Rezai assim

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Esse livro ajuda a entender o Pai-Nosso, pois foi a única oração que Jesus nos ensinou. Depois da explicação do Pai-Nosso com palavras simples, seguem-se vários textos que nos ajudam a recitar (individualmente ou em grupo) a oração do Senhor.

Pedrosa Ferreira

Pedrosa Ferreira

Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel.: 22 53 657 50 editora@edicoes.salesianos.pt www.edisal.salesianos.pt

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Para conhecer o Pai-Nosso

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Pedrosa Ferreira

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Com as devidas licenças

Ficha Técnica: © 2019 Pedrosa Ferreira © 2019 Edições Salesianas Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto Tel: 225 365 750 www.edisal.salesianos.pt editora@edicoes.salesianos.pt Cavaleiro da Imaculada cavaleiro.imaculada@edicoes.salesianos.pt Publicado em Março de 2019 Design: João Cerqueira Impressão: Uniarte Gráfica S.A. ISBN: 978-989-8850-96-6 D.L.: 453819/19

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Introdução Conta-se que, um dia, Francisco de Assis convidou alguns dos seus frades a participar num concurso. Consistia em ver quem conseguia rezar mais Pai-Nossos durante um dia. Na oração da noite, cada concorrente disse quantos tinha rezado. Os frades foram dizendo números maiores ou menores. Quando chegou a vez de S. Francisco de Assis falar, disse: – Vós rezastes muitos Pai-Nossos, mas eu não consegui terminar sequer um. Quando comecei a rezar Pai, meditei como é grande a ternura de Deus para comigo. Fiquei tão feliz que passei o dia a dizer apenas: Pai!

Este livro pretende explicar de uma forma simples o Pai-Nosso, pois foi a única oração que Jesus nos ensinou. Ele disse: “Rezai assim”. De facto, pode acontecer que, rezando-a com os lábios, o nosso coração não chegue a aquecer. 5

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Na primeira parte do livro está uma breve ­ xplicação das sete petições da oração dominical. e Na segunda parte, estão textos e orações relacionados com o Pai-Nosso e que podemos utilizar na nossa oração pessoal ou em encontros comunitários. Desejamos que este livro ajude o leitor a descobrir cada vez mais a beleza da oração que o Senhor nos ensinou.

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1 Ensina-nos a rezar

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Todas as religiões têm a sua forma de rezar. Mas a oração cristã é diferente, pois foi o próprio Jesus quem disse como devíamos rezar, ­apresentando-se como exemplo. Jesus rezava sobretudo ao fim do dia, retirando-se para um lugar silencioso, quando já era noite e os discípulos estavam a dormir. Certo dia, os discípulos viram Jesus a rezar ao Pai. Ficaram tão encantados com o modo como rezava, que lhe pediram: “Mestre, ensina-nos a rezar”. Foi então que Ele lhes ensinou o Pai-Nosso. Não lhes deixou uma cartilha de orações, mas apenas a oração que nos foi transmitida pelos evangelistas. S. Mateus e S. Lucas apresentam cada qual a sua versão do Pai-Nosso. Isto acontece porque estes dois apóstolos viviam em comunidades com características diferentes. Mas ambas as versões são semelhantes. Nós utilizamos habitualmente o Pai-Nosso do Evangelho de S. Mateus, que consta de sete petições. Três estão relacionadas com Deus: o seu nome, o seu Reino, a sua vontade. E quatro relacionadas connosco: o pão de cada dia, as ofensas, as tentações, o mal. S. Lucas apresenta um Pai-Nosso com cinco petições: “Pai, santificado seja o teu nome, venha o teu 8

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Reino, ­dá-nos em cada dia o pão da nossa subsistência, perdoa os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos exponhas à tentação” (Lc 11, 2-4). O Pai-Nosso, a mais perfeita de todas as orações e o resumo de todo o Evangelho, é uma oração trinitária. De facto, ao dirigirmo-nos ao Pai, fazemo-lo como o seu Filho Jesus nos ensinou. E o Espírito Santo está em nós a d ­ izer-nos, no nosso íntimo, que somos realmente filhos adoptivos de Deus. O Pai-Nosso, por ser a oração do Senhor, é recitado em todas as celebrações litúrgicas: na Eucaristia, nos demais sacramentos e também na Liturgia das Horas, Laudes e Vésperas. O Pai-Nosso é, de facto, a nossa oração principal, pois Jesus disse: “Rezai assim”. É assim que Ele quer que seja a nossa oração. Daí a necessidade de a conhecermos cada vez melhor.

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2 Pai-Nosso que estais nos cĂŠus

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1. Pai

Ao dizermos a palavra “pai”, necessariamente a colorimos com as cores da nossa experiência humana. Pode ser a experiência agradável de um pai que exerce a sua paternidade com sabedoria, ajudando os filhos a crescer felizes. Mas pode ser um pai que, infelizmente, não deixa boas recordações. Todos os pais, por melhores que sejam, têm as suas limitações, os seus defeitos. Qualquer pai é um pálido sinal do amor de Deus para connosco. Apesar de tudo, não temos outra palavra senão esta para nos dirigirmos a Deus na oração. Tentemos perceber como era a experiência de Jesus de Nazaré. Ele tinha uma relação filial de muito afecto com o seu Pai. Utilizou uma palavra tão desconcertante, que os evangelistas quiseram transcrevê-la tal como Jesus a utilizou. É a palavra aramaica “Abba”, que quer dizer paizinho, papá. As suas orações começam com esta palavra cheia de ternura. “Pai, eu te louvo porque escondeste estas verdades aos sábios e as revelaste aos pequeninos”… “Pai, guarda-os no teu amor”. “Pai, que todos sejam um”. “Pai, afasta de mim este cálice…”

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Ao dizermos Pai na nossa oração temos os mesmos sentimentos de relação filial e afectiva de uma criança que se lança nos braços do pai e exclama: “Paizinho, papá”. O Pai de Jesus Cristo e nosso Pai é Amor. Quando falamos de Deus, pensemos num Deus que tanto nos amou, que nos deu este mundo grande e belo; que fez de nós seus filhos adoptivos; que a sua alegria é ver-nos felizes; que tem um coração grande onde cabem todos os nossos nomes; que sofre quando sofremos e alegra-se quando estamos alegres; cujos ouvidos estão sempre atentos às nossas súplicas; que nos dá a sua mão paterna quando caímos para nos ajudar a levantar e a caminhar no caminho do bem. Tanto nos amou que nos enviou o seu Filho para nos salvar do mal, do pecado e da morte eterna. Este é o Pai que invocamos no PaiNosso.

2. Nosso

Ao dizermos “nosso”, estamos a afirmar a nossa condição de irmãos. Por sermos criaturas humanas, criadas à imagem e semelhança de Deus, pertencemos todos à grande família formada pelos povos dos cinco continentes. Qualquer que seja a 13

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cor da pele, todos temos o sangue da mesma cor. Porém, os que foram baptizados têm uma relação especial: são filhos adoptivos de Deus Pai. Jesus é o Filho muito amado do Pai. E nós somos todos irmãos em Cristo. Por isso, quando rezamos ao Pai, dizemos que Ele é nosso, é de todos nós. Não se é cristão sozinho. Os baptizados formam um povo, a Igreja. Ela veio substituir o povo da Antiga Aliança, que congregava apenas os judeus, para se tornar no povo da Nova Aliança, um povo que tem como lei o amor. Jesus disse: “ Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”. E este é e será sempre o sinal distintivo dos baptizados. Para se ser verdadeiramente cristão não basta ter sido baptizado e até frequentar a igreja de vez em quando. O autêntico cristão vive com alegria o mandamento novo do amor, inspirando-nos no jeito de viver de Jesus. Irradia à sua volta o perfume do Evangelho e é no mundo fermento de fraternidade. O facto de sermos um povo unido no amor de Cristo empenha os cristãos a formarem, em primeiro lugar, comunidades vivas onde existe calor 14

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humano, onde as pessoas se sentem acolhidas e escutadas, onde há proximidade, onde os sedentos podem encontrar a água viva que é a Palavra de Deus e os famintos podem ­alimentar-se desse Pão que dá a verdadeira Vida. Em segundo lugar, os cristãos têm também de sair dos adros das igrejas para ir ao encontro dos pobres, dos abandonados, dos rejeitados, dos marginalizados, dos descartados, dos que sofrem no corpo ou no espírito, dos que vivem nas periferias, para lhes levar a alegre notícia do amor, da ternura e da misericórdia de Deus Pai. O sonho de Deus é que toda a humanidade seja uma ­família feliz.

3. Que estais nos céus

Com a nossa linguagem humana dizemos que Deus está nos céus. Na linguagem bíblica, sem os conhecimentos que hoje temos do cosmos e dos astros, a terra era a morada dos homens e o céu era a morada de Deus. Ele residia para além da abóbada celeste. Por isso ainda hoje utilizamos esta linguagem, mas s­ abemos que Deus não habita num espaço determinado. Os astronautas, nas suas viagens espaciais, jamais poderão encontrar a sua morada. Temos de fazer um esforço de fé para imaginar que 15

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Ele, o criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis, não tem uma morada física nas alturas. Deus Pai está presente em toda a parte. Em Deus vivemos, nos movemos e existimos. Por conseguinte, ao rezamos ao nosso Pai que está nos céus, não estamos a situá-lo como alguém que habita em alguma parte do universo e de lá do alto nos contempla. É certo que não o vemos, mas nem tudo que existe se vê. Também não vemos o calor que nos acalenta nos dias de frio ou a brisa da tarde que nos refresca. Santa Teresa de Ávila recordava às suas religiosas carmelitas que podiam encontrar-se com Deus em todo o lado, e não apenas na igreja. Dizia-lhes para sentirem a sua presença também na cozinha, entre os tachos e as panelas. Trata-se de uma presença singular, única, que não podemos descrever, pois a Deus nunca ninguém o viu, a não ser o seu Filho Jesus. Deus está também presente, de modo singular, no nosso íntimo mais íntimo. Faz do nosso coração a sua morada. Acreditamos que Ele está realmente muito ­próximo de nós, que nos envolve com a sua presença de Pai cheio de ternura, que nos conhece 16

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perfeitamente com os nossos defeitos e virtudes, que de muitas maneiras fala ao nosso coração, que nos escuta durante as vinte e quatro horas do dia; vivemos mergulhados no oceano do seu amor, para Ele valemos muito mais que as aves do céu e os lírios do campo. Mesmo quando lhe voltamos as costas, Ele nunca nos abandona, nunca nos deixa de amar. E tanto nos amou que nos deu o seu Filho Jesus Cristo.

Oração

Senhor, nosso Deus e nosso Pai, nós vos louvamos pelo vosso imenso amor, amor paternal e maternal, que não podemos descrever com palavras do nosso dicionário. Nós Vos pedimos que nos ajudeis a corresponder à vossa ternura para connosco, amando os nossos irmãos, sobretudo os mais pobres, os mais frágeis, os mais abandonados. Por Cristo, Senhor nosso. Amen. 17

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Pai-Nosso da alegria O cristão é alegre, pois a alegria é um dom do Espírito Santo. Podemos, pois, comentar o Pai-Nosso, alegrando-nos por ver que há quem o pratique. Pai-Nosso que estais nos céus Alegrai-vos porque, nesta sociedade onde há tantos ateus, há pessoas que vivem em busca do Deus vivo e verdadeiro que sacie a sua sede de felicidade. Santificado seja o vosso nome Alegrai-vos porque há pessoas que santificam e glorificam a Deus na prática das boas obras, sendo no mundo uma luz que ilumina os que vivem nas trevas do mal. Venha a nós o vosso reino Alegrai-vos porque há muitas pessoas empenhadas em trabalhar no reino de amor e paz, como leigos ou como sacerdotes e religiosos.

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Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu Alegrai-vos porque, como Maria de Nazaré, há muitos cristãos que, escutando a Deus, dizem: “Eis-me aqui, Senhor, para cumprir a vossa vontade”. O pão nosso de cada dia nos dai hoje Alegrai-vos porque há pessoas que se organizam para repartir o pão e outros alimentos com os sem-abrigo, com famílias onde falta o pão de cada dia. Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido Alegrai-vos porque sabemos que Jesus é o rosto visível do amor e da misericórdia de Deus, ­sempre de braços abertos para acolher os pecadores. Não nos deixeis cair em tentação mas l­ ivrai-nos do mal Alegrai-vos porque, mesmo contra a corrente, há muitos cristãos que resistem às tentações do demónio e optam pelo caminho do bem.

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Índice Introdução....................................................................................5 Ensina-nos a rezar.......................................................................7 Pai-Nosso que estais nos céus.................................................11 Santificado seja o vosso nome................................................. 19 Venha a nós o vosso Reino...................................................... 25 Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu..................................................... 31 O pão nosso de cada dia nos dai hoje.................................... 35 Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido............................ 41 Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal............................................................... 47 Textos acerca do Pai-Nosso Para ler, meditar e orar............................................................. 51 Abba, Pai........................................................................................... 52 Venha o Vosso Reino..................................................................... 54 Glorificai a Deus............................................................................. 56 Faça-se a Vossa vontade..............................................................58 O pão nosso de cada dia.............................................................60 Perdoai as nossas ofensas ......................................................... 6 1 Não nos deixeis cair na tentação............................................... 62 O Pai-Nosso e Maria.....................................................................64 Deus comigo...................................................................................66 Pai-Nosso de Deus........................................................................ 67 Pai-Nosso da família.....................................................................69 Pai-Nosso da fraternidade.......................................................... 7 1 Pai-Nosso da misericórdia........................................................... 73 Pai-Nosso da paz............................................................................74 Pai-Nosso de Fátima..................................................................... 76 Pai-Nosso da alegria..................................................................... 78

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Esse livro ajuda a entender o Pai-Nosso, pois foi a única oração que Jesus nos ensinou. Depois da explicação do Pai-Nosso com palavras simples, seguem-se vários textos que nos ajudam a recitar (individualmente ou em grupo) a oração do Senhor.

Pedrosa Ferreira

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