BonPote Anne Brès Claire Marc [org.]
PARA ENTENDER (QUASE)
TUDO SOBRE O CLIMA
PARA ENTENDER (QUASE)
TUDO
SOBRE O CLIMA
SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO
Administração Regional no Estado de São Paulo
Presidente do Conselho Regional
Abram Szajman
Diretor Regional
Luiz Deoclecio Massaro Galina
Conselho Editorial
Carla Bertucci Barbieri
Jackson Andrade de Matos
Marta Raquel Colabone
Ricardo Gentil
Rosana Paulo da Cunha
Edições Sesc São Paulo
Gerente Iã Paulo Ribeiro
Gerente Adjunto Francis Manzoni
Editorial Cristianne Lameirinha
Assistente: Maria Elaine Andreoti
Produção Gráfica Fabio Pinotti
Assistentes: Ricardo Kawazu, Thais Franco
PARA ENTENDER (QUASE)
TUDO SOBRE O CLIMA
BonPote
Anne Brès
Claire Marc [org.]
Prefácio à edição francesa: Valérie Masson-Delmotte
Prefácio à edição brasileira: David M. Lapola
Introdução: Jean-François Doussin
Tradução: Andréia Manfrin Alves
© CNRS Éditions, Paris, 2022 - Tout comprendre (ou presque) sur le climat - BonPote, Anne Brès, Claire Marc
© Edições Sesc São Paulo, 2024
Todos os direitos reservados
Tradução Andréia Manfrin Alves
Preparação Maria Elaine Andreoti
Revisão Mario Tommaso Pugliese Filho
Capa e projeto gráfico originais Claire Marc - www.meduse-communication.fr
Diagramação Ricardo Kawazu, Thais Franco
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P21
Para entender (quase) tudo sobre o clima / Organização: BonPote; Anne Brès; Claire Marc; Prefácio à edição brasileira: David M. Lapola; Tradução: Andréia Manfrin Alves. – São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2024. – 136 p. il.
ISBN: 978-85-9493-316-4
1. Clima. 2. Mudanças climáticas. 3. Aquecimento global. 4. Adaptação às mudanças climáticas. I. Título. II. BonPote. III. Brès, Anne. IV. Marc, Claire. V. Lapola, David M. VI. Alves, Andréia Manfrin.
CDD 869.965
Elaborada por Maria Delcina Feitosa CRB/8-6187
Edições Sesc São Paulo
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NOTA À EDIÇÃO BRASILEIRA
Nos últimos anos, temos presenciado eventos sobre os quais os cientistas nos alertam há décadas: pandemias, desastres ocasionados ora pelo excesso, ora pela falta de chuvas, a poluição da água e do ar pelo uso de combustíveis fósseis, o envenenamento e o esgotamento do solo causados pela agropecuária extensiva e seus insumos tóxicos, além de queimadas e derrubadas de florestas para a criação de novos pastos e desertos verdes – em suma, atividades humanas que vêm impactando os biomas do mundo todo e causando a morte de milhões de seres vivos, incluindo muitos de nossa própria espécie.
Desde a primeira Revolução Industrial, o planeta vem sofrendo com o aumento vertiginoso de gases de efeito estufa que prejudicam o equilíbrio de seu ecossistema. À medida que os problemas e as tecnologias avançam, novas propostas e estudos nos advertem sobre saídas viáveis para mudarmos a rota e, assim, desviarmos do quase inevitável ponto de não retorno, no qual pereceremos por diversas tragédias humanitárias que já se apresentam no horizonte.
Se seguirmos com um modo de produção que explora e exaure esta que é nossa casa comum, continuaremos a prejudicar a maior parte da população mundial para concentrar riqueza para poucos. Nessa batalha de vida e morte, resta-nos seguir lutando para que mais pessoas compreendam os riscos e mudem seu modo de estar no planeta e, sobretudo, saibam cobrar atitudes de empresas, indústrias, governos e outros cidadãos. Para isso, é urgente informação de qualidade para combater mentiras e negacionismos.
Esta publicação, a partir de agora disponível no Brasil pelas Edições Sesc, é uma iniciativa de divulgação científica para públicos jovens, interessados em áreas como meteorologia, oceanografia, biologia e outras ciências que explicam o nosso entorno. Nela são apresentados dados reunidos e analisados durante anos por estudiosos das ciências do clima para provar que não existe falácia quando se trata de mudanças climáticas; elas podem ser analisadas e sentidas neste momento em diversos lugares do planeta, e cabe à nossa geração tomar atitudes para diminuir seus efeitos e vislumbrar novos paradigmas civilizatórios.
O Sesc tem como objetivo impactar positivamente a sociedade com programações e publicações relevantes e atuais em diversos campos do saber, entre eles o do meio ambiente. Nesse sentido, Para conhecer (quase) tudo sobre o clima apresenta ao leitor, de modo didático e lúdico, porém muito embasado, as implicações que biomas e seus habitantes vêm sofrendo, o que devemos esperar nos próximos anos e como intervir, individual e coletivamente, nessa preocupante realidade.
Pergunta 1
EXISTE UM CONSENSO CIENTÍFICO A RESPEITO DO AQUECIMENTO GLOBAL?
O QUE É UM CONSENSO CIENTÍFICO?
É a opinião, a posição e o julgamento coletivo de pessoas da comunidade científica que trabalham numa área específica de estudo.
Esse processo é feito em diferentes etapas:
Elaboração de uma ou mais hipóteses
Diferentes testes da(s) hipótese(s)
Concentração na hipótese mais sólida
Formulação de uma única teoria
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CARACTERÍSTICAS DO CONSENSO CIENTÍFICO:
Ele cresce com o volume de pesquisas sobre um assunto
Ele implica um acordo geral (não necessariamente unânime)
Ele se baseia em elementos científicos
POR QUE CONFIAR NO CONSENSO CIENTÍFICO?
CONSENSO CIENTÍFICO MAS
É um processo longo, que emerge no decorrer do tempo e se baseia em provas científicas. Sua credibilidade está ligada à transparência, à qualidade da prova e às meta-análises.
CONSENSO POLÍTICO : NÃO EXISTE
VOTAÇÃO
Número de provas
Tempo
Além disso, desde 2007, nenhum corpo científico de calibre nacional ou internacional contestou a responsabilidade humana sobre o aquecimento global.
EXPERT
CUIDADO COM A DESINFORMAÇÃO
Nem todo mundo é um “expert climático”... ele/ela deve ser:
Um ou uma climatologista
Que publica pesquisas sobre o clima
Avaliado/a por pares (ou seja, outros/as climatologistas)
3 CONSELHOS PARA IDENTIFICAR FACILMENTE
ESCALA DE TEMPO
As tendências calculadas em períodos de tempo curtos não refletem as tendências em longo prazo.
A QUALIDADE DAS FONTES
É preciso que as propostas tenham uma fonte, e que essa fonte derive de revistas científicas, pois nelas os artigos são validados por pares.
DIFERENCIAR CIÊNCIA DE OPINIÃO
Consenso científico e opinião pública são duas coisas bem diferentes. Uma coluna de impressão ou uma entrevista jamais terão o mesmo valor de um artigo revisado por pares.
A DESINFORMAÇÃO SOBRE O CLIMA: Bla Bla Bla
O QUE DIZ O GIEC?
O Giec é A referência mundial sobre o clima:
Seu trabalho de síntese, seus métodos e sua transparência são incomparáveis.
AS PALAVRAS DO GIEC SÃO AS SEGUINTES:
“O aquecimento do sistema climático é inequívoco”
E
“A influência humana no sistema climático está claramente identificada.”
ESSAS PALAVRAS SÃO AFIRMADAS COM SEGURANÇA.
PALAVRA FINAL
ENTÃO, 97%, 99% OU 100% ?
O importante é lembrar que: Esses números representam o nível de concordância científica sobre a origem humana relacionada ao aquecimento global.
E eles não são contestados desde 2007.
Eles se baseiam em milhares de pesquisas científicas que, a cada dia, oferecem mais provas e são muito mais válidos do que comentários em redes sociais.
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Pergunta 2
QUAL A DIFERENÇA ENTRE
METEOROLOGIA E CLIMA?
É MUITO FREQUENTE OUVIRMOS A SEGUINTE CONFUSÃO ENTRE METEOROLOGIA E CLIMA NA IMPRENSA:
Ao vivo Hahaha! Hahaha!
Até parece, eles querem prever o tempo daqui a 80 anos, mas nem são capazes de prever a meteorologia da semana que vem!
Vamos ajudá-los a não confundir mais, de uma vez por todas.
CLIMA E METEOROLOGIA: DO QUE ESTAMOS FALANDO?
Meteorologia:
é o estudo dos fenômenos atmosféricos de previsão do tempo.
Temperatura
Pluviômetro Velocidade do vento Pressão atmosférica
É o tempo que está fazendo num dado momento e num dado lugar, suscetível de mudar de uma hora para outra, ou de um dia para outro.
Clima:
é o estudo das estatísticas de variáveis atmosféricas sobre um longo período de tempo (30 anos, por convenção).
É o tempo que se pode esperar em dada região.
APRESENTAÇÃO DOS AUTORES
ANNE BRÈS
– Instituto nacional das ciências do universo (INSU)
Mediação científica
No CNRS, as pesquisas do Instituto nacional das ciências do universo (INSU) se ocupam da formação e evolução do Universo, bem como do conjunto dos fenômenos físicos que regem a Terra e os outros planetas. A habitabilidade da Terra e, portanto, o clima estão entre os temas estudados.
Responsável pela comunicação dentro desse instituto, Anne Brès tem uma longa trajetória como comunicadora no universo da pesquisa. No início de 2021, após trocas com diversos pesquisadores inquietos por conta das desinformações que circulam a respeito do tema das mudanças climáticas, ela se aventurou a desmistificar os mitos. A ideia de trabalhar com Thomas Wagner – BonPote –surgiu desses mesmos pesquisadores com quem ele já trabalhava, ainda de modo informal. Seu estilo íntegro, seu tom muitas vezes divertido, sua rede de influência, diferente de um instituto de pesquisa, ofereciam um diferencial irrecusável...
Convencida de que a comunicação visual pode ser a base das informações e permitir alcançar um público mais amplo, Anne Brès acrescenta em cada artigo uma tradução gráfica feita por Claire Marc, cuja trajetória científica é um plus. A cada 15 dias, um novo mito é esclarecido, primeiro em forma de artigo publicado no site de BonPote, convidando sempre especialistas no assunto para chegar a sínteses documentadas, e depois traduzido em forma de painel disponibilizado no site do INSU. Muito rapidamente, o sucesso desse dispositivo e o interesse dos professores a levaram a pensar numa adaptação em HQ.
THOMAS WAGNER – BonPote
Mediação científica
Após uma carreira no mercado financeiro, há 5 anos, Thomas Wagner mudou de rumo e seguiu para a ecologia. Constatando que não se pode propor soluções eficientes antes de conhecer bem o problema, ele desenvolveu em bonpote.com um meio para tornar os desafios climáticos mais compreensíveis.
Nesse site, muitos artigos, assim como infográficos, permitem a cada um(a), iniciante ou expert, conhecer melhor tudo o que diz respeito ao clima e ao ambiente e realizar ações concretas!
CLAIRE MARC – Méduse communication
Mediação científica
Com um diploma de mestrado em oceanografia e outro em mediação científica, Claire Marc constatou que um imenso abismo separava os cientistas do público em geral. Então ela criou sua agência de comunicação científica, Méduse Communication, para que cada cidadã(o) possa se reapropriar das ciências. Como? Acompanhando os profissionais das ciências na comunicação sobre os trabalhos para valorizar seus resultados junto ao público. Sua especialidade: fazer sínteses visuais de artigos científicos!
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem todos os pesquisadores e todas as pesquisadoras que forneceram o conteúdo científico desta obra:
Existe um consenso científico a respeito do aquecimento global?
Jean Jouzel – Paleoclimatólogo francês e vice-presidente do grupo científico do Giec de 2002 a 2015
Qual a diferença entre meteorologia e clima?
Jean Jouzel e François-Marie Bréon – Pesquisadores CEA no Laboratório das ciências do clima e do meio ambiente (LSCE-IPSL)
O clima sempre mudou mesmo?
Pascale Braconnot – Pesquisadora CEA no Laboratório das ciências do clima e do meio ambiente (LSCE-IPSL)
Qual a relação entre o CO 2 e as mudanças climáticas?
Laurent Bopp – Pesquisador CNRS no Laboratório de meteorologia dinâmica (LMD-IPSL)
Philippe Peylin - Pesquisador CNRS no Laboratório das ciências do clima e do meio ambiente (LSCE-IPSL)
Qual é o impacto das mudanças climáticas sobre as geleiras?
Vincent Jomelli – Pesquisador CNRS no Centro europeu de pesquisa e ensino de geociências do meio ambiente (Cerege)
Melaine le Roy – Pesquisador da Universidade de Genebra, Instituto das ciências do meio ambiente (ISE, C-CIA) e da Universidade de Savoie, Meio ambiente dinâmico e territórios da montanha (Edy tem)
Samuel Morin – Pesquisador sobre meteorologia na França, no Centro nacional de pesquisas meteorológicas (CNRM) e redator do Giec
Antoine Rabatel – Pesquisador da Universidade de Grenoble Alpes no Instituto de geociências do meio ambiente (IGE)
Pierre Valla – Pesquisador do CNRS no Instituto de Ciências da Terra (Isterre)
Os ursos polares são mesmo vítimas das mudanças climáticas?
Aude Lalis – Pesquisadora no Museu Nacional de História Natural (MNHN)
Por que o nível do mar sobe com o aquecimento global?
Anny Cazenave – Pesquisadora CNES no Laboratório de estudos em geofísica e oceanografia espaciais (Legos), membro da Academia das ciências e uma das principais autoras do capítulo “Elevação do nível do mar ” do 5º Relatório do Grupo de especialistas intergovernamental sobre a evolução do clima (Giec)
Por que as mudanças climáticas causam a acidificação dos oceanos?
Jean-Pierre Gattuso – Pesquisador CNRS no Laboratório de oceanografia de Villefranche-sur-Mer (LOV)
A Corrente do Golfo e a circulação de revolvimento vão nos salvar das mudanças climáticas?
Julie Deshayes – Pesquisadora CNRS no Laboratório de oceanografia e do clima (LOCEAN-IPSL)
Juliette Mignot - Pesquisadora IRD no Laboratório de oceanografia e do clima (LOCEAN-IPSL)
Didier Swigedouw – Pesquisador CNRS no Laboratório meio ambiente paleoambientes oceânicos e continentais (Epoc)
Teremos mais episódios de seca com o aquecimento global?
Yves Tramblay – Pesquisador IRD em Hidrociências de Montpellier (HSM)
Teremos mais calor com as mudanças climáticas?
Fabio d’Andrea – Pesquisador no CNRS e diretor-adjunto do Laboratório de meteorologia dinâmica (LMD-IPSL)
Teremos mais ciclones e furacões com as mudanças climáticas?
Caroline Muller – Pesquisadora CNRS no Laboratório de meteorologia dinâmica (LMD-IPSL)
As enchentes estão relacionadas às mudanças climáticas?
Florence Habets – Diretora de pesquisa CNRS em hidrometeorologia no Laboratório de geologia da Escola Normal Superior (LG-ENS) e professora na Escola Normal Superior (ENS)
Os incêndios de grandes proporções estão relacionados às mudanças climáticas?
Sophie Godin-Beekmann – Diretora-adjunta científica no Insu-CNRS e pesquisadora CNRS no Laboratório Atmosferas e Observações Espaciais (Latmos-IPSL)
Solène Turquety – Professora-pesquisadora no Laboratório de meteorologia dinâmica (LMD-IPSL)
O que é um modelo climático?
Marie-Alice Foujols – Engenheira de pesquisa CNRS e responsável técnica do polo de modalização do clima do IPSL
O derretimento do permafrost representa um ponto de inflexão do clima?
Florent Dominé – Geofísico e pesquisador CNRS no laboratório franco-canadense Takuvik, Quebec
O desmatamento da Amazônia representa um ponto de inflexão do clima?
Emilie Joetzjer – Pesquisadora no INRAE
A Antártida vai atingir um ponto de inflexão?
Catherine Ritz – Pesquisadora CNRS no Instituto de geociências do meio ambiente (IGE)
O ser humano será capaz de se adaptar às mudanças climáticas?
Magali Reghezza – Geógrafa e membro do Alto conselho pelo clima (HCC)
Fonte C laire e Duper
Papel Al ta Alvura 1 20 g/m 2
Impressão PifferPrint
Data D ezembro de 2024
Publicado originalmente em francês, Para entender (quase) tudo sobre o clima aborda o tema da urgência climática de forma visual e acessível. Com o propósito de divulgar informação de qualidade e combater fake news que prejudicam o debate sobre os impactos humanos no ecossistema planetário, especialistas das ciências naturais se reúnem neste livro para apresentar conceitos sobre o clima, explicar eventos naturais extremos que estão desequilibrando biomas e discutir as consequências para um futuro que, ao que tudo indica, já chegou e exige de nós ações imediatas.