ANNA BELLA GEIGER

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não se separa de sua contínua dedicação a atividades didático-educativas e docentes – no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio), no Instituto Superior de Belas-Artes (Hisk) de Ghent, na Bélgica, na Escola de Artes Visuais (EAV)

O triângulo “arte, trabalho e ideal”

do Parque Lage e em seu ateliê –, tendo orientado inúmeros ar-

abrange o gesto artístico. O pensamento crítico o acompanha, e as

tistas hoje reconhecidos. Junto a isso, a frequente participação

técnicas o tornam possível. Esse

em exposições nacionais e internacionais, somada à presença

gesto define a fabulosa complexi-

de suas obras em diversas coleções e museus – como a Tate

dade da relação com o mundo e a

Modern e o Victoria & Albert Museum, em Londres, o Museum

insaciável necessidade que o artis-

of Modern Art (MoMA) de Nova York, o Centre Pompidou, em

ta tem de questioná-la, mensurá-la e inventá-la. Investigar esse univer-

Paris, e o Getty Museum, em Los Angeles, entre outros –, marcam sua fértil contribuição ao debate cultural brasileiro e seus

Anna Bella Geiger é uma das expoentes da primeira geração de artistas con-

desdobramentos futuros.

ceituais latino-americanos e pioneira da Fernando Cocchiarale curador, professor e crítico de arte

videoarte no Brasil. Professora e artista intermídia, está presente no acervo de instituições prestigiosas, como o Centre

so é o intuito desta coleção.

arte trabalho e ideal anna bella geiger

coleção arte trabalho e ideal

É fundamental, ainda, destacar que a atuação de Geiger

anna bella geigerarte,

org. fabiana de barros michel favre marcia zoladz

trabalho e ideal

Da lista dos integrantes da I Exposição Nacional de Arte Abstrata, realizada em 1953 no Hotel Quitandinha, em Petrópolis (RJ), constava o nome de uma jovem artista de 19 anos então desconhecida, Anna Bella Waldman. Entretanto, conforme os critérios então vigentes, o fato de ser uma pioneira do abstracionismo no país virtualmente a credenciava para uma longa e profícua carreira. Hoje, décadas depois dessa participação histórica, Anna Bella Geiger tornou-se uma das mais importantes artistas brasileiras da segunda metade do século XX e do início do século XXI. Logo após a Segunda Grande Guerra, quando floresceu o trabalho de Geiger, o reconhecimento da importância de um artista não era atributo do mercado, mas resultado de sua inserção em movimentos artísticos engajados em questões renovadoras da produção moderna do país e da reverberação de sua obra junto ao público e à mídia impressa. A obra abstracionista de Anna Bella em desenho e gravura

Pompidou, em Paris, e o Museu de Arte

começa a ser conhecida a partir dos anos 1950. Na década se-

Moderna de Nova York (MoMA). Sua

guinte seu trabalho torna-se figurativo (fase visceral) e assume

produção situa-se na fronteira entre a pintura, o desenho, o objeto e a gravura. Diversificados materiais, suportes e a

uma configuração próxima àquela das obras da nova figuração brasileira. Nos idos de 1970, produz sob a ressonância da arte

mescla de linguagens e técnicas incidem

conceitual, sobretudo no que se refere à experimentação de

em fases criativas distintas, que sempre

mídias técnicas – fotografia, xerox, vídeos, intervenções, entre

trazem a marca de um olhar crítico e

outras. Ultimamente, seu trabalho tem aprofundado o impulso

engajado sobre a realidade.

inquieto e crítico que desde o início caracteriza a poética de sua produção.

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