Dom Bosco hoje

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ÁNGEL EXPÓSITO

DOM BOSCO HOJE Entrevista ao Padre Ángel Fernández Artime Décimo sucessor de D. Bosco


Ficha Técnica © Libreria Editrice Vaticana, 2015 © ROMANA EDITORIAL, S.L. 2015 © 2015 Edições Salesianas Rua Dr. Alves da Veiga, 124 Apartado 5281 4022-001 Porto Tel: 225 365 750 Fax: 225 365 800 www.edisal.salesianos.pt edisal@edicoes.salesianos.pt Publicado em Novembro 2015 Tradução: Delfim Santos Capa: Paulo Santos Paginação: João Cerqueira / Carlos Nunes Impressão: Tadinense AG ISBN: ??????????????????????????????????????????????????????????? D.L.: 401396/15


Prefácio de ÓSCAR ANDRÉS RODRÍGUEZ MARADIAGA, SDB Cardeal Arcebispo de Tegucigalpa Coordenador do Conselho Cardinalício do Papa Francisco A primeira notícia que tive sobre este livro “Dom Bosco Hoje” foi quando a editora me convidou a participar nele, escrevendo o prefácio, começando por me dizer, como motivação altamente persuasiva, que se tratava de uma entrevista documentada, conduzida pelo jornalista espanhol Ángel Expósito, feita ao nosso Reitor-Mor. Perante esta proposta não podia resistir e aceitei de imediato. Quando o editor me explicou que, além do Padre Ángel Fernández Artime, atual Reitor-Mor, iriam participar sobre o mesmo tema especialistas em Dom Bosco, todos de elevado nível e de grande reputação, contribuindo cada um com um material muito rico que interage com o que o Reitor-Mor refere nos 12 temas sobre que incide a entrevista, o meu entusiasmo em ler o projeto cresceu, e com enorme prazer comecei a ler, a refletir, a aprender, a admirar e a rezar com este livro maravilhoso. Tenho a certeza de que vai acontecer o mesmo com todos os leitores desta entrevista preciosa. Tratando-se de Dom Bosco, não podia senão aceitar a colaboração que me foi pedida; de facto, aceitei imediatamente o encargo de escrever o prefácio para o livro “Dom Bosco 5


Hoje” com um verdadeiro amor. A sua leitura foi para mim como que uma iguaria suculenta servida em prato apetitoso em que se podem perfeitamente distinguir os ingredientes e os sabores, os aromas e as especiarias, conferindo-lhe um sabor de qualidade inquestionável. É um exemplo que tem a ver com uma boa comida, porque é mesmo assim. Eu estava ansioso por ler alguma coisa de fresco, agradável, coerente e articulado sobre D. Bosco. E encontrei tudo isso no livro “Dom Bosco Hoje”. Sou sincero ao dizer que, no contexto do bicentenário do nascimento de S. João Bosco, este livro serviu-me de estímulo para “voltar a D. Bosco”. Porque não quero abandonar os jovens, por serem a razão da minha escolha evangélica desde aquele 3 de maio de 1961, quando professei na Sociedade de S. Francisco de Sales. O tema de D. Bosco mexe com a minha sensibilidade vocacional mais íntima; mesmo servindo a Igreja no ministério episcopal, sou um salesiano e digo-o onde quer que vá porque amo a minha vocação. Sou bispo por obediência, mas salesiano por vocação. O livro que temos entre mãos é muito agradável e cheio de abordagens pastorais, com doutrina e contributos de peritos de grande habilidade e clareza que completam as respostas dadas pelo Padre Ángel Fernández e desenvolvidas nos diversos temas. Digo que o enriquecem, não que o completam; as respostas do Reitor-Mor não pecam por qualquer imprecisão ou superficialidade, mas vários especialistas envolvidos nas chamadas “fichas”, proporcionam uma achega académica que serve como reforço ao que ele disse. Desde o primeiro tema, “Quem foi o Padre João Bosco”, percebe-se que o Reitor-Mor tem a sua própria visão histórica sobre muitos temas e eventos que influenciam o presente e aludem ao ser e ao trabalho da missão salesiana nos vários palcos contemporâneos: o papel 6


das mulheres, as redes sociais, a migração, a globalização, enfim, todas as novas fronteiras. Não sei se noutras Congregações e famílias religiosas se referem ao Superior geral, sobretudo se o fundador é um Beato ou um Santo canonizado, como o “Sucessor” do seu Fundador, mas entre os Salesianos, sim. No contexto salesiano, ao falar do Reitor-Mor da Congregação, pode-se usar perfeitamente a expressão “Sucessor de D. Bosco” como sinónimo: é uma prática legítima da tradição da Família e aceite como uma verdade indiscutível. Assim, o Padre Ángel Artime é o sucessor de D. Bosco e como tal é considerado o verdadeiro pai que dá continuidade à obra do pai primeiro e original, que é D. Bosco. Não é uma genealogia de tipo natural, mas espiritual. O título “Sucessor de D. Bosco” tem muito de memória, de presença e de futuro. Por isso o título do livro - “Dom Bosco Hoje” -, penso que tem aquele sentido tão especial, porque ao referir-se ao D. Bosco histórico, neste bicentenário (1815 - 2015), é o atual Reitor-Mor que expõe o seu magistério, transmitindo com ­ beleza e com vigor experiências pessoais e elementos doutrinais que nos fazem pensar que D. Bosco continua vivo no meio de nós, pela graça do carisma, pelo dom da unicidade e da fidelidades dinâmica da Família que ele fundou, composta por 30 grupos diferentes nascidos da sua força e pela sua expansão, facto a que o beato Paulo VI chamou de “o fenómeno salesiano”. A obra de D. Bosco no mundo é uma única e vigorosa árvore com múltiplos ramos e à sua benéfica e santa sombra se recria e nutre o vasto mundo juvenil. Acrescento que a palavra “jovem” é a mais citada neste livro e o décimo “Sucessor de D. Bosco”, tem para com os jovens o mesmo coração de pai, mestre e amigo do Fundador.

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O livro está escrito com o olhar posto nos jovens. E nos jovens está o futuro da Obra de D. Bosco. Eu afirmo que eles são a sua chave de leitura. O Padre Ángel Fernández Artime responde a todos os temas com mentalidade moderna, com um olhar lúcido e atual, como um cidadão deste século, mas com um respeito devoto e honesto pelo passado; nota-se que ele está enamorado de D. Bosco. E quando se trata de aludir a tópicos biográficos da sua história, ou que se reportam à sua vida pessoal, o Padre Ángel sabe referir-se à sua vida com uma franqueza e uma simplicidade que denunciam o seu nobre coração e a sua vida coerente com a vocação que incarna. A história da sua vocação é atraente; o que pensa da vida religiosa é realmente comprometedor porque a define com grande clareza, o que propõe do laicado comprometido e o que sonha para os jovens, mostra-o como um pastor com um coração de pai ou como um pai com personalidade de pastor. O título particulariza um “Hoje” para nos falar da sua atualidade histórico-biográfica, e também ­dinâmico-carismática, de tal forma que ao lê-lo, à medida que se desenvolvem os doze preciosos temas que engloba, conhece-se D. Bosco em chave atual (Hoje), mas explicado pelo Sucessor de D. Bosco de hoje. Desta forma a palavra “Hoje” não tem apenas um sentido de contextualização histórica e literal; tem também um sentido metafórico, remetendo-nos para o próprio D. Bosco, manifestando-nos quem é o seu atual Sucessor, reconhecendo entre ambos uma afinidade singular. O termo “Hoje” não é só uma palavra que apela à contemporaneidade em que vivemos; é também um parâmetro de referência que evoca uma atualização. 8


D. Bosco é um santo fascinante pela sua personalidade e eloquente pelas suas obras. É o Pai fecundo que tem à volta da sua mesa muitos filhos que, “como ramos de oliveira”, se multiplicaram portentosamente em 132 países. Da sua rica e poliédrica personalidade, se pode falar e escrever sem limite. Mas o facto de ser o seu décimo Sucessor a falar-nos de D. Bosco tem uma carga de magistério verdadeiramente especial. O livro agradou-me imenso. Encantou-me. Vi ângulos da vida de D. Bosco e perspetivas muito lindas e bem documentadas que o torna sólido e – como já disse antes – consistente e articulado. As perguntas feitas pelo jornalista Ángel Expósito, por serem inteligentes e bem formuladas, deixam espaço para respirar, para dizer as coisas com serenidade e objetividade. Na entrevista o escritor Ángel Expósito pergunta ao ­ eitor-Mor: Pode-se imitar… deve-se imitar a figura de D. Bosco? R E ele responde com uma síntese que encerra todo o postulado essencial salesiano, o princípio evangélico da caridade pastoral: “No essencial, nas suas grandes opções e no carismático, sim, com certeza. A situação social atual é claramente muito diferente da vivida por D. Bosco, mas o mais fascinante para um salesiano, para um membro da Família salesiana, é procurar ter as mesmas atitudes, ter o mesmo estilo como educadores de adolescentes e de jovens. Nós, à maneira de D. Bosco, temos de nos concentrar, como educadores, nos meninos e meninas, adolescentes e jovens, ‘a parte mais preciosa da sociedade’, conforme a convicção do próprio D. Bosco. Portanto, as decisões que viermos a tomar devem ser feitas sempre em seu favor. É esta a chave da atração que sentimos por D. Bosco na Família salesiana. O seu grande coração de ‘Bom Pastor’ até ao ponto de dar a vida pelos seus jovens”. 9


Até esse ponto chega o amor de D. Bosco, até dar a vida pelos seus jovens. Para lá disto só existe o Céu, a condição da plena felicidade a que D. Bosco nos convida dizendo “espero-vos a todos no paraíso”. Tegucigalpa, 19 de março, festa de S. José, Padroeiro da Sociedade Salesiana ÓSCAR ANDRÉS RODRÍGUEZ MARADIAGA, SDB

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Apresentação do Padre ÁNGEL FERNÁNDEZ ARTIME Reitor-Mor da Congregação Salesiana Décimo Sucessor de D. Bosco Foi-me oferecida a oportunidade de saudar afetuosamente todos os leitores que se disponham a ler o livro que agora tendes entre mãos. Significa isso que já nutris simpatia pela figura de S. João Bosco, ou estais ligados de alguma forma à nossa realidade educativa e juvenil salesiana no mundo, ou, s­ implesmente, tendes curiosidade e desejo de conhecer o “pai e mestre da juventude”, como João Paulo II definiu D. Bosco em 1988, ano da celebração do primeiro centenário da sua morte. A todos vós, as palavras que quero dirigir são de sincera gratidão. O sentimento que me inunda, ao escrever estas linhas, é de agradecimento a tantas pessoas que estão a colaborar nas várias celebrações em honra de D. Bosco por ocasião do bicentenário do seu nascimento. Mas permiti antes de tudo, que vos conte como nasceu a ideia desta obra. Ia para Roma, numa das minhas viagens, quando o editor, que tornou possível esta publicação, me reconheceu enquanto eu estava à espera para recolher a minha bagagem e perguntou-me se eu era o Reitor-Mor dos salesianos. Surpreendido, respondi com um sim tímido. Com a simpatia de quem está habituado a que os seus projetos de futuro se 11


concretizem, disse-me que, sendo o ano do Bicentenário de D. Bosco, a sua casa editora desejaria publicar um livro com uma entrevista minha. Fiz-lhe notar que uma entrevista, enquanto tal, talvez não conseguisse despertar muito interesse, mesmo podendo representar uma oportunidade para dar a conhecer, pelo menos em rápidas pinceladas, alguma coisa sobre a figura deste gigante dos jovens que é D. BOSCO. Não nos precipitamos na resposta para deixar amadurecer a ideia, e, quando chegou o momento, tive a agradável surpresa ao saber que Ángel Expósito, um conhecido jornalista da rádio e da televisão espanhola, seria o entrevistador. Ao mesmo tempo, fiz saber ao editor que os meus conhecimentos sobre D. Bosco são muito menos aprofundados do que o de outras pessoas que poderiam ilustrar, de forma sintética, mas com grande exatidão, quem e como era D. Bosco. E chegamos a um acordo sobre a possibilidade de uma colaboração. Assim, conjuntamente com a entrevista de Ángel Expósito, trouxe umas fichas, fruto da ajuda de salesianos e de filhas de Maria Auxiliadora, especialistas no tema, que podereis ler, acerca de D. Bosco. Pessoalmente, parecem-me uns textos muito belos, breves e cuidados, escritos por pessoas de reconhecida formação académica. Falta-me acrescentar que este livro pretende ser, seja na intenção do editor, seja na de Ángel Expósito, como da minha parte e de quantos, de alguma forma, o tornaram possível, uma simples mas afetuosa homenagem a D. Bosco neste ano Bicentenário do seu nascimento. Se esta obra for um meio de dar a conhecer a sua figura e a sua entrega vital aos jovens privados de afeto e de meios, de Valdocco e de todos os tempos, terá valido a pena este esforço. 12


Faço votos sinceros para que os leitores e leitoras destas páginas se sintam bem, frente a estas pinceladas de história, que são uma leitura simultânea de vários temas, lendo-os com o olhar do educador de jovens, e porta-voz neste momento da realidade do carisma de D. Bosco em todo o mundo salesiano. Concluo expressando publicamente um imenso agradecimento ao Papa Francisco que achou oportuno estar presente em Valdocco, este ano. A sua visita à basílica de Maria Auxiliadora e aos outros “lugares sagrados salesianos” é, para toda a Família salesiana, mais um motivo para sermos fiéis ao nosso trabalho pastoral e educativo em favor dos jovens, especialmente dos mais pobres. Obrigado a todos pela vossa cortesia e pela vossa gentileza em vos abeirardes destas páginas. Padre ÁNGEL FERNÁNDEZ ARTIME

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Introdução A melhor maneira de aprofundar alguma coisa, para escrever um livro, para pesquisar “sem limitações” uma história ou um personagem é… aprender. E para um jornalista, como eu que vivo cada dia, que digo?, que vivo cada minuto senão cada segundo – como acontece na rádio -, para alguém que trabalha assim, poder passar horas e horas a ler com calma, arranjando tempo para um trabalho de documentação e poder falar com o Padre Ángel Fernández Artime… que posso dizer? Caro leitor, tudo isso é impagável. Procuramos em cada momento, como certamente acontece com a comunidade salesiana no mundo, pensar que D. Bosco está aqui. E vai ler o livro. E colabora na elaboração dos textos que refletem a sua vida, a sua obra e as tendências que marcou no social, no religioso e no educativo. E sobretudo no que supôs e supõe para os jovens. O que procuramos fazer antes de mais nada – e pensamos tê-lo conseguido – foi retratar com fidelidade a D. Bosco: quem foi, que fez na vida e o que construiu. O que é que dele ficou em nós. Para isso, quisemos também pintar com cores os seus lugares e, naturalmente, antes de qualquer outro, Valdocco, o oratório “impossível” às portas de Turim. Aquele laboratório de sonhos, de ideias e de realidades, qual delas a mais complexa. Aquele centro de jovens que lançou uma marca indelével nos moldes educativos e se tornou até um exemplo para a Igreja. 15


Como quisemos perspetivar D. Bosco em nossos dias, enfrentamos os problemas reais e de fundo do nosso mundo, insistindo no problema mais importante do mundo inteiro, do mundo mais ou menos desenvolvido: a educação ou, o que é a mesma coisa, o desenvolvimento. É evidente como, desde o primeiro instante, quando se mergulha na obra de D. Bosco, a chave radica no modelo de formação profissional para os rapazes e raparigas, aquela formação artesanal que nessa altura se chamava instrução e trabalho; formação e educação como binómio essencial da instrução, não só para aprender, mas também para formar os jovens segundo todo o significado do termo. E assim chegamos ao Sistema Preventivo. No livro, e em particular na entrevista, numerosas vezes aparece a ideia de “D. Bosco precursor dos seus tempos”. E é verdade. Particularmente foi assim no que se refere ao que ficou conhecido, e ainda é, como o Sistema Preventivo. É possível que hoje se veja este modelo educativo à luz da normalidade dos tempos, dos direitos humanos e dos da infância, mas conseguir imaginá-lo naquele tempo… custa muito. Para lá das linhas inovadoras nos séculos XIX e XX, procurámos olhar para aquilo que influenciou este homem para ter sido como foi. E, naturalmente, a figura de Mãe Margarida aparece no “frontispício” da sua personalidade. Achamos muito gratificante constatar como a figura da sua mãe, as separações, as ideias, a disciplina e a humanidade daquela senhora fizeram com que Joãozinho Bosco fosse o que foi. Antes de se afirmar como fundador dos salesianos, durante a sua missão e nos seus últimos anos, a Mãe Margarida foi 16


fundamental para a personalidade e para o exemplo quotidiano de Joãozinho, do padre João e de D. Bosco. Ao olhar para a sua obra, quisemos confrontar aqueles sonhos com a realidade do hoje e do amanhã em todo o mundo. E acompanhar o leitor a partir dos sonhos de D. Bosco até às realidades mais complexas do século XXI: a migração, as novas tecnologias, a política internacional, a economia, o desenvolvimento e o subdesenvolvimento, a igualdade entre homens e mulheres. Pusemo-nos a nós próprios uma interrogação em ‘muuuuuitas’ ocasiões durante a elaboração do livro e nas suas próprias páginas: “O que é que faria hoje D. Bosco diante de tudo isto?” E demo-nos uma resposta. Assim iniciámos pelos seus sonhos, tão reais como oníricos, e continuámos a indagar sobre o papel dos leigos que nessa altura eram autênticos revolucionários e hoje essenciais para a vida dos salesianos; concentrámo-nos, portanto, sobre as mulheres e as raparigas que D. Bosco ajudou e continua a ajudar, prosseguindo com aspetos porventura novos pela originalidade, mas não banais, como o papel de D. Bosco comunicador. Considero importante – a necessidade de comunicar – pois que, para o bem e para o mal, nos encontramos numa sociedade mediática e mediatizada. D. Bosco percorreu os tempos como um verdadeiro e autêntico futurólogo, no respeitante aos meios de comunicação e à necessidade de “vender” a mensagem. Por fim, nota-se como no livro os vários capítulos da entrevista com o Padre Fernández Artime e as respetivas fichas de documentação apresentam um denominador comum. Quer se queira quer não, a história repete-se… Fazendo um cálculo, a palavra que mais aparece neste trabalho é “jovens”. É verdade. Porque essa foi a sua vida. A vida de D. Bosco foi 17


para os jovens. E o trabalho diário da comunidade salesiana, em qualquer parte do mundo onde aconteça, é para os jovens. Desta maneira, instintivamente, digo obrigado pela ideia e, sobretudo, obrigado por pensar que quem escreve – este “simples cronista” – estaria à altura de refletir sobre alguém como D. Bosco e exatamente no Bicentenário do seu nascimento. ÁNGEL EXPÓSITO

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Capテュtulo 1

QUEM FOI O PADRE JOテグ BOSCO


Que motivos há para celebrar 200 anos do nascimento de D. Bosco, dedicando-lhe um ano inteiro de celebrações? Sobretudo porque D. Bosco, um piemontês universal, é património da Igreja e da própria humanidade. Celebramos o seu nascimento, duzentos anos depois, porque não o podemos silenciar, tendo em conta a sua personalidade e a sua importância para a Igreja, para os jovens de todo o mundo e suas famílias e pelo que representou a nível educativo, com a sua pedagogia e o modo de educar integralmente os jovens. Tudo isto o torna um santo absolutamente atual em todos os continentes. Um ano completo, porque é uma ótima ocasião para continuar a dar a conhecer a sua figura nos 132 países em que está presente a sua obra. Considera que a figura de D. Bosco pode servir de guia para os dias de hoje? Porquê? Tenho de responder rotundamente que sim. E digo-o porque a sua figura é tão atual que continua a cativar os corações dos adolescentes, dos jovens e das suas famílias nos cinco continentes. É um santo que “atrai” sobretudo pela sua proximidade. D. Bosco continua a surpreender à medida que o vamos conhecendo. Por isso é que nós, que fazemos parte da sua família religiosa, temos o dever de dar a conhecer tudo o que para ele foi importante Em que aspetos D. Bosco se adiantou aos tempos que lhe coube viver? Certamente, penso que se poderia dizer que não foi apenas um santo do seu tempo, mas também que foi um precursor do seu tempo. D. Bosco foi um santo “do concreto”, “do 20


quotidiano”, na sua opção preferencial pelas crianças e jovens, especialmente os mais pobres. No século XIX, em plena expansão do desenvolvimento industrial, foram muitos os fundadores e as fundadoras de congregações religiosas e diversas associações que procuravam enfrentar e ajudar as pessoas pobres, os grandes desequilíbrios sociais, e as tremendas marginalizações. O que é que o tornava assim tão especial? O que fazia de D. Bosco uma pessoa especial era a sua predileção preferencial pelos jovens e, dentre eles, os mais desfavorecidos e pobres. Com efeito, o que causa admiração a muita gente é a grande atualidade que a sua figura tem em qualquer parte do mundo. A razão reside, precisamente, em que o seu olhar e o seu pensamento, o seu trabalho e o seu coração, estiveram voltados para os jovens. E embora os jovens de todos os tempos sejam diferentes, mesmo assim, são iguais. Digo iguais no sentido que têm um grande coração capaz de dar o melhor de si mesmos quando se sentem estimados e sentem que são respeitados, levados a sério e importantes para alguém. Poder-se-ia dizer, com razão, que foi um revolucionário; o próprio Papa Francisco fala nestes termos… Na minha opinião o Papa Francisco “acerta no alvo” quando diz, e di-lo para nós cristãos, que é preciso “fazer barulho”, “sair para fora” e defenestrar-se (atirar-se pela janela fora). O Papa desafia a quem se sente membro da Igreja, a ser uma Igreja pobre, de pobres e para os pobres. Olhando para trás, D. Bosco vivia isto como um dever. E também foi inovador porque, quando milhares de rapazes não tinham nenhum 21


futuro, em pleno século XIX, não se conformou com algo ocasional, mas enfrentou o problema com um olhar rasgado e deitou mãos ao trabalho. A grande inovação foi que acreditou neles, arriscou, e apostou em educá-los e prepará-los para a vida, com a sensibilidade de cidadania e de fé que ele possuía. Pode-se imitar… deve-se imitar a figura de D. Bosco? No essencial, nas suas grandes opções e no carismático, sim, com certeza. A situação social atual é, claramente, muito diferente da vivida por D. Bosco. Mas o mais fascinante para um salesiano, para um membro da Família salesiana, é procurar ter as mesmas atitudes, ter o mesmo estilo como educadores de adolescentes e de jovens. Nós, à maneira de D. Bosco, temos de nos dedicar, como educadores, aos meninos e meninas, adolescentes e jovens, ‘a parte mais preciosa da sociedade’, conforme a convicção do próprio D. Bosco. Portanto, as decisões que viermos a tomar, devem ser feitas sempre em seu favor. É esta a chave da atração que sentimos por D. Bosco na Família salesiana: o seu grande coração de ‘Bom Pastor’, até ao ponto de dar a vida pelos seus jovens. Quem é Ángel Fernández Artime, Reitor-Mor dos salesianos no mundo? Quem responde a esta pergunta não é ninguém especial. É apenas um sacerdote salesiano, espanhol, asturiano, oriundo de uma família modesta de pescadores e que, com esse algo misterioso e inexplicável que há em qualquer vocação, sentiu poder ser feliz dedicando a própria vida aos outros e, sobretudo, aos jovens. Assim tenho vivido até hoje. E o meu serviço atual é simplesmente este, um serviço que pretendo viver com plena 22


paixão e generosidade em prol dos meninos, das meninas, dos adolescentes e jovens de todo o mundo através da nossa Congregação e de toda a Família salesiana. Encontro-me muito feliz como salesiano. Agradeço a Deus porque sinto que a minha vida está repleta de significado, muito cheia. E espero ter força e saúde para dar o melhor de mim ao serviço dos outros. Sou apenas isto. Como nasceu a vocação de Ángel Fernández Artime? Quantas vezes me fizeram essa pergunta! E reconheço que em cada uma dessas ocasiões, a sinto e vivo como uma nova oportunidade para tomar consciência de uma realidade que, vista com os olhos de hoje ou de há dez anos atrás, me deixa surpreendido. E não posso passar sem perceber a intervenção de Deus na minha vida através de algumas presenças humanas (mediações). Eu era um simples rapaz de Luanco, uma pequena aldeia de pescadores nas Astúrias. Um dia de verão, de manhã, o meu pai, pescador por conta própria que tinha um pequeno barco, estava à porta de casa a preparar o “palangre” (anzol em que se prende o isco). À tarde ia para o mar para o lançar à água, esperando apanhar congro. Eu estava ao seu lado a esticar o “nylon” (em termos marinheiros diz-se tanza). Uma senhora já de idade, da província de León, que passava o verão na nossa aldeia como turista, passeava por ali, e ficou admirada com o que o meu pai estava a preparar. Parou a falar com ele, perguntou-lhe o que fazia, e mais isto e mais aquilo, e finalmente disse-lhe que gostaria de dar, qualquer dia, um passeio de barco. O meu pai, como costumavam fazer os pescadores da

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minha aldeia nesse tempo, disse-lhe que não havia problema, e que a levaria qualquer domingo a dar um passeio de barco. E chegou esse domingo. O meu pai disse-me para ir chamar a D. Maria – era assim que se chamava – para dar o passeio. Lá fui eu, com a minha irmã, a passar um par de horas. A amizade de D. Maria com os meus pais foi crescendo e os encontros em família sucediam-se de mistura com algum jantar de bom peixe. Assim se passou esse verão, e depois mais outro. Por fim, D. Maria, que já me conhecia bem, disse aos meus pais porque é que não me mandavam estudar para fora da aldeia, talvez para ter mais oportunidades nessa altura (1970). Ela conhece uns frades, (era assim que os chamava), que têm colégios e trabalham muito com os rapazes. Os meus pais perguntaram-me o que é que eu pensava sobre isso, e eu não fui capaz de dizer uma palavra que fosse. Observaram à D. Maria que a economia da casa era apertada e que não seria fácil. Mas ela fez-lhes ver que com um pouco de sacrifício talvez fosse possível e que isso seria o melhor para mim. E aquele “garoto”, Ángel, deixou a sua terra… Com efeito, no ano a seguir, deixei a escola da aldeia e comecei a estudar o liceu no Colégio Salesiano de Astudillo (Palência), a 280 Km. da minha aldeia. Posso dizer neste momento, que 44 anos depois, recordo perfeitamente a primeira viagem, a chegada ao Colégio, os companheiros, tudo… De mim mesmo posso dizer, sem que soe a falsa modéstia, que era um rapaz responsável e trabalhador. Em casa inculcaram-nos isso desde pequenos, e a ser muito honrados e sinceros. Na família não havia lugar para a mentira. 24


No Colégio, embora sentisse saudades e a distância dos meus pais e demais família, senti-me bem, com bons amigos, com um ritmo diário muito preenchido, muito ordenado... E assim fui passando ano após ano, sendo, é verdade, bom estudante. Era um rapaz feliz. Mas, ao terminar o 4º Ano do liceu, penso que cansado pelo ambiente muito exigente e disciplinado do Colégio de Cambados (Pontevedra) onde cursei o 2º, 3º e 4ºanos do liceu, senti a vontade de terminar e não regressar ao Colégio no ano seguinte. Mas alguém se cruzou novamente no seu caminho… Estava absolutamente decidido. Ia dizê-lo aos meus pais e sabia que respeitariam a minha decisão, porque era o seu estilo. Aconteceu que ao falar do meu problema com um Salesiano, ele aconselhou-me a não o fazer, que confiasse nele, porque no novo Colégio, Centro D. Bosco de León, para fazer o 5º e o 6º anos do liceu, ia sentir-me bem. Que nos iam tratar de forma mais pessoal e madura. Eu acreditei nele e não disse nada aos meus pais. Fui à terra no verão e continuei a ir ao mar com o meu pai, à pesca, como fazia todos os verões desde os meus treze anos. De modo que comecei o novo ano no novo colégio. Aconteceu tudo como me haviam dito. Assim passei os últimos três anos, com a admissão à universidade incluída, crescendo também sob o ponto de vista religioso.

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E quando é que aparecem os salesianos a dizer para ficar com eles? Em todo esse tempo, como disse, passei o verão a trabalhar no mar e todos os anos consegui uma bolsa para os meus estudos, e apresentei no último ano o pedido para estudar medicina ou química na universidade. O caso é que com isto tudo perspetivado e com uma magnífica bolsa para estudar na universidade, chegado o momento, disse aos meus pais que gostaria de fazer a experiência para ver se a vida salesiana poderia ser para mim, pois me agradara o vivido nesses anos, apesar de tudo. E devo afirmar, com justiça, que me agradara especialmente a maneira como os salesianos nos tinham tratado, durante todos aqueles anos, a mim e aos meus companheiros. Ao comunicar isto aos meus pais, disseram-me para fazer o que entendesse ser melhor para mim, que a vida era minha, e que, se isso me fazia feliz, eles também ficariam muito contentes. Foi importante essa atitude dos seus pais? Muito. Estou convencido que uma resistência, por pequena que fosse, da parte dos meus pais, ou se me dissessem simplesmente que precisavam de mim, eu teria mudado a minha decisão. Porque estava consciente do que isso significava para a família e para o meu pai, a quem já não poderia ajudar no mar. Contudo, a sua resposta foi essa. Fui para o noviciado de Mohernando (Guadalajara). Um ano depois, fiz a primeira profissão religiosa e iniciei os estudos de filosofia em Valladolid, no Instituto Superior de Filosofia dos Padres Dominicanos. Entre os jovens salesianos e outros religiosos e religiosas, e alguns leigos (rapazes e raparigas universitários) tínhamos um ambiente esplêndido, que, sem 26


dúvida, mais me ajudou a continuar, saboreando este caminho de vida que estava a empreender. E que leitura faz agora de tudo isso com a perspetiva que tem? Tenho feito muitas vezes uma leitura da minha vida passada. Não posso senão fazer uma leitura crente do que aconteceu: muitas e muitas vezes pensei que este meu percurso vocacional não foi calculado nem teve “campanha vocacional”, nem foi programado. Mas teve mediações, mediações surpreendentes para mim, sempre com Deus a meu lado: assim, mediação foi D. Maria; mediação foi ir para um colégio salesiano (congregação perfeitamente desconhecida da minha família e dos meus conterrâneos); mediação foram os meus pais que não disseram que não… tantas mediações!, na vida de um rapazinho simples de uma aldeia de pescadores. Qual foi o seu caminho até chegar a ser Reitor-Mor? Mais do que caminho, porque isso cheira a “carreira” e vejo-me muito longe de quem procura ascensões, fazer carreira na Igreja, o que posso descrever é o meu devir no passar dos anos na Congregação e os serviços que me foram confiados. Em síntese: depois das etapas de formação, e uma vez ordenado sacerdote, fui coordenador de pastoral no Colégio Salesiano S. Ángelo de Avilés. A partir daí, ofereceram-me a oportunidade de continuar a estudar na Universidade Complutense, para fazer o 4º e 5º ano da licenciatura em Filosofia, secção de Filosofia Pura. Ao mesmo tempo, na Pontifícia de Salamanca em Madrid pude fazer a licenciatura em Teologia Pastoral. Depois prestei o meu serviço durante sete anos como delegado de pastoral 27


juvenil, coordenador do voluntariado juvenil e missionário e Vigário provincial. Em seguida, prestei o meu serviço como Provincial na Província de Santiago Maior com sede em León, que compreendia toda a Galiza, Astúrias e parte de Castilha e León. Terminado este serviço fui, durante três anos diretor da Casa salesiana de Orense. Até que chegou a etapa na Argentina… Nos cinco anos seguintes, até chegar ao Capítulo Geral e a este momento, foi-me pedido o serviço de Provincial na Argentina. Nos fins de 2013 terminado o meu serviço na Argentina, estava preparado para prestar um serviço parecido na nova Província salesiana da Catalunha, Valência, Andaluzia e Ilhas Canárias e Baleares. Não cheguei a começá-lo por ter de ficar em Roma. Que sentiu ao ser nomeado Reitor-Mor? Na noite anterior, depois da votação/sondagem que deu como possível essa eleição, senti a inquietação de quem sente que esse “cálice” deveria recair noutra pessoa, maís capaz, mais bem preparada. Dito de outra maneira, como se costuma dizer, não fui capaz de pregar olho. Pela manhã, antes de iniciar a sessão da eleição confiei-me e abandonei-me ao Senhor; pus-me em suas “mãos” e aceitei o que viesse a acontecer (no caso de suceder alguma coisa que me atingisse). Posso dizer que, a partir desse momento, tive uma grande paz, serenidade, até agora, bem como muita alegria pelas vivências e pelas coisas maravilhosas que me são dadas viver e que o Senhor e os Irmãos nos diversos lugares do mundo

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me mostram, quando participo nos preciosos encontros com os jovens. Que significado tem para si ser o décimo sucessor de D. Bosco, atual Reitor-Mor, à frente dos salesianos? É algo nunca sonhado nem imaginado. É uma enorme responsabilidade e uma forma maravilhosa de viver a minha vocação salesiana. Vivo-o, realmente, como um verdadeiro presente do Senhor e de D. Bosco. Digo “nunca sonhado nem imaginado” porque tenho a certeza de que, entre os meus 15.000 irmãos salesianos, sem dúvida, há muitos que teriam uma capacidade especial para prestar este serviço. Está bem, Padre Ángel, mas…porquê o senhor? Faz parte do mistério da vida do crente e porque os meus irmãos salesianos julgaram, em consciência, que me poderiam eleger para ser o 10º Sucessor de D. Bosco. E digo mistério, como crente, porque entre nós, posso-lhe garantir que uma eleição deste tipo está muito longe de ser manipulada, ou por interesses, ou por grupos de pressão. Não houve nada disso. Ao mesmo tempo falo de enorme responsabilidade, porque, com o Conselho Geral eleito em assembleia capitular, temos o dever de acompanhar e de governar a Congregação Salesiana, para sermos absolutamente fiéis a D. Bosco e ao que ele nos deixou como herança. Posso garantir, finalmente, que é um serviço muito lindo, e ao mesmo tempo exigente, visitar, conhecer e animar todas as presenças salesianas do mundo. É maravilhoso, fascinante e é 29


motivo para entoar um profundo “Graças a Deus”, por tudo o que Ele faz através da nossa humilde mediação. Pode-se dar um significado especial ao seu serviço após o Capítulo Geral (CG 27)? Que preocupações, que esperanças e que perspetivas tem o novo Conselho Geral dos salesianos? A primeira grande certeza que eu tenho como Reitor-Mor, e que partilho com o Conselho Geral, é que o que o Senhor nos pede é para sermos fiéis, radicalmente fiéis, ao carisma suscitado pelo Espírito Santo na Igreja por meio de D. Bosco, neste momento histórico. A segunda convicção é esta: temos de ir sempre, e cada vez mais, ao encontro dos jovens, e, dentre eles, aos que mais precisam de nós. Isto não mudou nos 150 anos da Congregação. Esta é a chave do nosso presente e futuro como Congregação Salesiana e como Família Salesiana no mundo. Dos jovens de D. Bosco aos jovens de hoje… O mais importante, com efeito, foram e continuam a ser os jovens, no seu momento histórico e no seu contexto. D. Bosco viveu, com uma coerência e uma radicalidade únicas, a sua vocação sacerdotal em prol dos jovens. Hoje, dito com a nossa linguagem e no contexto do século XXI, o convite à coerência, à radicalidade e à vivência da própria vocação em favor dos jovens, é de máxima atualidade e um belíssimo desafio.

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Índice Prefácio .......................................................................................................5 Apresentação..............................................................................................11 Introdução..................................................................................................15 Capítulo 1: QUEM FOI O PADRE JOÃO BOSCO.................................19 Ficha de documentação 1: A FIGURA E A OBRA DE D. BOSCO..........31 Capítulo 2: VALDOCCO: ORATÓRIO NA PERIFERIA DE TURIM (ITÁLIA)....................................................................................................45 Ficha de documentação 2: VALDOCCO: ORATÓRIO NA PERIFERIA DE TURIM................................................................................................51 Capítulo 3: A FORMAÇÃO ARTESANAL EM VALDOCCO................57 Ficha de documentação 3: INSTRUÇÃO E FORMAÇÃO ­PROFISSIONAL EM VALDOCCO..........................................................63 Capítulo 4: A FIGURA DE UMA MÃE...................................................73 Ficha de documentação 4: MÃE MARGARIDA, MÃE E EDUCADORA DE JOÃO BOSCO.....................................................................................79 Capítulo 5: O SISTEMA PREVENTIVO.................................................89 Ficha de documentação 5: O SISTEMA EDUCATIVO............................97 Capítulo 6: D. BOSCO… FUNDADOR................................................109 Ficha de documentação 6: D. BOSCO FUNDADOR.............................115 Capítulo 7: O SONHO MISSIONÁRIO E A SUA REALIZAÇÃO......127 Ficha de documentação 7: O SONHO MISSIONÁRIO E A SUA ­REALIZAÇÃO........................................................................................135 Capítulo 8: D. BOSCO E OS LEIGOS..................................................147 Ficha de documentação 8: D. BOSCO E OS LEIGOS............................151 263


Capítulo 9: D. BOSCO E A IMPLICAÇÃODA MULHER NA MISSÃO..................................................................................................163 Ficha de documentação 9: A INTEGRAÇÃO DAS MULHERES NA MISSÃO..................................................................................................173 Capítulo 10: D. BOSCO E AS MIGRAÇÕES.......................................183 Ficha de documentação 10: D. BOSCO E A MIGRAÇÃO.....................191 Capítulo 11: D. BOSCO COMUNICADOR..........................................203 Ficha de documentação 11: D. BOSCO COMUNICADOR...................213 Capítulo 12: OS SALESIANOS E OS JOVENS...................................229 Ficha de documentação 12: D. BOSCO E OS JOVENS MAIS ­NECESSITADOS....................................................................................239 Bibliografia das Fichas de Documentação...............................................253

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