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Um universo em expansão A trajetória de Raul de Souza é marcada pelo que há de internacional na música brasileira, tanto no sentido da exportação de sonoridades caracteristicamente nossas quanto no da assimilação de gêneros americanos universalizantes como o funk e o jazz. Chamado de Raulzinho por Ary Barroso, ele esteve ainda ao lado de figuras como Sérgio Mendes, Airto Moreira e Tom Jobim, grandes exportadores da música brasileira. Nos Estados Unidos, entre seus parceiros estão George Duke, Sonny Rollins e Chick Corea, instrumentistas de grande importância para a difusão da musicalidade jazzista. Raul continua sendo um artista em livre trânsito pelo mundo, amalgamando influências em seu jeito próprio de tocar trombone. Devemos ainda ter em mente que esse intercâmbio se desenvolve há tempo suficiente para que diferentes gerações continuem se aproximando de seu trabalho, desde o lendário flautista Altamiro Carrilho até o jovem baterista Serginho Machado. Seja no CD de estúdio ou no DVD ao vivo, o que temos em mãos são retratos de um artista que parece determinado a manter intacta sua vitalidade criativa, reservando à passagem do tempo apenas a tarefa de ampliar suas amizades musicais e trazer novos desenvolvimentos para seu estilo. Em seu papel eminentemente educativo, o SESC promove manifestações artísticas propiciadoras de trocas entre diferentes, visando enriquecer os diálogos identitários e valorizar a diversidade cultural. Em consonância com este propósito, músicos e ouvintes das mais variadas procedências se reúnem em torno do contagiante trabalho deste que é um de nossos maiores instrumentistas, dando mostras de que o Universo Musical de Raul de Souza segue em constante expansão. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do SESC São Paulo
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An expanding universe The path of Raul de Souza is marked with international features in the Brazilian music, both in the sense of exportation of sounds which are characteristically ours and in the absorption of universal American genres, such as funk and jazz. Ary Barroso usually called him as Raulzinho, he also worked with famous people as SĂŠrgio Mendes, Airto Moreira and Tom Jobim, huge exporters of the Brazilian music. In the United States, his partners were George Duke, Sonny Rollins and Chick Corea, extremely important instrumentalists for the diffusion of jazz music. Raul is still a free artist in transit through the world, combining influences in his own way to play trombone. We also should bear in mind that this exchange has been developed for enough time, so that the different generations keep getting closer to his work, from the legendary flautist Altamiro Carrilho to the young drummer Serginho Machado. Either in the studio CD or live DVD, what we have in our hands are portraits of an artist who looks certain to keep his creative vitality alive, reserving to the passage of time only the task of increasing his musical friendships and of bringing new developments to his style. In its mainly educational role, SESC promotes artistic manifestations, which provide different exchanges, aiming at increasing identity dialogues and valuing the cultural diversity. In accordance with this purpose, music and several listeners join around this contagious work of one of our biggest instrumentalists, giving proof that the Musical Universe of Raul de Souza is constantly expanding itself. Danilo Santos de Miranda Regional Director of SESC SĂŁo Paulo
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“Houve um tempo – anos 1960, por aí – em que tocar samba-jazz no Brasil era um ato de heroísmo. Quando o conjunto expunha o tema, os músicos pareciam meio assustados, como se estivessem cercados pelos comanches. Mas, no meio do arranjo, um minuto depois, o trombone de válvula de Raul de Souza entrava em cena e punha as coisas no lugar. Era como se fosse a Cavalaria americana chegando - dava vontade de pular na cadeira e gritar. Seus solos eram vibrantes, cheios de ideias e em alta velocidade. E com aquele sotaque que Raul adquiriu nos primórdios e, felizmente, nunca perdeu: o da praça Tiradentes, no Rio. Numa época em que muitos músicos brasileiros queriam apenas macaquear os americanos, Raul provou que o importante era a resultante daquela fusion — uma espécie de jazz de gafieira. E que ela podia ser altamente original. Hoje, 50 anos depois, os garotos aprenderam direitinho a lição e Raul já não precisa dar uma de Cavalaria americana. Só quando ele quer, claro.”
RUY CASTRO, autor de “Chega de saudade – A história e as histórias da Bossa Nova”
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“There was a time – around the 60s – when playing samba-jazz in Brazil was an act of heroism. When the band exposed the theme, musicians seemed to be kind of scared, as if they were surrounded by Comanches. But, in the middle of the array, a minute later, the valve trombone of Raul de Souza entered in scene and put everything in its place. It was like the American Cavalry arriving – you just wanted to jump in the chair and shout. His solos were vibrant, full of ideas and in high speed. And running with such style that Raul has acquired in the early days and fortunately has never lost:
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that one from Tiradentes square, in Rio de Janeiro. In a time when many Brazilian musicians wanted only to copy Americans, Raul proved that the important was the result from that fusion — some kind of “gafieira jazz”. And that it could be highly original. Today, 50 years later, the boys have nicely learned Raul’s lesson, and Raul doesn’t need to play an American Cavalry. Unless, of course, if he wants to do so.” RUY CASTRO, author of “Chega de Saudade – The history and stories of Bossa Nova”
Da esquerda para a direita / From left to right: Hector Costita, Raul de Souza, João Donato, Altamiro Carrilho
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O UNIVERSO DO MESTRE RAUL DE SOUZA THE UNIVERSE OF MASTER RAUL DE SOUZA “Music is the real food of the soul.” Raul de Souza There are three types of creators according to the writer Ezra Pound: The inventors, who discover a new process or whose work gives us the first known example of a process; the masters, who make various combinations of the initial process and fare so well as the inventors or even better than them; and the diluters, who came after and were not capable of perform the work so well. Undoubtedly Raul de Souza is a master of the musical art, but he also fits in the category of an inventor in the
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“A música é o real alimento da alma.” Raul de Souza
Existem três tipos de criadores, segundo o escritor Ezra Pound: os inventores, que descobrem um novo processo ou cuja obra nos dá o primeiro exemplo conhecido de um processo; os mestres, que fazem várias combinações do processo inicial e se saem tão bem quanto os inventores ou até melhor do que eles; e os diluidores, que vieram depois e não foram capazes de realizar tão bem o trabalho. Raul de Souza é, sem dúvida, um mestre da arte musical, mas se insere também na categoria de inventor, no sentido literal: criou um tipo original de trombone, com direito a
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patente e tudo, o Souzabone, descrito como “um trombone em dó de quatro pistos, com dois gatilhos de correção de afinação e um registro para mudança de tessitura para notas mais graves; tem ainda um captador eletrônico e pedais que permitem vários efeitos como wah-wah, delay, chorus e oitavador.” Tecnicalidades à parte, Raul herdou a cátedra de Mestre do Trombone do lendário Raul de Barros. Foi Ary Barroso, num programa de auditório, quem o chamou de Raulito — uma versão júnior do instrumentista famoso, autor do choro Na Glória — alegando que seu nome de batismo, João José, não era nome de trombonista. Vendo e ouvindo Raulzinho — foi com esse nome que o conheci, em 1958 — no seu novo DVD O Universo Musical de Raul de Souza, abro um corolário na definição de
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literal sense: he created an original kind of trombone, with rights to a patent and all, the Souzabone, described as “a trombone in C of four pistons with two triggers for pitch correction and a registry for texture changing into bass notes; it also has an electronic pickup and pedals that allow various effects, such as wah-ah, delay, chorus and octaver.” Technicalities aside, Raul inherited the chair of Trombone Master from the legendary Raul de Barros. It was Ary Barroso, in a TV show, who called him “Raulito” — a junior version of the famous player, author of the “choro” Na Glória — claiming that his baptism name, João José, was not a trombonist name. Watching and listening to Raulzinho — it was with this name that I met him in 1958 — on his new DVD
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“The Musical Universe of Raul de Souza”, I open a corollary in Ezra Pound’s definition and I dare say that a genius is born prepared. That is, Raul de Souza has already come into the world playing well. I remember him blowing the old trombone of three pistons in the cold nights of Curitiba, 54 years ago, and I compare him to that Raul that I’ve listened to for the last time only a month ago, in a duet with the pianist Leandro Braga in Rio de Janeiro. The man has changed, passed by oceans and continents, lovers and marriages, had children and grandchildren, always making music from dirty clubs to large halls, from jazz clubs to festivals, leaving a lot of his art in dozens of discs. But the vital blow remains the same, the style takes his personal and nontransferable DNA, with the music’s love and joy hanging above all else.
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Ezra Pound e ouso afirmar que o gênio já nasce feito. Ou seja, Raul de Souza já veio ao mundo tocando bem. Lembro dele soprando o velho trombone de três pistos nas frias noites curitibanas, há 54 anos, e o comparo com aquele Raul que ouvi pela última vez há apenas um mês, em duo com o pianista Leandro Braga no Rio de Janeiro. O homem mudou, atravessou oceanos e continentes, amores e casamentos, teve filhos e netos, sempre fazendo música, dos inferninhos às grandes salas, dos clubes de jazz aos festivais, deixando muito da sua arte em dezenas de discos. Mas o sopro vital continua o mesmo, o estilo leva o seu DNA, pessoal e intransferível, o amor e a alegria da música pairam acima de tudo. Sinto isso particularmente nos temas em que Raul toca o Souzabone, dedilhando os pistos com a mestria de sempre — sinto esta sua presen-
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ça até na voz, quando me telefona, quando conversamos, ou neste DVD, quando anuncia discretamente os músicos. Outro dia, não por acaso em Curitiba, conversando com produtores musicais que também o conhecem, chegamos à conclusão de que Raul fala em “trombonês” — aquela sua voz rouca e grave é uma extensão do instrumento, e vice-versa. Nesta apresentação em São Paulo, ele usa o Souzabone em cinco das treze faixas: com o convidado Hector Costita, sax tenor, em À Vontade Mesmo; em À la Donato, pastiche e homenagem de corpo presente ao outro grande João da bossa nova; em Jumping Street, um alô de Raul para a rapaziada dos embalos mais recentes; e nos dois números com o convidado especialíssimo Altamiro Carrilho, com quem Raul tocou na Turma da Gafieira no final dos anos 1950.
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I particularly feel it in the themes in which Raul plays the Souzabone, fingering the pistons with his usual mastery — I feel such presence even in his voice when he calls me, when we talk or in this DVD, when he quietly announces the players. One day, not by accident, in Curitiba, during a conversation with the musical producers who know him as well, we got to the conclusion that Raul speaks in “trombonish” — that voice of his, hoarse and bass, is an extension of the instrument and vice versa. In this recent presentation in São Paulo he uses the Souzabone in five of the thirteen tracks: with the guest Hector Costita, tenor saxophone, in “À Vontade Mesmo”; During “À la Donato”, pastiche and homage in person to the other great João of Bossa Nova; in “Jumping Street”, a hello from Raul to the guys of the most recent songs; and in the
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two performances with the very special guest Altamiro Carrilho, with whom Raul played at “Turma da Gafieira” at the end of the 1950’s. Altamiro appears elegant and discreet but blows a devilish flute in “Vou Vivendo” (Pixinguinha Benedito Lacerda) and Urubu-Rei (Carrilho), showing an impressive execution for his 87 years old. The other guests are ten years below him. Coincidently, Raul, Donato and Costita will become 78 in 2012: Donato in August 7th, Raul in August 23rd and Costita in October 27th. Everything flowed in harmony and peace in the night of November 22nd, 2011, in Vila Mariana’s SESC, in a fashion scenery of cozy lights, having Raul and his three “bambas” (in the time of Pixinguinha they would be called “batutas”) being backed up by a
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Altamiro aparece elegante e discreto, mas sopra uma flauta endiabrada em Vou Vivendo (Pixinguinha-Benedito Lacerda) e Urubu-Rei (Carrilho), exibindo uma forma impressionante para seus 87 anos. Os outros convidados estão dez anos abaixo. Por coincidência, Raul, Donato e Costita completam 78 anos em 2012: Donato em 17 de agosto, Raul em 23 de agosto e Costita em 27 de outubro. Tudo fluiu em harmonia e paz na noite de 22 de novembro de 2011 no SESC Vila Mariana, num cenário fashion de luzes aconchegantes, com Raul e seus três “bambas” (no tempo do Pixinguinha seriam “batutas”) apoiados por uma banda jovem e antenada: Fábio Torres (teclados), Mario Conde (guitarra, cavaquinho), Glauco Solter (baixo), Serginho Machado (bateria). E o gran finale do espetáculo de uma hora e quinze minutos resume a festa: Funky Man, de Raul, com a turma
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toda, incluindo os três convidados, Altamiro, Donato e Costita. Raul de Souza conseguiu a proeza de fazer um DVD totalmente diverso do CD gravado pouco tempo antes. Só repetiu uma música, Voilà, e gravou pela primeira vez um tema de John Coltrane, Spiritual, uma das composições mais inspiradoras do grande saxofonista. O repertório do DVD reflete bem o gosto musical de Raul: o Jobim imprescindível (Ela é Carioca, com Costita), um Nelson Cavaquinho antológico (A Flor e o Espinho), os clássicos já citados com Altamiro e nada menos do que oito temas originais, que mostram o seu lado de compositor, às vezes injustamente ofuscado por seu brilho como instrumentista. Entre eles, À Vontade Mesmo, faixa-título do seu álbum de estreia, de 1965. Com Raul de Souza, a música é assim, “à vontade mesmo”: uma
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young and tuned band: Fábio Torres (keyboards), Mario Conde (electric guitar and cavaquinho), Glauco Solter (bass guitar), Serginho Machado (drums). And the gran finale of the performance with one hour and fifteen minutes is summed up by the party: “Funky Man”, by Raul, with all the guys, including the three guests, Altamiro, Donato and Costita. Raul de Souza has accomplished the mission of making a DVD totally different from the CD recorded shortly before. He only repeated one song, “Voilà”, and recorded for the first time a theme from John Coltrane, “Spiritual”, one of the most inspiring compositions of the great saxophonist. The DVD repertoire reflects well Raul’s musical taste: The indispensable Jobim (“Ela é Carioca”, featured by Costita),
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the anthological Nelson Cavaquinho (“A Flor e o Espinho”), the classics already mentioned with Altamiro and nothing less than eight original themes which show his composer side, sometimes unfairly eclipsed by his brightness as an instrumentalist. Among them, “À Vontade Mesmo”, title track of his debut album in 1965. For Raul de Souza music is like this, “really at ease”: a serious and pleasurable thing which he had always known how to share with his immense and faithful public.
coisa séria e um prazer, que ele sempre soube compartilhar com seu público imenso e fiel. ROBERTO MUGGIATI, jornalista e escritor
ROBERTO MUGGIATI, journalist and writer
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Voilà: a trombone against the crisis Forget the economic crisis. The worst crisis we face is about creativity – in music there is a huge absence of ears, mind and heart. Against this wave Raul de Souza once more wields his arsenal of trombones and Souzabones to demonstrate that there is still smart life in the Brazilian instrumental world. In this war he counts with the support of the group properly called “NaTocaia”. To the listener less familiarized with Raul, instrumental music and, more specifically, the trombone, I recommend that you go straight to track 5, “Lígia”, one of the most poetic themes from Tom Jobim. Great balladist and father of the cool style, the tenor
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um trombone contra a crise Esqueçam a crise econômica, a pior crise que enfrentamos é criativa — na música, uma carência extrema de ouvido, cabeça e coração. É contra isso que Raul de Souza mais uma vez empunha seu arsenal de trombone e souzabones para mostrar que ainda existe vida inteligente no instrumental brasileiro. Nessa guerra, ele conta com o apoio do grupo apropriadamente chamado NaTocaia. Ao ouvinte pouco familiarizado com Raul, com a música instrumental e, mais especificamente, com o trombone, eu recomendo que vá direto para a faixa 5, Lígia, um dos temas mais poéticos de Tom Jobim. Grande baladista, pai do estilo cool, o saxofonista tenor Lester Young estabeleceu
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o axioma de que o instrumentista – mais até do que o cantor – deveria ter sempre em mente a letra da canção que interpreta. O trombone vocal de Raul parece entoar as palavras “Eu nunca sonhei com você, nunca fui ao cinema, não gosto de samba, não vou a Ipanema, não gosto de chuva nem gosto de Sol.” Raul abre como sempre, com um agito de sua autoria, sambão puxado a xaxado (com triângulo e tudo) e ainda outras misturas sob um título que justifica seu estilo de vida e sua filosofia musical: Por aqui e por ali. A tensão é relaxada com o lento e lírico Álibi, de Djavan, com arranjo de cordas – como em Lígia – de Glauco Solter, com a participação das irmãs curitibanas Maria Ester Moreira Brandão Watanabe à viola e Maria Alice Moreira Brandão ao violoncelo.
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saxophonist Lester Young established the premise that the instrumentalist – even more than the singer – should always have in mind the lyrics of the song he/she is interpreting. Raul’s vocal trombone seems to intone the words “I’ve never dreamed of you, I have never been to the movies, I don’t like samba, I don’t go to Ipanema, I don’t like the rain or the Sun.” As usual Raul opens the show with a stir of his own, a heavy samba with hints of xaxado (with triangle and everything) and even other mixtures under a title that justifies his lifestyle and his musical philosophy: “Por aqui e por ali” (“Here and there”). The tension gets relaxed with the slow and lyrical “Álibi”, by Djavan, with strings array – as in “Lígia” – by Glauco Solter, featured by the sisters from Curitiba Maria Ester Moreira Brandão
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Watanabe at the guitar and Maria Alice Moreira Brandão at the cello. Going from water to wine – that is, from wine to tequila – Glauco offers his composition “Todas as Tribos”, as the name indicates a theme capable of attracting audiences at all ages and in tune with the taste of the new century/millennium. Glauco – and the whole “NaTocaia” – is from Curitiba, city that occupies an important place on the affective map of Raul de Souza. It was there, in the turn of the 1950/60’s, that he played in the Aeronautics Band, played jazz even for buffalos in the freezing early morning and married (as usual) for the second time; and it is Curitiba, among his world tours, that Raul always end up going back to. Eight years ago, in Paris, Raul found a Curitiba citizen, Glauco Solter, at
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Passando da água para o vinho – ou melhor, do vinho para a tequila – Glauco oferece sua composição Todas as Tribos, como o nome indica um tema capaz de atrair platéias de todas as idades e sintonizado com o gosto do novo século/milênio. Glauco – e o NaTocaia inteiro – são de Curitiba, cidade que ocupa um lugar importante no mapa afetivo de Raul de Souza. Foi lá, na virada dos anos 1950/60, que ele tocou na Banda da Aeronáutica, tocou jazz até para búfalos na madrugada gélida e casou pela segunda vez (para não perder o hábito); e é a Curitiba, em meio a suas voltas ao mundo, que Raul acaba sempre voltando. Há oito anos, em Paris, Raul encontrou o curitibano Glauco Solter na porta do clube de jazz Le Duc des Lombards. Nasceu ali, na hora, a ideia de formar uma banda para acompanhá-lo ao Brasil. Glauco, baixista, recrutou Jeff Sabbag (piano), Mario Conde (guitar-
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ra) e Endrigo Bettega (bateria). Raul e o NaTocaia se deram tão bem que se apresentaram até na remota Ilha da Reunião, no Oceano Índico. Cada álbum de Raul costuma ter uma referência mais direta com o jazz. Neste, a eleita foi Up Jumped Spring, do trompetista Freddie Hubbard, uma “Medium-Up Jazz Waltz”, em que Raul se solta num improviso à altura das melhores enciclopédias jazzísticas, acrescido do inconfundível balanço brasileiro. O guitarrista Mario Conde contribui com um samba nostálgico, 10 minutos, que demonstra sua intensa telepatia com Raul. Na saideira, Raul homenageia sua cidade natal com Viva o Rio, um samba-exaltação de Hermeto Pascoal, tocado com o Souzabone, trombone em dó de quatro pistos criado por ele.
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the door of the jazz club Le Duc des Lombards. It was born there, at the spot, the idea of forming up a band to accompany him in Brazil. Glauco, bass player, has recruited Jeff Sabbag (piano), Mario Conde (electric guitar) and Endrigo Bettega (drums). Raul and the “NaTocaia” got along so well that they performed even in the remote Island of Réunion, on the Indian Ocean. On each album Raul usually has a more direct reference with jazz. In this one, the elected was “Up Jumped Spring”, from the trumpeter Freddie Hubbard, a “MediumUp Jazz Waltz” in which Raul lets himself flow in an improvisation nearing to the best jazz encyclopedias in addition to the unmistakable Brazilian swing. The electric guitar player Mario Conde contributes with a nostalgic samba, “10 minutos”, in which he
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demonstrates his intense telepathy with Raul. At the end Raul pays homage to his hometown with “Viva o Rio”, an exultation samba by Hermeto Pascoal, played with the Souzabone, a trombone in C of four pistons created by Raul. Raul even composed the gentle “Isabella”, dedicated to the younger daughter of six children (3 men, 3 women); and Voilà, in which the French title refers to Yolaine, his wife since 1998.
Raul compôs ainda o suave Isabella, dedicado à caçula dos seis filhos (3 homens, 3 mulheres); e Voilà, em que o título francês remete a Yolaine, sua mulher desde 1998. Voilà quer dizer “eis aqui”, “aí está”. É um sambop com a cara do Raul. Ou melhor, no caso dele, eu chamaria esse som de “jazzfieira”, dá até – e como! – para dançar. Na gíria da bossa eterna dos Raul de Souza, João
Voilà means “you are here”, “there you are”. It is a sambop with Raul’s pure style. Rather, in his case, I would call this
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Donato e Maurício Einhorns da vida, a tradução perfeita de Voilà seria “Estamos aí...” E Raul estará “por aqui e por ali” – e por muito tempo – alegrando as pessoas com sua música arrebatadora. ROBERTO MUGGIATI, jornalista e escritor
sound “jazzfieira”. You can even dance to it – a lot! In the slang of the eternal Bossa Raul de Souza, João Donato and Maurício Einhorns, the perfect translation of Voilà would be “Estamos aí...” (Here we are...). And Raul will be “here and there” – and for a long time – bringing joy to the people with his ravishing music. ROBERTO MUGGIATI, journalist and writer
Gravação do DVD em 22/11/2011, dia de Sta. Cecília, padroeira dos músicos. DVD Recording on 11/22/2011, day of Saint Cecília, Patron Saint of the musicians.
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CD 1. POR AQUI POR ALI - Raul de Souza (4’52’’) Direto BR-SC4-12-00036
2. Álibi - Djavan (5’22’’) Warner/Chappell Edições Musicais
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3. Todas as tribos - Glauco Solter (5’06’’) Direto BR-SC4-12-00038
4. Up jumped spring - Freddie Hubbard e Art Blakey (6’31’’) UBC -União Brasileira de Compositores
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5. LÍgia - Tom Jobim (4’56’’) Jobim Music BR-SC4-12-00040
6. 10 minutos - Mario Conde (5’11) Direto BR-SC4-12-00041
7. Isabella - Raul de Souza (6’15’’) Direto BR-SC4-12-00042
8. Voilà - Raul de Souza (6’08) Direto BR-SC4-12-00043
9. Viva o Rio - Hermeto Pascoal (4’43’’) Direto BR-SC4-12-00044
Raul de Souza: Trombone Besson / Besson trombone - 1; 3; 6; 8, trombone Yamaha / Yamaha trombone - 2; 4; 5; 7, Souzabone / Souzabone - 9, Arranjos / Arrays - 9; Glauco Solter: Baixo elétrico & Fretless / Electric bass guitar & Fretless - 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9, Arranjos de cordas / string arrays - 2; 5; Mario Conde: Guitarra elétrica & Guitarra acústica elétrica / Electric guitar & Acoustical Electric Guitar - 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; Jefferson Sabbag: Piano & Teclados / Piano & Keyboards - 1; 2; 3; 5; 6; 7; 8; 9; Endrigo Bettega: Bateria / Drums - 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9, Percussões / Percussions - 3; 8; 9; Maria Ester M. Brandão Watanabe: Viola / Guitar - 2; 5; Maria Alice Moreira Brandão: Violoncelo / Cello - 2; 5
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DVD O Universo Musical de Raul de Souza The Musical Universe of Raul de Souza 1. SPIRITUAL - John Coltrane (6’38”) Universal Music Publishing
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2. VIOLÃO QUEBRADO - Raul de Souza (3’54”) Direto
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3. VOILà - Raul de Souza (4’40”) Direto
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4. A FLOR E O ESPINHO - Nelson Cavaquinho (4’55”) ADDAF - Associação Defensora de Direitos Autorais
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5. ELA É CARIOCA - Tom Jobim (5’22”) Jobim Music e Universal Music Publishing MGB Brasil
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6. à VONTADE MESMO - Raul de Souza (6’10”) Direto
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7. à LA DONATO - Raul de Souza (4’05”) Direto
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8. BOSSA ETERNA - Raul de Souza (4’48”) Direto
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9. JUMPING STREET - Raul de Souza (5’20”) Direto
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10. VOU VIVENDO - Pixinguinha & Benedito Lacerda (4’25”) Irmãos Vitale S/A Indústria e Comércio
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11. URUBU-REI - Altamiro Carrilho (2’18”) ADDAF - Associação Defensora de Direitos Autorais
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12. ST. REMY - Raul de Souza (6’33”) Direto
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13. FUNKY MAN - Raul de Souza (8’25”) Direto
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Raul de Souza: Slide trombone / Slide trombone - 1; 2; 3; 4; 5; 8; 12, Souzabone / valve trombone - 6; 7; 9; 10; 11; 13; Glauco Solter: Baixo elétrico / Electric bass guitar - 2; 3; 6; 9; 12; 13, Baixo acústico / Acoustic Bass Guitar - 1; 4; 5; 7; 8; 10; 11; Mário Conde: Guitarra elétrica & Guitarra acústica elétrica / Electric guitar & Acoustical electric guitar - 1; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13, Cavaquinho/ Ukulele - 2; Fábio Torres: Piano/ Piano - 1; 2; 4; 5; 10; 11; 12, Fender Rhodes / Fender Rhodes - 3; 6; 9; 13; Serginho Machado: Bateria / Drums; Altamiro Carrilho: Flauta/ Flute - 10; 11; 13; João Donato: Piano/ Piano - 7; 8; 13; Hector Costita: Saxofone tenor / Tenor Saxophone - 5; 6; 13
Raul toca slide trombone “Courtois”. Mario Conde usa guitarra “Castellis”. Raul plays “Courtois” slide trombone. Mario Conde uses “Castellis” electric guitar.
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Ficha técnica/ Specifications
O Universo Musical de Raul de Souza The Musical Universe of Raul de Souza Direção musical / Musical Direction: Raul de Souza Direção executiva / Executive Direction: Ana Buono e AB Musical; Concepção, direção do projeto e pesquisa / Conception, direction of the project and research: Wagner Merije; Produção musical / Musical Producer: Michel Freidenson; Planejamento estratégico / Strategic Planning: Yolaine de Souza. Projeto Gráfico / Graphic Design: Storyboard.com.br; Direção de Arte / Art Direction: Flávio Rodrigues, Fabíola Braga; Designer Gráfico / Graphic Designer: Carlos Peliceli; Textos / Texts: Danilo Miranda, Ruy Castro, Roberto Mugiatti, Freddie Hubbard; Produção e Pesquisa / Production and Research: Ana Buono, Wagner Merije, Yolaine de Souza; Fotos / Pictures: Sílvio Aurichio e José Carlos
Barretta Músicos / Musicians (DVD): Slide trombone e Souzabone / Slide trombone and Souzabone: Raul de Souza; Baixo elétrico e Baixo acústico / Electric bass and Acoustic bass: Glauco Solter; Guitarra elétrica, guitarra acústica elétrica e cavaquinho / Electric guitar, electric acoustic guitar and ukulele: Mário Conde; Piano e Fender Rhodes / Piano and Fender Rhodes: Fábio Torres; Bateria / Drums: Sérgio Machado; Convidados / Guests: Flauta / Flute: Altamiro Carrilho; Saxofone tenor / Tenor Saxophone: Hector Costita; Piano / Piano: João Donato
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DVD gravado ao vivo no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. Recorded at the Vila Mariana SESC Theater, in São Paulo. Produção Audiovisual / Audiovisual Production: DNArte® www.dnarte.com.br; Direção geral e artística / General and Artistic Direction: Flávio N. Rodrigues; Codireção e roteiros / Co-direction and Scripts: Fabíola Braga; Cenografia / Scenography: Kiko Canepa; Projeto 3D / 3D Project: Fabiana Ferreira; Direção de câmeras / Camera Direction: Marcos Malafaia; Projeto de luz / Light designer: Silvestre Jr.; Iluminação para Vídeo / Lighting: Sérgio Lopes; Figurino dos músicos / Costumes of the Musicians: Márcia Nachbar; Figurino Raul de Souza/ Costumes of Raul de Souza: Celinha Cariri; Maquiagem / Makeup: Simone Tinelli; Supervisão técnica / Technical Supervision: Anderson Roncolatto; Operadores de câmera / Camera Operators: Alexandre Martins,
José Carlos da Silva, José Márcio Martins, Márcio Silva, Leandro Silva, Sérgio Benedito, Túlio Magalhães, Vitor Santos; Grua / Cammate: Douglas Silva; Captação de áudio / Audio Capture: Audiomobile; Mixagem / Mixing: Alexandre Fontanetti; Masterização / Masterization: Carlos Freitas; Fotos em estúdio / Studio Pictures: Sílvio Aurichio; Fotos Show / Concert Pictures: Zé Carlos Barretta; pós-produção e finalização / post-Production and Completion: DNArte.tv
Da esq. para a direita / From left to right: Fábio Torres, Glauco Solter, Raul de Souza, Serginho Machado, Mario Conde
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CD gravado no estúdio Gramofone Musical, em Curitiba, em 2010. Recorded at the studio Gramofone Musical, in Curitiba, 2010. Coordenação de gravação / Recording Coordination: Álvaro Ramos; Técnico de gravação / Recording Technician: Fred Teixeira; Técnicos de mixagem / Mixing Technicians: Fred Teixeira, Rogério Naressi; Mixagem / Mixing: Álvaro Ramos, Glauco Solter, Jeff Sabbag, Raul de Souza; Masterização / Masterization: Homero Lotito Músicos / Musicians (CD): Trombone Besson, trombone Yamaha, Souzabone e arranjos / Besson trombone, Yamaha trombone, Souzabone and arrays: Raul de Souza; Baixo elétrico, Fretless e arranjos de cordas / Electric bass guitar, Fretless and string arrays: Glauco Solter; Guitarra elétrica e guitarra acústica elétrica / Electric guitar and electric acoustic guitar: Mario Conde; Piano e teclados / Piano and keyboards: Jefferson Sabbag; Bateria e percussões / Drums and percussions: Endrigo Bettega; Convidados / Guests: Viola / Guitar: Maria Ester M. Brandão Watanabe; Violoncelo / Cello: Maria Alice Moreira
Brandão
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Agradecimentos especiais / Special Thanks: Yolaine de Souza, Ruy Castro,
Roberto Muggiati, Toninho Horta, Hermeto Paschoal, Ana Buono, Wagner Merije, Michel Freidenson, Celinha Cariri, Dr. Marcelo Pereira, Pedro Aristides, Ivone Belém, SESC-SP, DNArte, Sílvio Aurichio, Homero Lotito, Estúdio Gramophone, Mara, Álvaro, João Cuca, Roberto Bruzadin, Américo, Anaí Rosa, Teresa, Inara, Marizette Pio, Rosangela, Carla, Luiz Carlos, Raul, Rogério, Christiana e Oscar Innecco, Geraldo Maranhão e Eliane, Luiz Bueno, Fernando Melo, Roberta Scatolini, Alessandra, Melina, Renato Consorte, Sérgio Pargana, Vera Velozo, Éder Damasceno, Felix Muniz e família, todos os meus sobrinhos e sobrinhas / and family, all my nieces and nephews.
Aos músicos da minha banda e a meu amigo e “padrinho” Altamiro Carrilho e meus amigos João Donato e Hector Costita. Em memória dos amigos falecidos, Olivier Farvacques e o grande músico Paulo Moura. To the musicians in my band, my friend and “godfather” Altamiro Carrilho and my friends João Donato and Hector Costita. In memory of the deceased friends, Olivier Farvacques and the great musician Paulo Moura.
www.rauldesouza.com.br
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SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO SOCIAL SERVICE OF COMMERCE Administração Regional no Estado de São Paulo / Regional Administration in the State of São Paulo Presidente do Conselho Regional / Regional Council President
Abram Szajman Diretor Regional / Regional Director
Danilo Santos de Miranda Superintendentes / Assistant Directors Comunicação Social / Social Communication: Ivan Paulo Giannini; Técnico-Social / Technical-Social: Joel Naimayer Padula; Administração / Administration: Luiz Deoclécio Massaro Galina; Assessoria Técnica e de Planejamento / Technical Consulting for Planning: Sérgio José Battistelli SELO SESC / SESC Record Label Gerente de Audiovisual / Audiovisual Manager: Silvana Morales Nunes; Gerente Adjunta / Assistant Manager: Ana Paula Malteze; Coordenador / Coordinator: Gilberto Paschoal; Assistentes / Assistants: João Zílio, Ricardo Tifona,
Thays Heiderich Gerente de Artes Gráficas / Graphic Design Manager: Hélcio Magalhães; Gerente Adjunta / Assistant Manager: Karina Musumeci; Assistente / Assistant: Érica Dias
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