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FIAMINGHI

Haroldo De Campos

o velho fiama com suas mãos litógrafas resplende na aura dos cabelos brancos bochechas de ítalo rubor grossos bigodes fiados em prata olhos sábios –de maturada sabedoria volpi perito em têmperas – ovo e terra:

“o meu não mofa!” – pode dizer como o arcanjo volpi a um discípulo queixoso da degradação ruinosa dos quadros que pintava à imitação (tentativa) do mestre fiama agora está cercado de cores radia corluz por todos os poros como se destilasse uma substância cósmica com a mesma naturalidade com que suas mãos de mestre-cuca preparam massas suculentas no vermelho pomidourado dos tomates ou calentam sardinhas no ardor argiloso dos tijolos geômetra amoroso da reta e da curva precisas das retículas sutis que se entre-reticulam, como texturas movediças (o violeta entrando pelo verde pervasivo insinuante feito um véu que desvela outro véu) ei-lo hoje pleno culminante no âmbito ninfeico (monet) da cor da fogosa cor poliluminosa que ele açula por todos os lados como se convocasse por um simples estalo dos dedos súbitos flamingos rosa-choque como se detivesse a ciência paradisíaca do íris girando dentro do íris (dante) inventor e mestre voa em sua esfera ambital sustentado pelo motor fortefrágil do coração – central coralina de onde irradia um jocundo artesanato de formas de beleza serenamente domadas para o gozo plenipotenciário do olho

Agradecimentos

Agradeço à família Fiaminghi, em especial à senhora Mercedes, viúva do artista, e à Maria Lydia, sua filha, pela colaboração permanente; a Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos, que me ensinaram a ser e a viver a arte com rigor e invenção; aos colecionadores que colaboraram com esta publicação; a Jorge Bastos e aos demais fotógrafos cujo trabalho consta aqui presente; à Márcia Zoladz, por iluminar as veredas deste projeto; a Rico Lins e equipe por criarem um belo objeto gráfico que só engrandece o artista; e, em especial, às Edições Sesc São Paulo e equipe, os verdadeiros realizadores de Fiaminghi: corluz. Por fim, não posso deixar de agradecer à Aracy Amaral, que me abriu o mundo da arte e muito me ensinou sobre o construtivismo brasileiro.

Acknowledgements

My thanks to the Fiaminghi family, especially Mrs Mercedes, the artist’s widow, and Maria Lydia, his daughter, for their permanent collaboration; to Décio Pignatari, Augusto de Campos and Haroldo de Campos, who taught me to be and live art with rigor and invention; to the collectors who collaborated with this publication; to Jorge Bastos and the other photographers whose work is included here; to Márcia Zoladz, for illuminating the paths of this project; to Rico Lins and team, for creating a beautiful graphic object that magnifies the artist; and, in particular, to Edições Sesc São Paulo and team, the true artificers of Fiaminghi: corluz. Finally, I must thank Aracy Amaral, who opened me up to the art world and taught me a lot about Brazilian constructivism.

Sobre O Autor

M. A. Amaral Rezende é escritor e desenvolve estudos sobre a pintura, destacando-se pesquisas sobre o concretismo brasileiro. Sobre Fiaminghi, escreveu Hermelindo Fiaminghi (Edusp, 1998) e A gênese da pintura (Edusp/Masp, 1992), ambos em parceria com Isabella Cabral. Conviveu com os poetas e pintores concretos, inclusive com Maurício Nogueira Lima, nas décadas de 1970 a 1990.

Outras obras de M. A. Amaral Rezende são Todos os corpos, corpus (1988), Corpo de mulher (1991), Isabella (1993), Viagem a uma mulher (1994), Uma lua em Paris (1996) e Mulheres de passagem (2016).

About The Author

M. A. Amaral Rezende is a writer and develops studies on painting, especially research on Brazilian concretism. On Fiaminghi he has written Hermelindo Fiaminghi (Edusp, 1998) and A gênese da pintura [The Genesis of Painting] (Edusp/Masp, 1992), both in partnership with Isabella Cabral. He interacted closely with the concrete poets and painters, including Maurício Nogueira Lima, between the 1970s and 1990s.

Other books by M. A. Amaral Rezende are Todos os corpos, corpus [All the Bodies, Corpus] (1988), Corpo de mulher [A Woman’s Body] (1991), Isabella (1993), Viagem a uma mulher [Journey to a Woman] (1994), Uma lua em Paris [A Moon in Paris] (1996) and Mulheres de passagem [Women in Transition] (2016).

As Edições Sesc São Paulo salientam que todos os esforços foram feitos para localizar os detentores de direitos dos textos aqui reproduzidos, mas nem sempre isso foi possível. Creditaremos prontamente as fontes caso estas se manifestem.

fonte Avenir Next e DIN Pro papel supremo alta alvura 300 g/m2 (capa), alta alvura 120 g/m2 (miolo) impressão A. R. Fernandez Gráfica Ltda. Setembro de 2022

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