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PIERLUIGI CAMERONI

FIGURAS DE SANTIDADE NA COMPANHIA DE D. BOSCO

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Textos: Pierluigi Cameroni Ilustração: Andrea Cugini Tradução: Silvio Faria Revisão de Provas: Basílio Gonçalves, Antero Ferreira © 2015 Editrice VELAR 24020 Gorle, Bg www.velar.it Titulo Original: Come Stelle nel cielo - FIGURE DI SANTITÀ IN COMPAGNIA DI DON BOSCO © Edições Salesianas, 2018 Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel. 225 365 750 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt Publicado em Dezembro 2018 Impressão: Tadinense AG ISBN: 978-989-8850-84-3 Depósito Legal: 448692/18

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PREFÁCIO D. Bosco educava os Salesianos e os jovens à santidade mediante a frequência dos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia. E, deste modo, formou fileiras de santos, grandes e pequenos, e de mártires, fortes e corajosos na defesa da fé. Frutos preciosos desta pedagogia da santidade são, entre outros, São Domingos Sávio com 15 anos, a Beata Laura Vicunha com 13, e o Beato Zeferino Namun­curá com 19. A pedagogia da santidade, vivida na alegria, é a profecia mais atual do Santo da juventude. Hoje, mais que nunca, a Igreja e a sociedade têm necessidade de santos para tornar a humanidade mais gentil e amigável e o mundo mais ­acolhedor e fraterno. Mediante a santidade, os Salesianos e as Filhas de Maria Auxiliadora pertencem mais a Deus, mais aos jovens, mais aos Irmãos e às Irmãs, porque a santidade é um forte elo de graça entre Deus e nós. Recebo com grande satisfação esta galeria de santos, preparada pelo postulador geral, P. Pierluigi Cameroni. Não se trata de quadros de um museu para contemplar e admirar. Os Santos são pessoas vivas na Jerusalém celeste, pela sua reta orientação para o bem, a verdade, a beleza. Conheçamos os nossos santos e imitemo-los.

Ângelo Card. Amato, SDB

1 de novembro 2014 Festa de Todos os Santos

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INTRODUÇÃO Apraz me exprimir profunda gratidão e louvor a Deus pela santidade já reconhecida na Família Salesiana de D. Bosco e pela que está em vias de reconhecimento. O êxito de uma causa de beatificação e de canonização é um evento de extraordinário relevo e valor eclesial. Trata-se de facto de fazer um discernimento sobre a fama de santidade de um batizado, que viveu as bem-aventuranças evangélicas em grau heroico ou que deu a vida por Cristo. “Quando a Igreja venera um Santo, anuncia a eficácia do Evangelho e descobre com alegria que a presença de Cristo no mundo, acreditada e adorada na fé, é capaz de transfigurar a vida do homem e produzir frutos de salvação para a humanidade inteira. Além disso, cada beatificação e canonização é, para os cristãos, um forte encorajamento a viver com intensidade e entusiasmo o seguimento de Cristo, caminhando rumo à plenitude da existência cristã e à perfeição da caridade; na vida destes nossos irmãos sobressaem a procura contínua da perfeição evangélica, a rejeição da mediocridade e a tensão para a pertença total a Cristo. “Sede santos, porque Eu sou santo, Eu o Senhor vosso Deus”: esta é a exortação citada no livro do Levítico (19,2), que Deus dirige a Moisés. Ela faz-nos compreender como a santidade significa tender constantemente para a medida alta da vida cristã, conquista exigente, busca contínua da comunhão com Deus, que torna o crente comprometido a “corresponder” com a máxima generosidade ao desígnio de amor que o Pai tem para ele e para a humanidade inteira” (Bento XVI, 16 de dezembro de 2009). Esta publicação apresenta 166 membros glorificados ou candidatos à santidade: 9 santos, 117 bem-aventurados, 12 veneráveis, 28 servos de Deus. O critério seguido na redação deste volume foi o seguinte: os santos e os bem-aventurados são os do C ­ alendário litúrgico Próprio Salesiano; os veneráveis e os servos de Deus pertencem todos a qualquer um dos grupos da Família Salesiana, cujo processo de beatificação e canonização é seguido pela Postulação geral dos Salesianos de D. Bosco. 4

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O propósito deste trabalho é promover o património de santidade nascido do carisma de D. Bosco, conscientes de ser depositários de uma preciosa herança que merece ser mais bem conhecida e valorizada. Para além do aspeto litúrgico-celebrativo, é necessário valorizar as potencialidades de tipo espiritual, pastoral, eclesial, educativo, cultural, histórico, social, missionário… das causas de beatificação e canonização. Depois quer-se difundir a invocação e a intercessão destes irmãos e irmãs, candidatos à santidade. A invocação constante e unânime para obter graças e milagres mediante a sua intercessão é uma forma concreta de viver a fé na comunhão dos santos. Por fim a celebração do Bicentenário do nascimento de D. Bosco é uma ocasião favorável para aprofundar e difundir a sua experiência espiritual, florescente em ricos e diversos frutos de santidade. Valorizando a elevada e fina sensibilidade humana e espiritual dos nossos santos, bem-aventurados, veneráveis e servos de Deus, sentiremos o seu desejo de plenitude de vida, amor e felicidade em Deus; seremos impulsionados a renovar o empenho em viver o chamamento à santidade e a propô-lo de forma apaixonada e convincente aos outros, especialmente às novas gerações. Padre Pierluigi Cameroni Postulador Geral Roma, 1 de novembro 2014 – Solenidade de Todos os Santos

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COMO ESTRELAS NO CÉU Introduzimos esta antologia de perfis com o testemunho e a mensagem do P. Pasquale Liberatore, que foi, por bastantes anos, Postulador Geral para as causas de beatificação e canonização da Família Salesiana.

OS SANTOS “Serão como estrelas no céu: brilharão como o firmamento”.

Visíveis aos milhares, como as estrelas, à vista desarmada, mas incomparavelmente mais numerosos ao telescópio que alcança mesmo os que não têm auréola. Vulcões incandescentes, quais fissuras sobre o mistério do Fogo Trinitário. Felizes romances escritos pelo Espírito Santo onde a surpresa é norma. Existências do género literário mais variado mas sempre fascinante: do estilo de um drama de sabor a fábula. Clássicos da sintaxe das Bem-aventuranças, sempre convincentes graças à sua gaudiosa existência. Cosmonautas do espaço, a quem se devem as mais audaciosas descobertas possíveis apenas a quem tanto se distancia da terra. 6

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Gigantes tão diferentes de nós como sempre o génio é, apesar de concidadãos da nossa mesma matéria. Sujeitos a erros e a insucessos mas sempre homens de exceção: não se banalizam por os sentirmos companheiros de viagem. Sinais da absoluta gratuidade de Deus que enriquece e eleva segundo os misteriosos critérios da sua liberalidade. Têm como sua morada uma paz inalterável acima dos comuns conflitos humanos mas sempre insatisfeitos porque não deixam de tender para o alto. Na órbita do essencial, eles, os profetas do absoluto. Grandes artistas na oficina do Belo diante dos quais cai em êxtase o coração humano. Homens e mulheres de sucesso, testemunhas da secreta harmonia entre natureza e graça. Loucos de Deus, a tal ponto apaixonados, que usam um vocabulário desconcertante. Os mais afastados, por instinto, de toda a espécie de culpa e os mais próximos, sempre, de toda a espécie de culpados. Plateias em que o divino dá espetáculo e humildes expetadores eles mesmos, graças a um impiedoso conhecimento do seu nada.

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Empenhados num contínuo esconder-se e todavia inevitavelmente luminosos como cidades situadas sobre o monte. Portadores de mensagens eternas para além do tempo, do progresso, das culturas, das raças. Palavras de fogo que o Senhor pronuncia para sacudir a nossa indolência, pancadas de batuta que o Maestro Divino dá na estante, para nos despertar a nós alunos distraídos. Milagres vivos perante os quais não há necessidade de peritos para aceitar o caráter extraordinário do Evangelho vivido sine glossa. Heroicamente desprendidos do humano eles, especialistas no superlativo dos tons humanos. Verdadeiros mestres de psicologia que pela via do amor atingem as pregas mais recônditas do coração humano. Capazes de fazer vibrar as nossas melhores raízes, e tocando as cordas da ressonância antiga infundem nostalgia de futuro. Como as estrelas do céu: tão diferentes entre si e, no fundo, acesas por um mesmo fogo.

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JOÃO BOSCO, SACERDOTE, SANTO*

BEM-AVENTURADO: 2 de junho de 1929

SANTO: 1 de abril 1934, dia de Páscoa do Ano Santo da Redenção

FESTA LITÚRGICA: 31 de janeiro

João Bosco nasceu das segundas núpcias de Francisco Bosco com Margarida Occhiena no dia 16 de agosto de 1815, e foi baptizado com o nome de João Melchiorre. O pai era rendeiro da família Biglione e vivia numa quinta nos Becchi no lugar de Morialdo, território de Castelnuovo d’Asti. Vitimado por uma pneumonia a 11 de maio de 1817, Francisco deixou aos cuidados da mulher Margarida os seus três filhos: António, nascido em 1808, do matrimónio com Margarida Cagliero, José, nascido em 1813, e João. A família, tendo-se mudado para um casebre rústico adaptado para habitação, viveu duros tempos de conjunturas desfavoráveis para o mundo agrícola. Joãozinho, educado com profunda intuição humana e cristã pela mãe, é também dotado pela Providência de dons que o fazem,

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desde os primeiros anos, um amigo generoso e diligente dos rapazes da sua idade. No entanto, dadas as dificuldades familiares e as tensões com o ­meio-irmão, por causa do gosto do João pelo estudo, foi mandado para a quinta Moglia a trabalhar como criado, de fevereiro de 1828 a novembro de 1829. ­Voltando à família, graças ao apoio do velho P. João Calosso, foi possível continuar a estudar no ensino primário em Castelnuovo e no ensino humanístico nas escolas públicas de Chieri. Desde pequeno sentiu ter recebido do Senhor uma especial vocação, e que por Ele era amparado e quase guiado pela mão, na realização da sua missão, e também pela intervenção materna da Virgem Maria, que desde o sonho profético dos nove anos lhe indicam o campo de trabalho e a missão a realizar. A sua juventude é assim a antecipação de uma extraordinária vocação educativa e pastoral. Apóstolo entre os companheiros, funda nos anos de escola, em Chieri, a Sociedade da Alegria. Desde criança, sente o chamamento a ­configurar-se da maneira mais perfeita com Cristo Bom Pastor, e esta configuração aperfeiçoar-se-á ao longo da sua vida com uma progressiva incarnação do ministério sacerdotal segundo um estilo próprio: ser sinal do bom Pastor para os jovens e para a gente do povo. Aos vinte anos, em 1835, faz a escolha decisiva: entra no seminário diocesano de Chieri. Os anos do seminário foram para ele anos de luta espiritual, também porque o ambiente disciplinado e o ensinamento teológico moral rigorista contrastavam com o seu temperamento mais inclinado à liberdade expansiva e à criatividade no campo prático. Neste seminário João Bosco assimilou os valores que o austero regulamento e a tradição formativa propunham aos jovens clérigos: estudo intenso, espírito de sincera piedade, recolhimento, obediência, disciplina interior e exterior. Pôde contar, além do mais com o conhecimento do P. José Cafasso, também ele natural de Castelnuovo e colaborador do teólogo Luís Guala em Turim no “Centro Eclesiástico de S. Francisco de Sales”, destinado ao ­aperfeiçoamento do clero jovem na prática pastoral. Até ao fim da sua vida, o P. Cafasso será para D. Bosco mestre de teologia moral e de “pastoral prática”, bem como confessor, diretor espiritual, conselheiro. Ordenado sacerdote em Turim pelo arcebispo Dom Luís Fransoni, no dia 5 de junho de 1841, D. Bosco passou o verão e o outono entre os Becchi e Castelnuovo a ajudar o pároco. Em novembro preferiu voltar a Turim, ao Centro Eclesiástico, para cumprir o triénio de aperfeiçoamento teórico e prático. Lá recebeu uma qualificação pastoral teórica e prática e consolidou a sua vida interior. Traços salientes da espiritualidade sacerdotal defendida pelo P. Cafasso são: centralidade do serviço divino, animado pelo profundo amor ao Senhor, pelo desejo de conformar-se com a von-

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tade de Deus, pela total disponibilidade ao seu serviço com prontidão, exatidão e esmero; espírito de oração, de doçura e de caridade, de pobreza, desprendimento e mortificação, de humildade e trabalho intenso; dono absoluto de si no cuidado pastoral do próximo, zelo incansável para acolher, abordar, procurar, animar, exortar, instruir, encorajar pessoas de todas as idades e categorias, sobretudo os humildes, os pequenos, os pobres e os pecadores; tensão missionária; dedicação sem medo à pregação, à catequese, ao sacramento da penitência; terna devoção a Nossa Senhora, sentido de pertença eclesial e devoção ao Papa e aos pastores da Igreja. Para além da formação moral, o novo padre dedicou-se à instrução catequética dos rapazes e acompanhou o P. Cafasso na assistência espiritual aos jovens reclusos das cadeias da cidade. Sente-se cada vez mais envolvido nas profundas e complexas mudanças políticas, sociais e culturais que marcaram toda a sua vida: motes revolucionários, guerra e êxodo das populações dos campos para as cidades são tudo fatores que incidirão sobre as condições da vida das pessoas, especialmente as pertencentes aos meios mais pobres. Concentrados nas periferias das cidades, os pobres em geral e os jovens em particular tornaram-se objeto de abusos ou vítimas de desemprego; durante o seu crescimento humano, moral, religioso e profissional são seguidos de maneira insuficiente e muitas vezes de maneira nenhuma. Sensíveis a todas as mudanças, os jovens ficam, frequentemente, inseguros e desorientados. Diante desta massa desenraizada, a educação tradicional fica baralhada: com diferentes motivações, filantropos, educadores e eclesiásticos esforçam-se por ir ao encontro destas novas necessidades. Em outubro de 1844, D. Bosco conseguiu um trabalho como capelão, primeiro na “Ópera del Rifúgio” e depois no “Hospital de Santa Filomena”: dois institutos femininos fundados por Júlia Colbert, marquesa de Barolo, ambos situados a nordeste da cidade de Turim, não longe da “Píccola Casa della Divina Provvidenza”, obra do cónego José Cottolengo, e não distantes da Porta Palazzo, o grande mercado urbano. Na nova residência D. Bosco, acolhe os jovens que se lhe tinham afeiçoado no Centro Eclesiástico: trabalhadores, aprendizes, estudantes e imigrantes afluem cada vez em maior número. Graças às suas capacidades pessoais, o P. João Bosco ­entretém-nos, envolvendo-se diretamente nas suas brincadeiras, conseguindo a participação deles em tempos de formação religiosa ou de celebração. A essas reuniões realizadas no “Rifúgio”, dá o nome de “catecismo” e depois, de forma estável, de “Oratório de São Francisco de Sales”. Dotado de uma feliz intuição da realidade e atento conhecedor da história da Igreja, ele aproveita o conhecimento de tais situações e das expe-

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riências de outros apóstolos, como S. Filipe Néri e S. Carlos Borromeu, e dá-lhes o nome de “oratório”. É-lhe particularmente querido este nome: o oratório caraterizará toda a sua obra e ele o modelará segundo uma original perspetiva sua, adaptada ao ambiente, aos seus jovens e às suas necessidades. Como principal ­protetor e modelo dos seus colaboradores escolhe São Francisco de Sales, o santo do zelo multiforme e da humaníssima bondade que se manifestava sobretudo na amabilidade de trato. O oratório tornou-se itinerante entre 1845 e 1846, ainda que girando sempre na zona dos prados de Valdocco, Dora Ripária, e Porta Palazzo, onde era mais fácil encontrar os rapazes. Em Valdocco, D. Bosco estabeleceu-se definitivamente na primavera de 1846, primeiro com poucas divisões e um telheiro adaptado a capela, alugados numa zona mal-afamada (a casa Pinardi); depois, com a compra de todo o edifício e do terreno adjacente. É certo que já naqueles anos dá relevo ao lema “Da mihi animas caetera tolle” (que traduziu: “Ó Senhor, dai-me as almas e ficai com tudo o resto”) e considerou-o tão importante e significativo que o reproduziu num cartaz que afixou no seu quarto até aos últimos dias da sua vida. O oratório de Valdocco inspirava-se no do Anjo da Guarda aberto em 1840 pelo P. Cocchi nos limites do bairro de ­Vanquilha. Vistos os resultados obtidos nos dois primeiros oratórios, foi aberto um terceiro, o de São Luís, em 1847, na zona de Porta Nova. A “Obra dos Oratórios”, iniciada em 1841 com um “simples catecismo”, expande-se progressivamente para responder a situações e exigências imperiosas: internato para recolher os abandonados, oficinas e escola de artes para e­nsinar-lhes um ofício e torná-los aptos a ganhar honestamente a vida, a escola de humanidades aberta ao ideal vocacional, a boa imprensa, as iniciativas e os métodos recreativos próprios da época (teatro, banda, canto, excursões outonais) para favorecer um são crescimento dos rapazes. Também para os oratórios, o ano de 1848 foi um tempo de crise. O P. Cocchi deixou-se atrair e participou nos entusiasmos patrióticos dos jovens; D. Bosco manteve-se mais cauto e mais atento à linha de oposição assumida pelo arcebispo Fransoni. A retoma deu-se por volta de 1850, graças à tenacidade dos eclesiásticos e leigos seus colaboradores (entre eles, o teólogo G.B. Borel e os primos Roberto e Leonardo Murialdo). Por iniciativa de Dom Fransoni, já exilado em Lyon, D. Bosco foi nomeado em 1852 “diretor-chefe espiritual” dos três oratórios masculinos de Valdocco, Porta Nova e Vanquilha. Dado o aumento da afluência juvenil aos oratórios, com o apoio da população e o apoio oficial das autoridades citadinas, foi possível substituir o telheiro-capela de Valdocco por uma igreja mais ampla, dedicada a S.Francisco de Sales (1851-1852); e depois l­ançar-se

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na aquisição de novos terrenos e na construção de uma “Casa anexa ao oratório” para acolher e instruir tanto os jovens estudantes como os aprendizes de algumas profissões mais promissoras: sapateiros e alfaiates (1853), encadernadores (1854), carpinteiros (1856), tipógrafos (1861), ferreiros (1862). Depois do ano da cólera (1854), a população juvenil acolhida nas escolas-internato de Valdocco superou rapidamente a centena e subiu acima de oitocentas pessoas em 1868. Neste ano, por iniciativa e empenho de D. Bosco, foi construída no terreno do Oratório e consagrada uma ampla igreja dedicada a Nossa Senhora Auxiliadora (Auxilium christianorum) destinada aos jovens e às necessidades espirituais da zona. Para a defesa e a promoção da fé entre o povo cristão, ele instituiu em 1869 a Associação dos Devotos de Maria Auxiliadora. O conjunto destas realizações permitiu a D. Bosco lançar os mais variados apelos com a intenção de mobilizar consensos e ajudas financeiras; desde 1853 organizou lotarias de beneficência, obtendo entradas que lhe permitiram alargar e melhorar os edifícios dos oratórios e acolher, gratuitamente ou quase, jovens artesãos e estudantes do 3º ciclo. Em apelos dirigidos à população, ele declarava querer formar “honestos cidadãos e bons cristãos”. Quando se dirigia às autoridades políticas e administrativas, pedia apoios e subsídios para obras que tinham por objetivo prevenir a delinquência dos menores, tirar da rua jovens que, de outra forma, terminariam nas cadeias, formar cidadãos úteis à sociedade. Era linguagem que depois introduziu no seu escrito pedagógico mais conhecido: O sistema preventivo na educação da juventude (Turim, 1877). A feliz expressão: “Basta que sejais jovens para que eu vos ame” é a palavra e, antes ainda, a escolha educativa fundamental do santo: “Prometi a Deus que, até ao meu último suspiro, seria para os meus pobres jovens”. E, na verdade, por eles desenvolve uma impressionante atividade com palavras, escritos, viagens, encontros com personalidades civis e religiosas; por eles, sobretudo, mostra uma atenção solícita, dirigida às suas pessoas, para que no seu amor de pai os jovens possam ver o sinal de um Amor mais alto. D. Bosco começa a distinguir-se também com a publicação de algumas obras escritas destinadas aos jovens e várias vezes reeditadas: História eclesiástica para uso das escolas (1845), História sagrada para uso das escolas (1847), O jovem instruído para a prática dos seus deveres (1847), O sistema métrico decimal reduzido a simplicidades (1849). Em março de 1853, com o apoio do bispo de Ivrea, L. Moreno, inicia a publicação das Leituras Católicas, coleção de fascículos periódicos de pequeno formato, com uma centena de páginas, de carácter monográfico, escritos em estilo acessível aos leitores de primeira alfabetização do mundo artesão e camponês. Nas

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Leituras Católicas, D. Bosco reflete grande parte dos seus escritos apologéticos, catequísticos, devocionais e hagiográficos, tendo precisamente como finalidade apresentar positivamente a Igreja Católica, o Papado, a obra dos oratórios. A Lei Casati (1859), estabelecendo a obrigação da organização escolar nos Concelhos, ofereceu a D. Bosco a ocasião para alargar o campo das suas iniciativas. Depois da experiência de pequenos seminários diocesanos, geridos sob a sua responsabilidade (Giaveno na diocese de Turim, em 1859, e Mirabello Monferrato, na diocese de Casale, em 1863, mudado em 1870 para Borgo San Martino), lançou-se com maior decisão ao campo das escolas públicas oferecendo-se para gerir alguns colégios municipais: foi o caso de Lanzo Torinese (1864), Cherasco (1869), Alássio (1870), Varazze (1871), Vallecrosia (1875), todos estabelecimentos a que normalmente se juntava um oratório e se acrescentavam os que, por variados títulos, eram legalmente reconhecidos como obras de beneficência ou escolas particulares (em 1872, Génova-Sampierdarena, etc.). D. Bosco não foi um padre que se deixasse paralisar pelas situações instáveis e de mudança em que vivia, mas um padre que, precisamente em tais situações e circunstâncias, soube ser um ministro do Senhor, filho da Igreja, apóstolo de Cristo no anúncio do Evangelho, no acolhimento dos pobres e sobretudo na predileção pelos rapazes e os jovens. ­Pode-se sublinhar a sua coragem, a sua iniciativa, a sua fantasia inspiradora de soluções, mas não se podem jamais separar estas qualidades tão chamativas no homem D. Bosco daquela sua riqueza interior, alimentada por vigorosa e rigorosa ascese, por um profundo sentido de fé e também de contínua dedicação ao ministério da Igreja. Esta harmonia de dotes humanos e os recursos misteriosos da fé e da graça caraterizou o seu sacerdócio, tor­nando-o tão brilhante e fecundo. Nele, a simbiose entre ação e contemplação aparecia como lógica consequência do sacerdócio ministerial. Na sua vida não havia lugar para dualismos problemáticos, mas havia lugar somente para obedecer ao Espírito, para ser tocado pelas urgências da caridade e para ser continuamente alimentado e robustecido por uma força que derivava da oração e da Eucaristia que o tornavam infatigável, mesmo vivendo ele uma misteriosa consumação do seu ser pelo bem da Igreja e da juventude. Encerrado por ordem de Dom Fransoni o seminário metropolitano (1848), P. Bosco recebe os eclesiásticos diocesanos que, na cidade, assistiam às aulas dadas pelos professores do seminário. Era natural que a estes clérigos se unissem aos rapazes dos oratórios que queriam seguir a carreira eclesiástica. De Valdocco e dos outros seus colégios, ainda em vida dele, saíram cerca de 2500 sacerdotes para as dioceses da Ligúria e do Piemonte.

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O exemplo e o encorajamento de D. Bosco levaram muitos bispos a superar dúvidas devido a problemas económicos e a abrir ou reorganizar os seminários menores. Diversos reitores aprenderam dele a utilização de instrumentos pedagógicos e espirituais, próprios para a formação dos jovens sacerdotes, como a amabilidade e a paterna assistência que suscitam confiança, a frequente confissão e comunhão, a piedade eucarística e mariana. Singular para o tempo, e mais tarde imitado por muitos, foi o cuidado das vocações adultas com a instituição de escolas e seminários apropriados. Tais circunstâncias se prolongaram até 1860 e permitiram a D. Bosco ter um pessoal mais estável e mais em sintonia com os próprios métodos educativos para os oratórios e escolas. Amadureceu assim o plano de substituir a Sociedade ou Congregação dos oratórios, formada no geral por eclesiásticos e leigos de boa vontade, por um grupo recrutado entre os seus seminaristas maiores e colaboradores leigos. Estava-se em anos do debate político que levou, nos Estados Sardos, à supressão das ordens religiosos e de outras entidades eclesiásticas. Seguindo o conselho de Urbano Rattazzi, D. Bosco pensou numa associação de pessoas que, sem renunciar aos direitos civis, se propusessem finalidades de bem público e, mais em concreto, a educação da juventude, a mais pobre e abandonada. Dentro do grupo, D. Bosco dava no entanto coesão aos fins comuns com vínculos religiosos. Para os seus Salesianos elaborou portanto a fórmula: “Cidadãos diante do Estado; religiosos diante da Igreja”. Tendo ido a Roma em fevereiro-abril de 1858, foi acolhido com simpatia por quem o conhecia como diretor das Leituras Católicas e de florescentes oratórios juvenis, ou ainda com a fama de santo sacerdote e taumaturgo. Depois de algumas audiências pontifícias, entrou em sintonia com o Papa Pio IX e recebeu encorajamento para todos os seus projetos. A 18 de dezembro de 1859, com mais dezoito jovens, deu início oficial à Sociedade de São Francisco de Sales. Em 1864 obteve de Roma o Decretum laudis para a Pia Sociedade de São Francisco de Sales e deu início aos passos para o correspondente exame das Regras ou Constituições; em 1869 a aprovação definitiva da Sociedade salesiana e em 1874 a aprovação das Regulae seu constitutiones. Segundo os mesmos critérios e com o mesmo espírito D. Bosco procurou encontrar uma solução também para os problemas da juventude feminina. O Senhor suscitou ao seu lado uma co-fundadora: Maria Domingas Mazzarello, hoje santa, ajudada por um grupo de jovens companheiras já dedicadas, na paróquia de Mornese (Alessandria), à formação cristã das meninas. A 5 de agosto de 1872, com Maria Mazzarello, fundou as Filhas de Maria Auxiliadora.

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Nos anos seguintes, com o apoio das mais diversas instituições públicas e privadas, pôde abrir oratórios, colégios, internatos, escolas agrícolas, na Itália e em várias partes da Europa: Nizza Mare (1875), La Navarre (1878), Marselha (1878), Sain-Cyr (1880) e Paris (1884) em França; Utrera (1880) e Barcelona-Sarriá (1884) em Espanha; Battersea (1887) em Inglaterra; Liège (1887) na Bélgica. Entretanto, nestes anos vão crescendo incompreensões e desentendimentos com a cúria arcebispal de Turim, sobretudo no que se refere à formação que era dada nas obras de D. Bosco: efetivamente estava a delinear-se um tipo de religioso e de sacerdote que estava em oposição ao que propunham os bispos e a mesma Santa Sé um pouco por todo lado; mais aberto e tentando superar um certo distanciamento entre o clero e o povo. A divergência tornou-se conflito quando, ao arcebispo Dom Riccardi de Netro (falecido em 1870), sucedeu como arcebispo Dom Lourenço Gastaldi (1871), que antes fora admirador, colaborador e benfeitor de D. Bosco. Dom Gastaldi partiu do pressuposto que a Sociedade Salesiana fosse diocesana, portanto a pleno título sob a autoridade do bispo. I­ nterveio por isso de modo insistente sobre D. Bosco e junto da Santa Sé, para que fossem tomadas as decisões no sentido desejado por ele. O conflito agravou-se quando em 1878-79 foram publicados em Turim cinco libelos que criticavam duramente a gestão diocesana do arcebispo e o tratamento que dava a D. Bosco. Gastaldi queixou-se à Santa Sé, insinuando que o inspirador desses libelos fosse o rebelde fundador dos Salesianos. A pedido de Leão XIII, D. Bosco teve que submeter-se a um pedido de desculpas ao arcebispo e a um documento de “concórdia” (16 de junho de 1882); mas o gelo entre os dois permaneceu e prolongou-se tanto na atitude do clero diocesano como dos Salesianos. Falecido Dom Gastaldi (25 de março de 1883), sucedeu-lhe na sede de Turim Dom Caetano Alimonda. Logo no ano seguinte, D. Bosco obteve o decreto de extensão aos Salesianos dos privilégios concedidos pela Santa Sé aos Redentoristas, incluído o da isenção da jurisdição episcopal (28 de junho de 1884). D. Bosco encarnou um amor exemplar à Igreja e ao Papa, convertendo-o em ideais programáticos da sua vida. Os seus não foram tempos em que o amor à Igreja fosse moda; pelo contrário: mas ele amou a Igreja, declarou amá-la, defendeu-a, serviu-a, fez dela um ideal de vida e uma bandeira de compromisso. E não se trata apenas de amor à Igreja universal e ao Papa, mas trata-se de amor e de fidelidade à Igreja local. A sua Igreja local, João Bosco sempre a amou, também nos momentos difíceis, quando a compreensão não era uma atitude fácil. Não se afastou. Não se refugiou no universalismo da Igreja, para sentir-se estranho à Igreja que o tinha visto nascer, o tinha alimentado, lhe tinha aberto os espaços da caridade.

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Além do mais, com o passar dos anos, D. Bosco esteve atento a cultivar as ajudas que era possível solicitar dentro do espaço da monarquia e do Estado liberal: nas lotarias, entre os prémios postos em sorteio, apareciam sempre os oferecidos por algum membro da casa real. Transferido o governo para Florença, continuou a enviar pedido de subsídios dos fundos ministeriais a favor de suas obras para a juventude pobre. Em 1866-67, o Presidente do Conselho, João Lanza, figura destacada da Direita, ­recorreu a ele nas questões entre a Santa Sé e o governo sobre a nomeação de bispos para as sedes episcopais vacantes. Nos anos 1870-71, foi envolvido pelo mesmo Lanza na questão do “exequatur” que, pela lei das garantias, o governo reivindicava para autorizar os bispos nomeados pelo Papa a tomar posse das suas dioceses. P. Bosco aproveitou estas ocasiões para defender o duplo papel que se atribuía a si mesmo, ou seja a sincera fidelidade ao Papa e ao Estado. Viu-se envolvido nas controvérsias políticas, mas viveu-as como padre. Sente os problemas sociais, mas enfrenta-os como padre. As situações eclesiásticas, não isentas de dificuldades, de contradições e de problemas, encontram-no sempre padre. Dedicado ao Evangelho, à missão da Igreja, ao amor e ao respeito pelo Papa, este padre assim realista, incisivo na história da sua gente, mantém-se essencialmente um padre de Jesus Cristo, iluminando, com a sua presença, tempos difíceis para a Igreja e, em particular, para o clero. O dinamismo do seu amor, com o passar dos anos, torna-se universal e leva-o a atender o pedido de nações distantes, até às missões do outro lado do oceano, para uma evangelização que nunca vai desligada de uma autêntica obra de promoção humana. Na onda da emigração europeia e em resposta ao pedido social e político de instrução, pôde enviar os Salesianos e as Filhas de Maria Auxiliadora para vários países da América Latina: Buenos Aires (1875), San Nicolás de Los Arroyos (1876), Carmen de Patagones, Viedma (1879), Santa Cruz (1885) na Argentina; Montevideu (1876) no Uruguai; Niterói (1883) e São Paulo (1884) no Brasil; Quito (1885) no Equador; Concepción e Punta Arenas (1887) no Chile; Ilhas Malvinas (1887). Os empreendimentos de alguns pioneiros Salesianos entre os índios da Patagónia e da Terra do Fogo, refletindo-se epicamente na Europa, aumentavam o entusiasmo e mobilizavam vocações missionárias no mundo juvenil salesiano, estimulado sobretudo pela narração confidencial dos “sonhos proféticos” que D. Bosco fazia sobre o futuro dos Salesianos nos cinco continentes. Sensível ao clima de reorganização das forças sociais na Itália, em 1876 D. Bosco fundou a União dos Cooperadores Salesianos, inspirada no princípio “vis unita fortior” (a união faz a força). Teve como resultado um

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maior envolvimento da opinião pública e de diferentes estratos da população. A rede dos Cooperadores foi cultivada com conferências apropriadas e com a publicação mensal do Boletim Salesiano desde 1877. O Boletim, enviado gratuitamente também a não Cooperadores, ajudou a aumentar simpatias, e mesmo a obter financiamento para os empreendimentos que D. Bosco estava a promover. Apesar da idade avançada e da pouca saúde, nos últimos anos de vida não cessou de viajar para apoiar as suas iniciativas. Em 1883 foi recebido por uma multidão de admiradores em Paris; no mesmo ano foi a Frohsdorf (Áustria); em 1884 e 1885 a Marselha; em 1886 a Barcelona; em maio de 1887, pela última vez a Roma. Faleceu em Turim, no oratório de Valdocco, a 31 de janeiro de 1888 e o chefe de governo, Francisco Crispi, autorizou que fosse sepultado no colégio salesiano de Turim-Valsalice. O segredo de “tanto espírito de iniciativa é fruto de uma profunda interioridade. A sua estatura de santo coloca-o, com originalidade, entre os grandes Fundadores de Institutos religiosos na Igreja. Ele destaca-se em muitos aspetos: é iniciador de uma verdadeira escola de nova e atraente espiritualidade apostólica; é o promotor de uma especial devoção a Maria, Auxiliadora dos cristãos e Mãe da Igreja; é testemunha de um leal e corajoso sentido eclesial, manifestado através de mediações delicadas nas então difíceis relações entre a Igreja e o Estado; é o apóstolo realista e prático, aberto aos contributos das novas descobertas; é o organizador zeloso das missões, com sensibilidade verdadeiramente católica; é, em grau sublime, o exemplar de um amor preferencial pelos jovens, especialmente pelos mais necessitados, a bem da Igreja e da sociedade; é o mestre de uma eficaz e genial práxis pedagógica, deixada como dom precioso para guardar e desenvolver… Ele realiza a sua santidade pessoal mediante o empenho educativo vivido com zelo e coração apostólicos, e que sabe propor, ao mesmo tempo, a santidade como meta concreta da sua pedagogia. Um tal intercâmbio entre «educação» e «santidade» é o aspeto caraterístico da sua figura: ele é um «educador santo», inspira-se num «modelo santo» - Francisco de Sales -, é um discípulo de um «mestre espiritual santo» José Cafasso -, e sabe formar entre os seus jovens um «educando santo»: Domingos Sávio” (João Paulo II, Iuvenum Patris, n. 5). Em D. Bosco tudo isto foi ulteriormente caraterizado por uma doação sem reservas ao seu ministério sacerdotal, pela atenção preferencial pelos jovens e pelo povo, pela afabilidade de trato amável e cativante, pela criatividade e iniciativa pastoral, pela capacidade de interpretar os sinais dos tempos e de intuir as necessidades do momento e de futuros desenvolvimentos. Teve uma profunda vida interior, foi corajoso, otimista, capaz de

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contagiar e de envolver muitos na sua obra educativa e pastoral. Este padre, São João Bosco, ficou órfão de pai desde criança – dois anos. O Senhor deixou-lhe por muito tempo uma admirável mãe – Mãe Margarida, hoje venerável – e concedeu-lhe uma intuição inesgotável sobre a presença de Maria na vida da Igreja. A basílica que o santo quis que fosse dedicada à Auxiliadora não está apenas a testemunhar uma devoção grande como o seu coração transfigurado pela caridade, mas também a r­ecordar-nos que todo o itinerário cristão é ajudado por esta Mãe, é ­estimulado por esta presença e é transfigurado por esta tão terna maternidade.

* Cfr. P. STELLA, Giovanni Bosco santo, in Dizionario degli Italiani, Treccani vol. 55 (2001)

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ÍNDICE GERAL Prefácio...................................................3 Introdução..............................................4 Como estrelas no céu..............................6 SANTOS João Bosco............................................10 José Cafasso..........................................22 Maria Domingas Mazzarello.................27 Domingos Sávio...................................32 Leonardo Murialdo...............................38 Luís Versiglia.........................................42 Calisto Caravario..................................48 Luís Orione..........................................51 Luís Guanella........................................56 BEATOS Miguel Rua...........................................62 Laura Vicunha......................................68 Filipe Rinaldi........................................72 Madalena Morano................................77 José Kowalski........................................81 Francisco Kesy......................................87 Pio IX...................................................94 José Calasanz Marqués..........................99 Henrique Saiz Aparício.......................114 Luís Variara.........................................134 Artémides Zatti...................................137 Maria Romero Meneses......................140 Augusto Czartoryski...........................146 Eusébia Palomino Yenes......................150 Alexandrina Maria da Costa...............154 Alberto Marvelli..................................158 Bronislau Markiewicz.........................162 Zeferino Namuncurá..........................165 Maria Troncatti...................................169 Estêvão Sándor...................................173 Tito Zeman........................................177

José Quádrio.......................................216 Laura Meozzi......................................221 Attilio Giordáni..................................225 José Augusto Arribat...........................229 Francisco Convertini...........................233 Estêvão Ferrando................................236 Octávio Ortiz Arrieta..........................240 José Vandor.........................................243 Augusto Hlond...................................246

A ordem é de acordo com o progresso da causa de beatificação e canonização

SERVOS DE DEUS Elias Comini.......................................252 Inácio Stuchly.....................................255 António de Almeida Lustosa...............258 Carlos Crespi Croci............................261 Constantino Vendrame.......................265 João Świerc.........................................268 Oreste Marengo..................................282 Ana Maria Lozano Díaz......................286 Matilde Salem Chelhot.......................290 André Majcen.....................................294 Carlos Della Torre...............................298 Carlos Braga........................................301 Antonino Baglieri...............................305 Antonieta Böhm.................................309 Novena...............................................314 Calendário Litúrgico...........................317

VENERÁVEIS André Beltrami...................................181 Teresa Valsé Pantellini.........................187 Dorotea de Chopitea..........................190 Vicente Cimatti..................................194 Simão Srugi........................................198 Rodolfo Komorek...............................203 Luís Olivares.......................................208 Margarida Occhiena...........................212

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