O autor do livro é um educador, e isso fica evidente. O livro transmite um otimismo bem fundamentado, retirado de sua atuação no campo: por meio da participação em situações de lazer, é possível obter não apenas a aproximação, mas também a ligação entre gerações. O autor observou, viveu e deixa audíveis sua voz e muitas outras vozes, que fazem da obra um trabalho totalmente polifônico. Como são as relações entre gerações. Mais do que mostrar todos os caminhos – tarefa impossível, pois nem todos os caminhos estão aí, esperando para ser percorridos, mas é preciso produzi‑los –, José Carlos Ferrigno nos transmite a convicção de que existem caminhos para superar as dificuldades de integração entre jovens e adultos. A aproximação é possível, e os programas intergeracionais podem ser um instrumento para isso. Mariano Sánchez Martínez
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sobre programas e ações desenvolvidas pelo Sesc São Paulo, uma instituição que tem como pilares a cultura e educação, instrumentos fundamentais ao desenvolvimento pleno do indivíduo e da sociedade.
Partindo do princípio de que não há juventude ou velhice no singular, mas diferentes realidades envolvendo jovens e velhos, a obra discute as diferenças sociais entre essas gerações em nosso país, propondo o lazer como estratégia de aproximação.
José Carlos Ferrigno
A proposta do livro é clara: diante dos (possíveis) conflitos entre pessoas de diferentes gerações, é preciso oferecer oportunidades para que elas se encontrem e se relacionem. A aproximação pode propiciar interações, saberes, trocas e afetos capazes de unir o diferente, mesmo que mediante conflito. Precisamos aprender a estarmos preparados para vivenciarmos, sem medo, situações de conflito, com a noção de que são partes inevitáveis do curso da vida. Ter essa confiança é fundamental.
A coleção ACADÊMICA apresenta publicações a partir de pesquisas
Conflito e cooperação entre gerações
realmente importa é perguntarmos o que queremos, o que podemos e o que devemos fazer quanto a elas. E isso, de certa forma, é o que responde este livro.
José Carlos Ferrigno
Conflito e cooperação entre gerações
Vivemos em uma época de renovação do status quo geracional. Conseguimos alongar o tempo de vida de muitos seres humanos, e agora queremos saber como ter uma vida digna durante a qual mais gerações convivam no mesmo espaço de tempo. Esta simultaneidade nos coloca novamente diante de uma velha pergunta que, a meu ver, José Carlos Ferrigno transforma na questão que norteia este livro: Como lidar com as diferenças? Ao longo do tempo, discutir as relações entre gerações consistiu, basicamente, em observá ‑las e analisar o que acontecia entre elas, com a intenção, no final, de tentar substituir conflitos por integração. Hoje sabemos que isso não basta. Por um lado, verificou‑se que a diversidade, as diferenças, existem não apenas entre esses grupos, mas também em seu interior. Além disso, a dicotomia conflito‑integração tinha de ser reorientada: nem todos os conflitos entre gerações são desintegradores, tampouco é possível a integração permanente. Em muitos casos, a norma é a coexistência de conflito e integração. Consequentemente, deve ser outra a maneira de abordar a questão. E é isso que o leitor encontrará neste livro: uma maneira diferente de olhar para um assunto antigo, as relações entre gerações como experiências da diferença. O que distingue esse olhar? É distinto em sua ênfase sobre o conflito como motor para impulsionar a construção de vínculos entre gerações. É distinto pois não foge do grande paradoxo dos progressos entre uma geração e outra: quando uma geração surge, ela tem semelhanças com a geração que a origina, mas, ao mesmo tempo, a nova geração precisa se afastar (diferenciar) para ser ela mesma. Semelhança e diferença têm que conviver. E como as diferenças são inevitáveis, o que
16/08/13 15:42