Os Domingos da Quaresma Ano B

Page 1


Juan Jáuregui

Os domingos da Quaresma Ano B

Edições Salesianas


© Juan Jáuregui. 2011 © Editorial CCS. 2011 © Edições Salesianas 2011 Rua Dr. Alves da Veiga, 124 Apartado 5281 4022-001 Porto www.edisal.salesianos.pt edisal@edisal.salesianos.pt Tel. 225 365 750 Fax. 225 365 800 Tradução: Rui Alberto Paginação: João Cerqueira Capa: Paulo Santos Impressão: Edições Salesianas ISBN: 978-972-690-668-1 D.L.: 337094/11


Introdução A liturgia fala-nos da Quaresma como de um “tempo f­ avorável”, um tempo de bênção e de graça, próprio para a ­conversão e o crescimento. Portanto, não devemos ­desperdiçá-lo, não podemos deixar passar em vão esta boa oportunidade. Quando é o tempo favorável? Um homem sábio e santo ­respondeu muito bem ao rei que procurava encontrar a melhor forma de governar. Queria saber qual era o tempo oportuno para cada negócio, as pessoas mais necessárias para colaborar e a obra mais importante a empreender. Os seus conselheiros deram toda a sorte de respostas. O santo ermitão respondeu-lhe com a sua experiência. Vim para dizer-lhe: O tempo mais oportuno é o momento presente. O homem mais necessário é aquele que está contigo ou que te aguarda. A obra mais importante é a que tens entre mãos. Efectivamente, agora é o tempo oportuno, o ­momento ­presente. Não podemos cair na eterna tentação de fugir do ­presente com sonhos de futuro ou saudades do passado. ­Assim, “nunca vivemos, pois estamos sempre à espera para viver” (Pascal).­Os psicólogos repetem-nos isto continuamente: ­“Pôr-te em ­contacto contigo agora é o núcleo de uma vida positiva.­Não existe outro momento para viver. O agora é o que ­realmente existe e o futuro é apenas outro momento ­presente para ser vivido quando chegar.” O homem mais necessário: aquele que está contigo, física e espiritualmente, e aquele que te interpela e o que agora mesmo te espera ou precisa de ti. Os outros também são importantes e também serão necessários, mas no seu devido tempo. 5


A obra mais importante: a que estás a fazer, sempre que a faças bem e fazendo sempre o bem. As demais coisas, importantíssimas, podem esperar. Viver o agora, mas com toda intensidade. Encontrarás uma paz alegre e uma surpresa renovada. Não cairás na rotina e não sofrerás estresse. Encontras-te contigo mesmo e descobrirás o mistério do outro. Tudo pode ser novo. Tudo será gratificante. E, sem dúvida, será mais fácil a tua oração, a abertura para Deus.

6


Quaresma

Já sei. Não me digam. A Quaresma é um caminho. Caminho de tentação e de vitória. Caminho de luta e esforço. É o caminho de que eu gosto. Não gosto dos caminhos feitos. Não gosto dos caminhos andados. Não gosto dos caminhos curtos. Não gosto dos caminhos de todos. Gosto dos caminhos de Deus, que também são meus caminhos.


Gosto dos caminhos que exigem esforço. Os caminhos que requerem coragem. Os caminhos que exigem decisão. Por isso gosto dos caminhos da Quaresma. Os que requerem conversão. Os que exigem mudança de coração. Os que requerem mudar a mente. Os que exigem mudar de vida. E que quando cheguemos ao fim Ele seja novo para nós e nós também novos para Ele. Gosto dos caminhos da Quaresma. São os caminhos que Deus abre diante de nós. São os caminhos que Ele andou primeiro acompanhando o seu Povo. São os caminhos que Ele anda connosco. São os caminhos que Ele anda ao nosso lado. Caminhos nos quais Deus foi tentado nas minhas tentações. Caminhos em que Deus cai quando eu caio. Caminhos nos quais Deus Se levanta, quando eu me levanto. Caminhos nos quais Deus Se cansa nos meus cansaços. Caminhos nos quais Deus sorri com a minha própria alegria. Porém os caminhos da Quaresma não quero percorrê-los eu só. Preciso de Ti a meu lado. Não quero chegar só eu ao fim. Quero chegar conTigo. Quando a tentação bate à minha porta, que alguém ilumine o meu caminho. Se eu ficar cansado, que possa contar com a tua mão amiga. Se eu me fatigar, que possa escutar a tua voz de alento. Se eu começar a parar, que alguém me dê a mão e anime. Por isso preciso de Ti. Por isso precisas de mim. 8


Por isso Ele precisa de nós. E quando chegarmos à Páscoa, sintamos que não caminhamos em vão. Que corremos não só por gosto. Que lutamos não inutilmente. Que passamos fome não por desporto. Que sofremos tentação não por recreio. Que vencemos a tentação não por vaidade ou prazer. Que superamos nossas ânsias de poder não por motivo humano. Mas que quisemos ser fiéis: A nós mesmos e ao nosso baptismo. Ao Evangelho em nós mesmos. E porque sentiremos que valeu a pena: Lutar, Caminhar, Mudar. Porque então, terás feito de nós, os primeiros testemunhos da tua Ressurreição. E contaremos isso aos outros. E diremos com alegria: “Nós vimo-Lo”. “Apareceu a Pedro e a todos nós”. “Ele está vivo”. “Reconhecemo-Lo ao partir o pão”.

9


Quarta-Feira de Cinzas I. Ritos

iniciais

oo Preparação do ambiente A Quarta-feira de Cinzas é o átrio da Quaresma. Precisamos de ter consciência do sentido e do espírito deste tempo por meio de orações, palavras e ritos. 33 Destacamos a imposição da cinza, que nos fala da ­fragilidade da vida e da nossa fragilidade e ­inconsistência ­existencial. Seria portanto uma loucura agarrar-se às ­coisas temporais. 33 O Evangelho, maravilhoso, fala-nos da oração e da peni­ tência que agradam a Deus. É uma chamada à verdade, à autenticidade, à pureza interior. Não basta fazer coisas, é preciso saber fazê-las. 33 Outras orações e leituras advertem-nos que entramos num tempo precioso, um tempo de graça: “Agora é o tempo da graça”. Por isso devemos preparar-nos, mas no interior de nós; que precisamos de conversão no nosso ­íntimo, no nosso coração; não é mais importante que faça jejum o nosso estômago, mas sim o coração; que faça jejum de soberbas e ambições e se torne compassivo e misericordioso. Como tudo isto nos custa muito, pedimos ao Senhor a sua graça: “fortalece-nos com o teu auxílio, para nos mantermos sempre em espírito de conversão”.

10


Sabemos que o Senhor nos escutará, porque, na sua compaixão e misericórdia “se inclina ante quem se humilha”. Ou seja, o Senhor vê com bons olhos que celebremos uma ­Quaresma como pobres e humildes.

oo Proclamação da Quaresma Quaresma, tempo de graça “Agora é tempo de graça”. Quaresma não é só tempo de jejum e abstinência, de cor roxa e pensamentos de morte. Quaresma é caminho de vida. Recorda-nos que nós vimos do pó e ao pó voltaremos, e também nos diz que Deus nos vai retirar da cinza. Quaresma é caminho de baptismo, porque o nosso baptismo de crianças deve tornar-se sempre adulto; porque é no dia-a-dia que o coração de pedra se vai tornando coração de carne; e que a nossa velha humanidade se transforma em humanidade jovem. Quaresma é caminho de luta contra os inimigos de fora e, ainda mais, dos que levamos em nós, agarrados à nossa condição humana. A quem nos repete sempre que nem só de pão, de conforto e de luxos 11


vive o coração do homem. Tu lhes respondes que a palavra que sai da tua boca é que nos dá a verdadeira vida. A quem nos encoraja e impele apontando-nos êxitos fáceis e a mudanças externas e frívolas. Tu lhes respondes que não podemos tentar ao Senhor nosso Deus; que o caminho de conversão é sempre caminho de luta, de esforço e perseverança. E a quem nos pede para adorar outros senhores: ao deus-dinheiro, ao deus-sexo, ao deus bem-estar, ao deus-droga. Tu lhes respondes que só temos um único Deus, que só a Ele podemos adorar; que não podemos servir a dois senhores. Quaresma é tempo de graça, mesmo que a história dos homens seja triste e cruel; mesmo que a nossa história pessoal seja tão pobre e vulgar. Porque onde abundou o pecado, aí superabundou a graça; porque não existe proporção entre a nossa culpa e o dom de Deus; porque graças a um só, Jesus Cristo, 12


recebemos com abundância o dom gratuito do perdão, da plena paz conTigo. Sim, Quaresma é tempo de graça.

oo Símbolos Quatro símbolos importantes vão presidir à nossa celebração de Quarta-feira de Cinzas. åå A Bíblia A Palavra de Deus quer que neste dia abramos a nossa i­nteligência e o nosso coração ao Senhor. Ela será a nossa ­melhor conselheira ao longo de toda a Quaresma. åå O Círio Pascal Nós, cristãos, somos iluminados por Cristo, a luz do ­mundo. Se perdemos o contacto com esta luz, vamos caminhando às ­cegas pela vida. Temos de manter a luz acesa; temos de cami­ nhar durante a Quaresma, iluminados pela Luz de Cristo. åå A cinza Pelo caminho encontraremos sempre pó, barro, sujidade. Podemos manchar-nos com egoísmo, com ódio e violência. No entanto, contamos com Jesus que percorreu este mesmo ­caminho e chegou até ao fim. A cinza recorda-nos que na vida é preciso o sacrifício. åå A água Assim como a luz tem poder contra as trevas, também a água tem poder contra a sujidade. A água purifica, refresca, limpa. É o símbolo do nosso baptismo, da nossa incorporação nos que estão salvos por Jesus. 13


oo Monição inicial A Iniciamos hoje o tempo da Quaresma, tempo litúrgico forte, quarenta dias de caminho até à Páscoa de Cristo, nossa Páscoa. Queremos, com a ajuda do Espírito, que seja um tempo de graça, um tempo de conversão, quer dizer, de vida nova. Um tempo para crescer, para ser, para amar. Crescer: na fé, no conhecimento de Jesus, no desenvolvi­ mento das nossas capacidades e talentos. Ser: na linha da autenticidade cristã e humana. Ser mais ­ umanos quer dizer mais livres, mais responsáveis, mais ­justos h e solidários. Ser mais cristãos quer dizer mais ­conscientes e consequentes do que nós confessamos e ­cremos, estar mais compenetrados com os critérios e atitudes de Jesus, identificarmo‑nos mais com Ele. Amar: porque este é o verdadeiro caminho para o ­crescimento e a vivência cristã. Somos e crescemos na medida em que amamos. E amar significa partilhar, servir, entregar-se. É um caminho que nunca acabamos de percorrer.

oo Monição inicial B Irmãos, reunimo-nos neste dia de Quarta-feira de Cinzas, com o fim de dar início a este tempo da Quaresma e de preparação para a Páscoa do Senhor. E fazemo-lo, não a partir de um rito julgado inevitável, com a consciência de que precisamos de penitência e conversão. Queremos simbolizar isto através de um rito que exprime o deixar as velhas coisas que impossibilitam o nosso encontro com o Senhor, e afirmar o que o propicia. Coragem, irmãos, porque hoje é um dia de graça.

14


oo Monição inicial C Abre-se a Quaresma com um apelo à conversão. Com este apelo começa o Evangelho de hoje. Sempre que vamos iniciar um caminho devemos preparar-nos e deixar para trás muitas coisas, indo com bagagem leve, como diz a canção: “Não coloques nos alforges o que não vais usar, são mais longos os caminhos para quem vai carregado demais.” Para chegar à meta do caminho, que é a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, são muitas as coisas que temos a mais e muitas também, é verdade, as coisas que nos faltam. Vamos carregados demais com o nosso consumismo às costas, com as nossas preocupações e ambições, com os nossos egoísmos e a nossa soberba. Mas falta-nos a luz para ver com claridade o caminho, e precisamos de decisão, esforço, perseverança e ­sentido de camaradagem e amizade.

oo Oração Deus, Pai bondoso, nós sabemos que nos amas e que és fiel às tuas promessas. Continua a olhar com carinho para esta ­comunidade e reforça em nós a presença do teu Espírito. Que Ele nos ilumine para vivermos com atenção, com ­esforço e ­fidelidade. E que o incentivo que damos uns aos outros, nos ajude a levar a bom termo as esperanças e os desejos de ­santidade que sentimos como cristãos. Por Jesus Cristo Senhor Nosso.

15


II. Liturgia da Palavra oo Monição às leituras As leituras que vamos escutar chamam-nos à conversão, à mudança radical de vida. E vão-nos dizer que hoje, agora mesmo, é o dia da salvação, o tempo da graça. E as leituras nos dirão com muita clareza, que Deus deseja a nossa conversão que começa no íntimo de nós, e não a que fica nas aparências. Escutemos com toda a atenção.

oo Primeira Leitura Profeta Joel 2, 12-18

oo Monição ao Salmo “Misericórdia, Senhor, porque pecamos”. O Senhor deu o primeiro passo e chamou-nos à conversão. Agora temos de ­responder nós; porém, oferece-nos as palavras de resposta neste salmo 50 que vai ser uma constante durante toda a Quaresma: pedimos misericórdia porque somos pecadores, pedimos um coração novo para sermos criaturas novas, renovadas.

oo Salmo Responsorial Salmo 50, 3-4.5-6a.12-13.14.17 “Misericórdia, Senhor, porque pecamos”.

oo Segunda Leitura Segunda Carta do apóstolo S. Paulo aos Coríntios 5, 20 – 6, 2

oo Leitura do Evangelho S. Mateus 6, 1-6.16-18 16


oo Homilia A Durante este tempo – Quaresma e Páscoa – vai-se-nos ­insistir sobre a necessidade de mudar o coração. Pediremos ao Senhor, com os profetas, que mude o nosso coração de pedra em um ­coração de carne, que nos dê um coração novo, grande, ­sensível, generoso, como o coração de Cristo. Esta mudança de coração é o que chamamos conversão. Sabemos que isto, infelizmente, não se vai conseguir num dia nem numa Quaresma, mas que deveremos converter-nos dia‑a-dia, progredindo sempre. Temos de viver em estado de ­conversão. Falando de coração novo faz-nos bem recordar um simples pensamento de Frei Luís de Granada. Dizia este clássico que o homem deveria ter um coração de filho para com Deus, um coração de mãe para com os outros, um coração de juiz para consigo mesmo. Pode ser uma boa meta para a mudança quaresmal. Afinal, qual é a realidade do nosso coração? É que temos tudo ao contrário: Temos um coração de servo para com Deus, de Juiz para com os outros, e de mãe para connosco mesmos. Assim andam as coisas. Servos. Por mais que digamos Pai, recorremos a Deus com desconfiança, com algum ou muito medo, com algumas ou muitas exigências, como a pedir a paga. De servos a filhos. Que o Senhor nos mude esse coração ­ edroso, que nos faça sentir felizes e confiados na sua ­presença, m que sejamos capazes de nos colocarmos nas suas mãos confiadamente. Um coração de criança diante de seu Pai, que não discute nada, não exige nada, não regateia nada. Um coração 17


que se sinta inundado em cada momento por um amor forte e gratuito. Juiz. Parece que todos nascemos com esta vocação. Temos muito gosto em julgar os outros, sobre o que fazem ou deixam de fazer, o que dizem ou deixam de dizer, o que sentem ou deixam de sentir. Até julgamos sobre o que pensam, que nem sempre corresponde ao que dizem. E os nossos juízos ferem, são cortantes, condenatórios. Gostamos de ver o lado negativo dos outros. Olhamos para eles friamente e de longe, tudo com lupa. Distribuímos ao acaso alguns louvores e muitas punições. De Juiz a mãe. Isto sim, seria uma mudança de coração. As mães não julgam os seus filhos, porque os amam entra­ nhadamente, porque os conhecem profundamente, porque os vêem com o coração. Elas compreendem tudo, porque amam. Têm uma paciência infinita, porque esperam. O seu coração é o que mais se parece com o coração de Deus. Se tivéssemos um coração de mãe para os outros, as relações humanas seriam compreensivas e cordiais, sentiríamos segurança de uns para com os outros, não precisaríamos de mentir nem de ser hipócritas. Se tivéssemos um coração de mãe as nossas relações seriam ­repletas de luz. Mãe. Nós somos muito complacentes e benévolos para connosco, com muita caridade. Parece-nos que não fazemos nada de mal, e se cometemos alguma falta dizemos que foi sem querer. Perdoamo-nos logo. Se algumas coisas nos censuram, dizemos que não nos conhecem bem; no fundo, somos bons. O que acontece é que eu sou assim, é o meu temperamento e a minha maneira de ser. Também se deve ter em conta o ambiente, a falta de meios, e tantas circunstâncias. Dizemos: eu não tenho pecado. 18


De mãe para juiz. Deveríamos ter um pouco mais de rigor connosco mesmos. Conviria escutar mais os outros e aceitar os seus juízos. Conviria que, se não somos capazes de nos ­conhecer e exigir de nós, alguém nos ajude nisto ou naquilo. Dizem que é uma das coisas mais difíceis conhecer-se bem e julgar-se bem. Podemos passar de um extremo ao outro. Julga-te com verdade e com justiça, mas também com amor. Juiz, mas sem exagerar. Não devemos ser excessivamente duros connosco mesmos. Também devemos compreender-nos, valorizar-nos e perdoar-nos. Acontece por vezes que exigimos mais de nós e condenamo-nos demais. Um pouco de amor e compaixão para contigo. Assim é o caminho do coração, o caminho quaresmal é ter um coração de filho para com Deus, de mãe para com os ­outros, e de juiz para connosco.

oo Homilia B O Evangelho de Mateus abre em cada ano a Quaresma na Quarta-feira de Cinzas com o texto do sermão da montanha, em que Jesus nos oferece três meios, três actividades, que nos podem ser muito úteis para renovar e confirmar o nosso seguimento pelas pegadas de Jesus, e expressar a nova vida que Deus fez nascer em nossos corações: a oração, o jejum e a esmola. Estes meios cons­ tituem um bom programa para este tempo. Cada um de nós deve partir desta celebração de hoje marcando a prática deste exercício quaresmal: Como e quando rezaremos ao nosso Deus, durante estes 40 dias? De que farei jejum este ano? Que gesto de amor farei em favor dos meus irmãos, em especial dos mais necessitados? 33 A oração deve ocupar um lugar de preferência neste ­tempo da Quaresma. Uma oração permanente e fiel ao ­momento 19


do dia que escolhemos. Uma oração que reforce os nossos vínculos com Jesus. Uma oração que seja um diálogo amoroso com o Senhor que consiste em falar-Lhe, em explicar‑Lhe as nossas coisas, as necessidades dos ­irmãos, em escutar o que Ele nos diz no Evangelho e no íntimo do nosso coração. Uma oração mostrando que O amamos e sentimos o seu amor, a sua entrega, vendo-O cravado na cruz e glorioso na ressurreição. Isto tanto na sua pessoa, como na de todos os homens e mulheres do nosso mundo. 33 O jejum: num mundo assim, louco pelas possibilidades de consumo, de diversão, de evasão, e que nos endurece o cora­ção perante tanta pobreza e tanto sofrimento, precisamos de jejuar. Não porque nos agrade o jejum pelo jejum, nem porque esperamos acumular muitos méritos diante de Deus, mas porque o jejum nos torna capazes de abrir os olhos e purificar o coração, torna-nos mais livres para amar e seguir Jesus. Jejuar daquilo que nos enche de orgulho, de vício, de paixões, de prisão às coisas, de sermos escravos de nós mesmos e nos impede de amar, de enchermos de Deus os outros. Cada um verá de que coisas deve jejuar. E ­sabemos que nem sempre o jejum deve ser de comida ou bebida. Que jejum fará cada um durante esta Quaresma para ­ampliar a sua capacidade de amar? 33 A esmola deve ser também sinal da nossa sincera conversão quaresmal, da nossa oração autêntica, do nosso ­jejum frutuoso. Dar e partilhar a nossa economia, as coisas, o tempo, as capacidades e qualidades, nós mesmos como pessoas. Possuir em demasia causa prejuízo. Impede-nos de andar ligeiro, escraviza-nos, afasta-nos dos outros, oprime o coração. Que podemos dar aos outros nesta Quaresma? 20


Mais tempo à minha família, maior delicadeza no meu ­trato com os outros? Retirar algo do meu porta-moedas para acrescentar ao daqueles que o têm vazio? Que farei para ser mais solidário para o mundo pobre e marginado? Com que grupos posso colaborar ou aos quais levar a minha ajuda? Aquilo que poupo com o meu jejum e as minhas privações quaresmais posso entregá-lo a alguma campanha solidária? O gesto penitencial da imposição da cinza e de me aproximar da mesa do Senhor para receber a Eucaristia deve ser ­expressão diante de Deus e da comunidade aqui reunida do nosso firme compromisso de ser fiéis ao Senhor. Deve ser também reconhecimento da nossa debilidade, da nossa condição pecadora, do nosso desejo de renovar a vida e a necessidade que todos temos da comunhão com Jesus.

oo Imposição das Cinzas åå Monição Agora o sacerdote vai benzer as Cinzas que em seguida irá aplicar em nossas cabeças. Esta cinza é símbolo da nossa ­debilidade, da nossa situação de pecadores, do nosso egoísmo quando nos separamos de Deus e dos outros. Ao receber as cinzas vamo-nos comprometer a mudar o rumo das nossas vidas e empreender um novo caminho que nos conduz ao encontro com Cristo e com todos os irmãos. Sacerdote: Pai nosso: quando somos sinceros e reconhe­cemos simplesmente os nossos defeitos, sem dissimular, Tu olhas para nós com carinho de Pai: vê-nos aqui reunidos e abençoa-nos a ­todos para que este sinal da cinza não fique apenas num rito, mas que signifique o esforço que queremos fazer nesta Qua21


resma para conhecer mais a Jesus, aos nossos irmãos, e chegar a ser como Tu queres que sejamos. (Silêncio). Senhor, que nos ofereces a oportunidade da Quaresma para mudar e ser melhores, digna-te abençoar estas cinzas que ­vamos impor sobre as nossas cabeças. Que o pó da cinza seja ­símbolo de tudo o que queremos retirar das nossas vidas: o ódio, o ressentimento, a violência, a falta de respeito aos ­outros, o egoísmo. Ajuda-nos a abrir os nossos corações ao amor de Jesus ­Cristo que vive e reina pelos séculos dos séculos. Ámen. O receber a cinza é sinal de arrependimento. Por isso, ­ edimos a Deus perdão dos nossos pecados. Em silêncio pelos p nossos pecados. (Momento de silêncio). E em público comprometemo-nos a mudar. Se houver crianças, duas delas lêem o seguinte: 33 Senhor, queremos ser melhores, porque Tu nos amas e desejas que sejamos bons. Às vezes escolhemos o cami­nho errado e o nosso coração torna-se pequeno e ­custa-nos a amar os demais. 33 Hoje queremos ver-Te, como fez Zaqueu. Se Tu olhas para nós, Senhor, o nosso coração mudará, se tornará maior, mais acolhedor, mais compassivo. Dá-nos, ­Senhor, um coração novo, como deste a Zaqueu. Canto: Dá-nos um coração… Senhor, se Tu olhas para nós e nós para Ti, seremos corajosos, como Zaqueu, não teremos medo de fazer o bem, ­saberemos privar-nos do que não é bom, sopraremos o pó do 22


Índice Quaresma........................................................................... 7 Quarta-Feira de Cinzas.........................................................10 I. Ritos iniciais................................................................10 II. Liturgia da Palavra......................................................16 III. Liturgia Eucarística....................................................25 IV. Ritos da Comunhão...................................................25 V. Rito de Despedida.......................................................27 1º Domingo da Quaresma.....................................................28 I. Ritos iniciais................................................................28 II. Liturgia da Palavra......................................................31 III. Liturgia Eucarística....................................................39 IV. Ritos da Comunhão...................................................42 V. Rito de Despedida.......................................................43 2º Domingo da Quaresma.....................................................45 I. Ritos iniciais................................................................45 II. Liturgia da Palavra......................................................48 III. Liturgia Eucarística....................................................59 IV. Ritos da Comunhão...................................................60 V. Rito de Despedida.......................................................62 3º Domingo da Quaresma.....................................................63 I. Ritos iniciais................................................................63 II. Liturgia da Palavra......................................................66 III. Liturgia Eucarística....................................................78 IV. Ritos da Comunhão...................................................80 V. Rito de Despedida.......................................................81 4º Domingo da Quaresma.....................................................82 I. Ritos iniciais................................................................82

143


II. Liturgia da Palavra......................................................84 III. Liturgia Eucarística....................................................92 IV. Ritos da Comunhão...................................................94 V. Rito de Despedida.......................................................96 5º Domingo da Quaresma.....................................................97 I. Ritos iniciais................................................................97 II. Liturgia da Palavra....................................................100 III. Liturgia Eucarística..................................................108 IV. Ritos da Comunhão.................................................109 V. Rito de Despedida.....................................................111 S. José, Esposo da Virgem Santa Maria...............................112 I. Ritos iniciais..............................................................112 II. Liturgia da Palavra....................................................114 III. Liturgia Eucarística..................................................121 IV. Ritos da Comunhão.................................................123 V. Rito de Despedida.....................................................127 Celebração Penitencial........................................................128 I. Ritos iniciais..............................................................128 II. Liturgia da Palavra....................................................131 III. Liturgia Penitencial...................................................135 IV. Momentos de Acção de Graças e Compromisso.......139 V. Rito de Despedida.....................................................141

144



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.