COLEÇÃO ARQUITETOS DA CIDADE: GRUPOSP

Page 1



coleção arquitetos da cidade gruposp Marta Bogéa (org.)


2


nota dos editores

Arquitetos da Cidade é uma série editorial — parceria entre Escola da Cidade e Sesc São Paulo — dedicada a escritórios brasileiros que se destacam no enfrentamento dos desafios inerentes à cidade contemporânea. Arquitetos cujas ações nunca perdem a oportunidade de concretizar uma gentileza urbana, ou seja, de qualificar o espaço público com ações positivas. Para esse grupo de arquitetos, certamente é na cidade que reside seu maior interesse, independentemente do que estejam a desenhar. Não por acaso, todos os presentes nessa série estão fortemente ligados à educação — professores universitários que dividem seu tempo entre a prática e o ensino. Arquitetura é arte complexa: determina o desenho da paisagem, urbana ou não, influi nas relações sociais, qualifica os espaços para as pessoas. É em geral fruto do trabalho coletivo, de muitas disciplinas, de muitos saberes. Por sua vez, a relação entre arquitetura e cidade tem sido o grande tema que a cerca. Fazer cidade, no sentido da qualificação da vida urbana. O enfrentamento dos grandes problemas urbanos que as cidades americanas trouxeram, com seu crescimento explosivo e desigual. O arquiteto hoje se lança sobre essa realidade, concentra seus esforços sobre problemas que, não raro, se apresentam como insolúveis em sua complexidade.

A profusão crescente, quase explosiva, de imagens e vídeos pela internet tornou o universo da arquitetura mais acessível. O que é positivo, não há dúvida. Por outro lado, a conexão das imagens com o percurso e com a coerência do trabalho de um determinado arquiteto diluiu-se. Nesse sentido, a publicação de uma seleção de projetos a partir de um olhar curatorial, incluindo textos, entrevistas, croquis e detalhes construtivos, permite uma aproximação efetiva à poética de cada escritório. Projetos autorais, quando vistos em conjunto, expõem um percurso, sempre marcado por buscas, desejos, experimentações. Este volume traz o trabalho do escritório gruposp, coletivo de arquitetura com destaque no cenário nacional e internacional, que pela primeira vez apresenta seu trabalho reunido em publicação específica. Organizado por Marta Bogéa, conta com colaborações de Angelo Bucci e Jorge Figueira, além de entrevista com Alvaro Puntoni e João Sodré, que coordenam o escritório, conduzida por Marta Bogéa, Mônica Junqueira e Pedro Kok.

EDITORA ESCOLA DA CIDADE EDIÇÕES SESC



Página ao lado: Unnamed spaces, exposição no Arsenale para a XVI Biennale Architettura — Freespace. Veneza, 2018. Página 2: Edifício Simpatia, São Paulo, 2007-2010. Páginas 8-9: Sesc Limeira, 2017 (concurso).

7

Depoimento Angelo Bucci

11

78.788.000.80 Marta Bogéa

15

gruposp: sentir compreendendo Jorge Figueira

20

Museu Difuso e Urbano São Paulo, SP, 2013

26

Escola Pública Jd. Tatiana Votorantim, SP, 2006-2009

34

Moradia Estudantil Unifesp Osasco e São José dos Campos, SP, 2015

40

Edifício Simpatia São Paulo, SP, 2007-2010

46

Casa no Morro do Querosene São Paulo, SP, 2004-2008

56

Casa no Jardim Paulistano São Paulo, SP, 2012-2015

64

Casa em Itu Itu, SP, 2014-2018

74

Sede do Sebrae Nacional Brasília, DF, 2008-2010

86

Sesc Limeira Limeira, SP, 2017 (em andamento)

98

Entrevista Marta Bogéa, Mônica Junqueira e Pedro Kok

108

Fichas técnicas



depoimento ANGELO BUCCI

Um livro de arquitetura não se mede por palavras como se fosse um texto. Nem em metros quadrados, como um prédio. É a matéria que incorpora o fato. Nela a arquitetura ganha vida e fala. Então, talvez fosse o peso, aquilo que antecede a própria obra ainda na preparação do terreno e o que remanesce mesmo depois dela em ruínas, a sua medida. Mas essa matéria, para ser arquitetura como é o caso, precisa valer o que pesa. Nas obras exemplares que nos traz esta publicação, cada grama foi cuidadosamente elaborada em projeto para que se fabricasse, transportasse e dispusesse em seu lugar meticulosamente desenhado para fazer vibrar o todo, digo, tudo o que existe. Tome este livro como quem é capaz de erguer com as próprias mãos milhares de toneladas! Tal noção o torna alicerce do saber que ele carrega. E, no entanto, isso não lhe pesará, pois, ao percorrer esses espaços, você ingressa no campo da cultura, cuja produção revira alguns conceitos pelo avesso: como se alicerce fosse cobertura, e o peso, ao invés de

comprimir contra o solo, libertasse para lançar adiante: propulsão para o voo. Alvaro, melhor amigo, sempre gostou das pessoas. João, ainda estudante, já gostava de garimpar livros em sebos. Das festas os dois sempre gostaram. Uma casa, convenhamos, não seria razoável ser tanto biblioteca como salão de festas. Mas, ao ver como eles as fazem, a gente vai achar que sim. Todas as obras aqui, e apenas três são residências, têm para mim uma familiaridade tão grande que eu poderia viver em qualquer uma delas com a certeza de que me sentiria em casa, no abrigo do coração dos amigos, que é fonte dessas obras todas. Este livro, você verá como é verdade, foi feito para nos animar a construir o mundo.

Angelo Bucci é arquiteto formado pela FAU-USP (1987), mestre (1997) e doutor (2005) pela mesma instituição. É professor desde 1990, com atuação em instituições internacionais. Professor do Departamento de Projeto, na FAU-USP, desde 2001. Sócio-fundador do escritório SPBR arquitetos.





78.788.000.80 MARTA BOGÉA

O jogo numérico revela um intrigante traço, o encanto lógico que deságua em uma criteriosa precisão aliada à pertinente liberdade na interpretação de dados. Resulta em uma arquitetura sofisticadamente construída, estabelecida por balizas internas, estratégias recorrentes, mas que, em cada caso, delineiam situações singulares. Com 15 anos de existência, o gruposp realizou 78 projetos, que somam 788.000 m2 e 80 km. No momento, tem treze obras concluídas. Durante esse período, participou

de 37 concursos (dezesseis premiados) — tal presença parte do interesse em participar da reflexão e do debate que os concursos de arquitetura propiciam. Conta com 34 parcerias: o convite ao diálogo é traço recorrente em seu método de trabalho. Os projetos analisados nesta publicação, escolhidos dentre uma variedade programática, envolvem um arco temporal de produção que se inicia em 2005. O livro se abre com a apresentação de uma análise arguta de São Paulo, que visava constituir o MAM/SP como


12 um Museu Difuso e Urbano (2013); em seguida, urbano, a adentrar também nos espaços apresenta-se o projeto da Escola Estadual arquitetônicos. Endossa, compondo uma em Votorantim (2005). Na sequência, o foco nova geografia, os térreos como paisagem de se volta para o espaço residencial, com a desejável permeabilidade. Moradia Estudantil Unifesp em Osasco e Outro tema perceptível e recorrente é o vazio São José dos Campos (2015); nessa linha, como instrumento de conformação de espaços seguem os projetos do edifício na rua Simpatia abertos a usos variados. Definidos como (2007) e de três casas: Casa no Morro do “contraplano” de linhas e volumes rigorosamente Querosene (2005), Casa no Jardim Paulistano demarcados, aqui os vazios são intervalos (2012), Casa em Itu (2014). Concluímos com oportunos delineados por corpos opacos que dois projetos institucionais: o primeiro, já abrigam serviços e apoios. As linhas opacas construído — o Edifício Sede do Sebrae constituíram a síntese gráfica apresentada pelo Nacional em Brasília (2008); o segundo escritório em sua participação, por convite, na ainda está em desenvolvimento executivo no exposição geral de Veneza em 2018. momento de produção deste livro — trata-se Sobre esses blocos, que em geral do Sesc Limeira, resultado de concurso público abrigam apoios e circulação, é importante (previsão de início das obras em 2021). dizer, entretanto, que não se definem como A abrangência de programas revela uma secundários: eles perturbam, e às vezes das interessantes características do escritório. até animam, o traçado e os outros espaços. Sua produção, atenta à especificidade de Encontramos um curioso exemplo na casa do cada caso, permite, entretanto, reconhecer Morro do Querosene: a luz, advinda do banheiro características recorrentes de uma pesquisa doméstico, irradia para o espaço de estar de paisagens comuns, como temas que os através das superfícies translúcidas. Outro que arquitetos investigam e experimentam em merece destaque é a dupla parede, que abriga diferentes escalas e situações, e asseguram circulação vertical e banheiros, desenhada uma clara perspectiva de um trabalho que se em elegante curvatura, que definirá elementos aprimora no fazer. singulares na geometria do Sebrae. Sem se distrair em realizar projetos Nesse sentido, notemos que a arquitetura simplesmente “novidadeiros”, que se esgotam também dá oportunidade para configuração de em si, as produções do escritório revelam novos enquadramentos e variada luminosidade. laborioso enfrentamento de aspectos que Frestas cuidadosamente editadas abrem lhes são caros. Um deles é a certeza de brechas de luz e visualidades inéditas. O que arquitetura configura cidades. Premissa mesmo artifício, o filtro de luz, pode se evidente no Museu difuso, no conjunto de obter em materiais distintos: ora por chapas habitação estudantil e no Sesc Limeira. A leitura perfuradas, ora vidros leitosos, ora veneziana perspicaz das paisagens aparece também em madeira. Entre o quadro nítido e a paisagem nas casas. Às vezes, a intenção é constituir entrevista através desses filtros, a arquitetura autonomia do que lá está, como na casa do resulta em um dispositivo ótico valiosamente Jardim Paulistano, na configuração de uma calibrado de matizes. potente paisagem interior ao lote; em outras, É interessante debruçar-se sobre como na casa de Itu, pretende-se assegurar a construção, muitas vezes realizada uma implantação pertinente (no exemplo, a por módulos componíveis, e decifrar a construção se volta para o lago na mesma engenhosidade construtiva em cada medida em que se distingue da frontalidade, caso. Não como baliza para uma verdade mais habitual para a rua). Em qualquer caso, a estrutural: trata-se muito mais da revelação da atenção ao sítio de implantação se desdobra construção do artefato. O detalhamento aqui é na construção de uma exuberante geografia impecável, e aprimora-se a cada projeto. inventada. Novos platôs, inéditas visuais, novo Ao lado desses traços impressos na chão edificado. São traços do escritório que materialidade da produção do escritório, se reconhece também no uso dos materiais: o chamam a atenção duas recorrências em seu macadame, “pedra portuguesa” tão presente no método de trabalho: a variedade das parcerias, chão das cidades brasileiras, simbolicamente é sempre presentes em momentos diversos, e o usado em diferentes projetos — chão desejável, entendimento do projeto como formulação de


13 um problema que transcende a encomenda, a ponto, em alguns casos, de serem eles os provocadores da própria demanda — como ocorreu com o Edifício Simpatia. As fichas técnicas demonstram que essa vontade de diálogo ocorre com grupo amplo e variado e vem se confirmando como método de trabalho, mais do que apenas como apoio a determinados programas, a depender da complexidade dos projetos. O diálogo ocorre com arquitetos parceiros, mas também com clientes e artistas. Durante essa troca, são buriladas as balizas internas do projeto, e por vezes são renovadas suas direções. O Edifício Simpatia é bom exemplo disso — desde o belo painel, desenhado por Andrés Sandoval, até a aposta no limite da demanda da construtora (produzir unidades nas quais até as áreas molhadas fossem flexíveis). O constante aprimoramento faz dos arquitetos rigorosos críticos de si mesmos, e a análise revela que a aposta ao final pode resultar em hipótese não comprovável. Finda a construção, todas as áreas estavam estabilizadas. O edifício, entretanto, fica como registro valioso de uma investigação radical. Ponto a ponto pôde ser analisado e reconhecível para ajustes e revisões, caso ocorresse novo projeto nessa direção. Ainda que trabalhos que dialogam com elementos preexistentes não representem um tipo de atuação constante para o escritório, há casos em que uma ideia anterior encanta e se busca uma elaborada aproximação. Passa-se a reconhecer o elemento anterior como desejável, de modo que se possa usufruir da potência de sua presença. Há importantes exemplos desse aspecto em projetos anteriores à formação atual do gruposp, como na intervenção no térreo do Edifício Lagoinha de Carlos Millan, e uma hipótese de ampliação (não construída, 2002); na proposta para o Teatro Castro Alves (2010); ou na eleição dos edifícios a compor o novo MAM no centro de São Paulo, apresentado nesta publicação. Isso permite perceber que a dupla de arquitetos é arguta leitora de paisagens, na mesma medida em que se reconhece como responsável por suas desejáveis renovações. Do jogo numérico à experiência nos lugares, evidencia-se o desejo por um território de liberdade: esse desejo se materializa nos projetos por meio da consolidação constante

dos domínios internos à prática da arquitetura, que permite livre navegação, aliada ao aproveitamento do legado rigorosamente reconhecido pela tradição. Não à toa, a pesquisa e a curiosidade por outras produções são parte do cotidiano do gruposp — o que fica evidente, por exemplo, na presença de projetos que lhe são caros justapostos a projetos do escritório em sua apresentação em Veneza. Os diálogos para construção deste livro acompanham esse diapasão. Nos verbetes de obras, mantemos duas dicções, a minha e a dos autores (sublinhada). A entrevista foi transformada em convite ao diálogo, com a presença de Mônica Junqueira, e sua sofisticada e criteriosa elaboração de uma historiografia crítica da arquitetura paulista, e de Pedro Kok, um constante fotógrafo dessa produção, atento à vibração dos lugares em uso, muitas vezes registrados em filmes — que, nesta edição, aparecem como sequências de fotogramas justapostos na apresentação de algumas obras. Jorge Figueira é o crítico convidado: notável por seu interesse em ouvir o visitante, reconhecidamente sagaz em suas análises urbanísticas e arquitetônicas, para quem aquilo que naturalizamos em um cotidiano compartilhado deixa de servir. O depoimento de Angelo Bucci nasce de um diálogo longevo e constante que vem ocorrendo entre os três arquitetos, em variados formatos. Este volume resulta do interesse nos processos, para além dos feitos; da curiosidade sobre o pensamento do outro, que se desdobra em compartilhamento de mundo; da serena convicção de que a presença da alteridade enriquece mais que ameaça. Procedimentos que se materializam e ecoam nas ricas paisagens porosas, irrigadas de luz, engenhosamente precisas, valiosamente renovadas, projetadas por Alvaro Puntoni e João Sodré.

Marta Bogéa é arquiteta formada pela Universidade Federal do Espírito Santo (1987), mestre pela PUC-SP (1993), doutora pela FAU-USP (2006) e professora livre-docente do Departamento de Projeto da mesma instituição. Pesquisadora do CNPq e vice-diretora do Museu de Arte Contemporânea da USP.



gruposp: sentir compreendendo JORGE FIGUEIRA

1 Como fez o gruposp na Bienal de Veneza de 2018, quero introduzir a orquestra e, só depois, o coletivo/solista. Embora tenha o recorte de um “absoluto”, esta arquitetura precisa de contexto, paradoxalmente. Não ao modo europeu de uma identidade local, mas como uma narrativa de outrora que, entretanto, se impôs como uma evidência que deve ser partilhada. A arquitetura brasileira, aquela que nasceu entre o Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, o conjunto da Pampulha e o edifício da FAU-USP, é uma força da natureza. O Brasil é tão rico e complexo em expressões artísticas que boa parte do século XX é seu. A arquitetura é disso síntese e demonstração. Diz Caetano Veloso sobre Lucio Costa: “Ele tem a marca do modernizador que não agride o fluxo natural da vida. Para mim, é uma lição”1. A vida relançada pela arquitetura brasileira não é história menor. Tem também uma dimensão trágica, claro, ao modo dos desencontros que marcaram o século XX, entre os ideais e a realidade, as “elites” e o “povo”. Mas não há, que se tenha vislumbrado, modo mais expressivo de ser arquitetura: estrutura em movimento, forma como decoração, decoração como essência, exatidão como ambivalência, contradição como

atmosfera, beleza como verdade. Basta entrar no edifício da FAU para perceber o que deu certo — envergonhando o muito que deu errado: o “Pártenon”2 pode estar progressivamente a transformar-se numa ruína, mas será, como a Vênus de Milo, perpetuamente reutilizado. São Paulo, de baixo para cima, Brasília, de cima para baixo, encontram-se no meio, a flutuar, como expressões do século XX, carregadas de exagero por excesso (São Paulo) e por defeito (Brasília). O Brasil, um país em tudo exagerado, encontra na arquitetura uma contenção que é tensa, na “escola paulista”, e curvilínea, na “escola carioca”. Mas, para lá do exagero de São Paulo se ver como o centro do mundo (que é, habitualmente), não há assim tantas diferenças: o que separa as superquadras de Brasília do desenho e discurso cósmico de Paulo Mendes da Rocha é uma sutil diferença de escala. É como um espelho: o que não se compreende em São Paulo — a ordem, o sentido — é aquilo que em Brasília é fundador; em qualquer caso, estamos flutuando no espaço. Como se diria em linguagem moderna, o que define São Paulo e Brasília é esse espaço, em quantidade e qualidade impossíveis de enumerar ou adjetivar. Talvez, apenas, um espaço preexistente; um espaço do porvir. O Rio tem ainda uma dimensão metafísica, que escapa à própria dificuldade de enunciá-lo.


16 A arquitetura brasileira encontrou um modo correndo, a corrida está em curso, e é uma de espacializar o espaço; em forma, modelo, modalidade olímpica. Como diz o Alvaro na estrutura. O espaço brasileiro estava desde entrevista aqui publicada: “só estamos tentando sempre à espera de ser transformado em levar o bastão um pouco mais adiante”. Não arquitetura para ser o que é. Talvez por isso, é coisa pouca, nem parece. Como dizia, a como em nenhum outro país, um arquiteto arquitetura brasileira ergueu-se no século XX, é divinizado (Oscar Niemeyer); é possível em várias frentes, como o som do futuro. E, construir uma cidade de raiz (Brasília, por especialmente em São Paulo, talvez esse som Lucio Costa), um templo moderno (a FAU, por se tenha transformado num drone, uma nota Vilanova Artigas) e até propor o redesenho de que se perpetua, repetida e encantatória. A um território continental (a América Latina, por questão é que é “dentro” dessa peça musical Mendes da Rocha). E, no entanto, a resistência que o gruposp, como outros coletivos da a esse espaço espacializado é avassaladora, o mesma geração, se move. Entretanto, a que extrema ainda mais as posições. Quanto arquitetura deixou de ser “moderna” — que mais atomizada é a experiência, mais absoluta é uma categoria histórica, não descreve o é a arquitetura. É também por isso que figuras presente — sem encontrar outro nome. Ou como Niemeyer ou Mendes da Rocha surgem talvez ainda seja “moderna” se o presente como demiurgos; e cada arquiteto brasileiro — for vivido como história. Em qualquer caso, aqueles que interessam, pelo menos — precisa os nomes deixaram de importar: a não ser saber cantar em público. talvez os dos quatro elementos, água, terra, Quanto mais a urbanidade é extenuante, fogo, ar. Quem diria: a arquitetura moderna mais libertadora deve ser a arquitetura — é isso — vejam-se as constantes críticas à “pegada que explica a obsessão por vazar o térreo; ou de carbono” do concreto — será finalmente criar pisos abertos a meio do prédio; ou pura e superada pelas dramáticas preocupações simplesmente abrir os edifícios. Sem o contexto ecológicas e ambientais que estão a definir a histórico-psicocultural, sem a percepção entrada no século XXI. Na descrição do Sebrae, da desmesura da empreitada, sem seguir a sintomaticamente, Alvaro divide-se entre a trajetória do concreto, não se percebe a rasura evocação da FAU e a manifesta presença da radical que a arquitetura brasileira traduz em água, em diversas funções climáticas; como se suas várias figurações. houvesse uma esquina para dobrar. De resto, digo por experiência própria, só A familiaridade que percorre o trabalho é possível compreender São Paulo sendo do gruposp é o som do futuro a fazer-se guiado pelo Fabio Valentim a caminho de sentir retrospectivamente, sem nostalgia Paranapiacaba; e Brasília, circulando nas ou passadismo. Decorre da pertença a “tesourinhas”3 com a Sylvia Ficher em falsa um “coletivo”, como fazia notar a celebrada contramão. E é talvez mais sentir que se exposição que em 2006 apresentou seis compreende do que compreender. É preciso ateliês como tendo uma plataforma comum: chegar à Praça das Artes (Brasil Arquitetura), Andrade Morettin Arquitetos, MMBB, Núcleo ao Sesc 24 de Maio (Mendes da Rocha, de Arquitetura, Projeto Paulista, Puntoni com MMBB), ou ao Sebrae, para sentir Arquitetos/ SPBR Arquitetos, Una Arquitetos. compreendendo, e é essa a alegria que a O trabalho do gruposp permanece ativo arquitetura brasileira nos dá. nessa rede fixada belissimamente na exposição/ Aí entramos numa “suspensão da descrença” catálogo Coletivo: 36 projetos de arquitetura (a suspension of disbelief, como se diz em paulista contemporânea, um projeto que ligava a inglês), vivemos o filme, e acreditamos que o produção profissional à experiência acadêmica, possível não é tudo. sob a esfera do político: “A história da FAU-USP pode ser percebida nessa produção, e interessa 2 entender algumas características do período em Escrevo estas notas à mão, como os antigos, que o grupo passou pela escola, que se associa a pensar no trabalho do gruposp, de Alvaro invariavelmente a ocorrências mais amplas no Puntoni e João Sodré, ainda agora aqui em âmbito da política e da cultura nacionais. Trata-se casa, virtualmente, com a Marta Bogéa como de um grupo que certamente não possui uma anfitriã. Não há outro modo de entrar senão matriz plástica, mas, talvez, uma afinidade ética”4.


17 dos sítios, a reintrodução das personagens, o Faz parte da matriz dos arquitetos que se empoderamento de fantasmas, permitindo que a encontram num projeto partilhado salvaguardar história num lugar extraordinário como a rua Sete as diferenças plásticas. É talvez a maior de Abril voltasse a ser presente. Uma “utopia diferença do nosso tempo em face dos artística” assente em prédios bem concretos, nos manifestos heroicos do início do século XX: estes queriam principalmente salvaguardar uma meandros da cidade mais que real, mapeando os passos da vida cotidiana, transformada pela obrigatória plástica comum. Em qualquer caso, a “ética” a que o “coletivo” arte e pela arquitetura. O Museu Difuso Urbano é praticamente um “manual das boas práticas” a se refere não é indissociável da matriz plástica ser seguido, quebrando com a exausta fórmula da “escola paulista”: não se separam, são do museu “icônico”. inextricáveis. Não deixa de espantar, como Na cidade-mãe da arquitetura moderna, o comecei por dizer, e não há na história Sebrae remete-nos para o construtivismo russo, contemporânea caso semelhante, que uma a mãe de todas vanguardas arquitetônicas arquitetura tão enlevada por um “absoluto” do século XX. Mais que uma inscrição nos formal dependa tão fundadamente de uma temas de Brasília, monumentalidade, axialidade, narrativa, até de uma agenda, acadêmica, repetição, o Sebrae é a forma em laboratório profissional e política em correspondência. espacial, seguramente com ecos paulistas, mas Nesse sentido, a arquitetura brasileira adensando a experiência com um excesso de permanece — em particular nas últimas passagens e cruzamentos, uma certa vertigem décadas, no modo paulista — como a mais arquitetônica. Mesmo com o térreo aberto, elaborada e visceral, intelectual e crua como deve ser, a tensão entre as formas e o expressão de uma aspiração política em forma pátio semiaberto — indeciso, quase deslizante construída. Também por isso, o Museu dos — parece uma variação do infindável “reportório” Coches, em Lisboa (Mendes da Rocha, com do construtivismo, que, recomposto ou MMBB e Bak Gordon), é um projeto noutro domesticado, suscita várias incursões até hoje. lugar, um absoluto sem local, um modelo a Nesse sentido, o Sebrae, tentando superar pairar. Nem podia ser diferente, porque o a vulgata paulista, parece recuar a um ponto “contexto” a que pertence é “coisa mental”. preliminar: antes de os pilares serem quatro; “Levar o bastão um pouco mais adiante”; e de as linhas serem contidas num espaço “mover uma montanha” — qual é a diferença? internalizado. O pátio não contém o edifício; as alas não recriam interioridade; a experiência é 3 de fragmentação, mesmo que suportada pelo É isto que eu vejo da janela do Copan. térreo vazado e pelo acerto volumétrico. Três meses em São Paulo, em 2018, duas Nesses dois projetos, o gruposp mostra semanas em Brasília, em 2019, são as memórias como é possível expandir a prática, e avançar a quente que me devolvem ao Brasil. Cruzo por isso a proposta para o MAM como Museu Difuso aparentemente recuando, para a cidade, para a história da arquitetura. Em certo sentido, o Urbano, ali perto do Copan, com o Sebrae, em ponto de onde partem é tão “avançado” que a Brasília, que visitei com Luciano Margotto. recriação do percurso até esse momento é em A arqueologia do MAM e do Masp, que si mesma performativa e pedagógica. sustenta a implantação do Museu Difuso A Escola em Votorantim permite falar do Urbano na rua Sete de Abril, como um “museu modo como a arquitetura brasileira exponenciou sem corpo”, é um ato curatorial/projetual o enunciado moderno centro-europeu do luminoso. Ao sair do Ibirapuera para o centro “período heroico”, implodindo a equação espaço da cidade, instalando o museu em vários interior/exterior; e já, num segundo momento, pontos nevrálgicos, o gruposp cria um itinerário hiperboliza o “brutalismo”, um enunciado que delicado de reconhecimento da cidade. Toca sai do contexto inglês no pós-guerra. Mais num nervo. É um gesto que, se tivesse sido uma vez, não parece estar tanto em questão concretizado, poderia ter o alcance do Sesc a essencialidade que emana do extraordinário Pompeia, de Lina Bo Bardi, na devida proporção. pátio/origem do mundo da FAU, mas uma Não se trata tanto do valor da reabilitação, que textura caleidoscópica de materiais expostos agora é consensual. O Museu Difuso Urbano ao modo brutalista “as found” e uma arquitetura visava algo mais profundo: a renomeação


18 “no osso”, que irrompe em travessias visuais arquitetônico e da estrutura em arquitetura — que fazem troça do que é exterior versus o uma possível síntese da “escola paulista”. que é interior. Esta liberdade, que se aproxima O Edifício Simpatia, diferentemente, tem de um ato arquitetônico pleno, sem aparentes uma alegria com que se parece medir com constrangimentos (excluindo os orçamentais, as agruras do entorno; deixa-se contaminar e naturalmente), faz a inveja dos arquitetos a norte, é “sujo” arquitetonicamente. Traduzindo uma submetidos à parede que tem de ser parede, e espécie de “dirty realism”, parece exacerbar o às rampas que têm de ser escadas. A aparente que o circunda; é banal e é singular — uma nota candura projetual da Escola em Votorantim dissonante que mostra o gruposp em formato é, afinal, o resultado apurado de um percurso pop e expansivo. longo e de um resgate cultural — o tema da E chegamos ao Sesc Limeira, bastão na exposição/catálogo Coletivo. mão, já um pouco adiante. O Sesc São Paulo As três casas aqui publicadas — no Morro do tem sido — nomeadamente este que nos Querosene, no Jardim Paulistano e em Itu — são trouxe o 24 de Maio, o da Avenida Paulista momentos da verdade, como acontece com (Königsberger/Vannucchi) e uma vaga de outras casas, igualmente notáveis, de colegas concursos — o contexto ideal para a afirmação geracionais do gruposp. Revelam um virtuosismo do devir e do dever social dos arquitetos. Uma que está para lá da dimensão urbana, da grande instituição sem paralelo, em qualquer parte do escala, e dos problemas existenciais do Brasil. mundo, permite acalentar, à escala da cidade, a Enquanto no contexto português, para dar aspiração legítima do potencial transformador um exemplo, o projeto da casa tende a ser o da arquitetura. Para voltar ao construtivismo, os arranque e o protótipo de uma invenção, aqui Sesc são “condensadores sociais”, talvez agora parece ser o momento de uma confirmação e não visando à revolução, mas seguramente também um refúgio cultural. É por isso o lugar permitindo a refundação da sociabilidade tão onde a ambivalência do papel social do arquiteto fragmentária como tumultuosa do corpo em no Brasil se debate — ou consome. O luxo que movimento de São Paulo. Os Sesc são brasílias exibem, bem entendido, é o da arquitetura, e pós-modernas, dádivas que integram a aspiração desse ponto de vista permanecem indicadores; “socialista” do Plano Piloto no tecido local, sem mas de que, exatamente? A redenção da a axialidade — que era fundacional —, e o metrópole pelo projeto, imaginando que é funcionalismo — que tudo separava em frações. possível, começa ou acaba aqui? A afirmação O que emociona no Sesc é estar tudo junto, da arquitetura como “arte burguesa” (Kenneth um microcosmo que revela a sociedade em Frampton) regressa para nos atormentar5. performance, com a coreografia da vida habitual. A Casa no Morro do Querosene é densa, É esse “teatro” que o projeto do gruposp, engenhosa, crua nos materiais, e guiada por com José Paulo Gouvêa e Pedro Mendes uma “parede-biblioteca”; a do Jardim Paulistano da Rocha, se prepara para acolher na praça é também uma casa de livros e um exercício central como um “vazio de 36x30 metros”. longitudinal onde a diversidade de materiais E, sim, o gruposp assume a corrida olímpica, e de pontos de vista complexifica o tema no Sesc Limeira, com desassombro: “aqui doméstico; a Casa em Itu tem outra escala e um procuramos articular, de forma direta e contexto não urbano, mas parece manter certa simples, todos os ensinamentos ofertados entropia que as obras do gruposp vão revelando. pelos arquitetos e que nos constituem Enquanto o “cânone” implica resolução e clareza, como tal”. E, no entanto, no projeto que se aqui, o vazio intermitente, a parede solta e pode observar no vídeo e nos desenhos “torcida”, o deslizar de planos, a fragmentação de apresentação, para lá da familiaridade e de volumes parecem revelar uma ambiguidade do “som do futuro” que ainda reverbera, há inesperada, quem sabe, revelatória. É “uma talvez um salto: o Sesc Limeira é uma estufa quase não casa”, escreve o gruposp. Mas talvez gigantesca à espera da vegetação, como se pudesse dizer: é quase “não paulista”. um Crystal Palace transportado, e é quase As moradias estudantis Unifesp em historicista nesse sentido; mas, quando Osasco e em São José dos Campos revelam entramos no “vazio”, é também um inesperado a “linhagem” e uma sábia, consabida, gate que se abre para o século XXI — que só transformação da infraestrutura em partido agora começamos a perceber como vai ser.


19 4 Concentrada naquilo que na Europa se chama “disciplina”, a “arquitetura paulista” aparentemente não assume compromissos, mas é praticada em estado de emergência social, política, econômica. A “disciplina” é vivida em sobressalto interdisciplinar, e a tentação do ativismo, ou de esquecer a arquitetura e adotar a vida, é forte. É por isso que esses arquitetos não podem tergiversar; e a arquitetura deve experimentar-se no limite. A obsessão pelo térreo aberto é um encontro entre a “disciplina” (a estrutura, o espaço) e uma narrativa interdisciplinar — o coletivo, o social, o ideal de uma cidade aberta e fluida. A arquitetura moderna na sua origem centro-europeia teve sempre uma componente discursiva, pedagógica, até messiânica. Aqui é possível ver os prédios como palavras, e a arquitetura como literatura. Mendes da Rocha precisa ser hiperbólico quando fala de subir uma oitava na escala da imaginação, porque as obras já dizem tudo. Ser “incomunicante” era uma das principais críticas do pós-modernismo à arquitetura moderna, o que a arquitetura brasileira nunca foi. Comunicou torrencialmente; fez Brasília; perdeu-se e voltou a encontrar-se conforme o social, o político e o econômico permitiram. Quanto mais depende, mais autossuficiente se pressupõe. Quanto maior é o entrave, mais o vão se liberta. É por isso que os Sesc são tão decisivos: não se imagina em que outro sítio se possa encontrar a “disciplina” da arquitetura, com a “interdisciplinaridade” dos programas, com a indisciplina de todos nós. A esta trajetória, que pude aqui anotar brevemente, o gruposp pertence, como deseja, e dela também diverge, como é natural. Como escreve Marta Bogéa na apresentação, a participação em concursos (37) e o número de parcerias (34) revelam o entendimento do ateliê como uma plataforma alargada. E, mais ainda, seguindo metodologias diversificadas, como é claro na dispersão do Museu Difuso Urbano em face da concentração metropolitana do Sesc Limeira. Quando esse edifício for concluído, o mundo terá mudado. Estamos a sair do século XX e a entrar no século XXI, e ninguém está preparado. Como dizia, a praça central do Sesc Limeira parece-me já estar do lado

de lá; o “som do futuro” irá ouvir-se como eco. Talvez o século XXI se reconheça nesse gigantesco galpão, contendo a natureza, como se vivêssemos no mundo pós-apocalíptico: “tanto jardim quanto pomar: jabuticabeiras, pitangueiras e outras mirtáceas”, “numa espécie de amálgama possível de cidade” que “interligará os bairros populares”. Talvez o século XXI nos remeta a galpões que são casas, escolas, museus inscritos nas paredes de preexistências, contentores, pavilhões, cápsulas. A arquitetura brasileira do século XX era afinal um último classicismo, um longo poema de despedida, deixando Brasília para trás. Patrimônio da humanidade: Versailles, Le Corbusier, Lucio Costa, arquitetura moderna. O Teatro Oficina, de Lina Bo Bardi, que também se vê na Casa no Morro do Querosene, é um galpão sem fim à vista, e parece ter entrado precocemente no século XXI. Talvez os arquitetos venham a ser curadores de galpões biomórficos, onde se vendem milagrosas curas para a covid-308. A praça central do Sesc Limeira será o primeiro. E o gruposp, sem deixar cair o bastão, vai estar lá, um pouco mais adiante.

Jorge Figueira é arquiteto formado pela Universidade do Porto (1992), doutor pela Universidade de Coimbra (2009). Professor associado e diretor entre 2010-2017 do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Investigador do Centro de Estudos Sociais, UC. Crítico e curador. 1

2

3 4 5

Caetano Veloso apud Mario Cesar Carvalho, “Entrevistas históricas: o risco moderno”, entrevista a Lucio Costa, Folha de S.Paulo, “Especial Mais!”, 23 jul. 1995. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/ especial/mais/historia/230795.htm. Acesso em: 26 jul. 2020. Ana Vaz Milheiro (2006), “Coletivo: a invenção do clássico”, in: Ana Luiza Nobre; Ana Vaz Milheiro; Guilherme Wisnik, Coletivo: arquitetura paulista contemporânea, São Paulo: Cosac & Naify, 2006, pp. 86-96. Expressão usada em Brasília para se referir às alças de acesso a vias transversais aos eixos principais, que levam às superquadras. Coletivo (2006), “Coletivo: a arquitetura paulista contemporânea”, in Ana Luiza Nobre; Ana Vaz Milheiro; Guilherme Wisnik, op. cit., p. 13. Jorge Figueira, “Kenneth Frampton. A arquitectura foi sempre uma arte burguesa”, entrevista a Kenneth Frampton, Público, Ípsilon, 7 fev. 2014. Disponível em: www.publico.pt/2014/02/07/culturaipsilon/noticia/ kenneth-frampton-a-arquitectura-foi-sempre-umaarte-burguesa-330532. Acesso em: 26 jul. 2020.


Organização Marta Bogéa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação — CIP

Texto crítico Jorge Figueira

Coleção arquitetos da cidade: Gruposp…/ Organizado por Marta Bogéa. — São Paulo: ECidade, Edições Sesc SP, 2021. 112 p. : il. (Arquitetos da Cidade; v. 1).

Depoimento Angelo Bucci Entrevista Marta Bogéa Mônica Junqueira Pedro Kok Projeto gráfico e diagramação Núcleo de Design Escola da Cidade Fotos Capa: Pedro Kok (Sede do Sebrae Nacional). Nelson Kon: p. 2, p. 41, p. 44, p. 45, p. 47, p. 48, p. 49, pp. 54-5, p. 57, p. 61, p. 62, p. 65, p. 68, p. 70, p. 71, pp. 72-3, p. 75, pp. 80-1, p. 83, pp. 84-5, p. 97, p. 103 (5, 7, 9, 10) Pedro Kok: p. 4, p. 27, p. 63, p. 79, p. 100 (1, 4). João Sodré: pp. 24-5, p. 100 (2), p. 103 (6). Carlos Kipnis: pp. 32-3. Pedro Vannucchi: p. 53. Baú Escola da Cidade: p. 100 (3). Andrés Sandoval: p. 103 (8). Modelo eletrônico Thiago Augustus: pp. 8-9, p. 87, p. 92, p. 93, pp. 94-5, p. 96. Alexandre Mendes: p. 21. Ricardo Fróes: p. 35. Desenhos gruposp Preparação Leandro Rodrigues Revisão Elba Elisa Oliveira

ISBN Ecidade: 978-65-86368-16-1 ISBN Edições Sesc: 978-65-86111-45-3 1. Arquitetura Contemporânea. 2. Gruposp. 3. Arquitetura Brasileira. I Título. II. Série CDD 720.92 Catalogação elaborada por Edina R. F. Assis


escola da cidade Serviço Social do Comércio Administração Regional no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor Regional Danilo Santos de Miranda Conselho Editorial Ivan Giannini Joel Naimayer Padula Luiz Deoclécio Massaro Galina Sérgio José Battistelli Edições Sesc São Paulo Gerente Iã Paulo Ribeiro Gerente adjunta Isabel M. M. Alexandre Coordenação editorial Francis Manzoni, Clívia Ramiro, Cristianne Lameirinha, Jefferson Alves de Lima Produção editorial Antonio Carlos Vilela Coordenação gráfica Katia Verissimo Produção gráfica Ricardo Kawazu, Fabio Pinotti Coordenação de comunicação Bruna Zarnoviec Daniel Edições Sesc São Paulo Rua Serra da Bocaina, 570 — 11º andar 03174-000 — São Paulo SP Brasil Tel.: 55 11 2607-9400 edicoes@sescsp.org.br sescsp.org.br/edicoes /edicoessescsp

Associação Escola da Cidade Alvaro Luís Puntoni (Presidência) Fernando Felippe Viégas (Presidência) Marta Moreira (Presidência) Cristiane Muniz (Diretoria Conselho Escola) Maira Rios (Diretoria Conselho Escola) Anália M. M. de C. Amorim (Diretoria Conselho Científico) Marianna Boghosian Al Assal (Diretoria Conselho Científico) Anderson Fabiano Freitas (Diretoria Conselho Social) Guilherme Paoliello (Diretoria Conselho Técnico) Ciro Pirondi (Diretoria Escola de Humanidades) Editora Escola da Cidade Fabio Valentim Marina Rago Moreira Maria Sader Basile Thais Albuquerque Beatriz Sallovicz Núcleo de Design Celso Longo Daniel Trench Débora Filippini Juliana Tegoshi Maria Dallari Gruber Associação Escola da Cidade Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Rua General Jardim, 65 — Vila Buarque 01223-011 — São Paulo SP Brasil Tel.: 55 11 3258-8108 editoradacidade@escoladacidade.edu.br escoladacidade.edu.br/pesquisa/editora



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.