque indica que comungamos com Jesus, com o que é de Jesus. Tem sentido “comer o Pão sagrado” porque, ao fazê-lo, realizamos o memorial de Jesus e robustecemo-nos para “nos convertermos-transformarmos” mais em “pão bom para os outros”, “mais dispostos a viver e ­ ntregando-nos ao estilo de Jesus”. yy Quando dizemos que “Jesus é comida”, “é nosso alimento”, “nos alimentamos de Jesus”, estamos a confessar a nossa

45


fé em Jesus e a comprometermo-nos no conhecimento d’Ele, para comungar mais com Ele e com o que é d’Ele. Tudo isto é tarefa que começa na Primeira Comunhão e não termina mais. Nós, adultos, agora mesmo, somos convidados a “comungar mais com Jesus”. yy Reparem num pormenor: não se começa a comungar Jesus quando alguém O conhece totalmente e está absolutamente de acordo com Ele. É impossível! Vamos conhecendo Jesus na vida, aos poucos, conforme a idade e as situações. Mais ainda, comungamos para nos alimentar e conseguir forças para tornar a nossa comunhão com Jesus mais forte e aceitá-l’O nos momentos difíceis. Isto não difere em nada da nossa forma de agir como pessoas que amam, que comungam com aqueles a quem amo. Reparem nas vossas vidas. De certeza que da “comunhão de vida” que realizaram um dia com a pessoa que hoje é a “tua mulher” ou o “teu marido” à comunhão que hoje realizam com ela, existem “muitas novidades” (“não tem nada a ver”, dizia-me um casal o ano passado). O amor cresce (ou termina) à medida que vamos ­realizando “comunhões” com um “amo-te” na rotina da vida. Ou seja, a comunhão primeira que os vossos filhos vão viver, no fim do ano, é a Primeira Comunhão: não é a meta, mas o início de um caminho de vida cristã que procurará ­alimentar-se ­frequentemente deste “Pão Sagrado” que é Jesus, para O seguir fielmente. Isto, portanto, não é senão o começo…!

3. Resumo: mensagem-final Queridos pais e mães: Vieram ao encontro. Fizeram “trinta por uma linha” para poderem estar aqui, de certeza! Compreendo-vos e o Senhor, que

46


vê estes “arranjos”, vos abra o coração. Saber que tiveram de usar “estratagemas” para conseguirem vir, também me animou a preparar a reunião o melhor que sei e a escrever-vos esta ­mensagem-final para que possam levar alguma coisa e relê-la quando quiserem. Rezei antes do encontro e depois de o escrever. “Ai, pobre de mim! Põe na minha boca, Senhor, uma palavra que, pelo menos, afague o coração de uma pessoa!”. Façam favor de dizer hoje ao vosso filho ou filha: “Por ti, para estar ao teu lado, porque levo a sério a preparação da tua comunhão, fui ao encontro”. “É uma comunhão contigo”. “O que a ti se refere, i­nteressa-me e, assim, partilho contigo os teus sonhos”. a) Não sei das ressonâncias que existem nos vossos corações depois do que dissemos e ouvimos. Não sei se nas vossas mentes se alteraram algumas ideias e se se tornaram capazes para poderem dar uma resposta a quem disser algo sobre a Primeira Comunhão. Creio que muitos não pensam na expressão “fazer a Primeira Comunhão”. Em resumo, quis dizer uma coisa muito simples. Para perceber o que é “comungar Jesus”, é necessário abrir o livro da nossa vida e ver que no nosso ­dia-a-dia fazemos comunhões e fazemos “excomunhões”. Assim, ­“comungar Jesus” converte-se em “comungar com Jesus”. Há pessoas com as quais “comungamos” e outras que não “suportamos” (quando começamos a “não suportar”, a coisa aumenta que só visto. O contrário também. Que o digam as pessoas “atingidas”!). b) Há pessoas com as quais um dia comungámos e por desinteresse, por falta de trato, porque não somos capazes de acolher a diversidade ou as manias do outro, pelas misteriosas mudanças próprias da liberdade pessoal ou porque descobrimos que “a pessoa com quem pensávamos comungar não existe na realidade, é outra e não nos tínhamos dado

47


conta disso antes”. Viver a seu lado é “um inferno”. É impossível comungar-partilhar a vida com ela! Percebemos isto porque o vemos ou experimentamos muito próximo de nós. Esta sabedoria que a vida vivida nos dá, ­ajuda-nos também a compreender o que acontece entre nós e Jesus, o Senhor. c) Neste primeiro encontro por ocasião da comunhão do filho temos de nos pôr de acordo nos termos. Que dizemos ao falar de Primeira Comunhão? Comungar Jesus (=receber um pouco de Pão consagrado na missa) quer dizer: “Gosto de Ti, Jesus! Comungo conTigo! O que se refere a Ti, agradame! Os teus gestos e as tuas palavras ajudam-me ver as coisas de outra maneira, ­convidam-me a viver uma vida como a tua! Tu alimentas a minha vida. Tu és o meu alimento”. Dizer “comungo conTigo, Jesus” tem sentido se O conhecemos, se sabemos o que Lhe agrada, se temos momentos de intimidade com Ele, se lemos o que d’Ele está escrito nos Evangelhos… É o mesmo que nos acontece quando queremos “conhecer pessoas” para conseguir intimidade, estar, sair, falar, entrar no seu mundo e perceber o seu ponto de vista. Não basta o conhecimento “digital”. Há que ir ao fundo. Chegar à pessoa. Em muitas “excomunhões” entre as pessoas ouvimos: “Não a conhecia bem; pensei que fosse diferente…”. d) Com Jesus, tal como nos sucede com as outras pessoas, há etapas: do “tudo muito bem e bonito” à crise. O que num dia eram rosas, acaba por converter-se, noutro dia, em espinhos, em dificuldade. É normal. Faz parte do amadurecimento e do ­crescimento relacional. Conhecer uma pessoa não é “arquivá-la” numa foto. O trato com o outro, e com Jesus, é dinâmico. Não ­podemos ­encerrar o outro numa data e momento. Ouve-se dizer por aí: “Estas pes-

48


soas ficaram com o fato da Primeira Comunhão”. Podemos traduzir assim esta expressão: “Há pessoas que um dia fizeram a Primeira Comunhão e ficaram com as quatro ideias que aprenderam na catequese. Pensam que já sabem tudo sobre Deus, Jesus e a Igreja. Não evoluíram e não aprofundaram a relação com Jesus. Têm títulos e mestrados profissionais, mas esqueceram-se dos Evangelhos. Ficaram com o fato da Primeira Comunhão. E, já se sabe, as perguntas e respostas sobre Deus de há 20 ou 30 anos exigem mais hoje profundidade”. e) Comungar Jesus expressa-se com um sinal, num sacramento, o da Eucaristia, que é memorial do que Jesus fez por nós: ­entregar-Se. Tu, algumas vezes, quando sentes que o coração está a transbordar de amor, dás-te conta de que não chegam palavras. É interessante que as palavras não bastem para exprimir o que nos vai cá por dentro! Nesses momentos, temos de nos apropriar dos gestos. Agarrar pela mão, abraçar, escutar sussurros, ficar em silêncio, comprar alguma coisa e dizer no nosso íntimo: “Eu sou este. Preciso que o amor que tenho em mim se manifeste exteriormente porque me abrasa, não o posso reprimir nem dizer apenas com palavras. Gostaria de te dar tudo, mas olha, dou-te isto. Isto sou eu”. Não sei se estas palavras evocam em ti algum momento da tua vida. Com Jesus sucedeu algo de parecido. Antes de morrer, numa ceia de despedida, de intimidade, sentiu profundamente que necessitava de ficar com os seus, de lhes deixar o imenso amor que o Pai depositara n’Ele. Tomou pão e vinho e disse: “Isto sou eu. Todas as vezes que vos reunirdes em meu nome e fizerdes isto, tornais-Me presente, alimentais-vos de Mim e encorajais-vos a viver comungando coMigo e com o que vos ensinei”. Pronto. Isto é fazer a Primeira Comunhão: entrar nesta dinâmica

49


do amor de Jesus. Isto é profundo! Infelizmente, as coisas profundas, por vezes, passam a ser gestos sem sentido profundo! Uma pena! E que pena! Que o Senhor vos abençoe. Que o Senhor vos encha o coração de luz e calor. Que o Senhor abençoe as vossas “comunhões” de cada dia em vossa casa, no trabalho, nos relacionamentos… Que o Senhor vos faça aprender muito com as “excomunhões” para ­descobrir a comunhão. Que o Senhor vos atraia para Si, que está sempre perto, mas não à ­superfície. Que o Senhor vos olhe com aquele sorriso que desarma e vos “desarme”. Que o Senhor multiplique o carinho e a paz no casal e na família. Que o Senhor vos faça algum gesto para comungardes mais e melhor com Ele. Que o Senhor vos pacifique e vos encha de ternura… Que o Senhor vos encontre e vos abra os olhos para O reconhecerdes. Que o Senhor TE abençoe e VOS abençoe, e abençoe todos os que levais no vosso coração. Amém.

Acrescento12 Amigos, depois do que dissemos pelos corredores, e ­ screvo-vos esta nota que completa a resposta apressada. Na linha da apresentação-comentário do que significa “comungar”, há um facto que nos acontece e nos acontece com Jesus. É sabido que, por vezes, dizes da pessoa que escolheste na tua vida: “Há coisas que não suporto ou que me custa aceitar, que gostaria que fosse diferente”. São pormenores “estúpidos” de comportamento, mas que no dia-a-dia pesam. Todos os dias temos de aguentar imperfeições ou “manias” da outra pessoa 12 O que se segue aconteceu nos corredores, no fim, ao falar com três mães. Apresentamo-lo aqui porque pode ser uma sugestão a ter em conta.

50


porque a amamos. E se não “aguentamos”, a vida torna-se impossível. (Também têm de nos aguentar a nós, atenção!) A experiência diz que “a vida é possível” não aguentando “algo que não me agrada” do outro. Aguentar só é possível a partir do amor, do carinho. Amar é perdoar, d ­ esculpar, carregar com algo do outro, encorajá-lo à mudança. O amor é a maior força da mudança, como na parábola do pai misericordioso: o amor espera e confia na liberdade do outro (Lc 15, 11-24). Porque te digo isto? Porque é precisamente isto que nos sucede com Jesus. Por vezes “não aguentamos alguma coisa de Jesus” (perdoa aos inimigos, vende o que tens e dá-o aos pobres…). Há “coisas” de Jesus que nos parecem difíceis, não o compreendemos, gostaríamos de “algo mais fácil”. No entanto, Deus é como é e não vais mudá-l’O! Crê-se e a ­ ceita-se como Ele é, sem “­retoques a meu favor”. Quem tem de mudar és tu com base no muito conhecer, muito amar e muito te sentires amado por Ele. Creio que se pode comungar apesar de algumas coisas de Jesus nos custarem ou de “aborrecimentos” com Deus. Mais: comungar ajuda-nos a entender a Deus e amá-l’O mais. Comungar converte-se numa ocasião de oração: “Senhor Jesus, ­quero-Te, amo-Te, estou conTigo, mas há algo de Ti que não ­percebo, que me custa aguentar, bem podias ajudar-me e abrir-me os olhos”. Houve uma heresia na Igreja, os jansenistas, que defendiam que para comungar tínhamos de ser “muito angelicais”, “muito perfeitos”, “muito limpos”, “muito não pessoas normais”. As normais são as que andam pela vida com o seu fardo de pecado e debilidade. Isso introduziu na Igreja o costume de ir à missa e não comungar. A comunhão era para “seletíssimos”. Mas não sei se eles existem. Eu não sou desses. A mim, comungar, ajuda-me a perceber que sou querido por Deus, que acolhe a minha forma de ser e a minha fraqueza, e me anima a amá-l’O, a querer-Lhe mais e a mudar para ser melhor.

51


Não significa que comungar seja uma banalidade. Não. Tu sabes como, às vezes, dizemos: “Não, assim não podemos ­amar-nos nem manifestar o nosso amor”. Isso “mostra” que comungar não pode ser indiferente… Às vezes, para ­comungar vamos precisar do sacramento da Penitência. Entre isto e ­pensar que “tens de ser angelical” para comungar, há um abismo. O Senhor sabe que somos o que somos e que temos uma “mochila carregada de fraquezas, de coisas não ­evangélicas”. Há um sacramento do Perdão! Comungar ajuda-nos a ser mais crentes e cristãos, tal como Deus nos sonha. Bom, isto é para vos animar e para esclarecer algumas coisas… Com um pouco de sentido comum e pensando nas “vossas comunhões de amor”, acho que entendereis. Achei importante dizer isto e acrescentá-lo. Um abraço.

52


Índice Dedicatória......................................................................................................... 3 Prefácio............................................................................................................... 4 Introdução.......................................................................................................... 7 I - HORIZONTE PASTORAL DESTES ENCONTROS............................................. 11 1. Contexto da experiência..............................................................................12 Fundo catequético de base.......................................................................12 O lugar........................................................................................................13 A etapa da experiência.............................................................................. 14 O projeto pastoral de primeira comunhão............................................... 16 A programação pastoral............................................................................18 Comentário à programação......................................................................19 Depois da comunhão................................................................................ 21 Para trabalhar em grupo...........................................................................23 2. Atenção à pessoa do adulto....................................................................... 24 Os adultos, destinatários da catequese................................................... 24 Sugestões para a relação com os adultos...............................................26 Para trabalhar em grupo...........................................................................32 II - ENCONTROS................................................................................................33 1. Apresentação das atividades do ano.........................................................34 1. Convocatória..........................................................................................34 2. Desenvolvimento...................................................................................34 3. A mensagem-final..................................................................................35 2. Fazer a primeira comunhão: sentido.........................................................42 1. Saudação inicial - acolhimento............................................................42 2. Desenvolvimento...................................................................................42 3. Resumo: mensagem-final.....................................................................46 Acrescento..................................................................................................50

169


3. Buscadores de Deus...................................................................................53 1. Saudação inicial - acolhimento............................................................53 3. Resumo: mensagem-final..................................................................... 61 4. A fé................................................................................................................66 1. Saudação inicial - acolhimento............................................................66 2. Desenvolvimento ..................................................................................66 3. Resumo: mensagem-final..................................................................... 76 Anexos........................................................................................................80 5. Oração..........................................................................................................86 1. Saudação inicial - acolhimento............................................................86 2. Desenvolvimento...................................................................................86 3. Mensagem-final.....................................................................................92 Anexos........................................................................................................ 97 6. Somos sacramentais.................................................................................102 1. Saudação inicial - Acolhimento..........................................................102 2. Desenvolvimento.................................................................................102 3. Mensagem-final...................................................................................108 4. Concretização: Reconciliação e Eucaristia........................................110 Anexos......................................................................................................122 7. A conversão cristã......................................................................................128 1. Saudação inicial - Acolhimento..........................................................128 2. Desenvolvimento.................................................................................128 3. Resumo: Mensagem-final...................................................................134 Anexo........................................................................................................142 8. Jesus, o Senhor ...............................................................................................................................................................144 1. Saudação inicial - Acolhimento..........................................................144 2. Desenvolvimento.................................................................................144 3. Resumo: Mensagens-finais................................................................155 ANEXOS....................................................................................................166

170


Álvaro Ginel

PRIMEIRA COMUNHÃO:

VAMOS CONVERSAR?

PRIMEIRA COMUNHÃO:

n Se

ão

r

ho

A Fé

,o

ers

cris

vo ca tór Com Faz e ia r unh a P ão: rim Sen eira tido Busc ador es de Deu s

Encontros de preparação para pais

ntais

e ram

s sac

o Som

Oração

Co n

VAMOS CONVERSAR?

VAMOS CONVERSAR?

s su

5.

Je

4.

7.

6.

onv Ac

3.

PRIMEIRA COMUNHÃO:

Temas para preparar os pais para a primeira comunhão dos seus filhos. Sim, leste bem: preparar os pais para a primeira comunhão dos filhos. A realização deste sacramento pode ser uma oportunidade de provocar nos educadores um (re)encontro com Jesus. Mais do que dar indicações logísticas, os encontros propostos neste livro pretendem ajudar pais e mães a recordar as catequeses da sua infância e a animar a fé dos que, sendo batizados e crentes, se consideram “não praticantes”. Ao todo, propomos 8 temas diferentes para que cada comunidade encontre os que melhor se adequam à sua 1. realidade e objetivos. 8. 2.

Álvaro Ginel

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

PrimComunVamosConversar_Capa.indd 1

12-01-2022 16:59:12


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.