Para dar conta das diversas facetas dos interesses intelectuais de Ismail Xavier, este livro foi estruturado com o objetivo de examinar a sua relação com o cinema nacional, as conexões que estabeleceu entre cinema e literatura, os conceitos e teorias que desenvolveu, sua atuação como crítico e, por fim, sua influência e seu legado. Assim, ao leitor são apresentados os diversos campos de atuação de Ismail, abarcando parte da multiplicidade de horizontes aos quais ele se projetou. Para tanto, foram convidados professores, críticos e intelectuais ligados ao cinema que se debruçaram sobre a caminhada de Ismail pela cena cultural brasileira e internacional. Os organizadores
Ismail Xavier um pensador do cinema brasileiro
Ousadia e consistência definem a trajetória intelectual de Ismail Xavier, um dos principais pensadores de cinema no Brasil. Seu pensamento cobre os mais diversos campos do cinema – da elaboração teórica à crítica de filmes feita no calor da hora – e se oferece não só para o especificamente cinematográfico, mas para uma reflexão ampla a respeito da produção e da política cultural brasileira nas últimas cinco décadas.
Em livros hoje clássicos dos estudos de cinema, Ismail Xavier combina o rigor da pesquisa com a intuição do ensaísta. Dissecar o estilo das obras é via para alcançar reflexões histórico-culturais de grande fôlego. Nesta homenagem, diversos ensaístas discutem a admirável trajetória do autor de Sertão mar: as resenhas do jovem crítico, a interpretação alegórica de Glauber Rocha, o debate sobre o cinema brasileiro contemporâneo, a contribuição teórica e a reflexão sobre a vitalidade do melodrama no cinema-espetáculo.
um pensador do cinema brasileiro
Fatimarlei Lunardelli Humberto Pereira da Silva Ivonete Pinto (org.)
Se o cinema incorporou a tradição ocidental de “ver a cena”, como aponta Ismail, ao mesmo tempo a colocou em crise. Em seu trabalho sobre o cinema moderno brasileiro surgem filmes capazes de captar impulsos utópicos ou autoritários, de internalizar crises, neuroses e ressentimentos nacionais. Ao observar o que há de sutil e subjetivo na conjuntura histórica, Ismail oferece pistas para a interpretação do país e seus descaminhos. Desagregação e atraso, de um lado; inventividade do cinema e disposição de colocar o dedo nas feridas, de outro. A contribuição de Ismail no front da formação é um capítulo à parte. São muitos os ex-alunos e orientandos. Após o colapso da produção cinematográfica no início dos anos 1990, a lucidez e a generosidade de Ismail criaram uma referência para reorganizar o pensamento e o campo cinematográfico. É por isso que, ontem e hoje, não cansamos de chamá-lo de Mestre. O cinema brasileiro – sob um viés cultural, político, estético – tem em Ismail um personagem central. Alfredo Manevy foi diretor-presidente da Spcine e fez doutorado sobre a obra de Jean-Luc Godard sob orientação de Ismail Xavier.
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