ENCICLOPÉDIA DO CINEMA BRASILEIRO

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Enciclopédia do Cinema Brasileiro Fernão Pessoa Ramos Luiz Felipe Miranda Organizadores

3a edição ampliada e atualizada


Sumário Nota dos editores ......................................................................7 Agradecimentos .........................................................................9 Apresentação à 3a edição . ..................................................11 Apresentação à 1a edição . ..................................................13 Autores ........................................................................................15 Enciclopédia ..............................................................................17 Sobre os autores . ................................................................ 753 Verbetes temáticos ............................................................. 755 Caderno de imagens............................................................ 757


Nota dos editores Editada pela primeira vez no final da década de 1990, a Enciclopédia do cinema brasileiro nasceu para preencher uma lacuna ocasionada pela falta de livros de referência sobre a produção cinematográfica do Brasil. Naquela ocasião, os pesquisadores Fernão Pessoa Ramos e Luiz Felipe Miranda coordenaram quase cinquenta autores e organizaram mais de setecentos verbetes, que apresentavam diferentes perspectivas sobre temas e personalidades. Mais de uma década depois, os organizadores aceitaram o desafio de revisar toda a enciclopédia e atualizá-la, inserindo novos verbetes e filmes produzidos ao longo da primeira década do século XXI. Novamente eles enfrentaram um árduo trabalho, reuniram os autores da primeira edição, convidaram outros e fizeram um estudo dos temas pertinentes que deveriam ser acrescentados. O cinema brasileiro cresceu a olhos vistos durante a década de 2000. Novos cineastas surgiram e se destacaram no ramo, atores e atrizes brilharam nas telas, profissionais contribuíram para o desenvolvimento cinematográfico, etc. O resultado disso é notado ao se verificar algo que parecia impossível: diversos filmes, feitos com altos e baixos orçamentos, ultrapassaram a marca de um milhão de espectadores. Para dar conta de tamanho crescimento do cinema nacional, o Senac São Paulo e as Edições SESC SP publicam a terceira edição da Enciclopédia do cinema brasileiro a fim de continuar sua contribuição para o desenvolvimento e estudo da sétima arte.


Agradecimentos A. P. Quartim de Morais, Ademir Maschio, Alairson Gonçalves, Albert Hemsi, Alice Gonzaga, Aloysio Nogueira, Ana Laura Godinho Lima, Ana Rita Mendonça, Ana Viega Mariz, Andréa Leite, Andréa Morelatto, Anita Hirschbruch, Antônio Jesus Pfeil, Antonio Roberto Bertelli, Arnaldo Fernandes Jr., Benjamin Abdala Jr., Carlos Eduardo Pereira, Carlos Roberto de Souza, Cecília Soubhia, Celso Ohno, Cíntia Campolina de Onofre, Cláudia Dottori, Cláudia Fernandes, Cláudia Lamerinha, Cláudio Portioli, Cyro Siqueira, David Tygel, Djair Rodrigues de Souza, Eder Mazzini, Edgar Amorim, Ediléia Barbosa, Edmárcio Silva, Edu Mendes, Eduardo Duarte, Eliana de Oliveira Queiroz, Elizabeth Geraldini, Elza Barbosa, Eugenia Moreira, Eugênio Gabriel, Euvo Illelo, Fátima Pessoa, Fernando Morais da Costa, Flávio Portho, Francisco Carlos, Francisco Sérgio Moreira, Galileu Garcia, Geraldo José, Gilberto Santeiro, Gilenilda (Gê) Delazari, Giovani Simionato, Graciele Marim, Guita Stern, Hélio Valeiro, Hugo M. Santos, Irineu Guerrini Jr., Isabel Alexandre, Ivo Branco, Jair Leal Piantino, Javert Monteiro, Jerry (do Museu P. F. Gastal), João Luiz Vieira, Jorge Capellaro, José Adão de Assis, José Carlos Avellar, José Júlio Spiewak, Juçara Palmeira Fernandes, Júlio Bressane, Liliane Schrank, Luiz Maranhão Filho, Luiz Mewes, Lucilene Pizoquero, Luiz Vicente, Márcia Denser, Márcia Marani, Márcia Suely, Margareth Gomes, Maria Adelaide, Maria de Lurdes Marques, Maria Elisa, Maria Helena, Maria José, Maria Olimpia, Marília Ortiz, Marina Farias, Marina Pozzoli, Mário Audrá Jr., Mário Vaz Filho, Marisa Nunes, Marisa Vitturi, Marta Regina, Mauro Alice, Mauro Domingues, Maximo Barro, Michel Espírito Santo, Mônica Aliseres, Nelson Lima, Norma Fernandes, Olga Futema, Ovídio Pole Junior, Paulo André Moraes de Lima, Paulo Giovani

de Oliveira, Paulo Pina, Paulo Sérgio Cassiano, Plácido de Campos Jr., Remier Lion, Ricardo Forjaz, Ricardo Franco, Ricardo Guanabara, Ricardo Mendes, Roberto Diem, Roberto Gervitz, Roberto Leite, Roberto Machado, Rodrigo Oliveira, Roque de Souza, Rosana Dal Forno, Rosângela Sodré, Roseli Borelli, Sandra Ciocci Ferreira, Sergio Luiz de Andrade, Sônia Lucas, Susana Schild, Suzana Reck Miranda, Tânia Aparecida, Tânia Regina, Thaïs Sandri, Valdir Arruda, Valéria Maximo, Vera Donadio, Vera Lobo, Vicente Alves, Virgínia Flores, Walter Sequeira, Wilma Martins, Yoya Wurch. Apoio institucional Arquivo Multimeios do Centro Cultural São Paulo, Arquivo Nacional (RJ), Atlântida Cinematográfica, Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP), Biblioteca da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP/SP), Biblioteca Municipal Mário de Andrade (SP), Cinédia, Cinemateca Brasileira (SP), Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM/RJ), Cinemateca Paulo Fontoura Gastal (RS), CPDOC – TV Globo, CTAV – Funarte (RJ), Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo, Editora Senac São Paulo, Fundação Vitae, Instituto Goethe, Museu da Imagem e do Som (MIS/RJ), Museu da Imagem e do Som (MIS/SP), Museu Lasar Segall (SP), Núcleo de Cinema do Centro Cultural São Paulo, Riofilme, Sated (RJ/SP). Os autores, a Editora Senac São Paulo e as Edições SESC SP agradecem às produtoras cinematográficas que gentilmente colaboraram e cederam imagens para a Enciclopédia do cinema brasileiro. Pedimos desculpas caso tenhamos nos equivocado em alguns créditos. Caso isso tenha acontecido, por favor entre em contato com a Editora Senac São Paulo para que seja corrigido na próxima edição.


Apresentação à 3a edição A terceira edição da Enciclopédia do cinema brasileiro traz ampla atualização de verbetes e filmografias, relativos ao período 1999-2010. Trata-se de um período no qual a produção do cinema brasileiro decolou em termos quantitativos, conquistando um espaço que há poucos anos parecia distante. Filmes como Cidade de Deus e Tropa de elite apresentam-se como campeões de público, obtendo igualmente reconhecimento nos principais festivais internacionais. Temos hoje um grupo restrito, mas significativo, de cineastas que atua com desenvoltura no cenário internacional. Ao lado da grande produção, filmes com orçamento menor também mostraram capacidade de atingir público amplo, com várias produções recentes ultrapassando o limiar do milhão de espectadores. Ao lado de obras que afirmam uma visão aguda e exasperada da atual sociedade brasileira, reemerge forte a sempre presente tradição cômica, espaço em que nadamos a largas braçadas. É importante que o preconceito com a chanchada dos anos 1950 não se repita agora, no limiar do século XXI, para nutrir a surpresa dos críticos futuros. Outro destaque, que encontramos ao atualizar o decênio, foi a emergência vigorosa da produção documentária, ocupando um espaço bastante razoável em números de lançamento no mercado exibidor. Trata-se de algo inédito e demonstra que a valorização desse cinema pelas novas gerações envolve a busca por formatos diferenciados. A nova edição da Enciclopédia manteve sua estrutura central, dividindo o conteúdo em verbetes temáticos (ver lista na página 755) e de personalidades. Essa estrutura permite que cineastas ou atores sejam abordados extensamente dentro de temas diversos, mesmo que não tenham seu próprio verbete. O recorte desse trabalho corresponde à visão dos organizadores, com o objetivo de

cobrir os principais personagens ou temáticas que surgem no cotidiano da crítica e na pesquisa cinematográfica. A escolha dos verbetes seguiu um princípio metodológico que excluiu, desde o início, uma opção de cunho exaustivo. Buscamos não confundir enciclopédia e lista telefônica, ainda que tivéssemos optado por trabalhar com filmografias completas, coisa que muitas enciclopédias deixam de lado em função das dificuldades que a empreitada envolve. São opções que refletem nossa visão da história do cinema brasileiro, numa perspectiva necessariamente subjetiva. Não há tabela periódica do cinema nacional que garanta de modo absoluto e neutro uma cobertura objetiva de sua estrutura constitutiva. Há um trabalho que envolve bom senso e é nessa área que acreditamos atuar. Também é importante frisar que a extensão dos verbetes não reflete medida de importância, mas responde a necessidades editorais e de expressão pessoal de cada pesquisador. Nos três padrões de extensão determinados, a oscilação variou em função da capacidade de síntese e da estilística de quem escreve. Na atualização da década de 2000, alguns cineastas e atores pararam de trabalhar, outros faleceram, outros tiveram o período mais intenso de suas carreiras, muitos estrearam. Também os colaboradores da Enciclopédia trabalharam de modo distinto. Alguns não puderam nos acompanhar na nova edição. Se o cineasta aumentou sua produção no período, mantivemos o texto original, com a assinatura, e acrescentamos texto novo, em bloco no final, correspondendo à produção recente. Se a complementação foi pequena, o texto acrescido vem sem assinatura, sob a responsabilidade dos organizadores do livro. De um modo geral, continuamos com o esquema de colaboração independente de pesquisadores especialistas, estrutura que funcionou bem na primeira edição e


apresentação À 3a edição

que agora conta com exatos cinquenta autores. Retornamos aos antigos colaboradores para a continuidade dos verbetes e incorporamos alguns novos profissionais. Os verbetes são todos assinados e de responsabilidade daqueles que os escreveram, assim, ao final de cada um deles há uma sigla que corresponde ao nome abreviado do autor. Fornecemos a filmografia e checamos alguns dados, com interferência apenas na estilística do texto, adequando-o à unidade do livro. Para esta nova edição atualizamos mais de 500 verbetes, mexemos em algumas filmografias e introduzimos mais de 130 novas entradas. Foi feito um esforço para fecharmos a década em 2010. Em função de necessidades editoriais, os meses finais de 2010 não tiveram um acompanhamento sistemático. O objetivo de uma enciclopédia é retratar o estado de saber em uma área de conhecimento, em um deter-

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minado período histórico. Para tal, reúnem-se pesquisadores de destaque que tenham algo a dizer sobre o tema e tenta-se dividi-lo de modo que a exposição, necessariamente horizontal, seja possível em tópicos. Cremos que o desafio da escolha do grupo de trabalho para a empreitada, assim como a periodização e sistematização da produção brasileira, do final do século XIX até os dias de hoje, teve sucesso. É importante constatar que a produção cinematográfica brasileira adquiriu consistência suficiente, em um determinado momento de sua história, para provocar e fornecer material para esse tipo de intervenção. A partir da última edição, conforme os anos passavam, fomos sentindo o bolo crescer e a necessidade de atualização pareceu cada vez mais premente e complicada. Tivemos, às vezes, a impressão de estarmos às voltas com um novo livro. Isso demonstra que trabalhamos sobre um campo artístico

atual e movente, em plena atividade, que mobiliza um número amplo de profissionais, interagindo de modo efetivo com a sociedade que o cerca. Ao escrevermos a atualização, sentimos como a produção cinematográfica dos últimos dez anos alterou-se e ampliou o panorama existente. No final do século XX vivíamos ainda o momento da “retomada”, quando uma maior repercussão no público era acompanhada por sentimento de espanto e novidade. Uma parcela significativa dos profissionais que hoje se destacam estava engatinhando em seus primeiros filmes ou não havia estreado. Nossa intenção, com o novo material de pesquisa e crítica que apresentamos, é oferecer ao público leitor, no modo de verbetes, um panorama da viva dinâmica da produção mais recente do cinema brasileiro. Os organizadores


Apresentação à 1a edição A ideia de publicar uma Enciclopédia do cinema brasileiro surgiu no início dos anos 90, a partir da constatação da falta evidente de livros de referência sobre a produção cinematográfica nacional. O projeto foi tomando corpo durante a década e, com a retomada da produção, recebeu um impulso com a concessão de bolsa de pesquisa pela Fundação Vitae, em 1996. O apoio que recebeu da Editora Senac São Paulo foi fundamental para que pudesse ser concluído, proporcionando-nos a oportunidade de trabalhar com um número significativo de autores. Tivemos a colaboração dos principais pesquisadores do cinema brasileiro, que muitas vezes dispunham de informações e saberes acumulados durante anos de leituras e levantamentos. Nesse sentido, esta Enciclopédia é uma obra múltipla que, como toda enciclopédia, reflete a visão de uma época sobre o objeto em torno do qual se debruça. Seu objetivo principal é fornecer um panorama horizontal do cinema brasileiro, retratando-o em seu percurso no século XX. Optamos por trabalhar com um número grande de autores (45 no total), trazendo diferentes perspectivas sobre temas e personalidades também diversos do cinema brasileiro. Os textos são assinados e refletem opiniões e conhecimentos pessoais do verbetista sobre o assunto. Buscamos dar certa unidade ao conjunto, realizando alguns acertos de estilo e uniformizando, na medida do possível, informações de referência como datas ou nomes. A concepção da Enciclopédia como um todo e a seleção dos temas e personalidades verbetados devem ser debitadas, em seus acertos e erros, aos organizadores do livro. Nossa opção pelo número de verbetes (706 no total) obedeceu à ideia de uma obra ampla. A escolha dos temas teve a preocupação de isolar períodos, instituições e movimentos significativos do cinema brasileiro. As personalidades

foram selecionadas buscando-se uma mistura de critérios quantitativos e qualitativos. O critério quantitativo levou em consideração a extensão da obra de cineastas ou atores. Um diretor com trinta longas-metragens, por exemplo, foi selecionado para ser verbetado, independentemente da repercussão de sua obra. Igual critério foi, proporcionalmente, utilizado para outros cineastas e atores. Esse recorte implicou uma representação significativa da produção cinematográfica realizada na Boca do Lixo. Essa representação, apesar de polêmica, foi mantida na Enciclopédia como um todo. O critério qualitativo buscou dar ênfase a cineastas e atores com obras de peso, mesmo não sendo muitas. Procuramos trabalhar dentro de uma chave que chamamos de “bom senso”, evitando as idiossincrasias. Opções na formação do corpus foram, no entanto, inevitáveis. Assumimos o formato de enciclopédia com a finalidade de abranger e afirmar uma visão global do cinema brasileiro. Os verbetes foram divididos em temáticos e de personalidades. Os verbetes temáticos cobrem períodos e instituições significativos do cinema brasileiro, tais como Cinema Novo, Chanchada, Pornochanchada, Documentário, Cinema Marginal, Ciclos Regionais, Festivais, Revistas, Cinematecas, Cineclubes, Embrafilme, INCE, etc.; ou retratam estados com produção considerável (Bahia, Rio Grande do Sul, Amazonas, Paraná, Minas Gerais, etc.); ou abordam produtoras como Cinédia, Brasil Vita Filmes, Atlântida, Vera Cruz, Saga Filmes, etc. Há também verbetes temáticos por função (Fotografia, Cenografia, Roteiro, etc.); ou ainda temas diversos em sua relação específica com o cinema brasileiro, tais como Livros, Laboratórios, Literatura, Teatro, Cantores-atores, Primeiros e maiores, etc. Os verbetes temáticos buscam mapear o cinema brasileiro


apresentação À 1a edição

a partir de conjuntos estruturais que consideramos significativos. Para facilitar a consulta, relacionamos esses verbetes no final da obra. Nosso principal cuidado foi evitar repetições e sobreposições com os verbetes pessoais, o que serve como justificativa para algumas ausências. Nos verbetes temáticos mapeamos a produção de diversos fotógrafos, roteiristas, cenógrafos, produtores e técnicos que não estão verbetados. Alguns verbetes pessoais acabaram sendo absorvidos por verbetes temáticos mais amplos. Para evitar polêmicas, optamos por não verbetar críticos de cinema em atividade. O cabeçalho dos verbetes pessoais é formado por nome artístico, nome completo (para as mulheres utilizamos nome de solteira), local e data de nascimento, data de falecimento e principais funções desempenhadas. Em casos de dúvidas ou informações contraditórias não resolvidas, deixamos um ponto de interrogação. Para os nomes próprios optamos por utilizar a grafia moderna, à exceção dos nomes artísticos e das marcas já consagradas. Ao cabeçalho segue-se uma filmografia de longas-metragens, que busca ser a mais completa possível, cobrindo as diversas funções nele apontadas. Um diretor, por exemplo, que tenha desempenhado, profissionalmente,

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atividade de fotógrafo terá sua filmografia levantada em ambos os setores, direção e fotografia (a principal função é a primeira mencionada no cabeçalho). As datas mencionadas são as de finalização da produção do filme e não as de lançamento. Buscamos com isso evitar distorções próprias a uma cinematografia que nunca conseguiu ter um controle efetivo sobre o circuito exibidor e a veiculação de sua própria produção. Com o objetivo de facilitar a consulta, personalidades, temas e instituições verbetados surgem acompanhados de um asterisco, quando de sua primeira aparição dentro de um verbete que não o seu. Luiz Felipe Miranda é o responsável pela metodologia e pesquisa que permitiram a elaboração da extensa filmografia que apresentamos. As pesquisas para a composição dos cabeçalhos foram realizadas por Hernani Heffner e Lécio Ramos, juntamente com os organizadores da obra. Hernani e Lécio centralizaram os levantamentos e as pesquisas no Rio de Janeiro. Os verbetes foram divididos em pequenos, médios e grandes e encomendados, nesses formatos, aos autores. Se alguns se excederam no tamanho previsto, buscamos não cercear em demasia sua liberdade criativa. Nossa intenção foi respeitar o estilo e as opiniões de todos, frisando

a necessidade de elaborar textos panorâmicos que não se caracterizassem pela afirmação de posições polêmicas e pessoais. O lançamento desta Enciclopédia surge em sintonia com um “espírito de época”, com forte caráter retrospectivo, que parece moldar a sensibilidade contemporânea no final do milênio. O cinema, como arte narrativa, atravessa de modo fulgurante o século, mostrando até hoje um continuado dinamismo. Essa tradição artística é pensada aqui em sua interação com um corpo de usos e costumes, atitudes e contexto socioeconômico denominado “brasilidade”. Aos nossos olhos, a singularidade e o caráter estrutural do conjunto de produções do cinema brasileiro são nítidos, mesmo levando-se em consideração sua diversidade. O projeto da Enciclopédia tem, portanto, em seu âmago, a sustentação dessa perspectiva. Dela emerge uma visão panorâmica construída de forma crítica, debruçando-se, ao mesmo tempo, com carinho e respeito sobre seu objeto. Uma visão que nos permita lançar para trás um olhar honesto de avaliação e que, de lá, consiga resgatar um pouco da autoestima que essa produção artística sem dúvida permite. Os organizadores


Autores Afrânio Mendes Catani (AMC)

Lúcia Nagib (LN)

Ana Maria Rebouças (AMR)

Luciana Corrêa de Araújo (LCA)

André Gatti (AG)

Luciano Ramos (LR)

André Setaro (ASe)

Luiz Felipe Miranda (LFM)

Angela Regina Cunha (ARC)

Luiz Zanin Orichio (LZO)

Anita Simis (ASi)

Márcia Marani (MM)

Antônio Luiz Tinoco (ALT)

Marcos de Souza Mendes (MSM)

Arthur Autran (AA)

Maria do Rosário Caetano (MRC)

Beto Leão (BL)

Maria Thereza Vargas (MTV)

Carlos Augusto Calil (CAC)

Miriam Rossini (MR)

Fatimarlei Lunardelli (FL)

Ney Carrasco (NC)

Fernando Tacca (FT)

Nuno César Abreu (NCA)

Fernão Pessoa Ramos (FPR)

Paulo Antonio Paranaguá (PAP)

Guiomar Pessoa Ramos (GPR)

Remier Lion (RL)

Helena Salem (HS)

Roberto Moura (RM)

Hernani Heffner (HH)

Rosinalva Alves de Souza (RAS)

Inimá Simões (IS)

Rubens Machado Junior (RMJr)

João Luiz Vieira (JLV)

Sandra Lacerda Campos (SLC)

José Américo Ribeiro (JAR)

Selda Vale da Costa (SVC)

José Gatti (JG)

Silvia Oroz (SO)

José Inácio de Melo Souza (JIMS)

Solange Stecz (SS)

José Maria Tenório Rocha (JMTR)

Thais Sandri (TS)

José Mário Ortiz (JMO)

Tuio Becker (TB)

Lécio Augusto Ramos (LAR)

Vera Lucia Donadio (VLD)

Leo Gavina (LG)

Walter Abreu (WA)



A

ABELIM, Eduardo – Cachoeira do Sul, RS, 1900-1984. Diretor. FILMOGRAFIA: 1927 – O castigo do orgulho. 1931 – O pecado da vaidade.

Pioneiro do cinema gaúcho* nos anos 20. Muda-se para Porto Alegre, onde dirige o curta Em defesa da irmã (1926), realiza proezas automobilísticas e dedica-se à quiromancia. No ano seguinte funda a Gaúcha Film, produtora de seus filmes. Monta, em 1929, seu pequeno laboratório, dedicando-se à feitura de filmes de propaganda. Em 1930 dirige o documentário Avançada das tropas gaúchas, registro do envolvimento dos gaúchos na Revolução de 30. Produz, dirige e atua em dois dramas. Com O castigo do orgulho inicia um pequeno ciclo gaúcho de filmes mudos de ficção, de maior metragem, que ele próprio encerra com O pecado da vaidade. Consta ter utilizado nesses filmes, como atrizes, mulheres da vida. Muda-se para Niterói em 1932, onde por vários anos é exibidor ambulante de filmes em praças públicas. No ano de 1985, o diretor de fotografia Lauro Escorel Filho* estreia como diretor no longa Sonho sem fim, em que pinta um retrato desse cineasta dos primórdios do cinema brasileiro. (LFM) ABRAHÃO, Benjamin (Benjamin Abrahão Botto) – Zahell, Líbano, 1890-1938. Diretor. FILMOGRAFIA: 1936 – Lampião.

De origem e vida obscuras, mascate de profissão, realiza registro único sobre o fenômeno do cangaço e a figura de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Nascido em Zahell – ou Belém, na Jordânia –, deixa, durante a I Guerra Mundial, essa cidade, onde se fala português e de onde provém a maior parte dos imigrantes libaneses chegados ao Brasil. Aporta em Recife, passando a comerciar tecidos e outros produtos interior adentro. Estabelece-se em Juazeiro do Norte, tornando-se secretário de Cícero Romão Batista, o Padre Cícero. Interessa-se por Lampião e seu bando, decidindo realizar um filme sobre o grupo. Com a ajuda do religioso, que facilita o contato, e de Ademar Bezerra de Albuquerque, que fornece equipamentos e filme virgem, acompanha os cangaceiros por alguns meses, documentando o cotidiano dos acampamentos e os atritos com a polícia. O material montado é apreendido e encostado num depósito público. Resgatado parcialmente, anos mais tarde, por Alexandre Wulfes* e Al Ghiu, é utilizado ainda no documentário Memória do cangaço, de Paulo Gil Soares*, e no longa de ficção Baile perfumado (1997), de Lírio

Ferreira* e Paulo Caldas*, em verdade a cinebiografia de Abrahão. (HH) Persistem dúvidas quanto ao local de seu falecimento, entre Recife e Serra Talhada, em 10 de maio. (HH) ABREU, Cláudia (Cláudia Abreu Varella) – Rio de Janeiro, RJ, 1970. Atriz. FILMOGRAFIA: 1995-1996 – Tieta do agreste. 1996 – O que é isso, companheiro?; Ed Mort. 1997 – Guerra de Canudos. 1998 – Traição (3o episódio: ‘Cachorro!’). 1999-2001 – O xangô de Baker Street. 2003 – O Homem do Ano; O caminho das nuvens. 2008 – Os desafinados.

Aos 15 anos estreou em sua primeira novela, após ter frequentado aulas no Teatro Tablado e tido algumas experiências em comerciais e no teatro amador. Formada em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). É casada com o cineas­t a e publicitário José Henrique Fonseca. Estreou no cinema no filme de média-metragem Absinto (1992), de Eduardo Mhich. Participou do longa-metragem Tieta do agreste, de Carlos Diegues*, baseado no romance homônimo de Jorge Amado*, no papel de Leonora, moça bela e triste que acompanhou Tieta na viagem ao interior baiano. Em seguida, atuou no papel de Renée em O que é isso, companheiro?, de Bruno Barreto*, extraído do bestseller homônimo de Fernando Gabeira. Criou a engraçada Cibele, apresentadora de programa infantil na comédia Ed Mort, de Alain Fresnot*, baseada em Ed Mort, procurando o Silva, livro humorístico de Luis Fernando Verissimo. Interpretou Luiza, a filha mais velha de família sertaneja, no filme histórico Guerra de Canudos, de Sérgio Rezende*. No episódio ‘Cachorro’, dirigido por José Henrique Fonseca e incluído no longa Traição, fez a voz da ouvinte. Representou personagem nobre, a baronesa Maria Luiza, em O xangô de Baker Street, de Miguel Faria Jr.*, baseado no best-seller de Jô Soares*. Criou Cledir, a namorada de bandido em O Homem do Ano, de José Henrique Fonseca, baseado no romance O matador, de Patrícia Melo. Viveu Rose, esposa e mãe de cinco filhos de família nordestina que decide vir para o sul de bicicleta em O caminho das nuvens, de Vicente Amorim. Interpretou Glória, moça moderna, em Os desafinados, de Walter Lima Jr.*. Vem desenvolvendo trabalhos simultaneamente na televisão e no teatro. Na TV, destacou-se em papéis polêmicos como jovem que “aluga” seu útero, garota de classe média que se torna guerrilheira, vilã inescrupulosa ou menina de rua que se casa com milionário. (VLD)


ABREU

ABREU, Gilda – Paris, França, 19041979. Diretora, atriz. FILMOGRAFIA: 1936 – Bonequinha de seda (atriz). 1946 – O ébrio (dir.). 1947 – Pinguinho de gente (dir.). 1949 – Coração materno (dir., atriz).

Filha da cantora lírica portuguesa Nícia Silva e do dr. João Abreu, Gilda Abreu viveu na França até as vésperas da I Guerra Mundial, quando a família retornou ao Brasil. Apesar da oposição do pai, que não via com simpatia a vida de artista, Gilda estudou canto com a mãe, formando-se no então Instituto Nacional de Música, onde obteve a Medalha de Ouro. Iniciou a carreira como cantora lírica, atuando em concertos e festas de caridade, como a revista Ondas sonoras, de Bastos Tigre, encenada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, promovida pela Rádio Clube do Brasil em benefício da Pró-Matre. Sua carreira profissional teve início somente em 1933, quando atuou na peça A canção brasileira, de Luiz Iglésias e Miguel Santos, com trilha musical de Henrique Vogeler. A peça foi um grande sucesso de público, permanecendo três meses em cartaz, fato raro na época. No mesmo ano, Gilda casou-se com o cantor Vicente Celestino. Foi um casamento em pleno palco, durante a encenação da peça A casa branca, de Freire Júnior. Ela e Vicente formaram a partir de então uma dupla inseparável, na vida e na arte, tendo o casal atuado em diversas operetas de sucesso, entre as décadas de 30 e 50. A estreia de Gilda no cinema foi também tardia. Decidido a dirigir um filme, Oduvaldo Viana* conseguiu convencer Adhemar Gonzaga*, da Cinédia*, a produzir um grande musical, baseado em argumento seu: Bonequinha de seda. O filme foi idealizado para Carmen Miranda*, mas, devido à recusa desta, presa a compromissos musicais, Oduvaldo decidiu recorrer a Gilda Abreu. Aprovada nos testes que realizou para o papel, Gilda não hesitou em se submeter a uma arriscada cirurgia plástica para corrigir uma saliência nas maçãs do rosto evidenciada nos closes do teste. O perfeccionismo com que se preparou para viver Marilda, a filha do alfaiate Pechincha que é humilhada por um esnobe e educada para se tornar grã-fina e conquistá-lo, foi um dos fatores que fizeram de Bonequinha de seda um dos maiores sucessos do cinema brasileiro da época. Gilda viveu então o clímax de sua popularidade como atriz e cantora, sendo eleita Rainha das Atrizes no carnaval de 1937. Com o sucesso de Bonequinha de seda, Gonzaga e Oduvaldo Viana resolveram fazer um segundo filme, ainda 18

mais ambicioso tecnicamente. Intitulado “Alegria”, era uma história que se passava em duas épocas, em que Gilda faria os dois papéis principais: o de uma cigana que morria nos braços de seu grande amor e a filha desta. As filmagens começaram animadas, com grande apa­rato publicitário. Em certo momento, porém, o produtor Adhemar Gonzaga resolveu impor o nome de Heloísa Helena para o papel da filha da cigana, na segunda parte do filme. Oduvaldo não concordou e, diante do impasse criado, a produção foi interrompida. Gilda teve então de retornar ao teatro, passando a atuar menos como cantora e mais como empresária do marido. Começou a adaptar e a dirigir para o teatro peças baseadas nas canções compostas por Vicente, como Ouvindo-te, Matei, Coração materno e O ébrio, encenadas com grande sucesso. Em 1945, Gilda retornou à C inédia para dirigir e protagonizar “A viuvinha”, uma adaptação que ela mesma fizera da obra homônima de José de Alencar*. A produção já estava em ritmo acelerado quando Gonzaga sugeriu que ela filmasse O ébrio, levando para a tela um de seus maiores sucessos no teatro. O ébrio tinha os ingredientes perfeitos para um filme de sucesso: um cantor extremamente popular (Vicente Celestino), um tema de forte apelo emocional (a decadência associada à bebida) e uma adaptação e direção fiéis ao espírito da época (Gilda estreia como diretora). De fato, o filme tornou-se um dos maiores sucessos do cinema brasileiro, estimando-se que tenha sido visto, desde o seu lançamento em 1946, por mais de 12 milhões de espectadores. Prestigiada pelo sucesso de O ébrio, Gilda partiu para o seu segundo filme como diretora, Pinguinho de gente, destinado a aproveitar a popularidade que Isabel de Barros (a menina paralítica que volta a andar depois de operada por Vicente Celestino) havia conquistado em O ébrio. Decidida a realizar um filme grandioso, Gilda não economizou na produção, chegando a utilizar uma máquina de fazer neve para dar realismo a um dos quadros musicais. Apesar de todo o empenho de Gilda, Pinguinho de gente não obteve o sucesso esperado. A produção acabou se tornando cara demais para a estrutura financeira da Cinédia, que não suportaria o abalo causado e teria de paralisar suas atividades pouco tempo depois. Apesar disso, Gilda não desanimou e, em 1949, teve a oportunidade de realizar seu projeto mais pessoal: ela escreveu, produziu, dirigiu e foi a protagonista de Coração materno, no qual teve também a oportunidade de concretizar o sonho de

atuar ao lado de Vicente Celestino. Em 1954, a convite do diretor Roman Viñoly Barreto, escreveu o roteiro de Chico Viola não morreu, biografia musicada do compositor Francisco Alves, morto num acidente automobilístico em 1952. A última investida de Gilda no cinema ocorreu em 1977, quando escreveu o roteiro e dirigiu o curta documental Canção de amor, um tributo à carreira de Vicente Celestino, falecido em 1968. Faleceu no Rio de Janeiro em 4 de junho. (LAR) ABREU, Nuno César (Nuno César Pereira de Abreu) – Araçatuba, SP, 1948. Diretor. FILMOGRAFIA: 1988-1989 – Corpo em delito.

Transitou por várias cidades em sua vida. Estudou na Universidade de Brasília (UnB), completou o curso de Cinema e se formou na Universidade Federal Fluminense (UFF), residindo hoje em Campinas. É diretor de uma série de curtas-metragens documentais, trabalhando inicialmente com bitola 16 mm e cor. No ano de 1974, em Niterói, dirigiu São Bento, sobre ponto tradicional da cidade, o Campo de São Bento, e montou Biblioteca Nacional, de José Alberto Nobreporto. Em São Paulo, passou para a bitola 35 mm, sendo diretor do média-metragem 32 × 78 (A respeito do Movimento Constitucionalista de 1932) (1978), onde misturou fotos e filmes de época com uma peça teatral sobre aquele acontecimento histórico. Seguiram-se outros curtas, como Encontro com Adoniran, enfocando o ator e compositor Adoniran Barbosa; e Chão batido ou Almeida Junior, um pintor do caipira (1980), reflexão poética sobre o pintor paulista. Constituiu a NCA Produções Artísticas, dirigindo na bitola 16 mm Mad-Moré (1981), sobre os dramas vividos na construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré. Produz e cria o argumento junto com o diretor de Sperantia quae sera tamen (Esperança ainda que tardia, todavia) (1983), Ronaldo di Roná. Diretor de O incrível senhor Blois (1984), sobre o artista plástico miniaturista Oscar Blois, que mantém contato com extraterrestres. Realiza o vídeo A herança do Jeca (1985) abordando a carreira do célebre comediante Amácio Mazzaropi*. Estreia na direção de longa-metragem com drama político que retrata fatos reais em Corpo em delito. Desde os anos 1980 dedica-se à atividade de professor, inicialmente na Universidade Federal Fluminense (UFF) e depois no Departamento de Cinema da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). (LFM)


AINOUZ

ABUJAMRA, Antônio – Ourinhos, SP, 1932. Ator. FILMOGRAFIA: 1987-1989 – Lua cheia. 1988 – Festa. 1988-1992 – Oceano Atlantis. 1989 – Os Sermões. 1992 – Oswaldianas (5o episódio: ‘Perigo Negro’). 1992-1994 – Carlota Joaquina, princesa do Brazil. 1994-1996 – Olhos de vampa. 1995-1996 – Quem matou Pixote?. 1998 – Caminho dos sonhos. 1997-2000 – Villa-Lobos, uma vida de paixão. 2005 – Quanto vale ou é por quilo?; Concerto campestre. 2008 – É proibido fumar.

Apesar de ter nascido no interior de São Paulo, cresceu e estudou em Porto Alegre, formando-se em Filosofia e Jornalismo pela PUC, em 1957. Começou no teatro amador e paralelamente atuou como crítico teatral. No Teatro Universitário, entre 1955 e 1958, estreou como diretor, onde recebeu o Prêmio Juscelino Kubitschek pela direção de A cantora careca, de Eugène Ionesco. Contemplado com uma bolsa de estudos, em 1959, muda-se para Madri. Aproveitando sua estada na Europa, faz estágio na França com o diretor Roger Planchon e com o ator e diretor Jean Vilar, responsáveis por transformações no teatro europeu da época. Trabalha também no Berliner Ensemble, de Bertolt Brecht. Retorna em 1961, estreando profissionalmente no Teatro Cacilda Becker (TCB), como diretor de Raízes, e no Teatro Oficina, com José, do parto à sepultura, de Augusto Boal. Esse seria o começo de uma série de montagens que o levaria também ao Rio de Janeiro e Nova York. Encena espetáculos de grandes autores como Dias Gomes, Bráulio Cardoso, Plinio Marcos*, Leilah Assumpção, Nélson Rodrigues*, Brecht, Dario Fo, Jean Genet, Antonio Bivar, Garcia Lorca, entre outros. Teve carreira televisiva. Iniciou-se na antiga TV Tupi como diretor. Foi ator na novela As minas de prata, da extinta TV Excelsior. Percorreu todas as emissoras paulistanas, e depois cariocas, atuando em mais de vinte telenovelas. No cinema, recebeu o Prêmio Kikito, no Festival de Gramado de 1989, como melhor ator no filme Festa, de Ugo Giorgetti*, ao protagonizar senhor de idade. Encarna o decadente conde de Mata-Porcos em Carlota Joaquina, de Carla Camurati*; o padre Otero, no Caminho dos sonhos, com roteiro baseado em Um sonho no coração do abacate, obra de Moacyr Scliar; o major Eleutério Fontes, em Concerto campestre, de Henrique Freitas Lima. Em 2001, participou do filme Parusia, com direção de João Levey, sem lançamento comercial, filmado em Visconde de Mauá (RJ) e captado em vídeo digital. Em É

proibido fumar, de Anna Muylaet*, fez o morador chato que vive pegando no pé do porteiro. (TS) ACÁCIO, Roberto (Acácio Domingues Pereira) – Porto, Portugal, 19171994. Produtor. FILMOGRAFIA: 1949-1950 – Perdida pela paixão. 1953 – É fogo na roupa. 1954 – O petróleo é nosso; Mãos sangrentas (coprodução estrangeira). 1955 – Carnaval em Marte; Leonora dos sete mares. 1956 – Rio fantasia. 1958 – Mulher de fogo (coprodução estrangeira). 1973 – Os primeiros momentos. 1976 – A fera carioca (coprodução estrangeira).

Criado no Rio de Janeiro, onde sempre viveu. Nos estúdios da Cinédia*, levado por Sady Cabral*, desempenha papéis de coadjuvante nos filmes Pureza (1940), de Chianca de Garcia*, e O dia é nosso (1941), de Milton Rodrigues*. Após alguns anos de ausência, retorna ao cinema em 1949 e protagoniza, ao lado de Maria Della Costa*, Caminhos do sul, produção de Andrea di Robillant, sob a direção de Fernando de Barros* (ex-assistente de Pureza). Funda sua empresa, Artistas Associados Filmes, e lança-se como produtor em Quando a noite acaba (rebatizado em São Paulo com o título Perdida pela paixão). Nessa nova parceria com o diretor Fernando de Barros, Tônia Carrero* tem seu primeiro papel de estrela. A partir de 1953 assume a função de produtor associado a Watson Macedo*, produzindo os primeiros filmes independentes desse diretor (É fogo na roupa, O petróleo é nosso, Carnaval em Marte e Rio fantasia). Produtor dos primeiros filmes brasileiros (Mãos sangrentas e Leonora dos sete mares) do argentino Carlos Hugo Christensen*, realizados em sistema de coprodução nos estúdios paulistas da Maristela*. O diretor de seu filme seguinte, Mulher de fogo, uma coprodução com o México, baseada no romance Vazante, de José Mauro de Vasconcelos, é o chileno Tito Davinson, com carreira no cinema mexicano, tendo como estrela Ninon Sevilla. Quinze anos mais tarde, retorna com o filme romântico Os primeiros momentos, de Pedro Camargo, estreia de sua nova produtora Cinemática e da atriz Cristina Aché*. Em seguida realiza outra coprodução, dessa vez com a Itália, a comédia policial A fera carioca, sob a direção do italiano Giuliano Carmineo. (LFM) ACHÉ, Cristina (Maria Cristina Aché Cardoso Pinto) – Rio de Janeiro, RJ, 1957. Atriz.

FILMOGRAFIA: 1973 – Os primeiros momentos. 1974 – Guerra conjugal; Quem tem medo de lobisomem?; Nem os bruxos escapam. 1975 – O filho do chefão; Deliciosas traições de amor (4o episódio: ‘Dois é bom... quatro é melhor’); Padre Cícero. 1976 – Contos eróticos (4o episódio: ‘Vereda tropical’). 1977 – Chuvas de verão; Os sete gatinhos. 1978 – Amor bandido; Batalha dos Guararapes. 1981 – O homem do pau-brasil. 1983 – Aguenta, coração. 1984 – Noites do sertão; Areias escaldantes; A estrela nua; Noite. 1988-1994 – O Judeu. 1996 – Doces poderes. 1999 – Minha vida em suas mãos.

Com poucas passagens pelo teatro e pela televisão, geralmente em papéis secundários, desenvolve intensa carreira no cinema a partir de Os primeiros momentos, de Pedro Camargo, cuja personagem principal inspirou e protagonizou, ainda adolescente. Estuda Arte Dramática na Escola de Teatro Martins Pena e obtém reconhecimento cada vez maior em filmes como Quem tem medo de lobisomem?, de Reginaldo Faria*; Chuvas de verão, de Carlos Diegues*; e Os sete gatinhos, de Neville d’Almeida*. Casa-se com o cineasta Joaquim Pedro de Andrade*, com quem trabalha em Guerra conjugal, no episódio ‘Vereda tropical’ e O homem do pau-brasil. Atinge o estrelato desempenhando uma prostituta em Amor bandido, de Bruno Barreto*. Na virada para a década de 80, diminui suas participações, não adequando seu perfil artístico à nova dramaturgia nem fazendo concessões a projetos comerciais. Torna-se sócia e promoter dos bares-restaurantes Torre de Babel e Astrolábio, atuando esporadicamente. (HH) AINOUZ, Karim – Fortaleza, CE, 1966. FILMOGRAFIA: 2002 – Madame Satã. 2006 – O céu de Suely. 2009 – Viajo porque preciso, volto porque te amo.

Formou-se em 1988 em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (UnB). Viveu durante algum tempo em Nova York, quando fez mestrado em Teo­ ria e História do Cinema pela New York University em 1991. Em 1992, foi artista residente no Downtown Television Center e Film/Vídeo Arts. Dirigiu uma série de curtas antes de chegar a seu primeiro longa: O preso (1992); Seams (1993); Paixão nacional I: choque metabólico irreversível (1995); Hic habitat felicitas (1996); Les ballons de bairros (1998) e Rifa-me (2000). Retornou ao Brasil, atuando como roteirista em Abril despedaçado (2001), de Walter Salles*, adaptado do romance homônimo 19


ALAGOAS

de Ismail Kadaré. Mais tarde, no ano de 2005, roteirizou Cidade baixa, de Sérgio Machado*, e Cinema, aspirina e urubus, de Marcelo Gomes*, esse último inspirado em Relato de viagem, de Ranulpho Gomes. Diretor de destaque no Cinema Brasileiro do novo milênio, circula com agilidade pela nova geração. Em 2010 teve uma retrospectiva de sua obra patrocinada pela Mostra de Cinema de Tiradentes. Seu primeiro longa como diretor foi Madame Satã, baseado na vida real da histórica travesti negra que reinou no submundo carioca da década de 1930. Obra violenta e carregada nas cores escatológicas, é bem representativa de certa tendência do cinema brasileiro contemporâneo. Seu segundo longa, O céu de Suely, segue trilha parecida, embora com plástica diferenciada. Explora com todas as cores a abertura geográfica do campo proporcionada pelo cenário nordestino, contrapondo um ambiente dramático claustrofóbico, onde vão progressivamente minguando as esperanças de uma migrante que volta às origens no Nordeste. Hermila Guedes interpreta a jovem que viveu a maior parte de sua vida em São Paulo e retorna à cidade em que nasceu em busca de nova vida. Acaba se prostituindo e oferecendo seu corpo numa rifa. O filme tem um tom lírico em que a desesperança contrasta com a fotografia, mantendo sempre em aberto o intervalo por onde a personagem escapole no final. Em codireção com Marcelo Gomes, realiza Viajo porque preciso, volto porque te amo, ficção sobre homem que viaja a trabalho pelo sertão nordestino, rememorando seu passado. O filme possui belas imagens tomadas de viagens, em épocas distintas, dos diretores ao sertão nordestino. A articulação fílmica se dá a posteriori, no modo ficcional, ao construir um sujeito que enuncia, com uma voz fora de campo rememorando em primeira pessoa. (FPR/ LFM) ALAGOAS Dadas as distâncias entre Alagoas e os grandes centros culturais do país no final do século XIX, as projeções cinematográficas demoraram a chegar à região. A pequena província, no entanto, recebeu, já em 2 de dezembro de 1895, o quinetógrafo, trazido não do Sudeste, como era de esperar, mas de Recife, Pernambuco. Dois anos depois, o alagoano assistiria no Teatro Maceioense aos Quadros ilusionistas ou Projeções luminosas em movimento. Em 1897 surgiu o animatógrafo, de Luiz Costa, e nos intervalos das sessões ouvia-se o fonógrafo. O motoscópio foi apresentado em 20

1897, acompanhando-se do gramofone. Em 1902 aplaudia-se o bioscópio inglês, que exibia vistas fixas e animadas; seu diretor: J. Fillipi. O Teatrinho do Jaraguá apresentou, em 1907, o projetoscópio, e, no ano seguinte, o cinematógrafo falante na mesma casa de espetáculos. A sala de cinema fixa em Maceió só existiu a partir de 1909, com a instalação do aparelho de projeção da Pathé-Frères no Cinema Veneza; daí por diante, salas de exibição foram progressivamente instaladas: Helvética (1910), Popular (1911), Cine Teatro Floriano (1913), Odeon (1915), Pathé (1917), Moderno (1919) e Capitólio (1927). Somente em 1930 surgiu em Maceió o cinema falado, instalado no Cine Teatro Floriano, com a projeção de Follies. Alagoas, como diversos estados brasileiros, também possuiu seu ciclo de cinema. Esse ciclo foi iniciado com a chegada, a Maceió, de um “fotógrafo-artista” chamado Guilherme Rogato. Nascido em 7 de dezembro de 1898 em San Marco Argentano, Cosenza, Itália, era filho de José Rogato e Filomenta Ponte Rogato, também italianos de nascimento. Chegou ao Brasil em 1910, procedente de Nápoles, desembarcando no porto de Santos (SP). O imigrante casou-se com Maria Rosa Greco, no Cambuci, bairro da cidade de São Paulo. Rosa era filha de Francisco Greco e Vicenzina Fragalli. Adaptado ao ramo da fotografia, Rogato trabalhou inicialmente em São Paulo, depois em Salvador e no Rio de Janeiro. Começou a ir a Alagoas, terminando por se estabelecer definitivamente em Maceió, no ano de 1921. A partir dessa data, já trabalhando como fotógrafo e estabelecido com a empresa Rogato Film, pôs em prática a ideia de filmar em Alagoas. As primeiras imagens feitas no estado foram realizadas no Carnaval de 1921 e depois na inauguração da ponte de cimento em Victória (Quebrângulo). Constituindo de fato as primeiras manifestações cinematográficas realizadas em Alagoas, Carnaval em 1921 e Inauguração da ponte em Quebrângulo foram apresentadas em 1921, no Cine Floriano. A segunda filmagem de Rogato eram cenas feitas em homenagem ao governador Fernandes Lima, incluindo também o registro de jogos de futebol. O sucesso dos primeiros trabalhos cinematográficos de Rogato entusiasmou o público, e jornalistas passaram a estimular o realizador para que desse continuidade a sua arte. A exibição em Maceió do filme No país das amazonas (1921), de Silvino Santos, provocou a realização de Terra de Alagoas (1925-1926), de Rogato, docu-

mentário exibido em 1927, nos cinemas de Maceió e Penedo. Em 1930 chega a Alagoas Edson Chagas*, que já havia filmado em Pernambuco. Datado de 1931, o primeiro longa-metragem alagoano, Um bravo do Nordeste – western adaptado para Alagoas –, de Edson Chagas, foi realizado pela Alagoas Film, produtora fundada por Edson e Rogato. No comando da Gaudio Film, Rogato produziu e dirigiu com Etelvino Lima o segundo longa-metragem, Casamento é negócio?, exibido em sessão especial em 1933. Depois de incansáveis trabalhos, Rogato deixa este mundo no dia 9 de setembro de 1966. Em 1954 foi realizado A marca do crime, ficção dirigida por Josué Júnior e Mário Nobre, em 16 mm, com quarenta minutos de duração, que não teve exibição nos cinemas, apenas em casas de amigos. A Caeté Filmes do Brasil, dirigida por José Wanderley Lópes, realizou inúmeros documentários comerciais exibidos em cinemas e em grande parte na TV. Em 1971 produziu A volta pela estrada da violência, em 16 mm, com 75 minutos de duração, com direção de Aécio de Andrade. Trata-se de uma tragédia que atinge uma família nordestina que tem seus passos controlados pelo coronelismo. A Caeté ainda realizou Mulheres liberadas (1982), com direção de Adnor Pitanga e produção de Wanderley Lópes. O filme contou com a interpretação da atriz Rossana Ghessa*. No início da década de 70 ocorreu o boom do Super-8 em Alagoas. Inúmeros foram os realizadores que investiram na bitola e obtiveram bons trabalhos. Devido à prática desse tipo de cinema, foram criados, como incentivo e suporte, os Festivais de Cinema Brasileiro de Penedo, que tiveram início em 1975 e continuaram até 1982. Esses festivais revelaram Celso Brandão, um importante realizador. Esse cineasta, após várias produções em Super-8, teve seu filme Ponto das ervas (1978) produzido por Carlos Diegues*, em 35 mm, e fotografado por Dib Lutfi. Seus filmes seguintes são Chão de casa (1982) e Memórias da vida e do trabalho (1988); participou ainda do Festival de Moscou. Afora Celso Brandão, outros nomes podem ser apontados, como: Aldevan Henrique, que fez, entre outros, Fases da produção do açúcar e Farinhada; Antônio Souza, com Vaquejada; Carlos Hora, de quem sobressai Destino; Denício Calisto, com destaque para Vaquejada, festa de bravos; Kleiner Gomes, com Aventuras de um contrabandista e A faca; Joaquim Alves, que, depois de ter feito vários filmes


Sobre os autores Afrânio Mendes Catani Professor

do Departamento de Administração Escolar e Economia da Universidade de São Paulo (USP) e autor de A sombra da outra (2002). Ana Maria Rebouças Pesquisadora

do Centro Cultural São Paulo e coorganizadora de Cronologia das Artes em São Paulo 1975-1995 – Volume 3: Artes Cênicas (1996). André Gatti Professor do Departa-

mento de Cinema da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e autor de Cinema brasileiro em ritmo de indústria (1969-1990) (1999). André Setaro Crítico de cinema

e professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), autor de Escritos sobre cinema – trilogia de um tempo crítico (2010). Ângela Regina Cunha Pesquisado-

ra de cinema. Anita Simis Professora do Departa-

mento de Sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autora de Estado e cinema no Brasil (1998). Antônio Luiz Tinoco Pesquisador

de cinema. Arthur Autran Professor do Depar-

tamento de Artes e Comunicação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e autor de Alex Viany: crítico e historiador (2003). Beto Leão Crítico de cinema e autor

de Goiás no século do cinema (1996). Carlos Augusto Calil Professor do

Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Universidade de São Paulo (USP) e organizador de Cinema e verdade: Marilyn, Buñuel, etc. Por um escritor de cinema (1988). Fatimarlei Lunardelli Professora do

Departamento de Comunicação da

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e autora de A crítica de cinema em Porto Alegre na década de 1960 (2008). Fernando de Tacca Professor do Departamento de Multimeios, Mídia e Comunicação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de A imagética da comissão Rondon (2001). Fernão Pessoa Ramos Professor do Departamento de Cinema da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de Mas afinal... o que é mesmo documentário? (2008). Guiomar Pessoa Ramos Professora do Departamento de Expressão e Linguagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora de Um cinema brasileiro antropofágico (1970-1974) (2008). Helena Salem Pesquisadora de cine­ma e autora de Nelson Pereira dos Santos – O sonho possível do cinema brasileiro (1996). Hernani Heffner Diretor de Conservação da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Inimá Simões Jornalista e autor de Roberto Santos – A hora e a vez de um cineasta (1997). João Luiz Vieira Professor do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor de Câmera-faca – o cinema de Sérgio Bianchi (Festival de Cinema Luso-brasileiro de Santa Maria da Feira). José Américo Ribeiro Professor do Departamento de Fotografia e Cinema da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor de O cinema em Belo Horizonte: do cineclubismo à produção cinematográfica da década de 1960 (1997).


Sobre os autores

José Gatti Professor da Universi-

Márcia Marani Pesquisadora do

Rosinalva Alves de Souza Pesqui-

dade Tuiuti do Paraná e autor de Barravento: a estreia de Glauber (1988). José Inácio Melo Souza Pesquisador da Cinemateca Brasileira e autor de Paulo Emilio no paraíso (2002). José Maria Tenório Rocha Professor da Universidade Tiradentes de Aracaju e autor de Folclore brasileiro – Alagoas (1977). José Mário Ortiz Ramos Professor do Departamento de Sociologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de Cinema Estado e lutas culturais – anos 50/60/70 (1983). Lécio Augusto Ramos Pesquisador da Cinédia. Leo Gavina Organizador do Cinesul (Festival Ibero-Americano de Cinema e Vídeo) e autor de Cinesul 2005 – Festival Latino-americano (Cinesul). Lúcia Nagib Professora da Universidade de Leeds e autora de A utopia no cinema brasileiro – matrizes, nostalgia e distopias (2006). Luciana Corrêa de Araújo Professora do Departamento de Artes e Comunicação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e autora de A crônica de cinema no Recife dos Anos 50 (1997). Luciano Ramos Crítico de cinema e autor de Os melhores filmes novos – 290 filmes comentados (2009). Luiz Felipe Miranda Pesquisador do Arquivo Histórico Municipal e autor de Dicionário de cineastas brasileiros (1990). Luiz Zanin Oricchio Crítico de cinema e autor de Cinema de novo: um balanço crítico da retomada (2003).

Centro Cultural São Paulo (CCSP) e coautora de Alex Vallauri – Graffiti (2011). Marcos de Souza Mendes Professor do Departamento de Audiovisuais e Publicidade da Universidade de Brasília (UnB). Maria do Rosário Caetano Jornalista e autora de Cangaço – o nordestern no cinema brasileiro (2005). Maria Thereza Vargas Pesquisadora do Centro Cultural São Paulo e autora de Cem anos de teatro em São Paulo 1875-1974 (2001). Miriam Rossini Professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e autora de Teixeirinha e o cinema gaúcho (1996). Ney Carrasco Professor do Departamento de Música da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de Sygkhronos: a formação da poética musical do cinema (2003). Nuno César Abreu Professor do Departamento de Cinema da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de Boca do Lixo: cinema e classes populares (2006). Paulo Antônio Paranaguá Pesqui­ sador de cinema e autor de Cinema na América Latina: longe de Deus e perto de Hollywood. Remier Lion Pesquisador de cinema e autor de Ivan Cardoso: mestre do terrir (2008). Roberto Moura Professor do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor de Grande Othelo, um artista genial (1996).

sadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/RJ). Rubens Machado Jr. Professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Universidade de São Paulo (USP) e coorganizador de Estudos de Cinema Socine VII (2007). Sandra Lacerda Campos Pesquisadora do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP). Selda Vale da Costa Professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e autora de No rastro de Silvino Santos (1987). Silvia Oroz Pesquisadora de cinema e autora de Carlos Diegues: os filmes que não filmei (1984). Solange Stecz Professora da Fa­ culdade de Artes do Paraná e organizadora de Referências sobre filmagens e exibições cinematográficas em Curitiba: 1892/1907 (1976). Thais Sandri Pesquisadora do Centro Cultural São Paulo e coorganizadora de Cronologia das Artes em São Paulo 1975-1995 – Volume 4: cinema (1996). Tuio Becker Crítico de cinema e autor de Cinema gaúcho: uma breve história (1986). Vera Lucia Donadio Pesquisadora do Centro Cultural São Paulo e organizadora de Compositores brasileiros contemporâneos (s./d.). Walter Abreu Crítico de cinema.

754


Associação de Amigos do Tempo Glauber

Deus e o diabo na terra do sol (1963), filme de Glauber Rocha.

Anibal Massaini Neto

Leonardo Vilar e GlĂłria Menezes em O pagador de promessas (1962), filme de Anselmo Duarte.

757


Carlos Loffler

Oscarito em Este mundo ĂŠ um pandeiro (1947), de Watson Macedo.

SebastiĂŁo Bernardes de Sousa Prata, conhecido como Grande Otelo.

759


Acervo Cinematográfica Vera Cruz

Estúdios da Vera Cruz ainda em construção em São Bernardo do Campo.

Acervo Cinemateca Brasileira

Movimento do Bar Soberano, ponto de encontro das produções da Boca do Lixo.

761


Videofilmes/Maria Carlota Bruno

Fernanda Montenegro em Central do Brasil (1997), de Walter Salles.

HB Filmes

Reginaldo Faria e Ana Maria Magalhães em Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (1977), de Hector Babenco.

766


Divulgação

O casal Fernanda Torres e Wagner Moura na comédia Saneamento básico, o filme (2007), de Jorge Furtado.

Copacabana Filmes

Marieta Severo e Eliana Fonseca no filme marco da retomada, Carlota Joaquina, princesa do Brasil (1992-1994), de Carla Camurati.

833


Fraia Produções de Eventos e Editora/Maurício Farias (still/cartaz)

Antonioli & Amado Produções

Seguindo tradição familiar, Maurício Farias dirige o policial Verônica (2008), com Andréa Beltrão e Marco Ricca.

Cartaz de 2 filhos de Francisco (2005), de Breno Silveira. 836

Copacabana Filmes

Conspiração Filmes/Vantoen Pereia Jr.

Cartaz de Hércules 56 (2007), documentário dirigido por Silvio Da-Rin.

Cartaz de Janela da alma (2001), documentário de Walter Carvalho e João Jardim que obteve boa bilheteria.




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