Geni Núñez toma o etarismo como chave para discutir o amor em “As monoculturas do tempo: uma conversa sobre etarismo”. Refletindo sobre práticas de cuidado, vínculos e relações afetivas, a autora apresenta o colonialismo como fator de compartimentalização e empobrecimento da vida. “Envelhecer e morrer hoje no Brasil”, de Gustavo Assano, tem como base dados que apuram as preocupações individuais com a morte no contexto do neoliberalismo, sistema no qual a vida é confinada a uma lógica em que não há lugar para quem não produz para o capital. Em “Direitos e políticas públicas: considerações sobre a realidade vivenciada por pessoas idosas no Brasil”, o estudo de Sálvea de Oliveira e Vanessa P. L. Silva demonstra como a pobreza, a exclusão e a desigualdade condicionam o envelhecimento e como é imprescindível a luta por direitos e políticas sociais de proteção à velhice. Naylana Paixão, em seu artigo “Feminização da velhice: desigualdades de gênero e seus impactos no processo de envelhecimento”, pensa sobre a equação mulher + velha + preta, com o intuito de entender sua repercussão no processo de envelhecimento, principalmente pela naturalização das desigualdades. Em “Racismo no Brasil: a condição diferenciada de envelhecer dos/as trabalhadores/as negros/as”, Tereza Martins examina como o racismo estrutural construiu um “lugar do negro” no mercado de trabalho e como, a partir disso, podemos projetar políticas sociais universais. No texto “As ILPIs e o imaginário de velhas e velhos”, Michelle Ferret analisa como as Instituições de Longa Permanência para Idosos são encaradas por idosos, já que muitas vezes elas são as únicas alternativas de acolhimento àqueles que não podem mais residir em seus lares. Para fechar a coletânea, temos dois textos que estimulam diálogos e são complementares entre si: “De volta para o futuro: reflexões intempestivas sobre envelhecimento e gerontologia”, no qual Theophilos Rifiotis articula questões éticas, teóricas e políticas sobre o campo do envelhecimento; e “Por que estudar o envelhecimento no Brasil?”, em que Vilma Bokany e Rachel Moreno apresentam a metodologia da pesquisa e levantam os principais aspectos negativos e positivos de seus resultados.
PREÂMBULOS E CONSIDERAÇÕES
ENVELHECER E MORRER HOJE NO BRASIL
Celina Dias Azevedo
Gustavo Assano
“A DOR DA GENTE NÃO SAI NO JORNAL”: A RETÓRICA NEOLIBERAL EM NOTÍCIAS SOBRE VACINAÇÃO DE IDOSOS CONTRA COVID-19
DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS: CONSIDERAÇÕES SOBRE A REALIDADE VIVENCIADA POR PESSOAS IDOSAS NO BRASIL
Valmir Moratelli Tatiana Siciliano
Sálvea de Oliveira Campelo e Paiva Vanessa Paloma de Lima Silva
ENVELHECIMENTO E FAMÍLIA
FEMINIZAÇÃO DA VELHICE: DESIGUALDADES DE GÊNERO E SEUS IMPACTOS NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Solange Maria Teixeira
LAZER E ENVELHECIMENTO SATISFATÓRIO Regiane C. Galante
“SE ALGUÉM PERGUNTAR POR MIM, DIZ QUE FUI POR AÍ”: ENSAIO SOBRE UMA EDUCAÇÃO QUE (DES)INQUIETA Cinthia Lucia de Oliveira Siqueira Lisa Valéria Torres
Naylana Paixão
RACISMO NO BRASIL: A CONDIÇÃO DIFERENCIADA DE ENVELHECER DOS/AS TRABALHADORES/AS NEGROS/AS Tereza Martins
AS ILPIS E O IMAGINÁRIO DE VELHAS E VELHOS Michelle Ferret
O ENVELHECER NA MULTIPLICIDADE DOS “BRASIS”: ASPECTOS RELACIONADOS À SAÚDE Tatiane Bahia do Vale Silva Everaldo Pinheiro da Mota Júnior João Paulo Menezes Lima
RENDA, CONSUMO E APOSENTADORIA Marcio Pochmann
AS MONOCULTURAS DO TEMPO: UMA CONVERSA SOBRE ETARISMO
DE VOLTA PARA O FUTURO: REFLEXÕES INTEMPESTIVAS SOBRE ENVELHECIMENTO E GERONTOLOGIA Theophilos Rifiotis
POR QUE ESTUDAR O ENVELHECIMENTO NO BRASIL? Vilma Bokany Rachel Moreno
Geni Núñez
Esta coletânea apresenta catorze ensaios escritos por especialistas a partir da pesquisa Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade, cuja segunda edição foi finalizada em fevereiro de 2020 e pode ser acessada na íntegra pelo leitor por meio de um QR code no interior do livro. Organizada pela pesquisadora Celina Dias Azevedo, esta obra oferece análises que contribuem para superar os desafios contemporâneos relacionados ao envelhecimento no país. O artigo de Valmir Moratelli e Tatiana Siciliano, “‘A dor da gente não sai no jornal’: a retórica neoliberal em notícias sobre vacinação de idosos contra covid-19”, esmiúça reportagens do jornal O Globo destacando discursos carregados de preconceitos e estereótipos, que reforçam um imaginário no qual pessoas velhas são invisibilizadas e desqualificadas. Em “Envelhecimento e família: análises dos dados da pesquisa”, Solange Teixeira contextualiza como os modelos de família são elementos histórico-culturais, demonstrando como nossas estruturas sociais – racistas e patriarcais – impactam no envelhecimento de trabalhadoras e trabalhadores. Em “Lazer e envelhecimento satisfatório”, Regiane C. Galante encara o lazer como possibilidade de resistência à lógica da produção capitalista, opondo-se à ideia do envelhecer/aposentar-se como um problema. Já Cinthia Siqueira e Lisa Torres, em “‘Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí’: ensaio sobre uma educação que (des)inquieta”, abordam o tema da educação em gerações com grau de escolaridade inferior ao do restante da população adulta, evidenciando como a variável raça/cor impacta negativamente esse percentual. A saúde é tema de Tatiane Bahia, João Paulo Menezes Lima e Everaldo Pinheiro da Mota Júnior em “O envelhecer na multiplicidade dos Brasis: aspectos relacionados à saúde da pesquisa Idosos do Brasil”. Em “Renda, consumo e aposentadoria”, Marcio Pochmann defende a necessidade de políticas públicas em novas bases, considerando que a população está envelhecendo, e essa condição já não pode mais ser vista como exceção.
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