Imagens e actividades para Advento e Natal

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Os magos visitam Herodes

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Índice Introdução ............................................................................................................................. 5 01.Maria de Nazaré .............................................................................................................. 10 02. José, o carpinteiro .......................................................................................................... 12 03. Maria e José casam-se ................................................................................................... 14 04. Um anjo visita Maria ...................................................................................................... 16 05. Maria visita a sua prima Isabel ....................................................................................... 18 06. O imperador manda fazer um censo .............................................................................. 20 07. O pregoeiro anuncia o censo ......................................................................................... 22 08. Maria e José preparam a viagem a Belém ..................................................................... 24 09. Maria e José a caminho ................................................................................................. 26 10. Maria e José chegam a Belém........................................................................................ 28 11. Não há lugar no albergue .............................................................................................. 30 12. Um pastor cede-lhes a sua gruta .................................................................................... 32 13. Maria e José preparam a gruta....................................................................................... 34 14. Jesus nasceu, é noite de Natal ....................................................................................... 36 15. Os pastores guardam os seus rebanhos .......................................................................... 38 16. Um anjo aparece aos pastores ....................................................................................... 40 17. Os pastores acorrem à gruta .......................................................................................... 42 18. Os pastores adoram Jesus .............................................................................................. 44 19. Uma estrela brilha no Oriente ........................................................................................ 46 20. Os magos vêem a estrela ............................................................................................... 48 21. Os magos seguem a estrela ............................................................................................ 50 22. Os magos visitam Herodes ............................................................................................. 52 23. Oferecem presentes a Jesus ........................................................................................... 54

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Os magos seguem a estrela

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INTR ODUÇÃO INTRODUÇÃO 1. Materiais “Imagens e actividades para Advento e Natal” constitui um material de trabalho cujo fim é ajudar os professores, catequistas e educadores em geral a prepararem o Natal no decurso do Advento. Trata-se de uma obra onde se procura recuperar as imagens cristãs do nascimento de Jesus, numa tentativa de contrariar uma certa forma de festejar o Natal que ignora as raízes cristãs desta celebração, transformando-a numa desmedida vertigem de consumo sem qualquer profundidade. As sugestões aqui apresentadas foram postas em prática com crianças do 3º ao 6º ano de escolaridade, mas algumas das actividades podem também ser realizadas com alunos do Terceiro Ciclo do Ensino Básico. “Imagens e actividades para Advento e Natal” compõe-se de três partes diferentes, se bem que complementares:

a) Imagens O conjunto de desenhos aqui contido representa a sequência de acontecimentos relativos ao Natal, seguindo a narrativa dos Evangelhos de Lucas e Mateus. Pretende-se, com estes desenhos, que as crianças e pré-adolescentes reconheçam as imagens da tradição cristã que se prendem com o nascimento de Jesus de Nazaré. Respeitando uma linha cronológica, constituem um acréscimo de informação e detalhes para conhecer, viver e aprofundar as festividades natalícias.

b) Canto do educador Este ponto oferece ao educador uma série de informações de carácter arqueológico, histórico e exegético para seu uso particular. O professor ou catequista encontrará no “canto do educador” informação sucinta, esquemática e organizada sobre a passagem evangélica representada por cada um dos desenhos. No seu conjunto, o material textual compreendido nesta secção forma uma espécie de comentário bíblico, no qual foram intencionalmente realçados os elementos que despertam mais curiosidade e tornam mais próxima das pessoas a imagem de um Jesus de Nazaré comprometido com uma salvação que tem lugar no seio da história da Humanidade. Este material não foi elaborado para que o educador o reproduza directamente aos seus educandos; o seu papel é, antes, o de servir, sob a sua forma de compêndio sistemático de informações, de instrumento de rememoração de conhecimentos que o educador certamente já possui.

c) Recursos para a acção A cada número/desenho correspondem várias sugestões para actividades a desenvolver. Estas actividades podem ser levadas a cabo quer na escola, quer nas reuniões de catequese. Trata-se de realizações simples e que não implicam grandes exigências em termos de material. Normalmente, resultam em exercícios bastante criativos e têm por fito aprofundar os conteúdos da narrativa da infância de Jesus. Todas as actividades visam aproximar a realidade evangélica da vida concreta dos alunos e alunas. Por este motivo, traçam a linha de união entre a passagem tratada, a realidade social e a vida diária das crianças.

2. Modo de emprego a) Sequenciação “Imagens e actividades para Advento e Natal” oferece um percurso de trabalho para todo o Advento. O material está organizado de forma que o educador possa dispor de um desenho, um texto e várias actividades para cada dia do Advento. Por este motivo, o trabalho deverá ter início a seguir ao primeiro domingo desta época litúrgica que prepara o caminho para a Natividade. No entanto, dependendo da efectiva disponibilidade de tempo de cada caso concreto, cada educador deverá elaborar a sua própria sequência de material, fazendo uma escolha selectiva ou reunindo os diferentes capítulos em blocos temáticos, de acordo com as sessões de trabalho a realizar.

b) Preparação antecipada O desenvolvimento de algumas das actividades propostas exige, pese embora o seu carácter bastante simples, que seja efectuado um trabalho ao nível da preparação de materiais, exposição do tema, motivação, etc.. O educador deve planear com antecipação suficiente o trabalho a desenvolver e os meios necessários para a sua realização.

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c) Outras possibilidades de trabalho Cada ponto ou capítulo possui os seus “recursos para a acção “; trata-se de uma secção onde são apresentadas actividades específicas relacionadas com a temática tratada nesse capítulo. Porém, o educador pode organizar outras actividades, como por exemplo, as que se seguem: – Colorir os desenhos e redigir breves resumos sobre eles. – Ler a narração evangélica, sublinhando a diferentes cores certas palavras. – Representação dramática das diversas cenas aqui apresentadas. – Representação das cenas através de mímica e quadros vivos, com música, mas sem palavras. – Concepção de logotipos, anagramas, acrósticos, etc.. – Criação de “sopas de letras”, palavras-cruzadas, crucigramas, etc.. – Elaboração de narrativas fantásticas com os objectos e animais que figuram nos textos. – Criação de orações acerca do Natal. – Concurso de presépios em miniatura. – Construção colectiva de um presépio.

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20 Os magos vêem a estrela canto do educador A estr ela e xistiu? estrela existiu? Nunca saberemos com certeza absoluta quem foram aquelas personagens misteriosas, ou se foram realmente guiados por uma estrela. Deve ficar claro que a intenção do evangelista era a de mostrar Jesus propondo a salvação, não apenas do povo de Israel, mas de todos aqueles que o aceitem de coração sincero, independentemente da raça, nacionalidade ou religião. A salvação de Jesus ultrapassa as fronteiras, é universal. Todavia, a questão coloca-se historicamente: existiu aquela estrela? E se sim, que estrela viram os astrólogos para que a tivessem considerado um fenómeno de tanta relevância? Provavelmente, não se deve ter tratado propriamente de uma estrela. No estudo dos astros, o mais importante são as chamadas “conjunções”, ou seja, os aparentes encontros de dois astros, bem como os signos do zodíaco em que estes astros convergem. Aqueles “magos”, na sua qualidade de estudiosos dos astros, observavam o céu e os seus fenómenos para os interpretarem. Se tivermos em conta os fenómenos astrológicos registados naquela época, os magos possivelmente terão visto, na madrugada de 12 de Abril do ano 7 a.C., uma surpreendente aproximação de Júpiter e Saturno no signo de Peixes. Essa conjunção de Júpiter e Saturno, que aparecia pouco antes do nascer do sol, foi-se acentuando cada vez mais ao longo das semanas seguintes, até que, a 29 de Maio, ambos os planetas se encontraram a uma distância de apenas um grau, dando a sensação de formarem um único astro: uma estrela nova e muito potente. Que significava a conjunção destes dois astros para os astrólogos babilónicos? Júpiter era tradicionalmente considerado o astro-rei, ao passo que Saturno era o “astro da terra ocidental”, ou seja, da Judeia. Ao ver que o astro-rei se juntava com o astro que simbolizava a Judeia, os magos interpretaram este facto como sinal de que um acontecimento importante podia estar a ter lugar naquela região: algo assim como a presença de um novo rei na terra da Judeia. Esta conjunção dos astros ocorreu três vezes nos meses seguintes. O facto talvez tenha incentivado os “magos” a porem-se a caminho para visitar Judeia e confirmar, na terra, aquilo que os astros assinalavam no mapa do céu.

recursos para a acção 1. As estr elas de cada dia estrelas A televisão e as revistas apresentam-nos uma infinidade de “estrelas” que, na realidade, não dizem ou fazem nada de interessante. Mais ainda, é frequente tratar-se de pessoas muito vazias... Ao invés, no nosso bairro há pessoas que trabalham discretamente e são úteis e boas. – Procurar, na imprensa cor-de-rosa e desportiva, um conjunto de pessoas que sejam consideradas “estrelas”. – Fazer uma lista de pessoas boas da vizinhança de cada um, que todos os dias trabalham com responsabilidade e são úteis à comunidade.

2. Uma estr ela em busca de amigos estrela Muitas pessoas viram a estrela, mas poucas ligaram à sua mensagem... Apenas alguns magos que viviam numa terra distante decidiram segui-la até chegarem a Jesus. Imagina e escreve a história de personagens que não fizeram caso da estrela. – Com a ajuda do educador, as meninas e os meninos elaboram uma lista de possíveis personagens que avistaram a estrela. A título de exemplo: o rei Herodes, um gladiador do circo romano, um filósofo que pensava muito na cidade de Atenas, um rico comerciante que esperava a chegada de uma caravana de seda e pedras preciosas, etc.. – Descrever o comportamento de cada um deles. – Em alternativa, pode-se elaborar uma banda desenhada na qual apareçam as personagens mencionadas e outras. – Terminar colocando um desenho dos Reis Magos, que humildemente seguiram a estrela. Concluir a actividade com uma reflexão sobre a disponibilidade que devemos manter para seguir a estrela que nos conduz a Jesus.

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Maria de Nazaré

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19 Uma estrela brilha no Oriente canto do educador Uma estr ela no Oriente estrela A narração do aparecimento de uma estrela, coincidindo com o nascimento de Jesus, tem origem no Evangelho de S. Mateus (Mt 2, 1-23). O povo de Israel afirmava que Deus era o criador de toda a natureza, inclusive do sol, da lua e das estrelas. Os rabinos judeus rejeitavam a influência das estrelas sobre o destino de Israel. Admitir a influência dos astros era reduzir o poder de Yavé. Por outro lado, admitia-se uma certa influência dos corpos celestes na vida individual. O autor do relato evangélico acreditava que as estrelas podiam assinalar a hora do nascimento de Jesus, que era um momento escolhido por Deus. Para Israel as estrelas eram como que os ponteiros do grande relógio do mundo.

Quem er am os “Reis Magos” eram De acordo com a palavra grega que aparece nos códices mais antigos do Evangelho, tratava-se de uma seita de sacerdotes existente no interior da Síria ou na região da Babilónia. Esta seita estudava os astros para adivinhar o futuro. Segundo as antigas leis de Israel, os astrólogos eram pessoas idólatras que deviam ser castigadas com a lapidação (pena de morte por apedrejamento). Contudo, no Evangelho estes sacerdotes são apresentados como pessoas de boa vontade, que procuram Jesus com sinceridade e o reconhecem como o Messias. Atendendo às palavras com que são apresentadas estas personagens, devemos concluir que “os magos do Oriente” não eram reis, mas magos. Na época de Jesus chamava-se assim aos astrólogos. A definição mais precisa de “magos” seria: “pessoas que possuem conhecimentos secretos sobre o sentido que pode ter o caminho dos astros no céu, e as suas correspondências com os acontecimentos do mundo”.

Do Oriente Viu-se nos “magos do Oriente” os astrólogos que estudavam os astros, sem que se possa precisar o local de que são originários. Em teoria, poderiam vir de qualquer país a leste do rio Jordão. No entanto, na realidade devem ter vindo da antiga Babilónia, pois só ali pessoas não judias poderiam ter algum interesse pelo futuro Messias judeu, em virtude dos contactos que continuaram a manter com os israelitas que permaneceram na Babilónia depois do desterro. O facto de apresentar estas personagens alheias ao povo de Israel e vindas de longe visa constituir um ensinamento para os primeiros cristãos, que já contavam nas suas comunidades com mulheres e homens provenientes de culturas diferentes do judaísmo: Jesus de Nazaré não veio só para o povo de Israel, manifestou-se e foi reconhecido por pessoas de outros países, culturas e religiões. No texto, o que importa não são os camelos, os cofres e a estrela que guiava as misteriosas personagens vindas do Oriente, acerca dos quais o Evangelho não especifica nem número, nem nome. Através deste relato, o que Mateus nos diz realmente é que Jesus era o Messias universal.

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recursos para a acção 1. Somos nós a Estr ela Estrela Cada menino ou menina deve trazer consigo uma fotografia pessoal, se possível de tamanho passe. As fotografias serão coladas no interior de uma estrela desenhada numa folha de cartolina. Por baixo da estrela deverá haver espaço para anotar as atitudes positivas que nos ajudam a orientar os outros para o bem.

2. Brilham estr elas às cor es estrelas cores Depois de se ter explicado o simbolismo da estrela, utilizamos estas ideias num exercício plástico que servirá para decorar a sala. Procedemos da seguinte maneira: – Entrega-se uma folha de cartolina negra a cada menino ou menina. – Sobre esta cartolina desenham-se e recortam-se diversas estrelas diferentes. Para o exercício ser mais fácil, o educador distribuirá diferentes modelos de estrelas. – Os espaços vazios deixados pelas estrelas cobrem-se com papel de celofane às cores. – Seguidamente, enrolam-se e colam-se as folhas de cartolina, formando cada uma um cilindro. – Colocam-se sobre o solo na vertical e, no seu interior, põe-se uma vela, do tipo das que se utilizam nos lampadários das igrejas, com protecção de plástico vermelho. Depois de decorada a sala com estas lanternas cheias de estrelas, reza-se uma oração a Jesus, nascido em Belém.

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Uma estrela brilha no Oriente

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Maria de Nazaré canto do educador

Apesar de Jesus ter nascido em Belém, considera-se que era originário da pequena aldeia de Nazaré, situada na região da Galileia, no norte de Israel. Os pais de Jesus viviam em Nazaré e foi também aqui que Jesus passou a sua infância e juventude. De acordo com os dados arqueológicos hoje disponíveis, Nazaré já existia no século VIII antes de Cristo. Não possuía, na altura, nenhum tipo de fortificação e era formada por cerca de trinta casas escavadas na pedra. Cada casa possuía um celeiro e um lagar cavado na rocha. Quando Jesus era vivo, a povoação era habitada por cerca de 500 pessoas. Etimologicamente, a palavra Nazaré evoca o conceito de “celeiro”; a sua raiz hebraica, “nzr”, tem o significado de “guardar”, fazendo referência ao depósito no qual se armazenam os frutos de cada colheita.

Recentes achados ar queológicos em Nazaré arqueológicos Nas ruínas de Nazaré fizeram-se importantes achados arqueológicos relacionados com os primeiros cristãos, os quais passamos a resumir: Na actual cidade de Nazaré existem os restos da grande Basílica da Anunciação, erigida pelos Cruzados por volta do século X. As escavações revelaram que esta basílica foi construída sobre uma pequena igreja bizantina do século IV, a qual possui mosaicos alusivos a Jesus de Nazaré. Mas a história não termina aqui. Esta pequena igreja bizantina foi edificada sobre uma casa do século I, a qual possui um tanque baptismal com sete degraus para descer. Junto a este tanque, foi encontrada a sepultura de um mártir cristão do século I chamado Conon, a qual tem decorações características dos primeiros cristãos. A escassos metros desta sepultura existe uma espécie de caverna-celeiro, decorada de forma especial. Numa das paredes desta gruta encontra-se a inscrição grega “kaire Maria” (Avé Maria). Segundo parece, os primeiros discípulos do cristianismo, que se encontravam em Jerusalém quando Jesus morreu, receando perseguições fugiram para o norte e refugiaram-se na pequena aldeia de Nazaré, onde vivia a família de Jesus. Aqui se desenvolveu uma das primeiras comunidades cristãs e existem, hoje, bastantes dados arqueológicos que permitem afirmar que o local onde se ergueram sucessivas igrejas era o mesmo onde se situava a casa de Jesus. De referir a extrema importância assumida pela Virgem Maria nesta primeira comunidade cristã.

recursos para a acção 1. Maria, mãe de JJesus esus Maria, a mãe de Jesus, foi, primeiro que tudo, mãe. Como tal, criou Jesus, escutou o seu choro de bebé durante a noite, mudou-lhe as fraldas, deve ter sorrido ao vê-lo caminhar e dar os primeiros passos... Cada aluno deve fazer uma entrevista à sua mãe, abordando, por exemplo, os seguintes pontos: – Que sentiste quando o médico te disse que estavas grávida de mim? – Que pensaste quando me viste pela primeira vez? – Conta-me algum episódio divertido dos nossos primeiros meses juntos.

2. Um dia na vida de Maria Fazer uma redacção narrando a vida de Maria na aldeia de Nazaré. A que é que dedicava os seus dias? Quais eram as suas ocupações habituais? Não esquecer que, na altura da Anunciação, Maria devia ter cerca de 15 anos e que, naquela época, as raparigas não iam à escola.

3. Desenhar a cidade de Nazaré Para fazer o teu desenho, observa a paisagem que se vê na figura da página anterior: a vegetação, o estilo das casas... Leva em conta os produtos agrícolas cultivados naquela área: trigo, cevada, vinhas, figueiras, palmeiras, oliveiras, etc..

O nome de Maria O nome de Maria (Míriam) era bastante comum no tempo de Jesus. As suas raízes etimológicas são amplas e diversas, pois este nome feminino era utilizado tanto na zona judaica, como nas regiões fenícias e no deserto. A tradição hebraica faz referência a Míriam, a irmã de Moisés que fez guarda à cesta de vime na qual os pais de Moisés puseram o bebé para o salvar da morte decretada pelo faraó. Neste idioma, Míriam significa “a que é forte”, “a que se eleva”. Na zona de influência fenícia este nome também era utilizado, mas com outra grafia e significado: Mar-yam (“gota de água”). Nas regiões vizinhas do deserto o nome era igualmente dado a algumas raparigas, tendo aqui o significado de “moça de tez morena”.

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Um anjo visita Maria

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Um anjo aparece aos pastores canto do educador

recursos para a acção

Jesus, o Messias esper ado esperado

1. Anjos de carne e osso

O Evangelho de Lucas, após descrever o cenário do nascimento de Jesus, começa a tratar de temas profundamente religiosos. Um “anjo” anuncia aos simples pastores que nasceu um Messias. Quase sempre que ouvimos a palavra “anjo” pensamos numa pessoa. No entanto, o conceito de “anjo” que tinha o povo de Israel era bem diferente: “anjo” é um termo que se liga com “mal ‘ak”, mensagem de Deus, e não com um ser de aparência humana. Que tipo de Messias pretendeu ser Jesus de Nazaré? A palavra “Messias” deriva de um verbo hebraico que significa ungir ou untar com azeite. Este verbo foi traduzido para grego com a palavra “Cristo” ( da mesma raiz que “crisma”, o azeite perfumado utilizado na unção). No Israel de antigamente, ungiam-se os reis, os sumos-sacerdotes, o altar do templo e, também, os profetas. O significado desta unção é que a força de Deus desce à terra, preenche a pessoa eleita e a separa das restantes para cumprir a missão a que Deus a enviou.

Foi um anjo que anunciou a Boa Nova: Jesus nasceu na simplicidade da gruta de Belém. Actualmente, existem muitas pessoas bondosas que, com a sua vida de esforço e entrega, fazem o bem e são um símbolo de esperança. – Investigar a vida de missionários e voluntários que dedicam a sua vida a ajudar os outros. – Fazer uma lista de pessoas boas, anotando ao lado de cada uma as suas boas acções.

Origem do conceito de Messias A ideia do Messias encontrava-se muito difundida. Na Palestina, esta ideia fundia-se com a esperança do povo de Israel de que viesse “Alguém” providencial para os livrar das situações negativas, fazer crescer a nação israelita e as suas fronteiras e derrotar os inimigos. Nesta acepção, o Messias intervirá no mundo com uma força excepcional e provocará mudanças radicais; devido a este facto, trata-se de uma personagem sagrada. Os seus resultados são positivos: desencadeia a acção, reanima as esperanças e evita a sensação de aniquilamento social e político. No decorrer do século I surgiram, na Palestina, muitos profetas na linha messiânica. A maioria pôs-se à frente do povo para lutar contra a dominação romana; alguns puseram a tónica na defesa a todo o custo da Lei judaica, outros foram chefes guerrilheiros que se bateram contra o poder romano.

Modificações do Antigo Testamento O Antigo Testamento modificou o aspecto guerreiro do Messias e introduziu duas novas características, que servirão para reconhecer Jesus de Nazaré como Messias: a) Anuncia-se que o Messias será “filho do homem” (Dn 7, 13-14). O Messias aguardado não será um ser alheio à raça humana, mas alguém nascido no seio do povo. Será eleito por Deus, como antes havia ocorrido com o “ungido” mais importante, o rei David. b) Fala-se de um “Servo de Yavé” (Is 53, 1-12). O Messias será um homem justo. Entregará a sua vida por amor aos seus irmãos e carregará com o peso dos seus pecados e misérias. Romperá a lógica oprimido/ opressor, através da introdução da lógica do amor abnegado.

2. Cachos de boas notícias Todos sonhamos ser melhores e que o mundo se encha de bondade. O Natal é uma época adequada para recordar as coisas boas que deveriam ter um lugar no nosso mundo. Exprimiremos estas boas ideias da forma que se segue: – Compramos um saco de balões de cores diferentes (procurando que sejam bonitos e evitando os mais baratos, que por vezes têm um aspecto descolorido). – Fazemos uma lista alargada de valores positivos: amizade, solidariedade, carinho, ternura, responsabilidade, fidelidade, família, etc.. – Escrevemos, num balão já cheio e com um marcador de tinta permanente, cada um dos valores positivos enunciados. – Juntamos os balões em “cachos” e decoramos a sala de aula ou de reunião com as Boas Novas deste Natal. Convém integrar este novo elemento decorativo na decoração já existente na sala.

O Messias de Belém O texto do Evangelho da Infância apresenta um Messias que inicia o seu caminho ao lado dos mais pobres e simples: os pastores, categoria social baixa e desprezada na época de Jesus. Este Menino é o Messias que veio tomar o partido dos pobres. Não está do lado do poder e é frágil, como qualquer bebé. Esta boa notícia gera alegria e esperança entre o povo.

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Um anjo aparece aos pastores

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Um anjo visita Maria canto do educador

O texto da Anunciação do anjo a Maria apresenta pormenores interessantes: por exemplo, o arcanjo enviado para fazer o anúncio chama-se Gabriel (o que quer dizer “mensagem de Deus”). Este arcanjo figura já no livro do profeta Daniel, no qual aparece a Daniel a explicar uma visão relacionada com a época em que ia aparecer o Messias. Fazer de Gabriel o instrumento de comunicação a Maria equivale a assinalar esta como mãe do Messias (os arcanjos não eram semideuses, mas sim acções de Deus personificadas). O arcanjo saúda Maria directamente: “Avé Maria, cheia de graça...”. Isto, a nós, hoje, parece-nos lógico, mas para a cultura judia daqueles dias era completamente incompreensível. Ninguém se podia dirigir a uma mulher directamente. Maria, no entanto, alcançou um prestígio tão grande entre as comunidades cristãs que, pese embora as dificuldades culturais e sociais da sua condição feminina, aparece como alguém a quem Deus fala directamente. Este facto indica-nos a relevância que a mãe de Jesus deve ter tido na primeira comunidade de cristãos.

O nome do menino que vai nascer A criança que vai nascer chamar-se-á “Yeshua” (Jesus). Em Israel, o nome de uma pessoa exprimia a sua missão na vida. Yeshua é uma palavra composta por duas outras: Yavé e Oseias. Em hebraico, estes termos significam “Deus” + “Salvação”. Desde o início, Jesus é chamado por Deus a cumprir uma missão: a de redimir, trazer a salvação. Nos primeiros capítulos do Evangelho, aparece uma espécie de sobrenome de Jesus: Emanuel. Trata-se de outro nome retirado do livro do profeta Isaías 7,14. Isaías anuncia ao rei Acaz o nascimento de uma criança que será símbolo de vida e esperança. Este menino ostentará no nome a designação da sua missão: “Deus está connosco = Emanuel”. Isto constitui uma explicação teológica da pessoa e missão de Jesus. Jesus, porém, nunca foi familiarmente tratado pelo nome de “Emanuel”.

A rresposta esposta de Maria: o Magnificat Maria responde ao anúncio do arcanjo com uma oração a que chamamos “Magnificat”. Trata-se de um texto elaborado e muito enriquecido pelas primeiras comunidades cristãs, que constitui uma proclamação de fé no Deus que veio para salvar os pobres e os simples. Para elaborar este texto, as primeiras comunidades foram buscar algumas frases significativas ao Antigo Testamento, tal como certas frases do cântico de Ana, a mãe do profeta Samuel. Esta mulher era estéril, o que constituía uma grande vergonha e ultraje para uma mulher israelita. Quando Deus lhe concedeu a graça de ter um filho, Ana alegrou-se porque o Senhor a havia resgatado da sua humilhação. No Magnificat também se citam frases dos salmos, nas quais se realça o poder social da salvação de Deus, pois este é um Deus que “derruba do trono os poderosos e ergue os humildes; cobre de riquezas os esfomeados e manda embora os ricos de mãos vazias”. Este cântico, colocado na boca de Maria pelas primeiras comunidades cristãs, ensina-nos uma atitude muito importante para a época natalícia: concretizar a nossa fé em obras efectivas que transformem a realidade social. O canto de Maria opera a união de uma profunda espiritualidade interior com um forte compromisso com a solidariedade e a justiça.

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recursos para a acção 1. Oficina de boas notícias Por vezes, as notícias que recebemos são tristes e desencorajadoras... mas gostaríamos que fossem “boas notícias”. – Formar grupos, os quais devem realizar, em cartolina, um cartaz que anuncie uma boa notícia para as crianças de todo o mundo. Desenhar títulos bonitos e procurar fotografias nas quais apareçam meninos e meninas com um ar feliz. – Cada grupo prepara uma boa notícia e representa-a para os restantes colegas.

2. A fogueir a dos insultos fogueira Para muitos dos teus colegas de turma, a boa notícia seria que desaparecessem todas as alcunhas utilizadas na turma, pois sentir-se-iam melhor se ninguém os insultasse. Cada um escreve num papel todos os nomes que conhece ou utiliza para aborrecer os colegas. Os alunos vão até ao recreio e queimam os papéis nos quais escreveram as alcunhas ofensivas. Comprometem-se, agora, a preparar um Natal sem ofensas. Para se lembrarem disto, colocam no painel de cortiça da sala um cartaz que diga: “Insultos, para a fogueira”.

3. O jornal das boas notícias Nos painéis da turma vamos, este Natal, criar o “jornal de parede das boas notícias”. Todos os dias, os alunos devem colocar no painel um desenho desta colecção, junto ao qual porão um recorte de jornal com uma notícia positiva ou reportagem acerca de assuntos humanitários e solidários. Se não encontrarem nenhuma notícia deste género nos jornais, devem escrevê-la. Podem, igualmente, escolher uma notícia triste e mudar-lhe o final, fazendo-a terminar como mais lhes agradaria. Não esquecer de colocar no painel fotografias bonitas que mostrem um mundo melhor.

4. Carta de agr adecimento a Maria agradecimento A Virgem Maria aceitou ser mãe de Jesus. Graças a ela, Jesus fez-se presente entre nós e mostrou-nos o caminho de amor e solidariedade que conduz a Deus. Escrever uma carta de agradecimento à Virgem Maria por ter cuidado de Jesus.

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