ISBN 978-85-9493-038-5
sérgio estephan
vida e obra de canhoto
sérgio estephan
abismo de rosas
Este livro resgata para o leitor do século xxi aspectos da vida e da obra de um dos expoentes da música popular brasileira do início do século xx: Américo Jacomino, mais conhecido como Canhoto. Além de dirigir um olhar minucioso para a história do violão, do choro e dos espetáculos artísticos na cidade de São Paulo, no Brasil e no continente sul-americano, são apresentadas partituras de obras memoráveis, entre elas “Abismo de rosas”, considerada por Zuza Homem de Mello o “hino nacional do violão brasileiro”.
abismo de rosas vida e obra de canhoto
Antonio Rago Filho. Aparadas as arestas que poderiam levar a obra a ser usufruída apenas por aqueles iniciados nos meandros acadêmicos, Sérgio escreveu um livro que irá interessar desde o leitor comum, curioso por conhecer melhor a história de nossa cultura, até aquele mais especializado, ávido por se abastecer de informações reunidas pelo viés da sensibilidade e da inteligência. Paulistano, filho de imigrantes italianos, pintor de painéis, compositor, instrumentista, professor de violão e funcionário público, Canhoto tornou-se uma das principais referências do violão instrumental brasileiro, convertendo-se também em uma espécie de mito que o apelido, tal como o dos jogadores de futebol do passado, só fez difundi-lo e consagrá-lo. Se o país teve e ainda tem inúmeros craques com alegria nos pés, não menos verdade é o fato de que ele seja também um celeiro de bambas que deixam fluir virtuosismo e sensibilidade entre os dedos. Do time em que jogam Garoto, Dilermando Reis, Dino 7 Cordas, Paulinho Nogueira, Baden Powell, Sebastião Tapajós, Turibio Santos, Rafael Rabello e Yamandu Costa, Canhoto é o capitão. O decano. O pioneiro. Que fez com que um instrumento marginalizado, coadjuvante na execução de modinhas e lundus, se transformasse em protagonista de concertos e shows. Com ele, a música popular brasileira ganhou um companheiro inestimável: a voz ora contente, ora plangente, de um inseparável violão.
Graças à iniciativa não somente de certos amantes e estudiosos da cultura brasileira como também de algumas editoras cujo perfil é fazer chegar ao público leitor obras de qualidade, que não estejam única e exclusivamente preocupadas em seguir o padrão da última moda ditada pela indústria cultural, o amplo e riquíssimo universo da música popular concebida no país desde fins do século xix vem sendo registrado em livros escritos com a pena do apuro e do rigor informativos e a tinta da memória social, nos quais arte e história caminham de mãos dadas, procurando revelar um Brasil que hoje, infelizmente, talvez poucos brasileiros de fato conheçam ou por ele se interessem. Abismo de rosas: vida e obra de Canhoto, de Sérgio Estephan, é um desses livros. Especial pelo tema sobre o qual se debruça – a trajetória pessoal e artística de um dos maiores instrumentistas e compositores brasileiros de todos os tempos, o violonista Américo Jacomino (1889-1928) ou, simplesmente, Canhoto – e também pela metodologia adotada em suas páginas: um alinhavo absolutamente coerente e estimulante entre o particular e o universal, que convida o leitor a acompanhar de perto a vida do artista e a compreendê-la melhor pelo prisma do contexto sociocultural mais amplo que lhe serviu de moldura. Professor e pesquisador nas áreas de história, música e cultura do Brasil da primeira metade do século xx, em particular sobre o violão instrumental brasileiro, Sérgio Estephan organizou uma densa e espessa massa de informações e reflexões no livro, fruto de sua tese de doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (puc-sp), sob a orientação do professor