Arquitetura e urbanismo no Vale do Paraíba

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É organizador do livro Arte sacra colonial: barroco memória viva (Editora Unesp e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001). Pela obra Igrejas paulistas: Barroco e Rococó, foi-lhe outorgado o prêmio Sérgio Milliet de melhor pesquisa nacional pela Associação Brasileira de Críticos de Artes em 2003. Nestas publicações estão as cidades do Vale, suas igrejas e sua arte sacra. Foi curador de Arte e Cultura no Vale do Paraíba, exposição no Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão (2011-2012), e de Gênese da Fé no Novo Mundo, no Palácio dos Bandeirantes, para o Papa Bento XVI (2007). Entre 2008 e 2010, atuou como consultor do Condephaat para o tombamento de inúmeras igrejas no Vale.

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Foi curador das exposições Oratórios Barrocos – Arte e Devoção na Coleção Casagrande, e de Vestes Sagradas, ambas no Museu de Arte Sacra de São Paulo, e organizou o I Seminário Internacional Patrimônio Sacro (Mosteiro de São Bento, FAU/USP e IA/UNESP, 2013). Na área de produções digitais, coordena o projeto Barroco Memória Viva (Biblioteca Digital do IA/Unesp, em parceria com o NEaD – Núcleo de Ensino a Distância). É autor dos textos Explorando os profetas de Aleijadinho: uma visita virtual em três dimensões, conteúdo para o Museu de Ciência da USP (2014). Seu sítio na web é www.tirapeli.pro.br.

Destacam-se neste livro análises minuciosas sobre o patrimônio sacro, desde as técnicas construtivas até seus altares barrocos. A pesquisa adentra todo o século XIX – com as reformas de igrejas que no século XX se tornaram mais amplas, adotando o estilo eclético e o neocolonial.

sta obra apresenta uma ampla e profunda pesquisa sobre a fundação de vilas ao redor das capelas no Vale do Paraíba durante o período colonial e sua expansão na época imperial, com as igrejas reformadas ao gosto eclético.

Artistas como Thomas Ender, Debret e Julien Pallière nos legaram rica iconografia do período da cultura do café no século XIX, quando os senhores das fazendas construíram palacetes e ornamentaram as igrejas de cidades como Lorena, Pindamonhangaba, Bananal, Jacareí, Taubaté, Guaratinguetá, São Luiz do Paraitinga e Areias. Os cientistas viajantes, como Saint-Hilaire e Zaluar, olharam para as pequenas vilas e seus relatos são fontes para compreender aqueles núcleos, hoje pujantes cidades industriais.

PERCIVAL TIRAPELI

Desde 1999, publica pela Editora Metalivros suas pesquisas sobre barroco brasileiro e latino-americano: As mais belas igrejas do Brasil (com Wolfgang Pfeiffer, 1999), Patrimônio da humanidade no Brasil (2000), Festas de fé (2003) e Igrejas barrocas do Brasil (2008). Para o público jovem, escreveu a coleção Arte brasileira, com os volumes Arte indígena, Arte colonial, Arte imperial, Arte popular e Arte moderna e contemporânea, pela Companhia Editora Nacional (2006), e, para professores, Arte e patrimônio cultural brasileiro – conceitos e atividades para o ensino da arte (IBEP, 2014).

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presente obra baseia-se na dissertação de mestrado A construção religiosa no contexto urbano do Vale do Paraíba, estado de São Paulo (ECA/USP, 1983), pesquisa bastante ampliada neste início de século. O Vale do Paraíba possui vasta bibliografia sobre seu desenvolvimento econômico, em especial o da cafeicultura no período imperial, com o estudo da arquitetura das fazendas e do urbanismo, animado pela via férrea entre Rio e São Paulo. A industrialização, a partir dos anos 1950, eclipsou as antigas expressões arquitetônicas, em especial as pequenas capelas e igrejas reformadas.

Arquitetura e urbanismo no

PERCIVAL TIRAPELI (Nhandeara, SP, 1952) estudou em Guaratinguetá e Aparecida (Seminário Santo Afonso, 1964-1972) e defendeu sua dissertação de mestrado A construção religiosa no contexto urbano do Vale do Paraíba (1983) na Escola de Comunicações e Artes da USP, onde também cursou seu doutorado (1988). Desde 1987, é pesquisador em Arte Brasileira no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista, da qual é professor titular desde 2007. Seu pós-doutorado, sobre Arquitetura jesuítica em Portugal, foi realizado na Universidade Nova de Lisboa.

Vale do Paraíba

Sobre o autor

Esta publicação resgata a gênese das vilas vale-paraibanas ao redor das pequenas capelas desenhadas por Thomas Ender (1817) e o incipiente traçado do urbanismo nas anotações de Julien Pallière (1821). No período imperial, as fazendas se avolumaram e as cidades ganharam palacetes dos fazendeiros brasonados pelo imperador, ao passo que as igrejas foram reformadas e ampliadas ao gosto eclético. Naquele período, cientistas viajantes como Saint-Hilaire e Zaluar descrevem o estado em que se encontravam as vilas.

Arquitetura e urbanismo no

Vale do Paraíba

do colonial ao eclético PERCIVAL TIRAPELI

Mesmo sem arquitetos, igrejas foram ampliadas, torres levantadas e fachadas ganharam ares monumentais. Na segunda metade do século XIX, com a chegada da estrada de ferro, dos imigrantes italianos, da libertação paulatina dos escravos e de novas ideias de usufrutos da riqueza, tanto o urbanismo animou-se com as estações férreas quanto palacetes e igrejas foram deixando as antigas técnicas coloniais da taipa de pilão para aderir às construções de alvenaria, alicerces em pedra e frisos embelezadores executados pelas hábeis mãos dos imigrantes, não mais escravos. Com a libertação da Igreja do poder temporal do imperador, novos ideais religiosos impulsionaram a construção com tendências neogóticas, românicas e italianizadas trazidas pelas novas congregações de padres da Europa do Norte. Assim, o Vale do Paraíba – também conhecido como Vale da Fé – ostenta em seu acervo artístico e arquitetônico um rico diálogo entre a lembrança do passado e a vitalidade do presente.


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