MACKSEN LUIZ ET ALII

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Na história moderna do teatro brasileiro, entre os críticos historiadores, isto é, aqueles não eventuais, o nome de Macksen Luiz se faz presente como um vocacionado analista da nossa cena. Macksen é um testemunho pleno de trinta anos do que realizamos em nossos palcos. [...] É um observador sempre bem informado sobre o que vai julgar, cujo vocabulário crítico nunca é primário. Há nele uma visão crítica resguardada, mas humanizada. Não é benevolente, nem tampouco detrator. É isento e solidário mesmo numa avaliação negativa. Tem uma compreensão existencial e social da sobrevivência cênica em nosso país. [...] Na coletânea Macksen Luiz et alii, o leitor encontrará um panorama do que de mais importante os palcos do Rio de Janeiro apresentaram por meio de análises vindas de um crítico absolutamente integrado com a resistência da nossa expressão cultural.

FE RN A N DA M O N T E N EGRO

M ACKS E N LU I Z

Formado em sociologia na PUC-Rio, é jornalista profissional desde 1967. Foi crítico teatral do Jornal do Brasil de 1982 a 2010. Entre 1975 e 1982, colaborou nas seguintes publicações: jornal Opinião e revistas Visão, Manchete e Isto É. Participou das curadorias do Festival de Curitiba (1992-2005) e do Festival de Recife (1999-2003). Foi jurado do Prêmio Molière (até o fim, em 1994), do Troféu Mambembe (até 1988) e do Prêmio Zilka Sallaberry de Teatro Infantil (2008-10); atualmente, é jurado dos prêmios Shell, Cesgranrio e Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR). Participou de comissões de projetos teatrais da Eletrobras e da Petrobras e das secretarias de cultura do Rio de Janeiro e de Salvador. Nas últimas décadas, foi colaborador dos periódicos Revista da SBAT e Folhetim, e escreveu o livro Sesi 50 anos (1996). Na prática de crítica na imprensa nacional, Macksen Luiz é um espectador da produção teatral brasileira por mais de quatro décadas, em análises que registram a ascensão de movimentos, inflexões de técnicas interpretativas, reposições de linguagens cênicas e a atuação do ambiente político-social na dramaturgia do palco. Percorre em cobertura abrangente e permanente esse amplo espectro de tempo, com análises que procuram a reflexão e o registro extensivo das temporadas cariocas e algumas de outros estados.

C O L EÇ ÃO

ET ALII

MACKSEN LUIZ

ET MACKSEN ALII LUIZ

A palavra “crítica” advém da forma latina “criticus”. Esta se originou, por sua vez, do vocábulo grego “kritikós”, cujo amplo campo lexical não somente abrange as noções de separação, seleção, julgamento e interpretação (ações, vale notar, realizadas a partir do estabelecimento de certos “critérios”) como também se relaciona com a forma grega “krisis” – entendida a partir de quatro traços semânticos diversos, mas complementares: ação ou faculdade de separar, de discernir; luta, litígio, processo; decisão, juízo, sentença; resultado, desenlace, crise. Assim é que compete a um crítico julgar determinado objeto de sua contemplação sem, entretanto, deixar de entrar em crise com os modos de expressão desse mesmo objeto, com a maneira como ele os percebe, com os critérios que irão orientar sua interpretação e com seus próprios valores estéticos e pessoais. O que chama a atenção na coletânea de críticas Macksen Luiz et alii – um belo título, aliás, para representar o gregarismo inerente à arte do teatro e sua inegável prontidão para com a ideia de alteridade – é a capacidade de discernimento do crítico, que cuidadosa e diletantemente se põe a serviço da fruição e da compreensão do fenômeno teatral, avaliando, sem ser arbitrário; arbitrando, sem soar idiossincrático. Ao separar muitas vezes o joio do trigo, ele faz que o texto crítico, por nunca se furtar à controvérsia e ao debate, entre em legítimo processo de investigação litigiosa com o complexo espectro de elementos flagrados em cena, de modo que o resultado, o desenlace, para além da observação pontual de determinados espetáculos, constitua um exercício epistemológico de maior envergadura, voltado ao exame atento de uma arte ancestral, desde sempre comprometida em radiografar a presença do homem no mundo e as sucessivas crises que o atravessam. Um livro disposto a cobrir um arco temporal tão vasto – no qual se registra a pujante (embora quixotesca) criação teatral brasileira das últimas três décadas – é também um testemunho de como Macksen Luiz ama o teatro. Não na condição de juiz severo, mas como defensor público de sua potencialidade e de suas virtudes.

ISBN 978-85-9493-005-7

W E L I N GTON A N D R A D E

Doutor em literatura brasileira pela USP na área de dramaturgia, crítico de teatro e editor da revista Cult.

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