ISBN 978-85-7995-092-6
Fronteiras simbólicas e a formação da desigualdade
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Constituindo um conjunto denso e articulado, os ensaios aqui reunidos enriquecem a compreensão das várias facetas das fronteiras simbólicas que moldam o tecido social. Cada colaborador, a sua maneira, esclarece os sinais usados para conferir status a determinado produto cultural, os mecanismos das distinções culturais presentes na vida diária e as consequências de tais processos sobre a desigualdade social. Muitos deles também aproveitam, ou desafiam, algumas das contribuições teóricas mais influentes para a sociologia cultural. Os textos abrangem uma ampla diversidade de questões complexas, essenciais para o entendimento do panorama cultural contemporâneo, cobrindo quatro áreas temáticas: a institucionalização das categorias culturais, da moralidade à cultura popular; os efeitos excludentes da alta cultura, dos gostos musicais ao papel dos museus de arte; o papel da etnicidade e do gênero na formação das fronteiras simbólicas; e o papel da democracia na criação de inclusão e exclusão.
Cultivando diferenças
Imagem da capa Sergio Romagnolo. Série Parceiros do Tietê. Óleo sobre tela. 115 x 115 cm. 1991. Acervo Sesc de Arte Brasileira. Fotografia: Pedro Abude
Michèle Lamont & Marcel Fournier
ram amplamente estudadas nos anos 1960 e 1970 por pesquisadores filiados tanto à corrente do estruturalismo como à do marxismo. Entretanto, os estudos buscam centrar-se nos aspectos propriamente culturais da desigualdade (que os especialistas em estratificação tendem a negligenciar), tratando das muitas dimensões por meio das quais frequentemente se fazem distinções culturais, estejam elas representadas por tipos de atividade (consumo de alta cultura, gastronomia...) ou por categorias pessoais (gênero, etnia...). Nesse sentido, os temas organizados em Cultivando diferenças: fronteiras simbólicas e a formação da desigualdade cobrem uma variada gama de questões absolutamente essenciais para o entendimento de um panorama cultural tão complexo quanto aquele em que está mergulhada nossa contemporaneidade.
Cultivando diferenças Fronteiras simbólicas e a formação da desigualdade Michèle Lamont & Marcel Fournier
Longe de ostentar uma unidade maciça, coerente e coesa, a humanidade é formada por grupos sociais que se diferenciam por meio das mais variadas e complexas práticas, crenças e instituições. Como Marcel Mauss escreveu em seu ensaio A civilização, “o domínio da vida social é essencialmente um domínio de diferenças”. Assim, todos os estudiosos da sociologia concordam com uma proposição fundamental: entre os grupos e a sociedade sempre houve e sempre haverá fronteiras e assimetrias. Se há nessa questão algum ponto de discordância, ela somente recai sobre a importância dos fatores simbólicos e naturais na delimitação dessas fronteiras e na investigação a respeito de que consequência elas podem trazer. Em uma época como a nossa, quando as classes socioeconômicas estão cada vez mais isoladas umas das outras, em que a desigualdade entre os indivíduos cresce rapidamente, os conceitos de raça e de etnia ocupam cada vez mais o centro dos conflitos socioculturais, e os obstáculos que as mulheres e as minorias enfrentam em seus locais de trabalho parecem crescer novamente, compreender a natureza e a dinâmica das desigualdades e dos limites existentes entre os grupos sociais é uma tarefa particularmente urgente. Daí a pertinência desta coletânea de ensaios Cultivando diferenças: fronteiras simbólicas e a formação da desigualdade. Organizada pelos sociólogos Michèle Lamont e Marcel Fournier, a obra reúne doze ensaios escritos por especialistas que propõem as mais diversas abordagens dentro da vasta área da sociologia da cultura. Alguns dos textos lidam com o papel desempenhado na criação da desigualdade por instituições como a família e a escola, por exemplo. E alguns abordam as dimensões econômicas da desigualdade, que fo-
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