Homilias para exéquias

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Ficha Técnica:

© Pedrosa Ferreira Titulo original: Homilias para exéquias Copyright desta edição: © 2020 Edições Salesianas Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto | Tel: 225 365 750 www.edisal.salesianos.pt editora@edicoes.salesianos.pt Capa: Paulo Santos Paginação: Edições Salesianas Reimpressão da 1ª edição em Novembro 2020 ISBN: 978-972-690-571-4 Depósito Legal.: 474973/20 Impressão e acabamento: Totem Reservados todos os direitos. Nos termos do Código do Direito de Autor, é expressamente proibida a ­reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio, incluindo a fotocópia e o tratamento informático, sem a ­autorização expressa dos titulares dos direitos.


PEDROSA FERREIRA


APRESENTAÇÃO

Além do Ritual das Exéquias, existe o livro «Celebração das Exéquias orientadas por um fiel leigo». Foi a pensar sobretudo nestas situações cada vez mais frequentes que publicamos este subsídio litúrgico. É sem dúvida uma ousadia publicar homilias para uma celebração onde, num ambiente de luto, se celebra a esperança cristã, mas achamos que podemos ajudar sobretudo os leigos. Para cada homilia escolhemos um Evangelho dos que são propostos pelo Ritual, e sugerimos ainda qual pode ser a primeira leitura. Embora o Ritual Romano seja sempre o mesmo, o defunto e os seus familiares são diferentes. Quem partiu deste mundo tanto pode ser um jovem que deixou inesperadamente este mundo como um idoso que caiu como um fruto maduro. Tanto pode ser um cristão activo da comunidade como uma pessoa não praticante. Além disso, na assembleia, há muitas vezes pessoas que não são crentes. É impossível redigir homilias para todos e cada um dos casos. Tomámos a opção de redigir textos genéricos, que o presidente da celebração terá de adaptar a cada situação. Para isso, antes das exéquias, terá de se informar acerca do defunto, para não dizer depois na homilia coisas inconvenientes ou irreais. Por exemplo, elogiar o testemunho que deu da sua fé ou ignorar as suas virtudes humanas e cristãs. 5


Estas homilias não são catequeses, mas apenas um breve comentário ao Evangelho que foi proclamado, tendo sempre como tema a boa nova que nos vem de Cristo ressuscitado. Mesmo que haja pessoas presentes que não acreditam no Evangelho, é este o momento para dar as razões da nossa esperança. Não é fácil falar do Céu, pois não temos palavras para representar aquilo que está fora do espaço e do tempo. Mas, utilizando os textos bíblicos, é preciso dizer que, se Cristo não ressuscitou, a nossa fé é vã e a morte é o fim, o mergulhar no abismo do nada. Além de serem um apelo à esperança, há geralmente um convite aos presentes a manterem-se vigilantes, tal como Jesus o pede nas parábolas. Não se pretende meter medo com a morte inevitável, mas chamar a atenção para a seriedade da vida, que é uma só, e é para ser vivida com qualidade. A celebração da esperança é um chamamento a uma vida cristã mais evangélica. Concluímos com aquilo que é mais importante. Durante toda a celebração, e não apenas durante a homilia, os ministros da Igreja devem dar uma imagem autêntica de uma Igreja acolhedora, sensível às tristezas e angústias das pessoas, sobretudo dos mais pequenos e mais pobres. Deve inspirar-se nas atitudes de Jesus, que chorou quando o seu amigo Lázaro faleceu, que enxugou as lágrimas da viúva de Naim. Desejamos que estes textos sirvam para que a celebração das exéquias seja um momento forte de solidariedade com quem sofre, um momento forte de oração e um apelo a um maior empenho no seguimento de Jesus Cristo. Ele espera pelos seus amigos para lhes estender a mão e lhes dar vida em abundância. 6



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FELIZES SEREIS

1.ª leitura Carta aos Romanos: (5, 1-11). Jesus, dando por nós a sua vida, abriu-nos para sempre as portas da vida eterna e feliz. Salmo Evangelho Evangelho de N.S.J.C. segundo São Mateus (5, 1-12). Naquele tempo, ao ver a multidão, Jesus subiu ao monte e sentou-se. Rodearam-no os discípulos, e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra como herança. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. 7


Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa». Palavra da salvação.

HOMILIA A agenda da morte não coincide com os nossos planos. Ela veio mais uma vez visitar-nos, levando consigo o nosso irmão N. Não nos conseguimos habituar a esta realidade, embora saibamos que cada dia é mais um passo para o fim da vida neste mundo. Jesus encontrou-se com situações como esta que estamos a viver. Como, por exemplo, quando morreu um seu amigo chamado Lázaro. Ao aproximar-se do seu túmulo, comoveu-se muito, chorou e consolou as irmãs do defunto. A Igreja, nesta circunstância, quer consolar-nos com as palavras que vêm de Deus. Ele está sempre próximo de nós, sobretudo quando sofremos, para nos enxugar as lágrimas e nos dizer palavras de esperança. 8


1. O projecto de felicidade Escutámos o Evangelho que é proposto no Ritual das Exéquias em primeiro lugar, e que é o Sermão da Montanha, um dos mais belos textos da humanidade. Nele repete-se nove vezes a palavra «bem-aventurados» ou «felizes». E isto para dizer qual a vontade de Deus Amor para cada um de nós, seus filhos adoptivos muito amados. A sua vontade é que sejamos felizes, já nesta vida terrena; e que com a morte passemos para uma outra vida completamente nova, a que chamamos eternidade, onde a nossa sede de felicidade será saciada. Por conseguinte, o desejo de Deus é que, já neste mundo, sintamos uma alegria especial, que vem do facto de vivermos segundo o espírito das bem-aventuranças. Será experimentada pelos que não são egoístas, partilham os seus bens, não são orgulhosos, são humildes, são solidários com os que sofrem, são misericordiosos, são sinceros, são construtores de paz, são optimistas e alegres, buscam a santidade e aceitam ser perseguidos por causa da sua fé. Os que vivem segundo as bem-aventuranças sentem uma alegria especial no seu íntimo e vão já ensaiando aqui neste mundo o paraíso de Deus. Os seguidores de Cristo, os cristãos, são aqueles que recusam as felicidades que lhes são propostas pelo mundo sem Deus e aceitam viver segundo este estilo de vida inaugurado por Jesus, e que Ele começou por viver, antes de o propor aos outros. Este nosso irmão, que terminou a sua peregrinação terrena, certamente que conhecia as bem-aventuranças e procurou vivê-las. Nós vemos as aparências, mas Deus Amor vê o coração dos seus filhos muito amados e olha-os com ternura e misericórdia. 9


2. A felicidade definitiva Porém, o desejo de Deus é que essas felicidades frágeis deste mundo alcancem a sua perfeição depois da morte. Ele deseja que sejamos plenamente saciados da nossa sede de vida imortal e feliz. Isso é possível, pois Jesus, morrendo e ressuscitando por nós, abriu-nos para sempre as portas da felicidade perfeita, onde não há lugar para a tristeza e a dor. Se ao longo dos nossos dias formos vivendo segundo o projecto de vida que Jesus deixou, com a morte corporal acontece a passagem para essa felicidade total, em plenitude. Seremos verdadeiramente bem-aventurados, veremos a Deus face a face, nosso será o Reino dos Céus. Como será essa felicidade? Nós só conseguimos falar das coisas em termos de espaço e de tempo. E as realidades últimas ou novíssimas estão fora dessas categorias humanas. Não temos capacidade para entender o que será uma felicidade em plenitude por toda a eternidade. «Nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem a mente imaginou a surpresa que Deus tem reservada para os seus eleitos, quando estes O puderem contemplar na sua Casa». Podemos acrescentar que, nesse estado de felicidade, continuaremos a ter a nossa própria identidade. Abandonaremos o nosso corpo mortal, será desfeita a morada terrestre, mas continuaremos a ser nós próprios, agora com um corpo incorruptível, glorioso e espiritual. Há uma continuidade entre esta vida e a outra. A morte é a passagem de um corpo mortal para um imortal, e a passagem do mundo visível para o invisível. Esta é a nossa esperança de seguidores de Cristo ressuscitado. 10


Cada celebração de exéquias pode ser, se nós o quisermos, um tempo especial em que nós, os vivos, meditamos nestas realidades novíssimas, nesta surpresa que será a nossa páscoa ou passagem. A morte deste nosso irmão pode ser, por exemplo, um apelo a vivermos cada vez mais segundo as bem-aventuranças como nosso projecto de vida, a vivermos segundo o Evangelho de Jesus Cristo. Continuemos a nossa oração, pedindo a Deus que, na sua misericórdia, purifique o olhar deste nosso irmão de todas as sombras, para que O possa contemplar nessa vida nova, feliz e eterna. Senhor, saciai-o com a vossa glória e dai-lhe a felicidade eterna. Ámen.

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ÍNDICE

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1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16.

APRESENTAÇÃO ............................................................................... Felizes sereis ............................................................................................... Eu vos aliviarei ......................................................................................... O filho único .............................................................................................. Estai preparados ...................................................................................... Tende as lâmpadas acesas ................................................................ Vinde, benditos de meu Pai ........................................................... A morte de Jesus .................................................................................... O bom ladrão ............................................................................................ Entrego o meu espírito ...................................................................... O caminho de Emaús ......................................................................... Da morte para a vida ......................................................................... Não se perca nenhum ......................................................................... Pão de eternidade .................................................................................. Teu irmão ressuscitará ........................................................................ O grão de trigo ........................................................................................ Vou preparar-vos um lugar .............................................................

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Vejam a minha glória .......................................................................... De pé, junto à cruz ............................................................................... Felizes os que morrem no Senhor ........................................... Verás a glória de Deus ...................................................................... Eu te bendigo, Senhor ........................................................................ Tudo o que fizerdes .............................................................................. Creio na esperança ................................................................................ Tempo para esperar .............................................................................. O bom pastor ............................................................................................. A vontade do Pai ................................................................................... A outra margem ...................................................................................... O primeiro dos vivos ........................................................................... A eternidade é amor ........................................................................... Vinde a mim ...............................................................................................

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