TEATRO SESC ANCHIETA
O Teatro Sesc Anchieta, desde os anos 1960, tornou-se um dos mais prestigiosos palcos da capital paulista. Lá se apresentaram artistas como Bibi Ferreira, Cleyde Yáconis, Eva Wilma, Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Paulo Autran, Paulo José e Raul Cortez. Antunes Filho formou o Centro de Pesquisa Teatral — CPT, enquanto Aderbal Freire-Filho, Fauzi Arap, Flávio Rangel, Gabriel Villela e Ulysses Cruz, entre outros, dirigiram montagens clássicas e contemporâneas. Talentos de gerações distintas se encontram no Anchieta.
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UM ÍCONE PAULISTANO
UM ÍCONE PAULISTANO
Referência para a classe artística, o Teatro Sesc Anchieta também é um ícone para o público, que ali encontra uma programação criteriosa, instigante e livre de apelos comerciais. Este livro reconstrói a história desse teatro por meio de uma narrativa polifônica, composta por vozes e memórias que se somam a imagens, cartazes e ensaios críticos de seus tantos personagens, que convidam o leitor-espectador a apreciar tanto esta leitura como também o próximo espetáculo.
COLEÇÃO MEMÓRIAS
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ISBN 978-85-69298-56-4
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SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor Regional Danilo Santos de Miranda Conselho Editorial Ivan Giannini Joel Naimayer Padula Luiz Deoclécio Massaro Galina Sérgio José Battistelli Edições Sesc São Paulo
Gerente Marcos Lepiscopo Gerente adjunta Isabel M. M. Alexandre Coordenação editorial Cristianne Lameirinha, Clívia Ramiro, Francis Manzoni Produção editorial Ana Cristina Pinho, Maria Elaine Andreoti Coordenação gráfica Katia Verissimo Produção gráfica Fabio Pinotti Coordenação de comunicação Bruna Zarnoviec Daniel Coleção Sesc Memórias
Coordenação Marta Colabone Colaboração Iã Paulo Ribeiro Apoio José Olímpio Zangarine, Sérgio José da Silva
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© Edições Sesc São Paulo, 2017 Todos os direitos reservados
Organização, texto e pesquisa Alexandre Mate Pesquisa Ivan Delmanto, Kiko Rieser, Laura Salerno, Leonardo Nicoletti, Ligia Marina de Almeida, Paulo Bio e Renato Mendes Preparação Bianca Albert, Luciana Moreira e Ana Cristina Pinho Revisão Silvana Vieira, Andréia Manfrin Alves e André Albert Versão Anthony Sean Cleaver Projeto gráfico, capa e diagramação Hélio de Almeida e Thereza Almeida
T2229
Teatro Sesc Anchieta: um ícone paulistano / Organização, texto e pesquisa de Alexandre Mate. – São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2017. – 376 p. il.: fotografias. bilíngue (português/inglês).
(Coleção Sesc Memórias) ISBN 978-85-69298-56-4
1. Teatro. 2. Teatro paulistano. 3. Teatro Sesc Anchieta. 4. História. I. Título. II. Mate, Alexandre. CDD 792
Edições Sesc São Paulo Rua Cantagalo, 74 – 13º/14º andar 03319-000 – São Paulo SP Brasil Tel. 55 11 2227-6500 edicoes@edicoes.sescsp.org.br sescsp.org.br/edicoes /edicoessescsp
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 7 INTRODUÇÃO 11
PARTE I
PARTE II
PARTE III
Uma história do Teatro Sesc Anchieta 15
Teatro Sesc Anchieta em perspectiva 197
Cronologia e fichas técnicas dos espetáculos 1967-2016 223
CAPÍTULO 1 Antecedentes e nascimento de um teatro 17
TEATRO SESC ANCHIETA Maria Thereza Vargas 199
EPÍLOGO 279
A CASA DA DOUTOR VILA NOVA Mariangela Alves de Lima 202
SOBRE OS AUTORES 282
UM TEATRO “ELITÁRIO” PARA TODOS, COMO PENSOU VITEZ Silvana Garcia 204
ENGLISH VERSION 287
CAPÍTULO 2 O Teatro Sesc Anchieta e a construção de sua identidade 29 CAPÍTULO 3 Apresentações nacionais que ficaram na memória 65 CAPÍTULO 4 Antunes Filho e a criação do Centro de Pesquisa Teatral – CPT 99 CAPÍTULO 5 Festivais e outras ações 159 CAPÍTULO 6 Espetáculos internacionais 183
OBRAS CONSULTADAS 280 CRÉDITO DAS IMAGENS 285
ANCHIETA, NOSSO CONTEMPORÂNEO Silvia Fernandes 206 CONVERSA DE MUSAS OU ASSUNTO ENTRE MULHERES – ATO ÚNICO Newton Cunha 207 UMA INSTITUIÇÃO, UM DIRETOR E UM TEATRO: ANTUNES FILHO E O SESC Jacó Guinsburg 209 FANTASMAS, SOMBRAS E REPRODUTIBILIDADE EM XICA DA SILVA Ivan Delmanto 211 TEATRO SESC ANCHIETA: BERÇO DE UMA NOVA ESCOLA DRAMÁTICA Sebastião Milaré 214 O CÍRCULO DE DRAMATURGIA João Roberto Faria 216 OS EMBATES DA COMÉDIA Sérgio de Carvalho 219
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APRESENTAÇÃO Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo
O Teatro Anchieta é um porto. Antunes Filho
Ainda que hoje possamos experimentar certa liberdade formal quanto à delimitação do espaço de representação teatral, passível de acontecer em lugares por vezes inesperados, alternativos, públicos ou privados, não se pode negar o vínculo existente entre o lugar de representação e o espaço urbano. Nesse contexto, o teatro é capaz de lançar o espectador em uma leitura sociocultural do mundo, originária dessa percepção. Desde sua inauguração, em 1967, firmou-se entre o Teatro Sesc Anchieta e a cidade de São Paulo uma relação intensa, contínua, o que transformou o local em um ícone paulistano, um ponto de referência tanto para o público quanto para a classe artística no que tange à pertinência da arte ali realizada, assim como dos debates por ela fomentados. Essa perspectiva remonta à ideia da pólis grega, espaço político democrático no qual o teatro abandona a sacralização para humanizar-se e existir na cidade. Localizado na região central da capital paulista, o Teatro Sesc Anchieta tem reunido espetáculos de alta qualidade técnica e estética. Muitos deles tiveram poucas oportunidades de ser acolhidos em temporadas comerciais, em função de seus custos de realização ou das temáticas abordadas. Essa perspectiva de trabalho, adotada desde o início de suas atividades, colaborou para a consolidação do Anchieta como marco cultural da cidade.
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Com a palavra de atores, atrizes, técnicos e outros profissionais, este livro compõe um amplo mosaico sobre o Teatro Sesc Anchieta, uma peça cuja montagem permanecerá para sempre inacabada, pois disposta a abraçar lembranças e histórias ainda não registradas. Já as fotografias emolduram um passado muitas vezes perdido na memória dos próprios retratados – afinal, são cinco décadas de narrativas no palco e na plateia. Ao falar sobre sua experiência no Anchieta, Cleyde Yáconis ratificou a percepção de Antunes Filho, ao afirmar “que é um espaço amoroso, acolhedor. Você se sente aquecida humanamente”. Invocando o aspecto essencialmente humano, Yáconis, uma das atrizes de maior relevância para a história do teatro brasileiro, reforçou a ideia de que o ambiente teatral propicia uma troca sensível de saberes, condutas e desejos inerentes à nossa existência. E é neste sentido que o Teatro Sesc Anchieta extrapola sua vocação de mero espaço físico e se embrenha nas vicissitudes de nosso espírito. O trabalho do Sesc contempla mais que a oportunidade de fruição. Com sua perspectiva educativa, o Anchieta consolida um fazer artístico que se amalgama na formação de públicos e profissionais da área das artes cênicas. O Festival de Teatro Amador, com 12 edições em 20 anos (de 1968 a 1988); A Escola Vai ao Teatro (de 1968 a 1972), idealizado por Miroel Silveira e conduzido pela atriz e educadora Maria Alice Vergueiro, que trazia grupos de estudantes para o teatro desde a apresentação ao público juvenil da peça A moreninha (1968); a parceria, em 1971, com a Companhia de Cleyde Yáconis, Oscar Felipe e Carlos Miranda para oferecer espetáculos a públicos de faixas etárias distintas em horários variados; a Jornada Sesc de Teatro Experimental (de 1989 a 1998); mostras de artes, seminários e eventos envolvendo outras manifestações artísticas, como cinema, literatura, música, mímica e dança. Estes são alguns exemplos de como a ação da instituição permitiu a presença e o contato do público brasileiro com o fazer artístico, num autêntico exercício de incentivo ao desenvolvimento de habilidades, perseverança e sensibilidades demandadas pela produção cultural.
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Outra troca de experiências que se mostrou – e ainda se mostra – fundamental na construção da cidadania a nos guiar por vias mais seguras na ordem dos direitos e deveres da população de uma localidade (desde uma cidade até um país) são as que aconteceram – e acontecem – com os espetáculos internacionais. Muitos deles, provavelmente, sequer teriam sido encenados no Brasil. Além de serem trazidos ao país pelo Sesc, integraram a cidade de São Paulo ao circuito mundial de teatro. As montagens vindas de diversas partes do mundo, como América Latina, Estados Unidos, Europa e Japão, também proporcionaram a participação da instituição na curadoria de espetáculos e na difusão da produção internacional junto ao público brasileiro. O Teatro Sesc Anchieta representa um dos territórios mais nobres da ação cultural do Sesc São Paulo, enquanto o Centro de Pesquisa Teatral - CPT, sob a direção de Antunes Filho, sua mais importante estrela, fundamenta, cria e reinventa a dramaturgia. Vislumbrando um caráter transcendente do homem-ator, com suas contradições, seus temores e esperanças, o CPT configura-se como uma das mais saudáveis parcerias com a instituição. Desde 1982, reflete e amplia a qualidade no conteúdo e na técnica dos espetáculos cênicos e desenvolve talentos cujos trabalhos passaram a ser referência na área artística, sob a maestria de seu diretor. Ao teatro é fundamental o olhar sensível e apurado, a generosidade constante da renovação. Para o Sesc, o Teatro Sesc Anchieta mantém vivo um espaço de reflexão e criação permanentes, um empreendimento cotidiano em busca de novas perspectivas para a arte e a própria realidade.
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INTRODUÇÃO Necessitamos de um teatro que nos proporcione não somente as sensações, as ideias e os impulsos que são permitidos pelo respectivo contexto histórico das relações humanas, mas que também empregue e suscite pensamentos e sentimentos que desempenhem um papel na modificação desse contexto. Bertolt Brecht
A realização de uma obra que compreendesse o que foi produzido e apresentado nos quase 50 anos do Teatro Sesc Anchieta motivou a imersão em arquivos e lembranças de muitas pessoas que participaram dessa história. Os registros documentais, fotográficos e, sobretudo, os relatos emocionados de quem participou ou foi testemunha de espetáculos memoráveis serviram de base para o trabalho ora apresentado. Três equipes de pesquisadores, coordenadas por Alexandre Mate, colaboraram no processo de pesquisa e de coleta documental. Na primeira fase, fez-se o levantamento de documentos e fontes primárias, seguido pela leitura dos materiais coletados e pela preparação de introduções críticas sobre cada espetáculo. Compôs-se, assim, um dossiê com fichas técnicas, comentários e inserções críticas de todos os espetáculos de teatro adulto apresentados no Teatro Sesc Anchieta. Na segunda fase, deu-se a pesquisa do material iconográfico, que contou, além do acervo do Sesc São Paulo, com arquivos pessoais de profissionais dedicados à fotografia de palco. Programas, cartazes e material de divulgação também serviram para a composição da parte iconográfica e textual. A qualidade das peças gráficas se caracterizou como importante fonte documental, pois, comumente, traziam textos críticos.
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Dos arquivos da chamada grande imprensa buscou-se agregar ao livro análises e reflexões de críticos teatrais da cidade de São Paulo. Porém, a redução dos espaços destinados ao teatro nos meios impressos fez com que esta fonte de pesquisa documental se tornasse igualmente restrita. O escopo da pesquisa tomou como base os arquivos do Sesc São Paulo e da Divisão de Pesquisas – Arquivo Multimeios, do Centro Cultural São Paulo; livros e revistas especializadas; teses e dissertações; anuários de teatro; releases de grupos e programas de espetáculos; conversas informais com artistas e pessoas envolvidas com essa temática. Além disso, foram entrevistados por Alexandre Mate1 espectadores, técnicos e funcionários do Sesc, artistas e intelectuais, com a intenção de refletir sobre a gestão do espaço, o ato de criação e de recepção da obra, considerando diferentes momentos históricos. Colaboraram com seus relatos: Antunes Filho, Carlos Lupinacci Pinto, Cleyde Yáconis, Danilo Santos de Miranda, Davi de Brito, Gabriel Villela, Geraldinho Mário da Silva, Giulia Gam, José Cetra Filho, José Menezes Neto, J.C. Serroni, Laura Maria Casali Castanho, Lee Taylor, Lígia Cortez, Marco Antônio Pâmio, Maria Alice Vergueiro, Marília Pêra, Raul Teixeira, Salma Buzzar, Sérgio Mamberti e Sueli Guimarães. Assim, o livro é dividido em três partes. Composta por seis capítulos, a primeira trata da contextualização histórica e memorialística do Teatro Sesc Anchieta, pautada no âmbito da cidade pela política cultural que norteou as ações e projetos ali desenvolvidos, como a criação do Centro de Pesquisa Teatral – CPT, sob a direção de Antunes Filho. Soma-se a isso a realização de jornadas, festivais e mostras de teatro amador e profissional, assim como o acolhimento de espetáculos estrangeiros marcantes pela relevância de seus textos, artistas e montagens. A segunda parte apresenta reflexões de Ivan Delmanto, Jacó Guinsburg, João Roberto Faria, Mariangela Alves de Lima, Maria
Thereza Vargas, Newton Cunha, Sebastião Milaré, Sérgio de Carvalho, Silvana Garcia e Silvia Fernandes. À terceira parte couberam a cronologia e as fichas técnicas dos espetáculos apresentados de 1967 a 2015. Cabe ainda observar que, embora o Teatro Sesc Anchieta seja um ícone paulistano que se mantém em atividade contínua desde 1967, a leitura realizada sobre o material aqui compilado não se esgota em si mesma. Muito mais poderia ser escrito ou constituir-se como material de reflexão, interpretação ou fruição, uma vez que tanto a arte do espetáculo quanto a experiência captada no espaço teatral implicam tentativas de compreender a vida. Temos, ainda assim, um recorte significativo do que tem sido produzido no Teatro Sesc Anchieta, sacramentando o teatro como arte efêmera, bem como espaço público de valor político insubstituível.
1. As entrevistas adotam algumas proposições metodológicas da história oral, desenvolvidas pelo Núcleo de Estudos em História Oral da Universidade de São Paulo – Neho/USP, cuja sistematização pode ser apreendida na obra de José Carlos Sebe Bom Meihy, Manual de história oral, São Paulo: Loyola, 1996.
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UMA HISTÓRIA DO TEATRO SESC ANCHIETA
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CAPÍTULO 1 ANTECEDENTES E NASCIMENTO DE UM TEATRO
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UM PADRE DRAMATURGO NAS TERRAS DE PIRATININGA
José de Anchieta era gramático, poeta, teatrólogo e historiador. Conhecido como Apóstolo do Brasil, nasceu em La Laguna, na Espanha, em 1534, e faleceu em Reritiba, atual Anchieta (ES), em 1597. Aos 14 anos, mudou-se para Coimbra, em Portugal, para estudar filosofia. Ingressou na Companhia de Jesus em 1551, tornando-se responsável pelo registro documental do que ocorria na Colônia. A 25 de janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!1
Chegou ao Brasil ainda jovem, em 1553, após Manuel da Nóbrega, provincial dos jesuítas no país, ter solicitado mais braços para a evangelização nas terras que deveriam ser colonizadas. Pouco tempo depois, e já em São Paulo de Piratininga, ajudou a fundar o Colégio dos Jesuítas, marco originário da cidade. Também se dedicou à escritura de textos dramatúrgicos destinados principalmente à conversão católica de indígenas que viviam no planalto paulista. Depois da ocupação e exploração econômica, a catequização era uma das obras mais ambicionadas pelo rei de Portugal, que enxergava ali a possibilidade de atender os objetivos da colonização, promovendo entre os indígenas a assimilação de valores católicos e, por extensão, de princípios sociais e culturais europeus. Desse modo, por ter escrito vários autos religiosos, pode-se dizer que a cidade de São Paulo foi fundada por um padre dramaturgo. O Pátio do Colégio se tornou o marco do nascimento de uma cidade, que se expandiu para o território que 1 . José de Anchieta, Cartas: informações, fragmentos históricos e sermões do Padre Joseph de Anchieta (1554-1594), Rio de Janeiro: Officina Industrial Graphica, 1933. Disponível em: <www.brasiliana.usp.br/bbd/ handle/1918/00381630#page/66/mode/1up>. Acesso em: 20 jan. 2015.
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Referência para a classe artística, o Teatro Sesc Anchieta também é um ícone para o público, que ali encontra uma programação criteriosa, instigante e livre de apelos comerciais. Este livro reconstrói a história desse teatro por meio de uma narrativa polifônica, composta por vozes e memórias que se somam a imagens, cartazes e ensaios críticos de seus tantos personagens, que convidam o leitor-espectador a apreciar tanto esta leitura como também o próximo espetáculo.
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